BOA VIAGEM: SUÍÇA

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BO O GLOBO

Quinta-feira, 8 de outubro de 2009

I GEM

Suíça radical De bicicleta, de tirolesa, de tobogã e até de vaca: as maneiras diferentes de conhecer e conquistar os Alpes

No Acre, uma pousada mostra como vivem os seringueiros Como acumular e a melhor maneira de gastar milhas


NESTA EDIÇÃO André Coelho

É

como uma corrida maluca, mas sem o Dick Vigarista e a Penélope Charmosa. E sem maiores consequências, num país em que até as grandes maluquices foram pensadas para um fim muito lógico — como quando Aníbal atravessou os Alpes em elefantes para atacar Roma, Einstein bolou a Teoria da Relatividade e Tristan Tzara criou o dadaísmo. A Suíça que o repórter fotográfico André Coelho mostra em seu relato a partir da página 20, recheado de fotos sensacionais, como a que ilustra esta página, é uma terra para aventureiros, mais do que para banqueiros: para ser desbravada em passeios sobre cordas, teleféricos rotativos e túneis gelados com trilha sonora, entre outros desafios que ficam perto de pequenas e médias cidades com atrações, digamos, mais calmas, e uma excelente infraestrutura para descansar o corpo alquebrado de peripécias. André testou todas. Umas foram mais fáceis, outras foram mais duras — mas até os perrengues valeram a pena, nesta viagem feita para sentirmos o justo cansaço que vem do esforço de nos divertirmos muito.

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XAPURI Uma pousada na terra de Chico Mendes

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MILHAS Como, onde, quando e porque ganhar e gastar

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WASHINGTON DC Por Gilberto Scofield Jr.

● GUSTAVO ALVES, EDITOR ASSISTENTE

EXPEDIENTE

PERNAS PARA o ar numa travessia sobre cordas: a Suíça como cenário de uma corrida maluca

BO

I GEM

EDITORA Carla Lencastre (carla@oglobo.com.br) EDITOR ASSISTENTE Gustavo Alves (gustal@oglobo.com.br) REPÓRTERES Bruno Agostini (bruno.agostini@oglobo.com.br) e Luciana Brum (luciana.brum@oglobo.com.br) DIAGRAMADORA Luciane Costa Telefones Redação 2534-5000 Publicidade 2534-4310 publicidade@oglobo.com.br Correspondência Rua Irineu Marinho 35, 2-o andar, Rio de Janeiro, CEP 20230-901/RJ. Boa.Viagem@oglobo.com.br

CAPA Ciclistas em Tannalp, na Suíça. Foto de André Coelho Boa Viagem ● 3


Ação e contemplação

INTERIOR DE GELEIRA iluminada no Monte Titlis: passeio com trilha sonora

Fotos de André Coelho

TOBOGÃ em Fränkmüntegg: 1,5km de extensão

André Coelho • LUCERNA

F

OI-SE O TEMPO em que turismo na Suíça

tre uma visita a um castelo e o exame minucioso

era sinônimo de neve nos Alpes e vaqui-

das características arquitetônicas de uma cidade

nhas badalando sinos nas montanhas mais

cuidadosamente preservada num cantão, você po-

baixas e esverdeadas. Tudo bem, você ainda pode

de experimentar diversões que liberem mais adre-

encontrar esse tipo de coisa. Mas, ultimamente, o

nalina, como escorregar por um tobogã gigante ou

grande barato no país é combinar sua herança

ficar hipnotizado por um show de luzes e música

com atrações alternativas, que vão além do tradi-

dentro de uma geleira.

cional passeio de teleférico, e que exigem um pouco mais de disposição por parte do viajante, como descer as tais montanhas em patinetes ou praticar tirolesa e arvorismo. O Departamento de Turismo suíço está incentivando roteiros com transportes, acomodações e atrações diferentes da fórmula já conhecida “esqui, chocolate e canivete”. Aproveitando a interligação da ótima rede de transportes públicos do país, pode-se tranquilamente chegar aos pontos mais remotos — e bacanas — de ônibus, barco, trem e até mesmo bicicleta. Assim, en20 ● Boa Viagem

CRIANÇA ANDA de bicicleta no Museu dos Transportes, em Lucerna Boa Viagem ● 21


Fotos de André Coelho

SUÍÇA SOB O SOL ❁

Tirolesas e uma descida de carrinho numa pista de aço são atrações do Monte Pilatus

