Edição 321 - Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA

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3, 2, 1... Às Urnas!

Sondagem prevê vantagem eleitoral de Lista V - "Académica de Vanguarda", com 39,4% das intenções de voto. Lista A - "Acredita na Académica" segue-se com 10,3% e Lista C - "Cumprir a Académica" perde com 2,9%. Intenções de voto para MAM/AAC somam primeiro lugar para Lista V com 38,3%.

Santiago Nunes

ENSINO

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Candidatos à presidência da DG/AAC e da MAM/AAC expressam propostas e objetivos em entrevista ao Jornal A CABRA. Luta pela revisão do RJIES é comum aos três. Solução para a descentralização das AM divide candidatos. Sondagens revelam que habitação e saúde mental são maiores preocupações dos inquiridos.

CULTURA

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“Linha de Fuga” traça caminhos de diversidade e comunhão com atividades ao longo do mês de novembro. Sob o mote de “enfrentar os medos”, o festival de arte contemporânea acolhe criações de artistas de várias origens para a sua edição IV.

DESPORTO

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Depois de uma década, séniores masculinos da Secção de Futsal da AAC voltam a entrar na quadra. Sentimento dentro do balneário é de esperança

CIÊNCIA

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Aumento das ISTs reflete falta de conhecimento sobre saúde sexual e uso reduzido de métodos contraceptivos entre jovens, segundo profissionais de saúde. Coimbra apresenta maior incidência de casos em relação ao resto do país, mas também maior número de testes realizados.

CIDADE

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Bienal de Coimbra continua sem local para a edição de 2026, após acordo para transformar o Mosteiro de Santa Claraa-Nova num hotel de luxo. Diretor do CAPC destaca a gravidade do atraso nos preparativos, enquanto o presidente da CMC está confiante quanto à continuidade do evento.

Órgãos Centrais da AAC

ASSEMBLEIA MAGNA

DIREÇÃOGERAL

ASSEMBLEIA MAGNA

MESADA ASSEMBLEIA MAGNA

A Assembleia Magna (AM) é o órgão máximo deliberativo da AAC e dela fazem parte todos os associados da Casa. Pode ser convocada a pedido da Direção-Geral ou de cinco por cento dos associados efetivos da AAC.

DIREÇÃO-GERAL

A Direção-Geral é o órgão máximo executivo da AAC e tem o poder de convocar AM. Faz a gestão da Casa a nível financeiro, administrativo e político. Constituída por 15 a 25 elementos, é subdividida por pelouros.

MESA DA ASSEMBLEIA MAGNA

A Mesa da Assembleia Magna é constituída por um presidente, um vice-presidente, dois

secretários, um coordenador-adjunto de comunicação e um coordenador-adjunto logístico. É quem divulga, coordena, dirige, e assegura as condições necessárias à realização de AM. Detêm a responsabilidade pelas eleições dos órgãos centrais da Casa, sendo que o seu presidente também preside a Comissão Eleitoral.

CONSELHO FISCAL

O Conselho Fiscal é o órgão máximo de jurisdição da Casa, responsabiliza-se por dar pareceres de relatórios de todos os organismos da AAC. Exerce competências de fiscalização em coordenação com o Conselho Cultural e Sociocientífico, Desportivo e Internúcleos. Constituída por 15 membros, sendo que 11 são eleitos pelo contingente dos associados efetivos,

dois pelo contingente das secções culturais e sociocientíficas e os últimos dois pelo contingente das secções desportivas. Têm a palavra final no julgamento de irregularidades estatutárias.

CONSELHO DISCIPLINAR

O Conselho Disciplinar é o órgão de investigação e decisão da AAC, detendo a tutela e iniciativa da ação disciplinar em todas as suas fases. É composto por nove membros eleitos por sufrágio secreto, direto e universal. Detém a tutela da ação disciplinar, da sua instrução, participação como acusador e da posterior decisão em Processo Disciplinar.

Duarte Nunes

As pretensões dos candidatos à MAM/AAC

Necessidade de encurtar duração das AM é ponto de concordância entre proponentes. Transição digital, propina internacional e sensibilização para importância do órgão entre questões discutidas.

- POR FILIPA ANTÓNIO E LILIANA MARTINS -

Lista A - Acredita na Académica

Diogo Vital é o candidato à presidência da Mesa da Assembleia Magna da Associação Académica de Coimbra (MAM/AAC) pela Lista A - “Acredita na Académica”. O jovem defende que “não há melhor sítio do que a AM para auscultar os estudantes” e quer “devolver-lhes o poder de decisão”. No que toca à relação com os restantes órgãos, promete “aumentar o escrutínio sobre a Direção-Geral da AAC (DG/ AAC)”.

A concretização da transição digital é também um objetivo que move a Lista A e que Diogo Vital quer ver refletido nas AM. Assim, para as assembleias propõe avançar com um sistema de voto eletrónico através de uma aplicação, no lugar dos atuais boletins físicos. Para isso, o estudante prevê a realização de testes que avaliem a eficiência do método antes da implementação. “A transição não pode ser feita de um dia para o outro porque existem erros que devem ser resolvidos antes da passagem completa para o voto digital”, explica. Embora a última AM tenha contado com uma forte adesão estudantil, a recorrente falta de quórum não deixa de ser uma preocupação para a Lista A. Para tornar as assembleias mais atrativas, Diogo Vital sugere diminuir a extensão da ordem de trabalhos e definir uma calendarização semestral de acordo com o número estatutariamente previsto. Além disso, o candidato acredita num plano de rotatividade dos locais. “É importante mobilizar os estudantes para os pólos II e III”, sublinha.

Lista C - Cumprir a Académica

Unidade e Luta são os pilares da Lista C“Cumprir a Académica”, que tem como candidata à presidência da MAM/AAC Ana Francisca Gomes. A concorrente conta que se envolveu no projeto: “É Só Letra!”, espaço de denúncia e reivindicação na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde ouviu “os problemas dos estudantes” e, por isso, valoriza a união para combatê-los. Considera que esta bagagem, ligada ao associativismo, é uma “boa adição para presidir a AM”.

Um dos seus objetivos é sensibilizar e informar o que são e para que servem as AM, uma vez que “muitos alunos chegam a Coimbra e não conhecem o órgão”, aponta. Nesse sentido, alerta para a necessidade de mais campanhas de consciencialização e uma maior divulgação dos encontros. Por outro lado, afirma que as assembleias são “bastante prolongadas” e acredita que deve haver “um equilíbrio entre a parte burocrática e os momentos em que, de facto, se ouve os estudantes”.

Quanto à descentralização das AM, a estudante considera que deve haver “uma mobilização séria e rigorosa” que proporcione transporte para os estudantes dos diversos pólos, incluindo o da Figueira da Foz. Ainda assim, considera que a melhor solução é continuar a usar o Pólo I como espaço para a realização das assembleias, uma vez que está de “portas abertas a todos”.

Se for eleita, Ana Francisca Gomes espera deixar um legado com uma “AM repleta de estudantes e sessões de curta duração, que vão ao encontro dos reais problemas da comunidade da AAC”. Ao longo do mandato, ambicio-

na traçar uma luta pautada pela resolução de várias questões basilares da Lista C, como a propina, o alojamento e a Ação Social, num “trabalho em conjunto com a MAM/AAC, os estudantes e a Casa”.

Lista V - Académica de Vanguarda “Visão, Voz e Valores” são os pilares que regem a candidatura da Lista V - “Académica de Vanguarda”, que propõe Diogo Rocha para presidir a MAM/AAC. Segundo o próprio, o órgão “tem vindo a ser desvirtuado” ao longo dos anos e é isso que o projeto procura reverter, através da mobilização estudantil. “Quando perceberem que a sua voz molda o presente da academia, os estudantes vão querer aderir às AM”, garante.

