BioHeitor N.º17 JANEIRO 2023

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BioHeitor

REVISTA ESCOLAR DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA BIOLOGIA 12ºANO
N . º 1 7 J A N E I R O 2 0 2 3
Turfeiras

F I C H A T É C N I C A :

Título:

BioHeitor

Edição: Número 17

IdeiaoriginaleCuradoria:

Mónica Ramôa

monica ramoa@sapo pt

(+351) 965 103 989

Logótipo:

Mélanie Matthey-Doret e Simão Gonçalves

Capa: José Pedro Fernandes

Fotografiacapa:

Lukas-Linhart por Pixabay

Apoiotécnicodigital/informático:

Sílvia Martins e José Pedro Fernandes

Responsávelcientífico-pedagógico:

Mónica Ramôa

Entidaderesponsável:

Escola Secundária Frei Heitor Pinto www.aefhp.pt (+351) 275 331 228

gabinete-diretor@aefhp pt

Autores:

Afonso Galvão, Ana Rita Sardinha, Augusto Meyrer, Beatriz Amaro, Beatriz Proença, Beatriz Taborda, Beatriz Dias, Bruna Passarinha, Carolina Antunes, Carolina Rato, Duarte Nunes, Francisca Aleixo, Francisco Sousa, Guilherme Silva, Hassan Youssef, Henrique Laia, Inês Freire, Inês Pinto, Isabella Mesquita, Joana Magalhães, João Nuno, Leonardo Russo, Leonor Duarte, Mafalda Gaudêncio, Mafalda Marques, Manuel Silva, Maria Freches, Maria Silva, Maria Manuel Silva, Mariana Massano, Martim Santos, Matilde Alves, Nicole Passarinha, Ricardo Nunes, Rita Lucas, Rodrigo Alves, Rodrigo Sequeira, Rosário Delgado, Sofia Gonçalves

Local: ESFHP - Covilhã

Data: Ano letivo 2022/2023 – Janeiro 2023

Índice

Turfas

Augusto Meyrer, Hassan Youssef e Rodrigo Alves

Turfeiras

Francisco Sousa, Joana Magalhães e Rita Lucas

Turfeiras

Inês Freire e Mafalda Marques

Turfeiras

Nicole Passarinha, Rodrigo Sequeira e Rosário Delgado

Turfeiras

Guilherme Silva e Isabella Mesquita

Turfeiras

Ana Sardinha, Beatriz Amaro e Mariana Massano Turfeiras

Bruna

e Ricardo Nunes

Leonor

Turfeiras

Afonso Galvão e Maria Silva

Turfeiras

Henrique Laia, João Nuno e Martim Santos

Turfeiras e questões ambientais

Inês Pinto, Leonardo Russo e Sofia Gonçalves

Turfeiras

Beatriz Dias e Mafalda Gaudêncio

Morais
Turfeiras Beatriz Silva e Beatriz Taborda Turfeiras Carolina Rato e Matilde Alves Turfeiras Manuel Silva e Maria Silva Turfeiras
Duarte
Antunes
e Carolina
Turfeira – Importância ecológica Duarte Nunes, Francisca Aleixo e Maria Freches 4 8 11 12 14 16 18 20 22 24 27 28 30 32 34 37

Turfas

AUGUSTO MEYRER, HASSAN YOUSSEF & RODRIGO ALVES

O QUE SÃO TURFAS?

A turfa é uma substância fóssil, organomineral, originada da decomposição de restos vegetais, encontrada em áreas alagadiças como várzeas de rios, planícies costeiras e regiões lacustres [1]. O processo de decomposição da matéria orgânica ocorre em um ambiente ácido e de pouca oxigenação [2]. A turfa contém, em geral, 90% ou mais de água, quando recolhida e seca ao ar, esse teor abaixa para valores médios próximos de 40% O material seco possui acima de 70% de matéria orgânica em relação ao seu peso, podendo ser mais ou menos fibrosa, dependendo do grau de decomposição da matéria base [3],[4]

CLASSIFICAÇÃO DAS TURFAS

A Sociedade Internacional das Turfas propôs um método simplificado da classificação das mesmas, onde as diferenças entre elas se encontram relacionadas com os seguintes três aspetos: a sua composição botânica; o seu grau de decomposição e as condições do local de formação [5]

Composição botânica:

-Componente de musgos: comporta o sphagnum ou turfa de musgo, excelente porosidade, com uma elevada capacidade de retenção de água e transporte de oxigénio [6]

-Componente herbácea: constituída por Gramíneas,Ciperáceas (carriços), Juncáceas (junças) e tifáceas (canas). As junças têm uma capacidade de retenção de água inferior à componente musgos [7]

-Componente lenhosa: restos de árvores e de arbustos, tais como Pináceas, Fagáceas, Betuláceas, Salicáceas, Miricáceas e Ericáceas Grande parte do húmus da turfa é constituído por resíduos de árvores e arbustos que se decompuseram em períodos muito longos [8].

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Grau de decomposição ou grau de evolução:

Apesar das várias formas possíveis de determinação do estado de decomposição das turfas, geralmente no meio hortícola este pode ser avaliado, diretamente, pela sua decomposição na escala de von Post Segundo von Post é possível distinguir nesta escala 10 graus de decomposição, de H1 a H10, referindo-se H1 a um material não decomposto e H10 a material muito decomposto [9]

De acordo com esta escala as turfas podem dividir-se:

- Turfas pouco evoluídas - H1-H3: Compreende desde as turfas louras ou claras até às castanhas claras

- Turfas medianamente evoluídas - H4-H6: São designadas por turfas castanhas ou escuras.

- Turfas muito evoluídas - H7-H10: Neste grupo incluem-se as turfas castanhas escuras e as negras ou pretas

Modos de Formação/Condições do Local de Formação:

De um modo geral podem-se distinguir três tipos de turfeiras, de acordo com os processos de formação das turfas:

- Turfeira eutrófica ou turfeira baixa: formada em depressões que recebem água de zonas adjacentes mais elevadas [9]

- Turfeira oligotrófica ou turfeira alta: a sua superfície mantémse praticamente sempre inundada, apesar de não serem formadas por inundação, devido às elevadas precipitações e às propriedades da sua vegetação em reter humidade [10]

- Turfeira mesotrófica ou turfeira intermediária: é um estado intermédio, correspondente à evolução de uma turfeira eutrófica para oligotrófica [11].

TURFEIRAS UTILIZADAS COMO TESTEMUNHO DE OCUPAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA DA SERRA DA ESTRELA

O texto abaixo foi retirado de uma revista/jornal do Centro de Arqueologia de Almada:

“O corte pedológico produzido pela variação do nível da água na albufeira e observado no local dos achados evidencia a existência de uma camada negra, saturada de matéria orgânica, indício de a depressão, antes. da instalação da albufeira, ter sido preenchida por materiais vegetais em decomposição (turfeira) Nestas condições, é lícito admitir que a ocupação pré-histórica representada pelos materiais recolhidos se tenha efetuado na zona periférica de uma turfeira, existente à data no local…. Tais achados vêm, deste modo, confirmar as conclusões obtidas dos perfis polínicos obtidos nas turfeiras de altitude da Serra da Estrela, que indicam uma primeira degradação do coberto vegetal nos finais do IV, inícios do III milénio a.C., devida à acão antrópica relacionada com a criação de pastagens de altitude “[12], [13]

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EXEMPLOS DE TURFAS

Foto de turfa antiga

BIBLIOGRAFIA

[1]: Franchi, J. G. (2000). Aplicação de turfa na recuperação de solos degradados pela mineração de areia (Doctoral dissertation, Universidade de São Paulo)

[2]: Rosa, A H , Rocha, J C , & Furlan, M (2000) Substâncias húmicas de turfa: estudo dos parâmetros que influenciam no processo de extração alcalina Química Nova, 23, 472-476

[3]: Franchi, J G (2004) A utilização de turfa como adsorvente de metais pesados O exemplo da contaminação da bacia do rio Ribeira de Iguape por chumbo e metais associados (Doctoral dissertation, Universidade de São Paulo).

