Edição 322 - Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA

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3 DE DEZEMBRO DE 2024

ANO XXXIIII Nº322 GRATUITO PERIÓDICO (5X ANO)

EDITORAS

ENSINO

- PÁG. 02Ao fim de 19 anos, plano de reestruturação do edifício da AAC é retomado. Cinco vozes estudantis em representação de 30 mil no CGUC.

CULTURA

- PÁG. 07Iniciativas culturais aproximam conhecimento cientí fico da comunidade. Orphika VI inunda a cidade dos estudantes com pautas de diversos estilos musicais.

DESPORTO

- PÁG. 08Equipa de natação AAC/ UC conquista prata no CNU. Mentalidade vencedora e espírito de equipa foram fundamentais.

CIÊNCIA

- PÁG. 9Investigadores portugueses divergem em opiniões sobre o aumento do negacionismo na paisagem política e social atual.

CIDADE

- PÁG. 13Aldeia de Natal, comércio na Baixa e iniciativas solidárias levam o espírito natalício a vários pontos da cidade.

Duarte Nunes

Onde está o Conselho Geral no mapa?

Representantes estudantis no CGUC analisam evolução do interesse pelo órgão. Entrevistados em concordância com insuficiência de cinco estudantes conselheiros como voz uníssona.

- POR SOFIA DUARTE, JOANA GOMES E JOÃO RABAÇA -

OConselho Geral da Universidade de Coimbra (CGUC) é um órgão de gestão e governação que aprecia decisões tomadas pela UC. Na sua constituição há 35 membros, cinco dos quais representam os estudantes. Os restantes são trabalhadores docentes ou não docentes, investigadores e personalidades externas de reconhecido mérito . No âmbito da aproximação das eleições ao CGUC, uma atual conselheira, Sofia Duarte, e dois antigos membros, Armando Remondes e Madalena Santos, pronunciaram-se no sentido de combater a desinformação que existe em relação ao órgão.

As reuniões ordinárias do conselho realizam-se quatro vezes por ano e extraordinariamente sempre que surgir um assunto fora da agenda. As suas competências abrangem a eleição e apreciação dos atos do reitor e do Conselho de Gestão - órgão de governo constituído pelo reitor, vice-reitores e administrador da UC. O CGUC é também responsável pela proposta das iniciativas e aprovação das alterações dos Estatutos da UC. Assim, tratam

todas as questões de cariz procedimental e aprovam-se documentos que visam a continuação dos trabalhos. No mandato vigente, o órgão subdivide-se em cinco comissões permanentes, que acompanham o mandato por completo e duas ad hoc, como a Comissão para a Revisão de Estatutos da UC, que se debruçam sobre assuntos específicos que possam surgir. Aquando das eleições para o Conselho Geral de 2016, o Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA verificou que 73,91% dos inquiridos não sabiam elencar as funções do órgão. Estes dados comprovam o desconhecimento acerca do mesmo pela maior parte dos estudantes da altura. Não obstante, já se passaram oito anos e Armando Remondes, licenciado em Ciência Bioquímica e elemento do CGUC de 2022 a 2023, defende que, desde então, tem sido feito uma caminhada em prol de um envolvimento da comunidade académica mais elevado. “É possível observar uma maior atenção estudantil através da criação de múltiplas listas, não apenas duas”, destaca.

Conselho Geral em “terceira instância” para os estudantes

Na perspetiva dos entrevistados, o funcionamento do CGUC não é complexo, porém a falta de acesso à informação dificulta a compreensão por parte dos alunos. Madalena Santos, antiga estudante do mestrado de Estudos Europeus e membro do Conselho Geral entre 2020 e 2022, aponta o dever de privacidade de certas questões discutidas internamente como obstáculo à transparência, como sublinha o artigo 6/nº1 do Regimento Interno do CGUC. Mesmo assim, nas palavras da jovem, “deveria haver um investimento do próprio órgão para tornar-se mais aberto para os estudantes, o corpo docente e entidades que o representam”. Armado Remondes, associa o desinteresse da comunidade estudantil pelo CGUC ao facto de existirem outros órgãos de maior proximidade. Considera que “os alunos têm sempre muito mais contacto com o seu núcleo de estudantes, em em segundo lugar com a Associação Académica de Coimbra (AAC) e só “em terceira instância” surge o CGUC.

Joana Gomes

Sofia Duarte salienta que a campanha presencial que se realiza “ há dois anos”, é um fator apontado como positivo para combater o desinteresse pelo órgão, ideia corroborada por Armando Remondes. O contacto com as bancas onde os estudantes podem ouvir os próprios candidatos a defender o seu projeto permite que “saibam que o órgão existe e que tem representação estudantil”, enaltece a estudante conselheira.

A fraca participação estudantil debilita a oportunidade de reunir representantes de diversas unidades orgânicas, argumenta Sofia Duarte. “Pelo menos as oito faculdades devem estar representadas, pois cada uma tem problemas específicos”, reforça. Em acréscimo, os três membros concordam que uma maior presença nas redes sociais do CGUC é a melhor forma de elucidar os universitários quanto ao que se passa no órgão. Madalena Santos sublinha que “se houver uma abertura da própria entidade, os estudantes conseguem sentir-se mais motivados a participar e a saber o que se passa lá dentro”.

A ideia das comissões tentarem trabalhar mais com os alunos é também apresentada, ao organizar não só reuniões fechadas com os núcleos, mas também eventos direcionados aos estudantes. Armando Remondes considera que este foi um aspeto que “falhou, tanto da parte da UC como dos estudantes conselheiros”. Acrescenta ainda que “é necessário combater isso com conferências de imprensa que podem abrir o conteúdo do que se debate no CGUC ao público universitário”.

“O órgão faz diferença na vida dos estudantes, mas podia fazer mais”

A representatividade dos alunos da UC no Conselho Geral tem sido uma preocupação ao longo dos mandatos anteriores e permanece, no pensamento de Sofia Duarte, representante dos estudantes de primeiro e segundo ciclo. Começa por aludir ao aumento do número destes integrantes como essencial e considera que seria “auspicioso” para o CGUC deter “uma maior presença estudantil”. A estudante de mestrado em Direito salienta que “aproximar os 18 docentes à porção de estudantes” apresenta-se como uma solução para dar mais voz àqueles que ainda envergam capa e batina.

Apesar de as opiniões e propostas dos jovens serem ouvidas com a mesma seriedade que as dos

restantes membros, podem ter menos força devido à desvantagem numérica. Neste sentido, Sofia Duarte prolonga-se acerca da falta de universitários : “muitas das vezes, não conseguem participar da mesma forma na discussão e, assim, as decisões que os impactam resultam na não reflexão das suas posições como um todo”. Armando Remondes apela também ao aumento da representação dos estudantes “tanto do primeiro e segundo ciclo como do terceiro” .

Quando questionados sobre o impacto do órgão no seio universitário, os três integrantes do conselho sublinham que esta é a entidade mais importante, por ser a que toma as decisões fundamentais como a construção de cantinas, residências e a redução das propinas nacional e internacional. Madalena Santos destaca que o CGUC “faz diferença na vida dos estudantes, mas podia fazer mais, visto que ainda há muito trabalho para ser feito e que deve ser reestruturado".

Sofia Duarte salienta ainda que a pressão que os estudantes pugnam na AAC é fulcral, porém muitas das matérias só têm alteração prática no CGUC, uma vez que são da sua competência. Os assuntos que marcam a realidade estudantil têm apenas efetividade após a vinculação neste órgão, não sendo suficiente a defesa por parte dos estudantes.

Armando Remondes destaca, no seu mandato enquanto membro da Comissão de Ensino e Investigação do CGUC, o caso da redução das propinas dos mestrados da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC. O antigo estudante de Bioquímica testemunha sobre a sua manifestação, junto com os outros estudantes conselheiros, contra a abertura de um mestrado com valor elevado de propinas. Com efeito, isto permitiu que a proposta não avançasse.

A experiência de participar neste órgão da UC enquanto estudante é “algo que requer al-

guma maturidade, pois são tratadas questões com elevado grau de seriedade”, reflete Sofia Duarte. As decisões tomadas impactam não só a vida estudantil, mas o corpo docente de igual forma. Tal evidencia-se na discussão sobre mandatos de diretores de unidades orgânicas, que se debruçam na definição do que lhes compete ou não. Como ponto fulcral da sua vivência, ressalva ainda a união dos estudantes representantes “numa só voz pública”.

Um olhar do passado para o futuro das eleições

Ao trabalhar numa realidade com uma pequena representatividade estudantil, a estudante do mestrado em Direito confessa que a existência de conflito de opiniões entre si pode ser contraproducente. Para evidenciar um trabalho realizado aquando do mandato 2022/2024, Sofia Duarte abordou o posicionamento da UC relativo ao conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia, que considera ser um momento chave para notabilizar o papel dos integrantes do CGUC.

As eleições para o CGUC estão agendadas para o dia 10 de dezembro. Assim, a semana de campanha decorre entre os dias 2 e 6 do mesmo mês. Com a aproximação destas datas, Armando Remondes realça que “o debate entre candidatos é parte essencial” da promoção de uma lista, pois permite que os eleitores desenvolvam uma opinião informada. Sofia Duarte aconselha os futuros cabeças de lista a fazerem uma campanha na qual divulguem os projetos de forma presencial, com “propostas e linguagem clara sem se perderem em formalismos que podem não ser tão acessíveis”. Sugere ainda medidas como a divulgação da campanha nas plataformas sociais, que contribuem para um acesso fácil, de modo a esclarecer as dúvidas sobre o que é o órgão e quais as suas propostas.

Joana Gomes

Um ano de mandato marcado “pelo reconhecimento fora das portas da AAC”

Presidente da DG/AAC admite balanço positivo, com sentimento de honra e dever cumprido. Renato Daniel destaca celebrações culturais e desportivas realizadas pela AAC e reformas no fundo de Ação Social António Luís Gomes.

Qual o balanço que fazes do mandato?

Muito positivo. Saio com o sentimento de dever cumprido e muito honrado de ter servido a Associação Académica de Coimbra (AAC) durante dois anos, um enquanto vice-presidente e outro na qualidade de presidente. Já não fazia sentido a minha passagem se prolongar. Deixamos um mandato pensado para o futuro da AAC.

Na entrevista de anúncio da tua candidatura ao jornal A CABRA, disseste que a tua direção-geral tinha em vista “um investimento forte na administração com o edificado da AAC e a frota de transportes”. De que forma é que isto se concretizou?

Quanto ao edificado, finalizamos o mandato com a apresentação da adjudicação com a Universidade de Coimbra (UC) do arquiteto Gonçalo Byrne. Tivemos pequenas alterações e vamos ter uma reforma a fundo que vai passar por todo o edifício, pelos Jardins da AAC e pela Cantina dos Grelhados, o que se apresenta como uma grande reestruturação. Tem de ser tudo estudado e ter a alocação devida para as estruturas que vão ser afetadas. É um esforço coletivo que temos de fazer em prol de um bem maior.

Relativamente à frota de transportes é fruto de muito desgaste, pois todos os autocarros e carros da AAC foram utilizados diariamente para as mais diversas iniciativas. Já existem conversas com várias entidades parceiras para que uma reformulação total seja possível. No entanto, num prazo de um ano é muito difícil conseguir atingir todos os objetivos.

Ao falar das Olimpíadas Paris 2024, como vês a preparação dos estudantes da AAC para este evento?

O acompanhamento regular dos atletas nunca tinha sido feito e o facto de lhes darmos uma força faz toda a diferença, não só na preparação para os jogos e competições, mas também no seu psicológico. Tivemos o primeiro estudante-atleta da UC, Diogo Cancela, premiado nas Paralimpíadas.

Assisti também ao Telmo Pinão, no ciclismo, e ao Tomás Cordeiro, na natação. Ver os alunos que partilham rotinas connosco chegarem ao topo do desporto mundial é um motivo de orgulho. É importante que haja um acom-

panhamento e divulgação, porque é nossa responsabilidade individual e coletiva valorizar o trabalho destes estudantes-atletas.

