Edição 316 - Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA

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14 DE NOVEMBRO DE 2023 ANO XXXIII Nº316 GRATUITO PERIÓDICO DIRETORA ANA FILIPA PAZ EDITORES EXECUTIVOS DANIELA FAZENDEIRO E CLARA NETO

Cabra cega, no que votas? Sondagem concede vantagem à Lista P - “Por Ti. Pela Académica.” na corrida à DG/AAC, com 41%, enquanto Lista A - “Unir, Avançar - Académica de Abril” se encontra a 32 pontos percentuais de distância. Tendência vitoriosa mantém-se na MAM/AAC, com Lista P a destacar-se por 34 pontos percentuais face à Lista A. - PÁG. 12.

ENSINO - PÁG. 03 Candidatos à presidência da DG/AAC e da MAM/AAC expõem as suas preocupações em entrevista ao Jornal A CABRA. Renato Daniel e João Maduro sublinham os 50 anos do 25 de abril. Falta de adesão à AM perturba Carolina Rama e Luísa Batista.

CULTURA - PÁG. 09 Mais uma estrutura da Casa a completar 40 anos: SEY/AAC celebra o seu aniversário com retiro espiritual de yoga no Bussaco. No futuro, a secção ambiciona uma viagem à Índia.

DESPORTO - PÁG. 14 Márcio Sousa, treinador de Futebol para Cegos, destaca a importância da modalidade na vida de pessoas com deficiência, potenciando a sua autoestima e autonomia. Além disso, faz apelo por apoios financeiros para que o desporto se mantenha vivo.

CIÊNCIA - PÁG. 15 Onde a queda do Governo e o colapso ambiental se encontram. ‘Bandaids’ climáticos são um falso passo em direção à transição necessária. Problemática tem como raiz sistema socioeconómico atual.

CIDADE

SIMÃO MOURA

- PÁG. 17 O segundo ano deste mandato da CMC provoca contestações. A baixa valorização da cultura é uma das críticas apontadas à autarquia. Ainda, a proposta desta gestão para uma Coimbra B intermodal levanta preocupações ambientais.


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ENSINO SUPERIOR

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ÓRGÃOS CENTRAIS DA AAC

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“Lutar por um Ensino Superior democrático e de qualidade”

ENSINO SUPERIOR

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Proponente acredita que lista destaca-se pela “proximidade à realidade estudantil”. Problemas como falta de participação e perda do caráter interventivo do órgão são foco. - POR RAQUEL CHAVES -

ASSEMBLEIA MAGNA

Constituída por todos os estudantes da UC, é o órgão máximo deliberativo da Casa. Pode ser convocada a pedido da DireçãoGeral ou de 5% dos associados efetivos da AAC e tem a obrigatoriedade de se reunir pelo menos quatro vezes ao ano. É da sua competência exclusiva a aprovação dos relatórios de contas uma semana após o parecer dado pelo Conselho Fiscal.

DIREÇÃO-GERAL

É o órgão máximo executivo da AAC e tem o poder de convocar Assembleias Magnas. Faz a gestão da casa a nível financeiro e de ordem de trabalhos e põe em prática as decisões tomadas na Assembleia Magna (AM). Constituída por 15 a 25 elementos, é subdividida internamente por pelouros.

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Por Daniela Fazendeiro

uísa Batista, estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, candidata-se à presidência da Mesa da Assembleia Magna da Associação Académica de Coimbra (MAM/AAC), pela Lista A - “Unir, Avançar - Académica de Abril”. A proponente destaca como principais pilares do seu projeto: a necessidade de uma maior proatividade por parte da MAM/AAC; a promoção da “união entre os estudantes” e a “defesa dos seus direitos”. Quanto às suas valências para o exercício do cargo, Luísa Batista salienta a vivência numa república e o envolvimento num projeto nas últimas eleições. Para a candidata, estas experiências permitiram-lhe “entender a realidade dos estudantes e das diferentes faculdades da UC”. Nesse sentido, apresentou a candidatura após ter notado “a falta de consciência sobre a importância da AM”. Lamenta que “muitas vezes as AM acabam por falta de quórum”. Na

Principal órgão fiscalizador da Casa, é responsável por dar os pareceres dos relatórios de todos os organismos da AAC e festas académicas. É constituída por onze membros e as suas eleições ocorrem em março. Tem a palavra final no julgamento de irregularidades estatutárias investigadas pela Comissão Disciplinar.

Candidata pretende aumentar adesão aos debates da AM e tornálos acessíveis a todos estudantes. Descentralização e divulgação nas faculdades são prioridades do projeto.

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Constituída por um presidente, um vice-presidente e dois secretários, é quem divulga, organiza e dirige a AM. Detém a responsabilidade pelas eleições dos órgãos centrais da Casa, de modo que o seu presidente também preside a Comissão Eleitoral dos mesmos.

Comissão Disciplinar É o órgão de investigação da Casa, criado nos últimos Estatutos da AAC. É eleita por sufrágio universal. Detém a tutela e iniciativa da ação disciplinar na sua fase de inquérito. Posteriormente, elabora uma nota de culpa acusatória que é entregue ao Conselho Fiscal.

através de plenários, documentos ou campanhas de sensibilização”. Além disso, a candidata quer aumentar a adesão às AM através da utilização do autocarro da AAC, visto que este “deve estar ao serviço dos associados”, algo que, a seu ver, não acontece atualmente. Luísa Batista assegura que a lista que encabeça prima pela “proximidade à realidade estudantil”, assim como pelo empenho na resolução de problemas a longo prazo e não apenas no momento de campanha. Tendo como modelo a Revolução dos Cravos, o seu objetivo é que, tal como em tempos de ditadura, os universitários “lutem por um Ensino Superior democrático e de qualidade”, motivados pelo descontentamento face aos problemas que enfrentam. “Os estudantes devem sair da academia com a sensação de que fizeram o máximo que puderam”, conclui.

“É fundamental a presença dos estudantes, o diálogo e a discussão”

CONSELHO FISCAL

MESA DA ASSEMBLEIA MAGNA

sua opinião, isto deve-se “ao desconhecimento acerca dos órgãos que permitem aos academistas expressar as suas revoltas”. Quando questionada sobre a revitalização do caráter interventivo das AM, a jovem esclarece que pretende transformá-las “num local onde todos possam expor os problemas que enfrentam”. Assim, ambiciona que sejam um lugar para a discussão de temas fraturantes da vida académica, pelo que acredita que a ordem de trabalhos deve ser revista para ter “uma estrutura apelativa ao debate”. Com esse intuito, defende que o ponto “Outros Assuntos” não deve ser remetido para último, como tem acontecido. De modo a cumprir os seus objetivos, a mestranda pretende fomentar a comunicação com as repúblicas e com as secções desportivas e culturais da Académica. Considera ainda que os núcleos têm “um papel na democracia da Casa” e que “deveriam informar os estudantes

- POR AFONSO DE VASCONCELOS -

Por Daniela Fazendeiro

arolina Rama, estudante da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, é a candidata pela Lista P - “Por Ti. Pela Académica.” à presidência da Mesa da Assembleia Magna da Associação Académica de Coimbra (MAM/AAC). A mestranda explica que uma das bandeiras do projeto é tornar as AM “num lugar de maior debate”. A par disso, ambiciona “pôr em cima da mesa os temas que preocupam os estudantes”, como as propinas, a habitação e a Ação Social. A proponente almeja cumprir mais do que as funções protocolares obrigatórias, aproximando, assim, os universitários aos órgãos da Casa. Quando questionada acerca das propostas semelhantes às da lista adversária, a candidata não mostrou preocupação, pois acredita que ambas se focam nas questões que carecem intervenção. A seu ver, o que a diferencia é a existência de “medidas concretas”, como a des-

centralização das AM para outros polos. Consoante a auscultação pré-campanha realizada pela lista, Carolina Rama esclarece que a força desta proposta reside na integração dos universitários que se sentem mal representados pelo órgão máximo deliberativo da AAC. “É fundamental a presença dos estudantes, o diálogo e a discussão”, reitera. Segundo a jovem, a necessidade de transportes que advém da descentralização implicaria colaborações com a Direção-Geral da AAC e com os SMTUC, de modo a aumentar a quantidade de autocarros disponíveis. Além disso, a proponente pretende levar a cabo medidas de consciencialização, como “diálogos presenciais nas faculdades e departamentos”, com o intuito de dar a conhecer as funções e capacidades do órgão. Num balanço do atual mandato, tal como a candidata adversária, aponta como principal

problema o término das AM por falta de quórum. Para Carolina Rama, o adiamento dos “Outros Assuntos” para o final da ordem de trabalhos em AM recentes é motivo de desorganização. No regimento interno atual, este ponto consta em segundo lugar o que, a seu ver, “deveria ser cumprido até ao fim do mandato”. Apesar de querer preencher as lacunas que observou, considera que foi feito um bom trabalho e que há aspetos positivos a preservar. Carolina Rama garante ter consciência que há “um caminho duro e longo” a ser percorrido, mas afirma ter “a vontade, a resiliência e o carinho pela Académica” necessários ao cargo. Nesse sentido, acredita que a presidência da mesa do plenário do Núcleo de Estudantes de Direito da AAC lhe deu “a bagagem” exigida para cumprir as funções a que se propõe.


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ENSINO SUPERIOR

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“Acreditamos que a resposta aos problemas está na luta” João Maduro encabeça Lista A Académica de Abril e aponta unidade do movimento estudantil como essencial. Caso vença, defende regresso imediato da AAC ao ENDA, bem como uma luta constante pelos direitos dos estudantes ainda não alcançados. Por Joana Carvalho. Quais são as bandeiras que a tua lista defende? Este é um projeto coletivo e não uma candidatura de uma só pessoa. Vários estudantes preocupados acharam por bem voltar a constituir lista. A nossa motivação é resolver os problemas dos universitários. Existem promessas de mais camas, mas continuamos a não as ver concretizadas. As novas medidas do Governo ligadas à questão da propina mostram não haver avanços. Os nossos pilares estão no lema: a unidade, avançar com os nossos direitos e "Académica de Abril". Estamos a celebrar os 50 anos da Revolução e achamos apropriado um projeto nesse sentido. Não nos podemos esquecer que há muito por cumprir. Um desses aspetos é o acesso ao Ensino Superior (ES), cada vez mais posto em causa devido à propina e ao alojamento estudantil. A unidade diz respeito à união de todos em torno das questões que todos sentimos na Universidade de Coimbra (UC). Porém, devemos ir mais além e juntar os institutos politécnicos e privados de Coimbra e estudantes de outros distritos. Depois, "avançar" significa combater pela concretização dos nossos direitos. Já o mote refere-se às portas que abril abriu em relação ao ES, pelo que queremos garantir que todas essas conquistas se realizem, bem como impedir retrocessos e ataques às mesmas. Como pretendes trazer a unidade em relação aos politécnicos e instituições privadas de Coimbra? No último ano, assistimos à saída da AAC do Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA). O que falta muito a nível da postura da atual DG/AAC é a participação junto dos estudantes quando há um processo

- POR JOANA CARVALHO E SOLANGE FRANCISCO -

de luta, como foi o caso da concessão do bar na Faculdade de Letras da UC (FLUC). Se queremos fazer reivindicações, a DG/ AAC tem de ir ter com a comunidade, através do contacto direto. Também não nos podemos esquecer que o ENDA é um espaço de discussão entre as associações de estudantes do país inteiro e, não estando lá a AAC, colocamos em causa a unidade na luta contra questões que afetam todos os estudantes, independentemente da sua Instituição de ES (IES). A Lista A conta com algum apoio partidário? Não. Contamos com a presença de pessoas de quadrantes políticos diferentes que têm em comum uma coisa: sentir as dificuldades, e estar dispostas a lutar para que se garanta um ES para todos. Esta é uma lista plural, que é o que nós queremos, para que haja uma discussão ampla sobre o que se pode fazer. Como é que a tua candidatura se distingue da do teu oponente? O principal aspeto que nos distingue é a postura. Esta é a minha segunda candidatura e muitos dos que integram a lista já participaram em momentos eleitorais. Não somos uma lista que vê como vitória ganhar determinada eleição. Queremos estar presentes nos sufrágios e fora deles. Acreditamos que a luta não se cinge a isto e estamos aqui para consciencializar as pessoas. Todos os anos há listas que têm um programa completamente diferente, mas depois são muito semelhantes no que propõem e vêm na continuidade das DG/ AAC anteriores. Nós apresentamo-nos como uma alternativa, temos sempre uma participação bastante ativa na Assembleia

Magna da AAC e não temos problemas em avançar porque acreditamos que a resposta aos problemas está na luta. Como planeiam combater a falta de Ação Social? Isto é um reflexo de algo maior, e não só do que aco ntece na UC. Passa pelo desinvestimento e pela desresponsabilização do Estado em relação a um direito constitucionalmente garantido. O que se passa no bar da FLUC é chocante, por ser um espaço que pertence aos Serviços de Ação Social da UC (SASUC) que, até então, garantia produtos a um preço acessível, e que está em perigo de ser privatizado. Temos também assistido a um processo cada vez maior de encerramento de cantinas. Devemos apontar o foco para o Governo, que está a criar um caminho para a elitização do ES. A fase do diálogo já passou e não nos tem levado a nada, já que as coisas se agravam e não há soluções. Consideramos que a única resposta é mobilizar os estudantes em massa e sair à rua para que a Ação Social Escolar (ASE) esteja na ordem do dia.