[4]: Hugron, Sandrine; Bussières, Julie; Rochefort, Line (2013) «Tree plantations within the context of ecological restoration of peatlands: practical guide»

[5]: Bunt, B R (2012) Media and mixes for container-grown plants: a manual on the preparation and use of growing media for pot plants

Springer Science & Business Media

[6], [7], [8]: Penningsfeld, F (1983) Kultursubstrate für den Gartenbau, besonders in Deutschland: Ein kritischer Überblick/Plant substrates for horticulture with special regard to Germany: A critical review Plant and Soil, 269-281

[9]: Reis, M., Martinez, F. X., Soliva, M., & Monteiro, A. A. (1997, April). Composted organic residues as a substrate component for tomato transplant production. In International Symposium on Composting & Use of Composted Material in Horticulture 469 (pp 263-274)

[10]: Abad, M., Fornes, F., Carrión, C., Noguera, V., Noguera, P., Maquieira, Á , & Puchades, R (2005) Physical properties of various coconut coir dusts compared to peat HortScience, 40(7), 2138-2144

[11]: Caron, J , & Rivière, L M (2002) Quality of Peat Substrates for Plants Grown\in Containers In Organic soils and peat materials for sustainable agriculture (pp 67-92) CRC Press

[12]: van der Knaap, W O , & van Leeuwen, J (1994) Holocene vegetation, human impact, and climatic change in the Serra da Estrela, Portugal

[13]: Van den Brink, L. M., & Janssen, C. R. (1985). The effect of human activities during cultural phases on the development of montane vegetation in the Serra de Estrela, Portugal. Review of Palaeobotany and Palynology, 44(3-4), 193-215

(FOTO:JOÃOLUIZCARDOSO)
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BYDAVIDSTANLEYFROMNANAIMOCANADA-PEATCCBY20 Foto de turfa recente

BioHeitor

Melhor Trabalho de Ciência no Concurso Nacional de Jornais Escolares

2020/2021

2021/2022

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INTRODUÇÃO:

Ecologicamente, as turfeiras são complexos ecossistemas, com uma taxa de acumulação de matéria orgânica superior à taxa de decomposição, formando-se, deste modo, um substrato pedológico em condições de anoxia e encharcamento, o qual se denominada turfa, que se acumula em profundidade [1]. Considera-se as turfas como produtos de acumulação e decomposição de matéria-prima, sendo estas, assim, um percursor vegetal; geralmente, a formação ocorre em pântanos, a partir de vegetação morta ou parcialmente decomposta, pelo que apresentam uma cor castanha amarelada ou em alguns casos preta acastanhada de consistência fibrosa [2]. As turfeiras são ambientes húmidos, dinâmico e altamente especializado de transição entre os ecossistemas terrestres e aquáticos, formados pelo contínuo crescimento de vegetação que coloniza a área, sendo os seus restos acumulados sob a forma de turfas; podendo estas ser diferenciadas quanto a critérios botânicos, hidrológicos, topográficos, grau de decomposição da matéria conteúdo, natureza das cinzas, cor e conteúdo de água [3]. Ainda por conta das condições necessárias à existência de turfeiras estas são formadas em locais onde as condições de clima e a drenagem favorecem a preservação da matéria orgânica, pelo que são mais comuns em zonas de clima temperado, uma vez que se trata de um ambiente propício ao desenvolvimento destas [3].

TURFEEIRAS E O CICLO HÍDRICO:

Relativamente à hidrologia das turfeiras, a entrada de água de água na turfa é representada pelas águas oriundas da precipitação, escoamentos superficiais e de base [4].

As turfeiras desenvolvem um papel crucial nos ciclos hidrológicos por purificarem as águas, sendo que retêm substâncias que são transportadas em solução, entre os quais iões metálicos, fazendo com que estes elementos apareçam em concentrações muito baixas na água que é posteriormente libertada da turfeira [5].

Além disso, as turfeiras são também prestadoras de serviços ao ciclo hídrico em termos de fornecimento e regulação de água; estudos realizados nas ilhas da Terceira e Flores, nos Açores, mostram que, atualmente, as turfeiras destas regiões têm capacidade de reter cerca de 72438317m3 de água, no entanto, em estado natural, teriam capacidade de reter mais 300% da água que atualmente retêm [5].

Turfeiras
Desenvolvimentodeumaturfeira https://1.bp.blogspot.com/-uDFL3BZHfr0/XaIl7KLZHII/AAAAAAAAD_w/nOdjsZQv9wTR8_ZZdpMWHnWckNzZLm6QCLcBGAsYHQ/s400/IMG_0389.JPG Campodeturfas https://degustandowhisky.com.br/wp-content/uploads/2014/05/peat_bog2.jpg
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As turfeiras são associações de plantas, ao passo de que as trufas são sedimentos de idade geológica recente, formados pelo acumular e decomposição de matéria vegetal, em ambientes saturados de água, baixo pH e pouco oxigénio [6]. As turfeiras alcançam o seu desenvolvimento quando corpos d'água, em regiões frias e úmidas, são colonizadas por musgo Sphagnum, que acidifica o local, através da absorção que é feita de catiões e libertação de hidrogénio [6].

O processo de formação das turfas pode levar centenas de anos e estima-se que estas compreendam aproximadamente 3% da crosta terrestre; os seus principais constituintes são compostos de lignina, celulose e demais substâncias húmicas [7].

Devido às suas características as turfas podem ter diferentes aplicações, desde o tratamento de águas, passando pelo monitoramento ambiental, combustíveis, fertilizantes de solos até à medicina tanto humana como veterinária [7] .Um dos papéis mais importantes que se tem também reservado para os organossolos das turfeiras é a sua utilização como arquivo ambiental e cronológico da evolução das paisagens, já que são utilizadas em estudos palinológicos, pedológicos e geoquímicos com a finalidade de oferecer subsídios para avaliar as mudanças climáticas [3].

O depósito de turfas é realizado de duas formas: um pelo preenchimento de depressões de pequenos lagos por matérias inorgânica e outro pela constante inundação de lagoas em terras baixas de vales, ou estuários de rios e consequente acumular de plantas mortas [8].

Além de reservatórios de água as turfeiras são também importantes reservatórios de carbono, sendo que se estima que ocupem uma área de 420 milhões de hectares em todo o mundo e aproxima-se que nessa área, considerando uma profundidade 2 metros, estejam armazenados 455 bilhões de toneladas de carbono [9].

Além disso, as turfeiras são ainda importantes testemunhos para a pesquisa das alterações climáticas e detetoras de elevado significado ambiental, sendo que preservam informações cronológicas com utilidade, além das suas condições possibilitarem que os corpos que nelas sejam depositados permaneçam, por muitos anos, em bom estado de preservação [9].

DESENVOLVIMENTO E UTILIDADE DAS TURFEIRAS: Ovelhapreservadaemturfeira http://www.gluon.com.br/blog/wp-content/uploads/2014/12/ovelha-banhado-turfeira.jpg Génesedeumdepósitodeturfa https://www.researchgate.net/profile/C-Rodrigues-9/publication/340547385/figure/fig2/AS:879553585111041@1586713324829/Figura-6-Diagramaesquematico_Q320.jpg Deposiçãodeturfas https://mercadopme.com.br/turfeiras-da-irlanda-preservam-corpos-e-artefatos-de-sacrificio/ 9

CLASSIFICAÇÃO DAS TURFEIRAS:

Existe uma ampla variação na composição entre e dentro dos perfis de solo das turfeiras e estas são classificadas como são classificadas como organossolos tiomórficos, fólicos ou háplicos [10].

Existem diversas propostas para a classificação das turfeiras, estas baseiam-se em diferentes critérios, no entanto a diversidade de classificações apontadas deve-se essencialmente ao centro de interesse dos autores envolvidos e à área de estudos que estes, por sua vez, representam [11]. Um método de classificação segundo o grau de decomposição do material orgânico é a Escala de decomposição de von Post; este método é um teste de campo em que uma porção de turfa se pressiona com a mão, observando depois a cor do líquido que saí, a natureza das fibras e a porção de resíduos que fica retida na mão [12]. O método de von Post foi estabelecido para separar turfas com graus de humidificação diferentes e é realizada a diferenciação em dez classes (H1 a H10) [13]. Desta forma H1 corresponde ao estado de decomposição mais inicial e H10 ao estado de completa decomposição [14]. Pelo critério ecológico as turfeiras podem ser ombrotróficas (frequentemente convexas) ou minerotróficas (águas ricas em minerais), já pelo critério geológico, classificam-se como associadas a ambientes deltaicos (ambiente sedimentar que apresenta carvão em camadas) , associadas a ambientes fluviais (ambientes fluviais de baixo gradiente e planícies amplas) ou associadas a ambiente estuarino (ambiente de transição entre rio e mar, protegido e isolado da ação marinha) [15].

BIBLIOGRAFIA:

[1]doLameiro,T.(2011).TurfeiradoLameirodasCebolas:ecologia,biodiversidadeerestauroecológico.

[2]Rodrigues,C.,Araujo,C.V.,Ade,M.V.B.,&daSilva,Z.C.C.(2019).FORMAÇÃO,DEPOSIÇÃO,PRESERVAÇÃOEEVOLUÇÃODAMATÉRIAORGÂNICAEMUMATURFEIRA.

[3]Landim,R.L.A.C.(2022).AnálisesquímicaseespectroscópicasdosácidoshúmicosdesolosorgânicosemambientesdeTurfeiraeVereda.

[4]Duzzioni,R.I.(2012).MonitoramentohidrológicodeturfeiranasmontanhasdoParqueEstadualdaSerradoTabuleiro/SC.

[5]Mendes,C.,&DIAS,E.TURFEIRASDOSAÇORES.

[6]Silva,L.N.M.(2002).EstruturadeumaturfeiradealtitudenomunicípiodeSãoJosédosAusentes(RS-Brasil).

[7]Melo,C.D.A.(2014).Desenvolvimentodesistemapoliméricoabasedeturfasesubstânciashúmicasparaliberaçãolentadenutrientesparaplantas.

[8]Franchi,J.G.(2000).Aplicaçãodeturfanarecuperaçãodesolosdegradadospelamineraçãodeareia(Doctoraldissertation,UniversidadedeSãoPaulo).