SUBIDA NO BONDINHO VERMELHO pela mais íngreme ferrovia do mundo em direção a Pilatus Kulm: inclinação pode formar um ângulo de 48 graus, em alguns trechos

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LAGO LUCERNA é originalmente conhecido como Lago dos Quatro Cantões, por banhar o quarteto original de regiões assim batizadas que deram origem à confederação que se tornou a

Suíça. Seu nome mais popular vem da cidade de Lucerna, um importante centro turístico, com seus museus, festivais de música e a Ponte da Capela, passagem coberta para p e d e s t re s s o b re o R i o Seuss, cuja água abastece o

TROMPAS SUÍÇAS: seu som espalha-se pelas montanhas 22 ● Boa Viagem

lago. E é a partir desta cidade de prédios baixos, bem organizada e tranquila, que começamos um passeio por atrações mais inesperadas no interior do país. Cruzando o Lago Lucerna de barco pela manhã, vamos para Alpnachstad, localidade de onde partiremos para o Monte Pilatus, nosso destino final. Pelo caminho, veem-se paisagens que já se tornaram uma marca suíça, com suas casas pequenas nas encostas e vacas pastando no verde das montanhas. Os passageiros permanecem no confortável espaço interno do barco. Do lado de fora, o único que encara as quase duas horas de vento frio é um turista japonês que se comporta de uma maneira que é a marca dos turistas japoneses — fotografa tudo o que vê pela frente. O Monte Pilatus tem este no-

pessoal, digamos, mais tradicionalista prefere seguir pelas pequenas escadarias que levam aos mirantes, caminhar por uma caverna pelo interior da montanha, ou simplesmente relaxar em confortáveis cadeiras de pano e aspirar o ar puro, enquanto ouve uma orquestra de trompas suíças ecoando pelo vale. Quem gosta de experiências menos tranquilas deve experimentar o que está do outro lado da montanha, em Fränkmüntegg. Nesta face do Pilatus, há um impressionante campo de arvorismo e tirolesa, o maior desta parte do país, o que por si só já garante uma boa dose de adrenalina. Mais alguns metros montanha acima, e você encontra com uma diversão para lembrar de brincadeiras dos parques de infância — só que, desta vez, ela exige um bocado mais de coragem e preparo físico para ser enfrentada: é a mais longa descida de tobogã do país, com quase 1,5km de extensão, que completa o pacote de atrações radicais. A sensacional descida, feita em uma espécie de carrinho de rolimã sobre uma pista de aço, é bastante veloz, passa por pequenos túneis e tem grandes retas seguidas de curvas inclinadas — os ingredientes ideais para a diversão a alta velocidade. Uma vez só não

CRIANÇAS em monte de feno em Lucerna: cidade é ponto de partida para atrações mais agitadas foi suficiente? Tudo bem, no fim do percurso, o aspirante a dublê é rebocado de volta ao topo. Porém, antes que alguém se empolgue demais, é bom avisar que há regras rígidas sobre a utilização do tobogã, mas nada que tire a emoção do passeio. Elas proíbem descer do carrinho no meio do trajeto, o uso de câmeras durante a descida, e que dois adultos ou duas crianças fiquem no mesmo carrinho. Ainda há opções de trilhas para caminhada e mountain bike no topo do monte, além de hotéis e restaurantes, para quem quiser recarregar as baterias depois de um dia agitado. A descida à base também pode ser feita por um bondinho em direção à estação de Kriens e, embora o trajeto seja de apenas dez minutos, a paisagem vale a pena. E o clima era mais ameno do que na etapa seguinte. O GLOBO NA INTERNET

VÍDEO Aventura no tobogã gigante no Monte Pilatus oglobo.com.br/viagem

Aconchego do feno em Erlebnisbauernhof Weid

CASAS nas encostas verdes: paisagem vista durante passeio de barco me devido à lenda de que é nele que estaria enterrado o governante romano que permitiu a crucificação de Jesus — somente lá, sua alma poderia descansar. Na base do monte, tomamos o tradicional bondinho vermelho que vai nos levar pela mais íngreme

ferrovia do mundo, que chega a ter 48 graus de inclinação em alguns trechos, em direção ao Pilatus Kulm, a 2.132 metros de altitude. Chegando ao cume, há diversas opções para aproveitar a altitude e as paisagens que podem ser contempladas. O