14 de novembro 2023 No que diz respeito ao alojamento estudantil, que propostas concretas é que o teu projeto apresenta? Todos os anos vemos a promessa de construção de mais camas públicas, mas temos sempre a infeliz surpresa de a ver sem concretização. Pelo contrário, começamos a ver residências a fechar portas e outras de má qualidade. Aquilo que nós podemos fazer é apontar a principal causa para isto e sair à rua, reivindicando por melhores condições. Não vamos ser nós, através de um projeto social com verbas, que já são muito poucas, a fazer as mudanças. Nós temos que lutar por mais financiamento para permitir que os estudantes permaneçam no ES. De que forma é que se distingue a tua luta pela abolição da propina? Tem sido muito falada a questão da propina zero. No nosso entender, a luta deve ser pelo seu fim. Quando se fala de propina zero, esta permanece na lei e nada impede que suba. Nós defendemos que não deve haver uma barreira socioeconómica para o acesso ao ES, até porque, quando vemos o financiamento que representa, é um valor ridiculamente pequeno. Que tipo de relação pretendes manter com as restantes estruturas da AAC? Uma postura de cooperação total, atendendo às necessidades de cada um. Nós temos a sorte de ter uma série de estruturas que gozam de um património cultural e desportivo invejável, que têm uma grande dificuldade em conseguir fazer o seu trabalho. O financiamento é cada vez menos e vêem-se limitadas no tipo de ação que podem levar a cabo. Nesse sentido, queremos lutar, lado a lado com elas,

Que tipo de relação é que pretendem construir com a Reitoria? Acima de tudo, uma postura de cooperação. Quando digo que o tempo de diálogo acabou, não ponho em causa as vias mais institucionais de entendimento com a Reitoria. A partir do momento em que há menos verbas para aplicar nos SASUC, acabamos por pagar o preço final dessas decisões. Devemos ter uma postura de sentar à mesa com a Reitoria, mas se vemos que os nossos direitos estão a ser postos em causa, devemos avançar para a rua.

Por Joana Carvalho.

ENSINO SUPERIOR por maior investimento. Em relação aos núcleos, queremos auscultar os problemas dos estudantes, para que também possamos estar com eles nos momentos de luta. Que tipo de estratégia e ação direta pensas adotar para solucionar a problemática da expropriação de espaços da AAC? Há que ter em mente o seguinte: em Coimbra, tanto o executivo como a própria Reitoria enchem o peito que possuem uma associação académica rica em cultura e história. No entanto, quando chega o momento de garantir que as estruturas continuem o seu trabalho, assistimos a esta perda de espaços e não podemos esperar outra postura senão lutar. A Revolução abriu as portas do ES a imensas pessoas e não deve haver uma postura de “atirem-se aos livros, que é para isso que cá estão”. Consideramos que têm de haver condições para que os estudantes se possam desenvolver enquanto indivíduos, nomeadamente através do acesso ao desporto e à cultura. A retirada desses direitos é um ataque ao nosso desenvolvimento. A luta deu resultados na iniciativa que foi levada a cabo na antiga Cantina dos Grelhados, e prova que é possível a mudança, apesar de ainda estar por cumprir a remoção da chapa. Não podemos esperar que, num só momento, as coisas mudem. No caso da Cantina dos Grelhados, não podemos baixar os braços enquanto não estiver a ser usada por nós. Há cerca de um ano, a AAC decidiu não participar mais no ENDA. O vosso projeto defende um regresso imediato? Sim.

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De que forma é que se pode garantir que a postura da Casa dentro do ENDA não seja abafada por interesses de outras federações e associações estudantis? Nós apontamos o ENDA como um espaço essencial de discussão de vários assuntos que dizem respeito a todas as associações e IES. Não podemos chegar ao encontro e esperar votações em massa no nosso sentido, não é assim que se constrói o consenso. Para que isto se alcance, às vezes é necessário batalhar muito. O que nós devemos aspirar é a unidade de todas as associações académicas do país. A saída da AAC do ENDA põe em causa essa unidade, e depois, o que muda? Continuamos a ter a propina, poucas camas e ASE a reduzir. Mais vale demorar mais tempo e tentar chegar coletivamente a uma solução do que estarmos a remar todos para um lado diferente e não chegarmos a uma conclusão. Os interesses económicos, que têm levado ao desinvestimento do ES, beneficiam com esta ideia de fracionamento das associações académicas. Queres acrescentar alguma coisa? Quero apelar a um voto consciente, mas, acima de tudo, a uma abertura para conhecer ambos os projetos. Tendo em conta a situação em que estamos, convém que todos os estudantes tenham consciência no que estão a votar, bem como da importância que estas eleições têm na definição da postura que os nossos representantes vão ter no futuro.


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ENSINO SUPERIOR

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“A Académica está muito acostumada a fazer tudo em cima do joelho e temos de mudar isso” Renato Daniel candidata-se à DG/AAC pela Lista P sob mote “Por Ti. Pela Académica.”. Tem como principais focos: liberdade cultural e desenvolvimento das secções desportivas. - POR CAMILA LUÍS E MARTA TAVARES Por Alexandra Guimarães

Em que pilares assenta o projeto? O programa divide-se em duas vertentes distintas: a matriz identitária e os cinco pilares fundamentais, que tentam abranger ao máximo a academia nas suas vertentes desportiva, cultural e política. Ambicionamos ter um investimento forte na administração, o que envolve o edificado da AAC e a frota de transportes, de modo a galvanizar ao máximo as potencialidades da Casa. Além do mais, pretendemos compreender a nova forma de financiamento do Ensino Superior, que contempla 138 milhões de euros do Orçamento de Estado. Em paralelo, a revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), que ambicionamos que culmine numa grande reivindicação no Dia Nacional do Estudante. Na vertente política, queremos uma ação forte nas Eleições Europeias 2024. Por outro lado, a nossa bandeira desportiva recai na apresentação, à cidade, dos atletas da AAC que vão participar na missão olímpica em Paris. Por último, valorizamos as comemorações dos 50 anos do 25 de abril, nas quais queremos apoiar mensalmente toda a atividade das secções culturais envolvidas. Temos ainda a vontade de recriar a Final da Taça de 1969, entre a Académica e o Benfica, sendo este o maior pilar da Lista P. Porquê o mote “Por Ti, Pela Académica”? Este projeto é direcionado aos estudantes, mas nunca esquecendo a academia. Surge pelos universitários que sofrem com o preço absurdo da habitação, não só em Coimbra, como no resto do país. Também é motivado pelos estudantes internacionais que pagam uma propina ridícula, pelos que não têm mecanismos de Ação Social que possam assegurar a sua permanência no ES e pelos que procuram um espaço de liberdade cultural e desportiva com a maior qualidade possível.

Porque acreditas que a tua candidatura se destaca face à do teu adversário? Considero que se distingue da do meu oponente, pois a Lista P tem uma abrangência mais diversificada e não vamos focar-nos apenas na reivindicação. Todos os pilares têm de estar unidos, principalmente nas comemorações dos 50 anos do 25 de abril, que também são uma grande bandeira do outro projeto. Nenhum momento vai ser esquecido, seja cultural, desportivo, político, ou que envolva os núcleos da nossa academia. Queremos fazer com que a Casa avance em simultâneo, não descurando nenhuma bandeira da fundação da nossa instituição. A Lista P apresenta algum apoio partidário? Não.

Como pretendes colmatar a abstenção observada nos últimos anos? A meu ver, a responsabilidade é das listas candidatas. A solução está na forma como efetuam a campanha e nos objetivos que enunciam. Além de ir, durante a campanha eleitoral, às faculdades, temos de ter bandeiras que mobilizem os estudantes. Acredito que, a partir do momento em que abrem o nosso caderno de propostas, devem sentir-se representados. Na verdade, penso que esta tem de ser sempre a grande premissa de qualquer lista candidata. No que consiste a agenda para a igualdade que propões implementar? Através desta medida procuramos um programa verdadeiramente inclusivo, que possa convergir com o Plano para a Igualdade, Equidade e Diversidade da Universidade de Coimbra. É importante perceber que também temos uma visão a instituir na nossa Casa, que tencionamos partilhar com os partidos e a nossa

IES. Não podemos só procurar uma representatividade mais igualitária no que diz respeito ao género, temos também de investir no combate à desigualdade salarial. Desta forma, almejamos criar um pelouro que visa promover a política de emprego e o empreendedorismo. Na qualidade de vice-presidente da atual DG/AAC, podes fazer um balanço do mandato? Apesar deste mandato ter divergido dos anteriores, o trabalho realizado foi positivo. No que diz respeito à pasta cultural, tivemos iniciativas que expandiram a imagem da AAC, como a participação do grupo Fado d’Anto e da Estudantina Universitária de Coimbra no programa “Estrelas ao Sábado”, que apoiámos de forma profícua. Na minha opinião, os momentos mais marcantes foram o início das negociações para a realização do Memorando de Entendimento, que está em vias de ser finalizado, e a reivindicação do espaço da Cantina dos Grelhados. Numa fase inicial, realizámos ainda uma intervenção política regular, com uma marcha pela propina do estudante internacional, pelo que vamos continuar a defender a sua redução até à gratuitidade. A que projetos do teu mandato gostavas de dar continuidade? A resolução da situação da Cantina dos Grelhados é um dos pontos em que ambicionamos trabalhar. Tencionamos, também, enaltecer a responsabilidade histórica que o nosso losango e a nossa Casa carregam sobre si mesmos. A presença constante do Alberto Martins, enquanto antigo presidente da DG/AAC, é muito significativa, uma vez que estamos a falar de uma das pessoas que, no meu entendimento, deu o “pontapé de saída” para o 25 de abril de 1974.

14 de novembro 2023 Houve algum desenvolvimento quanto à colocação da divisória nas antigas Cantinas dos Grelhados? O Memorando de Entendimento, que está em vias de finalização, vai possibilitar o alcance de um consenso entre o Teatro Académico de Gil Vicente e a AAC. Numa fase seguinte, vamos criar uma comissão de avaliação, cuja função é regulamentar a intervenção na Cantina dos Grelhados. Aquilo que nós queremos, e que também foi conversado com o Conselho Cultural, é o avanço do espaço, uma vez que não reúne condições de trabalho. No entanto, a AAC não tem capacidade financeira para realizar esta intervenção, avaliada em meio milhão de euros, uma vez que a nossa prioridade é assegurar os salários dos nossos funcionários. Após garantirmos esta responsabilidade, as obras necessárias vão ser feitas, de modo a tornar a antiga cantina num espaço digno, sempre adjudicado à cultura. Com que ferramentas pretendes combater o aumento do custo da habitação? Neste momento, é necessário reforçar a Ação Social, criando mais residências. Por conseguinte, é importante que haja um aumento de camas disponibilizadas e mais formas de alojar os estudantes para os salvaguardar. Efetuar um apelo às IES é fundamental para evitarmos que aumentem, de forma abusiva, os preços da habitação e da alimentação. Considero que ajustar a

ENSINO SUPERIOR utilização dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência, que estão pouco focados nestas matérias, auxilia no cumprimento do Plano Nacional de Alojamento para o Ensino Superior. As IES têm autonomia na contestação destes custos, daí ser importante reivindicarmos perante a tutela um balanço de preços destinado à cultura.

De que forma planeias promover a “liberdade cultural”? O fornecimento de apoio financeiro e logístico às estruturas da Casa, em todas as suas valências, é fundamental para que se possam manter vivas. Aquilo que temos de fazer já está definido com o Conselho Cultural. Assim, uma das medidas para pôr em prática é a integração dos recémcolocados, por exemplo, com um ‘peddy paper’ durante o qual se possam deslocar ao edifício da AAC e conhecer o quotidiano das secções. É importante para os novos estudantes perceberem que, se querem pertencer a algum destes organismos, basta baterem à porta. Nos últimos mandatos houve complicações com o Sarau Cultural e com o Chá Dançante. Como tencionas ultrapassá-las, caso sejas eleito? Este ano temos noção que falhámos em alguns aspetos, mas houve outros que melhoraram bastante. Tratar os assuntos com antecedência é um trabalho que pretendemos continuar, pois é uma das

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particularidades que devemos melhorar na nossa dinâmica de comunicação com as secções e organismos autónomos. A verdade é que a Académica está muito acostumada a fazer tudo em cima do joelho e temos de mudar isso. Dentro do processo de preparação da Festa das Latas, com cerca de meio ano de antecedência, foi convocada uma Assembleia de Secções Culturais e fizemos um pedido a todas as estruturas. Pedimos que elaborassem um caderno de encargos com todas as necessidades, para que pudéssemos ter noção do que era preciso aprimorar. No que diz respeito à Internet e aos e-mails, sabemos que não funcionam. Existem muitos problemas relativos a estes assuntos que já estão a ser resolvidos durante o atual mandato e nos quais tencionamos trabalhar. Gostarias de deixar alguma mensagem à comunidade académica? Apelamos aos estudantes que se envolvam desde o início da campanha eleitoral até ao dia das eleições. É importante que a Lista P consiga mobilizar os estudantes para as grandes causas. Desta forma, quando começarmos o mandato, teremos capacidade de fazer um trabalho que envolva a massa associativa e estudantil.

Gostarias de deixar alguma mensagem à comunidade académica?

