Introdução às relações internacionais

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Tatiana Vargas-Maia Introdução às Relações Internacionais

Série Relações Internacionais

Tatiana Vargas-Maia

INTRODUÇÃO ÀS RELAÇÕES

INTERNACIONAIS

SÉRIE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Coordenador prof. Agripa Faria Alexandre

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Introdução

às Relações Internacionais

© 2025 Tatiana Vargas-Maia

Editora Edgard Blücher Ltda.

Série Relações Internacionais

Coordenador Agripa Faria Alexandre

Publisher Edgard Blücher

Editor Eduardo Blücher

Coordenador editorial Rafael Fulanetti

Coordenação de produção Ana Cristina Garcia

Produção editorial Kedma Marques e Andressa Lira

Preparação de texto Regiane da Silva Miyashiro

Diagramação Thaís Pereira

Revisão de texto Ariana Corrêa

Capa Laércio Flenic

Rua Pedroso Alvarenga, 1245, 4o andar 04531-934 – São Paulo – SP – Brasil Tel 55 11 3078-5366 contato@blucher.com.br www.blucher.com.br

Segundo Novo Acordo Ortográfico, conforme 6. ed. do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, Academia Brasileira de Letras, julho de 2021.

É proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios, sem autorização escrita da Editora.

Todos os direitos reservados pela Editora Edgard Blücher Ltda.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Angélica Ilacqua CRB-8/7057

Vargas-Maia, Tatiana Introdução às Relações Internacionais / Tatiana Vargas-Maia. -- São Paulo : Blucher, 2025.

104 p. (Série Relações Internacionais / coordenado por Agripa Faria Alexandre)

Bibliografia

ISBN 978-85-212-2549-2 (impresso)

ISBN 978-85-212-2547-8 (interativo)

ISBN 978-85-212-2548-5 (e-book)

1. Relações Internacionais 2. Ciências sociais I. Título II. Varga-Maia, Tatiana III. Série

25-0468

CDD 327

Índices para catálogo sistemático: 1. Relações Internacionais

3.1

3.2 Novas abordagens e áreas de estudo: os estudos

Capítulo 01

Fundações

das Relações Internacionais

Apesar das Relações Internacionais serem uma disciplina essencialmente contemporânea, que emergiu e se consolidou ao longo do século XX, muitos dos fundamentos e elementos/ conceitos principais que constituem seu arcabouço teórico têm sua origem em discussões teóricas e processos históricos que remetem ao início da modernidade, sobretudo às discussões referentes ao contrato social, ao processo de consolidação dos Estados europeus e à Reforma protestante.

Para compreender as preocupações que delimitam o campo das Relações Internacionais, é importante examinar os primórdios da diplomacia e das relações entre Estados, a evolução dessas relações na Idade Moderna, destacando a Paz de Westfália, e as implicações teóricas resultantes desse marco histórico. Além disso, as revoluções liberais, com seus impactos no desenvolvimento do capitalismo e na formação

de nações, são cruciais para contextualizar a natureza do sistema internacional contemporâneo.

1.1 OS PRIMÓRDIOS DA DIPLOMACIA E DAS

RELAÇÕES ENTRE ESTADOS

Ainda que a disciplina de Relações Internacionais seja relativamente nova, seu objeto de estudo não é. O surgimento das relações internacionais remonta aos primórdios da diplomacia e das interações entre entidades políticas (Estados, Impérios, Reinos), uma história que se estende por diferentes períodos históricos e localizações geográficas.

Desde a Antiguidade Oriental, a necessidade de estabelecer relações e resolver disputas entre diferentes impérios, reinos ou cidades-estados já era evidente. Nas antigas civilizações, como a Mesopotâmia e a China, por exemplo, já observamos o desenvolvimento de sistemas de tratados e acordos entre unidades políticas, indicando uma busca antiga pela cooperação e o estabelecimento de relações mútuas e estáveis entre diferentes sociedades.

Contudo, é na Europa moderna que o conceito de diplomacia começa a ganhar contornos mais definidos. Nesse período, assistimos ao estabelecimento de embaixadas e ao surgimento dos embaixadores como representantes formais

Capítulo 02

A emergência da disciplina contemporânea

Como já exploramos, as Relações Internacionais são uma disciplina contemporânea, criada e desenvolvida ao longo do século XX, apesar de contar com influências teóricas e históricas anteriores a esse período.

Nesse sentido, podemos compreender o esforço de constituição desse campo como, sobretudo, uma tentativa de dar sentido às rápidas mudanças que impactavam o sistema internacional, bem como compreender novos processos e elaborar respostas a fenômenos que desafiavam os limites de explicação das ciências sociais tradicionais, que tendiam a centralizar suas análises e interpretações no espaço doméstico dos Estados, refletindo pouco a respeito de processos que tomavam lugar na arena global, entre e através das fronteiras dos países.

Assim, o início do século XX, com eventos como a Primeira Guerra Mundial e a Grande Depressão, apresenta um cenário especialmente fértil para o desenvolvimento de uma disciplina que se ocupasse exclusivamente dos fenômenos internacionais, desenvolvidos além das fronteiras dos Estados, capaz de refletir sobre as causas e consequências desse espaço progressivamente mais relevante para a política, a economia e as sociedades contemporâneas.