Diogo Rocha sublinha ainda a necessidade de “pensar nos estudantes internacionais”, que acredita serem, por vezes, “postos de lado”. Assim, promete “exigir à DG/AAC medidas que ponham em prática a sua inclusão”, com enfoque na propina internacional, habitação e saúde mental. “A AM tem de ser um espaço inclusivo e plural onde todos são ouvidos”, assevera o candidato, que também pretende levar a cabo a integração de língua gestual nas AM e a tradução para braille dos documentos que delas resultam.

Outra das propostas em que o concorrente quer apostar é a criação de um portal da transparência, para divulgação da documentação e moções aprovadas em AM. Segundo Diogo Rocha, a ideia surge da vontade de mostrar à comunidade “o impacto que as medidas têm na sociedade e em Coimbra”, fruto de documentos aos quais os estudantes “costumam perder o rasto”. Clarifica que “é necessário criar mecanismos para que os associados percebam o que decorre das assembleias”.

Iris de Jesus
Iris de Jesus
Cedida
“É importante a AAC estar aberta a financiamento externo, não podemos ter medo de nos meter nas mãos das empresas”

Pedro Valério candidata-se à DG/AAC sob o mote “Acredita na Académica”. Cabeça de lista define sustentabilidade financeira, saúde mental e aproximação da AAC aos estudantes como principais estandartes.

- POR IRIS DE JESUS E LUIS PEREIRA -

O que motivou a tua candidatura à presidência da Direção-Geral?

Há dois motivos estruturais: em primeiro lugar, a proximidade aos estudantes, algo que acredito que, no momento, não está a funcionar na Académica. Isto deve-se, e daí advém a minha segunda razão, ao facto de nos estarmos a transformar numa estrutura de dirigentes associativos para dirigentes associativos. Isso não é o modo como a lista A quer estar na Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), nem perante os outros órgãos presentes no edifício-sede.

Quero chamar os estudantes para participarem num projeto de maior abertura da AAC e era importante incluirmos alguns espaços emblemáticos da cidade nessa discussão. Podemos fazer reuniões da DG/AAC nesses espaços mais abertos como é o caso, por exemplo, do Café Santa Cruz. É um local com uma ligação histórica à Académica e à cidade e, ao fazermos isso, estamos também a materializar esta política de abertura da DG/AAC e a garantir que a comunidade estudantil também se informa acerca da própria história.

Quais são as principais ideias do teu projeto?

Aos já referidos acrescento a questão da saúde mental. A Universidade de Coimbra (UC) tem feito esforços para aumentar a oferta e devemos juntar-nos a eles. A AAC podia ter um edifício onde pudéssemos fornecer esse acompanhamento psicológico, tal como temos na universidade. Numa primeira fase, um estudante de Psicologia já licenciado e com determinado conjunto de competências poderia ser um auxílio muito grande e, embora não fosse a solução definitiva, podia mitigar o problema, ao mesmo tempo que também abríamos o espaço a esses alunos para mostrarem as suas valências.

De que forma conseguiste fundos para financiar a tua campanha?

Acredito que devem ser pessoas da lista a financiar o projeto. Eu, enquanto candidato, certamente vou ter que alocar uma parte maior. Quais são os planos da Lista A para as secções culturais e sociocientíficas? E desportivas?

A questão da cultura e do desporto é similar, uma vez que, neste momento, a grande financiadora é a UC. Portanto, o primeiro passo para qualquer secção cultural ou desportiva é aferir as necessidades da estrutura para o mandato. Depois, devemos falar com os nossos parceiros de excelência, a UC e a Câmara Municipal de Coimbra (CMC), e perceber de que forma podem apoiar dentro do valor ou dentro das condições materiais de que as secções precisam. O valor a dar a cada uma tem de ser estudado caso a caso, porque há estruturas nas quais mil euros vão fazer muita diferença, mas também há outras em que não resolvem nada. Se estas instituições falharem, talvez os privados possam ocupar um papel relevante. É importante também estarmos abertos a financiamento externo, não podemos ter medo de nos meter nas mãos das empresas. No entanto, é importante percebermos que têm de ser apoios contratualizados. Por exemplo, nós precisamos de equipamentos para o desporto universitário, falamos com várias empresas de produção de equipamentos para perceber qual é a mais benéfica para a Académica, e depois oferecemos contrapartidas, poderemos ter de ir a um torneio e publicitar a empresa enquanto está a decorrer. É importante chegarmos a um equilíbrio.

Não consideras que essa bandeira pode ser um pouco a antítese dos valores da Associação Académica de Coimbra?

Se contribuir para que a Académica seja um espaço melhor para os estudantes, acho que não, até porque temos um advogado, ou seja, nunca se poderiam aproveitar politicamente da Académica. Por exemplo, acho que a Cantina dos Grelhados é uma ótima sala de estudo, mas se nós conseguirmos, com uma empresa privada, financiar obras no espaço, podemos fazer uma espécie de um anfiteatro. Essa sala poderia chamar-se mini-auditório Santander Totta.

Estarias disposto, sempre que houvesse a possibilidade de uma parceria, a levá-la a Assembleia Magna?

Sim. Tranquilamente. Estaria disposto, mas, por muito que os associados pudessem aceitar

esse modo de financiamento, se o advogado da AAC entender que não está dentro dos trâmites legais, fica fora de questão.

De que forma te posicionas perante a necessidade de reestruturação do edifício? Quais são os planos da Lista A para tal?

A reivindicação política base é obras no edifício-sede. Ao discutir qualquer problema do edifício estamos logo a começar de forma errada, por exemplo fala-se logo da rede elétrica da década de 1970. Se por algum motivo houver um incêndio na AAC, não havendo saídas de emergência, as pessoas podem morrer aqui. Portanto, acho mesmo que temos de começar ao contrário: perceber que temos problemas de dimensões gigantescas neste edifício, mas temos de ser realistas no que é resolvível. Estas são questões que não se vão resolver nem num ano, nem em cinco, e muito dificilmente em dez, porque envolvem alterações estruturais. Podemos começar com o caso da acessibilidade: a rampa está estragada, não é adequada. Alguém que tenha dificuldades de locomoção ou que recorra a uma cadeira de rodas não tem proteção nenhuma. A reestruturação do edifício deve funcionar de forma mais tranquila. Começar, por exemplo, por um plano para renovar as mesas de todas as estruturas.

O Ministro da Educação admitiu que não concorda com a redução das propinas, tendo deixado a porta aberta para um eventual descongelamento. Face também à situação da propina internacional, como encaras esta decisão?

A questão da propina zero é uma bandeira importantíssima, não só por estar prevista nos Estatutos da AAC. No entanto, arriscaria dizer que a propina até é a coisa mais barata do Ensino Superior (ES). Pagamos todos os meses mais de habitação do que propinas. Nós também temos de fazer parte da solução. Acho importante ter um espaço no ‘site’ onde senhorios, desde que estejam legalizados, possam publicitar os seus imóveis, e, através de parcerias privadas, chegarmos a acordos para abrir a possibilidade de haver desconto de estudante. Também temos a questão dos materiais de estudo: o valor acumulado do preço dos livros é

maior do que qualquer propina que já paguei. Sobre as propinas dos estudantes internacionais, consideramos que os desincentiva a virem estudar para a UC os desincentiva a vir estudar na UC. Não digo que tem de ser igual porque é uma fonte financeiramente importante para a UC. Contudo, está fora de questão não a baixar.

Várias Repúblicas correm o risco de despejo. Tendo em conta o seu legado histórico e valor patrimonial para a cidade de Coimbra e para a AAC, quais são as tuas ideias sobre este tema?