O teu mandato celebrou várias datas importantes, como os 55 anos da Crise Académica de 1969. Qual foi a ação política, por parte da Direção-Geral da AAC (DG/AAC), que consideras mais importante no âmbito desta celebração?

A inauguração do mural, pois é uma marca que fica não só para a AAC, mas para a cidade. Convoca todos os estudantes que lá passam a refletirem sobre os valores de Abril e, principalmente, sobre a Crise Académica de 1969. Foi um dos pontos mais altos do mandato e um dos momentos que vão ficar para a história da academia.

Em relação ao principal pilar do teu projeto, a recriação da final da Taça de 1969, correu como o esperado?

Não correu. Nós aproximamo-nos muito do

Benfica e estivemos perto de conseguir executar o projeto, mas não pôde avançar por motivos alheios à AAC. Não obstante, aquilo que tentamos fazer em colaboração com o clube foi uma homenagem condigna. Trouxemos a verdadeira taça de 1969, acompanhada de funcionários do Benfica, até ao Estádio Cidade de Coimbra que foi entregue ao Alberto Martins. Foi um momento muito especial.

Na vertente política, sentes que a ação da DG/AAC nas Eleições Europeias de 2024 fomentou uma aproximação dos estudantes com os partidos políticos?

Sim. Provavelmente fomos a única associação académica no país que fez um programa político para apresentar as Eleições Europeias de 2024. Não houve outra que tivesse preparado propostas ou reunido e recebido todos os candidatos tal como nós. Tivemos discussões muito positivas sobre a visão da AAC, dos jovens e da política europeia. Recordo uma proposta que foi vista com bom grado por meio

dos Comissários Europeus, relativa ao Conselho Europeu dos Jovens.

O comitê tem alguma burocracia a si associada, mas que vemos com bons olhos, porque é uma forma de valorizar a voz dos estudantes nos órgãos de gestão e de governo da própria União Europeia. Recordo também que, durante estas eleições, foi apresentada uma moção para a saúde mental na Assembleia-Geral da European Students’ Union em Oslo e que, pela primeira vez, a AAC aprovou um documento na Europa, fora das suas portas.

Como é que o teu mandato se empenhou em aproximar a UC da AAC?

Esta DG/AAC pautou-se muito pela construção de espaços, principalmente dedicados ao desporto. Precisamos do apoio da UC na organização de eventos como o Campeonato Nacional Universitário, para os recursos financeiros, técnicos, logísticos e infraestruturais. Tivemos a sorte de ser uma das poucas universidades que recebeu os Jogos Europeus Universitários porque temos recursos para executá-los e só conseguimos criar sinergias se estivermos alinhados com todas as instituições. Nunca deixamos de manifestar o nosso descontentamento quando algo era necessário. Por exemplo, a questão das inundações no edifício-sede levou a um diálogo aberto entre todas as partes e conseguimos solucionar grande parte dos problemas que existiram.

Tens falado também sobre as relações que a Direção-Geral manteve com as secções desportivas durante o teu mandato. Relativamente às secções culturais, e agora também sociocientíficas, como é que caracterizas a relação que tiveste?

Tivemos uma relação de proximidade. Houve um investimento financeiro por parte de dois programas que incentivaram a dinâmica das estruturas culturais da nossa Casa: o “Por Abril”, que tinha como objetivo apoiar as comemorações do 25 de Abril, e o “Valorizar Cultura”. Existem mais de 70 estruturas, e manter uma dinâmica sinérgica às vezes não é fácil, mas a mensagem que este mandato tentou passar foi de união da Casa. Foi isto que a Assembleia de Revisão dos Estatutos da AAC tentou fazer com a criação das assembleias de estruturas, fundamentais para aproximar as secções. No futuro, sempre que houver datas comemorativas, deve-se fazer um investimento na cultura como se fez este ano.

Que balanço fazes em relação à agenda para igualdade que implementaste?

A agenda teve aspectos muito positivos e as propostas apresentadas tiveram algum efeito concreto. Não obstante, é um trabalho que temos de continuar a fazer e que cabe às futuras direções-gerais pegarem no projeto fantástico que está executado. A Sofia Duarte, a minha vice-presidente, fez um trabalho brilhante na promoção da igualdade de género. Considero que está na altura de dar outro passo na agen-

da para a igualdade e apresentá-la aos partidos de modo a tentar fazer valer as propostas que lá estão e que podem fazer a diferença no dia-adia da sociedade.

Houve uma mudança no modelo de votação no Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA) e, no ano passado, foi discutida em Assembleia Magna (AM) a entrada da AAC no Conselho das Associações Académicas Portuguesas (CAAP), o que gerou alguma discórdia no momento. De que forma é que a presença da AAC no CAAP contribuiu para esta alteração no ENDA?

Foi fundamental, pois se não tivéssemos entrado no CAAP a alteração substancial do modelo de voto no ENDA não teria acontecido. A decisão de sairmos do ENDA foi tomada no mandato do João Caseiro até que existisse uma alteração concreta do modelo de voto. Caso as associações académicas não tivessem saído, não acredito que fosse criado um CAAP, porque iríamos estar todos a trabalhar num modelo unitário. A partir do momento em que a deixamos, iniciamos um processo negocial com as federações com o intuito de fazer valer um modelo de entendimento que desse voz aos estudantes. Com o novo sistema de votação, a AAC deve apresentar moções e fazer a sua discussão junto dos restantes estudantes, porque foi para isso que voltamos.

Durante o teu mandato, a AAC integrou o Conselho Nacional da Juventude (CNJ). Qual é a relevância desta mudança?

É mais um mecanismo para a AAC se posicionar e apresentar propostas para os jovens. Dentro das associações académicas, poucas ainda não entraram no CNJ e uma delas era a AAC. Existe uma plataforma de discussão, aprendizagem e percepção do que se passa no movimento estudantil e associativo nacional, por isso foi uma entrada importante e que dá força às várias posições da AAC.

A gestão partilhada da Cantina dos Grelhados é um assunto que tem sido debatido e que estava no teu plano de ação. Qual foi, durante este mandato, a gestão criada após a assinatura do memorando de entendimento entre a AAC e a UC?

Há uma parte substancial que já está requalificada, onde a Secção de Fado faz alguns ensaios e tem espaço para trabalhar. Há um longo caminho a percorrer, porque é uma obra grande e que necessita de tempo. O espaço que nos foi adjudicado tem de ser rapidamente requalificado, o que foi concluído neste mandato. O projeto de Gonçalo Byrne passa também por uma intervenção naquela área, através da criação de um espaço multifunções, destinado às estruturas da casa. Há uma componente partilhada com o Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), que pode ser importante, em aspectos técnicos, ao funcionar como uma incubadora cultural. Se tivermos uma sala de espetáculos bem trabalhada com o TAGV, com funcionári-

os na Casa que possam fazer os acompanhamentos regulares dos materiais, instrumentos e infraestruturas do espaço, pode ser um aspeto positivo.

Quais foram os esforços da tua DG/AAC para prosseguir com o plano de transição digital da AAC?

Neste momento, precisamos de arranjar um grupo de entidades parceiras que consigam minimizar os gastos e a despesa de um programa desta dimensão. Aquilo que estamos a fazer é muito profissional, como a plataforma de eleições que a AAC utilizou este ano e tem alguma similaridade com os atos eleitorais nacionais, na medida que a nossa matéria de transição digital está a ser feita pelos órgãos máximos do país. Temos agora um regulamento do Espaço Digital da AAC que vai entrar em funções e vai ser alicerçado no Plano de Transição Digital.

Relativamente à Ação Social, no que toca à habitação, enumeraste-a como um dos maiores obstáculos ao acesso dos estudantes ao ES. O que em concreto a tua direção-geral fez para os apoiar?

Tivemos uma grande preocupação, resultante de uma alteração legislativa que foi feita no âmbito do Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo aos Estudantes do Ensino Superior (RABEEES). Esta mudança fez com que os estudantes que vivem com os seus familiares fossem privados do acesso às bolsas de estudo devido ao rendimento do agregado familiar. Reunimos com todos os partidos do espectro parlamentar para arranjar uma solução e conseguimos levar um projeto através do Partido PAN à Assembleia da República, mas que não foi aceite.

Quando falamos de Ação Social não podemos legislar de modo a prejudicar mais os estudantes do que beneficiá-los. Isto é um aspeto que tem de ser revisto e espero que, no estudo sobre a Lei de Bases de Ação Social, se reflita sobre como se calcula o rendimento dos agregados familiares. Fizemos ainda uma revisão profunda do RABEEES, em relação a outros pontos que foram apresentados aos vários partidos políticos, e que chegou até à Direção Geral do ES.

Esta é a parte que mais me orgulha em matérias de Ação Social do meu mandato, porque é algo que muda a vida das pessoas, como o Fundo de Ação Social António Luís Gomes. É um apoio diferenciado, que atribui bolsas de estudos a estudantes internacionais e de terceiro ciclo. Revimos o regulamento de atribuição das bolsas do Fundo de Ação Social e aumentamos o valor da bolsa para 1,8 IAS, ou seja, 916 euros. Criámos também uma linha de apoio à saúde para estudantes que tenham doenças crónicas ou que necessitem de ajuda com despesas de saúde, até 1 IAS, ou seja, 509 euros. É um trabalho quase invisível aos olhos da comunidade estudantil, mas que faz toda a diferença.

Após 15 anos, plano de reestruturação do edifício da AAC retorna com inovações

Rua adjacente à Casa das Caldeiras e défice de áreas de estudo enumeradas como principais pontos de intervenção. Perante congestionamentos, arquiteto sinaliza necessidade de solução temporária.

- POR IRIS DE JESUS, CAMILA LUÍS E DAVID PEREIRA -

No dia 19 de novembro, a Universidade de Coimbra (UC) formalizou um contrato com o arquiteto Gonçalo Byrne para a requalificação do edifício-sede da Associação Académica de Coimbra (AAC). O autor do projeto de mais de 15 anos retorna à Casa com 420 dias para atualizar o plano, segundo consta na notícia do Público/Lusa. Nas palavras do até então administrador da AAC, Carlos Magalhães, a nova obra vai albergar “não só o edifício-sede, mas também a Cantina dos Grelhados, a Cantina das Massas e a Casa do Lago”.

Desde a sua fundação, em 1961, realizaram-se apenas obras pontuais. Cerca de 60 anos depois, em 2022, a UC iniciou uma intervenção no contexto do projeto de reabilitação e conservação do edifício. Este foi um plano de “recapacitação e impermeabilização” dos espaços mais passíveis de sofrer inundações, relata o administrador. Apesar disto, a 30 de março de 2024, a AAC viu os seus pisos cobertos de água, numa cheia que afetou principalmente a área da Rádio Universidade de Coimbra, a Secção Filatélica e o espaço da Direção-Geral.

Em 2005, surgiu o primeiro Projeto de Remodelação do edifício da AAC, segundo consta no Despacho da República n.º 10574/2024. Segundo o autor Gonçalo Byrne, este plano feito em contrato direto com a AAC estagnou devido à falta de condições financeiras. Atendendo às novas necessidades, o arquiteto admite que o novo plano vai ser alvo de uma revisão que deve contemplar um equilíbrio entre “espaços com uma utilização saturada e outros com muito pouco uso”. Para o administrador da AAC, a retomada de um plano com mais de 15 anos reflete a necessidade de “aproveitar de forma mais racional o que devia ter sido feito”.

Um olhar para a mudança

O lado da “Rua entre muros”, adjacente à Casa das Caldeiras, é tido como o ponto de maior necessidade de intervenção, devido à inclinação da calçada que culmina na “falta de definição de perímetro entre a área e o parque dos Jardins da AAC”. Segundo o arquiteto, “o espaço é claramente desqualificado em função dos automóveis estacionados de uma maneira muito desorganizada”. Neste sentido, o projeto tem como objetivo diminuir a inclinação e reforçar a passagem pedestre, considerando, no entanto, o acesso exclusivo dos veículos de apoio aos

serviços e de emergência.