CAMAS DE FENO: com a ajuda de um saco de dormir, o sono vem fácil

A vida rural não faz parte somente da vista numa viagem à Suíça: você pode se integrar a ela pernoitando na pequena fazenda Erlebnisbauernhof Weid, na região de Kerns, a 50 minutos de Lucerna, onde ficamos depois da descida do Monte Pilatus. O hotelfazenda recebe seus hóspedes com um cardápio apropriado para ser descrito numa redação escolar com o tema “minhas férias na fazenda”: comida caseira, suco de maçã cultivada no local e uma noite numa legítima cama de feno. À primeira vista, a cama de feno

pode parecer desconfortável, mas não é nada que um saco de dormir não resolva. Para as mulheres, há ainda a companhia de ursinhos de pelúcia na cama, talvez no intuito de fazê-las esquecer de questões relacionadas a insetos e outros tormentos. Porque mosquitos há. Mas mesmo assim, talvez pela mudança na rotina de cama com televisão dos quartos de hotéis comuns, a noite de sono é boa, embalada pelo charme de casa de campo da — repita, e de uma vez só desta vez — Erlebnisbauernhof Weid.

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Fotos de André Coelho

SUÍÇA SOB A NEVE ❁

Monte Titlis tem único teleférico rotativo do mundo

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EPOIS do Monte Pilatus, o dia seguinte da viagem nos prometia um ambiente mais hostil em Melchsee-Frutt. A programação original sugeria “uso de trajes esportivos e leves”, por causa do percurso de bicicleta com duração de quase duas horas previsto. Mas o passeio foi cancelado em virtude do mau tempo. Subimos de teleférico, agasalhados, de Stöckalp a MelchseeFrutt, onde recebemos cobertores dos nossos guias — um mau presságio — e fizemos a conexão com nosso próximo transporte: um trenzinho que faz o trajeto até Tannalp. Em condições climáticas perfeitas, o trecho teria sido um dos mais belos do passeio. O lugar é um parque alpino, com opções de lazer como pescaria, caminhada, ciclismo e alpinismo, e vias de escalada para crianças. Mas com o vento, a sensação térmica de -10ºC e a neve, chegar até lá foi uma provação, e a única visão de coisa viva no caminho foi a silhueta de dois pescadores em meio à forte neblina. No Berggasthaus Tannalp, um restaurante a 1.974 metros de altitude, fizemos uma pausa para um chocolate quente. Lá fora, o sol apareceu por cinco minutos, criando uma oportunidade rara para fotografar o vale e os picos nevados ao fundo. De quebra, dois ciclistas e uma moradora com seu cão apareceram para ajudar a compor mais fotos. Na 24 ● Boa Viagem

CICLISTAS EM TANNALP: no vale alpino, também pode-se pescar, fazer caminhadas e alpinismo — quando o tempo está bom TURISTAS no Monte Titlis: altitude de 3.020m dificulta a respiração durante uma caminhada

descida, fomos surpreendidos por um grupo de velhinhas suíças em trajes leves que, alheias ao frio, cruzam conosco durante sua caminhada diária e se divertem ao ver o grupo de turistas envolto em pesados cobertores. O destino seguinte foi Engelberg, ou “cidade dos anjos”, em português. No vilarejo de quatro mil habitantes, encontra-se o Monte Titlis, ponto mais alto de toda a região, com 3.020 metros de al-

titude. O monte tem uma tradicional estação de esqui e outras diversões, como o Titlis Rotair, único teleférico rotativo do mundo, cujo giro de 360 graus durante a subida permite uma visão privilegiada da imensidão branca das montanhas. Um segundo teleférico, aberto, com capacidade para quatro pessoas, faz o trajeto final até o topo do monte, passando sobre diversas pistas de esqui. Já lá em cima, temos de nos

habituar à dificuldade de respirar na altitude para uma caminhada no interior de uma geleira. Logo na entrada, o visitante pode escolher em um teclado o tipo de música que será a trilha sonora de seu passeio, cujas opções vão desde o hino nacional suíço ao funk e ao tecno. Enquanto isso, a iluminação alterna suas cores, à medida que se atravessa o túnel gelado. O complexo, que passa por reforma orçada em 7 milhões de francos suíços

(cerca de R$ 12 milhões), com inauguração prevista para dezembro, tem ainda dois hotéis e quatro restaurantes, um deles panorâmico, com cardápios variados, e onde pode-se provar o kafi schnaps, uma mistura de café, água e vodca ideal para aquecer o sangue para o que vem pela frente. Após o primeiro trecho da descida, em teleférico, há a opção — a melhor, a mais perigosa e a mais escolhida, obviamente — de fazer a parte final do deslocamento montado numa espécie de patinete gigante. Após a breve instrução do guia para usar somente o freio traseiro, e munido de capacete, o negócio é dar impulso e se jogar 20 minutos ladeira abaixo num percurso que alterna curvas e retas onde se chega a 30 quilômetros por hora, passando por mirantes e pelo interior de florestas. Detalhe: a estrada não tem acostamento e é aberta ao tráfego de automóveis. Sem dúvida, foi a parte mais emocionante da viagem. O GLOBO NA INTERNET