Por Larissa Britto

Por Alexandra Guimarães


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CULTURA

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CULTURA

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Reminiscências com mais de um centenário: Orfeon Académico de Coimbra Falta de associados leva grupo a criar Comissão de Gestão. Próxima atuação cruza Vivaldi e Senhor dos Anéis num ponto comum entre clássico e contemporâneo. - POR FRANSCISCA COSTA -

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Por Catarina Duarte

Orphika: UC também é música Iniciativa reúne mais de trinta eventos que permitem expandir “experiência da formação estética”, revela Delfim Leão. Repúblicas são incorporadas nesta 5ª edição. - POR Catarina Duarte e Luísa Malva-

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ciclo de música Orphika, organizado pela Universidade de Coimbra (UC), decorre de 8 de novembro a 8 de dezembro e conjuga a investigação académica com a performance artística. De acordo com Delfim Leão, vice-reitor para a Cultura e Ciência Aberta, o objetivo é “devolver à comunidade artística e ao público fundos musicais muitas vezes esquecidos”. Além disso, sublinha que o projeto pretende “realçar a capacidade de produção musical de Coimbra enquanto escola”. Com 38 eventos de música erudita, tradicional e do mundo, assim como atuações realizadas em vários palcos pela cidade, a iniciativa apresenta “um leque de sensibilidades muito amplo”, informa o vice-reitor. Através da pesquisa aprofundada de arquivos disponíveis, por exemplo, na Biblioteca Geral da UC, procedeu-se à recuperação de manuscritos que “necessitavam de uma intervenção de urgência”, ressalta. Assim, o dirigente reforça a ideia de que este processo serviu para conectar a vertente académica à representação no ciclo de música. Paulo Estudante, responsável pelo projeto “Mundos e Fundos”, coordena a investigação científica próxima dos textos primários. O objetivo é transformar a performance musical “num espaço de formação de massa crítica e de valorização do património português”, sublinha. Segundo o docente da área de Estudos Musicais, o projeto centra-se na identificação e na análise do legado musical preservado nos

arquivos e bibliotecas.Foca-se, ainda, na formação de jovens investigadores de modo a trabalhar as fontes e a disponibilizá-las para um público amplo através da atuação musical. O vice-reitor destaca a estreia das Repúblicas do Prá-kys-tão e dos Kágados no Orphika. Esta inserção no ciclo musical constitui uma “sensibilidade que cultiva uma atuação fora de correntes institucionais e que enriquece o conjunto apresentado”, explica. De acordo com o docente, o processo de candidatura para a participação nesta edição é “extensivo a todas as estruturas culturais”. Assim, foi enviada e divulgada, de forma urgente, uma nota de imprensa para os grupos tomarem iniciativa e apresentarem uma proposta. A Secção de Escrita e Leitura da Associação Académica de Coimbra (SESLA/AAC) participa pela segunda vez no ciclo de música. Keissy Carvelli, presidente da estrutura, explica que, na edição passada, a secção realizou o concerto “Sopro”, no qual a poesia foi o “mote das composições”. Este ano, o evento “Restos Sonoros” vai ser realizado no dia 23 de novembro, às 19 horas, no café Liquidâmbar. O processo partiu “da palavra para a criação poética, ao criar um espaço de performance e improviso”, no qual o público vai ser convidado a participar, explica a dirigente. A Associação dos Antigos Tunos da UC que, segundo Delfim Leão, se caracteriza como “uma força notável nesta edição”, apresenta-se, pela primeira vez, no Orphika. Esta parceria

traz ao ciclo de música uma novidade, fazendo regressar antigos estudantes de Coimbra que “mantêm uma ligação próxima” com a cidade, revela o vice-reitor. Este ano, o ciclo apresenta uma ampla variedade de palcos. Delfim Leão reforça a necessidade de “expandir o espaço performativo”, de modo a que toda a cidade seja utilizada e não só os recintos universitários. A Sé Velha de Coimbra vai, pela primeira vez, receber uma atuação em memória do compositor espanhol Pedro Thalesio, no dia 12 de novembro, pelas 17 horas. O auditório do Conservatório de Música de Coimbra, parceiro regular do ciclo de música, continua a ser um espaço de partilha com o espetáculo “Magnificat: Amores que não esperam”, pelo Coro Misto da UC. Aos olhos do vice-reitor, este é um grupo “muito sedimentado na tradição coimbrã” que apresenta “propostas muito interessantes” para este ano. A maior parte dos eventos performativos do Orphika são de entrada livre. Além dos concertos, o ciclo alberga seis eventos convergentes “que expandem a experiência da formação estética”, refere Delfim Leão. Alguns grupos pretendem, ainda, abordar as dificuldades e desafios relacionados com a baixa audiência em eventos culturais.

á 140 anos, a génese do Orfeon Académico de Coimbra (OAC) contava com música clássica e portuguesa. Com arranjos dos próprios maestros, esta vertente mantém-se presente, contudo, em tempos recentes, o coro deu a mão a musicais e abraçou a contemporaneidade. Bernardo Alves, membro da Comissão de Gestão, sublinha a partilha intergeracional de experiências, na qual se baseia o coro, e destaca a hospitalidade do público como um fator de motivação constante. Com tantos anos de Casa, memórias não faltam e, no meio destas, o coralista recorda uma história “marcante”, apesar de “não ser bonita”. Durante o voo de regresso de uma digressão que se realizou nos Açores, o então maestro Manuel Raposo Marques faleceu na presença do médico José Miguel Batista, presidente do OAC na altura. Para Bernardo Alves, esta memória ilustra “a ligação que as pessoas têm com o grupo”, visto que o maestro “partiu ao serviço da academia”.

Embora a relação entre os membros seja “próxima”, o integrante menciona a falta de associados no seio do grupo. De acordo com Bernardo Alves, esta insuficiência levou à necessidade de criar uma Comissão de Gestão, uma vez que não é possível cumprir a formação da direção da Mesa da Assembleia e do Conselho Fiscal, de maneira que “cada um ajuda naquilo que consegue”. A nível de coralistas, o OAC “já variou entre dez e 150 membros”, pelo que a sua última apresentação contou com 11 integrantes. Como resposta à escassez de elementos, são apontadas duas soluções: a aproximação ao corpo estudantil e a execução de um trabalho apelativo. Nesse sentido, Bernardo Alves lamenta: “se nós não estivermos próximos das pessoas, elas não vão chegar até nós”, pelo que responsabiliza o coro pela falta de adesão. Para a atuação do grupo no dia 7 de dezembro, que pretende unir uma peça barroca de

Vivaldi com um arranjo de Senhor dos Anéis, as gerações precedentes foram convidadas a participar. Bernardo Alves considera ser “um erro” negligenciar a conexão entre o coro atual e aquele que já deixou o seu legado. O OAC continua a valorizar e a convidar para a formação da técnica vocal. Para a XXVI Semana Cultural da Universidade de Coimbra, a decorrer entre 1 a 15 de março de 2024 com o tema “Voz”, o grupo coral pretende basear a sua participação em três pilares. São eles a utilização da voz cantada, a saúde vocal e a perpetuação do papel da voz enquanto fonte de expressão “de força e de irreverência” para os estudantes. Deixa, ainda, um convite: “estamos aqui para ensinar e para dar ferramentas às pessoas que queiram fazer parte do coro”.

SEY/AAC: 40 anos a celebrar “o aqui e o agora”

Aniversário contou com retiro de yoga no Bussaco. Viagem à Índia “pode vir a ser dos maiores projetos” da secção, aponta presidente, Anton Pugach. - POR BÁRBARA MONTEIRO -

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ste é um ano de celebrações na Associação Académica de Coimbra (AAC): é a vez da Secção Experimental de Yoga (SEY/AAC) comemorar o seu 40º aniversário. Segundo Luís Trindade, um dos seus fundadores, a inauguração do espaço, em 1983, foi o resultado de uma “reunião espontânea”, dada a “grande procura por atividades relacionadas com a modalidade”. Assim, a vontade de disseminar essa aprendizagem despertou após a visita de um ‘Brahmachari’, mestre de ensinamentos hindu, revela. Luís Trindade admite que, desde o início, tenta manter o mesmo plano de atividades e ensinamentos no espaço, transmitidos através da “essência” do yoga. Porém, devido ao desenvolvimento tecnológico, não conseguiu evitar a mudança, o que levou à troca de alguns dos materiais utilizados na secção. É o caso dos leitores de CD, que foram substituídos por aparelhos mais modernos. Quanto às práticas da modalidade, a SEY/AAC mantém as ha-

bituais sessões de yoga, presentes desde a sua fundação, e de meditação ‘zazen’, dinamizadas a partir de 1987. De acordo com o presidente, Anton Pugach, na secção aprendem-se as bases do yoga, que “ditam os comportamentos que as pessoas devem ter com elas próprias e com a sociedade: não roubar, não mentir e ser honesto”. Também se praticam exercícios de respiração destinados ao “controlo da energia vital”, bem como o desenvolvimento da capacidade de “distanciamento dos sentidos” para relaxar a mente. Além destas, o dirigente também menciona as etapas de concentração, meditação e contemplação, aprofundadas nas aulas. De acordo com Anton Pugach, estas continuam abertas a todos, pelo que apenas é necessário conhecer o conceito de yoga, “baseado na união e na prática do autoconhecimento”. O instrutor da modalidade incentiva os interessados a participar e aconselha-os a frequentar as atividades da secção “de mente aberta”, visto que “podem não corre-

sponder às expectativas”. Isto porque, a seu ver, “a prática do yoga é um caminho individual”. Para comemorar os 40 anos, a SEY/AAC organizou um retiro de yoga entre os dias 10 e 12 de novembro no Bussaco com passeios, meditações e conversas espirituais. Segundo o presidente, uma das condições para os participantes era absterem-se do consumo de álcool, tabaco ou quaisquer substâncias ilícitas, assim como manterem uma alimentação vegetariana ou ‘vegan’. Quanto ao futuro, Anton Pugach confessa que a estrutura necessita de apoio para a realização de iniciativas, em especial para aquele que “pode vir a ser um dos maiores projetos da secção”: uma viagem à Índia. A realização de uma curta-metragem para transmitir o conhecimento acerca da origem do yoga é um dos objetivos da jornada. Em relação aos momentos mais marcantes nestes 40 anos da SEY/AAC, Luís Trindade nomeia: “o aqui e o agora”.


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CULTURA

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DESPORTO

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Rancho Folclórico das Tricanas de Coimbra em risco de despejo

Pró-secção de E-sports da AAC está pronta para jogar

Situação pode levar ao término do contrato de arrendamento que dura há mais de oito décadas. Grupo considera que única solução é aquisição do edifício por parte da CMC.

Qualificadores para próximas competições começam em breve. Estrutura ambiciona conseguir espaço próprio e equipamentos.

- POR Matilde Paz e Miguel Pombo-

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Rancho Folclórico das Tricanas de Coimbra (RFTC) foi fundado a 5 de julho de 1938 com o apoio da Comissão de Turismo da Câmara Municipal de Coimbra (CMC). É inspirado nas tricanas tradicionais da cidade e pauta-se pela continuidade da herança do Folclore. Neste momento, apesar dos seus 85 anos de história, sempre no mesmo local, e do seu cuidado com a preservação deste, o RFTC encontra-se em risco de ser despejado da sua sede, na Baixa da cidade. No presente, é dirigido por Manuel Silva, membro do grupo há cinco anos e detentor do cargo há cerca de quatro. Conta com 28 membros ativos, “desde os mais pequeninos aos mais velhos”, aponta. O presidente acredita que “o RFTC ainda vai ter mais jovens”, uma vez que são cada vez mais os que procuram integrar ou assistir aos ensaios. Desde a sua fundação que é sediado no número 15 da Rua do Moreno e é neste espaço que os membros se reúnem para ensaiar, almoçar e jantar. Por vezes, cedem-no de forma gratuita a outras associações para a realização de eventos. A necessidade de conseguir lucro para cobrir os gastos do grupo é iminente: “é preciso um fato, umas socas ou umas sandálias para dançar e, por isso, é necessário um fundo a que recorrer”, explica o presidente. O grupo recebe apoio monetário por parte de “cinquenta sócios a um euro por mês”, revela Manuel Silva. Ainda assim, admite que o bar aberto que o RFTC tem no seu pátio interior é a receita que sustenta a maioria das despesas. “Se o bar não funcionar, não vale a pena estar aqui”, assevera.

Por Miguel Pombo

Um dos maiores volumes de despesa da associação cultural passa pela manutenção do espaço, visivelmente degradado: “as janelas estão fechadas com chapas de alumínio para a chuva não entrar e o telhado teve de ser arranjado”, conta o dirigente. Manuel Silva acrescenta que, embora o valor da renda seja baixo, o grupo já desembolsou uma grande quantia com a realização de pequenas intervenções: “já gastámos à volta de dez mil euros”. Em julho, o RFTC foi notificado quanto à intenção de venda da casa por parte dos atuais proprietários, avaliada em cem mil euros. O presidente reconhece não haver capacidade financeira para avançar com a aquisição do imóvel. Nesse sentido, a única opção é esperar que a CMC adquira o espaço, visto que o direito de preferência de compra terminou há cerca de quatro meses. Manuel Silva conta: “quando recebemos a carta relativa à compra, enviámos a nossa resposta à CMC e ainda estamos à espera que nos digam alguma coisa”. O membro do RFTC refere que houve uma visita ao local levada a cabo pela autarquia com a presença de engenheiros e arquitetos. Contudo, acredita que o principal entrave se centra no montante necessário para, após a aquisição, proceder às obras necessárias e, desta forma,

fornecer boas condições ao edifício. “O presidente da CMC refere que é preciso um milhão de euros para arranjar o espaço, o problema não é avançar com os cem mil da compra”, esclarece. Manuel Silva revela sentir-se insatisfeito com a falta de resposta por parte da CMC, que só se terá aproximado do grupo após a criação de alguma polémica. Lamenta ainda a ausência de apoio ao associativismo: “este coletivo tem um rancho folclórico que atua em todo o país e só recebe novecentos euros anuais?”. Segundo o presidente, o RFTC já tinha solicitado à autarquia um contributo em relação aos transportes, no entanto, o pedido foi rejeitado. Além disso, critica a União de Freguesias de Coimbra por não fornecer os fundos necessários: “disseram que iam averiguar aquilo a que tínhamos direito, mas até hoje nem um tostão”. Até à data da publicação deste artigo, a CMC não se mostrou disponível para prestar declarações devido à falta de evolução no processo. Apesar da situação, Manuel Silva demonstra manter um espírito de resiliência e apela à solidariedade por parte da população em prol da cultura. “Não é com os apoios que a cultura tem, que são quase nulos, que esta se vai manter”, reitera. Após o atual mandato, o presidente não pretende dar continuidade ao cargo que assumiu em 2019. Ainda assim, tenciona “reunir as condições necessárias” para solucionar o problema antes de abandonar a posição.

