edição outubro 2025

Page 1


A cidade de Lisboa é a inspiração para a mais recente edição do Nova em Folha. O capital redesenha o mapa urbano, altera a paisagem social e desafia a forma como habitamos, trabalhamos e pertencemos à capital. Quem pode, e quem deixa de poder, viver nela? Que cidade é esta que estamos a construir? Nesta edição, propomos um debate alargado sobre as dores e as delícias de viver e crescer num local em acelerada transformação

Foto da capa

Queres ter acesso a todos os textos da edição de forma rápida?

Consulta a versão online do Jornal a cores! Disponível no link da BIO do nosso instagram @novaemfolha aefcsh

As Tuas Propostas

Todas as edições aceitamos propostas de textos, poemas, críticas, receitas, crónicas, bitaites, artigos desportivos, notícias e destaques, reportagens, peças humorísticas,... de qualquer alun@ ou docente da FCSH, os quais são posteriormente revistos pela nossa equipa editorial.

Aceitamos ainda propostas de fotografias, ilustrações, montagens, não só para serem incluídas na nossa edição e na newsletter, mas também para se habilitarem a ser a capa desse mês!

Basta enviares a tua arte para o seguinte e-mail: novaemfolha@fcsh unl pt

Qualquer dúvida ou sugestão não hesites em contactar-nos! Ficamos à tua espera! :)

A ado(p)ção do acordo ortográfico em vigor é uma decisão individual d@s membr@s da equipa de reda(c)ção e colaborador@s

Após a revisão completa do material recolhido pela equipa editorial, o seu conteúdo e versão final são da responsabilidade e exprimem somente o ponto de vista d@s respectiv@s autor@s

Este jornal é impresso em papel 100% reciclado. notas

Conteúdos

07 Lisboa, palco de um disco riscado

12 Reportagem - O direito de aprender sob as ruínas: estudantes palestinianos resistem pela educação em Gaza

17 Da nossa rua

22 Grande Entrevista: “Tempo para vivermos e não estarmos fechados sobre nós próprios”

32 A Violência nos Nossos Museus, Hoje

34 II Cáligo: Uma Tuna No Olimpo!

36 Ku Wa Zi

Outubro2025

Direção Carolina Ramos

Madalena Grilo Teles

Miguel Martins

Redação Alexandra Gil

Bárbara Rafael

Bárbara Soares

Beatriz Nunes

Carolina Ramos

Catarina C. Batista

Clara Figueiredo

Cyndelle Ferreira

Diogo Mota Duarte

Inês Fonseca

Revisão Bárbara Soares

Carolina Ramos

Clara Figueiredo

Inês Fonseca

Madalena Brisson

Madalena Grilo Teles

Mariana Salviano

Mar Ferreira

Pedro Lázaro

Ficha Técnica

EdiçãoGráfica Clara Figueiredo

Madalena Grilo Teles

Matilde Brito

Natali Gonçalves

Victoria Leite

Inês Lopes

Isabel Mendes

Iúri Soares

João Carneiro

João Tomás Pereira

Madalena Andaluz

Madalena Grilo Teles

Mar Ferreira

Maria Beatriz Silva

Matilde Curvão

Colaboradores

Matilde Paquete

Mercedes Basílio de Oliveira

Miguel Cruz Pereira

Miguel Martins

Pedro Lázaro

Rúben Rosa

Sofia Diniz

Victoria Leite

Ana Clara Cardoso Alberto Rivas

Prof. Doutora Alexandra Curvelo

Índice

Pode chegar que a festa vai é começar agora! - Editorial

AE em Folha

Lisboa, palco de um disco riscado | Depois do Café, Já Passo no Plenário: “O poder que

temos à porta ”

Deixem o Luís trabalhar (sem direitos)! | Sem turismo o país cai, sem habitação o povo

morre

Tratados como lixo | Quem tem ouvidos para ouvir oiça: mensagens entre cultura, poder e ideologia na era digital

Rememorando: 55 anos da CGTP Feminismo, Islão e Ocidente

O direito de aprender sob as ruínas: estudantes palestinianos resistem pela educação em Gaza

Estudantes Ferroviários e Classe

Lá (Se) Vai Lisboa | Casa Aberta

Dona Alzira No Sótão | Um adeus à Lisboa

Menina

Da nossa rua | “Até amanhã, se deus quiser”

Dos Subúrbios | Utopia

Unos por otros y la casa sin barrer

As Descobertas de Nuno Folha: o renascimento

Lisboa Redescoberta: 5 espaços a visitar para quem pensa que já viu a cidade toda “Tempo para vivermos e não estarmos fechados sobre nós próprios”: Entrevista exclusiva do NeF à nova Diretora da FCSH, a Professora Doutora Alexandra Curvelo

Agenda Cultural

Novembro no CineClub: Sonhos | + Leitura - Custo

O monstro que há em nós: O verão em que Hikaru morreu | Estranhar um filme de Fuller

A Violência nos Nossos Museus, Hoje | O

Teatro da Autenticidade

Por onde anda a “menina e moça”? Uma breve análise de Lisboa pela canção popular portuguesa

II Cáligo: Uma Tuna no Olimpo!

Ano novo, vida NOVA

Ku Wa Zi

Nunca se comeu tanto, por tão pouco

Foto-Reportagem Churrasco

Passatempos!

“Pode chegar que a festa vai é começar agora!”

Editorial Outubro

Então, talvez o que a gente tenha de fazer é descobrir um paraquedas. Não eliminar a queda, mas inventar e fabricar milhares de paraquedas coloridos, divertidos, inclusive prazerosos.”

-AiltonKrenakemIdeiasparaadiarofimdomundo

e vivemos em tempo de queda, é sempre bom lembrar que vivemos, simultaneamente, em tempo de resistência; e, se estamos em luta, revolta e descontentamento, é importante acompanhá-los de alegria

Em nome da honestidade, parece bem começar por dizer: a primeira edição do Nova em Folha do ano letivo 2025/2026 foi pensada com um objetivo de carácter um tanto quanto prático, que, naturalmente, não deixa de estar intrinsecamente atrelado a um pensamento que é fundamentalmente teórico

Em primeiro lugar, queremos, de forma muito abrangente, dar-vos as boas-vindas onde elas vos são cabidas, seja isto o que for: à cidade de Lisboa, à NOVA FCSH, a um novo ciclo de estudos, ao novo quarto que tiveram de arranjar porque o vosso senhorio encerrou o contrato no ano passado ou, até mesmo, ao Nova em Folha, cuja leitura esperamos que vos possa acompanhar durante este ano. Para isso, trazemos alguns guias e artigos

informativos, que esperamos que possam ajudar-vos a navegar esta nova fase, e a tornar estes novos espaços verdadeiramente vossos ou, para aqueles que já os conheciam, um pouquinho mais vossos

Em segundo lugar, queremos dizer que estas não são as boasvindas que gostaríamos de dar Em muitos sentidos, não eram estas a Lisboa, nem a FCSH, que gostaríamos que vos recebessem. Não desejamos a cidade do turismo descontrolado, nem a faculdade das burocracias incontornáveis e dos elevadores parados, muito menos o drama da procura de um sítio para viver. Com isso em mente, não desistimos, por um segundo sequer, da tentativa de traçar um retrato sentido desta realidade.