O arquiteto considera que o edifício-sede possui um “problema de segurança na acessibilidade aos vários pisos, visto que as vias de fuga não cumprem a regulamentação atual”. Destaca como objetivo a criação de um novo volume na extremidade sul da AAC, que se concretizaria numa “pequena torre com uma escada protegida e elevadores de acesso direto a todos os pisos”, idealiza. Este é um mecanismo de resposta à carência de condições de acessibilidade a pessoas com mobilidade reduzida que a AAC de momento possui.

Uma inovação que vai surgir desta atualização corresponde à reutilização das Cantinas Azuis como espaço aberto aos estudantes durante o dia. Assim, além da componente diária de serviço de refeições, Gonçalo Byrne planeia otimizar a área para estar aberta “em regime parcial, de modo a contrariar o défice de salas de estudo existentes”. A par disto, devem ser efetuadas melhorias na luminosidade, ventilação e temperatura do ambiente. Esta é, contudo, uma decisão que deve “ser discutida com os gestores das cantinas”, aponta.

Ainda no edifício das Azuis, que se estende desde a Praça da República até às Escadas Monumentais, o novo projeto deve incluir a inserção de “bancadas multiusos” para “usos flexíveis que podem ser pequenas atividades desportivas ou até eventualmente momentos lúdicos de concerto”. Já no que concerne aos pisos da Cantina dos Grelhados, alvo de um recente memorando de entendimento assinado entre a AAC e a UC, e das Massas, Carlos Magalhães espera torná-las “um espaço cultural e

uma sala de estudo, respetivamente”.

Gonçalo Byrne anuncia também que os Jardins da AAC vão sofrer um “restauro paisagístico" devido ao seu “profundo” nível de desgaste, resultante da “nula manutenção” da área. Além disto, pretende-se atribuir uma componente de versatilidade ao utilizar os jardins para “novas finalidades”. O arquiteto contempla ainda a possível construção de um novo edifício que englobe espaços de trabalho e o realojamento do bar dos Jardins da AAC.

Soluções temporárias antecedem mudanças Carlos Magalhães comunica que, da parte da UC, ainda não existe uma estimativa aproximada do valor que vai ser gasto no total da execução do projeto. Quanto ao tempo previsto para a sua duração, informa que vai ser demorado. O objetivo é “focar-se nas necessidades estruturais da AAC, ao invés de iniciar trabalhos precoces e pouco desenvolvidos”, explica o administrador. Neste prisma, Gonçalo Byrne calcula que todo o processo pode durar cerca de quatro anos, e “na pior das hipóteses, mais de seis”.

Sobre os possíveis constrangimentos que as obras vão causar aos associados e ao normal funcionamento da AAC, Carlos Magalhães certifica que “o intuito é tentar impedir que aconteçam esses entraves, mas, caso se verifiquem, deve-se antecipar uma solução temporária”. Em complemento, Gonçalo Byrne aponta que, por serem obras muito profundas, é necessário encontrar espaços alternativos durante o período de requalificação do interior. “A vida da AAC não pode ser interrompida”, conclui o arquiteto.

Com colaboração de Mariana Claro

Orphika VI ergue ponte entre tradição e inovação

Projeto fortalece laços culturais com programação feita “com a cidade e para a cidade”. Ciclo enfatiza leque eclético de estilos musicais.

- POR NATHANNA LORIATO -

AVI edição do Ciclo de Música Orphika, integrado na agenda cultural anual da reitoria da Universidade de Coimbra (UC), teve início no dia 8 de novembro. Este evento dá palco a performances que abrangem uma variedade de estilos musicais e inclui uma vertente formativa. De acordo com a assessora da vice-reitoria de Cultura, Ciência Aberta e Conhecimento, Teresa Baptista, o plano de atividades artísticas inclui ainda o Ciclo de Teatro e Artes Performativas - MIMESIS e a tradicional Semana Cultural da UC. Como exemplo da versatilidade do Orphika, a responsável sublinha o projeto Jornadas Mundos e Fundos, focado em música erudita, integrado numa programação que engloba desde a música popular portuguesa até ao jazz.

Com destaque em promover o diálogo entre a academia e a comunidade artística conimbricense, o Orphika espalha performances nos quatro cantos da cidade. Em relação aos gru-

pos participantes, Teresa Baptista sublinha a importância de “fortalecer redes e incentivar parcerias”, com foco nas candidaturas que interligam artistas. Entre as 40 selecionadas, a assessora admite que os maiores desafios são a limitação de espaço e o orçamento e lamenta a necessidade de “ deixar projetos de fora”.

A responsável pelo ciclo explica que o número de candidaturas tem aumentado ao longo das edições, como resultado de uma estratégia “bem pensada” pelo vice-reitor da UC para a Cultura, Ciência Aberta e Conhecimento, Delfim Leão. Esta política envolveu a inclusão, no início deste ano, dos projetos MIMESIS e Orphika na programação cultural da UC, além de outras parcerias com agentes artísticos locais. “Programamos com a cidade e para a cidade”, celebra.

O ciclo conta com “eventos convergentes”, ensaios abertos e formações com os artistas, que permitem ao público participar nos res-

petivos espetáculos. A oficina “Percu(som)Tudo o que nos envolve”, que vai ter lugar no Liquidâmbar no dia 7 de dezembro, combina a construção de instrumentos musicais com performances interativas. Na visão de Teresa Batista, este projeto é “fora da caixa”.

As Jornadas Mundos e Fundos integram o Orphika ao trazer uma “forte vertente” ligada à conservação do património. Em simultâneo, a proposta eclética do programa ambiciona desde apreciadores de fado até ao público de rock alternativo e música eletrónica. Teresa Baptista pontua que uma das estratégias para transformar o panorama cultural é a fusão das agendas da UC e artística coimbrã, mas alerta que ainda é preciso melhorar esta ferramenta. Apesar da necessidade de ajustes, a programação anual da reitoria dedicada às artes vai continuar no ano seguinte, entre os dias 1 e 15 de março, no âmbito da Semana Cultural da UC.

Ligados às Máquinas pelas dimensões da música

Fundador comemora impacto da música do grupo na promoção da inclusão social e no combate à marginalização dos portadores de condições neuromotoras graves. Conjunto lança primeiro álbum intitulado “Amor Dimensional”.

- POR RUI MANUEL -

Há 11 anos, no seio da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), nasceu o grupo Ligados às Máquinas. Descrito pelo fundador e musicoterapeuta Paulo Jacob como uma orquestra, o conjunto é composto por pessoas com condições neuromotoras graves que utilizam a tecnologia para tocar amostras musicais de uma variedade de géneros. A iniciativa surgiu de uma preocupação em criar uma atividade que permitisse a pessoas com mobilidade reduzida expressarem-se através da música.

O grupo, integrado por dez membros, faz uso de dispositivos eletrónicos como ferramentas de superação de barreiras e exploração da criatividade. Através de placas de arduino, pequenos circuitos programáveis que permitem transformar objetos do quotidiano em botões condutores, é possível que as necessidades motoras de cada músico sejam acomodadas. O fundador comemora o “impacto que a arte do

conjunto, sobretudo a música, exerce na promoção da inclusão social e no combate à marginalização” destas vozes.

O musicoterapeuta sublinha que tem como motivação promover a participação cultural dos membros da associação. Paulo Jacob enfatiza que esta máxima não só democratiza o acesso à música, mas também fomenta a colaboração criativa entre os integrantes do grupo. Assim, permite a contribuição de cada integrante com a sua identidade musical única e a promoção da diversidade.

“Amor Dimensional” é o primeiro álbum produzido pelo conjunto. Apresentado pela editora Omnicordo, contou com a colaboração de 30 artistas nacionais, entre os quais estão Samuel Úria, Rita Redshoes e Salvador Sobral. Os músicos disponibilizaram os seus repertórios, que foram adaptados e transformados pelo grupo em nove faixas originais.

Apesar do lançamento do álbum estar previs-

to para 6 de dezembro, a data do concerto de apresentação é incerta, devido a “constrangimentos organizacionais”. Segundo o fundador, “é preciso uma equipa de apoio para atender às condições médicas dos músicos”, pelo que, até que se reúnam os profissionais necessários, não existem condições para a realização do evento. A primeira vez que o grupo subiu a palco foi em 2022, tendo apresentado cinco composições originais no festival Nascentes. Encarregues da abertura do encontro, os Ligados às Máquinas reuniram um público de cerca de 400 pessoas, atesta Paulo Jacob. A orquestra dedica-se ao planeamento de um concerto de apresentação do primeiro álbum, e tenta ampliar os horizontes ao procurar novas colaborações com entidades e artistas. Como projeto futuro, começam a esboçar os primeiros passos para a produção de um segundo disco.

Natação da AAC/UC vence prata no CNU com 14 medalhas no total

Treinador da equipa sublinha: “íamos com muita vontade de ganhar”. Próximo foco está no CNU de Natação de Piscina Longa.

- POR LAURA GURATE -

OCampeonato Nacional Universitário (CNU) de Natação de Piscina Curta realizou-se no dia 24 de novembro, em Matosinhos, e juntou na cidade mais de 278 atletas-estudantes. A equipa universitária da Associação Académica de Coimbra e Universidade de Coimbra (AAC/UC) sagrou-se vicecampeã depois de conquistar, dos 24 títulos em disputa, um total de 14 medalhas, seis nas provas masculinas e oito nas femininas. Os desportistas arrecadaram cinco medalhas de ouro, seis medalhas de prata, três medalhas de bronze e, com atletas a apresentarem as suas melhores marcas pessoais, bateram ainda cinco recordes nacionais.

Sobre a preparação dos seus atletas, o treinador da equipa de natação da AAC/UC, Miguel Abrantes, refere que, após serem pré-selecionados, estes realizam os seus treinos de forma

individual, nos respetivos clubes. Confessa que a equipa tenta “invadir o mínimo possível o modelo de preparação” dos desportistas. A equipa composta por 43 atletas foi, aos olhos do treinador, “muito capaz” e entrou na competição com uma mentalidade vencedora: “íamos com vontade de ganhar”.

O técnico admite que a Universidade Nova de Lisboa, campeã da CNU de Natação de Piscina Curta com um total de 16 medalhas, apresentou-se “a alto nível, com reforços vindos dos grandes clubes lisboetas”. Assinalou que a Universidade Nova, este ano reforçada com atletas do Sporting CP e SL Benfica, “esteve forte”. Mesmo assim, considera que os objetivos da equipa de Coimbra foram “mais do que cumpridos” e destaca o comportamento exemplar dos elementos, “sempre solidários e honestos entre si”.

A próxima competição na agenda da equipa vai ser o CNU de Natação de Piscina Longa, a acontecer em 2025. Segundo Miguel Abrantes, os treinos vão ser feitos individualmente, em sede de clube, semelhante à preparação deste ano para o campeonato de Natação de Piscina Curta.

O técnico ressaltou o apoio dado pela Direção-Geral da AAC, que “esteve sempre presente e não deixou que os atletas tivessem outras preocupações além de nadar e desfrutar do momento”. Deixou uma palavra final para o grupo e para a união sentida: “o espírito foi fantástico, o que tornou tudo mais fácil”. Conclui com uma mensagem para o coletivo: “não dou os parabéns a ninguém em particular, mas a todos”.

Entre saltos e conquistas: atletas da Académica trazem ouro e prata para Casa

Torneio marcou início da nova época e fomentou superação e espírito de equipa. “Ainda há muitos objetivos por conquistar”, constata coordenadora da equipa.