- POR Rafael Santiago Vales-

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Pró-secção de E-sports da Associação Académica de Coimbra (AAC) nasceu devido à vontade do presidente, João Nunes, de organizar “torneios online de forma mais profissional e completa”. Explica que a criação foi proposta em março do ano passado. Porém, as exigências para a formação de uma Secção de Desporto levaram ao atraso da tomada de posse, que só aconteceu a 12 de outubro de 2023, “demorou um bocado”, afirma. Já em funcionamento, a Pró-secção ainda tem de passar pelo processo de se tornar uma secção, o que pode levar até dois anos. Esta alteração acontece se a estrutura “mostrar atividade e manter um saldo positivo”, explica João Nunes. Refere que o tempo que se demorou a escrever o regulamento interno, em conjunto com o Conselho Fiscal da AAC, vai agilizar o processo: “queríamos que estivesse tudo perfeito para facilitar o trabalho no futuro”.

Mesmo antes de existir a Pró-secção já havia um torneio no Polo II, coordenado pelo Núcleo de Estudantes de Informática da AAC, ‘Blaze Series’. Segundo o presidente, os organizadores desta iniciativa ajudaram na criação da estrutura A maior diferença entre estas duas entidades é o facto de a ‘Blaze Series’ ser um projeto aberto a todos, enquanto que a Pró-secção de E-sports da AAC se foca “mais no seio académico”. As modalidades em que a estrutura joga são as mesmas do ramo de jogos eletrónicos da Federação Académica do Desporto Universitário (FADU) e, de momento, não existe plano para adicionar outra. . De acordo com o presidente, o que os “diferencia” de outras equipas é a inexistência de um grupo fixo. A Pró-secção funciona “à base de qualificadores”, esclarece João Nunes. As

inscrições para os torneios de formação da equipa vão ser anunciadas em breve nas redes sociais da estrutura e vão decorrer entre o final de novembro e o início de dezembro. Todas as candidaturas e torneios vão ser feitos online através do site da Pró-secção e na aplicação ‘Discord’, com uma “taxa de inscrição simbólica para ajudar a iniciar o projeto da melhor forma”, explica o presidente. Na visão de João Nunes, o plano é enviar uma equipa à competição nacional organizada pela FADU, já que, na edição do ano passado, “a Universidade de Coimbra foi a única que ficou de fora”. A “ambição máxima” da Pró-secção, no entanto, é conseguir tornar-se uma Secção de Desporto e arranjar o próprio espaço e equipamentos.

AAC recebe múltiplas nomeações em 'Melhores do Ano' da FADU “Trazer algo para Portugal é muito importante para atletas”, declarou Camila Rebelo. Desportistas homenageados na XIV Gala do Desporto Universitário. - POR Jéssica Soares-

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ste ano, a Associação Académica de Coimbra (AAC) viu três dos seus atletas, dois treinadores e uma equipa destacados como os ‘Melhores do Ano’ pela Federação Académica do Desporto Universitário (FADU). Estas nomeações resultaram do desempenho dos desportistas, tanto no Campeonato Nacional Universitário (CNU), como em campeonatos europeus ou mundiais, Na natação destacam-se Camila Rebelo (Prata nos 100m e 200m Costas), Gabriel Lopes (Ouro nos 200m Estilos) e o treinador Miguel Abrantes. A equipa de Futebol de 7 Feminino conquistou o pódio pelo terceiro ano consecutivo no Campeonato Europeu Universitário, sendo nomeada para ‘equipa do ano’. Entre os seus atletas, Diana Oliveira (Melhor Guarda Redes no Campeonato Europeu Universitário) e o treinador Alexandre Silva foram destacados.

A prata conquistada por Camila Rebelo, que a entende como “uma forma de reconhecimento” pelo seu trabalho, é também um “marco histórico” para o desporto nacional, visto que esta premiação fez de si a primeira mulher portuguesa a conquistar uma medalha em natação universitária. A nadadora mostra-se orgulhosa e feliz por representar o seu país, afirma que “trazer algo para Portugal é muito importante para os atletas, que trabalham todos os dias para o fazer”. A sua participação e a conquista do lugar no pódio permitiu o apuramento para os Jogos Olímpicos de 2024. Também a competir pelo título de “atleta do ano feminina”, Diana Oliveira foi indicada na época anterior para o mesmo. Quando questionada sobre o que esta nomeação significa para si, a jogadora sublinhou que a vê como um “prémio de mérito para toda a equipa”, já que

a obtenção destes resultados se deve ao vínculo que as atletas têm umas com as outras em campo. A nomeada revela que, como membro de um grupo tricampeão a nível europeu, sente a “pressão de fazer igual ou melhor do que o que foi feito antes”, embora a encare como uma carga “positiva”. Os vencedores destes títulos vão ser anunciados no dia 21 de novembro, na XIV Gala do Desporto Universitário, a partir das 18h30, no Convento São Francisco. Este evento visa a celebração e a homenagem aos desportistas – atletas, treinadores e equipas – que se destacaram nos vários ramos do desporto universitário na época de 2022/23.


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Sondagem Jornal A CABRA/tvAAC prevê eleições pouco disputadas Lista P é preferida para DG/AAC e MAM/AAC, apesar de uma maioria de eleitores indecisos. Estudantes revelam-se descontentes com Ação Social e apoio da AAC à habitação. - POR Daniela Fazendeiro e Alexandra Guimarães-

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elo segundo ano consecutivo, os estudantes da Universidade de Coimbra (UC) foram questionados quanto às suas intenções de voto. Com o aproximar das eleições para a Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) e para a Mesa da Assembleia Magna da AAC (MAM/AAC), o Jornal A CABRA e tvAAC saíram à rua. A amostra contemplou um total de 1240 alunos de todas as faculdades, o que equivale a cerca de 5% dos 25731 estudantes matriculados na UC. Para a DG/AAC, os resultados indicam que a Lista P - “Por ti. Pela Académica.”, presidida por Renato Daniel, lidera a corrida eleitoral, com 36,4% das intenções de voto. Já a Lista A - “Unir, Avançar - Académica de Abril”, encabeçada por João Maduro, reúne apenas 4,8% de estudantes interessados. A tendência mantém-se quanto à MAM/AAC, com a Lista P, dirigida por Carolina Rama, a ser escolhida por 34,4% dos associados, enquanto a Lista A, liderada por Luísa Batista, assume o segundo lugar, com 5% dos votos. No entanto, a maioria dos estudantes confessou ainda não saber em quem votar, no que toca a ambos os órgãos. A par dos 41% de indecisos, 8,9% admitem votar em branco nos dois boletins e cerca de 9% optam pela abstenção. Numa análise aos resultados, a sondagem aponta Renato Daniel como o candidato favorito em todas as faculdades, assumindo maior popularidade entre os estudantes da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da UC (FCDEFUC), com quase 70% de intenções de voto. O projeto de João Maduro angariou mais interessados na Faculdade de Direito da UC (FDUC), onde estuda, com 10,2%, e na Faculdade de Letras da UC (FLUC), com 7,5% FMUC Dos 146 inquiridos na Faculdade de Medicina da UC (FMUC), cerca de 33% elegeram o projeto encabeçado por Renato Daniel para os representar. Por outro lado, a Lista A apenas recolheu 3,4% dos associados abordados. O número de indecisos supera o total de estudantes que escolheram as duas listas, com 68 alunos, o que corresponde a 46,6%. Após a interpretação dos dados, concluiu-se que mais pessoas admitiram votar em branco (4,8%) e não votar (12,3%), no lugar de eleger o candidato João Maduro.

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de abstenção (13,3%) e a FCTUC de indecisos (48,2%). Entre os resultados obtidos, destaca-se ainda a falta de expressividade da Lista A na FCDEFUC, sem votos contabilizados a seu favor, bem como a menor frequência de escolhas FCDEFUC da Lista P na FCTUC e na FLUC. Nestas faculA Lista P foi a escolhida pela FCDEFUC, dades, a predominância de estudantes indecicom 69,4% dos votos a favor, o que se traduz sos pode justificar a tendência dos resultados. em 34 estudantes. Em oposição, nenhum estudante votou na Lista A. Entre os restantes, Academia hoje: o que pensam nenhum aluno pretende votar em branco, os associados 13 (26,5%) não têm uma decisão formulada e Temas fraturantes do Ensino Superior dois (4,1%) abstêm-se. Entre os assuntos em voga na comunidade estudantil, a habitação foi referida por 43,2% dos

aplicar o seu voto equivale a 43,9%. Já 5% pretende votar em branco, enquanto os restantes inquiridos se dividiram entre 2% para o João Maduro e 34,7% para o Renato Daniel.

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ocupação e 87,9% consideraram-na demasiado elevada. Do universo total de análise, 69,5% dos estudantes são bolseiros. Ainda assim, mais de metade dos inquiridos (59%) considerou a Ação Social fornecida como insuficiente e apenas 24% a avaliou como adequada. Revisão do RJIES Após a DG/AAC ter submetido um caderno de propostas para a revisão do RJIES, esperam-se decisões por parte do Governo. Apesar de a maioria da amostra (59,9%) não ter tomado uma posição quanto à alteração do documento que regula as IES, 33,5% dos inquiridos são da opinião de que este deveria ser revisto. 45 universitários ambicionam mesmo a sua revogação, enquanto 37 defendem a manutenção da versão atual. Desempenho da ARE O trabalho da Assembleia da Revisão de Estatutos da AAC (ARE) foi o tema acerca do qual os estudantes demonstraram maior desconhecimento (64,2%). Desde a tomada de posse, em julho de 2022, o desempenho do órgão revelou-se adequado para 19,4% dos inquiridos e insuficiente para 14,4%. Com o aproximar do fim do mandato, apenas 25 pessoas consideraram o desempenho como muito bom.

FDUC Na FDUC foram sondados 206 discentes. Dentro deste universo, 65 estudantes (31,5%) consideraram que a Lista P é a mais indicada para levar a cabo a gestão da AAC. É aqui que João Maduro alcança o seu melhor resultado, que se traduz em 21 pessoas (10,2%). Contrariamente ao que se observou na FMUC, o número de estudantes indecisos é inferior ao dos que optaram por um dos projetos. 34% não tinha decisão tomada, 16% pretende votar em branco e 8,3% preferiu abster-se. FCTUC À semelhança de outras unidades orgânicas, uma grande percentagem (47,1%) de estudantes da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC (FCTUC) não decidiu qual dos candidatos é mais capaz de presidir a DG/AAC. Contudo, 81 dos 274 inquiridos escolheram Renato Daniel, o que contrasta com os apenas cinco alunos que apontaram João Maduro. Os votos em branco e a abstenção totalizaram 21,4%, com 10,5% e 10,9%, respetivamente. FLUC O candidato da Lista P obteve o pior resultado na FLUC, com 30% das intenções de voto. Em contrapartida, João Maduro atinge o seu segundo melhor resultado entre as faculdades, ao conquistar 7,5% dos associados desta unidade orgânica. A tendência de um grande número de indecisos mantém-se, com 43,75% de estudantes incapazes de escolher um proje-

to. Somam-se ainda 27 indivíduos (11,25%) que escolheram votar em branco e 18 (7,5%) que preferem não votar. FFUC 4,1% da amostra abordada não vai comparecer nas urnas da Faculdade de Farmácia da UC (FFUC), a unidade orgânica com o número mais baixo de abstenção, ao lado da FCDEFUC. No entanto, é a faculdade com maior percentagem de indecisos, pois 48,5% não sabia em que projeto votar, o que equivale a 47 estudantes. Quatro pessoas escolheram votar em branco, 1% elegeu João Maduro para presidente da DG/ AAC e 42,3% optou por Renato Daniel. FEUC Dos 130 alunos inquiridos da Faculdade de Economia da UC (FEUC), cinco (3,8%) demonstraram querer votar em branco e 34 (26,2%) reconheceram não saber em que lista votar. Perante as candidaturas apresentadas, Renato Daniel é o favorito, com mais de metade da amostra do seu lado: 58,5%. João Maduro regista um total de oito apoiantes, isto é, 6,2% dos inquiridos. Na FEUC, 5,4% dos estudantes escolheu a abstenção. FPCEUC A Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da UC (FPCEUC) é a unidade que regista o número mais elevado de abstenção: 14,3%. Perto de atingir metade da amostra, o número de eleitores que ainda não decidiram em que lista

Razões de voto O Jornal A CABRA e a tvAAC questionaram os estudantes quanto aos motivos que influenciaram a sua votação. Mais de metade dos associados inquiridos (64,5%) declarou que a sua decisão é motivada por concordarem com as propostas do projeto candidato. Já 229 (37,8%) reconheceram que o seu voto é sugestionado por afinidade a membros da lista. 32,3% dos votantes identificaram a boa divulgação como motivo de escolha e 13% confessaram ter sido aconselhados a votar por terceiros. MAM/AAC A opinião dos eleitores da AAC mantém-se semelhante quanto à MAM/AAC, que apresenta resultados próximos dos obtidos nas sondagens da eleição para a DG/AAC. A Lista P, encabeçada por Carolina Rama, mestranda na FDUC, assume mais uma vez a liderança, com predominância nas faculdades de Farmácia (39,2%), Economia (55,4%) e Ciências do Desporto e Educação Física (69,4%). Luísa Batista, mestranda na FLUC, candidata pela Lista A, consegue uma maior expressão em casa, com 9,2% de votos na faculdade onde estuda, seguindo-se a FDUC, com 8,7%, apesar de continuar atrás da lista adversária. Dos estudantes inquiridos, 111 não vão votar nas eleições para a MAM/AAC. A par disso, 531 (42,9%) não sabem que lista escolher e 110 estão inclinados a votar em branco ou nulo. A FPCEUC é a que apresenta uma maior taxa

inquiridos como o que desperta maior inquietação. Em segundo lugar está a saúde mental, que constitui a maior preocupação para 32,4%. Em terceiro vem a propina e, de seguida, a Ação Social. Apenas 12 pessoas abordadas escolheram a revisão do Regimento Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) como prioridade do momento. Apoio da AAC à habitação A falta de camas a preço acessível afeta inúmeros universitários, entre os quais os 70,7% de deslocados entrevistados. Perante este cenário, a ajuda fornecida pela AAC à habitação foi vista como insuficiente pela grande fatia dos inquiridos (43,9%). Já 10,7% consideraram-na mesmo inexistente. Pelo contrário, 13,4% disseram que este apoio é adequado e 1,9% muito bom. Ainda assim, 373 inquiridos referiram não ter uma opinião formada sobre o tópico. Propina e Ação Social No que toca à propina, a resposta mais frequente foi que esta deveria ser diminuída (31,1%). Já 317 alunos (25,6%) defenderam a sua redução gradual até zero e 266 (21,5%) advogam pela sua abolição. Estando os estudantes internacionais sujeitos ao pagamento de um montante superior, este assunto é o que maior atenção desperta entre eles. De 91 alunos vindos do estrangeiro para estudar na UC, 40 apontaram a propina como tema atual de maior pre-

Riscos da Sondagem Esta sondagem apresenta uma margem de erro de 3% e um grau de confiança de 95%, o que significa que existe uma grande probabilidade de se aproximar dos resultados finais das eleições a acontecer dia 16 de novembro, salvaguardando a questão da abstenção. No entanto, algumas condicionantes constrangeram a sua realização e respetivos apuramentos. Foram elas: o facto de a sondagem se ter realizado no segundo dia de campanha, o que pressupõe uma menor divulgação dos projetos candidatos e explica a ascensão das percentagens obtidas na categoria “não sei”; e, ainda, o facto de a maior parcela de inquiridos (27,8%) serem alunos de primeiro ano, o que pode explicar a menor importância dada a certos temas e a já referida falta de informação. É importante notar, também, que esta sondagem vai ser publicada no último dia de campanha, dia 14, pelo que os candidatos não vão ter a oportunidade de se mobilizar de acordo com os resultados. *Ficha Técnica na última página.