[9]Fonseca,S.F.D.(2016).Geoprocessamentoaplicadoàidentificação,análiseespacialetemporaldeusosdaterraemáreasadjacentesàsturfeirasdaSerradoEspinhaçoMeridional. [10]Chueng,K.F.(2020).Reconstituiçãopaleobiogeoclimáticadeáreascársticas,arqueológicaseturfeirasnaSerradoEspinhaçoMeridionalatravésdebiomineralizaçõesdesílica.

[11]Silva,A.C.,Horák,I.,Cortizas,A.M.,Vidal-Torrado,P.,Racedo,J.R.,Grazziotti,P.H.,...&Ferreira,C.A.(2009).TurfeirasdaSerradoEspinhaçoMeridional-MG:I-caracterizaçãoe classificação.RevistaBrasileiradeCiênciadoSolo,33,1385-1398.

[12]Horak,I.(2010).Relaçõespedológicas,isotópicasepalinológicasnareconstruçãopaleoambientaldaturfeiradaÁreadeProteçãoEspecial(APE)Pau-de-Fruta,SerradoEspinhaço Meridional-MG(Dissertaçãodedoutorado,UniversidadedeSãoPaulo).

[13]Valladares,G.S.(2003).CaracterizaçãodeOrganossolos,auxílioàsuaclassificação.Seropédica:UniversidadeFederalRuraldoRiodeJaneiro.

[14]Franchi,J.G.(2004).Autilizaçãodeturfacomoadsorventedemetaispesados.OexemplodacontaminaçãodabaciadorioRibeiradeIguapeporchumboemetaisassociados(Doctoral dissertation,UniversidadedeSãoPaulo).

[15]Motta,M.(2006).DIAGNÓSTICODASTURFASNOBRASIL:HISTÓRICODAUTILIZAÇÃO,CLASSIFICAÇÃO,GEOLOGIAEDADOSECONÔMICOS.RevistaBrasileiradeGeociências,36(1),179-190.

Exemplodeturfeira https://www.mdig.com.br/index.php?itemid=54112 Turfeiracomoreservatório https://www.geocaching.com/geocache/GC8YQM1_turfeira-da-mourela?guid=f335f3af-6b31-427c-b6e8-4ee33b712570 TurfeiranosAçores http://quercus-saomiguel.blogspot.com/2010/06/turfeiras-de-sphagnum-de-base-dos.html EscaladedecomposiçãodevonPost https://shre.ink/1lFs
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Turfeiras

INÊSFREIREEMAFALDAMARQUES Introdução

As turfeiras são ambientes especiais para estudos relacionados c dinâmica da matéria orgânica, evolução das paisagens, mud climáticas e ciclos de poluição atmosférica locais, regionais e globa A forma como estas comunidades encharcadas se formam, diretamente relacionada com os altos níveis de precipitaç humidade A ocorrência destas zonas húmidas está tam dependente da existência de um horizonte impermeabilizante pláci da presença de rochas compactas à superfície que limitam a dren da água [2].

Assim, a quantidade de água que entra no sistema é bastante elev uma parte relevante desta fica retida a nível sub superficial, contrib para o desenvolvimento de zonas húmidas, nomeadamente turfeira

Turfeiras nos Açores http://www.montanheiros.com/wpcontent/uploads/2020/04/PingoLava2019-Turfeiras-Acores.pdf

Características e Benefícios das Turfeiras

As principais características das turfeiras são o solo orgânico e a retenção de água , sendo que são as propriedades hidrológicas das turfeiras que permitem a sua existência contínua Entender a sua hidrologia é fundamental para estes ecossistemas, já que é a condição mais importante relacionada à ecologia, ao desenvolvimento, às funções e aos seus processos de formação [3], já a turfa, em si, tem várias características tanto físicas como químicas, como por exemplo a sua cor negra, o grau de humidade, pH, percentagem de carbono orgânico e matéria orgânica [4]

A reumidificação das turfeiras é geralmente benéfica e importante para mitigar mudanças climáticas durante as próximas décadas [5], cobrindo apenas cerca 3% da área terrestre da Terra, eles detêm o equivalente a metade do carbono está na atmosfera como CO2 [7] , já que ao longo dos séculos, as turfeiras exercem um efeito líquido de resfriamento no balanço de radiação global, pois efeito da remoção do CO2 atmosférico de vida longa supera a liberação do CH de vida curta, no entanto, se as turfeiras se começarem a degradar em grande escala, o carbono armazenado poderá ser liberado, reduzindo/revertendo o se efeito de resfriamento climático [6] Por outro lado, estas formações húmidas s de uma forma geral, promotoras de baixos níveis de biodiversidade no seu interior, essencialmente devido ao encharcamento e acidez extremos, condiçõ às quais apenas algumas espécies se conseguem adaptar [2]

Conclusão

Embora os serviços que as turfeiras prestam e as funções que desempenham tenham sido, muitas vezes, negligenciados e tidos como garantidos, existe uma crescente preocupação e tomada de consciência da fragilidade destes ecossistemas e da sua importância [2], por isso mesmo, devemos preservar e cuidar destes habitats e não os deixar morrer

[1] Siva A C Horák I Cortizas A M Vidal-Torrado P Racedo J R Grazzott P H & Ferrera C A (2009) Turferas da Serra do Espinhaço Meridional-MG:I-caracterizaçãoeclassifcação RevstaBrasileiradeCiêncado Soo,33,1385-1398 [2]Mendes C &Dias (2019) TurfeirasDosAçores [3] Barra U M (2018) Hidrologia e fluxo de carbono em turfeiras tropicas de monanha [4]Petron S L G Pres M A F &Munita C S (2000) Adsorçãodezincoe cádmioemcolunasdeturfa

QuímcaNova 23 477-481 [5]Oanen P &Mnkkinen K (2020) Rewettingoffersrapdclmatebenefitsfor tropica and agriculural peatands but not for forestry‐drained peatands Goba BogeochemcalCyces 34(7) e2019GB006503 [6]FrolkingS RouletN T (2007) Goba ChangeBol 13 1079 [7]Lmpens J Berendse F Bodau C Canadel J G Freeman C Holden J & Schaepman-Strub G (2008) Peatlands and the carbon cyce: from local processes oglobal mpications–asynthesis Bogeosciences 5(5) 1475-1491 Áreas de Turfeiras https://www.iguiecologia.com/areas-de-turfa/ Turfa https://dicasdonamaria.com.br/323-2/
Bibliografia
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TURFEIRAS TURFEIRAS

Introdução

As turfeiras são ecossistemas húmidos compostos por plantas higrófilas que, ao crescerem acumulam grande quantidade de matéria vegetal morta. São consideradas organossolos e são definidas como o produto da decomposição de vegetais, que se desenvolvem e se acumulam em ambientes saturados com água de precipitação pluviométrica, sendo o estado inicial da sequência de carbonificação [1]. As turfeiras ocupam cerca de 420 milhões de hectares no mundo e são consideradas arquivos ambientais e cronológicos do desenvolvimento das paisagens, das alterações climáticas e da deposição de metais pesados [2].

O que são?

Turfeiras são um tipo de pântano onde se acumula turfa, resultado de material orgânico normalmente de plantas mortas. A água nas turfeiras é ácida e tem um nível de nutrientes reduzido, apresenta também cor castanha derivado de uma grande quantidade de turfa estar dissolvida na água. O clima frio e os solos inférteis das turfeiras fazem com que o crescimento de plantas na área seja lento, porém a decomposição é ainda mais lenta pelos níveis de oxigénio no solo serem baixos, daí a turfa se acumular, cobrindo grandes zonas em vários metros de turfa [3].

Como se formam as turfeiras?

A formação das turfeiras é um processo extremamente lento e acontece quando lagos pequenos não secam completamente ou não são preenchidos na totalidade por sedimentos que possuem água com poucos minerais o que faz com que musgos, ervas e outras vegetações se formem na superfície da água ou perto da costa (o que seria impossível em lagos maiores no caso dos musgos por causa da atividade de ondas). Depois da camada de musgo à superfície chegar a uma certa espessura, a água do lago começa a ficar anóxica (com níveis de oxigénio baixos). A combinação da falta de oxigénio, falta de minerais, um ambiente ácido devido à alta presença de carbono e um clima frio, retarda as ações de bactérias e fungos, os organismos responsáveis pela decomposição. A falta de luz solar na parte inferior da camada, causa a sua morte, pequenas perturbações e a decomposição lenta faz com que essa matéria orgânica se transforme em turfa e se acumule no fundo do lago. A área à volta do lago é normalmente dominada por ervas e pequenos arbustos e por vezes, as árvores começam a crescer depois de algum tempo [3] [4].

A sua importância

As turfeiras são importantes por várias razões, sendo as mais importantes a sua capacidade de parar inundações e armazenar carbono. Uma turfeira não perturbada é capaz de impedir cheias por acumular água da chuva e também de remover dióxido de carbono da atmosfera. A destruição de uma turfeira, geralmente pela remoção da turfa pelo os seus múltiplos usos, como por exemplo combustível, pode causar a libertação de todo o carbono armazenado contribuindo para o aquecimento global [3] [4].