- POR ANA ALMEIDA -

No passado dia 16 de novembro decorreu o Campeonato Nacional Universitário de Ginástica de Trampolins, em Vila do Conde. Com seis medalhas no total e um duplo pódio em minitrampolim, a Secção de Ginástica da Associação Académica de Coimbra (SG/AAC) foi “a mais pontuada” de acordo com a treinadora de ‘tumbling’ e coordenadora técnica da equipa, Mariana Pombo. Dentro das diversas categorias em que participou, a equipa da Académica destacou-se com medalhas de ouro no Duplo Mini Trampolim Masculino, no Duplo Mini Trampolim Masculino de Equipas e no Trampolim Feminino de Equipas. Além disso, no ‘tumbling’ (modalidade estreante) saiu vitoriosa com medalhas conquistadas tanto na categoria feminina quanto na masculina.

Embora não tenham alcançado pódios no

trampolim individual, o desempenho “foi sólido e a equipa mostrou consistência com várias séries executadas de forma correta”, reforçou a coordenadora técnica. Segundo a mesma, a preparação para a competição seguiu o plano normal da época e, por ainda estar no início, “ainda há muitos objetivos por conquistar”. A moral da equipa está “elevada” devido às vitórias, que trouxeram uma sensação de “esforço recompensado por todo o trabalho árduo”, destaca Francisca Pinto, que venceu a medalha de prata no ‘tumbling’ e a de ouro em Trampolim Feminino de equipas. A “gestão de tempo” entre aulas e treinos é salientada pela atleta como um dos pontos fortes dos estudantes que participaram neste campeonato. Mariana Pombo acrescenta que, neste campeonato, os ginastas puderam “voltar a fazer aquilo que sempre gostaram” sem que imped-

imentos da vida académica limitassem a sua presença. Além disso, por ser um evento universitário, o ambiente foi “mais divertido e não tão competitivo”, refere Joana Abrantes, atleta vencedora da medalha de ouro em Trampolim Feminino de equipas.

Com a temporada já em andamento, a próxima competição vai ser o Campeonato Territorial com data marcada para fevereiro. Até lá os atletas vão aproveitar para “aperfeiçoar novas técnicas”, segundo a treinadora. Com uma temporada cheia de desafios pela frente, os ginastas mantêm o foco nos próximos objetivos, motivados pelos resultados neste Campeonato Nacional Universitário. “Estamos todos de parabéns, tanto os ginastas quanto a equipa técnica, a prova foi um sucesso e uma forma de iniciar a época com confiança,” concluiu a mentora.

Será o pior cego aquele que não quer

ver?

Comunidade persiste em “acreditar em mentiras das suas convicções”, aponta Miguel Dias, ativista. António Carvalho, sociólogo, defende que “estigma negativo associado ao negacionismo” deve ser combatido.

- POR BEATRIZ CANIÇO E JOANA MARQUES -

Segundo um estudo realizado pelo Annenberg Public Policy Center (APPC) na Universidade da Pensilvânia, entre 2018 e 2024, a credibilidade de cientistas diminuiu no último ano para a população norte-americana. Foram analisadas categorias como a confiança em si depositada e a sua competência, e inquiridos mais de quatro mil cidadãos. Com base na amostra representativa, a confiabilidade da sociedade nestes profissionais diminuiu cerca de 10% entre 2023 e 2024. Os cientistas ambientais foram considerados menos credíveis em comparação com profissionais de outras áreas. Especialistas portugueses não consideram que o mesmo esteja a acontecer em Portugal.

João Fernandes, astrónomo e professor da Universidade de Coimbra, admite não reunir dados que permitam tirar conclusões sobre a evolução da desconfiança na ciência no país. Na sua opinião, é a maior facilidade de divulgação de ideias pseudocientíficas que causa a impressão de aumento de convicções adversas ao conhecimento das investigações. O sociólogo António Carvalho e o ativista climático Miguel Dias concordam que o crescimento do negacionismo não é tão direto quanto a maior parte das pessoas pensam.

As causas da existência do teor negacionista na sociedade atual divergem. O ativista aponta o anonimato proporcionado pelas redes sociais aos utilizadores como um fator importante na evolução deste fenómeno. Já para António Carvalho, a desconfiança da sociedade deve-se ao facto de a ciência ser fulcral na definição de políticas públicas. O sociólogo defende que o conjunto das crises climática e pandémica, e o choque cultural , causam a “diversidade epistemológica” à qual se devem os fatores do estado presente.

Tanto os investigadores como o ativista acreditam que a maioria da população confia na ciência. João Fernandes revela que, na sua experiência, não nota uma diminuição de interesse. “Não acho que a desinformação, a pseudociência ou o negacionismo estejam a ganhar relativamente a argumentos racionais”, acrescenta. Defende que a sociedade em geral reconhece o papel deste setor no progresso da humanidade . Já segundo o estudo realizado pela universidade norte-americana, em 2024 apenas 28% da população do país concorda fortemente que as descobertas científicas beneficiam a nação como um todo, um decréscimo de 9% comparado ao ano anterior.

“A forma de lidar com o obscurantismo e negacionismo é a educação”, declara o astrónomo, crente de que as atividades desenvolvidas por centros de investigação e universidades são o ponto de partida para uma comunidade informada. Em comparação, o ativista soluciona a questão ao incidir sobre disciplinas escolares, como a Cidadania e Desenvolvimento, e ao defender o uso de redes sociais para combater “fake news” a partir do esclarecimento de ideias falsas divulgadas.

Com um ponto de vista oposto, o sociólogo realça a importância do conhecimento da origem do negacionismo para a compreensão do seu papel na atualidade. “O termo foi popularizado no século passado para se referir a grupos que negavam o extermínio em massa de judeus”, explica. Perante a sua evolução, considera que hoje esta temática está associada a coletivos que criticam não necessariamente a ciência, mas a forma como premissas científicas são usadas pelos governos para justificar medidas públicas.

António Carvalho acredita que a procura de iniciativas que combatam esta desconfiança advém do “estigma negativo associado ao negacionismo”. Aponta as más condições de produção científica afetadas pela falta de investimento como uma das causas do problema. É com a falta de neutralidade na ciência que António Carvalho justifica a desconfiança da sociedade nas políticas baseadas em estudos. A investigação realizada na Universidade da Pensilvânia corrobora: apenas 41% dos inquiridos concordam que os cientistas no geral conseguem superar preconceitos humanos e políticos e 45% que conseguem apresentar conclusões imparciais numa área de inquérito.

Segundo António Carvalho, a evidência científica é, por vezes, selecionada de uma forma “bastante específica” para justificar medidas políticas. No seu ponto de vista, alguns grupos são desconsiderados e reputados como “opostos à razão” apenas por sugerirem alternativas às medidas mais “autoritárias” propostas pelo Estado. O sociólogo contraria a ideia de que “quem não acredita na verdade oficial é negacionista ou até bárbaro, incivilizado”.

A área de trabalho de Estudos de Ciência e Tecnologia perceciona isto como um estigma que tem de ser desconstruído e defende que a “solução” para o negacionismo não passa pela educação, porque não considera a ignorância como a origem do problema. “Políticas baseadas na evidência vão sempre gerar reações que contrariam este autoritarismo”, explica António Carvalho. Num tom curioso, conclui ao expressar o seu interesse em descobrir quais vão ser “os próximos fenómenos de negacionismo a serem promovidos na sociedade futura”.

Fotografia por Beatriz Caniço

A ciência investiga, a arte explica

Comunidade científica investe na comunicação através da cultura. “A parte humana da ciência é muito importante para envolver todos”, expõe coordenadora do gabinete de comunicação do CNC-UC.

- POR RAFAEL FALANGE E ALICE PIMENTA -

Ivestigação e comunicação. Estas são cada vez mais as palavras de ordem do guia prático de um investigador, que têm vindo a ver o seu trabalho estender-se além do laboratório. É de interesse dos cientistas transmitir os seus resultados e informações obtidas com os estudos desenvolvidos às grandes camadas da população e, para isso, é preciso que as ideias sejam expostas e simplificadas. A isto dá-se o nome de divulgação científica, que tem gerado entusiasmo por parte da comunidade, incluindo agências financiadoras que dão valor a projetos que comunicam e destacam a criação de cultura científica. A facilitação da informação assume várias formas: desde ilustrações que expõem visualmente a investigação e eventos que informalizam as conversas académicas, à digitalização dos documentos científicos. Abrange ainda palestras direcionadas a um público mais novo, através de peças que levam para o palco o que acontece dentro do laboratório.

A exemplo disso, a companhia de teatro Marionet é a única no país com o objetivo de cruzar teatro e ciência nas suas peças e, assim, fazer divulgação científica. No entanto, esta índole surgiu por acidente. Após a escrita do guião do seu espetáculo, “A Revolução dos Corpos Celestes”, a equipa entrou em contacto com o professor Carlos Fiolhais para averiguar o rigor astronómico do texto. Após a apresentação,

perceberam que tratar a dramaturgia com precisão científica poderia ser um nicho artístico a se explorar.

Na sua iniciativa Ler Ciência com Teatro, a companhia pretende dar a conhecer dramaturgias com teor científico através de sessões de leitura com entrada livre. As peças lidas nestas tertúlias vêm do Centro de Documentação em Artes Performativas e Ciência, uma biblioteca criada pela própria Marionet em 2012. O projeto tem como propósito dar continuidade ao ensino científico fora do palco e levar os guiões a serem apresentados mais tarde.

De acordo com a diretora de produção da companhia, Francisca Moreira, as peças “são quase todas escritas de raiz”. O diretor artístico da Marionet, Mário Montenegro, assina muitos dos espetáculos que são apresentados. Para este efeito, o grupo procura trabalhar com investigadores e médicos, mas também com os próprios doentes, com o propósito de exibir ao público “o lado humano da ciência”. Os testemunhos dos pacientes são usados nas peças como material. “A questão é ter tato para entender até onde podemos ir”, explica.

Ciência recorre à cultura

Vários são os órgãos académicos que demonstram interesse em trabalhar de forma paralela a Marionet. “Os cientistas têm dificuldade em comunicar quando querem transmitir algo

à população por causa da sua linguagem muito própria”, sublinha Francisca Moreira. Pontua que isto não é um caso isolado. Em função disto, a comunidade científica tem dado importância à comunicação com a criação de gabinetes dedicados a esta área.

O Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC) é exemplo disso. O organismo usa a cultura para transmitir resultados obtidos pela comunidade científica. A coordenadora do gabinete de comunicação do CNC-UC, Sara Amaral, realça que, para que exista apoio ao trabalho científico, é “fundamental ajudar o público a compreender o que faz um cientista e a sua importância na sociedade”. Este tipo de comunicação tem de ser feita “das mais diversas formas e para diferentes tipos de público”, salienta.

À semelhança disso, o CNC-UC coordena o evento mensal PubhD Coimbra que desde 2017 convida “três alunos a falar do seu trabalho de investigação de maneira informal no bar Liquidâmbar”, informa Sara Amaral. Este encontro conta com a participação de doutorandos das mais diversas áreas. A iniciativa nasceu na Inglaterra no ano de 2014, mas está a ser adotada pelo resto da Europa.

O diretor do UC Exploratório e do Museu da Ciência da UC (MCUC), Paulo Trincão, informa que ambos os espaços têm como objetivo

Cedida

“abrir o conhecimento para o maior número de pessoas possível, alunos ou não”. As entidades procuram ensinar a população sobre diversas áreas científicas através de atividades com componentes interativas e de experimentação.

Apesar do organismo planear iniciativas focadas em crianças com menos de dez anos, também organiza debates e conferências para o público adulto. É o caso do Ponto nos iii - Science Beer Talks, uma conversa com investigadores da UC acompanhada por uma degustação de cerveja artesanal na terceira quarta-feira de cada mês. Este ciclo ambiciona divulgar, de forma acessível, a investigação desenvolvida pelos mesmos.