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Desporto para invisuais: “Ver a vida com os olhos do coração” Treinador faz apelo por apoios financeiros no Futebol para Cegos. Atleta afirma que prática de desporto “aumenta autoestima e autonomia” de pessoas com deficiência. - POR Débora Borges e Larissa BrittoNa Baixa de Coimbra está estabelecido o Sport Clube Conimbricense (SCC), onde treinam os atletas do Futebol para Cegos e de outras práticas desportivas, como Yoga, Basquetebol e Futsal. O SCC tem outras modalidades que são acessíveis a pessoas com deficiência visual, como o ‘Showdown’, um desporto semelhante ao ténis de mesa. Este ano, em dezembro, pretendem inaugurar a modalidade de tiro para invisuais, que consiste em Tiro ao Alvo com uma carabina de dez metros. Esta atividade desportiva, também conhecida como Futebol de Cinco, foi influenciada pelo Futebol de Salão, uma vez que é formado por quatro jogadores que atuam na linha e um guarda-redes. As partidas decorrem numa quadra de futsal adaptada, mas desde os Jogos Paralímpicos de Atenas 2004 passou a ser permitida a prática em campos de relva sintética. Diferente dos jogos de futebol tradicionais, nas laterais existem bandas que impedem que a bola saia do campo, as partidas são silenciosas, de preferência em locais sem eco, e duram dois tempos de 15 minutos, com dez de intervalo. A bola utilizada neste desporto possui guizos internos para que os atletas possam localizá-la. Além disso, usam vendas nos olhos para todos os jogadores, com diferentes níveis de cegueira, fiquem em pé de igualdade e, no caso de

Por Débora Borges

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CIÊNCIA E TECNOLOGIA

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Transição energética num país em revolta: “respostas” às alterações climáticas ‘Bandaids’ climáticas são proposta do capitalismo verde. Emergência da crise climática exige alternativas sustentáveis. - POR Bruna Fontaine E Iris Jesus -

lhes tocarem, cometem uma falta. Com cinco infrações, o jogador é expulso de campo e substituído por outro. Existe também um guia que fica atrás da baliza adversária para orientar os membros da sua equipa. Este diz onde é que os atletas se devem posicionar em campo e para onde devem chutar, a par do treinador e do guarda-redes, que também auxiliam nas jogadas. O treinador do Futebol para Cegos do SCC, Márcio Sousa, afirma que esta modalidade é uma “mais-valia” para os atletas e que necessita de reconhecimento, pois, “muitas vezes, passa despercebida". Considera o desporto um elemento fundamental na vida dos jogadores em vários termos: no incentivo à mobilidade, no combate ao sedentarismo e, sobretudo, na saúde. “A importância da equipa vai muito além das quatro linhas do campo”, sublinha. O treinador reforça que este desporto sofre com a falta de apoios financeiros, que, de certa forma, podem contribuir para o desenvolvimento da equipa e do clube. De acordo com Márcio Sousa, “existem poucos apoios em Portugal destinados aos desporto e ainda menos ao Futebol para Cegos”. Os que existem são “muito pequenos e pausados”, lamenta, fazendo com que “os atletas percam o estímulo”. Apesar de as políticas públicas “não serem voltadas para o desporto”, o treinador conta que “o apoio financeiro é o que faz a dif-

erença total”. Conta ainda que a Associação Nacional de Desporto para Pessoas com Deficiência Visual não promove há dois anos “nenhuma ação prática e de desenvolvimento do Futebol de Cinco”. Nesse sentido, questiona: “se a entidade de referência não promove, como é que o para-desporto vai sobreviver?”. O técnico enfatiza que “nenhum deficiente visual paga inscrição, por isso é que o clube não se auto-sustenta”. Márcio Sousa avança que “não existe um contrato e pagamento para os atletas, como no futebol profissional” e que, até há um ano e meio, o clube pagava os deslocamentos e alimentação dos jogadores. Tal ação perdurou três anos, após a equipa ter vencido o projeto “Futebol para Todos”, da Federação Portuguesa de Futebol. “Este ano é possível que os treinos acabem por falta de financiamento”, conta o responsável pela equipa. O treinador afirma que o Futebol para Cegos fez uma “diferença brutal” na sua vida, pelo facto de “as pessoas com incapacidades visuais viverem felizes, alegres e, sobretudo, por enfrentarem as suas dificuldades na medida em que vivem de forma simples”. Márcio Sousa confessa: “desde que comecei a trabalhar neste desporto, passei a ver a vida com os olhos do coração e não com os olhos da visão”. Daniel Ferreira, guia e guarda-redes da equipa, afirma ser incapaz de “imaginar como é que os atletas conseguem praticar o desporto”, tendo em conta a sua experiência enquanto praticante da modalidade de Futsal. Ajudar esta equipa mudou a sua perspetiva em relação a pessoas com deficiência visual e agora acredita, cada vez mais, na autonomia das mesmas. Realça ainda que os apoios financeiros devem ser aplicados, em especial, para “a valorização e o reconhecimento destas pessoas”. Inês Morais, atleta de Futebol para Cegos, conta que o desporto a ajudou com o seu equilíbrio, orientação de espaço e estado emocional, além de auxiliar com “a mobilidade e o andar na rua”. Eunice Santos é a primeira jogadora da modalidade em Portugal e treina no SCC. A atleta tem como missão “praticar todos os desportos existentes que existem para deficientes visuais”. Acredita que o facto de pessoas cegas praticarem desporto, “faz com que possam aumentar a sua autoestima, desafiar a sua zona de conforto e sair à rua com a consciência de que são autónomas”.

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bviamente, apresentei a demissão” foi a frase que marcou o dia 7 de novembro. Estas palavras, proferidas pelo primeiro-ministro português, António Costa, no momento da sua demissão, abalaram Portugal. O caso que chocou o país começou com a identificação de irregularidades num contrato de concessão de exploração de lítio. Restam esclarecimentos sobre uma questão que preocupa a esfera pública e está aliada a uma crise climática. A polémica em torno deste tema não é novidade, no entanto, até à data, as únicas preocupações face à polémica eram ambientais. António Carvalho, professor auxiliar da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), desmistifica o conjunto de problemáticas que envolvem o tema. “Em Portugal, a mineração de lítio é encarada como sendo uma resposta para a crise climática.” Quanto à situação política atual, o sociólogo realça o paralelismo entre os acontecimentos políticos vigentes e o modo de exploração de energias que os gerou: “é vendido um discurso para levar a cabo atropelos ambientais, em que as populações veem os seus territórios invadidos por empresas multinacionais”, desvalorizando-se o direito à terra. Portugal participa em alguns projetos de mitigação dos efeitos das alterações climáticas, entre os quais se destaca o Acordo de Paris, que obriga o país a corresponder a “um plano de desempenho que compromete os portugueses”, notifica a cátedra da UNESCO para a Biodiversidade, Helena Freitas. Em contrapartida, António Carvalho defende que “ao nível da Europa, tem-se tentado construir uma identidade verde, em oposição à imagem dos combustíveis fósseis”. A questão comporta outras perspetivas, como a de Ivan Barbeira, ativista climático, uma voz da resposta social à problemática ambiental. “O capitalismo é o alicerce da energia fóssil, logo, para combater as alterações climáticas, é necessário alterar esse sistema”, evidencia. No que diz respeito às três principais apostas em alternativas energéticas, o gás natural, as energias renováveis e o hidrogénio, o jovem considera que estas correspondem a um falso passo em direção à transição necessária. Nas suas palavras, em Portugal, esta mudança “pode estar

Por Maria Silvia a acontecer no papel, mas na prática não está”. A política portuguesa tem previsto incentivos que visam “reduzir cerca de metade das emissões de carbono até 2030 e descarbonizar totalmente a economia portuguesa até 2050”, atesta Helena Freitas. Em relação a estes compromissos, António Carvalho acredita que “o parque ecológico europeu gera um discurso de preocupação com a dimensão das emissões de gases de efeito de estufa, que potencia a emergência de respostas, como ‘bandaids’ climáticas.” ‘Bandaids’ climáticas é um termo utilizado para definir tecnologias desenvolvidas e apresentadas como solução às alterações no clima que, na realidade, comportam grandes custos para a natureza e sociedade. Segundo o professor da FEUC, estas “ignoram as dimensões

sociais, políticas, culturais, geopolíticas e económicas que estão associadas à emergência da crise climática”. Contudo, mantêm-se “bandeiras essenciais” nas políticas ecológicas europeias, finaliza. Em relação à questão das possíveis soluções apresentadas, Helena Freitas refere a exploração de mão-de-obra infantil como um grande flagelo na extração destes recursos. Indica também os custos ambientais adjacentes à sua extração, que “vão ter alguns efeitos a curto prazo, porque se estão a extrair de forma obsessiva, esmagadora e muito rápida.” Admite ainda que a ciência continua “muito condicionada pelo setor privado e pelas corporações”, dado que “há muita pressão por parte de setores que têm o objetivo claro do proveito”. No entanto, a docente acredita que, de mo-


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CIÊNCIA E TECNOLOGIA

mento, não existem soluções mais viáveis, afirmando que “estas são as opções atuais que a ciência e a tecnologia disponibilizam”. Neste sentido, defende que “a esperança é que se tenha soluções rápidas que não conduzam a esta exploração de recursos.” O professor da FEUC apresentou uma resposta contrastante à mesma questão, pontuando que “a alternativa é a alteração dos sistemas socioeconómicos, assim como dar às pessoas a capacidade de definir a organização das suas comunidades, cidades e do seu trabalho”. Nas palavras da cátedra da UNESCO, a resposta à crise climática promove-se através da adoção de “energia mais renovável, de forma muito mais eficiente”. Acrescenta que a sustentabilidade é um processo que engloba todas as áreas da sociedade, começando na arquitetura, passando pelo setor agrícola, com realce na ação individual. Helena Freitas apela à participação atenta dos cidadãos para ir ao encontro dos benefícios abrangidos pela democracia. Perante esta opinião, Ivan Barbeira debate que, quanto ao papel da responsabilização individual, “é necessário perceber que se fala de justiça climática: o problema é uma questão ética, política, económica, que tem de ser resolvida”. Sublinha que “o tempo gasto a discutir esta questão, poderia ser gasto noutras iniciativas de ação coletiva, que poderiam ter mais impacto e já podiam ter sido feitas”. So-

16 de maio de 2023 bre a mesma questão, António Carvalho afirma que “o discurso da educação e da consciencialização está muito associado a um aspeto político e social chamado ambientalismo neoliberal, assim como à delegação das responsabilidades para os indivíduos”, pilar do “capitalismo verde”. No que diz respeito à reivindicação social de ação climática, António Carvalho acredita que o discurso que é reproduzido em manifestações de grande dimensão, concentradas nas capitais, é uma reclamação “hegemónica”, focada no contexto europeu. Tais movimentações caracterizam-se por apostar na defesa da “redução radical das emissões de CO2”, ou seja, numa perspetiva reconhecida, na área de investigação, como “reducionismo carbónico”. O professor da FEUC acrescenta que, no contexto português, os problemas ambientais são muito mais impactantes nas áreas rurais, onde se inserem “infraestruturas verdes ou projetos de mineração”. Isto verifica-se no Cercal do Alentejo ou em Covas do Barroso, onde se registaram movimentações contra “a questão do lítio, ou infraestruturas de energia renovável cuja implementação tem um impacto na biodiversidade e nas comunidades”. Nesse sentido,

Ivan Barbeira acredita que, dentro do panorama português, a consciência das alterações climáticas é “um problema sistémico que ainda não está generalizado no seio social”. As questões que envolvem Portugal e as alterações climáticas continuam a ser abordadas tanto na academia, como na sociedade, pois carregam grande carga política e económica e mantêm uma relação com as pessoas e o meio onde vivem. Desta forma, António Carvalho realça que é “importante valorizar a capacidade comunitária para reinventar o sistema social como alternativa à economia dominante, com uma perspetiva ambiental e com base na solidariedade.” O docente acredita que assim será possível criar alternativas para travar o colapso ambiental. O papel das universidades na literacia sobre o assunto é também privilegiado pela professora universitária, sublinhando que “podem coletivamente ser muito mais capazes de trabalhar esses domínios com novas disciplinas”. É no entrelaçar destas ideias que testemunhamos a dissolução do Governo, a discussão no meio académico e o povo nas ruas.