O novo assusta, porém e, no melhor dos sentidos também agita. É justamente para esta agitação que o encontro com o Nova em Folha, humildemente, pretende contribuir Mais do que, isoladamente, apresentar-vos opi-

niões, dicas, entrevistas, contos, crónicas e reportagens, almejamos que a combinação de todas estas coisas possa relembrar-vos de que, mesmo em face à crise ou, melhor dizendo, especialmente em face à crise , vale a pena pensarmos em conjunto e encontrarmos, nesta coletividade, força para o enfrentamento

Na verdade, a tese aqui talvez seja muito simples: é este enfrentamento que poderá, efetivamente, um dia, tornar-nos plenamente bem-vindos

Estamos cientes de que, a escrever, não conseguiremos interromper a queda No entanto, temos alguma confiança de que podemos inspirarvos a abrirem os vossos paraquedas coloridos, assumindo a árdua tarefa de, ao mesmo tempo, refletir criticamente sobre o espaço que nos rodeia e resistir ao sentimento derrotista de apagar as luzes, levantar as cadeiras e abandonar a festa

Acreditem, não é a hora de abandonar a festa, a festa vai é começar agora.

Dia 28 de Outubro saímos à rua! Derrotámos no passado, derrotamos novamente!

Vamos Impedir o Aumento da Propina! Lutamos por um Ensino Superior Público, Gratuito, Democrático e de Qualidade!

AAEFCSH voltou a abrir portas em setembro para receber os alunos, tanto caloiros, como os que já conhecem de perto a faculdade que luta

Durante o verão lutámos pelo direito do jovem palestiniano Tarek El-Farra a estudar, fazendo todos os possíveis para a sua situação ser regularizada Reunimos com a direção da FCSH e participamos em várias iniciativas relativamente ao caso do Tarek Aprovámos, também, em ENDA, um voto de protesto relativo à situação Lançámos, junto com outras estruturas do movimento associativo, um apelo, com o mote “Ninguém fica para trás Gratuitidade já”, de forma a organizar uma luta coletiva contra a intenção de aumento das propinas, proposta pelo atual governo da ADPSD/CDS Já com uma grande ação de luta, em Lisboa, marcada para dia 28 de outubro, e uma RGA, que aconteceu no dia 9 em Berna, para discutir os moldes da luta lançada e outros problemas concernentes à vida dos estudantes

Na área do desporto universitário, abrimos inscrições para as equipas da AEFCSH de Voleibol feminino, Futsal masculino e Matraquilhos

Demos a conhecer o ciclo de Outubro do CineClub Nova, dedicado ao Cinema Soviético, às terças ou quartas feiras, pelas 16h no campus de Berna

Abrimos ainda o ano com o típico churrasco, com o nome “Ninguém fica para trás”, que decorreu em Berna no dia 2 de Outubro

Com a confiança de sempre de que lutamos do lado certo, a AEFCSH continuará, este ano, de portas abertas, a trabalhar por um Ensino Superior de Abril para todos

No ano em que atingimos os mínimos históricos de candidatos e inscritos no Ensino Superior, o Governo anunciou o aumento da propina, o que torna claro e evidente o seu plano de elitização do Ensino Superior

À propina acrescenta-se a falta de alojamento estudantil público, a carência da ação social, a revisão do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES), principal culpado da sub-representação e substituição dos estudantes nos órgãos de gestão da faculdade por entidades externas Estas e outras barreiras de acesso e permanência no Ensino Superior, empurram muitos para fora do barco e obriga outros muitos a trabalhar, na tenta-

tiva de sustentarem os seus estudos

Com a intenção de combater esta política levada a cabo pelo actual governo, diversas estruturas do Movimento Associativo lançaram a campanha com o mote - “Ninguém fica para trás! Gratuidade Já!”Campanha que já foi assinada por milhares de estudantes de Norte a Sul do país e subscrita por muitas outras estruturas do Movimento Associativo Estudantil

Esta campanha terá o seu auge, num grande momento de luta, no próximo dia 28 de Outubro, às 14h30, no Rossio, em Lisboa, onde os estudantes sairão à rua para impedirem, não apenas o aumento da propina, mas todo o caminho traçado pelo governo para o Ensino Superior

Nas últimas semanas têm-se multiplicado manifestações de luta por todo país, demonstrando o descontentamento dos estudantes com o rumo do Ensino Superior No dia 16 de Outubro, chega o dia de luta na FCSH! Onde a luta na nossa faculdade, se irá juntar a muitas outras que já aconteceram por todo o território nacional Aqui, será uma concentração que tomará lugar em frente à Torre B pelas 14h30

Convidamos todos a que se juntem a nós!

Lisboa, palco de um disco riscado

Depois do Café, Já

Passo no Plenário

“O poder que temos à porta ”

g

O novo mapa municipal mostra contrastes evidentes: regiões tradicionalmente socialistas cederam espaço ao avanço do centro-direita, a abstenção manteve-se elevada e as grandes cidades voltaram a concentrar a maior mobilização Entre vitórias expressivas e derrotas discretas, o país revelou-se mais competitivo, mais imprevisível e, talvez, mais atento ao que acontece à sua porta

No final, é talvez essa a principal lição das autárquicas de 2025: entre promessas e desilusões, o poder local mantém-se como o espaço onde a democracia vive, ou onde, por descuido, pode deixar de o fazer

Deixem o Luís trabalhar (sem direitos)!

Sem turismo o país cai, sem habitação o povo morre

g ç ç aumentaram 68% no arrendamento e 38% na venda Contudo, esta medida radical levanta questões sobre as consequências económicas, uma vez que Barcelona recebeu mais de 12 milhões de visitantes em 2023, muitos dos quais alojados em estabelecimentos de alojamento local, sendo que, consequentemente, a eliminação desta oferta poderá resultar numa contração significativa da atividade turística, o que impacta diretamente restaurantes, lojas, entre outros serviços dependentes do setor Lisboa, por sua vez, optou por uma abordagem menos radical através do Regulamento Municipal do Alojamento Local de Lisboa – RMAL – implementado em 2019 Este regulamento estabelece áreas de contenção absoluta – zonas em que não podem ser licenciadas novas unidades – e de contenção relativa – zonas em que existe um limite máximo de 20% de alojamentos locais face ao total de habitações No entanto, os seus resultados têm sido controversos, visto que, apesar de ter travado o crescimento exponencial de novos registos de alojamento local, os seus impactos nos preços do mercado imobiliário têm sido limitados

Tratados como lixo

Tendo em conta a importância das questões aqui referidas, a questão fundamental não é escolher entre turismo e habitação, mas antes garantir uma solução económica e socialmente viável que garanta ambos Portugal não pode prescindir dos 34 mil milhões de euros que o turismo injeta anualmente na economia, mas também não pode ignorar o direito fundamental dos seus cidadãos à habitação O caminho passa, então, por uma regulamentação inteligente e adaptativa, que proteja as comunidades locais sem destruir uma das principais fontes de riqueza nacional

Quem tem ouvidos para ouvir oiça: mensagens entre cultura, poder e ideologia na era digital

ç notáveis e duradouras

Comunicar é tornar comum; é tornar uma informação pública Sempre que uma informação se torna pública, ela comunica Se, num país estrangeiro, eu cantar em praça pública o hino nacional do meu país durante algumas horas, a minha presença será notada, a minha mensagem será ouvida, mas o significado semiótico a perceção do meu canto como símbolo da minha nação só será compreendido se algum conterrâneo ou falante da minha língua passar por ali Vivemos em tempos em que as mensagens são públicas, mas a sua interpretação não Em setembro deste ano, o mundo assistiu ao assassinato de Charlie Kirk e às inscrições deixadas pelo autor nas armas do crime No anúncio da identidad d explícita a tentativa d progressista As inscriç e “Bella ciao, bella c reforçam essa associa intenção No entant conjunto das inscriçõ das anteriores, a verd gravadas nos projétei a discursos difundid meme culture, isto é antissemitas e gordo veiculados através do O discurso da e associação com mem tão recentes como po flagrante é o de personagem de ban sequestrada e adult associada a discursos p ,

o ano de 1969, a criação da Comissão próSindicato das trabalhadoras do serviço doméstico em 1972 ou no ano seguinte a greve de 5 dias na Eletrónica Signetics em que as operárias conquistam o aumento de salários e a redução do horário de trabalho