A universidade começa aqui

Coimbra não se foca somente na comunidade universitária. Vários órgãos preocupam-se com o ensino através da cultura para os mais novos. Um dos projetos que trabalha com o público infantil é o UC Exploratório, que é “mais adequado para a difusão da cultura científica para os pequenos”, explica Paulo Trincão. O espaço inclui diversas atividades interativas com o intuito de ensinar sobre variadas áreas da ciência. Também o CNC-UC atribui importância em focar na educação dos jovens: “é fundamental alcançar o público juvenil, para que a sociedade se torne mais capaz de tomar decisões de índole científica”, perspetiva Sara Amaral. Os mais novos, além de fazerem parte da equação quando se trata de projetos do centro, são também “parceiros na construção de conteúdos de literacia científica”, sublinha a coordenadora.

A iniciativa Brain Gain funda-se numa vontade de democratizar o conhecimento em neurociências. Tenciona fomentar o contacto de alunos do ensino secundário com profissionais da área e destacar a qualidade do trabalho realizado em Portugal. No dia 27 de novembro o projeto promoveu um evento de lançamento e distribuição gratuita do seu livro “Neuro… Quê? Um Guia Sobre Profissões em Neurociências”. A obra procura informar os estudantes sobre as diversas vertentes da disciplina. O encontro iniciou com uma palestra direciona-

da para alunos do ensino secundário e contou com a casa cheia. Reuniu também uma mesa-redonda que apresentou a equipa interdisciplinar, com cientistas, ilustradores, comunicadores de ciência e um aluno representante do 12.º ano da Escola Secundária Infanta D. Maria. O grupo de teatro Coimbra Impro contou com a participação dos palestrantes para finalizar a sessão.

Não neCESsita requisição

Já no Centro de Estudos Sociais (CES), a Biblioteca Norte/Sul tem como cerne reunir produção científica e serve-se da divulgação do seu catálogo ‘online’ a fim de difundir a ciência. De acordo com o coordenador da biblioteca do CES, Acácio Machado, o conhecimento científico “deve ser disseminado da forma mais prática possível”. Estas obras podem agora ser consultadas no meio digital.

O espaço também oferece atividades culturais para partilhar conhecimento. “Leituras em Diversidade” é um projeto em parceria com a Biblioteca Geral da UC. No entanto, por entraves financeiros, esteve em pausa em 2024. Da mesma forma, a Biblioteca Norte/Sul juntou-se com a Casa da Esquina para realizar a

iniciativa pontual da Feira do Livro Dado, na qual o público pode levar um livro para trocar por outro. O coordenador reitera ainda a importância de atividades como esta para “chamar gente, espalhar o conhecimento e valorizar o que se faz”.

Constrangimentos do futuro

A digitalização também é uma ferramenta para fomentar a acessibilidade à ciência e, aliada a uma falta de espaço para todos os documentos, leva a Biblioteca Norte/Sul a investir nesta estratégia. “A nossa importância enquanto biblioteca é estar no centro da difusão do conhecimento”, aponta Acácio Machado. De momento, o espaço conta com apenas dois funcionários e a disponibilização dos objetos no meio digital “requer recursos financeiros e depara-se com uma resistência da população em geral, que tem uma preferência pelos livros físicos”, reitera o coordenador. Além disso, expressa que esta transição tem interferido com “a presença dos leitores na biblioteca, que a acedem remotamente”.

Outras instituições seguem o rumo da digitalização. O MCUC está a passar pelo mesmo processo com o seu catálogo, e partilha os desafios da biblioteca. Contudo, o diretor do museu acredita que o futuro do consumo de conhecimento científico deve se basear em “ver os objetos reais”. Incentiva a visita presencial aos espaços de divulgação científica académica. “Isso deve ser o coração dos museus da universidade”, adiciona.

A comunicação científica constrói pontes entre investigadores e leigos. A cultura facilita este propósito por trazer “a parte humana da ciência, muito importante para envolver toda a comunidade”, elabora Sara Amaral. Relata ainda que as atividades do CNC-UC “não querem dizer às pessoas o que devem decidir”, apenas permitir que o façam de forma consciente. Como nota final, Francisca Moreira comenta que a ciência e a arte estão sempre interligadas: “tudo que é humano está no teatro”.

Rafael Falanghe
Rafael Falanghe

As dificuldades invisíveis de um estudante com deficiência na UC

Entre diferentes desafios enfrentados por estudantes com deficiências no Ensino Superior, só alguns são acudidos pelos serviços da universidade. Estudante com estatuto de NEE propõe sessões de consciencialização para melhorar acessibilidade.

- POR ISABEL PASQUALI -

Dia 3 de dezembro comemora-se o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, data fixada desde 1992 pela Organização das Nações Unidas para a celebração, conscientização e defesa dos direitos daqueles que possuem necessidades especiais. Na Universidade de Coimbra (UC), estudantes com deficiências físicas, sensoriais, mentais ou intelectuais podem requisitar o estatuto de Necessidades Educativas Especiais (NEE). Estes alunos dispõem de apoios como os Serviços de Ação Social da UC (SASUC) e o seu Núcleo de Integração e Aconselhamento. Também contam, à semelhança dos restantes, com o atendimento da Provedoria do Estudante.

A vida da pessoa com deficiência

As diversas condições incluídas no “chapéu da deficiência” podem dar origem a dificuldades de aprendizagem no ensino básico, secundário e superior. De acordo com as necessidades de cada um, de um diagnóstico e identificação prévia, podem ser fornecidos apoios educativos, sociais e médicos. Telma, estudante da UC com o estatuto de NEE, relata a dificuldade em obter um diagnóstico quando se tratam de questões mentais e psicossociais, “principalmente para mulheres e na vida adulta”. Esta privação de uma qualificação anterior ao Ensino Superior dissimula a extensão do espectro das ditas deficiências e pode “desvalidar o desejo de procura de ajuda”.

Telma reitera que “o ensino e métodos de aprendizagem podem muitas vezes não ser ad-

aptados às necessidades específicas de cada aluno”. Relembra os anos no ensino secundário, quando a sua escola, “ao invés de se preocupar com a compreensão dos alunos, preferiu manipular as notas”. Em Coimbra, apesar dos esforços para acudir certas adversidades através de condições específicas atribuídas pelo NEE, o nível de dificuldade do ensino continua a condicionar o grau de acessibilidade, sublinha a estudante. Como obstáculos aponta questões de memória, interpretação e métodos de pesquisa. A Provedora do Estudante da UC, Cristina Vieira, ressalta que “ainda assim existem exemplos de grande sucesso e superação de estudantes com necessidades específicas na universidade”. Esclarece que “hoje há medidas de apoio e mitigação de riscos que permitem que as possíveis vulnerabilidades destes estudantes não se tornem um perigo”.

Medidas de apoio educativo e social à disposição

Na sua entrevista com os SASUC, o estudante com estatuto de NEE pode solicitar as condições especiais mais adaptadas ao seu caso. Algumas medidas são a possibilidade de sair das salas durante aulas e exames para desanuviar, a realização de exames em isolamento ou o acordo de mais tempo para a execução de trabalhos e frequências. Podem também recorrer a estes serviços para questões de alojamento.

A Provedora do Estudante cita ainda iniciativas de outras instâncias da UC. O StudentHub, por exemplo, tem desenvolvido projetos de

Isabel Pasquali

apoio interpares, mobilizando tutores no âmbito do programa Step by Step. Outros parceiros, como o Fundo Solidário Next, também podem desempenhar um papel de ajuda social e educativa. As próprias faculdades da UC têm os seus serviços de apoio. Cristina Vieira reforça que “quando os casos surgem, as respostas também, nunca chegou à Provedoria nenhuma reclamação sobre a falta de soluções perante um pedido de NEE”.

O que pode ser melhorado?

A falta de divulgação destas medidas e dos prazos a cumprir para a obtenção do estatuto de NEE é um ponto ressaltado por Telma e reconhecido pela Provedora do Estudante. A aluna sugere uma melhor comunicação ao nível mediático por via de ‘e-mails’ quanto aos prazos, mas também aos direitos e possibilidades de adaptações que estudantes com deficiência podem solicitar. “O facto de cada um escolher os seus próprios critérios é uma boa tentativa, mas pode ser confuso por não se saber ao que se tem direito”, explica. Outra preocupação de Telma e de Cristina Vieira é a reavaliação semestral do estatuto, que ocorre com uma frequência “desnecessária” para deficiências permanentes.

A sensibilização do ambiente universitário é também um ponto levantado por ambas. A Provedora do Estudante traz ao debate a possibilidade de “haver, no início do ano, sessões de esclarecimento e sensibilização com os coordenadores de curso”. Essas serviriam para conscientizar tanto funcionários de cada faculdade, quanto docentes e alunos. Cristina Vieira lembra ainda questões sobre a formação dos docentes: “existe uma preocupação com o sucesso dos seus estudantes e na identificação de casos de vulnerabilidade, mas, nos discursos há dúvidas implícitas sobre como agir”.

A Provedora do Estudante salienta: “não estamos num momento perfeito, podia fazer-se muito mais”. Admite que apesar de serem necessários mais recursos, a UC acaba por “fazer o melhor trabalho que pode”. Cristina Vieira encoraja a Associação Académica de Coimbra e os diversos núcleos de estudantes a criarem iniciativas de visibilidade e celebração de vitórias. Telma também incentiva estas atividades não só para uma maior consciencialização, mas para trazer todas estas questões à comunidade.

ANAI encerra comemorações dos 30 anos com novo espaço

Projeto “30 anos - 30 eventos” quer aumentar visibilidade da associação. Sónia Vinagre acredita que novo espaço pode impulsionar sonho de estrutura residencial para idosos.

AAssociação Nacional de Apoio ao Idoso (ANAI) nasceu em 1994 na cidade de Coimbra. Nessa época “era sentida a necessidade de instituições que dessem resposta aos problemas da população sénior do concelho”, conta a presidente e diretora técnica, Sónia Vinagre. A instituição conta com dois edifícios, um na Rua das Romeiras, adquirido este ano, e outro cedido pela Câmara Municipal de Coimbra, situado na zona da Baixa, na Rua João Cabreira.

Sónia Vinagre explica que o objetivo primordial da ANAI sempre foi “criar projetos que deem respostas diferenciadoras e que sejam uma mais-valia na promoção da qualidade de vida da população sénior do concelho de Coimbra”. Ao longo dos anos, a atividade foi pautada pela criação da Universidade do Tempo Livre (UTL) e de diversas valências sociais, como o centro de dia, a Oficina do Idoso e um dos bancos de ajudas técnicas “mais bem equipados do país”, expõe a presidente. A UTL, uma das primeiras universidades para idosos a surgir em Portugal, foi classificada como instituição de excelência pela Rede de Universidades Seniores.

A par desta conquista, Sónia Vinagre menciona que este ano a ANAI ganhou o prémio Caixa Social, da Caixa Geral de Depósitos, cujo financiamento vai servir para monitorizar o estado de saúde de idosos isolados. Este projeto, que vai ser colocado em prática em dezembro, destina-se às “pessoas que estão em casa e que muitas vezes não vão ao médico”, explica a presidente. Desta forma, através de uma parceria com a One Care, serviço de suporte técnico a idosos, vão ser empregues instrumentos de saúde ao domicílio. Estas ferramentas apresentam a capacidade de oferecer informações em tempo real sobre os problemas que possam existir.

Com a intenção de celebrar os seus 30 anos de funcionamento, a associação encontra-se a dinamizar o projeto “30 anos - 30 eventos”. Entre concertos, galas solidárias e conferências, Sónia Vinagre avalia que as várias iniciativas obtiveram uma grande adesão. Entre as 27 atividades já realizadas, a gala no Convento de São Francisco foi a que “melhor refletiu o carinho e afetividade da comunidade” e que mais marcou a presidente da ANAI. A responsável acredita que este evento revelou a importância de fortalecer a ligação da organização com a co-

munidade local e de ampliar a sua visibilidade. Assegura ainda que o investimento na divulgação “ajudou a dar a conhecer a associação e a sensibilizar para esta causa”.