Figura 2: Turfa Fonte:https://www.snatural.com.br/carvao-ativado-filtracao-agua-ar/turfa-2/
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Figura 1: Turfeiras Fonte:https://www.mdig.com.br/index.php?itemid=54112

Positivos Negativos

As turfeiras têm impactos positivos nos ecossistemas, nomeadamente são fontes de elementos para os diversos meios e organismos, protegem os afluentes de água doce, melhoram a composição química da água, são ambientes que acumulam grande quantidade de matéria orgânica e as turfas são usadas como matéria-prima na indústria e na agricultura [1] [5].

Localização de turfeiras

Quando as turfeiras são destruídas ou perturbadas, podem ter impactos negativos no ecossistema. São exemplos a libertação de gases com efeito de estufa, a instabilidade nas zonas altas e nas ribeiras das ilhas e menor biodiversidade [6].

O mapa global de turfeiras, PEATMAP, estima a área global das turfeiras em 4,23 milhões de km2 é aproximadamente 2,84% da área terrestre global. Estima-se que das turfeiras existentes, 5,42% encontram-se na área terrestre da América do Norte, 5,2% na Europa, 3,6% na Ásia, 2,7% na América do Sul, 0,9% na Oceânia e 0,6% na África.

Além destes territórios poderão existir mais terrenos com turfeiras desconhecidos, tal como as grandes áreas florestais da América do Sul e da África que foram recentemente mapeadas. Um complexo de turfeiras que cobre 145.500 km2 na República Democrática do Congo e 120.000 km2 de turfeira na bacia do foreland Pastaza-Maranon na Amazónia peruana, são outros exemplos disso, sendo a sua inclusão no PEATMAP um grande aumento na extensão estimada de turfeiras [7] [8] [9] [10].

Conclusão

As turfeiras são consideradas um produto de decomposição vegetal e ocupam aproximadamente 2,84% da área terrestre do planeta. Estas desempenham funções importantes relacionadas com vários ecossistemas e com as alterações climáticas. Por outro lado, têm também as suas desvantagens ambientais, sendo a mais relevante a libertação de gases com efeito de estufa. [1] [5] [6] [7]

Referências:

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[2]Silva,A.,Horák,I.,Vidal-Torrado,P.,Cortizas,A.,Racedo,J.,&Campos,J.(2009).TurfeirasdaSerradoEspinhaçoMeridional-MG:II-Influênciadadrenagemnacomposiçãoelementaresubstânciashúmicas. RevistaBrasileiradeCiênciadoSolo,33,13991408.

[3]Tomassen,H.,Smolders,A.,Lamers,L.,&Roelofs,J.(2004).Developmentoffloatingraftsaftertherewettingofcut-overbogs:theimportanceofpeatquality. Biogeochemistry,71(1),69-87.

[4]Moore,P.(2002).Thefutureofcooltemperatebogs.Environmentalconservation,29(1),3-20.

[5]Souza,D.(2021).Ousodefertilizantesorganomineraisparaodesenvolvimentoinicialdomilho.

[6]Pereira,D. (2015).AvaliaçãodovalordosecossistemasdeturfeirasdosAçores,comrecursoamodelaçãoemSistemasdeInformaçãoGeográfica.

[7]Dargie,G.,Lewis,S.,Lawson,I.,Mitchard,E.,Page,S.,Bocko,Y.,Ifo,S.,2017.Age,extentandcarbonstorageofthecentralCongoBasinpeatlandcomplex.Nature,542,86-90.

[8]Lähteenoja,O.,Reátegui,Y.,Räsänen,M.,Torres,D.,Oinonen,M.andPage,S.,2012.ThelargeAmazonianpeatlandcarbonsinkinthesubsidingPastaza-Marañónforelandbasin,Peru. GlobalChangeBiology,18,164-178.

[9]Lawson,I.,Kelly,T.,Aplin,P.,Boom,A.,Dargie,G.,Draper,F.,Hassan,P.,Hoyos-Santillan,J.,Kaduk,J.,Large,D.,Murphy,W.,Page,S..Roucoux,K.H.,Sjögersten,S.,Tansey,K.,Waldram,M.,Wedeux,B.,Wheeler,J.,2015.Improvingestimatesof tropicalpeatlandarea,carbonstorage,andgreenhousegasfluxes.WetlandsEcologyandManagement,23,327-346.

[10]Parish,F.,Sirin,A.,Charman,D.,Joosten,H.,Minayeva,T.,Silvius,M.,Stringer,L.Eds.,2008.Assessmentonpeatlands,biodiversityandclimatechange:mainreport.GlobalEnvironmentCentre,KualaLumpurandWetlandsInternational,Wageningen. [11]Xu,J.,Morris,P.,Liu,j.,&Holden,J.(2018).PEATMAP:Refiningestimatesofglobalpeatlanddistributionbasedonameta-analysis.Catena,160,134-140.

Impactos das turfeiras
Figura 3: Distribuição global de turfeiras derivada do PEATMAP. [11] Figura 4: Turfeiras Fonte:https://pixabay.com/pt/photos/atracar-turfeiras-venn-venn-alto-2226019/
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Turfeiras

GuilhermeSilva &IsabellaMesquita

O que são turfeiras?

As turfeiras são ambientes exclusivos que servem para estudos relacionados com a dinâmica da matéria orgânica (Silva, et al, 2009).

São definidas como um ecossistema úmido, onde o nível da água encontra se à superfície ou perto dela, ou seja, existe um encharcamento que é razoavelmente prolongado para depois proporcionar processos como o desenvolvimento de vegetação hidrófita e a promoção da formação da turfa, que é um substrato pedológico que se forma em condições de ausência de oxigénio, a anóxia, em que a taxa de aglumeração da matéria orgânica é superior à sua taxa de decomposição (Silva, et al, 2009, Vieira, et al, 2012, Rodrigues, et al, 2019)

O que são turfas?

Como já foi referido, as turfas são substratos pedológicos que se formam em condições de ausência de oxigénio e são consideradas produto da acumulação e decomposição da matéria prima do carvão A turfa é formada em pântanos desde vegetação morta a restos de vegetação relativamente deteriorizados (Rodrigues, et al, 2019)

https://degustandowhisky.com.br/wp-content/uploads/2014/05/peat_bog2.jpg

https://pixabay.com/pt/photos/atracar-turfeiras-venn-venn-alto-2226019/

Biodiversidade das turfeiras

As turfeiras, são ecossistemas zonais que se caracterizam por serem produtores e exportadores de nutrientes como a turfa (Mendes, et al, 2019) Têm um funcionamento ecológico que depende em grande parte da vegetação que lhe serve de base e que se desenvolve sobre o substrato de turfa acumulado (Vieira, et al, 2012) Contém formações húmidas que são, de uma forma geral, promotoras de baixos níveis de biodiversidade no seu interior, essencialmente devido ao encharcamento e acidez extremos, condições às quais apenas algumas espécies se conseguem adaptar, tendo uma elevada riqueza biológica na sua envolvente, incluindo numerosos aglomerados populacionais de espécies raras nitrófilas e protegidas pelos mosaicos de vegetação, que mantém este habitat (Mendes, et al, 2019, Posa, et al, 2011).

Figura 1- Turfa a secar
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Figura 2-Turfeira

Existe o género Sphagnum (esfagno), um grupo de musgos que constitui a base estrutural para a formação e perpetuação de uma turfeira Contêm duas características importantes, em que não possuem raízes nem tecidos condutores internos, absorvendo a água por uma extensa rede de espaços capilares capazes de uma elevada retenção hídrica, o que permite que um grande volume de água seja armazenado abaixo da superfície da turfeira durante todo o ano. A outra característica é a elevada capacidade de troca catiónica que permite a acidificação do meio onde estas plantas se encontram, o que faz com que possam utilizar esta troca de nutrientes como modo de obtenção de nutrientes, escassos no meio (Vieira, et al, 2012, Lamentowicz, et al, 2019 )

https://finlandnature.com/Mosses/Sphagnum%20sp.02/slides/IMG_2768.html

https://finlandnature.com/Mosses/Sphagnum%20sp.02/slides/IMG_2761.h tml

Ameaças para a conservação das turfeiras

As turfeiras como dependem de um conjunto de interações (hidricas,climáticas e bióticas), reagem fortemente às perturbações e agressões que resultam das atividades humanas ou da alteração dos ciclos naturais Sendo uma ameaça para a sua conservação, a exploração que o homem faz, os incêndios florestais, animais domésticos e selvagens que escolhem a turfeira como local de repouso e acesso à água. A alteração antrópica da geomorfologia do canal de água e de zonas de alagamento da turfeira provocam uma drenagem excessiva, uma erosão da turfa, do solo e uma diminuição do tempo de retenção dos planos de água para a manutenção das espécies turfófilas, entre outras ameaças (Vieira, et al, 2012, Dargie, et al, 2019)

BIBLIOGRAFIA:

Dargie, G C., Lawson, I T , Rayden, T J , Miles, L., Mitchard, E T., Page, S E , & Lewis, S. L (2019)

Lamentowicz, M , Gałka, M , Marcisz, K , Słowiński, M , Kajukało-Drygalska, K , Dayras, M D , & Jassey, V

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Mendes, C., & Dias, E. (2019) Turfeiras dos açores- Pingo de Lava

Posa, M. R. C., Wijedasa, L. S., & Corlett, R. T. (2011). Biodiversity and conservation of tropical peat swamp forests.