A central sindical nasce deste movimento reivindicativo generalizado nos próprios locais de trabalho, de baixo para cima, em plena noite fascista Se naquele 1º de outubro de 1970 era convocado um primeiro encontro em clandestinidade por algumas direções sindicais de Lisboa (lanifícios, caixeiros, metalúrgicos e bancários), em 1975 conquistava-se o subsídio de desemprego, em 1976 promulgava-se a Lei Fundamental que constitucionalizou direitos socio-laborais revolucionários, e em 1986 estavam representados na Intersindical cerca de 14 milhões de trabalhadores

Feminismo, Islão e Ocidente

Hoje, face à presente ofensiva neoliberal –traduzida no pacote laboral anunciado pelo governo PSD-CDS – os ataques às conquistas e à agência dos trabalhadores e das trabalhadoras portuguesas nunca foram tão claros Lembremonos que este não é o primeiro pacote laboral que afronta os trabalhadores e que também não é o primeiro contra o qual a CGTP está na frente de luta: Pinto Balsemão em 1982, Cavaco Silva em 1988, Passos Coelho em 2011 ou Montenegro em 2025, a intervenção da Intersindical contra a política de direita é coerente, pelo direito ao trabalho e pelo trabalho com direitos É essencial rememorar as lutas de ontem – as greves gerais de 1982 e 1983 (que em tanto contribuíram para a queda do governo da AD de então); a enorme greve geral nacional de 1988; as manifestações em massa durante a Troika – para construir o futuro que se quer, e que é dos e para os trabalhadores

símbolo perfeito do Islão ameaçador e dogmático, incompatível com os valores de uma democracia laica Transformando o véu num verdadeiro campo de batalha política, em que cada um projeta as suas próprias lutas (laicidade no espaço público, feminismo, combate ao comunitarismo), falamos muito das mulheres com véu, mas raramente dialogamos com elas Consideradas instintivamente como mulheres oprimidas por uma religião patriarcal e, por isso, estrangeiras e incompatíveis com a cultura ocidental, as mulheres que usam o véu são instrumentalizadas pela política e pagam o preço de uma segregação suave

Esta segregação acontece na escola, nos espaços públicos mas também no mundo profissional em que, para além de despertar os preconceitos ligados às mulheres, despertam também com o seu véu os preconceitos e a adversidade ligados à religião muçulmana (dobra pena!) É interessante ver que, quando lhes é dada liberdade para se expressarem quando quase se lhes exige que justifiquem o seu véu , descobrimos que, na maioria dos casos, o véu não é vivido como uma imposição religiosa nem cultural, mas sim como uma escolha As razões que motivam essa escolha são diversas: expressão de fé pessoal, modéstia espiritual, afirmação de uma identidade cultural, escolha estética, ou até mesmo ato de resistência política contra a islamofobia e as injunções ocidentais Não nego, de modo nenhum, que o uso do véu possa às vezes resultar de pressões familiares ou comunitárias; o que é intolerável é ver como elites políticas e mediáticas (dominadas por homens) conseguem convencer a popula-

O direito de aprender sob as ruínas: estudantes palestinianos resistem pela educação em Gaza

Estudantes Ferroviários e Classe

Estes são os alunos (...) reféns da Fertagus e da CP, passando mais tempo a gastar a sua energia em longos percursos até à faculdade, procurando sobreviver em transportes públicos a abarrotar, do que nas suas aulas.”

Com o ano letivo a começar, a entrada pela primeira vez na Faculdade é pautada por uma panóplia de emoções dialéticas, abrangendo um espectro vasto: desde o entusiasmo em começar uma nova etapa na nossa vida com a esperança de gostarmos daquilo que pensamos realmente amar, ao medo de que nenhuma das nossas sonhadoras expectativas se cumpra e acabemos a trabalhar numa área completamente distinta daquela que estudámos, fazendo-nos questionar se os anos mentais perdidos e dinheiro gasto em propinas desnecessárias neste percurso universitário valeram mesmo a pena, ainda mais considerando a incapacidade do nosso país de valorizar justamente qualquer carreira que pretendamos seguir, especialmente as que estão contempladas na nossa FCSH. Ainda que estas preocupações sejam universais a todos os estudantes integrados no ensino superior em Portugal, creio ser importante realçar que estas só podem ser colocadas se os alunos tiverem possibilidades e con

dições que favoreçam a conclusão do seu ciclo de estudos, desde o direito à habitação até à mobilidade Neste âmbito, é necessário destacar um conjunto de estudantes do qual faço parte, que pouco é falado e que é bastante numeroso: os “estudantes ferroviários”. Estes são os alunos que não têm condições para viver numa Lisboa cada vez mais gentrificada, com mais hotéis e alojamentos locais do que casas para arrendar a preço acessível, e que são, por isso, obrigados a estarem reféns da Fertagus e da CP, passando mais tempo a gastar a sua energia em longos percursos até à faculdade, procurando sobreviver em transportes públicos a abarrotar, do que nas suas aulas São aqueles que, para além do cansaço extra, também têm menos meios para aproveitar tudo o que esta experiência tem a oferecer, desde atividades dentro do seio universitário até à socialização, tendo de decidir entre a sua diversão ou a sua segurança, se vão para casa às 22 ou arriscam a sorte e tentam apanhar um autocarro noturno que 90% das vezes

não aparece ficando à mercê dos desígnios da noite

Dar visibilidade aos problemas dos estudantes, desde os “ferroviários” até aos realmente deslocados, é um primeiro passo para iniciarmos uma reflexão profunda sobre as estruturas institucionais e políticas que permitem que estes problemas existam e se aprofundem ano após ano, porém, estes são só os sintomas que têm uma raiz em comum: a “democracia” da qual nós estamos sujeitos, a que preza pela participação cívica e popular mas que governa para os interesses de uma minoria concentrada

Sem uma perspectiva de classe para analisar a real fonte dos problemas, nunca nada poderá ser permanentemente resolvido e, assim, continuaremos a ser servidos com migalhas “liberais” ou “sociaisdemocratas” por quem nos governa para nos mantermos conformados com a nossa realidade material, chegando nós atrasados às aulas por esperarmos pelo transporte que não passa, enquanto que na linha ao lado temos um comboio que há muito nos espera

Lá (Se) Vai Lisboa

“Lá vai Lisboa com seu arquinho e balão / Com cantiguinhas na boca e amor no coração”, já dizia a célebre marcha popular interpretada por Amália Rodrigues. E Lisboa vai, cada vez mais robusta e cansada mas, mesmo assim, vai Assistimos, dia após dia, à transformação desta cidade, que ganha novos contornos e abandona velhos traços, preservando, ainda assim, isoladas características que provocam o regalo dos turistas Lisboa é, cada vez mais, uma caricatura das suas singularidades, moldadas para fazerem parte de uma montra a céu aberto e para ganharem um caráter comercial É, aliás, neste ponto, que acredito que reside uma das principais falhas da capital portuguesa Lisboa finge ser o que não é e acaba por falhar em dois planos: não consegue alcançar o que tanto almeja e deixa esvair as suas particularidades

E a marcha continua: “Lá vai Lisboa com a saia cor de mar / Cada bairro é um noivo que com ela vai casar”. Casados ou não, considero possível afirmar que Lisboa já não vive em plena comunhão com os seus bairros e as gentes que neles habitam… ou deixaram de habitar. Com o passar do tempo, os bairros típicos de Lisboa viram-se adentrados por uma onda de estabelecimentos de cariz turístico Aqui e ali, alojamentos locais foram substituindo os antigos lares dos lisboetas de gema e os pequenos comerciantes viram os seus negócios fecharem devido à elevada concorrência No mesmo sentido, o preço das rendas disparou e Lisboa transformou-se num sonho, cada vez mais distante e acessível a apenas algumas carteiras Mas lá vai indo Lisboa ao ritmo da canção: “Bairro novo, bairro velho, gente boa / Em casa não há quem fique / Vai na marcha todo o povo de Lisboa / Da Graça a Campo d’Ourique”