A ideia dos 30 eventos visa não só comemorar a “longevidade da organização e envolver a comunidade, como também gerar receitas”, informa Sónia Vinagre. Esclarece também que a ideia foi proposta pela vice-presidente, Maria Helena Caldeira Martins, com o intuito de “produzir algo grandioso, mas que também tivesse um impacto financeiro positivo para a instituição”. Apesar das dificuldades no começo das comemorações, a programação permitiu cumprir o propósito de “gerar as receitas necessárias à associação”, revela a responsável. Contudo, ao longo do ano, a ANAI enfrentou desafios inesperados. Para Sónia Vinagre, a mudança de instalações, da zona de Celas para as Romeiras, foi um grande obstáculo, que colocou a instituição numa posição delicada. Relembra a preocupação sentida com a manutenção da UTL, com cerca de 250 alunos, alguns dos quais poderiam perder com esta mudança. A necessidade de angariar fundos impulsionou a abertura do novo espaço, que abriu portas no dia 15 de outubro, apesar de as obras ainda estarem a decorrer. A diretora conta que, mesmo assim, “90% dos alunos tiveram a sensibilidade de pagar a mensalidade inteira” e que este reconhecimento é “gratificante”. Conclui que a mudança acabou por ser uma aposta vencedora e que o esforço foi recompensado, uma vez que “foi visível o aumento do número de inscrições”.

deste imóvel não teria sido ultrapassado “sem a colaboração e solidariedade de associados, amigos, voluntários e do tecido empresarial”.

A ANAI está em “franco crescimento e é uma instituição muito procurada que não descura o trabalho de qualidade nas respostas sociais”, garante a responsável. Com património próprio pela primeira vez, refere que o foco nos próximos nove anos passa por cobrir os custos deste investimento. A diretora conta que “apesar do acontecimento inesperado, esta casa abriu espaço para novas perspetivas e para desenvolver outros sonhos”. Um dos obje-

tivos, que consiste na criação de uma estrutura residencial para pessoas idosas, não seria possível nas instalações cedidas em que operavam, ilustra.

O ciclo de celebrações vai culminar com a inauguração de uma nova casa, “um espaço que é de toda a comunidade e de toda a cidade”, reflete Sónia Vinagre. Ainda assim, admite que o desafio inerente à aquisição e reconstrução

Segundo Sónia Vinagre, após a celebração do trigésimo aniversário e com a conclusão do novo edifício, a ANAI compromete-se a implementar o Caixa Social e a continuar focada nas necessidades da população. “Além de ser uma referência no apoio aos idosos, a associação também se tem reinventado, adaptando-se às novas realidades e desafios”, reforça. A relevância desta data é destacada pela presidente como “não apenas uma marca no calendário, mas um reflexo do esforço, da dedicação e da resiliência de uma equipa que continua a fazer a diferença na vida de muitas pessoas”.

Cedida

Luzes de Natal iluminam corações em Coimbra

Atividades de época festiva pretendem chegar a todas as realidades. “É no gesto de dar que se encontra a verdadeira magia natalícia", enfatiza coordenadora de delegação de CASA.

- POR LEANA CARVALHOSA E MARIANA CASTRO -

Neste mês de dezembro, Coimbra torna-se palco de vários eventos e iniciativas natalícias. Coimbra Magic Land é a aldeia de Natal que ocupa o Parque Verde do Mondego - Choupalinho pelo segundo ano consecutivo com atividades alusivas à época. Em prol dos lojistas da Baixa, a Associação para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC) intensifica a sua atividade durante este período com “especial atenção” para a dinamização do comércio local, explica a presidente, Assunção Ataíde. Em paralelo, associações como a REMAR, a Cáritas Diocesana de Coimbra e o Centro de Apoio a Sem-Abrigos (CASA) mobilizam-se para garantir que ninguém fique esquecido durante as festividades.

Magic Land, a aldeia “onde a magia acontece”

No coração do Natal de Coimbra surge o Coimbra Magic Land, a aldeia natalícia da cidade, que se destaca por oferecer entretenimento para todas as idades. Dina Maia, representante da empresa Vertente Versátil e responsável pela produção do evento, destaca a diversidade de atividades, como “mercadinhos de Natal, pinturas faciais e modelagem de balões”. Na sua opinião, este é o aspeto que “diferencia o Magic Land de outros eventos parecidos”.

A organizadora aponta para um “investimento ambicioso”, que ultrapassa os 500 mil euros. Avalia que o Magic Land está a ser “muito bem” recebido não só pelos conimbricenses, como também por visitantes de várias partes do país. “Estamos muito satisfeitos, começámos bem e tenho a certeza que vamos acabar melhor”, considera.

Atividades natalícias inundam a Baixa conimbricense

Para proteger o comércio local durante esta época, a APBC aposta em revitalizar a Baixa da cidade. Com 18 anos de existência, a associação pretende “unir tradição e modernidade”, pontua a presidente, Assunção Ataíde. A iniciativa surgiu devido à ascensão das grandes superfícies e promove eventos culturais, em parceria com a Câmara Municipal de Coimbra com o objetivo de “tornar a Baixa mais apelativa”, contextualiza.

Neste Natal, o plano de atividades, que Assunção Ataíde trata “com muito carinho”, inclui visitas guiadas a igrejas para conhecer os

diferentes presépios, “porque cada um tem a sua própria identidade”. A representante da APBC destaca que as iniciativas natalícias na Baixa são “uma forma de atrair famílias, apoiar o comércio local e reforçar o sentido de comunidade que caracteriza esta época do ano". A presença do grupo de professores do conservatório ‘Dixie Gringos’, que vai atuar pelas ruas no dia 21 de dezembro, é também um elemento destacado pela dirigente. “É jazz natalício pela Baixa, com jazzistas fora do comum", reforça.

Dentro do panorama das atividades dinamizadas está o “Pai Natal sobre Rodas", uma iniciativa solidária na qual carros clássicos vão até à Praça 8 de Maio para trazer alimentos

Leonor Viegas
Leonor Viegas

para uma associação, como clarifica a representante. Conta ainda que vai acontecer um Concurso de Montras, tradição que visa não só “embelezar as ruas da cidade, mas também incentivar o comércio local para participar ativamente na celebração desta época festiva”. Para Assunção Ataíde, este concurso "fortalece o vínculo entre os lojistas e a comunidade, tornando o Natal na Baixa ainda mais acolhedor e vibrante".

O comércio tradicional mantém vivo o centro histórico

À medida que a data se aproxima, os lojistas de Coimbra revelam uma pluralidade de sentimentos. Alguns mantêm uma perspetiva otimista ao destacarem a oferta de produtos exclusivos e o charme do comércio tradicional, que atrai tanto os locais como os turistas. Outros apontam para os desafios impostos pelas grandes empresas e pelas mudanças nos hábitos de consumo. Na opinião dos trabalhadores, a maioria dos consumidores prefere a conveniência das compras online ou nas grandes cadeias, o que dificulta a concorrência com os pequenos negócios.

Mesmo assim, muitos comerciantes continuam a apostar no que é característico da região. “Acho que devem vir ao comércio tradicional para que o centro histórico não morra”, afirma Cláudia Simões, lojista na Baixa.

A proprietária da DPF Pedrosa, loja especializada em vestuário infantil, expressa uma perspetiva cautelosa, mas otimista sobre a temporada: “temos de ter esperança”. Dora Frade ressalta a importância de oferecer produtos exclusivos que não são encontrados nas grandes superfícies. Acrescenta que o comércio tradicional “tem muito a oferecer, apesar das dificuldades”. Em sintonia com essa visão, Cláudia Simões, funcionária da loja Arménio, frisa a ideia de que o comércio local é essencial para preservar a essência das cidades e apela à população para que invista nas lojas tradicionais e apoie os pequenos negócios.

ca e lembra que, apesar da recuperação temporária durante a pandemia, o comércio local “continua a sofrer”, sobretudo face à forte concorrência dos negócios de grandes dimensões.

Natal, Coimbra e solidariedade de mãos dadas

Enquanto iniciativas como o Concurso de Montras trazem um espírito natalício que dinamiza o comércio local, há também outras ações que se dedicam a apoiar os mais necessitados. Neste âmbito, a associação CASA, que nasceu da vontade de apoiar cidadãos em situações vulneráveis, mobiliza voluntários para diversas atividades durante o mês de dezembro. Com a chegada do Natal, “a solidariedade intensifica-se”, o que reflete o “verdadeiro espírito da época”, acredita Helena Igreja Pereira, coordenadora da delegação do CASA. Uma das iniciativas destacadas é o projeto dos apartamentos partilhados, que visa apoiar pessoas em situação de vulnerabilidade so-

visa apoiar cerca de 200 famílias ao oferecer alimentos e cartões presente. A diretora técnica do centro de apoio social, Ana Paula Cordeiro, menciona a importância da colaboração das comunidades, empresas e cidadãos. "Este esforço coletivo é fundamental para garantir um Natal mais digno para todos", reitera. Embora considere que o feriado traz maior solidariedade, a Cáritas pede que a ajuda se concentre nas necessidades urgentes, como alimentos. "É gratificante ver a união das comunidades, pois é através da partilha que conseguimos fazer a diferença na vida das famílias", sublinha. Ana Paula Cordeiro realça que “o Natal é um tempo de esperança e alegria, onde todos somos chamados a celebrar juntos, mesmo com dificuldades”. Neste sentido, “é muito importante que as comunidades se envolvam, desde empresas a estudantes”, lembra a responsável. Conclui a apelar à participação de todos para que “as pessoas que se envolvem também ganhem consciência da realidade social em que vivemos”.

cial. Segundo a responsável, “o objetivo é dar a quem mais precisa a possibilidade de aprender a viver de forma autónoma e reforçar as suas competências essenciais, com o suporte da equipa”. Além da iniciativa da partilha de habitação, com a procura crescente por bens alimentares, o CASA distribui refeições aos sábados e dinamiza ceias na noite de consoada. Entre os projetos já realizados, destaca um dos jantares solidários, onde estiveram cerca de 300 pessoas.

Na mesma linha, Dina Costa, empregada na Lusalar, acredita que o comércio tradicional tem sido prejudicado pelo aumento das grandes empresas, mas, ainda assim, espera que o Natal “traga algum movimento”. Para a trabalhadora, a experiência de comprar em lojas locais tem um “toque mais pessoal e único", o que deve ser tido em conta pelos consumidores: “lembrem-se do comércio tradicional, que é tão lindo”. Já Sérgio Valde, proprietário da SV Papelaria, adota uma posição mais críti-

De acordo com Helena Igreja, as parcerias com outras organizações e empresas locais permitem que as ações ganhem maior alcance e eficácia e que beneficiem um número cada vez maior de pessoas em Coimbra. Sob a ideia de que "o Natal é uma época que lembra a importância da solidariedade”, a coordenadora acredita que é “no gesto de dar que se encontra a verdadeira magia natalícia e a força para transformar realidades".

Ao mesmo tempo, a Cáritas Diocesana de Coimbra organiza a iniciativa Natal Solidário, que

Além destes coletivos, a organização não governamental REMAR prepara campanhas de angariação de bens e brinquedos para famílias em situação de vulnerabilidade. Os representantes das associações concordam que a atmosfera festiva, ligada às iniciativas solidárias, distingue o Natal como um momento de partilha e união.

As festividades natalícias até 2025 O Natal em Coimbra é celebrado com uma programação que une tradição, arte e desporto, até dia 6 de janeiro, com atividades dinamizadas pelo Coimbra Natal´24. No âmbito cultural, o grupo de concertinas Os Sempre na Paródia vai atuar na Praça do Comércio no dia 6 de dezembro, com uma atuação de música tradicional. Já dia 7, às 16 horas, o Rancho Folclórico Rosas do Mondego vai marcar presença no Mercado Municipal D. Pedro V. Para apreciadores de artigos feitos à mão, o Largo da Sé Velha acolhe, no dia 14 de dezembro, uma feira de artesanato urbano, enquanto os Hype Markets destacam jovens artesãos. O primeiro vai ter espaço no Mercado Municipal D. Pedro V, no dia 16, e o segundo decorre dia 21 no Largo da Sé Velha. A programação inclui também iniciativas desportivas, como a 46ª São Silvestre de Coimbra, uma caminhada, marcada para o dia 14. Para os mais novos, vão haver espetáculos infantis como o “Panda e os Caricas”, no mesmo dia.

