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O mito da instabilidade política Quais as suas verdadeiras consequências?

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ertamente será do conhecimento de todos que, após as eleições do dia 4 de outubro, muita incerteza e dúvida se criou em relação ao nosso futuro. Isto porque a coligação PàF venceu sem maioria absoluta e para governar necessitaria de uma maioria estável e duradoura. Na procura dessa tal estabilidade, iniciaram-se conversações com o PS (ninguém imaginava dialogar com BE e CDU) para poder proporcionar, segundo Pedro Passos Coelho, "um futuro de crescimento económico para o país". As negociações em nada resultaram. Aliás, resultaram num acordo à esquerda que chumbou, recentemente, o Programa de Governo. Vejamos, em seguida, as consequências de toda esta confusão.

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Na verdade, os mercados internacionais começaram a ter desconfiança no nosso país, pois a instabilidade política é sempre um entrave ao investimento. No entanto, é irresponsável, na minha perspetiva, um primeiro-ministro ter a iniciativa própria de assustar os credores internacionais e gerar ainda mais desconfiança. É caso para dizer que todo este problema convém à direita, pois assim podem acusar a esquerda de ser causadora desta situação. Enganam-se. Somos todos portugueses e todos temos a obrigação de lutar pelo bem do nosso país. Apesar de tudo isto, gostei da atitude do professor Marcelo Rebelo de Sousa que, de forma inesperada, teve a coragem de falar com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e garantir que não haveria mexidas nos números do défice.

Nunca poderemos esquecer que o desenvolvimento de uma sociedade assenta sempre numa correta análise multivariada de, pelo menos, seis variáveis diferentes. Política, Economia, Desenvolvimento Social, Desenvolvimento Tecnológico, Educação e Cultura, são o conjunto dos fatores a ter em conta e não basta falar em instabilidade política para dizer que é daí que vem todo o mal que nos cai em cima. Acreditamos que os nossos atores políticos, mais do que olhar para a esquerda ou para a direita, devem ter conhecimentos sólidos sobre a sociedade portuguesa e ter projetos de longo prazo para a sociedade global, valorizando na mesma medida as variáveis que referi e, sem dúvida, deveriam até estar mais preocupados no desenvolvimento educacional dos nossos jovens, cujo futuro querem comprometer com "Mitologia Política". Em suma, considero que a instabilidade política não terá grande influência no crescimento económico do nosso país já que, como vimos, valerá 1/6 na decisão dos gestores e também não podemos esquecer que pouco podemos fazer quanto àquelas regras europeias a que estamos vinculados (défice, por exemplo). Portugal será sempre um bom país para investir. O eventual governo de esquerda cativará o investimento na produção do setor primário, promoverá o consumo das famílias e, em consequência, o aumento da receita do Estado, associado à melhor redistribuição da riqueza, fará de Portugal um país mais "educado", competitivo e justo em termos sociais. Miguel Parente, 10ºH


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