Lisboa cresce e cresce cada vez mais, mas não só graças ao turismo e aos turistas A capital portuguesa ainda é vista pelos portugueses como sendo a cidade das oportunidades. Quem vive longe das duas áreas metropolitanas do país ainda sente a necessidade de se deslocar de modo a garantir melhores condições e vingar na vida. Este é, de resto, um problema estrutural com raízes profundas Portugal, mesmo tendo uma reduzida dimensão, é incapaz de fazer face a fenómenos como a litoralização e a bipolarização O desafio adensa-se quando, num país que converge para a sua capital, a sua capital já não tem espaço para o país Acredito que nos falta perspetivar um Portugal para lá dos seus grandes centros urbanos Será a partir daí que se abrirá espaço para uma mudança mais do que necessária Até lá, lá vai Lisboa aguentando-se como pode

Se cada cidade é feita pelas suas gentes, de que é feita Lisboa se esta é de todos e não é de ninguém? É possível existir um espírito de comunidade numa cidade como esta, tecida como se de uma manta de retalhos se tratasse? Urge que Lisboa reencontre a sua essência, longe de estrangeirismos que só a banalizam. Caso contrário, um dia destes, corre o risco de acordar e, ao se olhar ao espelho, não se reconhecer. Aí sim, lá se vai Lisboa!

Casa aberta

Leva a saudade como lembrança, abusa da hospitalidade, faz desta a tua nobre cidade, ignora já ser minha desde criança

Porta aberta ao mar, fez-se colo do mundo

Quis ser mais, ser maior e tornou o cidadão vagabundo

Menina e moça ingénua, entregou-se à espera de bonança. Agora o que a prende são as mãos de quem não a entende

Fala língua estrangeira para se sentir moderna

Vive longe da fronteira, mas não se livra do sotaque.

As fachadas fingem constância, escondem o relato do morador, que treme ao ver a sua Lisboa a mudar de cor

Cheia de promessas, aluga a alma a curto prazo, vende o futuro em parcelas e atribui o resto ao acaso.

Lisboa é corpo adormecido, as colinas são o seu jazigo

Por ser de todos, ficou sem abrigo

que Lisboa, a sua Lisboa, não tinha acolhido os seus, mas sim os de outrem?

Dona Alzira No Sótão

Sentiu-se magoada Viu as suas memórias e o espaço que sempre pensou ser o seu porto seguro invadido por outros, cuja vida desconhecia, sabendo apenas que não ficariam o suficiente para conhecer os cantos à casa Dona Alzira, uma pessoa saudosa, sempre tivera dificuldade ao dizer adeus, não fosse a palavra ditar a finalidade da felicidade, mas ali a espreitar, espetadora de uma vida que outrora fora sua, sentia o adeus inevitável.

À casa na qual pensara morrer e que lhe tinha sido arrebatada pelo proprietário tirano; ao pão do Sr António que nunca mais provaria pelo aumento das rendas; e o maior adeus de todos: aquele que sentia incapaz de verbalizar – o adeus a Lisboa Cidade que a vira nascer e que ela hoje via morrer lentamente na sua essência, tornar-se sombra das calçadas que ela tanto amara Das pessoas e vozes que ainda procurava, substituídas por outras que ela nunca entenderia, e acima de tudo da compaixão e da alma que sempre a fizeram ficar e que agora restavam apenas escondidas no meio dos locais luxuosos de frequência turística e dos preços que nenhum português normal poderia suportar

Ao sussurrar este adeus sentiu-se cansada e sonhou, ao acordar, poder reaver a sua Lisboa

Um adeus à Lisboa Menina

O primeiro sinal foi quando pintaram os candeeiros da nossa rua Sem avisos e sem desculpas Todos eles. Todos brancos. O branco mais branco. Assustadoramente branco. Todos vazios. Postes infinitamente verticais e profundos De perto davam a ideia de que se lhes pousássemos os dedos, seríamos engolidos na direção do nada O contraste do branco radiante dos postes com a restante paisagem da vizinhança que se lhes escondia por trás era tamanho: era impossível focar o olhar em qualquer outro objeto que não nestes quatro relâmpagos vindos algures do céu, presos no tempo, presos no meio da nossa rua; ao mesmo tempo, era aflitivo pousar-lhes o olhar de tão claros eram. A própria luz – a qual os postes serviam – parecia também agora branca, a mais branca, e não tanto iluminava a calçada aos nossos pés como apagava inteiros pedaços do cenário noturno da nossa rua

Da nossa rua

Não vos conto sobre a nossa luta, a nossa revolta, porque foi toda ela em vão Todas as manhãs acordava a vizinhança para mais um banco pintado a cal, ou uma janela baça de tinta branca. Por prevenção, alguns vizinhos decidiram deixar as sua janelas abertas de noite para que não pudessem ser pintadas, e os que cometeram esse erro, deram-se nas manhãs seguintes com os seus quartos/cozinhas/salas de estar totalmente iluminadas de neve: era impossível de identificar agora quaisquer as dimensões do interior ou da mobília que lá pudesse estar exposta dentro. Tudo branco, estéril. Quando já apenas um dos bancos sobrevivia intocado pela tinta nesta rua, os dois irmãos do 43 arriscaram passar a noite em protesto, sentados neste banco Na manhã seguinte era impossível encontrá-los – nem poderíamos saber se ainda lá estavam sentados – na mancha láctea, imensa-

mente cavada que aparecera no local onde os deixámos na noite anterior Não demorou até que os muros que caminham a nossa rua (paredes de dentro, muros de fora) começassem também a empalidecer, tijolo por tijolo. Já não era possível reconhecer o bairro, não apenas como o conhecíamos em tempos, mas de forma alguma Não era mais um bairro, mas outra coisa que não podíamos compreender Na verdade, era impossível reconhecer o que quer que fosse naquela rua (A nossa rua?) Em tempos teria sido mais fácil fugir dali, mas agora era também isso impossível Era impossível apontar uma qualquer direção com a certeza de que encontraríamos nela uma qualquer saída, uma qualquer rota de fuga. Desaparecemos na rua e da rua, mas ainda cá estamos e cá ficamos Se calhar até que o último de nós se esqueça desta rua Da nossa rua

“Até amanhã, se deus quiser”

MiguelCruzPereira/BárbaraRafael Outubro

Dos Subúrbios

Há uns anos, vivi nos subúrbios da cidade. O tempo era demorado: carregado de uma soturnidade que nunca havia conhecido Nas ruas, os carros passavam asperamente pelo acre que pairava Grupos reuniam-se em escadas, patamares, corrimões, como ilhas de um mar revolto A revolta arrostava todos E a minha solidão adensava-a, ao ponto de maldizer tudo Aí, o dia começava cedo Na estação de comboios, uma voz tétrica anunciava a próxima partida, caminhando por entre as pessoas e empurrando-as impetuosamente para as suas linhas Subia-se o patamar e encontrávamos a linha Uma linha ferrugenta, preenchida por essa matéria filha do tempo, da modernidade, e por pedras tristes Uma vez, um homem quis trocá-las por pedras alegres Então, desceu à linha e começou a guardar as velhas num saco, enquanto de um outro, retirava as novas, pousandoas paternalmente Foi levado por um comboio Ali estávamos submetidos à melancolia espargida pormenorizadamente

O comboio anunciava a sua chegada numa plangência alarmante Então, começava a guerra, uma guerra entre fugitivos especializados: todas as manhãs faziam-no Os derrotados aguardavam uma próxima batalha num banco desbotado Os vencedores entravam na locomotiva ofegante e extravasada, como um barco prestes a soçobrar Havia vencedores que sucumbiam Um dia, uma senhora sofreu um delíquio e o comboio não andou mais, o tempo estagnou E do egoísmo que o tempo nos impõe, surgiu em mim uma incerteza Uma incerteza embriagada pela ideia de desaparecer Nos desirmanados olhos, que me cingiam, cerrados e intermitentes, alcançava um desejo comum: ser aquela senhora