Rodrigues, C , Araujo, C V , Ade, M. V B., & Silva, Z. C C. (2019) Formação, Deposição, Preseração e Evolução da matéria orgânica em uma turfeira

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Vieira, C , Alonso, J , Honrado, J (2012). Turfeira do Lameiro das Cebolas: ecologia, biodiversidade e restauro ecológico

Figura 3-Sphagnum
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Figura 4- Sphagnum

TURFEIRAS

OQUESÃOTURFEIRAS?

As turfeiras são ecossistemas em que o nível da água se encontra à superfície ou perto desta e em que o encharcamento é suficientemente prolongado para promover processos típicos de solos mal drenados como o desenvolvimento de vegetação hidrófita e a promoção da formação de turfa, que é um tipo de substrato pedológico que se desenvolve em condições de encharcamento e anoxia (ausência de oxigénio) (Mendes & Dias, 2019)

COMOSEFORMAMASTURFEIRAS?

As turfeiras formam-se em locais onde a água se acumula ou flui lentamente e onde existe uma diversidade de plantas características, com destaque para certas espécies de musgos, juncos e arbustos A existência de condições ambientais predominantemente ácidas e anaeróbicas, faz com que essas plantas não se decomponham totalmente, assim, os restos vegetais não decompostos misturam-se com minerais resultantes da alteração das rochas, originando a turfa que, à medida que se acumula, retém água, criando condições cada vez mais húmidas (Mendes & Dias, 2019)

A turfa acumulada numa turfeira constitui um registo mais ou menos contínuo de sedimentos, vegetação, pólenes, esporos, animais e mesmo restos arqueológicos depositados no lugar ou transportados, principalmente pelo vento, de áreas circundantes constituindo assim um "arquivo" no qual a conservação destes elementos permite interpretar, em cada nível da turfeira, a história do desenvolvimento do ecossistema estabelecido na área Este "arquivo" também fornece preciosas informações acerca das condições e mudanças ambientais ocorridas principalmente nos últimos 10.000 anos (Silva, 2009).

3TIPOSDETURFEIRAS

Turfeiras de Sphagnum (fig.1)

São dominadas pelo briófito que lhe atribui a designação, normalmente alimentadas exclusivamente por água da chuva e por isso ombrotrófitas (pobres em nutrientes) Ocorrem mais frequentemente em bacias endorreicas, e por serem muito encharcadas e de águas muito ácidas são tendencialmente pobres em biodiversidade As espécies mais frequentes são o Sphagnum palustre, Calluna vulgaris, Polytrichum commune, Eleocharis multicaulis, entre outras (Mendes & Dias, 2019)

Turfeiras de herbáceas (fig.2)

São formações que ocorrem em situações de presença de águas predominantemente minerotróficas (mais ricas em nutrientes), por exemplo de águas de escorrência ou águas enriquecidas de minerais. Assim, e por tenderem a ser meios ácidos suportam um índice de biodiversidade mais elevado Pela mesma razão, tendem a ser turfeiras menos profundas (devido a índices de decomposição superior, comparativamente às de Sphagnum) Ocorrem espécies como o Juncus effusus, o Eleocharis multicaulis e o E palustris (Mendes & Dias, 2019)

Turfeira florestada (fig.3)

Desenvolvem-se nas zonas de altitude mais elevadas e são a tipologia que maior diversidade biológica apresenta pois tem condições ambientais intrínsecas mais diversificadas As espécies estruturantes destas formações são o Juniperus brevifolia (endémica), a Erica azorica (endémica), o Vaccinium cylindraceum (endémica), a Calluna vulgaris e o Ilex azorica (endémica) e claro as espécies do género Sphagnum (Mendes & Dias, 2019).

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É já reconhecido o enorme papel que as turfeiras desenvolvem no ciclo hidrológico, tendo um importante papel purificador da água pois retêm, na sua estrutura, substâncias que são transportadas em solução, tais como iões metálicos e outras substâncias tóxicas. Isto faz com que estes elementos apareçam em concentrações muito baixas na água que é libertada da turfeira No entanto, uma maior importância, enquanto prestadores de serviços, e em estado natural tem sido apontada às turfeiras ao tamponarem o ciclo hidrológico essencialmente em termos de fornecimento de água e a sua regulação (Pereira, 2015).

Nas zonas húmidas, as turfeiras têm uma capacidade acrescida de reter carbono sob a forma de turfa, um facto que pode contribuir para reduzir as emissões de dióxido de carbono para a atmosfera, emissões estas responsáveis pelo aquecimento global (Kushler, 2005)

A capacidade de reter carbono e a obrigatoriedade de diminuir as emissões de gases de efeito de estufa tem estado na base da dinamização de alguns projetos de restauro em turfeiras. No entanto, e por outro lado, a destruição progressiva destas formações, principalmente devido à conversão em áreas agrícolas, tem vindo a contribuir para o agravamento deste problema, isto porque, quando ocorre a drenagem de turfeiras inicia-se um processo de decomposição e de transferência do carbono para a atmosfera (Kushler, 2005)

Há que se tomar consciência que ao perturbar uma turfeira estamos não só a destruir biodiversidade, mas também a danificar o nosso filtro de água e a diminuir o caudal das nossas torneiras (Mendes & Dias, 2019)

(2019) in revista Pingo de Lava - Turfeiras do Açores Pereira D (2015) Avaliação do valor dos ecossistemas de turfeiras dos Açores, com recurso a modelação em Sistemas de Informação Geográfica Azores University Dissertação de Ph D Departamento de Ciências Agrárias Universidade dos Açores Silva A (2018) in Revista Espinhaço entrevista: Alexandre Christofaro Silva (UFVJM) Silva M e Silva A (2019) in Revista Espinhaço: Gênese de turfeiras e mudanças ambientais quaternárias na Serra Do Espinhaço Meridional - MG

fig 3 fig 2 fig 1
Bibliografia Kushler J (2005) Common Questions: Wetland Climate Change and Carbon Sequestration Association of State Wetland Managers, Inc and The International Institute for Wetland Science and Public Policy Mendes C e Dias E
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Turfeiras

Introdução:

As turfeiras resultam decondições ecológicas ideais à acumulação de material orgânico, controladas por sistemas geomorfológicos e processos geológicos eclimáticosglobais[1].

Definição:

Uma turfeira, por definição ecológica, é um ecossistema onde a taxa de acumulação da matéria orgânica é superior à sua taxa de decomposição [2], sendo assim formada pelo acúmulo de restos vegetais, em locais que apresentam condições queinibemaatividadedemicrorganismosdecompositores[3].

Turfa:

Emzonasdeturfeiraforma-seumsubstratoemcondiçõesdefaltadeoxigénio

chamado turfa (carvão sob forma fóssil), que se acumula em profundidade. Sobre este substrato desenvolvem-se mosaicos de vegetação muito dependentes dos níveis elevadosdeáguaedamanutençãodeumpHácido[4].

Ambientes:

Asturfeirasfazempartedeambientes importantes para a realização de estudos relacionados com a dinâmica da matéria orgânica, evoluçãodepaisagens,mudançasclimáticaseciclos depoluiçãoatmosférica[2].

Fonte:https://noticias ambientebrasil com br/redacao/traducoes/20 20/12/28/166216-as-turfeiras-mantem-muito-carbono-fora-daatmosfera-da-terra-mas-devido-ao-aquecimento-e-aodesenvolvimento-isso-pode-acabar html

Estrutura da turfeira

Fonte: https://www researchgate net/figure/Figura-6-Etapas-de-formacao-docarvao-mineral-com-seus-respectivos-nomes-Figura fig3 337008413

As camadas mais superficiais são classificadas, de acordo com seu estágio de decomposição, como fíbricas, as intermediárias como hêmicas e as camadas maisprofundas,comosápricas[3].

BrunaMorais&RicardoNunes
Figura1:Turfeira Fonte: https://www mdig com br/index php?itemid=54112 Figura3:Turfa Figura4:Formaçãodediferentestiposdecarvão Figura2:ComplexohigroturfosoemPeneda-Gerês Fonte: https://www walkingpenedageres pt/pt/turfeira-complexohigroturfoso/
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Funcionamento ecológico

de uma turfeira

Dependeemgrandepartedavegetaçãoquelheservedebaseequesedesenvolvesobreosubstratodeturfaacumulado,jáqueéapartirdosmosaicosdevegetaçãoedealgumasespéciesdominantesque,emconjuntocomumaelevadadisponibilidade hídrica, se mantém este habitat [5]. Já a sua composição química é influenciada pela fração mineral e natureza do material orgânico, pelo grau de decomposição da matériaorgânicaepeladrenagemecomposiçãodaáguadeformação[1].

Sphagnum

É o principal constituinte de uma turfeira e, ao não ter tecidos condutores internos, absorve a água por uma extensa rede de capilares capazes de uma elevada retenção hídrica, permitindo o armazenamento de um grande volume de água nosubsolodaturfeira[4].

Ciclo hídrico: Conclusão:

Asturfeirastêmumimportantepapelpurificadordaáguapois retêm, na sua estrutura, substâncias que são transportadas em solução (substâncias tóxicas como iões metálicos) [7]. Têm como função regular a dinâmica hidrológica, mantendo a qualidade da água doce e a integridade de ciclos hidrológicos, constituindo-seemverdadeirosreservatórioshídricos[6].