Quando se fala de solucionar problemas referentes às Repúblicas surgem logo dois parceiros obrigatórios: a UC e a CMC. É importante começar por fazer um estudo sobre este tema, perceber qual é o papel das Repúblicas no acesso à habitação no ES. E, nesta ótica, a pesquisa tem de ser feita de acordo com o Instituto Nacional de Estatística. As investigações feitas pela AAC, por muito que possam obter resultados interessantes, se não seguirem determinados aspetos inerentes aos estudos não verificam qualquer efeito prático. Portanto, a Lista A criou um pelouro que liga a DG/AAC à comunidade científica. Todos os estudos que fizermos têm de ter validade científica.

O objetivo deste primeiro estudo seria perceber qual é o impacto real de cada República. Não podemos reivindicar o peso cultural e histórico destes espaços se não conseguirmos, primeiro, mostrar porque é que são importantes em números. A UC e a CMC também têm de entender a sua importância. Estes espaços têm de se manter porque são uma parte completamente indissociável da Académica.

Na tua visão, maior prioridade do que baixar o custo do prato social, seria haver uni-

dades suficientes para fornecer o serviço aos estudantes eu mencionaste que os estudantes do Polo III não têm cantina aberta ao jantar. Qual seria a solução?

A cantina está lá, então a solução seria abri-la à noite. Nós não precisamos de mais espaços, precisamos é de utilizar as que temos de forma eficiente. Um estudante não deixa de ter necessidades socioeconómicas ao fim de semana. É certo que a universidade não consegue garantir todas as unidades abertas, porque tem encargos altíssimos, mas conseguimos perceber, de forma inequívoca, que quatro cantinas abertas não são suficientes.

O problema não é em cantinas próximas, é mesmo em sítios mais longe, especialmente penalizador em épocas de exames. Saindo do Polo III, os estudantes têm de se deslocar às Cantinas Azuis e é impensável perder duas horas para consumir uma refeição.

Já te posicionaste a favor da revisão do RJIES. Na tua opinião, o que deve ser revisto?

Acho mesmo que era importante o RJIES atualizar-se porque já é um documento muito antigo. O grande problema é o facto de não dar mais espaço de atuação e decisão aos estudantes dentro dos órgãos de governo das faculdades. Agora, há muitas coisas atualizadas que eu nem me sinto confortável para comentar, porque realmente é um documento que já é muito antigo, não sou a favor da abolição, o ES tem de ser regulamentado de forma realista.

A quantidade de alunos face ao total de membros do Conselho Geral da UC revela que os estudantes não têm um peso relevante nessa decisão. Eu quero acreditar que nenhum reitor é alheio ao facto de que se tiver mais estudantes, consegue tomar melhores decisões.

Era uma pergunta que não estava à espera que

fosse feita com tanta profundidade. Quando se fala de revisão, eu quase diria uma revisão profunda. Uma coisa mesmo não-leviana. No entanto, há coisas que funcionam.

Consegues enumerar algumas das coisas que funcionam? Ou as coisas que não funcionam?

Não consigo, mesmo. Foi uma discussão que já tive há muitos anos.

De que forma analisas a extinção do Ministério do Ensino Superior da Ciência e a incorporação destas pastas no Ministério da Educação?

Haver uma pasta alocada ao ES fomentava bastante a discussão política. Era importante haver essa especialização do setor, porque não só mostrava o seu valor, como garantia que fosse uma bandeira política do partido de governação.

Esta decisão foi inesperada, uma vez que esta era uma pasta à qual estávamos demasiado habituados. No entanto, se o Ministério da Educação cumprir com o ES, ter essa pasta ou não é irrelevante. Portanto, acho que mais importante do que analisar se a pasta é ou não importante, é percebermos o conteúdo. Se realmente o partido de governação está a responder às necessidades do ES e a torná-lo um local com melhores condições e mais perto da gratuitidade de que realmente nos podemos orgulhar. Assim, essa pasta ter sido abolida, como nós a conhecemos, não vai fazer diferença nenhuma. Acho que é muito mais importante avaliarmos o conteúdo do que a forma e acho que se perdeu muito na discussão da forma. Estamos a esquecer-nos do mais importante, que é o que realmente tem sido feito pelo ES e a discussão deve ser essa. De qualquer forma, poderia ser importante manter essa pasta também.

Iris de Jesus
“Não

podemos ter uma associação que está ao serviço de interesses privados que muitos dirigentes colocam cá den-

tro”.

Gonçalo Lopes recandidata-se à DG/AAC guiado pelo mote “Cumprir a Académica”. Concorrente prima por uma AAC que volte a estar na linha da frente na luta pela defesa dos interesses estudantis. Cabeça de lista defende estabelecimento de diálogo diretamente com estudantes e secções da Academia de modo a criar sinergias.

Quais são os alicerces em que assenta a tua lista?

Consideramos que o nosso projeto se alicerça em dois pilares: a unidade e a luta. A partir dos problemas das faculdades, queremos promover a unidade entre os estudantes. Procuramos também uma unidade no plano local com outras associações que existem em Coimbra e a nível nacional.

O segundo pilar, a luta conecta-se com a reivindicação dos interesses estudantis. Estamos numa fase em que milhares de alunos deixam os seus cursos a meio ou não fazem a sua matrícula porque não têm as condições necessárias para estudar no Ensino Superior (ES).

Em 2022, também te candidataste a este cargo pela Lista E. O que trazes de diferente nesta candidatura?

Há aspetos que são iguais. Desse ano para cá as propinas não reduziram nem foram extintas e os problemas das secções e das Repúblicas não deixaram de existir. Os apoios de Ação Social escolar aumentaram, mas nada de substancial. Por outro lado, temos pontos que estão diferentes, como a luta da Cantina dos Grelhados com o muro de ferro que se ergueu. Um conjunto de questões nas faculdades foram também surgindo, em termos de condições materiais, tentativas de privatização dos bares e aumento dos preços. Não mudaram para melhor, mas para pior e, portanto, tínhamos de avançar com uma candidatura nesse sentido.

Em entrevista, em 2022, ao Jornal A CABRA, disseste que a Comissão Eleitoral (CE) desse ano “poderia ter feito um melhor trabalho” para combater a abstenção. Caso venças, como é que pretendes fazer frente a este problema?

A abstenção é um problema difícil de solucionar, mas que se resolve. A resolução não está a ser praticada, porque numa primeira análise pode-se culpar a CE, que tem como principal tarefa divulgar o ato eleitoral. Contudo, os principais culpados dos níveis de abstenção são os seus dirigentes.

Não podemos achar normal não ter os Núcleos de Estudantes a partilharem as Assembleias Magnas da AAC. Não podemos considerar normal que a Direção-Geral da AAC (DG/AAC),

- POR CAMILA LUÍS -

quando existe uma atividade, não saia dos seus gabinetes e vá falar com as secções que estão ao seu lado.

A Lista C apresenta algum apoio partidário? Não.

No artigo de apresentação da tua candidatura referes que vais “procurar fazer com que a Académica volte a ser aquilo que foi”. Em que sentido?

Enquadramos o lema “Cumprir a Académica” olhando para aquilo que foi e continua a ser o propósito da AAC. Não podemos ter uma associação ao serviço de interesses privados que muitos dirigentes associativos procuram colocar cá dentro. Pretendemos uma Académica que se cumpra no plano cultural, desportivo e na defesa intransigente dos direitos dos estudantes. Quando falamos da luta contra o fascismo, das propinas nos anos 90, da luta anti fundação, a AAC esteve sempre na linha da frente. Não é isso que acontece hoje. Os dirigentes têm medo de avançar porque muitos deles estão comprometidos com interesses que não são os dos estudantes.

E, portanto, nós acreditamos que é preciso uma AAC que volte a ser aquilo que foi, porém não do ponto de vista saudosista. Devemos entender que é isso que temos de voltar a fazer, com as devidas alterações porque os tempos mudaram: estar na linha da frente pela defesa da cultura, desporto, das secções, e das Repúblicas.