Nessa altura era jovem, frequentava a universidade Lá aprendia as propriedades da razão, inutilmente. Pois na imobilidade temporal dos subúrbios, a revolução era a ignição do tempo. Sem essa revolução violenta pereceria absolutamente. Nas aulas ouvia os docentes num estuo Esgoelavam intensamente a razão das coisas, e eu compreendia-os numa compreensão condescendente, pois até ali chegar, tinha de andar no comboio dos subúrbios Depois as aulas terminavam e não tinha para onde ir A greve geral deixara-me desalojado E quando estamos desalojados, procuramos Procuramos as profundezas de um sonho onde nos possamos aquecer de noite

Dei por mim num banco de um jardim Os pássaros saltitavam na fragrância das flores Conhecia-os a todos, aos pássaros E num pacto silente, acordáramos que eles preencheriam o vazio da beleza das coisas, que me assusta Então o pardal-montês bamboleou no junco; o melro preto saltou sobre um cavaco abandonado; e a sabiá pipilava ingenuamente Deitei-me na calma dos pássaros, fechei os olhos Sonhava que nos subúrbios de onde venho, poderíamos ter um jardim assim, com árvores frondosas Árvores de raízes profundas, que desferissem para o ar, a essência da terra, dos mortos E podíamos instalá-lo no espaço que a estação ocupava, pois com o jardim, não precisaríamos de comboios, não precisaríamos de fugir, chegar Era a revolução, revolução!

Anoitecia cedo, pois era outono e no outono a desarmonia da noite recrudesce, desvanecendo o calor O vento avisava que tinha fome, e o

guarda, o fecho do jardim Dirigi-me a um mercado onde expunham sandes, frutas, sopas, vinho fecundo As moedas que se achocalhavam no bolso davam apenas para uma maldita sandes Então à saída do mercado, quedava-me nessa sandes e nos sentidos que se apuravam À minha frente, um pequeno largo era preenchido por vultos fugazes, por onde desembocavam ruelas íngremes, que nos levariam a outros largos semelhantes Segui pela ruela mais próxima e carreguei o peso da cidade, na minha respiração ofegante Parei para controlar o estertor que me possuía e na neblina, via tão limpidamente o desespero A bátega rompeu intensamente, como o meu desejo pelos subúrbios Por entre as gotas, ampliava-se esse desespero Então, ansiei um comboio Um comboio dos subúrbios, cheios daquela gente que foge, que me aquece, infernalmente

Utopia

Criei um personagem que não sabe escrever versos, também não sabe como apreciá-los A rima não surge como inspiração divina, sem dúvida por falta de talento

A freguesia acorda e ele enfia-se como papelinho dobrado na urna A diferença está no rosto, na testa enrugada sem quaisquer promessas ou sonhos Agora parece-me papelinho de caixa abandonada Lembrome de o desenhar para poder caber, mas o vento já o fez crescer Nunca foi daqueles projetados para sofrer por sonhar com um mundo encantado, porque sempre soube que é prisioneiro de barreiras infindáveis

A verdade é que o quarto conhece os seus passos, tal como a rua, que já não finge novidade O meu personagem já não me pertence, por isso tomará a minha autoria Deixou de ser recém-nascido para ser espetador do discurso disfarçado de novo, ou de tinta que já fazia parte do papel

No fim, às 19h, ponderará sobre a sua resposta, que sempre foi incerta porque o corpo nunca foi profeta O silêncio será suficientemente esmagador que fará com que os ponteiros do relógio se façam ouvir a alto e bom som Estes, por sua vez, contarão vontades e fingirão que nada voltará a ser como antes

Unos por otros y la casa sin barrer

La expresión “vivir bajo un puente” coge más sentido que nunca ahora en España y las nuevas generaciones que se independizan lo tienen escrito en la frente.

Del “Boom” de las casas, a que la oferta de la vivienda sea lo más escasa posible

De sacar a los jóvenes de las aulas para ponerlos a trabajar en la construcción sin ningún estudio finalizado pero cobrando muy buen sueldo, a que ni cobrando un sueldo y formados puedan tener una casa y no estamos hablando de comprar.

La expresión “vivir bajo un puente” coge más sentido que nunca ahora en España y las nuevas generaciones que se independizan lo tienen escrito en la frente Ya no son “los ciudadanos del mañana” sino los “roomates”, los “housemates”, los “flatmates” o los “cohabitants” de alguien en una ciudad cualquiera España tiene un problema estructural de la vivienda en ciertas zonas del país, en el que ya no se negocia a la baja, regateando al casero 50€ menos en el alquiler, sino todo lo contrario, siendo esto ya una subasta privada para poder adquirir un piso, intentando que no te lo quite “la siguiente visita que hay programada para mañana”

Siempre se ha dicho que España es uno de los países de la UE donde más propieta-

rios de viviendas hay, tradicionalmente visto como un orgullo patrio Pero desde la crisis del 2008, donde familias enteras se quedaron sin un hogar para poder vivir ya que las hi-hipotecas que se comercializaban en ese entonces eran prohibitivas para la clase media española, comprar una casa ya no era bien visto y el miedo de quedarte en la calle hizo que se avivara en el ideario colectivo español la idea del “alquiler” y “compartir piso”, dando ahora un giro de 180 grados y viendo negocio ahora ya no en la construcción de vivienda y en la “reconstrucciónrehabilitación” sino, en el alquiler de pisos por la inoperancia de las diferentes administraciones públicas españolas (tanto nacionales, autonómicas como municipales) en materia de vivienda

Ya hemos llegado al punto de que no se construyen “dúplex” a las afueras, en barrios residenciales de Madrid, sino que una modesta plaza de garaje al módico precio de 100000€ o un sótano de 10m2 donde no tiene cédula de habitabilidad puede servirnos para crear una vida presente y futura

Otras administraciones hacen rebajas fiscales para que nos vayamos a vivir a sitios de la “España vaciada”, manteniendo así la población en esos lugares y descongestionando los grandes centros neurálgicos del país. Sitios donde las conexiones por carretera son precarias y sin entrar en el fondo del asunto, las conexiones en transporte público son nefastas, por no decir nulas y la conectividad a internet no es estable

Tampoco es la solución dar Bonos

Alquiler a los jóvenes para que puedan emanciparse ya que esto tampoco hace que tengan mayores facilidades a la hora de adquirir en alquiler o en propiedad una casa, sino que permite a sus caseros poder subir el precio del inmueble

Les compete a todas las administraciones públicas del país crear un Plan Nacional de la Vivienda para poder pensar en el presente y en el futuro de los ciudadanos a los que dicen representar y gobernar, pero mientras eso pasa, yo sigo en la casa de mis padres sin poder emanciparme y con esperanzas de que el futuro me permita vivir y crear una familia

As Descobertas de Nuno Folha

As portas da Nova FCSH voltam a abrir-se para as mentes já queimadas no ano letivo anterior e para aquelas que assinaram a sua sentença de delírio ao matricular-se no InforEstudante Nuno Folha, o nosso grande sobrevivente e descobridor, volta a pisar a calçada da Avenida de Berna para um novo e emocionante ano letivo (ou pelo menos, assim pensa)

Ao entrar de novo na FCSH, Nuno Folha não quer acreditar na azáfama que está diante dos seus olhos: várias tendas, t-shirts com designs muito semelhantes, mas com cores distintas, e muitas novas (e desconhecidas) caras No meio de toda esta confusão, o jovem Folha tenta encontrar os seus fiéis companheiros de carteira: o descontraído Rafael Rocha e a sagaz Ana Tesoura O reencontro parece uma situação de filme, como quando os protagonistas viram a cara de forma dramática, os olhares se cruzam e param uns instantes para depois caminharem em slow motion, sabem? Foi mais ou menos assim, menos a parte do slow motion, obviamente Abraçaram-se como se não se tivessem visto durante 4 anos e

93 dias, contudo, sabemos que 3 meses e qualquer coisa podem deixar uma imensa saudade

Seja bem-vindo de novo à capital – diz Rafael em tom de gozo

Pensava que te ias perder no meio da serra e que nunca mais te veríamos

Até parece que não falávamos quase todos os dias para criticar a vida e tudo o que acontecia de novo no país e no mundo – responde Nuno Folha de maneira sarcástica

Mas sabes que não é a mesma coisa se não puder apertar essas bochechas fofinhas – Ana faz “voz de avó” e atira-se às bochechas de Nuno Enquanto tenta afastar o gesto carinhoso da amiga, Nuno Folha pergunta:

E esta confusão toda? A faculdade investiu imenso na semana de receção deste ano Na nossa altura não foi assim!