Uma sociedade presa a ecrãs Uso excessivo de ‘smartphones’ e redes sociais influenciam quotidiano de utilizadores. Investigadora afirma que uso excessivo afeta saúde mental. - POR inês reis-

S

egundo uma investigação do Dove Self-Esteem Project, 80% dos jovens preferem comunicar através das redes sociais. O mesmo estudo revelou que 86% dos adolescentes portugueses admitem estar viciados em plataformas digitais e que esta utilização tem impactos significativos na vida de todos, em particular nas crianças e jovens. Em todas as faixas etárias verifica-se um uso cada vez mais generalizado de ‘smartphones’ e redes sociais. De acordo com Inês Amaral, investigadora na área das Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), o consumo excessivo pode alterar “não só as perceções que as crianças e jovens têm do mundo, como as que têm de si mesmos”. Nesse sentido, destacou o impacto direto que a crescente utilização das redes sociais tem na saúde mental e na capacidade de concentração, bem como o facto de “não haver espaços livres de tecnologia”. O Jornal A CABRA saiu à rua para falar com estudantes da UC, com o intuito de entender como utilizam os ‘smartphones’. Os

entrevistados mostraram estar cientes da sua utilização excessiva. Sofia Miraval, de 19 anos, aluna de Estudos Artísticos na FLUC, admitiu passar “demasiadas horas” no ‘smartphone’, não tendo dúvidas de que é um vício. O colega David Mesquita Pereira, de 20 anos, matriculado em Jornalismo e Comunicação na FLUC, considera o telemóvel “o instrumento mais necessário para viver a vida quotidiana”. Já Cláudia Almeida, de 19 anos, estudante na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, admitiu que acaba “por adiar tarefas” por estar “presa ao telemóvel”. Dentro do universo de inquiridos, estes universitários já tentaram reduzir o tempo de utilização do seu dispositivo móvel. “Senti que faltava uma parte de mim quando desinstalei o TikTok e o Twitter”, confessou Sofia Miraval. Por sua vez, Adriana Maciel, estudante de 19 anos de Biologia na Faculdade de Ciências e Tecnologia, admite que desinstala aplicações na época de frequências, porém acaba sempre por voltar a instalá-las.

A docente destaca o “acompanhamento de familiares para o uso consciente dos dispositivos” como solução para esta problemática que afeta os adolescentes, esclarecendo que “a proibição não é uma solução”. O estudo desenvolvido pelo Dove Self-Esteem Project analisou a per-

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Presidente CMC: “Sempre que há algo novo, há pessoas do contra”

CIDADE

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CMC faz balanço deste ano de mandato e reconhece que se deve fazer “mais e melhor”. Movimento de cidadãos pede mais diálogo e denuncia fraca valorização da cultura. - POR Guilherme Borges-

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dia 18 de outubro marcou os dois anos de mandato da Câmara Municipal de Coimbra (CMC). Para comemorar, no dia 24 do mesmo mês, a autarquia organizou uma reunião que contou com a presença do presidente, do executivo municipal e dos funcionários da Câmara, na Escola Secundária José Falcão. Foram abordados assuntos como a cultura, a publicidade e o urbanismo. Em resposta a este balanço, o coordenador do movimento Cidadãos por Coimbra (CpC), Jorge Gouveia Monteiro, expressou a insatisfação de alguns habitantes da cidade face à sua gestão. Para abrir a reunião, o presidente da CMC, José Manuel Silva, reconheceu que se devia ter feito “mais e melhor”. Assim, reforçou a importância de ouvir e responder às pessoas sempre com a maior “franqueza’’ e pediu aos conimbricenses para serem exigentes com a gestão autárquica. Ao se referir indiretamente aos protestos do movimento CpC em frente à, outrora, Casa da Escrita, apontou que “sempre que há algo novo, há pessoas do contra”. O representante autárquico reforçou a necessidade de melhorar a estratégia de ‘marketing’ da Câmara, já que não adianta: “vermo-nos como grandes se os outros nos olham como pequenos”. Acrescentou que o que dá “peso a Coimbra” é a perspetiva de fora e deu como exemplo o impacto “brutal” dos quatro concertos da banda britânica Coldplay para a imagem da cidade. Ainda sobre a publicidade, o presidente celebrou a atração do investimento de empresas estrangeiras, como é o caso da Airbus, que abriu um escritório em Coimbra no início de 2023, após ter considerado Aveiro, Braga e Guimarães.

spetiva dos pais acerca da questão e concluiu

A vereadora responsável pelo pelouro urbanístico, Ana Bastos, declarou que a proposta de transformar a estação de Coimbra-B numa intermodal é um projeto de “interesse nacional’’. Esclareceu que, ao contrário do que foi traçado em 2010, o plano de alta-velocidade “vai para a frente’’. Salientou a preocupação com o aumento do trânsito na cidade, em parte consequência das obras do MetroBus. Para retaliar as críticas “injustas” ao pelouro, sublinhou o “salto qualitativo extraordinário” da sua equipa nestes dois primeiros anos de mandato. Jorge Gouveia Monteiro exerceu funções na direção do Partido Comunista Português e foi vereador da CMC entre 1997 e 2009. Em entrevista para o Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA, o coordenador expressou a sua opinião sobre a valorização da cultura pela atual gestão autárquica. Considerou a mudança da administração e nome da Casa da Escrita para Casa da Cidadania e da Língua como um “pagamento de favores eleitorais” e, provavelmente, “familiares”. Explicou que a Câmara escolheu a Associação Portugal Brasil 200 Anos porque é composta pelos “homens que fizeram a campanha do presidente”. Este processo, que acusou ter avançado para “pagar favores”, não lhe garante que o equipamento cultural esteja a ser “bem gerido”. O coordenador defendeu uma política cultural que não esteja limitada à “elite” de Coimbra, que fica “na pele do pêssego”, e que chegue ao resto da população, “ao caroço”. Para Jorge Gouveia Monteiro, uma das soluções pode passar por um trabalho aproximado com as escolas, uma vez que há “enormes dificuldades” no acesso das instituições de ensino a equipamentos culturais. Acrescentou que a CMC deve investir em vias dedicadas de transporte para levar as pessoas aos museus, con-

certos e teatros. O ex-vereador argumentou que é necessária “uma política cultural mais pujante e capaz de mexer com a população’’. Em relação à impressão que Coimbra causa a nível nacional e internacional, o coordenador do CpC criticou a atenção dada aos quatro concertos do Coldplay. A seu ver, a cidade tem patrimónios classificados pela UNESCO que estão “completamente às moscas’’ e deu como exemplos o Colégio do Espírito Santo e o Colégio de São Boaventura. Assim, deixou a questão: “não seria bom pôr a cidade no mapa através da instalação de equipamentos culturais na rua da Sofia?”. Neste sentido, o ex-vereador recordou quando propôs o estabelecimento do Conservatório de Música de Coimbra e da FNAC naquela zona. Sobre o urbanismo, Jorge Gouveia Monteiro concordou com a transformação de Coimbra B numa estação intermodal e defende uma “ligação amigável” entre o metro e o comboio. Acreditou que esta proposta pode melhorar a situação da rodoviária da avenida Fernão de Magalhães, que vê a sua normal circulação afetada. Porém, em relação ao projeto de um pórtico edificado que pretende ligar a entrada poente da cidade à estação, mostrouse preocupado com o possível impacto ambiental. Na sua perspetiva, esta solução da CMC é um parecer “desastroso” para as áreas florestais da Mata Nacional do Choupal. O coordenador considerou-se um “otimista incorrigível”, que tem “sempre a esperança de que as boas ideias contagiem os titulares do poder”. Explicou que há uma falta de resposta por parte da CMC às queixas dos cidadãos e acusa a incapacidade da autarquia de “amortecer e absorver” as críticas. Concluiu que “é importante que a Câmara não se afaste dos movimentos de cidadãos” e que seja capaz de ir ao encontro das suas necessidades, sem “desconfiança”.

que 48% se sente culpado por não proteger os filhos dos “perigos do ‘online’”. “A exposição prolongada aos dispositivos tecnológicos pode afetar variadas questões do ponto de vista da saúde

mental”, remata Inês Amaral. Nesse sentido, a investigadora conclui que “esta é uma sociedade de ecrãs” e reforça que “essa presença constante é absolutamente devastadora”.

Com colaboração de Liliana Martins

Arquivo

Por Clara Neto


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CIDADE

16 de maio de 2023

Sem-abrigo em Coimbra: respostas a uma realidade crescente Associação Integrar espera verbas da Segurança Social. CMC pretende união entre organizações de apoio social para reintegração na cidade.

16 de maio de 2023

Xora diretora,

O

a articulação entre as várias instituições de apoio social da cidade. Ana Cortez Vaz clarifica que a primeira abordagem do Núcleo é feita pelas equipas de rua, numa ótica semelhante ao método da Associação Integrar. A autarquia promove iniciativas como o Centro de Alojamento de Emergência Noturna, onde as pessoas podem pernoitar. Quanto a soluções para dificuldades alimentares, Jorge Alves destaca a Cozinha Solidária, localizada atrás do Mercado Municipal D. Pedro V, que funciona todos os dias do ano. Existe também a Loja Social que facilita a quem mais precisa o acesso a vestuário e outros artigos. Por sua vez, a vereadora menciona o Centro de Reforço Solidário de Coimbra, instalado na Casa do Sal. Trata-se de uma sala “em que é possível fazer algum atendimento social”, onde as pessoas podem ser recebidas com mais “privacidade, dignidade e respeito”, explica. A partir do momento em que os utentes são aceites num dos projetos da Associação Integrar, são incluídos no Centro de Atividades Operacionais. Jorge Alves aponta que neste projeto são feitas atividades de jardinagem, de pequenas reparações e de pintura. Segundo o dirigente, estas ocupações permitem a aquisição de hábitos de trabalho e de diferentes tipos de competências.

O presidente da associação salienta a importância da imagem na procura de emprego e dá a conhecer o projeto Mais Cuidados Mais Integrados. Em conjunto com a barbearia El Torino, a iniciativa percorre o Centro de Acolhimento e as ruas de Coimbra de forma a prestar serviços de corte de cabelo e barba. Apesar de a ideia se destinar a todos que necessitarem, Jorge Alves espera conseguir uma cabeleireira apenas para mulheres. No que toca aos cuidados de saúde, Ana Cortez Vaz atribui foco ao bem-estar mental e ambiciona “uma ligação mais direta” entre as pessoas em situação de sem-abrigo e o apoio psicológico. Em resposta a esta realidade, a Associação Integrar tem um protocolo com o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, que presta auxílio de foro psíquico. Para terminar, Jorge Alves refere que a associação aceita “voluntários de todas as idades e formações” para qualquer uma das suas vertentes de apoio. Para as iniciativas promovidas pela autarquia, a vereadora esclarece que a inscrição pode ser feita no Banco de Voluntariado ou através do contacto com as instituições.

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CARTAS À DIRETORA

- POR XAVIER MARQUES E LEONOR VIEGAS -

aumento do número de pessoas em situação de sem-abrigo em Coimbra é uma realidade que se verifica pelo acréscimo de solicitações de ajuda, aponta o presidente da Associação Integrar, Jorge Alves. Em conjunto com Ana Cortez Vaz, vereadora pela ação social da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), explica que as dificuldades económicas, as perturbações mentais e o consumo de álcool e estupefacientes são as causas principais. A executiva autárquica revela que a faixa etária destas pessoas está entre os 35 e os 50 anos, e que cerca de 85% são homens. Acrescenta que as habilitações literárias compreendem-se entre o sexto e o nono ano. Muitos destes indivíduos não residiam no concelho de Coimbra, mas vieram para o centro da cidade por existirem “várias instituições de apoio”, refere a dirigente. A Associação Integrar, situada na Rua do Brasil, desenvolve diversas iniciativas de auxílio aos sem-abrigo, através do trabalho de uma equipa de intervenção de rua. Num contacto inicial, os responsáveis tentam perceber o perfil da pessoa e o que a levou a essa circunstância, explica Jorge Alves. Como forma de promover o alojamento, a Associação Integrar dispõe de um Centro de Acolhimento com capacidade para 12 utentes no espaço e 25 pessoas em regime ambulatório. Ou seja, estes últimos já estão “inseridos em quartos e têm apoio de retaguarda dessa estrutura social”, esclarece o presidente. Outro projeto da associação é o arrendamento de Apartamentos Partilhados que têm capacidade de resposta para oito pessoas. Jorge Alves ressalta que estes locais abrangem utentes com uma maior autonomia, uma vez que já se encontram “a trabalhar ou em formação profissional”. Revela ainda que está a decorrer a recuperação de uma casa em Assafarge, Coimbra, que vai acrescentar à iniciativa um espaço para cinco utentes. Em Coimbra, a Associação Integrar é também responsável pelo programa Housing First, que conta com 17 integrados e oito em lista de espera. A instituição tem uma candidatura a verbas na Segurança Social, com vista a alcançar 25 utentes. Ao contrário dos projetos já referidos, este espaço já é um dos que acolhe tanto homens como mulheres. Ainda no âmbito do alojamento, a CMC criou, em 2004, o Núcleo de Planeamento e Intervenção em Sem-abrigo de Coimbra, que faz