Caso sejas eleito, como é que pretendes fomentar a proximidade da DG/AAC com as secções culturais, sociocientíficas e desportivas?

Ambicionamos fomentar um diálogo muito próximo com as secções sobre os seus anseios e aspirações. As direções falam com as secções para colocarem o seu logótipo num projeto que estejam a desenvolver. Não procuram ouvir as estruturas nem fomentar sinergias. E, portanto, não se pode expectar que esperem alguma coisa da DG/AAC.

Em relação às assembleias de secções desportivas, culturais e sociocientíficas também pretendemos assumir outra postura. Ao invés de uma atitude de confronto e quase ditatorial, queremos passar para uma de cooperação e proximidade. Não podemos achar normal que as secções tenham os problemas que têm há anos e que as direções não tenham feito nada para as defender.

Qual é a tua posição acerca da presença da AAC no último Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA), na qual se alterou o modelo de voto até então existente?

Nós sempre fomos muito defensores de que a DG/AAC voltasse ao ENDA. Apesar das suas limitações, é o espaço que se encontra com mais presença de associações de estudantes ou académicas. Há um elemento que nos deixa muito descontentes: a questão da alteração do modelo de voto. Quando falámos desta questão

parece que estamos a dizer que no ENDA se tomam decisões que são vinculativas para as associações presentes, uma mentira absoluta. Defendemos que é mais possível a construção de lutas, noções e propostas nestes encontros se forem feitas a partir de um consenso alargado. Discordamos desta alteração, porque torna as coisas muito mais burocráticas.

Nas tuas palavras, “há muito que os estudantes são reiteradamente afastados das decisões”. De que modo pretendes reverter este afastamento?

Nós achamos que a comunidade estudantil é afastada das decisões na vida democrática das universidades porque o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) neste momento o faz. O RJIES prefere ter uma maior representação de grandes empresas no Conselho Geral da Universidade de Coimbra (CGUC) do que de estudantes.

Isto é um problema que enquadramos como um ataque ao pendor democrático que a Constituição da República Portuguesa coloca sobre o ES. É necessário retirar todos os grandes grupos económicos que estão no CGUC para que os estudantes tenham mais lugares nos órgãos de gestão.

A forma como o RJIES está construído potencia a existência de relações hierárquicas que podem levar a situações que coloquem em perigo a vida dos estudantes. Falo em questões de assédio moral e sexual, que existem porque a vida democrática da universidade está profundamente afetada.

No debate com os outros candidatos nas eleições de 2022, referiste que o diálogo é uma peça importante, mas não essencial. Qual é, então, a ferramenta essencial para a mudança na AAC?

Nos últimos anos, os dirigentes têm preferido dialogar com a tutela e com o reitor da UC. Nós preferimos dialogar diariamente com os estudantes, secções e Repúblicas, para entender os seus problemas e soluções. Só assim é que estamos capacitados para intervir. Valorizamos um tipo diferente de diálogo que seja alicerçado nas reivindicações dos estudantes e na defesa dos seus interesses e não uma conversa à porta fechada. Há alguns problemas que muitas das vezes nem sequer são ultrapassados e até se aprofundam.

De que forma é que a tua lista se compromete com a abolição das propinas em todos os ciclos de estudo?

Aquilo que nós propomos é, no essencial, aquilo que o ES já teve: uma luta mais afincada sobre essa questão. Os dirigentes não têm assumido o fim da propina como uma prioridade. Uma das listas considera que a grande primazia é a redução, já a outra prioriza a estabilidade financeira da AAC, como se funcionasse como uma empresa. E, portanto, as duas são iguais naquilo que pretendem para a Académica. Nós somos a única que se distingue e que privilegia o fim da propina por considerá-la o principal

entrave de acesso ao ES, pois foi criada com o objetivo de elitizar.

De forma a criar condições para o estabelecimento de um Ensino Superior “público, gratuito, democrático e de qualidade”, achas que devem ser feitas reivindicações ao próprio governo?

Sim. Acreditamos que os principais responsáveis pelo atual estado do ES são os governos e ministérios que não têm cumprido aquilo que constitucionalmente é garantido. Muitas vezes, decisões por parte da reitoria e dos órgãos de gestão da faculdade são questionáveis. A UC é exemplo disso, pois grande parte do seu financiamento depende, por exemplo, da propina internacional e das receitas do turismo. Os níveis de investimento nas universidades no plano nacional ainda não atingiram os níveis pré-troika. Portanto, nós estamos a falar de níveis de desinvestimento muito preocupantes.

Acabaste de referir que grande parte do financiamento feito ao ES é à base da propina. Partindo desta premissa, como é que achas que o investimento devia ser feito?

Quem devia ter essa responsabilidade é o Estado Central, uma vez que tem esse dinheiro. Aquilo que propomos é que se vá buscar o dinheiro aos desperdícios, em benefícios fiscais e paraísos fiscais que dariam para pagar propinas a muitos estudantes durante largas décadas.

No texto de apresentação da tua candidatura, dizes que a revisão do RJIES é “profundamente antidemocrática e que não procura ouvir os estudantes.” Assim, o que é que achas que devia ser modificado na revisão feita ao RJIES?

Em primeiro lugar, existiu a suspensão da Comissão de Educação e Ciência que estava a rever o RJIES. Não valorizamos a revisão feita em duas questões. Em primeiro plano, a falta de democracia que existiu porque na comissão existiam dois estudantes e na medida em que foi feita. Propomos uma revisão que seja alicerçada na ampla auscultação da comunidade estudantil do ES, feita à medida dos estudantes, e não de empresas de cujo investimento as universidades dependam. É isto que está em cima da mesa nesta fase: o facto de termos empresas como a Santander Totta e a Galp na UC que moldam os seus planos de estudo e a organização das instituições para benefício próprio.

Gostarias de transmitir alguma mensagem à comunidade académica?

A mensagem que eu gostaria de deixar era, não só a do apelo ao voto, mas chamar a atenção para uma questão que é primordial para estas eleições com três listas. Ao olharmos para as declarações dos candidatos dos outros projetos, quase nos esforçamos para encontrar divergências entre si, porque são iguais.

“A DG/AAC é um projeto de todos os estudantes, a voz deles é que importa para conseguirmos compactuar com os nossos valores e continuar na vanguarda do nosso tempo”

Carlos Magalhães é candidato a presidente da DG/AAC, pela Lista V - “Académica de Vanguarda”. É seu intuito dar voz às opiniões dos estudantes e reabilitar edifício da AAC. Propõe também uma aproximação aos estudantes internacionais.

Iris de Jesus

Quais são os pilares da tua candidatura?

Os pilares da minha candidatura remetem à continuação da produção cultural, desportiva e política, um dos grandes marcos do mandato atual. Asseguramos manter a sustentabilidade financeira da Casa, para que as secções e as restantes estruturas possam ter condições dignas de trabalho. É preciso também haver transparência e aproximação com as entidades que trabalham diariamente connosco, como a Câmara Municipal de Coimbra (CMC), a UC e o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Com isto, pretendemos dinamizar, impulsionar e valorizar o trabalho que é feito na academia, para garantir que a nossa voz continue a ser ouvida.

Porquê o mote “Académica de Vanguarda”?

A “Académica de Vanguarda” veio no caminho da inovação e na procura de valorizar cada vez mais as atividades e produções, respeitar a nossa voz e defender os direitos universais, desde o estudante nacional ao internacional. Há uma luta para que a propina acabe e para que o ensino seja gratuito. É necessário valorizar a habitação e garantir que qualquer estudante tenha acesso à mesma sem dificuldades. Também quisemos enfatizar a questão da refeição social, das bolsas e de tornar o ensino digno para qualquer tipo de estudante.