Está tudo em mudança por estas bandas É a semana de receção, nova direção, cursos reformados… – Ana Tesoura é interrompida.

Até tomadas nas mesas do auditório B3 temos, conseguem imaginar?! – exclama Rafael Rocha

Bem, pelo menos aqui acontecem coisas boas e há melhorias Não se pode dizer a mesma coisa para o que está fora destes muros – afirma Nuno Folha

Tens toda a razão Têm sido, efetivamente, tempos conturbados em todo o lado

O grupo recorda alguns dos acontecimentos mais controversos do verão e o estado atual do país e do mundo, com todas as suas polémicas e injustiças Enquanto lamentam o desgaste da civilização, deambulam pelo pátio da FCSH, observando as novas e velhas caras, recordam momentos vividos e debatendo as atividades que lhes interessam fazer fora do horário escolar

Terminada a revisita, que querem fazer agora? Não temos aulas esta semana. – interroga Nuno Folha.

Por mim, uma fresquinha no Pato vinha mesmo a calhar – propõe

Ai, está um dia tão lindo! Por que não ir para os jardins da Gulbenkian, ver os patos e ler um livro? – sugere Ana Tesoura

E até podemos aproveitar para passar pelo Centro de Arte Moderna – Nuno Folha deno-

ta o ar insatisfeito do amigo E à saída pode-

mos passar pelo Pato e tomar algo todos juntos – ri-se

Isso é que é falar! – diz alegremente Rafael

Os amigos saem da faculdade após o seu reencontro no local onde já viveram tanto, com a garantia de que será um novo ano cheio de aventuras, aprendizagens, alguns desgostos, porém, no qual nunca faltará o espírito de amizade e de entreajuda

Lisboa Redescoberta:

5 espaços a visitar para quem pensa que já viu a cidade toda

“Tempo para vivermos e não estarmos fechados sobre nós próprios”

Entrevista exclusiva do NeF à nova

Diretora da FCSH, a Professora

Doutora Alexandra Curvelo

Com o arranque de um novo ciclo na Direção da FCSH, sentámo-nos à conversa com quem irá liderar a instituição pelos próximos quatro anos Enquanto estudantes e membros do jornal estudantil, consideramos essencial conhecer o percurso e as motivações da nova Diretora da FCSH, a Professora

Doutora Alexandra Curvelo, bem como compreender as perspetivas e os planos que a nova Direção projeta para o futuro, um futuro que, inevitavelmente, nos diz respeito enquanto comunidade académica Foi com esse propósito que surgiu esta conversa: para partilhar com todos os alunos a visão que orientará a nossa Faculdade nos anos que se seguem Da nossa parte, resta-nos agradecer à Professora Alexandra Curvelo pela prontidão e disponibilidade com que aceitou o nosso convite, e esperamos que desfrutem tanto da leitura desta entrevista, quanto nós gostámos de a ouvir

Formada pela FCSH, onde concluiu os três ciclos de estudo - licenciatura, mestrado e doutoramento, a professora Alexandra Curvelo tem um percurso profundamente ligado à instituição que hoje dirige O seu percurso académico e profissional ficou marcado pela estreita relação que manteve entre o ensino, a investigação e a museologia

Depois de concluir o mestrado, iniciou o seu percurso profissional no Museu Nacional de Arte Antiga, onde trabalhou durante quatro anos, antes de integrar os quadros da função pública no Ministério da Cultura Embora, na época, não considerasse a docência uma possibilidade, em 2002 começou a lecionar como docente convidada na FCSH, enquanto trabalhava no Instituto Português de Conservação e Restauro, colaborando regularmente com o Departamento de História da Arte A docência, que descreve como um desafio exigente, revelou-se uma das atividades que mais prazer lhe dá - motivo pelo qual, mesmo no exercício de funções de direção, continua a lecionar nos ciclos de licenciatura e de mestrado

Com o tempo, a docência tornou-se uma vocação e, quando surgiu a oportunidade, optou por dedicar-se em exclusividade à FCSH sem, no entanto, perder o vínculo com o mundo dos museus Coordenou o mestrado em Museologia (de 2017 até assumir o cargo de diretora) e o Instituto de História da Arte, experiências que reforçaram o seu sentido de pertença e a vontade de contribuir para o crescimento da instituição Neste sentido, assumir a Direção da FCSH foi, para si, um passo natural, uma forma de retribuir à casa que considera sua tudo o que dela recebeu ao longo do seu percurso Embora se trate de um cargo unipessoal, a Professora Doutora Alexandra Curvelo sublinha que este é, acima de tudo, um trabalho coletivo, no qual toda a sua equipa tem um papel ativo

Foi com este enquadramento que demos então início à conversa com a Diretora, que partilhou connosco as motivações, os objetivos e a visão que orientam este novo ciclo na FCSH

Arazãodeserdequalquerfaculdadesãoosseus estudantes.Sãoelesarazãopelaqualestamos aqui.Eé,precisamente,paraoscapacitar,através dopensamentocríticoedareflexãoconjunta,que trabalhamostodososdias.Umafaculdadecomoa nossatemdeserinterventiva,comumpapelativo, eatéativista,nesteprocessodetransformação.

Ouseja,nãoestamosaconseguircaptaralunos quevenhamdeoutrasregiõesdopaís,oque tornamuitoevidentequeLisboaé,claramente, umacidade,dopontodevistaeconómico, proibitivaparamuitosalunosefamílias.

Umaculturaqueeugostariamuitoque ganhassealgumterrenonauniversidadeem geralenanossaFaculdadeemparticular,era estaculturadotempomaislento…

Paraquetudoistoaconteça,énecessáriotempo. Temponãosóparaler,mastempoparaouvir música,paraouvirdebates,ouvirconferências, visitarmuseus,visitarexposições,conhecer sítiosnovos,láfora,cádentro.

Nãoprevejoquedaquiaquatroanosestejamos instaladosemCampolide,masprevejoqueo projetodeCampolideestejajáavançadoo suficienteparanãoserumhorizonteonírico,mas umhorizontejáabsolutamenteconcretizávele,de algumaforma,materializado.

g temos, mas isso não nos afasta de vocês, isto leva precisamente a que possamos ter, vocês também têm uma perspetiva onde nós não conseguimos chegar, a questão é essa e, portanto, precisamos de combinar e de associar estas duas, eu não diria que são duas visões, são duas perspetivas diferentes, só que que se completam, que se complementam, do que é viver em FCSH, naturalmente, e, portanto, isto só se faz em conjunto, este caminho

Exposições.