OPINIÃO

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Coimbra vai ser sempre a cidade dos amores, das tradições e da nossa tão conhecida saudade que carece de tradução para qualquer outra língua. Mas quero que volte a ser o berço da mudança, da revolução e do progresso. É crucial termos consciência do poder da nossa voz, mesmo quando achamos que ninguém nos vai ouvir., Ccalados nunca vamos fazer a diferença, nunca vamos ver as nossas necessidades atendidas nem os nossos direitos respeitados. Como filhos de abril, carregamos as ideologias daqueles que por nós se fizeram ouvir, que preferiram a prisão do que uma “liberdade” fingida e condicionada, aqueles que disseram “NÃO” a um futuro roubado e a sonhos destruídos. Cada vez que trajamos, se ouvirmos com atenção, ainda ouvimos as suas vozes., Aainda os sentimos, pois a capa negra vai ser sempre a personificação da liberdade e da luta incessante pela mesma, porque esta não é, nem nunca será, um dado adquirido neste mundo em que temos que escolher entre comer e estudar. Numa altura em que nos querem negar a educação, um dos nossos direitos básicos, esta que deveria ser gratuita e acessível para todos. Numa altura em que nos cortam as asas e, ao mesmo tempo, nos obrigam a voar para longe. Numa altura em que nos tentam sobrecarregar de uma forma que nos obriga a entrar “em modo de sobrevivência”, o que nos tolda a visão e dificulta o pensamento crítico. Éé importante libertarmo-nos das correntes da ignorância que nos prendem a um mundo estagnado, injusto e sombrio. A educação é um dos pilares da sociedade, é a luz no meio das trevas, é como gasolina para o fogo de uma revolução, é a nossa maior arma que nos está a ser arrancada. Devemos alimentar o fogo que levamos no peito, aquele característico dos jovens ainda com mais sonhos do que memórias, com mais esperança que cepticismo, com mais compaixão que julgamento. Se o deixarmos apagar ele pode nunca reacender., Ppodemos ser condenados a uma apatia tóxica que é, neste momento, uma epidemia. É necessário combater o desinteresse, a mentalidade do “tanto faz” e o sentimento de impotência., Ttemos que voltar a acreditar que o impossível só o é até ser feito e está nas nossas mãos manter vivas as palavras dos nossos antepassados e acrescentar as nossas. Muito mudou, muito ainda está por mudar, desde a economia às injustiças sociais. Como forma de terminar, é importante reforçar que a caminhada é longa, sinuosa e muitas vezes conduz a becos sem saída, mas a única forma de falhar é desistir. Por muito que nos deitem abaixo, por muito que nos tentem calar, a única solução é continuar., Aa vitória está na resiliência, na esperança de o dia de amanhã ser melhor. E no fundo isto é o resumo do que é ser estudante: o passado a pesar na capa e a orientar o passo, os sonhos guardados na pasta e lançados ao mundo juntamente com as fitas. - Marta Branco

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Xora diretora, A abstenção é um problema crónico no país e, sem surpresas, também o é nos mais diversos atos eleitorais que envol-

vem a comunidade estudantil conimbricense. Dizem os estatutos da Associação Académica de Coimbra (AAC) que o seu primeiro e principal fim é “representar os estudantes da Universidade de Coimbra e defender os seus interesses”. Mas temos que nos questionar: o voto de cerca de três mil estudantes representa, realmente, os interesses dos mais de vinte e cinco mil que compõem a universidade? Temo que não. Isto não quer dizer que os eleitos não têm legitimidade democrática, isso seria colocar em causa todo o conceito de democracia. No entanto, os dirigentes, nomeadamente os que pertencem ao órgão executivo da casa, devem moderar a quantidade de vezes que dizem representar todos os estudantes. Se assim fosse, conseguiam mobilizar milhares de estudantes para as Assembleias Magnas e para as ações reivindicativas. Não conseguem. Nem os 3000 que votam lá estão. A abstenção terá diversas origens e cada um terá a sua opinião. Uma coisa é certa, é difícil para qualquer um participar na eleição de algo que não conhece, em que não acredita e/ou em que não se vê representado. Não tenho dúvidas de que a abstenção vai continuar na Académica enquanto houver: quem a use como trampolim para a vida política, quem a aproveite para insuflar o seu ego, quem a encha de dirigentes que são amigos, mas não são competentes. Sem grandes surpresas, a soma destes 3 tipos de “academistas” concentra-se, facilmente, numa só pessoa. E a matemática continua: multiplicamos essa pessoa por tantas outras e enchem-se presidências, coordenações de pelouros e demais cargos. É fácil dizer que se pertence a “(inserir nome da estrutura) da Associação Académica de Coimbra”, difícil é sentir a casa-mãe. A maioria dos estudantes não conhece a dimensão cultural e desportiva da AAC. A maioria dos estudantes não sabe o trabalho ao nível político e pedagógico desenvolvido pela AAC. A maioria dos estudantes, quando ouve “AAC”, pensa no estabelecimento noturno ou na esplanada dos jardins. A maioria dos estudantes não sabe o peso político e histórico do losango preto e branco. A maioria dos estudantes não sabe o que é a Associação Académica de Coimbra e isso é triste, muito triste. Mais triste é que, neste parágrafo, podia substituir “a maioria dos estudantes” por “a maioria dos dirigentes associativos”. Não sou de espíritos saudosistas. O passado deve dar-nos a noção do que conseguimos ser, mas o objetivo (e o desafio) é, no presente e no futuro, ser ainda maior.

- Diogo Teles Mateus


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SOLTAS

16 de maio de 2023

16 de maio de 2023

SOLTAS

CRÓNICAS DO TRODA

O ambiente não quer guerra!

- POR ORXESTRA PITAGÓRICA -

- POR JESSICA SÁ - GRUPO ECOLÓGICO DA ASSOCIAÇÃO ACADÊMICA DE COIMBRA -

Como estamos caros colegas? Aqui o vosso amigo Trôda está de regresso. Sinceramente passa-se tanta coisa por aí que eu não faço ideia por onde começar. Mas acho que vou começar pelo óbvio: Costinha! Nós não avisámos? Para os mais distraídos, vejam como na Queima das Fitas em Maio avisámos o nosso Primeiro Ministro demissionário que devia para bem deste país demitir o Galamba. Nem os Simpsons fazem previsões assim tão na muche. Acho que não repetimos “Vaite embora Galamba” vezes suficientes. Para a próxima enviamos o vídeo directamente para o gabinete do Primeiro Ministro. Reparei que agora há uma nova tendência: os que já eram mestres no conflito Russo-Ucraniano, entregaram agora a tese de mestrado em Conflitos e Tensão no Médio Oriente. A minha opinião é muito simples: a culpa é sempre de quem manda. Por falar de quem manda! Vamos falar de quem manda nisto tudo (especificamente na nossa insalubre casa). Vamos a votos. Adoro. O debate do passado dia 09 mostra como estamos no infantário daqueles

que querem ser os Galambas do futuro. E não, não é pelo haxixe. Essa parte até pode passar. Não faço ideia onde é que eles aprendem este tipo de discursos, mas esses discursos estão por todo o lado e são sempre todos iguais. Todos começam por apontar todos os problemas e mais alguns que já toda a gente conhece, todos dizem ter soluções para eles sendo que raramente ficamos a saber quais são, e no final dos mandatos ficamos todos na mesma. Claro que isto é um esquema em pirâmide que começa pela lista “T” do 10º ano com slogan “Pelo Tabaco no recinto da escola”, passa pela juventude não sei das quantas, DG não sei de onde, Câmara Municipal lá do sítio de onde vêm, e do nada está a contar maços de notas no escritório do Vítor Escária. Isto enquanto o estagiário vai comprar mortalhas. A única diferença é que aqui na AAC, ninguém quer saber. É que mesmo com os doutores da praxe a obrigar os putos a ir às urnas, a última eleição teve uma abstenção de 86,59%! Por isso continuem o bom trabalho. Acho mesmo que o único grande líder que esta casa teve o gosto de ver cres-

SECÇÃO FILATÉLICA - Por josé cura -

A

Universidade de Coimbra tem o seu polo principal na Alta da cidade, classificada como Património da Humanidade pela Unesco, tendo como mais importante e mais antigo conjunto de edifícios a área conhecida como Paço das Escolas. Inclui a Via Latina, antiga fachada principal ladeada por duas galerias de colunatas, servidas por amplas escadarias de acesso, criando o acesso entre o Paço Reitoral, a Sala dos Capelos e os Gerais. No recanto deste edifício ergue-se a Há cultura pela AAC... 16 nov

CIAAC Workshop de Matlab (avançado)

conhecida torre “da Cabra” edificada nos anos de 1728/1733 que, com os seus 33 metros de altura, domina a cidade. Em 1972, os CTT – Correios de Portugal editaram uma série de selos base intitulada “Paisagens e Monumentos”, com desenho dos Serviços Artísticos dos CTT e impressão em offset na Casa da Moeda. A emissão foi retirada de circulação em 31 de dezembro de 1983. O selo de 0$50, retrata o Paço das Escolas da Universidade de Coimbra, em tons de azul e amarelo e servia, à data, para pagar o porte de bilhetes postais simples e a taxa de impressos, sendo como tal muito usado. A emissão incluía 20 diferentes selos retratando monumentos de diversas regiões do país. O referido selo tem pelo menos 7 variantes que inclui uma impressão de segurança no verso, a cinzento, uma inscrição continua, dita de segurança, com as letras CTT seguidas do ano da impressão, dado que os selos foram reimpressos diversas vezes.

cer, foi o CBO lá do McDonald’s. Esse ao menos sabe para o que vai. Digo já que votava nele para CEO cá do sítio. Já imaginaram como as cantinas iam ser top top top? Os almoços de ressaca de Quarta e Sexta sempre com menu grande e desconto de estudante. Bem amigos, vamos falando que isto cada vez está melhor. E quem tiver a ambição de pertencer à nossa Orxestra, ensaios Terças e Quintas na sala Tó Nogueira da AAC (como já é habitual).”

Não estivessem as árvores da beira rio de pé e os utentes dos smtuc estariam as esturricar de calor. Vale a pena pensar nisto. Novamente o som das sirenes das ambulâncias. Porque tem a festa de terminar assim? Bom dia algoritmo. Eu sei que sou vaidosa mas escusas de me enviar tantos anúncios de roupa e acessórios. Quando tiveres acesso ao meu saldo bancário percebes que o que lá está só dá para comprar na feira dos 24. Alguém numa rádio nacional fala sobre trânsito tão rápido que apetece passarlhe uma multa. #hávidanestacidade

nov

OAC

6 dez

Grupo de Cordas

SF/AAC

Espetáculo “Cordas Soltas”

Concerto “Glória a Tolkien”

7

dez

De 7 a

10 dez

FAN-Farra Académica de Coimbra VIITrovador Trovador--Festival Festival VII Internacionalde deTunas Tunas Internacional

A infraestrutura militar, com o seu grande consumo de energia aumenta as emissões de gases causadores do efeito estufa. Só para termos uma ideia, os tanques Leopard I, usados atualmente na Guerra na Ucrânia, consomem em média 1 litro de combustível por 400 metros. Com o uso da política da terra queimada, de explosivos, armas e componentes químicos provoca-se a emissão em grande quantidade de substâncias tóxicas, o desmatamento e a destruição de ecossistemas e biodiversidade. Exemplo disto, é o despejo do “Agente Laranja”, um componente composto por herbicidas e desfolhantes, na Guerra do Vietname que destruiu florestas locais e que ainda hoje tem impactos na saúde da população e na biodiversidade, ou a guerra civil de Moçambique com uma diminuição em 90% de herbívoros como elefantes, zebras, hipopótamos e búfalos que provocou também o declínio das espécies carnívoras.

E depois da Guerra? Ficam as minas e munições não explodidas no solo que para além do perigo para os civis impede o uso da terra. Ficam os resíduos de guerra, como os destroços dos edifícios, os equipamentos militares e veículos destruídos que contêm substâncias tóxicas que metem em risco tanto o meio ambiente como a saúde da população. A escalada armamentista não é o caminho para a paz mas sim para os bolsos da indústria de armamento e das grandes potências que lucram com a destruição do ambiente, do povo, da juventude e do futuro do planeta. Mais do que nunca é urgente, lutarmos pela paz e pelo diálogo na resolução dos conflitos, respeitando a dignidade humana, a soberania dos povos e o meio ambiente.

ObiTuário

ÉxÉtegues da isabel

Até

CEC 18

29º Festival Caminhos do Cinema Português

T

odos os dias, através das peças nos jornais e espaços de comentário, somos confrontados com os danos da guerra. No entanto, para além dos impactos socioeconómicos é relevante discutir os efeitos nocivos da guerra no meio ambiente. Há quem afirme que o ambiente é a “vítima silenciosa da guerra” mas porquê? A guerra contamina os corpos de água e os solos, através do derramamento de petróleo, despejo de produtos químicos e destruição de infraestruturas de água e saneamento, como é exemplo em Gaza que desde 2017, mais de 96% da principal fonte de água para os palestinianos tornou-se não potável. Uma das táticas militares utilizadas em cenário de guerra é a destruição de infraestruturas agrícolas e colheitas, com o intuito de ameaçar a subsistência do povo, acabam por contaminar rios e aquíferos e deixar as terras inutilizáveis por anos.

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- Por cabra coveira -

Avada Q’acabra Porque é que o gnomo se ri a andar nos jardins da AAC? Porque a relva lhe faz cócegas nos tomates. Há quem diga que o Caseiro se chama Potter e sabe magia. O seu único truque é ter perdido a classe a cada Magna. Rezemos para que não tenha perdido a varinha também. Vaidemort com este mandato de “continuidade”. Nem o curso de educação te deu as hard skills para amansar este bando de parvos. Mpt caseiro. Qual é o melhor dia para casar? O que fizeste durante o ano foi pedir pão e sonhar com a barba do Alberto Martins? As tuas camisas têm mais linhas que as reivindicações da DG. Ministramus. Leva o Tomázio contigo e faz o que fazes melhor: deixar para o próximo mandato. Qualquer queixa vai prá plataforma 9 e 3/tachos.