Caso sejas eleito, de que forma é que o teu projeto se propõe a combater a propina?

A propina nacional impede o estudante de conseguir ingressar no Ensino Superior (ES), conseguir ter um curso e, posteriormente, seguir uma carreira profissional naquilo que goste. Esta fixação e captação de talento é muito prejudicada pela questão da propina. Temos de continuar a espalhar a nossa voz e mostrar o impacto que esses impedimentos causam, como também, a questão da habitação e dos estudos.

Tendo em conta a tua experiência no Conselho Geral da Universidade de Coimbra, o que é que uma AAC liderada por ti pode fazer pela aproximação deste órgão com os estudantes?

Pretendo uma aproximação à UC e à CMC. Esta simbiose tem iniciativas como o contrato-programa, que procura que esta relação seja benéfica para ambas as partes. Procura-se que essa colaboração seja dinamizada de modo a que as propostas também tenham em peso a opinião dos 30 mil associados efetivos da AAC.

O que não pudeste fazer como Administrador da AAC, que caso sejas eleito podes fazer enquanto presidente da DG/AAC?

Posso finalizar os projetos iniciados. Decidimos avançar com a reestruturação financeira da Casa, de modo a conseguirmos manter os fundos de financiamento, os contratos e apoios, como do IPDJ. A manutenção desses mecanismos deve ser contínua e benéfica para que

consigamos obter não só uma maior gestão de poder, como ajuda para as secções.

Tendo em conta a continuação do mandato, pretendes continuar com o plano de reestruturação do edifício e com o de transição digital?

Sim. A reabilitação e recuperação do edifício já estavam programadas. Estamos a finalizar uma das primeiras fases, relativa às infiltrações, e vamos continuar a atuar no sistema de canalização e elétrico. Neste sentido, avançamos com um plano de recuperação das casas de banho e pretendemos, até ao final do ano civil, recuperar todas. Vamos continuar também o plano para a área envolvente do edifício, ou seja, a Cantina dos Grelhados, a Cantina das Massas e a Casa do Lago.

O Plano de Transição Digital advém de uma ótica de agregar toda a informação, a fim de que seja mais prático gerir toda a documentação e utilizar os serviços da AAC, como transportes, tesouraria e secretaria. Através da literacia digital e de ações de formação, não só para os serviços da Casa e funcionários, mas para todas as estruturas, pretende-se garantir que o trabalho feito perdure e seja benéfico para todos.

Na tua candidatura, referes que "sendo a Académica a personificação coletiva da resiliência, devemos continuar a defender o seu legado irreverente e singular no país e no mundo". Quais são as tuas estratégias para tal?

A nossa marca em Portugal e no mundo tem vindo a ser feita através da própria estrutura que a AAC tem nos órgãos nacionais. Procuramos dar voz às opiniões dos estudantes, além de captar o máximo de iniciativas para Coimbra, de modo a apresentar a Académica.

A UC é capaz de receber eventos de dimensão a nível mundial, tanto que vamos receber o Festival Caminhos do Cinema Português. Neste caso, a DG/AAC pode ajudar, intervir e garantir que essa iniciativas ocorram da melhor forma possível, para que haja mais conquistas.

Qual é a tua opinião acerca do fim do ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior?

Esta decisão foi completamente absurda, porque parece que os estudantes do ES foram esquecidos e que se resolveram os problemas todos na educação. Vamos continuar a lutar para que haja um ministério do ES, a fim de que a nossa voz seja valorizada.

Atendendo à mudança do modelo de votação no Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA), o que podemos esperar no envolvimento da futura DG/AAC, caso sejas eleito?

A alteração do método de voto no ENDA foi uma vitória, pois voltou a dar peso às associações académicas. Este tipo de ambiente de

cooperação no trabalho consegue criar uma voz que tem impacto e que vai ter resultados. Neste sentido, a aproximação e o diálogo permitem que os estudantes da UC transmitam noções às restantes associações para continuar a batalhar pelos nossos direitos enquanto estudantes.

Quais são os teus planos para criar uma proximidade com as secções culturais, sociocientíficas e desportivas?

Uma reestruturação na gestão interna da Casa e de como as secções podem ser auxiliadas durante a transição de mandatos, visto que a DG/ AAC muda no meio do mandato das secções. Neste sentido, através da presença contínua em assembleias de secções desportivas, culturais e sociocientíficas por meio da transição digital. Há também melhorias a serem feitas na relação com os órgãos intermédios, como o Conselho Cultural e Sociocientífico, o Conselho InterNúcleos e o Conselho Desportivo da AAC, que devem ser trabalhadas. Através de iniciativas como o Fórum AAC, as estruturas vão ter uma formação inicial e um contacto contínuo com os serviços da Casa, para que tudo corra melhor.

O que a Lista V pretende fazer para que haja uma revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES)?

A comissão de acompanhamento e revisão do RJIES estabelecida pelo governo deve voltar, já que foi suspensa sem motivo. A representação estudantil nos órgãos de decisão das universidades é demasiado pequena para aquilo que a comunidade estudantil representa na UC. São dois estudantes para representar 30mil, que é um número bastante inferior. Temos de continuar a batalha de forma a promover e garantir que o aumento do número de estudantes nos órgãos de decisão máximos de cada universidade seja benéfico.

Com os novos Estatutos da AAC que acrescentam novos órgãos e mecanismos, de que forma é que a Lista V pretende adaptar-se e adaptar a Casa a estes novos instrumentos?

A questão dos novos órgãos é vista com bons olhos e deve ser implementada da melhor forma. Com a Comissão de Acompanhamento dos Estatutos da AAC, dá para perceber de que forma vão funcionar inicialmente e, a partir daí, garantir que tenham resultados. Há o objetivo de aproximar e assegurar que todo o trabalho na Casa seja feito com o máximo de transparência e que haja uma boa comunicação entre as próprias estruturas.

Gostavas de deixar alguma mensagem à comunidade académica?

A DG/AAC é um projeto de todos os estudantes, portanto a voz deles é que importa para conseguirmos compactuar com os nossos valores e continuar a vanguarda do nosso tempo.

Jornadas de Cultura Popular trazem rodas de comunhão a Coimbra

Coordenador-geral do evento destaca concerto de Zeca Medeiros como promessa de maior evento da edição. Estagnação do financiamento frente a inflação preocupa grupo.

- POR ISABEL PASQUALI -

Omês de novembro chega a Coimbra acompanhado de espetáculos, oficinas, e sessões de contos com o retorno das Jornadas de Cultura Popular do Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra (GEFAC). A XIX edição do evento bienal traz, a Coimbra e arredores, artistas e contadores de histórias. A programação, que teve a sua abertura sexta-feira, dia 8, conta com 18 eventos concebidos para divulgar a cultura popular em todas suas formas e pluralidades. O coordenador-geral do GEFAC, Nuno Brás, e membro da atual comissão organizadora das Jornadas, explica que a edição deste ano é particularmente representativa do trabalho do grupo. O Organismo Autónomo existe desde 1966 e a iniciativa, desde 1979, e ambos regem-se pela constante evolução e diversidade cultural. O tema da “roda”, inspiração da pro-

gramação do ano, reflete esse mote. Nuno Brás esclarece que “a roda, ao contrário do círculo, não é estática, a sua forma permite mudança, além de ser um símbolo de agregação de pessoas e de comunidades”.

No seguimento da inovação que guia o grupo, o dirigente destacou a inclusão de artistas estrangeiros na programação, com ênfase no galego Germán Diáz. Mencionou também o interesse de estrangeiros pela cultura popular nacional, “por vezes mais intenso do que dos próprios portugueses”. A vontade de continuar a integrar esta diversidade no coletivo reflete a “luta contra o estigma de uma cultura fixa”.