Emsuma,asturfeirassãoimportantes

ecossistemas ecológicos por permitirem a formação do primeiro tipo de carvão (turfa), por regularem a dinâmica hidrológica, e, os seus constituintes, nomeadamente o Sphagnum, podem ser aproveitadosenergeticamente[4][6].

Bibliografia

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[3]: Campos, J. R. D. R. (2009). Caracterização, mapeamento, volume de água e estoque de carbono da turfeira da área de proteção ambiental Paude-FrutaemDiamantina–MG.

[4]: Vieira, C, Alonso, J, Honrado, J, (2012), Turfeira do Lameiro das Cebolas: ecologia, biodiversidade e restauro ecológico, Edição da Câmara MunicipaldeParedesdeCoura

[5]:Silva,M L D (2012) TurfeirasdaSerradoEspinhaçoMeridional:mapeamentoeestoquedematériaorgânica

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[7]:Mendes,C,&Dias,E,(2019),TurfeirasdosAçores,DissertaçãodeMestradodaUniversidadedosAçores

Figura5:Sphagnum Fonte: https://en wikipedia org/wiki/Sphagnum Figura6:Nascimentodeumaribeiraassociadoaturfeiras Fonte: https://www infraestruturameioambiente sp gov.br/noticias/2010/03/sma-lanca-programa-adote-uma-nascente/
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Turfeiras

Silva et al (2009) diz que segundo PontevedraPombal e Martinez-Cortizas (2004), turfeiras são como um ecossistema húmido, composto principalmente por plantas higrófilas que, ao crescerem e se manifestarem no tempo e no espaço, armazenam grande quantidade de matéria vegetal morta.

Moore (1989) considera que as turfeiras são um sistema de elevada energia, que reúne a energia solar dispersa entre os organismos do solo em forma de turfa, originando assim um desequilíbrio, pelo fato de o acúmulo/decomposiçãomineralização da matéria orgânica ser muito superior à unidade (Silva et al, 2009).

São ecossistemas muito frágeis e sensíveis às alterações climáticas e a perturbações antrópicas, dependendo do regime hídrico local, das condições climáticas e ambientais específicas, tais como clima de montanha (Barral, 2018)

https://www.decadeonrestoration.org/pt-br/types-ecosystem-restoration/turfeiras

A turfeiras são criadas pela lenta decomposição de vegetais em ambientes saturados com água São ecossistemas particulares por concentrarem enormes volumes de água e carbono e atuam como registros cronológicos de mudanças climáticas e ambientais a nível local, regional e global As turfeiras acumulam grandes quantidades de água, formando verdadeiros aquíferos, além de serem importantes sumidouros de carbono (Barral, 2018).

Portanto, além da importância biológica, as turfeiras destacam-se como testemunhos de mudanças paleoambientais, indicando alterações vegetacionais e climáticas durante o Período Quaternário. A matéria orgânica do solo proveniente da vegetação que coloniza as turfeiras constitui um importante testemunho de possíveis alterações no clima e vegetação nos últimos milhares de anos (Chueng, 2020).

https://www.walkingpenedageres.pt/pt/turfeira-complexo-higroturfoso/

Beatriz Silva e Beatriz Taborda Fig.1 Turfeira Fig.2 Turfeira
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A água constitui uma caraterística chav formação das turfas, o que, por consequê requer a existência de propriedades geológi geomorfológicas que facilitam a água d posicionar próximo da superfície Os fa geológicos e geomorfológicos influencia localização espacial das turfeiras Nas regiõe que os processos de subsidência são vaga ou ligeiramente estáveis, os processos erosi que a superfície terrestre é sujeita são fracos, favorecendo assim a acumulaçã matéria orgânica. Além disso, se as taxa subsidência forem parecidas às taxas acumulação da matéria orgânica, poderdesenvolver camadas espessas e profunda turfa (Rodrigues et al, 2019).

Os fatores hidrológicos que mais influencia formação de uma turfeira são a retenç qualidade da água, o escoamento subsuperfície, o escoamento superficial e o l freático (Rodrigues et al, 2019)

A retenção da água é uma caraterística cha formação de uma turfeira e que necessita d abastecimento de água constante, com precipitação, e da existência de um sub geológico impermeável (Rodrigues et al, 2019

Em síntese, o clima é o fator principal intervém nas condições de formação das turf As condições geológicas e geomorfoló influenciam a extensão espacial das turfeira fator hidrológico é um pré-requisito (Rodrigu al, 2019)

http://aboutportugal-dylan.blogspot.com/2019/10/turfeiras-da-serra-dafreita-e-da-arada.html

Barral, U. M. (2018). Hidrologia e fluxo de carbono em turfeiras tropicais de montanha. Chueng, K. F. (2020). Reconstituição paleobiogeoclimática de áreas cársticas, arqueológicas e turfeiras na Serra do Espinhaço Meridional através de biomineralizações de sílica Moore, P D (1989) The ecology of peat-forming processes: A review Intern J Coal Geol , 12:89-103

Pontevedra-Pombal, X e Martinez Cortizas, A (2004) Turberas de Galicia: Processos formativos, distribuición y valor medioambiental el caso particular de las “Serras Septentrionais”. Chioglossa, 2:103-21

Rodrigues, C , Araujo, C V , Ade, M V B , e da Silva, Z C C (2019) Formação, deposição, preservação e evolução da matéria orgânica em uma turfeira

Silva, A. C., Horák, I., Cortizas, A. M., Vidal-Torrado, P., Racedo, J. R., Grazziotti, P. H., ... & Ferreira, C. A. (2009). Turfeiras da Serra do Espinhaço Meridional-MG: I-caracterização e classificação. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 33, 1385-1398

Fig.3 Turfeira
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TTurfeiras urfeiras

O que são?

As turfeiras são ecossistemas de ambientes bastantes especiais, onde o nível da água se encontra à superfície, sendo que o seu enchimento é o suficiente para promover a drenagem de solos, funcionando como reservatórios de água, as turfeiras estão relacionadas com vários estudos sobre as mudanças climáticas e com a dinâmica de matéria orgânica, sendo que contribuem para a captação global de carbono [1] [2].

É a partir das turfeiras que é possível a formação de turfas, estas são sedimentos orgânicos formados por decomposição parcial da matéria vegetal e formam-se num ambiente húmido, conferido pelas turfeiras. Nos últimos anos, a turfa tem sido estudada como alternativa tecnológica para utilização de absorvedor natural, podendo ser aplicado ao tratamento de águas [3].

Absorção de poluentes Como consequência ao aquecimento global, tem-se vindo a optar por formas de energia limpa. No ano 2000 o grupo de Jamal e Mitsubishi, instalaram o primeiro sistema de liquefação de turfeiras, nos anos mais recentes tem-se feito cada vez mais pesquisas sobre os sistemas de re-liquefação das turfeiras [6]. Estas permitem acumular matéria orgânica, sendo que são o estado inicial da sequência de carbonificação, o conhecimento de algumas características relacionadas às propriedades de absorção da turfa, contribui de forma relevante ao entendimento do fenômeno de adsorção dos metais [3] [4]. A capacidade natural de adsorção de catiões metálicos pela turfa está diretamente relacionada com o pH da solução [3]. As turfeiras podem ser caracterizado como depósitos pedogéneticos avançados, representando potenciais indicadores e absorventes aos elevados teores de cobre, podendo estimular o crescimento de árvores e de outras plantas [5] [9].

Figura1:Turfeira,AmbienteBrasil:https://noticias.ambientebrasil.com.br/redacao/traducoes/2020/12/28/166216-as-turfeiras-mantem-muito-carbono-forada-atmosfera-da-terra-mas-devido-ao-aquecimento-e-ao-desenvolvimento-isso-pode-acabar.html Figura2:Turfa,Husqvarna:https://lojahusqvarna.com/blog/dicas-jardinagem/turfa/ Manuel Silva & Maria Silva Figura3:Paisagemdeturfeiras,Amazonwaters:https://pt.aguasamazonicas.org/paisagens-aquaticas/tipos/campos-turfeiras-andinas/
q=turfeiras%20#id=30527964F713DD50764CB5894DCCFF5DB7AC9378 24
Figura4:Florestadeturfeiras,Umaflorestaumfuturo:https://www.ecosia.org/images?

Florestamento

O florestamento é uma causa global para a degradação das turfeiras. Em algumas regiões o florestamento de turfeiras esta a sofrer restaurações, sendo ese processo conhecido por "forest-to-bog restoration"[7].

A atividade humana, como a agricultura florestal e a mineração de turfas pode causar problemas no ecossistema, pois requerem a drenagem prévia das turfeiras. Isto leva a diversas degradações no ecossistema [8]. Em alguns casos, turfeiras de elevada drenagem são capazes de se auto restaurarem, devido que a aplicação de uma carga externa e de condições climáticas favoráveis, podem criar fortes mecanismos de feedback, que permitem a restauração das turfeiras [8].

A estrutura do depósito das turfas, permitem que as turfeiras se adaptem às mudanças climáticas [10].