VÍDEO Pedalando morro abaixo em Tannalp oglobo.com.br/viagem

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SUÍÇA ❁ SOBRE O RENO

Queda d’água de 23 metros, Rheinfall ganha show de luzes coloridas para ser admirado de um dos restaurantes à beira-rio

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A MANHÃ seguinte, partimos para S ch a f f h a u s e n , n o Norte. À medida que nos aproximamos da fronteira alemã, surgiam vinhedos à beira do Rio Reno. No Centro da cidade, a arquitetura da parte antiga chama a atenção pelos detalhes das pinturas e entalhes em madeira nas fachadas das pequenas edificações. No alto, o castelo Munot se destaca com suas muralhas de pedra. Uma escadaria leva à entrada da construção do século XVI, cujo fosso abriga uma família de cervos. O grande pátio no alto recebe eventos como concertos e festivais. Reno acima, está uma das mais visitadas atrações da Suíça: as Rheinfall, ou as cataratas do Reno. Entre Zurique e Schaffhausen, a queda d’água de 23 metros é a maior da Europa, e forma ao seu redor um grande lago de águas povoado por cisnes, patos e cardumes

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André Coelho

INTERIOR DO CASTELO Munot: construção do século XVI tem fosso onde vive uma família de cervos de trutas que não sentem a menor timidez diante dos visitantes. Um barco leva, de dez em dez minutos, grupos a uma grande rocha no meio da cachoeira. Por uma escadaria íngreme, chega-se a um pequeno e tortuoso platô, de onde se vê o grande volume de água das cataratas e percebese a sua força. Quando o sol se

põe, grandes refletores continuam a iluminar a correnteza com luzes coloridas. Uma boa dica é observar o balé das cores de um dos restaurantes à margem do rio, que costumam ficar lotados. Apesar do frio da noite, é comum ver corredores exercitando-se nas redondezas do parque. No último dia de viagem, o

barco parte cedo rio acima em direção à cidade histórica de Stein am Rhein, na parte mais baixa do Lago Constance, no extremo norte. Nos arredores, há trilhas para caminhada e mountain bike. Além disso, a alguns minutos de carro da cidade está a fazenda Bolderhof, uma Disneylândia para quem curte vida no campo.

A propriedade oferece de um simples passeio de barco pelo Reno a lições de preparação de queijo, plantio de produtos orgânicos e ordenha de vacas, que podem servir também de montarias. O assento sobre o dorso do bicho é incômodo e, apesar de oferecidos passeios de até uma hora, duvido que alguém consiga ficar mais do que alguns minutos no lombo do animal. Vacas, patinetes, tobogãs: o interior da Suíça é mais divertido do que parece. E fica ainda melhor se você dá uma parada para desfrutar suas cidades. Como Lucerna e Stein am Rhein, onde este passeio começou e terminou. E suas atrações urbanas, que estão na próxima página. O GLOBO NA INTERNET

GALERIA Outras fotos de aventuras suíças oglobo.com.br/viagem

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SUÍÇA ❁ NAS CIDADES

Cabelo ruivo de mulheres de Stein am Rhein fez localidade ser conhecida como “cidade das bruxas” na Idade Média

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André Coelho

Á QUE ESTE roteiro é sobre as atrações menos óbvias da Suíça, que tal conhecer um monumento à tecnologia na histórica Lucerna, no início do trajeto, antes de seguir para as aventuras rústicas? Faça uma visita ao Verkehrshaus, o museu suíço de transportes, que comemora este ano seu 50 o- aniversário. Aliás, a palavra museu não é a mais apropriada. — Dá uma noção de coisa antiga, que não podemos tocar. O ambiente é bem diferente — diz um guia. São 20 mil m² de atividades onde estão aviões, barcos e trens dos primórdios da história local, e um moderno centro de mídia interativa, o Media Factory, onde visitantes podem gravar programas de rádio e TV e levar para casa num pen-drive. Na parte automobilística, quiosques fornecem as informações sobre carros raros expostos num imenso paredão. Numa pequena arena lateral, a plateia, formada principalmente por crianças, pode escolher o toque de buzina que mais lhe agrada e, num passe de má-