Este senso de comunidade é destacado pelo coordenador-geral em alguns eventos que visam o seu despertar. Nuno Brás enfatizou as sessões de contos e oficinas do dia 9, com contadores de histórias portugueses que considera incontornáveis, como António Fontinha, José Craveiro, Maria Isabel Lemos e Luís Carmelo.

30 anos de Caminhos:

sem conhecer, não se ama

Além disso, a escolha da localização de duas das quatro sessões demonstra um esforço do grupo em unir bairros periféricos de Coimbra, a Relvinha e o Monte Formoso, às festividades de cultura popular. Também menciona o concerto de Zeca Medeiros no dia 28, que pretende ser o maior evento em termos de dimensão do programa.

Apesar dos financiamentos insuficientes que não têm acompanhado o aumento da inflação, a organização faz esforços para manter o festival. Entretanto, o membro da comissão organizadora das Jornadas de Cultura Popular realça que a própria comunidade e rede criada a partir do GEFAC tornam o evento possível de se realizar. Esta edição conta com novas colaborações com o Núcleo de Etnografia e Folclore da Universidade do Porto e outros grupos da Universidade Sénior de Grândola e da casa de povo de Melides, que abrem a possibilidade para parcerias futuras.

Coordenador do evento lamenta fraco reconhecimento doméstico frente a aclamação internacional das produções portuguesas como paradoxo do cinema nacional. Organização busca estimular hábitos culturais na população local.

- POR SOFIA MOREIRA -

Desde a Casa do Cinema de Coimbra ao Teatro da Cerca de São Bernardo, o festival Caminhos do Cinema Português vai percorrer os centros culturais da região pela trigésima vez, na semana de 16 a 23 de novembro. O coordenador do evento, Tiago Santos, e diretor da Caminhos do Cinema Português – Associação de Artes Cinematográficas de Coimbra, destacou que as comemorações da XXX edição vão pautar-se por uma homenagem ao ator Luís Miguel Cintra, “cuja participação artística foi transversal à história do cinema nacional contemporâneo”. Nascido de uma colaboração entre o Centro de Estudos Cinematográficos e a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, o Caminhos enche a cidade de cultura desde 1988. O intuito de dar a conhecer o cinema nacional ao público estrangeiro foi sempre o mesmo, mas agora é direcionado também à comunidade

local que “não valoriza a produção portuguesa erudita da mesma forma que a popular”, de acordo com o coordenador. Deu como exemplo os 150 mil espectadores de “Podia ter esperado por agosto” em comparação a “Grand Tour” que, apesar de ser Palma de Ouro em Cannes por melhor realização, foi visto por cerca de 10 mil pessoas desde a estreia. Tiago Santos lamentou o fraco reconhecimento doméstico frente à aclamação internacional dos filmes portugueses: “esse é o paradoxo do nosso cinema”. Entretanto, apontou como um dos objetivos da associação “criar um caminho de descoberta da diversidade do cinema nacional”. No sentido de promover diferentes estilos, o dirigente esclareceu que o festival é generalista e tem como foco “a formação de público”. Destacou as ‘masterclasses’, com temas desde a acessibilidade do cinema à direção de arte na produção portuguesa, como iniciativas para o estímulo de hábitos culturais por parte da população local. Tiago Santos também evidenciou

a participação dos realizadores de algumas das obras, como Miguel Gomes, de “Grand Tour”, e Luís Miguel Cintra, e considerou-a uma mais-valia para a componente educativa do programa.

O coordenador-geral anunciou também o retorno do prémio Ethos, entregue apenas de cinco em cinco anos. O laureado da vez é Luís Miguel Cintra, que além deste tributo vai ter dedicada uma exposição de artes plásticas, de título “Entre Linhas, Tela e Palco” que “parte de um ‘open call’ à comunidade académica e procura expressar o talento que aqui reside”, de acordo com Tiago Santos. Revelou ainda que a maioria do público tem hábitos relacionados à cinematografia, e demonstrou um anseio por mobilizar os estudantes não tão cinéfilos, mas interessados. Para finalizar, urgiu à comunidade académica que “apareça, porque queremos dar a oportunidade à juventude de conhecer as produções nacionais já que, sem conhecer, não se ama”.

O palco para os medos é uma Linha de Fuga

Festival de artes performativas preza pela diversidade com artistas de várias nacionalidades. Democratização da cultura é um dos princípios fundadores do evento.

- POR FRANCISCA COSTA E SOFIA MOREIRA -

OLinha de Fuga, festival internacional de artes performativas, arrancou no dia 1 de novembro e tem sido palco de vários ‘workshops’, espetáculos e conversas ao longo do mês. A edição IV, cujo tema é “enfrentar medos”, tem como principal objetivo expor e verbalizar inquietações individuais através da expressão artística. “É importante confrontar os temores coletivamente, ter consciência destes e de que não estamos sós”, mencionou a diretora e curadora do festival, Catarina Saraiva. O encontro e a convivência entre os artistas e a comunidade conimbricense foram pontos norteadores da programação, de acordo com a dirigente e com o coreógrafo Gustavo Ciríaco.

Nas palavras de Catarina Saraiva, o Linha de Fuga é um "campo de escape para tudo". O projeto tem como inspiração o conceito arquitetónico de ponto de fuga como aquilo que escapa à realidade, traçando um caminho imaginário, acrescentou. Descrito como um percurso de liberdade e descoberta, o evento reflete ainda sobre a ideia de que os desvios e obstáculos têm a mesma importância daquilo que se deseja alcançar. Dentro desta premissa, estão englobados na programação laboratórios relacionados ao desafiar dos próprios medos, tanto entre os artistas quanto entre o público. O primeiro destes foi dedicado à equipa do festival, a fim de proporcionar um momento de colaboração. Os 12 artistas compartilharam ideias relacionadas aos seus espetáculos com o grupo, através de performances de improviso em duplas. Aproveitaram-se das possibilidades do espaço da Casa Municipal da Cultura, dos objetos lá dispostos e do próprio corpo para encenar com a espontaneidade de uma criança,

Gustavo Ciríaco, intitulada “Entre o mistério e a maestria - ordem, conflito e delírio”, o artista esclareceu o motivo por trás deste nome: “o mistério está ligado aos aprendizes, para os quais o conhecimento ainda está por revelar, e só após o processo de estudo, atingem a maestria”. Completou por explicar que o conflito surge como escape à ordem, e o delírio representa uma forma alternativa de fuga.

O princípio que alimentou o festival no seu propósito de enfrentar os anseios foi “poder abrir espaços de apoio para que artistas continuem a fazer arte”, de acordo com a diretora. Estes foram selecionados por meio de uma ‘open call’, que contou com cerca de cem candidaturas. A ideia inicial era formar um grupo no qual metade fosse nacional e outra, internacional, para que existisse um número variado de perspetivas. Foram escolhidos projetos, acima de tudo, “diferentes entre si, mas que tivessem a possibilidade de comunicar e desenvolver um discurso crítico”, sublinhou.

Entretanto, Catarina Saraiva lamentou que, como toda a atividade cultural de grande porte, o Linha de Fuga enfrenta obstáculos. Admitiu que a realização de cada edição é um exercício de resistência e compromisso. “É sempre uma pergunta que fazemos: por que razão as pessoas não consomem arte contemporânea, quando ela é acessível?”, pelo que determinou que a formação do público, apesar de necessária, é um desafio. A democratização da cultura, sobretudo relacionada à arte contemporânea, é uma das ideias fundadoras do projeto, mas “carece ainda de muito esforço”.

A superação destes entraves depende das

“soluções que a equipa tem tentado encontrar”, mas este “lado negativo é muito opressor”, segundo a curadora. No entanto, o maior impasse é o financiamento, uma vez que “não há ninguém que assegure que a equipa vai ter o apoio que precisa”, apontou. Explicou que, em contrapartida a outros programas culturais da cidade, o Linha de Fuga não tem contratos de mais de um ano, o que torna a sua continuação “sempre uma incerteza”.