Açores

As turfeiras dos Açores estão difundidas, ocupando cerca de 386 a 409 milhões de hectares. As turfeiras promovem processos indicadores de solos mal drenados, desenvolvendo vegetação hidrofílica, nos locais onde as turfeiras se encontram permitem que se verifique vários tipos de atividade biológica [11].

Figura

Açores: http://quercus-saomiguel.blogspot.com/2010/06/turfeiras-de-sphagnum-de-basedos.html

Bibliografia

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6: Turfeiras Figura5:TurfeirafotodeNunoCunhahttps://olhares.com/turfeira-foto2935536.html
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TURFEIRAS TURFEIRAS

Afonso Galvão & Maria Silva

OQUESÃOTURFEIRAS?

Turfeiras são ecossistemas em que o nível da água (Mendes, et al, 2019) é à superfície ou perto do mesmo (Costa, et al, 2003). Este promove o desenvolvimento de vegetação hidrófita e a promoção da formação da turfa, substrato pedológico que se desenvolve em condições que sofrem principalmente de encharcamento e de anoxia (ausência de oxigénio) (Mendes, et al, 2019). Além disso, esses locais apresentam condições que inibem a atividade de microrganismos decompositores, como excesso de humidade, baixo pH e temperaturas amenas (Campos, 2009) Sendo assim, as turfeiras procuraram compreender a evolução das paisagens em função de mudanças climáticas (Horák, 2010).

CLASSIFICAÇÃODAS TURFEIRAS

As turfeiras podem ser classificadas de diversos métodos (Mendes, et al, 2001). Cada turfeira tem características únicas, determinadas por diferentes fatores (topografia e hidrologia do local ) devendo-se considerar as modificações provocadas pela ação direta ou indireta do homem (Mendes, et al, 2001)

De uma forma geral, os aspetos mais importantes a ser considerados são o teor de nutrientes disponíveis e a quantidade de água (Mendes, et al, 2001)

Assim, as turfeiras são divididas sobretudo em relação à natureza da água, existindo dois tipos, um que depende essencialmente da água de precipitação (bog) e outro que além de receber essas águas, recebe outras de origem mineral (fens) (Mendes, et al, 2001)

BIBLIOGRAFIA

Turfeira

IMPORTÂNCIADAS TURFEIRAS

As turfeiras tem vários benefícios Entre esses os principais são:

Biodiversidade (Landim, 2022)

Ciclo do Carbono (Bispo, 2013)

Fornecimento e regulação da água (Bispo, 2013)

Papel purificador da água (Mendes, et al, 2001)

Reserva de informação (Mendes, et al, 2001)

Paleoclimáticas e da evolução das paisagem (Landim, 2022)

NOMUNDO

Existem no mundo todo, exceto na Antártica. Cientistas estimam que existem cerca de 386 a 409 milhões de hectares destas comunidades, espalhadas por 5 continentes (Mendes, et al, 2001)

Campos,J.R.D.R.(2009).Caracterização,mapeamento,volumedeáguaeestoquedecarbonodaturfeiradaáreadeproteçãoambientalPau-de-FrutaemDiamantina–MG.

Costa, C. S., Irgang, B. E., Peixoto, A. R., & Marangoni, J. C. (2003). Composição florística das formações vegetais sobre uma turfeira topotrófica da planície costeira do Rio Grande do Sul, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 17, 203-212.

Horák, I. (2010). Relações pedológicas, isotópicas e palinológicas na reconstrução paleoambiental da turfeira da Área de Proteção Especial (APE) Pau-de-Fruta, Serra do Espinhaço Meridional-MG (Doctoral dissertation, UniversidadedeSãoPaulo).

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Fig. 1 Bispo,D.F.A.(2013).CaracterizaçãoqualiquantitativadosrecursoshídricosedadinâmicadocarbonodeturfeirasdascabeceirasdoRioAraçuaí.
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Turfeiras

O que são as Turfeiras?

Uma turfeira, por definição, é um ecossistema especial para estudos relacionados com a dinâmica da matéria orgânica, evolução das paisagens, mudanças climáticas e ciclos de poluição atmosférica locais, regionais e globais Este habitat tem papeis vitais para o armazenamento global de carbono, funcionam como reservatórios de água e constituem o ambiente de uma biodiversidade endêmica (Silva, et al, 2009).

Biologia da Turfeira

O funcionamento ecológico de um ecossistema como uma turfeira depende em grande parte da vegetação que lhe serve de base e que se desenvolve sobre o substrato de turfa acumulado, já que é a partir dos aglomerados de vegetação e de algumas espécies dominantes que, em conjunto com uma grande quantidade de agua disponível, se mantém este habitat (Vieira, 2012). "O género Sphagnum (esfagno), é um grupo de musgos que constitui a base estrutural para a formação e perpetuação de uma turfeira e, frequentemente o grupo de espécies dominantes em turfeiras de diferentes estados de conservação. As turfeiras podem começar por ser prados húmidos, e dependendo da topografia, temperatura e quantidade de água disponível (origem pluvial, superficial ou freática), evoluem, ou não, para uma turfeira"(Vieira, 2012, pp 12) Se no estado de prado houver drenagem insuficiente da água que se acumula, o lençol freático fica ao nível da superfície ou perto dela (Vieira, 2012)

Características da Espécie Sphagnum

Estas plantas possuem duas características que as tornam essenciais numa turfeira. Como não têm raízes nem tecidos condutores internos, absorvem a água por uma imensa rede de espaços capilares ramificados capazes de uma elevada retenção hídrica Esta capacidade, aliada à infiltração na turfa, permite que um grande volume de água seja depositado abaixo da superfície da turfeira durante todo o ano (Vieira, 2012).

"A outra característica é a elevada capacidade de troca catiónica que permite a acidificação do meio onde estas plantas se encontram que, deste modo, podem utilizar esta troca de nutrientes como modo de obtenção de nutrientes, escassos no meio" (Vieira, 2012, pp 12) Ao criar um meio ácido, o Sphagnum está a criar um ambiente ideal para o seu crescimento e a reduzir a competição, já que a maioria das plantas vasculares não suporta níveis tão baixos de nutrientes nem ambientes ácidos e húmidos (Vieira, 2012)

https://cdn.noticias.ambientebrasil.com.br/wp-content/uploads/2020/12/segurando_uma_turfeira.jpg Fig.1(Turfeira) Fig.2(TurfeiraEspécieSphagnum) https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/63/SphagnumFallax.jpg 30
Henrique Laia, João Nuno e Martim Santos

Significado Ecológico

As turfeiras armazenam grandes quantidades de carbono As turfeiras pertencem a um dos maiores reservatórios de carbono na Terra (Antala, et al, 2022). Embora cubram menos de três por cento da superfície terrestre global, as estimativas sugerem que as turfeiras contêm o dobro das florestas do mundo (Gizybowski et al, 2020) Assim, a sua destruição teria consequências gravíssimas para as mudanças climáticas, pois grandes quantidades de CO2 seriam libertadas para a atmosfera. Este CO2 foi "preso" nas turfeiras. As turfeiras podem de facto absorver e armazenar grandes quantidades de CO2 atmosférico e, portanto, desempenham um papel importante no clima global como nenhum outro ecossistema (Grzybowiski et al, 2020)

Importância para Conservação

Em Portugal não existem turfeiras de grandes dimensões, porque o nosso clima difere dos locais onde elas são características, como por exemplo a Irlanda ou o Canadá, onde há mais precipitação e as temperaturas são mais baixas A forte sazonalidade dos regimes termopluviométricos e os meses secos e quentes de verão em Portugal, dificultam a formação de turfeiras extensas que ocorrem exclusivamente em regiões graníticas, areais e solos de aluvião, onde as características são muitos peculiares (Vieira, 2012).

Portugal é considerado o limite sudoeste europeu de turfeiras A importância das turfeiras é ainda reforçada pelo facto destes habitats serem protegidos por legislação comunitária, dada a sua vulnerabilidade e a crescente diminuição um pouco por todo o mundo. Na atualidade, a vegetação das turfeiras do Ocidente Peninsular tem sido conservada, constituindo a Paisagem Protegida do Corno de Bico um dos seus locais de representação, ainda que em poucos espaços agora em recuperação (Vieira, 2012).

Bibliografia

Antala, M., Juszczak, R., van der Tol, C., & Rastogi, A. (2022). Impact of climate change-induced alterations in peatland vegetation phenology and composition on carbon balance. Science of the total environment, 154294.

Grzybowski, M., & Glinska-Lewszuk, K. (2020). The principal threats to the peatlands habitats, in the continental bioregion of Central Europe-A case study of peatland conservation in Poland. Journal for Nature Conservation, 53, 125778.

Silva, A. C., Horák, I., Cortizas, A. M., Vidal-Torrado, P., Racedo, J. R., Grazziotti, P. H., & Ferreira, C. A. (2009). Turfeiras da Serra do Espinhaço Meridional-MG: I-caracterização e classificação. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 33, 13851398.

Vieira, C, (2012). Turfeira do Lameiro das Cebolas: ecologia, biodiversidade e restauro ecológico, Câmara Municipal de Paredes Coura, formatoverde.