Leana Carvalhosa

Quantas mais precisam sofrer?

- POR RAFAEL PEREIRA - SECÇÃO DE DEFESA DE DIREITOS HUMANOS DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA -

Depois da semana marcada pelas manifestações que assinalaram o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra a Mulher, é necessário refletir sobre o impacto devastador da violência machista em Portugal. Este não é um problema isolado, mas uma manifestação de um sistema estrutural que perpetua a desigualdade de género e a desvalorização das mulheres. É esse sistema que cria os números alarmantes que todos os anos chegam através de relatórios: só em 2023, foram reportadas 30 mil queixas e 22 mortes por violência doméstica. Este sistema assenta também em outros fenómenos de opressão para esconder os seus problemas, considerando que grande parte dos abusos sexuais contra mulheres e meninas ocorre dentro do núcleo familiar, ao contrário da ideia que culpabiliza sempre imigrantes por atos que surgem dentro das famílias portuguesas “de

bem”. Com isto, há quem defenda que o patriarcado é um dos pilares principais do sistema social e económico em que vivemos e que, portanto, é preciso ultrapassá-lo por inteiro. Porém, para associações como a SDDH/AAC, o que importa não é tanto advogar por rupturas ideológicas, mas sim discutir o que fazer para proteger e prevenir as situações do presente, e este presente exige ação. Se a violência contra as mulheres se afigura como uma violação de direitos humanos fundamentais e é sustentada por uma cultura patriarcal, então deve ser questionada e transformada. Isso é possível através do apoio de associações que trabalham de perto com estas temáticas e da exigência de mudanças imediatas para inverter esta tendência.

Desde logo, é necessário exigir ao Estado mudanças legislativas, incluindo o agravamento penal para crimes de violência de género e a

Secção Filatélica

- POR JOSÉ CURA - SECÇÃO FILATÉLICA DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA -

Artista plástico, poeta e dramaturgo, António Pedro Costa nasceu em Cabo Verde a 9 de dezembro de 1909, mas veio para Portugal ainda jovem. Tendo estudado em vários locais, fez o 7º ano liceal em Coimbra, onde dirigiu o jornal O Bicho. Referido no livro “Publicações periódicas portuguesas existentes na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (1911-1926)”, de 1991, como “jornal do Liceu de Coimbra”, o periódico teve 3 números, sendo o seu diretor António Pedro da Costa e tendo como editor Fernando de Vasconcelos. Além disso, apesar de algumas biografias referirem a sua frequência, durante 2 anos, no curso de Direito em Coimbra, isso não é certo, pois outras fontes referem o ingresso no mesmo curso, mas em Lisboa. Integrou vários grupos surrealistas em Lisboa e Londres - onde viveu como correspondente português da BBC - sendo um dos grandes impulsionadores da corrente artística em Portugal e considerado por alguns como o seu precursor. Juntou-se a nomes como Fernando Azevedo, Vespeira e Moniz Pereira, e poetas como Mário Cesariny e Alexandre O'Neill. Teve uma vasta obra na ficção, poesia e teatro. Viveu os últimos anos em Moledo, onde fale-

ceu a 17 de agosto de 1966.

Em 2009, os CTT puseram a circular um selo e um bloco filatélico dedicado a António Pedro por ocasião do centenário do seu nascimento.

criação de novas tipificações legais que atentem a novas formas de violência, especialmente no meio digital - referida na última edição deste jornal. É urgente exigir também o investimento em políticas públicas que reconheçam as especificidades do que é ser mulher no espaço público, financiar organizações que apoiam vítimas e promover um currículo escolar que preze pela igualdade e não-discriminação.

De notar que a luta pela eliminação da violência contra as mulheres não é apenas uma luta das mulheres: é um compromisso com os direitos humanos. Cada vida perdida é o recordar que o silêncio e a complacência alimentam este sistema desigual. A luta de associações como a SDDH/AAC procura defender uma sociedade onde ser mulher não signifique ser vulnerável, mas sim plenamente livre e igual.

O selo, com valor facial de €0,32 correspondendo ao porte para correio normal nacional, apresenta uma foto do artista e um cenário do Teatro Experimental do Porto.

- POR ARQUIVO DA SECÇÃO DE JORNALISMO DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA -

Na madrugada de 25 de novembro de 1920, os estudantes invadiram o antigo Colégio de São Paulo, reivindicando um espaço onde se pudessem reunir e realizar as suas atividades. Posteriormente, com a destruição da Alta de Coimbra para a criação da Cidade Universitária, os estudantes foram encaminhados para o Palácio dos Grilos, onde se depararam com condições precárias. No final dos anos 50, após uma 2.ª Tomada da Bastilha, obtiveram uma nova sede, constituída pelo complexo Teatro (Académico) de Gil Vicente, cantinas e edifício da Associação Académica de Coimbra (AAC). Contudo, com o aumento da comunidade estudantil, as infraestruturas logo se revelaram insuficientes, algo evidenciado por antigos relatórios de Direções-Gerais da AAC (DG/AAC) de inícios dos anos 60, em que se reclamava a entrega da sua administração aos estudantes e se criticava a falta de espaços

Crónica de um degredo anunciado OBITUÁRIO

AFOGARAM-SE TOOOODOSS!

Oh Renatiel depois de um ano de lonas, o melhor que arranjaste no teu mandato foi brincar aos Monopoly??? 25 de abril para ali, 25 de abril para aqui, queres celebrar Abril ou aparecer nos holofotes? Fizeste um mural para o Alberto Martins, mas não pudeste deixar de por o teu nomezinho na plaquinha (que placa?). Um bocado (a)mural oh Renatiel. Mas vamos ao que interessa, então e a recriação da Taça de 1969 que tanto falavas de peito cheio? Devo ter ido cano abaixo com o edifício da aac… Meteste-te tanta tanta água glugluglu como as inundações, mas isso não interessa porque o que importa é dar entrevistas a dizer que a AAC é a melhor academia ou wtv. Ah naturalmente sem esquecer que este grande académico celebrou o não descongelamento das propinas como se fosse seu feito. E O Arraial do DESCOngelamento onde está? Ah pois… foste de cona, podes ir com esse sorrisinho de orelha orelha de volta para o NEbiq. Vá xau, vamos ver se o caixa de óculos é mais modesto que tu ;)

para os mesmos.

Com o decorrer do tempo, o “emblema da cidade” foi - e tem sido - alvo de frequentes preocupações devido à sua contínua degradação. As intervenções realizadas, por exemplo, à fachada, sala de estudo e casas de banho mostraram-se incapazes de responder às enfermidades do edifício.

Em 2002, Gonçalo Byrne apresentou um plano de reestruturação do edifício-sede cuja execução estava prevista para 2009. No entanto, este nunca chegou a ser concretizado devido à falta de “sustentabilidade financeira”, inexistência de contratos e a “uma série de limites processuais”, como admitiu o presidente da DG/AAC em 2012, Ricardo Morgado. Já em 2020, os organismos e as secções da AAC lançaram um comunicado exigindo a realização de obras estruturais e alertando para “falta de segurança, dignidade e espaço”, o que

suscitou uma reação negativa do reitor, que afirmou existir “uma grande diferença entre irreverência e parvoíce”. Mais recentemente, em julho de 2023, a reitoria colocou uma chapa na antiga Cantina dos Grelhados que impedia o seu pleno uso pela academia, o que gerou uma forte contestação.

No passado dia 19 de novembro, o atual presidente da DG/AAC, Renato Daniel, comunicou nas suas redes sociais que o projeto de Gonçalo Byrne, apresentado há 15 anos (e agora reformulado), será executado. Sete dias depois, foi promovida pelo Arquivo da Secção de Jornalismo da AAC uma mesa redonda que deu lugar ao debate sobre o edifício-sede e o seu património. Entre as várias opiniões formuladas, ficou clara a necessidade de preservar o edifício e geri-lo a longo prazo. Resta-nos, assim, questionar: que condições terá a nossa Casa daqui a 15 anos?

E para a ciência não vai nada, nada, nada! E para as touradas vai tudo, tudo, tudo!

Querido primeiro-ministro, já consegues dormir descansado agora que o processo foi arquivado? Aiai Montesurdo… e que tal se te sussurrarem um manual de jornalismo aos ouvidos? Devem estar entupidos com o que os teus amiguinhos fachos te dizem. E para quando uma Tourada? Gostas tanto delas que até o iva lhes baixaste…Pois é, para as touradas vão milhares e para a ciência vão tostões. Queres emburrecer os tugas ou quê? Para isso já basta o Ventura. E esse orçamento em que andaste a pedinchar aqui e acolá para ver se comiam as tuas migalhas. Ora esquerda, ora direita, e vai mais uma voltinha no carrossel do governo português. Mas diz-nos lá, tens vergonha de assumir que andaste em dates com o Andrezinho? Não precisas de responder, para bom entendedor meio auricular basta.

É o futuro, estúpido!

Qualityland, do alemão Marc-Uwe Kling, é uma sátira contundente que disseca de forma hilariante os absurdos do nosso mundo superdigitalizado e orientado por algoritmos. Situado num futuro não muito distante, o romance imagina uma sociedade em que a tecnologia dita todos os aspetos da vida, desde as relações e percursos profissionais até aos hábitos de compra. Com um humor mordaz e um olhar atento ao ridículo, Kling cria uma história que é tão instigante quanto engraçada.

No centro do enredo está Peter Desempregado, um tipo aparentemente normal que, de repente, se torna o improvável protagonista de uma batalha contra o próprio sistema que define a sua existência. As suas desventuras começam quando TheShop, um retalhista online omnipotente (sabemos quem é, não?), lhe entrega um produto que não encomendou e que não quer - mas devolvê-lo acaba por ser um ato de rebelião num mundo onde os algoritmos nunca se enganam. A viagem de Peter é povoada por uma série de personagens peculiares, desde robôs avariados a um candidato presidencial hilariante e prepotente, alimentado por IA.

O que distingue Qualityland é a sua mistura perfeita de humor e comentário distópico. Kling

exagera de forma magistral as tendências da nossa própria sociedade - monopólios corporativos, capitalismo de vigilância e o culto da conveniência - para criar um mundo que parece desconfortavelmente plausível. O jogo de palavras inteligente, os cenários absurdos e a abordagem satírica do jargão corporativo do romance vão ressoar em quem já questionou o poder crescente dos algoritmos na sua vida.

No entanto, por detrás do seu humor encontra-se uma exploração pungente da individualidade, do livre-arbítrio e do desejo humano de sentido numa existência demasiado mecanizada. Kling desafia-nos a refletir sobre o custo de trocar a liberdade pelo conforto e se vale a pena viver num mundo “perfeito”.

Qualityland é uma leitura obrigatória para os fãs da comédia negra e da ficção especulativa, que faz lembrar “À Boleia pela Galáxia”, de Douglas Adams, e “Player Piano”, de Kurt Vonnegut. É uma viagem hilariante e inquietante por um futuro que parece mais próximo da realidade do que gostaríamos de admitir - o romance de Kling não só entretém como também serve de alerta oportuno sobre os perigos do domínio tecnológico sem controlo.

LIVRO: ‘QUALITYLAND’

DE: MARC-UWE KLING

EDITORA: EDITORIAL PRESENÇA

A CABRA ACONSELHA...

A sobrevivência marginal e a crueldade pueril

- POR BRUNO OLIVEIRA -

Anora, Palma de Ouro 2024, é mais um retrato das margens da sociedade americana por Sean Baker. Um conto de fadas que relembra a todos Pretty Woman, com grandes doses de realidade injetadas. A comparação estende-se a Mikey Madison (Anora) e Julia Roberts, já que a performance de Mikey faz prever um futuro feliz no cinema. Ficamos com a sensação que correu tudo bem neste projeto. A música, a cor, o enredo e o elenco - o produto final é um filme que não abranda e que tem um grande valor de entretenimento.