31 atéout

30 aténov

2 aténov

8 aténov

6 atédez

7 atédez

Exposições.

atédez

31

31 atédez

4 atéjan

Cinema. 5 nov

7 nov -

16 nov

Novembro no CineClub: Sonhos

CineClubNova

Faz o teu cartão Bibliotecas Lisboa e acede ao PressReader

Omonstroquehá emnós:Overão emqueHikaru morreu

MarFerreira

Estranharum filmedeFuller

MiguelMartins

AViolêncianos NossosMuseus, Hoje

MatildeCurvão

Aoexporaspeçasdestesdoisartistas, o MAC/CCB força um diálogo entre ambos e, simultaneamente, impede qualquer debate honesto acerca das suas histórias De facto, ali coexistem forçosamente e sem contexto o feminicida e a vítima, a misoginia e a mulher. Este triste espaço lembra a muralha de silêncio erguida para proteger Carl Andre nos anos 80, em especial a dificuldade em fazê-la ruir Enquanto persistir a amoralidade na museologia, evocada em nome de uma suposta imparcialidade, persistirá também a longa tradição de mulheres artistas que são roubadas de um legado justo Pelo contrário, concretizar a missão educadora do museu implica inverter o sentido da muralha, reconhecendo as feridas passadaseexpurgandonopresenteos seusmembrosproblemáticos

IsabelMendes Outubro

À esteira do exposto, o segundo período estende-se desde os primeiros anos após a Revolução dos Cravos até meados da década de 1990. A cidade continua a ser mulher, mas ganha vontade, movimento e uma personalidade emancipada. Em Lisboa Menina e Moça (1976), Carlos do Carmo consagra a cidade enquanto figura feminina, canonizando Lisboa no imaginário popular como eterna “menina e moça”, menina que tem corpo e desejo Já não é mero objeto de contemplação, mas sujeito de uma nova modernidade Sérgio Godinho, em Lisboa que amanhece (1986), vê-a como “mãe solteira”, imagem que combina vulnerabilidade e autonomia Noutras versões mais contemporâneas, Lisboa é amante: “Lisboa faz amor só por amor / Lisboa tem desejos de mulher” (Lisboa Mulher), numa expressão de liberdade sexual e experimentação cultural A personificação evolui, assim, de uma mártir saudosa para uma entidade socialmente emancipada; a mulher do pós-25 de Abril

A terceira fase de representação compreende as duas últimas décadas. Neste período, Lisboa deixa de ser apenas um sentimento personificado para se tornar dicotomia entre pertença e deslocamento. A canção Lisboa (2025), da Capital da Bulgária, ilustra esta viragem. Longe da imagem solarenga e pitoresca, a artista expõe as fissuras da contemporaneidade: rotinas exaustivas, inflação e a impossibilidade de, simplesmente, morar A cidade que outrora era símbolo de sonho e afeto torna-se agora palco de desencanto, vítima das dinâmicas de gentrificação e da pressão imobiliária Lisboa subordina-se, assim, a uma nova linha de canções que reconfiguram a sua idealização romântica e erótica, transformando-a num espelho crítico de um presente instável, em que a essência da cidade se confunde com o cansaço de quem nela vive

Analisar o percurso musical de Lisboa é, portanto, examinar a metamorfose de um imaginário coletivo. A personificação da cidade funciona como espelho da própria sociedade: à medida que o país se transforma, também a mulher-cidade muda de rosto Outrora musa dos ideais conservadores, depois “menina e moça” da liberdade, hoje Lisboa é mulher moderna e cosmopolita, mas também fatigada e saturada Talvez, no fim, reste apenas a memória dessa “menina” que outrora cantava nas esquinas, agora distribuída pelas vozes de uma cidade que se reinventa todos os dias E, entre o furor do presente e o eco do passado, pergunto-me inevitavelmente: por onde, afinal, anda a “menina e moça” de Lisboa?

II Cáligo

Uma Tuna no Olimpo!

Com mais um início do ano letivo, a Real Tuna Académica NeOlisipo celebrou mais um Cáligo! Entre a neblina de Campolide e a chuva da tempestade Gabrielle, foram postas as mãos à obra, mais uma vez, naquele que

foi o segundo arraial oficial da nova geração da NeOlisipo! Depois de meses de planeamento, cálculos, trabalhos manuais, logísticas e muitos ensaios, subimos, finalmente, ao Olimpo, no dia 27 de setembro, com tudo preparado para receber as três tunas convidadas: a VivanTuna, a ActuaTuna e a EstbarTuna!

Dizer que tudo correu como esperado seria uma ilusão O dia amanheceu bonito, mas cedo começou a chuva, que nos obrigou a deslocar todo o arraial para o interior Numa pequena (mas espaçosa) sala da Nova IMS, que outrora seria só um lugar de descanso durante o arraial, passaram a ter de caber o bar, a pista de dança e o espaço de atuações Mesmo assim, a sala parecia ter sido construída só para nós, e tudo se arranjou ao milímetro, para que o II Cáligo seguisse em frente.

De portas abertas, e abrigados da chuva, a NeOlisipo deu início à noite do Olimpo Os primeiros em palco foram os alunos de Psicologia, Estudos Gerais e Educação da Faculdade de Psicologia e do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa Com os seus talentosíssimos membros e meias cor-de-laranja, não podíamos ter escolhido uma tuna melhor para abrir o arraial Representando a Deusa grega da sabedoria, Atena, a VivanTuna mostrou saber, realmente, como é que se faz E o resultado foi uma carga enorme de vida, num transbordo de sorrisos, aplausos e desejos de ouvir mais.

De seguida, subiu a palco a ActuaTuna: a Tuna do Instituto Universitário de Ciências Sociais, Biológicas e da Vida (ISPA). Esta tuna juntou-se ao Deus Apolo e iluminou, de facto, todos aqueles para quem cantou De sorrisos contagiantes na cara,

estes alunos presentearam-nos com uma representação da história de Apolo entre as suas músicas, e o resultado não poderia ter sido melhor Houve perucas, desilusões amorosas, instrumentos partidos e até baquetas no ar!

Por fim, foi a vez dos nossos amigos da margem sul – a EstbarTuna – subirem ao Olimpo Diretamente da Escola Superior de Tecnologia do Barreiro, e representando Poseidon, o Deus dos mares, esta tuna fez-nos esquecer da chuva e do temporal lá fora Renderam-se totalmente ao seu belíssimo cancioneiro, com os seus azuis marinhos e energia contagiante, e não se esqueceram do seu maior êxito, que abana qualquer sala de atuações, cantando a Cantiga da Burra, com direito a coreografia em palco! Foi a melhor forma de encerrar as atuações das nossas tunas convidadas, mesmo antes da atuação final da tuna da casa.

Assim, a NeOlisipo subiu finalmente ao palco, com a gratidão e alívio de dias e meses de trabalho, para que tudo corresse bem Despedimo-nos do nosso Jorge “Van Gogh” Martins, naquela que foi a sua última atuação na NeOlisipo como membro ativo da tuna, depois de 12 anos dedicados a esta casa A porta estará sempre aberta para ti, Jorge! O decorrer da noite ficou marcado por pés descalços a dançar, muita cerveja, e convívio entre as quatro tunas presentes e todos aqueles que a nós se juntaram – amigos e família dos membros, e estudantes da FCSH, que muito amavelmente vieram descobrir o festival! Resta-nos agradecer a todos aqueles que fizeram parte da construção do II Cáligo, destacando o papel da AEFCSH, do nosso salvador, Sr. Carlos, da Miriam Pombo e do Núcleo de Promoção e Programação Cultural da FCSH Sem a ajuda individual destes e outros membros da faculdade, a noite do Cáligo não teria sido possível

As histórias desta noite ficarão por contar, guardadas na

Ano novo, vida NOVA

Quem é que nunca prometeu, no Ano Novo, que ia começar a fazer algo diferente e na realidade nunca o fez? Quem é que disse com toda a certeza que ia começar a ir ao ginásio todas as semanas, que ia começar a correr, a nadar, a caminhar ou que quer que fosse, mas na verdade continuou tudo na mesma?