Além do laboratório, o festival apresenta espetáculos que pretendem expandir horizontes culturais com artistas fora do círculo português, como a brasileira Marina Guzzo, com a performance-movimento “Mistura”, e a espanhola Paloma Calle, com o ‘sand-punk-comedy’ “Paloma Calle que se calle”. Quanto ao panorama nacional, o projeto recebe artistas como Inês Campos, com a coreografia “Fio^”, e Raquel André, com a peça teatral “Belonging”. A programação do Linha de Fuga acolheu ainda o ciclo de distribuição da XI edição do Jornal Coreia, de João Santos Martim. O festival faz parte de um circuito nacional de digressão, organizado pela equipa do periódico, no qual lançam a edição mais recente e apresentam a sua proposta de análise multicultural, em diferentes cidades. Catarina Saraiva valoriza a publicação que, através da escrita crítica, reflete sobre o que é a produção artística no mundo ibérico. Devido à qualidade que atribui ao trabalho do jornal, pediu que a sua divulgação, por norma realizada em setembro, acompanhasse a programação do evento, em novembro.

Com colaboração de Ana Almeida e

Cedida

Sondagem Jornal A CABRA /tvAAC

revela taxa de indecisão de 35,6% para a DG/AAC

Lista V - “Académica de Vanguarda” preferida pelos associados. Habitação e saúde mental lideram como temas fraturantes do Ensino Superior.

- POR IRIS DE JESUS -

Com o aproximar das eleições para a Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), tal como para a Mesa da Assembleia Magna (MAM/AAC), os associados da Casa foram questionados quanto às suas intenções de voto. A amostra total contou com 1308 respostas de estudantes de todas as faculdades da Universidade de Coimbra (UC), que se traduz em 5% da comunidade estudantil desta instituição.

Os resultados apontam que, para a DG/AAC, a proposta preferida corresponde à Lista V –“Académica de Vanguarda”, encabeçada por Carlos Magalhães, com 39,4% das intenções de voto. Ficam atrás as listas A – “Acredita na Académica”, de Pedro Valério e C – “Cumprir a Académica”, de Gonçalo Lopes, que somam 10,3% e 2,9%, respetivamente. No que concerne as eleições à MAM/AAC, o projeto da Lista V mantém-se na liderança, com 38,3% dos estudantes inquiridos a escolher o candidato Diogo Rocha para presidir o órgão. No seguimento da tendência anterior, as listas A e C ficam atrás, sendo que o candidato da Lista A, Diogo Vital, obtém 9,5% das intenções de voto e Ana Francisca Gomes, da Lista C, reúne 2,4% das pretensões.

Além das três propostas eleitorais candidatas, a sondagem deu aos estudantes a opção de escolher entre “Não sei”, “Não vou votar” e “Branco/nulo”, a fim de melhor representar o leque de intenções do eleitorado. Apesar de a Lista V se manter na liderança, a hipótese de resposta “Não sei” vence as opções A e C nos dois órgãos em eleição com 36,5% para a DG/AAC e 37,9% para a MAM/AAC. Já as opções “Não vou votar” e “Branco/Nulo” sobrepõem-se à Lista C e correspondem a 7,7% e 4,7% das respostas dos inquiridos.

O projeto presidido por Carlos Magalhães é preferido em todas as faculdades, tendo obtido maiores percentagens de intenção de voto na Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da UC (FCDEFUC) e na Faculdade de Economia da UC (FEUC). Os associados destas faculdades revelam uma pretensão correspondente a 68,3% e 61,3%, respetivamente. Não ficando à frente em nenhuma das unidades orgânicas, a lista de Pedro Valério mantém o maior número de prováveis eleitores na Faculdade de Direito da UC com, 14,9% das respostas. A Lista C soma mais votos na Faculdade de

Letras da UC (FLUC), com 7,2%. Os indecisos vencem na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da UC (FPCEUC), onde a soma das hipóteses “Não sei” e “Branco/Nulo” se traduz em 49% das intenções de voto.

FMUC

Dos 172 alunos inquiridos na Faculdade de Medicina da UC (FMUC) dominaram os indecisos com 42,7%. Em segundo lugar, o projeto de Carlos Magalhães liderou com 40,1% das intenções e, a decrescer na escala, ficou a Lista A que reuniu 24 respostas positivas. De ol-

encabeçado por Carlos Magalhães. 57 dos inquiridos revelaram não saber em quem votar, superando as restantes categorias. O voto “Branco/Nulo” reuniu seis respostas afirmativas e 14 "Não vou votar”. A Lista A obteve 26 votos e nenhum voto foi para Gonçalo Lopes. Quanto à votação para o órgão máximo deliberativo da AAC, a Lista V, encabeçada neste âmbito por Diogo Rocha, mantém a liderança com 36,9% das intenções. Seguem-se os estudantes ainda indecisos ou que vão votar branco ou nulo, com 41,7%. Neste tema, a proposta de Diogo Vital guarda 16% das intenções e Ana

Gráfico 1: Razões de voto para a DG/AAC

hos postos nas opções de voto “Branco/Nulo” e “Não vou votar” conclui-se que ambas obtiveram um maior número, dez e 18 votos respetivamente, em comparação com o projeto de Gonçalo Lopes, que foi a escolha de apenas três alunos, ou seja, 1,7%, para a presidência da DG/ AAC.

As intenções de voto para a presidência da MAM/AAC coincidiram na lista vencedora com uma diferença de menos dois votos. Já o candidato da Lista A, Diogo Vital, superou o seu companheiro de projeto a ser eleito, com 26 votos. Os estudantes que disseram que não iam comparecer ao ato eleitoral e os que assumiram votar “Branco/Nulo” obtiveram resultados muito próximos aos das eleições para o outro órgão de gestão. Noutro espectro, os jovens sem uma decisão tomada aumentaram para 52%. Em último lugar, mantém-se o projeto de Gonçalo Lopes com apenas dois votos.

FDUC

A FDUC recolheu uma amostra de 163 estudantes. Com 40,5% destaca-se o projeto

Francisca Gomes não reúne qualquer voto.

FCTUC

Já a Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC (FCTUC) obteve um total de 405 estudantes a participar nas sondagens. Destaca-se a lista de Carlos Magalhães com 139 votos (34,2%). As restantes propostas eleitorais reúnem um total de 37 respostas (9,1%) para a Lista A e cinco (1,2%) para a Lista C,.No entanto, mantêm-se todas abaixo dos 171 inquiridos (42,2%), que confessaram não saber em quem votar. A categoria de voto “Branco/Nulo” reuniu 15 respostas (3,7%) afirmativas e 38 pessoas (9,4%) assumem a hipótese "Não vou votar”.

A proposta dirigida por Diogo Rocha soma mais uma frente com 32,8% , mas a lista volta a perder para os indecisos, que reúnem um total de 44%. Diogo Vital tem o apoio de 8,9% das intenções. Perde para a opção “Não vou votar” por um eleitor, uma vez que 37 pessoas desta instituição (9,1%) se vão abster neste ato eleitoral. 15 pessoas vão votar “Branco ou Nulo”, o que se traduz em cerca de 3,7%. Ana Francisca

Gomes reúne seis pretensões de voto (1,2%).