Neste capítulo, exploraremos como esses fenômenos criaram condições para a criação das Relações Internacionais como uma área autônoma do conhecimento científico e compreender como eles influenciaram a configuração da disciplina, a partir do exame das teorias clássicas que foram elaboradas na tentativa de explicar o cenário e os desafios globais do início do século XX.

2.1 O IMPACTO DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

NA CRIAÇÃO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

A Primeira Guerra Mundial é tradicionalmente reconhecida como o principal evento que motivou a criação das Relações Internacionais como um campo acadêmico. O caráter inédito da Primeira Guerra Mundial – a primeira guerra que efetivamente mobilizou muitos países e territórios em diferentes áreas do globo, com um poder destrutivo sem

Capítulo 03

Desafios e tendências atuais

Como já observamos nos capítulos anteriores, o desenvolvimento das Relações Internacionais enquanto disciplina acadêmica acompanha e é profundamente influenciado pelas transformações no sistema internacional. Assim como a Primeira Guerra Mundial e a Grande Depressão ajudaram a moldar os princípios do campo, o final da Guerra Fria impactou de forma inequívoca os seus desenvolvimentos mais recentes. Neste capítulo, exploramos as mudanças provocadas pelo fim da Guerra Fria nas Relações Internacionais, analisando a abertura teórica realizada pelas perspectivas construtivista, feminista, pós-colonial e antirracista na compreensão dos fenômenos globais.

3.1 O FIM DA GUERRA FRIA E SEU IMPACTO

NA TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS:

A ABERTURA CONSTRUTIVISTA

O fim da Guerra Fria teve um impacto significativo nas teorias das Relações Internacionais, provocando mudanças e desafios conceituais. A Guerra Fria foi caracterizada pelo confronto ideológico, político e militar entre os Estados Unidos e seus aliados, representando o bloco ocidental, e a União Soviética e seus aliados, representando o bloco oriental, cada um promovendo uma ideologia diferente (capitalismo versus comunismo). Durante esse período, que se prolongou de 1945 até 1992, o sistema internacional se caracterizou por uma distribuição bipolar do poder entre essas duas superpotências rivais. O período Pós-Guerra Fria, iniciado na década de 1990 com o colapso da União Soviética, trouxe uma série de transformações no cenário internacional que impactaram as teorias das Relações Internacionais de diferentes formas. Aqui, destacamos cinco desafios principais:

1. Unipolaridade e desafios teóricos: com o colapso da União Soviética, os Estados Unidos emergiram como a única superpotência global, criando um sistema internacional unipolar. Isso desafiou teorias que assumiam um

Capítulo 04

Conclusão – Um século do

“pensar o internacional”

Ao longo dos últimos capítulos, pudemos observar o desenvolvimento das Relações Internacionais enquanto um campo autônomo das Ciências Sociais. Iniciamos nosso percurso no Capítulo 1, investigando os elementos conceituais e práticos herdados da história política moderna e do início da contemporaneidade, entre os anos de 1648 e 1789, que foram fundamentais para a construção inicial do espaço internacional como o conhecemos hoje, tais quais os desenvolvimentos iniciais das dinâmicas de diplomacia durante o Renascimento, a reformulação da noção de soberania em Westfália, a importância da Revolução Industrial na consolidação de uma economia capitalista e das revoluções liberais no desenvolvimento da ideia de nação.

Na sequência, no Capítulo 2, realizamos um salto temporal para o início do século XX, para examinar o contexto

específico que conduziu ao estabelecimento das primeiras cátedras e departamentos universitários dedicados especificamente às Relações Internacionais. Esse contexto foi marcado pontualmente pela eclosão e o ineditismo de dois fenômenos inter-relacionados que, em conjunto, operaram uma mudança drástica no mundo: a Primeira Guerra Mundial e a Grande Depressão de 1929. Em um intervalo de menos de 15 anos, esses dois eventos impuseram novos desafios para as sociedades e os Estados do início do século XX e impulsionaram a necessidade de criar um campo científico próprio dedicado a analisar e entender como se processavam as relações entre os Estados e os fenômenos que não apenas atravessavam, mas aconteciam para além de suas fronteiras: as Relações Internacionais. Ainda no Capítulo 2, examinamos um dos primeiros elementos de formalização e constituição das Relações Internacionais acadêmicas: suas teorias clássicas, como o realismo, o idealismo e o liberalismo, entendendo como elas emergem na forma de respostas às incertezas desse contexto histórico.

O Capítulo 3 começa com um novo salto temporal, agora para o final do século XX, com o encerramento da Guerra Fria e seus impactos sobre as Relações Internacionais. A partir do diagnóstico de que as teorias clássicas que dominaram o campo ao longo de todo o século XX se

Este livro explora a evolução histórica das Relações Internacionais como campo do conhecimento científico ao longo do século XX, destacando seu surgimento a partir da interação com outras disciplinas, como Sociologia, História, Economia e Ciência Política. A obra examina a criação e o desenvolvimento de teorias e objetos próprios das Relações Internacionais, abordando temas como guerra, paz e projetos de poder das grandes potências.

Além de contextualizar a disciplina no cenário contemporâneo, Introdução às Relações Internacionais propõe uma reflexão sobre as novas áreas de estudo, como gênero, raça e perspectivas não ocidentais, oferecendo uma visão abrangente e crítica da área, destacando a relevância continuada das Relações Internacionais em um mundo interconectado.

www.blucher.com.br

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