Bem, se esse é o teu caso, a NOVA tem a solução para ti! E para quê esperar por janeiro quando podes ingressar nas várias equipas e modalidades da Universidade NOVA de maneira completamente gratuita? Com moda-lidades para todos os gostos, quer estejas a começar ou sejas federado, quer queiras um desporto coletivo ou individual, quer vás pela competição ou pelas vibes, há uma modalidade à tua espera

“...auniversidadeofereceum númeroincríveldeatividades. Inclui-seaulasdeténis,padel, ioga,pilates,forró,pump, tangoar-gentino,zumba,salsa cubana,combat,GAP,treino funcional,localizada,capoeira esurf”

Contactos NOVA Desporto: @novadesporto

Ao nível da competição, a nossa universidade apresenta um leque de 20 modalidades: andebol, atletismo, badminton, basquetebol, futebol, futsal, hóquei em patins, judo, karaté, kickbo-

xing, natação, padel, râguebi, surf, taekwondo, ténis, ténis de mesa, tiro com arco, vela e voleibol Todas as informações sobre treinos e competições estão disponíveis nas redes sociais da NOVA Desporto, e podes colocar qualquer dúvida diretamente ao Gabinete de Atividade Física e Desporto da NOVA

Se não estás virado para a competição, mas mesmo assim queres começar a praticar atividade física, não te preocupes, não ficas de fora! Por preços que não encontras em qualquer lado, a universidade oferece um número incrível de atividades Inclui-se aulas de ténis, padel, ioga, pilates, forró, pump, tango ar-gentino, zumba, salsa cubana, combat, GAP, treino funcional, localizada, capoeira e surf, e ainda organiza várias caminhadas ao ar livre e corridas de karts durante todo o ano! Todas estas atividades podem também ser consultadas nas redes sociais do gabinete

E não é tudo! Sabias que a tua AE apresenta uma equipa de futsal masculino, uma de voleibol feminino e, desde o passado ano letivo, uma equipa de matraquilhos?! Informa-te

e , s

equipas da NOVA, poderás beneficiar de um Estatuto de Estudante-Atleta e, dependendo dos teus resultados, ter acesso a uma Bolsa de Mérito Desportivo!

Portanto não percas tempo Escolhe a tua modalidade preferida e leva o nome da NOVA FCSH aos maiores palcos do desporto universitário!

Ku Wa Zi

Foi a meio da minha refeição no Ku wa zi, já bastante certa que iria escrever sobre este restaurante, que levantei a cabeça e me deparei com uma placa onde se podia ler um texto de Ricardo Felner, descrevendo palavra por palavra as sensações que me passavam por boca, estômago e mente, ao mastigar exatamente o mesmo que ele comeu – uma espetada de borrego A coincidência deixou-me um pouco perplexa, mas não me demoveu, muito pelo contrário, há sítios que merecem bem mais do que um texto

Como Felner, observo com satisfação que comer em Lisboa nunca foi tão rico, encontramos pelas ruas da cidade restauran...comer em Lisboa nunca foi tão rico, encontramos pelas ruas da cidade restaurantes de todo o mundo: indianos, paquistaneses, brasileiros, libaneses, iranianos, sírios, ”

tes de todo o mundo: indianos, paquistaneses, brasileiros, libaneses, iranianos, sírios, angolanos e fomos até abençoados pelo nascimento não de um, mas de quatro restaurantes georgianos O crescimento e popularidade destes cantinhos, num momento em que proliferam espaços aborrecidos de brunch, vinho natural e até um absurdo espaço de spa, tapas e sushi por toda Lisboa, vem acalmar ligeiramente a consciência daqueles que, como eu, gostam de comer e temem a descaraterização da cidade, tomada pela gentrificação e pelos turistas Falamos de espaços nem sempre bonitos, por vezes escondidos em vielas ou no piso de baixo de um centro comercial construído nos anos 80 (como é o caso de Ku wa zi), onde nos deparamos com vitrines cheias de vapor e pãozinho chinês, lado a lado com máquinas de imperial da Super Bock Cheguei cedo e sozinha ao Ku wa zi, pelo que tive a oportunidade não só de ver o restaurante a encher-se ao longo da noite, mas também de ouvir as conversas que se

passavam ao meu redor Atrás de mim, duas mulheres sino-americanas discutiam os preços do imobiliário em Lisboa - uma delas tem um amigo americano que está a pagar uma renda de 4 mil euros por um T3 nas Amoreiras Ao meu lado, um brasileiro e um português discutiam animadamente o que partilhar do menu, mas também as valências de várias ferramentas de inteligência artificial. Para completar a imagem, é crucial ainda mencionar a estrela do restaurante, a dona sempre em movimento, a atender o telemóvel, a falar com clientes, com a filha pequena e funcionários (de outras partes da ásia) de maneira igualmente energética em português, inglês e (assumo) mandarim Duas espetadas, uma sopa de wontons e 9,70€ depois, saí do Ku wa zi satisfeita, com a língua queimada, o cérebro e a barriga cheia e uma esperança na força dos cantinhos de Lisboa, que se abrem à conversa, à delícia e à diversão, numa cidade que mudou, muda e continuará a mudar mas que ainda não se vendeu até ao fim, nem de perto

Nunca se comeu tanto, por tão pouco Nunca se comeu tanto, por tão pouco

*NãoéumpatrocínioaoContinente,maspodia.

Ingredientes:

200mldenatas-079€ (marcaContinente)

MassacomBaconeNatas

PodesnãoviraganharoMasterChefcomesta receitamas,alémdeeconómica,éfáciledeliciosa.

Emapenas15minutos,ecomnível3dedificuldade numaescalade0a10,nãoháporondeerrar!

Preço: +/-3€

40gramasdequeijoralado-199€ /200gramas (marcaContinente)

Pimentapretaq.b-0.89€ /unidade(marcaContinente) 1dentedealhopicado-2.49€ /400gramas(marcaContinente)

100gramasdebacon-169€/ 150gramas (marcaContinente)

1colherdesopadeazeite-3.59€ /75cl (marcaContinente)

Preparação:

1- Colocaumapanelacomáguaaferverem lumemédio.Sequisereseconomizarainda mais,pré-aqueceaáguanachaleira elétrica.

2- Quandoaáguaestiveraferver (borbulhar),adicionaosale, posteriormente,oesparguete.Deixaa massacozeratéestaraldente.

200gramasdeesparguete-0.88€ /500gramas(marcaMilaneza)

3- Simultaneamente,colocaumdentede alho,oazeiteeobaconnumafrigideira (nãotemdeserdoContinente;D),emlume médio-alto,durante5minutos.Retirae reserva.

4- Depoisdecozidaamassa,adiciona-aà frigideira,envolvendo-anobacon,elevaa aquecerligeiramente.

5- Retiradolume,juntaasnatas,oqueijo raladoeumpoucodaáguadacozedurae envolvemuitobem.

6- Quandoservires,juntamaisumpoucode queijoraladoepimentapreta.

Primeiro churrasco do ano

PARAPASSARES OTEMPO...

Horizontal

4 La dee da Annie Hall

7 Livro de José Cardoso Pires, recentemente adaptado para o cinema/Marisco.

8. Nome celta da tradição que originou o Halloween.

9 Candidato que conquistou Lisboa novamente, mesmo depois de um acidente nacional/Objeto de metal usado para compras

10 Último nome da nova diretora da FCSH Alexandra

Vertical

1 Quantos anos celebra este ano o filme “A noiva Cadáver”?

2 Nome informal pelo qual são tratados os jogadores que levaram, pela primeira vez, Cabo Verde aos mundiais de futebol masculino/Animais marinhos

3 She (ah!)matized me

5 A antiga RTP3 é agora RTP

6 Se tirares fotos com as suas réplicas por Oeiras, podes ir almoçar com ele

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.