Sean Baker parece ter ido buscar inspiração aos sítios certos. Vemos uma obra que é ao mesmo tempo nova, mas que está em diálogo com outras formas de fazer filmes. O que levou a líder do júri em Cannes, Greta Gerwig, a dizer que o filme lembrava as obras de Ernst Lubitsch ou Howard Hawks.

A história de Ani ou Anora, uma stripper, e ocasionalmente meretriz de Brooklyn, choca com a de um filho de um oligarca russo, Vanya. Ani projeta confiança e sensualidade, esconde a sua herança Usbeque por trás de um sorriso performativo. Vanya, um adolescente com um bolso sem fundo, está submerso em infantilidade. Capaz de excessos que sublinham a decadência daqueles que o rodeiam. Ele requisita Ani para uma dança primeiro, um

noite depois. Até que por fim acaba por pagar por uma semana do tempo de Anora.

Vanya procura luxúria, procura o próximo estímulo. Ani faz o que consegue para se manter, tudo é dinheiro porque não pode ser de outra forma. Ela encontra nele uma ingenuidade e inocência que nunca lhe foram permitidos. Quando o jovem russo pede para casar com ela parece ser mais que um Euromilhões – aparenta ser fruto de intervenção divina.

No entanto, ele é apenas uma criança. Só a personagem principal não consegue ver. Aquele sonho

que se ergueu diante de si estava alicerçado numa fantasia adolescente. Na segunda metade do filme vemos Ani a tentar manter de pé algo que nunca se levantou.

Sentimos toda a crueldade a abater-se sobre Ani quando Vanya, no auge de toda a sua infantilidade, se atira para os pais como qualquer criança. Descartando Ani como algo que fazia parte de uma loucura noturna, porque, de facto, fazia. Um filme honesto e sem moralismos. Engraçado sem sinalização cómica.

ANORA DE: SEAN BAKER COM: MIKEY MADDISON

FILME:

Sobre a honestidade descomprometida

David Bruno está cada vez mais fiel a si próprio. A sua sonoridade é inconfundível, o seu paleio tão distinto como os seus traquejos e a sua indumentária. Depois de anunciar um período sabático em 2023, eis que o filho pródigo de Vila Nova de Gaia retorna aos discos com “Paradise Village”, lançado em novembro com grande pompa e circunstância com uma apresentação ao vivo no GaiaShopping.

“Paradise Village”, cujo nome, insiste o artista, deve ler-se ‘paradaise világe’, traz dois propósitos principais. O primeiro é a justiça de representar Vilar do Paraíso, freguesia gémea de Mafamude, já previamente homenageada com o excelente “O Último Tango em Mafamude”, editado em 2018. O segundo é o prazer do descompromisso e da simplicidade das coisas comuns, motivos pelos quais o músico tem discorrido ao longo da sua discografia.

A receita deste álbum é conhecida e eficaz: batida e baixo bem desenhados, melodias sintéticas e repetitivas, e uma guitarra elétrica cristalina a sobrevoar todos estes elementos. A lírica sempre suave, aveludada e atrevida é também um selo que David Bruno já carimba desde que se apresenta a solo, evidente em canções como “Azeitona Cock-

tail”, “10 em 10” ou “Love na Marquise”. “Redlaine” mostra um regresso feliz ao trip-hop, enquanto a versão rebaixada de “SUPERXXXTILO” mergulha numa exploração também habitual no ambiente eletrónico. Ao mesmo tempo, é interessante encarar “Vilar do Paraíso”, que introduz o disco, e os interlúdios “3 Sweets” e “Nando Manuel” como verdadeiros retratos da terra que o produtor tão carinhosamente leva ao peito.

É certo que, de um autor com o reportório como o que o artista já acumula, se pode esperar um esforço mais arrojado, mais inventivo na sua direção e nas suas decisões. Ainda assim, “Paradise Village” nada mais é do que um trabalho “honesto”, a qualidade que o gaiense mais aprecia “na música e na vida em geral”, como confessa na última faixa. É precisamente a sua honestidade que lhe tem valido um lugar cada vez mais assente como figura principal da música alternativa portuguesa contemporânea. “Deixa o disco falar por ele próprio, não é preciso falar mais nada”, encerra. Simples e despreocupado, este é um protagonista que nos oferece sempre motivos para sorrir.

O ‘return of the 2000’s’ que deixou a desejar

- POR FÁBIO TORRES - DE: RIDLEY SCOTT

Foram vários os filmes que receberam sequela passado mais de uma década. Ainda assim, o Gladiador, que no primeiro filme teve um final satisfatório e conclusivo, não pareceu ter o mesmo tratamento e várias questões surgiram sobre como Ridley Scott iria diferenciar “Gladiador II”. Não foi preciso muito tempo para que a visão do realizador ficasse clara. Qualquer ligação com factos históricos foi posta de lado, o grau das cenas de ação foi aumentado e a trama política ganhou mais destaque.

Havia, contudo, um grande problema: como substituir Russell Crowe e Joaquin Phoenix, dois atores com Óscar no currículo (Crowe, inclusive, que ganhou Melhor Ator pela prestação como Máximus Décimus Meridius)? A solução parece ter sido colmatar a perda no agregado. Se não há Russell Crowe, há Paul Mescal (Lucius Verus/Hanna) e Pedro Pascal (General Acacius), se não há Joaquin Phoenix, há Denzel Washington (Macrinus), Joseph Quinn (Imperador Geta) e Fred Hechinger (Imperador Caracalla). O resultado é um filme que quer fazer o dobro do que foi feito há 24 anos, mas acaba por não conseguir atingir sequer metade do original.

Ainda assim, é de louvar Paul Mescal que, no meio de um remoinho de confusão e com material fraco, foi capaz de ter uma prestação de destaque, mesmo sem chegar à qualidade de Crowe. Já Pascal e Denzel mantiveram o nível a que estamos habituados, tendo em conta os diálogos e a direção escolhida para os seus personagens. Infelizmente, os elogios aos atores ficam por aqui. Quinn e Hechinger têm ‘performances’ a roçar a paródia, que nem se justificam. Ainda assim, é Connie Nielson, que tem o triplo do destaque desta vez, que leva o Razzie para casa, com uma atuação equivalente a um buraco negro, talvez a pior de uma atriz num grande ‘blockbuster’ recente.

A nível visual, e especialmente nas cenas no Coliseu, o filme é capaz de fazer o espectador ficar preso à cadeira, mas acaba por ser o único ponto positivo em larga escala. Nem as homenagens aos personagens do primeiro nem a Marcus Aurelius (e ao seu “sonho”) são suficientes. É, sobretudo, um filme que sofre pela comparação ao primeiro, o que não desculpa as fraquezas. Pelo tempo de duração, mais vale voltar ao ano 2000 e revisitar a versão superior.

FILME: GLADIADOR II

COM: PAUL MESCAL PEDRO PASCAL DENZEL WASHINGTON

2024 A CABRA NÃO ACONSELHA...

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Editorial

Não vale tudo só para se ter mais um feriado

Tudo correu com a devida normalidade na passada segunda. Mesmo o habitual partido desestabilizador do costume conseguiu se comportar (não durou muito, claro). De cravo ao peito, a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda foi o único elemento do partido a marcar presença na sessão solene, numa tentativa de manifestação presencial. Entregou uma flor semelhante ao Presidente da República, que a guardou, sem nunca a colocar. Foi também a única pessoa de um partido de esquerda, visto que o PCP decidiu boicotar por completo as comemorações. Foi ridicula rizado, mas manteve-se firme. A sua ausência pouco se fez sentir, mas continua a ser positivo saber que há quem olhe para este momento com suspeitas, infelicidade e alguma indignação.

A discussão sobre se o 25 de novembro de 1975 merecia ou não ser celebrado nacionalmente, e com sessão solene no parlamento, cresceu

FICHA TÉCNICA

Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA

Depósito Legal nº478319/20 Registo ICS nº116759

Propriedade Associação Académica de Coimbra NIF 500032173

Morada Secção de Jornalismo Rua Padre António Vieira, 1 3000-315 Coimbra (sede do editor e da redação)

bastante na última meia dúzia de anos, potenciada sobretudo pelos partidos de direita que surgiram na última década e que hoje possuem assentos parlamentares. Tenho sérias dúvidas que mais de metade da população portuguesa saiba realmente o que se passou naquele dia e parece que estes partidos tão pouco têm interesse em discutir com o devido escrutínio o ocorrido. Teve, de facto, elementos positivos para o país: levou ao fim do PREC, a ala extremista do MFA perdeu poder, e ajudou no processo rumo à democracia portuguesa, que culminou, seis meses depois, na redação da Constituição da República Portuguesa de 1976. O mais estranho, no presente, é este foco em elementos da direita portuguesa em ter um “feriado” seu, empurrando o 25 de abril como sendo “apenas” da esquerda, e, pior, em haver tentativas de tentar equiparar os dois em termos de relevância. Não é, nem nunca vai ser sequer comparável à Revolução dos Cravos.

ERRATA

Na primeira página da versão impressa da edição nº321 do Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA, deve ler-se, no título, "Às Urnas!".

Na segunda página, no título, deve ler-se "Órgãos..."

Na página 10, no superlead do artigo intitulado “Jornadas de Cultura Popular trazem rodas de comunhão a Coimbra”, deve-se ler “coordenador-geral do GEFAC”.

Na página 20, o artigo da autoria da Secção de Defesa de Direitos Humanos não foi escrito por Rafael Pereira, mas sim por Vitória Silva.

Na página 21, o texto escrito pelo Arquivo da Secção de Jornalismo está errado. Por lapso, o texto da edição 320 continua no mesmo sítio, não tendo sido alterado na paginação.

Na página 22, o filme "The Substance", criticado por Bruno Oliveira, foi realizado por Coralie Fargeat".

Estas gralhas foram substituídas na versão online, disponível em issuu.com/acabra

Aos visados, as nossas desculpas.

Diretor Fábio Torres

Equipa Editorial Iris de Jesus & Camila Luís (Ensino Superior), Francisca Costa & Sofia Moreira (Cultura), Solange Francisco (Desporto), Ana Raquel Cardoso & Bruna Fontaine (Ciência & Tecnologia), Inês Reis & Leonor Viegas (Cidade), Liliana Martins (Online)

Colaborou nesta edição Ana Almeida, Margarida Almeida, Ana Campelo, Beatriz Caniço, Leana Carvalhosa, Mariana Castro, Mariana Claro, Sofia Duarte, Rafael Falanghe, Joana Gomes, Laura Gurate, Iris de Jesus, Nathanna Loriato, Camila Luís, Rui Manuel, Joana Marques, Isabel Pasquali, David Pereira, Alice Pimenta, João Rabaça, Adriana Torre

Fotografia e Ilustração Ana Campelo, Beatriz Caniço, Leana Carvalhosa, Francisca Costa, Rafael Falanghe, Duarte Nunes, Isabel Pasquali, Alice Pimenta, Leonor Viegas

Conselho de Redação Luís Almeida, Francisco Barata, Tomás Barros, Cátia Beato, Joana Carvalho, Carina Costa, Inês Duarte, Daniela Fazendeiro, Filipe Furtado, Leonor Garrido, Hugo Guímaro, Luísa Mendonça, Margarida Mota, Maria Monteiro, Clara Neto, Bruno Oliveira, Ana Filipa Paz, Sofia Pereira, João Diogo Pimentel, Daniela Pinto, Paulo Sérgio Santos, Pedro Emauz Silva

Edição de fotografia Rafael Saraiva

Paginação Bruna Fontaine, Fábio Torres

Impressão FIG - Indústrias Gráficas, S.A.

Sede de impressão - Travessa Adriano Lucas 161, 3020430 Coimbra

Telf.239 499 922, Fax: 239 499 981, e-mail: fig@fig.pt

Produção Secção de Jornalismo da Associação

Académica de Coimbra

Tiragem 2000

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