Fig.4(Turfeiras)
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Fig.3(Turfeiranomeioaquático) ImagefromCanva ImagefromCanva

TURFEIRAS TURFEIRAS

Em associação com questões ambientais Em associação com questões ambientais

Com este artigo pretende-se dar a conhecer as Turfeiras, ecossistemas que serão posteriormente descritos, assim como em que medida se relacionam com determinadas questões ambientais visto que apesar de cobrirem uma pequena parte da superfício terrestre (cerca de 3%), as suas áreas possuem perto de 30% do carbono presente na biomassa da Terra (Hayes & Clapp, 2001)

As turfeiras são ecossistemas formados por Organossolos (Silva et al, 2013). Estes ditos Organossolos consistem em “solos pouco evoluídos, constituídos por material orgânico de coloração preta, cinzenta muito escura ou brunada, resultantes de acumulação de restos vegetais, em graus variáveis de decomposição, em condições de drenagem restrita (ambiente mal a muito mal drenado), ou em ambientes úmidos de altitudes elevadas, saturados com água por apenas poucos dias no período chuvoso” (Valladares et al ,2008 a citar Embrapa, 1999).

Nestes sistemas ecológicos de elevada energia (Moore, 1989) “o encharcamento é suficientemente prolongado para promover processos típicos de solos mal drenados” (Mendes & Dias, 2019, pp 30) tais como, no caso, a promoção da formação de turfa (um dos dois carvões húmicos existentes, sendo assim classificada como uma rocha sedimentar biogénica, que consiste num “tipo de substrato pedológico que se desenvolve em condições de encharcamento e anoxia (ausência de oxigénio)” )(Mendes & Dias, 2019, pp 30).

Segundo Shotyk et al,(1997), as turfeiras, para além de constituem um papel de relevo no que toca à "química de carbono atmosférica”(Moore & Knowles, 1989, pp 34), funcionam ainda como registros ambientais e cronológicos da evolução paisagística, de mudanças climáticas e da deposição atmosférica de metais pesados (Shotyk, 1997)

As propriedades e os componentes destes ambientes permitem-lhes funcionar como autênticos reservatórios de água, intervindo assim no controle hidrológico (Lévesque & Dínel, 1982) Pelo facto de controlarem a descarga hídrica proveniente de chuvas intensas, servem como minimizantes da erosão “nas áreas adjacentes de menor altitude” (Silva et al,2009, pp 1387 a citar Gorham, 1991)

Inês Pinto, Leonardo Russo e Sofia Gonçalves Figura 1-Segmento de turfa Figura 2-Turfeira
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São mais conhecidas e consequentemente estudadas turfeiras nos Açores

Estes ecossistemas existem "em todas as ilhas com exceção da Graciosa e Santa Maria"(Mendes & Dias,2019, pp 31) uma vez que se encontram a menores altitudes e apresentam menores índices de precipitação Existem cerca de 16 000 hectares de área ocupada por turfeiras, (incluindo as que se encontram degradas), não obstante, " apenas cerca de metade terá atualmente capacidade de acumular turfa" (Mendes & Dias, 2019 a citar Mendes & Dias, 2017)

IImagens Imagens magens

Com a breve alusão que foi efetuada a respeito das turfeiras é possível entender a importância que as mesmas possuem em múltiplas vertentes ambientais assim como a necessidade de zelar pela sua preservação uma vez que são consideradas, para além de tudo o mencionado acima, "uma mais valia portuguesa" (Pereira, 2015, pp 9)

Bibliografia Bibliografia Bibliografia

Lévesque,M &Dínel,H, (1982) Somemorphologicalandchemicalaspectsofpeatsappliedtothe characterizationofHistosols SoilSci,133:324-332

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Figura1-https://thbingcom/th/id/Rfc92bf681b46f4d39566f61f9b8813ca?

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Figura2https://thbingcom/th/id/Rb54572979c04031e0b0e45235bae7548?

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Figura3-https://wwwgooglept/url?

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Figura 3- Turfeiras nos Açores Figura 4- Turfeiras nos Açores
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TURFEIRAS TURFEIRAS TURFEIRAS

As turfeiras são ambientes orgânicos onde a turfa, material vegetal parcialmente decomposto - geralmente musgos - é acumulada. Contribuem para a absorção global de carbono, funcionam como reservatórios de água e servem de ambiente para desenvolvimento de uma grande biodiversidade. O estudo deste composto pode levar a desenvolvimentos acerca de temas como: a dinâmica da matéria orgânica, a evolução das paisagens, assim como a abordagem no domínio das alterações climáticas.

As turfeiras formam-se onde a água na superfície do solo é ácida e pobre em nutrientes. Em geral, a baixa fertilidade e o clima frio e húmido resultam num crescimento relativamente lento das plantas. A decomposição da biomassa é ainda mais lenta devido ao solo saturado de água, que resulta na acumulação da turfa.

Segundo Vidal (2018)

ÁREASGEOGRÁFICAS

Em termos geográficos, as turfeiras ocupam cerca de 3% da superfície terrestre no nosso planeta, espalhadas por cerca de 180 países. No entanto, são muito comuns no interior dos Açores, devido ao seu clima ameno, mas também com bastante possibilidade de chuva.

Estas plantas tendem a desenvolver-se em zonas húmidas, em águas ácidas e pobres em nutrientes. Quando as características do solo não possibilitam uma drenagem eficaz, ocorre a acumulação da água e o solo fica encharcado, conduzindo à lenta decomposição da biomassa. Além disso, Vidal afirma que a falta de oxigénio é outra das condições que possibilita a abundância das turfeiras, já que esta vive através do consumo de carbono e não necessita do oxigénio para realizar as suas atividades metabólicas.

Segundo Silva (2009)
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IMPORTÂNCIA

De acordo com Blackford (2000), as turfeiras são importantes para os esforços globais de combate às alterações climáticas e para um desenvolvimento sustentável, sendo vitais na transição para uma sociedade com o mínimo uso de carbono, através da sua absorção. As turfeiras húmidas reduzem a temperatura ambiente nas áreas circundantes, fornecendo refúgio do calor extremo, sendo simultaneamente menos propensas a queimar durante incêndios florestais, aspetos estes que ajudam na preservação da qualidade do ar.

Franchi (2003), citando Ramos e Lima Filho (1982), constatou que a turfa seria a base que permitiria a produção, sob eventuais tratamentos, de “gases combustíveis”, “alcatrão”, fertilizantes, “ceras” e até “açúcares”.

Tal variabilidade de usos fez surgir um pico de interesse por parte de diversos campos profissionais científicos, como é o caso da engenharia energética e civil, da química e da biologia, entre outros.

PROBLEMÁTICA

Blackford (2000) menciona que a forte exploração das turfeiras leva à sua danificação, anulando a sua capacidade de retenção de carbono, pelo que passam a desempenhar o papel oposto. As turfeiras danificadas tornam-se verdadeiras bombas de carbono, tendo a seu cargo mais de 5% das emissões globais de carbono.

Madgwick (2020) refere que os danos causados às turfeiras provocam uma perda de biodiversidade. Por exemplo, o declínio da população de orangotangos de Bornéu em 60% num prazo de 60 anos é amplamente atribuído à perda de habitat, os pântanos de turfas. A espécie está agora listada como “Criticamente em Perigo” pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN.

Blackford 1. Madgwick 2.
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SOLUÇÕES

Segundo Madgwick (2020), parte da solução recai sobre a imposição de medidas que visem proteger o habitat natural de crescimento das turfeiras. Para tal, “todas as turfeiras não danificadas devem ser mantidas intactas”, ao mesmo tempo que se trabalha para voltar a humedecer, pelo menos, 100.000 quilómetros quadrados, de modo a evitar a produção de mais turfeiras danificadas.

É necessária uma tomada de posição dos governos, especialmente no que toca às grandes potências mundiais, sendo estas as responsáveis pelas maiores emissões de carbono.

As turfeiras são essenciais para prevenir e mitigar os efeitos das alterações climáticas, tornam possível a preservação da biodiversidade. Do mesmo modo, minimizam o risco de incêndios florestais e propiciam uma melhor qualidade do ar à nossa sociedade. Tais factos, acompanhados pelo trabalho de vários cientistas, credibilizam a utilização de programas de recuperação ambiental, em conjunto com a possível potencialização se tomadas medidas políticas.

BIBLIOGRAFIA

[1] Silva, A. C., Horák, I., P., Cortizas, A. M. & Racedo, J. R., D. R. (2009). Turfeiras da Serra do Espinhaço Meridional-MG: II-Influência da drenagem na composição elementar e substâncias húmicas. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 33, 1399-1408

[2] Vidal-Torrado, A. & Campos, J.R., (2018). Turfeiras de Arga: Segredos da terra preta. Geoparque Litoral, 17, 498-511

[3] Blackford, J. (2000). Palaeoclimatic records from peat bogs. Trends in Ecology & Evolution, 15(5), 193-198.

[4] Franchi, J. G., Sígolo, J. B., & Lima, J. R. B. D. (2003). Turfa utilizada na recuperação ambiental de áreas mineradas: metodologia para avaliação laboratorial. Revista Brasileira de Geociências, 33(3), 255-262.

[5] Madgwick, J. (2020). Wetlands International, The ambitious climate and biodiversity action: real targets for ecological areas, 63, 145-157

Imagens de Marisa04 por Pixabay

CONCLUSÃO
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