gica, ver o carro correspondente sair de um nicho na parede e estacionar a poucos metros. Na parte externa do museu, dois enormes Douglas DC-3 aposentados da Swiss Air Lines disputam espaço com a molecada que passa à toda em cima de patinetes. A sala de transportes terrestres chama atenção por suas paredes externas forradas com 344 diferentes tipos de sinalização de trânsito de todas as partes da Suíça. Há ainda um pequeno “canteiro de obras” e um circuito onde as crianças têm noções de leis de trânsito. Depois de uma tarde inteira zanzando no museu, você pode comer e relaxar nos diversos restaurantes às margens do Lago Lucerna ou na tradicional The Fondue House, em uma das charmosas ruelas da cidade antiga. Se no início dá para contornar, no fim da viagem o encontro com a história é inevitável em Stein am Rhein. A cidade é uma joia arquitetônica e uma das mais importantes para entender o passado do país, como provam os quase um milhão de turistas que a vi-

VERKEHRSHAUS: museu de Lucerna conta a história dos transportes em 20 mil m² sitam entre março e outubro. O vilarejo de pescadores fundado por monges beneditinos tornou-se um importante entreposto comercial no século XVI. Rua abaixo a partir da Rathausplatz, surgem fachadas ricamente pintadas, entre elas a que possui o primeiro afresco feito no

país. Também é lá que está o sino mais antigo em funcionamento da Suíça, do século XIV, e a torre onde eram aprisionadas bruxas no período medieval. É a primeira construção que se avista quando se desembarca na cidade. Stein am Rhein era conhecida como “a cidade das

bruxas” em virtude da aparência de muitas das mulheres locais, com cabelos avermelhados. Muita gente foi para a fogueira apenas por ser ruiva... André Coelho viajou a convite do Turismo da Suíça e da Swiss Air Lines

Melhor que a do Polanski, mas para jovens JAIL HOTEL Löwengraben, em Lucerna: primeiro hotel-presídio três estrelas da Suíça

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Lembra de quando falamos em acomodações “alternativas” no início da reportagem? Pois é, nenhuma é mais alternativa da que outrora foi uma prisão, e desde 1998 é o Jail Hotel Löwengraben. É o primeiro hotel-presídio três estrelas da Suíça, onde você pode desfrutar de todo desconforto e isolamento das antigas celas, hoje transformadas em quartos. O prédio foi construído em 1862, e até um ano antes de ser transformado em hotel funcionou como a prisão central de Lu-

cerna. Mantém a sua atmosfera carcerária: não há televisão nos quartos, que continuam lembrando muito as celas. À noite, o som alto do Alcatraz Club, a boate no térreo do hotel, tortura o hóspede que tenta pegar no sono. Ou seja: você pode dormir até mais confortavelmente do que o cineasta Roman Polanski numa prisão suíça, mas, como opção de hospedagem, ela é mais indicada aos jovens que não quiserem rodar muito por Lucerna em busca de um programa noturno.

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SUÍÇA ❁ SERVIÇO ❁ COMO CHEGAR

De avião: A Air France voa do Rio para Zurique, fazendo uma conexão em Paris. Bilhetes a partir de R$ 1.701,58. Com a Swiss, pode-se voar do Rio para Zurique fazendo uma troca de avião em São Paulo (os trechos Rio-SP-Rio são operados pela TAM) por tarifas a partir de R$ 1.883,24. Valores de ida e volta pesquisados para a primeira semana de novembro. Com o Swiss Pass: O bilhete dá direito a acesso gratuito a todos os tipos de transporte público na Suíça, além de 450 museus e desconto de 50% em linhas ferroviárias de montanha. No web site do Swiss Travel System <www.swisstravelsystem.ch> o turista escolhe a opção de passe que mais se adeque as suas necessidades. Detalhe importante: após adquirir o passe, preencha e mantenha-o sempre em mãos. Na Suíça não há cobradores no interior dos veículos, o que pode dar uma idéia errônea de que o esperto de

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plantão pode viajar sem pagar nada. Mas os funcionários encarregados da cobrança aparecem sim e, caso você não tenha algum passe ou comprovante de pagamento, além do preço normal da passagem vai ter ainda que arcar com uma multa de no mínimo 80 francos suíços (em torno de R$ 140).