Bora, Bora, Goberno de fora Este gajo já tá mais do que enterrado, mas tasse bem. Vila Moleza é uma república das bananas, então vieste dar à Costa por Portugal. Pelos vistos, deu coco (com acento). Organizou-se um barbacu no parlamento, o PM não tinha a barba então deu o resto. Lá vem o Pedro Nuno Santos TAPar-te o buraco. Costou, mas lá bazou. Como um bom português, cumpriste os três Fs: Fado, Futebol e Falsificação de documentos. Para cumprir Portugal só te falta a boina e o bigode, a pança e o ressabianço e o amigo com haxish já tens. Perdestes a ganza na AReia? Ouvi dizer que o LITio tá a bombar. A Costa Mista ficou mais fraca no BARAAC. António Crosta saiu do Grupo.


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ARTES FEITAS

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CABRA DA PESTE - POR Pedro mendes -

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16 de maio de 2023

ESTATUTO EDITORIAL DO JORNAL UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA A CABRA E DO PORTAL INFORMATIVO ACABRA.PT De acordo com o Artigo 17º, alínea 3, da Lei de Imprensa, qualquer publicação deve divulgar, anualmente, o seu estatuto editorial.

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ACABRA e ACABRA.PT praticam um jornalismo que se quer universitário no sentido amplo do termobn desprovido de preconceitos, criativo, atento, incisivo, crítico e irreverente.

ACABRA e ACABRA.PT são dois órgãos de ACABRA e ACABRA.PT praticam um jorcomunicação social académicos cujo objenalismo de qualidade, que foge ao sensativo é constituírem-se – numa simbiose capaz de aproveitar o formato e estilo diferente que cionalismo e reconhece como limite a fronteicada um possui – enquanto Jornal Universi- ra da vida privada. tário de Coimbra. ACABRA e ACABRA.PT são na sua essência ACABRA e ACABRA.PT têm como público-alconstituídos por um conteúdo informativo, vo a Academia de Coimbra e é sob este princí- mas possuem espaço e abertura para conteúdos pio que devem guiar as decisões editoriais. não informativos, que se pautem por critérios de qualidade e criatividade. ACABRA e ACABRA.PT orientam o seu conACABRA e ACABRA.PT integram-se na teúdo por critérios de rigor, criatividade e Secção de Jornalismo da Associação independência política, económica, ideológica Académica de Coimbra, perante cuja Diou de qualquer outra espécie. reção são responsáveis; contudo, as decisões

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editoriais d’ ACABRA e d’ ACABRA.NET não estão subordinadas aos interesses ou a qualquer posição da Secção de Jornalismo, nem aquele facto interfere com a relação sempre honesta e transparente que ACABRA e ACABRA.NET se obrigam a ter perante os seus leitores.

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A CABRA é um jornal quinzenal, cuja periodicidade acompanha os períodos de atividade letiva.

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ACABRA.PT é um site informativo, de atualização diária, cuja atividade acompanha os períodos de atividade letiva.

Princípios e normas de conduta

CINEMA

A diferença entre um filme e um livro e a obliteração do tempo histórico

1. Recusar cargos e funções incompatíveis

- Por Bruno Oliveira -

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cinema português e Agustina Bessa-Luís continuam o seu romance, o que começou com Manuel de Oliveira, numa longa relação que gerou vários frutos e foi abraçado por João Botelho – culmina agora na primeira longa-metragem de Eduardo Brito. Digo que “culmina”, pois, o livro que aqui encontra adaptação ao cinema é tido como a obra-prima de Agustina. Uma obra que se acredita ser autobiográfica, crença que Eduardo Brito confirma. A personagem Germa representa a escritora e Quina uma tia sua. Será sempre injusto comparar um livro a um filme, um livro será sempre capaz de muito mais. Quando alguém afirma que “o livro é melhor que o filme”, devemos suspeitar sempre – pois o livro é melhor que o filme na mesma medida que a pessoa é melhor que o seu retrato. Mas a pessoa ser mais ou melhor que o seu retrato, não nos impede de apreciar o retrato. Afirmar isso, pode sim, impedir-nos de discutir o filme, pela natureza injusta do argumento. Esta longa-metragem encontra suporte no rigor que Eduardo Brito coloca em cada plano, existe um cuidado para que cada frame seja uma pintura singular. É o domínio do enquadramento e da luz que mais merece destaque na avaliação que fazemos do filme. No romance existe uma vontade de ignorar o tempo histórico, talvez para dar ao leitor uma sensação de intemporalidade ou para não o distrair com os tumultos da história. A vida da Sibila aconteceu entre o fim do século XIX e início do século XX – época rica em acontecimentos, desde a grande guerra até à república. Parece-me que esta opção, acima de tudo, procura afirmar que a casa da família de Quina (a casa que

A isenção, imparcialidade e integridade que devem marcar o trabalho no Jornal Universitário de Coimbra implicam por parte dos seus jornalistas o conhecimento e aceitação de regras de conduta. Assim, o jornalista deve:

também é personagem), a aldeia onde o enredo se desenvolve e aquelas pessoas são uma cápsula impermeável ao tempo. Quem vive ou tem família no interior norte, desde a Beira Alta até Trásos-Montes, talvez entenda com particular familiaridade este fenómeno. Há, num certo Portugal, uma imutabilidade que se espelha no romance de Agustina e encontra forma no filme de Eduardo Brito. No filme sentimos isto com a falta de planos de céu e pela falta de horizontes. Vemos a casa, as paredes e as tensões entre protagonistas, apenas. Um filme sólido, mas talvez pouco ambicioso. Magro, mas com profundidade, vale pelo retrato que monta.

com a sua atividade de jornalista. Neste grupo incluem-se ligações à Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra, à Queima das Fitas, ao poder autárquico, bem como a atividade em gabinetes de imprensa, na área da publicidade e das relações públicas. Deste grupo estão excluídos, por respeito para com o direito do estudante de Coimbra de participar na gestão da Universidade de Coimbra, os cargos em órgãos de gestão das faculdades e da universidade. Cabe à Direção do Jornal Universitário de Coimbra decidir quais os casos em que a atividade jornalística se encontra prejudicada por outras atividades e agir em conformidade. 2. Abdicar do uso de informações obtidas sob a identificação de “jornalista do Jornal Universitário de Coimbra” (ou similares) em trabalhos que não sejam realizados no âmbito do Jornal Universitário de Coimbra. Além disso, o jornalista compromete-se ao sigilo das informações obtidas desta forma. Exceções a esta norma poderão ser autorizadas pela Direção do Jornal Universitário de Coimbra. 3. Recorrer apenas a meios legais para a obtenção da informação, sendo norma a identificação como jornalista do Jornal Universitário de Coimbra. De forma alguma podem ser usadas informações obtidas através de conversas

informais ou outras situações em que o jornalista não se identifica como tal e como estando em exercício de atividade. 4. Abdicar de se envolver em atividades ou tomadas de posição públicas que comprometam a imagem de isenção e independência do Jornal Universitário de Coimbra. Contudo, o Jornal Universitário de Coimbra reconhece o direito inalienável do jornalista universitário a assumir-se como cidadão. Assim, nunca um jornalista do Jornal Universitário de Coimbra será impedido de se manifestar em Reunião Geral de Alunos ou Assembleia Magna, desde que não esteja nessa altura em exercício da sua atividade jornalística, em cujo caso deverá prescindir do seu direito de expressão e voto. De igual forma, nunca será impedido de participar ativamente em qualquer atividade pública. Cabe à Direção do Jornal Universitário de Coimbra decidir quais os casos em que a atividade jornalística se encontra prejudicada por outras atividades e agir em conformidade. 5. Ter consciência do valor da informação e das suas eventuais consequências, particularmente no meio académico de Coimbra, no qual o Jornal Universitário de Coimbra é produzido e para o qual produz. Neste contexto particularmente sensível, o jornalista deve ter especial atenção à proveniência da informação e à eventual parcialidade ou interesses da fonte (não descurando o imprescindível processo de cruzamento de fontes), bem como garantir uma igualdade de representação em caso de informações contraditórias ou interesses antagónicos, evitando que o Jornal Universitário

de Coimbra se torne meio de comunicação de qualquer instituição, grupo ou pessoa. Num meio em que o desenrolar de acontecimentos pode afetar, direta ou indiretamente, o Jornal Universitário de Coimbra, o jornalista tem também que saber manter o distanciamento necessário para a produção de uma informação rigorosa. 6. Garantir a originalidade do seu trabalho. O plágio é proibido. Nestes casos, a Direção do Jornal Universitário de Coimbra deverá agir disciplinarmente e o jornal deverá retratar-se publicamente. 7. Recusar qualquer tipo de gratificação externa pela realização de um trabalho jornalístico. Estão excluídos deste grupo livros, cd’s, bilhetes para cinema, espetáculos ou outros eventos, bem como qualquer outro material que venha a ser alvo de tratamento crítico ou jornalístico; constituem também exceção convites de entidades para eventos que tenham um inegável interesse jornalístico (por exemplo, convites da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra para cobertura do Fórum AAC). Cabe à Direção do Jornal Universitário de Coimbra resolver qualquer questão ambígua. 8.Qualquer derespeiro em relação aos pontos acima vigentes implicará uma queixa por parte da Direção do Jornal Universitário de Coimbra e do seu Conselho de Redação às entidades competentes, nomeadamente o Conselho Fiscal da Associação Académica de Coimbra, ou à formalização de procedimentos legais.


Mais informação disponível em

Editorial Paz aos academistas e à Académica - POR ANA FILIPA PAZ -

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omar as rédeas do Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA e continuar o trabalho rigoroso pelo qual se tem distinguido nos últimos 32 anos é um grande privilégio. Quando fui convidada a aceitar o cargo, a então diretora disse-me que ambicionasse o máximo para o meu mandato: “O jornal é aquilo que o diretor quer que ele seja”. Tenho levado essa premissa comigo para a discussão dos projetos que idealizamos para este ano. Em equipa, queremos produzir jornalismo de qualidade ao mesmo tempo que aproveitamos o espaço de liberdade e criatividade da Secção de Jornalismo para prosseguir o escrutínio com a irreverência com que tem sido feito, esforçando-nos por passar para o papel as frases de protesto dos estudantes da cidade de Coimbra. Queremos exigir uma Académica transparente e democrática, que mobilize forças pela evolução das IES e das estruturas que compõem a Casa e não se organize por afinidades ou favores. Uma Académica que tome posições, seja “po-

liticamente incorreta” e provoque a mudança, comprometendo-se a fazer o melhor pelos seus associados e a centralizar a atenção nos assuntos que preocupam a academia. O Jornal A CABRA tem um papel indispensável na informação da comunidade e, efetivamente, altera o curso da História. Temos os exemplos da pressão para as obras na sala de estudo em 2016, da reportagem sobre a divisão da Cantina dos Grelhados, que incentivou o acordo de gestão partilhada do espaço e, ainda, do alerta para a representatividade feminina nos órgãos da AAC, com a primeira página “Academia de Mulheres”. Essa pressão é construtiva em si mesma e deve ser lida como um incentivo à progressão e não um ataque à nossa Casa. Para a próxima Direção-Geral: arrisquem, ouçam, façam diferente. Homenagens e exibições não são suficientes. A AAC precisa de se unir e apresentar soluções, não traçar caminhos políticos ou ser palco para a projeção individual.

Assembleia Magna, 2003, TAGV Se te interessámos, segue e acompanha o trabalho do Arquivo da Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra em @arquivo.sjaac

Ficha Técnica

O inquérito publicado nesta edição foi realizado no dia 8 de novembro, entre as 9 e as 20 horas. 1240 estudantes foram questionados, o que corresponde a cerca de 5% dos estudantes associados da Associação Académica de

Coimbra. A sondagem foi feita de forma aleatória entre os estudantes de todas as faculdades. A distribuição das amostras foi feita com base em dados numéricos presentes nos cadernos eleitorais, tendo em conta quantos

estudantes tem cada unidade orgânica. A responsabilidade desta sondagem é do Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA e do departamento de informação da tvAAC.

FICHA TÉCNICA

Diretora Ana Filipa Paz

Conselho de Redação Luís Almeida, Francisco Barata, Tomás Barros, Joana Carvalho, Carina Costa, Inês Duarte,

Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA

Equipa Editorial Daniela Fazendeiro & Alexandra

Filipe Furtado, Leonor Garrido, Hugo Guímaro, Luísa

Depósito Legal nº478319/20

Guimarães (Ensino Superior), Raquel Lucas & Sofia

Mendonça, Margarida Mota, Bruno Oliveira, João Diogo

Registo ICS nº116759

Moreira (Cultura), Larissa Britto (Desporto), Ana Cardoso

Pimentel, Paulo Sérgio Santos, Pedro Emauz Silva

Propriedade Associação Académica de Coimbra

& Eduardo Neves & Sofia Ramos (Ciência & Tecnologia),

Morada Secção de Jornalismo

Clara Neto & Luísa Rodrigues (Cidade), Sofia Ramos

Fotografia e Ilustração Daniela Fazendeiro, Joana

(Fotografia)

Carvalho, Alexandra Guimarães, Clara Neto, Catarina

Rua Padre António Vieira, 1 300-315 Coimbra

Duarte, Débora Borges, Miguel Pombo, Gustavo Eler, Colaborou nesta edição Débora Borges, Guilherme

Matilde Paz, Duarte Nunes, Maria Sílvia, Simão Moura

Borges, Larissa Britto, Joana Carvalho, Raquel Chaves, Francisca Costa, Catarina Duarte, Daniela Fazendeiro,

Paginação Lucas Yamamoto e Lunna Santana

Bruna Fonaine, Solange Francisco, Alexandra Guimarães, Iris Jesus, Camila Luís, Luísa Malva, Xavier Marques,

Impressão FIG - Indústrias Gráficas, S.A.

Bárbara Monteiro, Matilde Paz, Miguel Pombo, Inês

Telf.239 499 922, Fax: 239 499 981, e-mail: fig@fig.pt

Reis, Jéssica Soares, Maria Sílvia, Marta Tavares, Rafael

Produção Secção de Jornalismo da Associação

Santiago Vales, Afonso de Vasconcelos, Leonor Viegas

Académica de Coimbra Tiragem 2000


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