❁ ONDE FICAR

The Jail Hotel Löwengraben: Hotel instalado numa prisão desativada em 1998. Fica a dez minutos de caminhada da estação de trem de Lucerna. E hóspedes têm entrada grátis no Alcatraz Club, a boate do hotel. Diárias de 128 a 240 francos suíços, dependendo da acomodação. Löwengraben 18. Tel. 41 (0) 41 410-7830. www.jailhotel.ch Erlebnisbauerhof Weid: Hotel fazenda em Kerns, a 50 minutos de Lucerna, onde se dorme em camas de feno por preços a partir de 28 (adultos e adolescentes), 20 (adolescentes de 11 a 15 anos) e

14 francos suíços (crianças até 10 anos). Tel. 41 (0) 41 660-5216. www.erlebnisbauernhofweid.ch

❁ PASSEIOS

Bolderhof: O complexo em Stein am Rhein oferece diversos tipos de atividades, como passeio de barco pelo Rio Reno, passeios com as vacas, produção de queijo, visita guiada pela fazenda e por plantações de produtos orgânicos. Os preços vão de 27 a 150 francos suíços. Para pernoitar na fazenda, adultos pagam a partir de 45 francos suíços (dependendo do tipo de acomodação) e crianças, 6. Crianças até 2 anos não pagam. Há ainda opções para grupos. www.bolderhof.ch Castelo Munot: Construção do século XVI, em Schaffhausen, tem fosso que abriga uma família de cervos. Aberto de maio a setembro, das 8h às 20h, e de outubro a abril, das 9h às 17h. Entrada grátis. Melchsee-Frutt Sportbahnen: O teleférico para quatro pessoas de

Stöckalp para Melchsee-Frutt (ida e volta) custa 13,40 francos suíços para crianças de 6 a 15 anos, 21,40 para jovens de 16 a 19 anos (e maiores de 64 anos) e 26,80 para adultos. No trenzinho Fruttli-Zug, que vai de Einzelfahrt Melchsee-Frutt até Tannalp, crianças de 6 a 15 anos pagam 4,50 francos suíços e adultos, 9. www.melchsee-frutt.ch Pilatus: Há uma série de atividades e maneiras diferentes de se chegar ao topo do Monte Pilatus, em Lucerna. O bondinho para o trecho Alpnachstad-Pilatus Kulm-Fräkmüntegg custa 23 (crianças de 6 a 16 anos) ou 46 francos suíços. O ingresso para o SeilPark, onde há arvorismo e tirolesa, custa 26 francos suíços para adultos (o preço cai para 19 para crianças de 8 a 16 anos e 24 para jovens entre 17 e 25 anos). Há pacote com dez entradas por 234 francos suíços. Para ter acompanhamento de um profissional do parque, paga-se 60 francos suíços por hora. O parque

ALEMANHA FRANÇA

Schaffhausen Lucerna Kerns

Genebra

Lago de Lucerna

ÁUSTRIA

Engelberg

SUÍÇA

ITÁLIA permanece fechado de 26 de outubro a 30 de abril, reabrindo em 1 o- de maio. Para o tobogã gigante, Fräkigaudi, a entrada custa 8 francos suíços para adultos e 6 para crianças. www.pilatus.ch Rhinefalls: Para observar as cataratas do Rio Reno, em

Schaffhausen, adultos pagam 6,50 francos suíços e, crianças, 3,50. As travessias de barco funcionam em abril e outubro, das 11h às 17h; em maio e setembro, das 10h às 18h, e de junho a agosto das 9h30m às 18h30m. Partidas de dez em dez minutos.

Titlis: Os ingressos para o Titlis Rotair, o teleférico que gira 360º, custam 82 francos suíços, ida e volta. No Ice Flyer, teleférico sobre a geleira, crianças pagam 6 francos suíços e adultos, 12. O ChairLift, teleférico tradicional, cobra 14 francos suíços por ida e volta. Para praticar mountain bike, adultos pagam 7 francos suíços e crianças de 6 a 15 anos, 3,50. Para ir morro abaixo de Devil Bike, bicicleta estilo patinete com pneus largos, paga-se 12 francos suíços. A aventura só está disponível de julho a outubro, e de acordo com o tempo. Na Trotti Bike, aluga-se uma bicicleta por 7 francos suíços para fazer o trajeto de Gerschnialp a Engelberg. www.titlis.ch Verkehrshaus: O museu suíço dos transportes, em Lucerna, tem várias atividades interativas, e está aberto diariamente das 10h às 18h (no inverno, das 10h às 17h). Ingressos a 27 francos suíços para adultos, 14 para crianças de 6 a 16 anos e gratuitos para menores de 6 anos. www.verkehrshaus.ch

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