FLUC

A unidade orgânica de letras possui uma tendência semelhante às restantes: a resposta “Não sei” mantém-se na frente, com 94 estudantes a assumirem a indecisão (39,7%). Segue-se a Lista V com 73 respostas afirmativas em 237 inquiridos (30,8%). Em terceiro lugar posiciona-se o voto “Branco ou Nulo” e a abstenção, com 21 respostas (8,9%) cada. Em contrapartida às outras faculdades, pela primeira vez, a Lista C sobrepõe-se à Lista A nas intenções de voto, com 17 estudantes a preferirem esta hipótese (7,2%) perante 11 (4,6%),

Para a MAM/AAC , os indecisos voltam a ganhar, uma vez que 96 estudantes assumem não saber em quem votar. A proposta de Diogo Rocha é a primeira mais votada, com 76 intenções (32,1%). “Branco ou Nulo” volta a aproximar-se do número da abstenção, que se traduz em 8,4% e 8%, respetivamente. Ana Francisca Gomes é a seguinte candidata preferida na FLUC, com 7,2%. Já Diogo Vital deixa a sua lista em último com um registo de apenas nove estudantes (3,8%).

FFUC

Na Faculdade de Farmácia foram inquiridos

respondendo a 21,6% dos votos. Em terceiro fica a proposta de Pedro Valério, com 12 votos (10,8%). Três estudantes não vão votar e o mesmo número mantém-se para os estudantes que vão votar na lista de Gonçalo Lopes (2,7%). Apenas uma pessoa pretende votar “Branco ou Nulo”.

Diogo Rocha lidera na MAM/AAC, com 68 intenções de voto (61,3%). 22,5% dos inquiridos respondeu a esta pergunta com a hipótese “Não sei”. A proposta de Diogo Vital é a terceira escolha dos estudantes da FEUC e conta com 9% dos possíveis votantes. Por fim, os alunos que se abstêm sobrepõem-se aos possíveis eleitores de Ana Francisca Gomes e somam 3,6%, face aos 2,7% da Lista C. Em simetria ao visto anteriormente, apenas uma pessoa vai votar branco ou nulo.

FPCEUC

Na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, dos 98 questionados, 33 pretendem votar na Lista V, o que equivale a 33,8%. No entanto, apesar da tendência para a liderança nas restantes unidades orgânicas, o mesmo não se verifica nesta, já que 44 pessoas ainda não sabem em quem votar. Este número traduz-se em 45% nas sondagens. A lista A soma 12 pretensões de voto, ou seja, 12,2%. Já a Lista C não

Gráfico 2: Razões de voto para a MAM/AAC

81 estudantes. Para a DG/AAC vence a Lista V, com 39 dos estudantes a expressarem esta intenção de voto, o que se traduz em 48,1%. Os indecisos são 24 (10,1%) e, por isso, seguem-se à proposta de Carlos Magalhães. A Lista A conta com 12 votantes (14,8%) e a C não soma qualquer pretensão na FFUC. Quatro pessoas (4,9%) vão votar branco ou nulo e duas (2,5%) não vão votar.

A MAM/AAC quer-se presidida por Diogo Rocha, que lidera com 38 eleitores, (46,9%). Segue-se a tendência dos indecisos, que ficam em segundo lugar com 28 possíveis votantes (34,7%). Diogo Vital soma nove intenções na FFUC, equivalentes a 11,1%, quatro pessoas pretendem votar “Branco ou Nulo” (4,9%) e duas não pretendem ir às urnas (2,5%).

FEUC

Na Faculdade de Economia da UC foram inquiridos 111 estudantes. Para a DG/AAC, o candidato preferido mantém-se Carlos Magalhães, com 68 respostas favoráveis à sua eleição. Os 24 indecisos ficam em segundo lugar, cor-

guarda intenções de voto nesta faculdade. Com uma diferença de um estudante, a abstenção fica à frente do voto “Branco ou Nulo”, com cinco e quatro estudantes, respetivamente. 31,6% dos estudantes pretende votar em Diogo Rocha. Já Diogo Vital soma oito votos e Ana Francisca Gomes apenas um. A percentagem de indecisos volta a ser maioria, com 50 votantes, correspondentes a 51%. A abstenção reúne cinco votos (5%) e a hipótese “Branco / Nulo” junta três (3%).

FCDEFUC

A Faculdade de Ciências do Desporto e Educação (FCDEFUC) soma um total de 41 estudantes que responderam à sondagem. A “Académica de Vanguarda” lidera com 28 votos totais favoráveis à proposta (68,3%). A lista “Acredita na Académica” reúne um voto e o projeto “Cumprir a Académica” deve obter dois votos. Nove estudantes estão indecisos perante estas eleições e, em porcentagem, o número que os representa equivale a 22%. Nenhum dos estudantes inquiridos planeia abster-se do ato

eleitoral e apenas um pretende votar branco ou nulo.

Diogo Rocha é o preferido de 28 estudantes desta unidade orgânica para presidir a MAM/ AAC. Diogo Vital não deve obter nenhum voto oriundo da FCDEFUC e Ana Francisca Gomes pode somar dois. Como anteriormente, não há registo de abstenção e a totalidade dos indecisos, somada aos estudantes que devem votar branco ou nulo, corresponde a 11 estudantes (11,2%).

A Académica um ano depois: o que pensam os associados

Temas fraturantes do Ensino Superior (ES)

Além de responderem de acordo com as intenções de voto, os estudantes puderam ainda eleger no inquérito da sondagem os assuntos que consideram ser mais relevantes na atualidade do ES. Na última sondagem realizada pelo Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA em parceria com a tvAAC, os associados privilegiaram a habitação como tópico de maior importância. Este ano, a tendência manteve-se e, com 39,4% dos votos, a habitação foi eleita como a problemática considerada mais urgente. Segue-se a saúde mental, com 28,6% dos votos e a propina, que constitui 19,1%. A Ação Social e a revisão do Regime Jurídico das Instituições de ES (RJIES) são os temas menos votados pelos estudantes com 12,1% e 0,8%, respetivamente. As tendências verificadas na sondagem realizada em 2023 mantiveram-se.

Envolvimento da AAC na mudança do modelo de voto no Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA)

A avaliação que os associados fazem do envolvimento da AAC na mudança do modelo de voto no Encontro Nacional foi também um tema abordado na sondagem, dado a sua relevância para a AAC. Após anos de reivindicação da AAC e outras associações académicas do país, o funcionamento da votação alterou-se. 38,6% dos inquiridos não tem opinião formada relativamente a este tema e 24,5% não tem conhecimento sobre o que é o ENDA. Em terceiro lugar, ficou a opinião de que a participação da AAC foi adequada, com 22,6%, 118 estudantes pensam que esta ação foi insuficiente, e contou com 9%. 69 associados consideram muito bom o envolvimento da atual DG/AAC no processo, o que se traduz em 5,3%.

RJIES

No que diz respeito a uma das bandeiras que adorna todos os programas políticos candidatos deste ano, o RJIES, a opção mais votada é “Não tenho opinião formada” com 36,2% dos votos. Segue-se a hipótese “Não sei o que é o RJIES” e, em terceiro lugar, surgem os associados que pretendem que o documento seja revisto, com 29,8%. 61 estudantes consideram que deve ser mantido e apenas trinta defendem a sua revogação.

Com a colaboração de Camila Luís.

Dois academistas em destaque num ano de “sonho” da canoagem da AAC/UC

Melhor prestação de sempre no Mundial Universitário foi “chave” para reconhecimento. Próximo objetivo passa pela participação nas Olímpiadas.

- POR FRANCISCO BARATA -

Agala da Federação Académica de Desporto Universitário (FADU), que tem lugar no dia 12 de novembro, conta com a presença de dois representantes da Universidade de Coimbra (UC) nas nomeações para os prémios da FADU. Ambos vêm da canoagem e são o treinador Rui Fernandes e o atleta Iago Bebiano.

O percurso dos nomeados até este prémio cruza-se, pois ambos tiveram, no Campeonato Mundial Universitário que se realizou em Montemor-o-Velho em agosto, o auge das suas carreiras no desporto universitário. Nesta prova, a Associação Académica de Coimbra/UC (AAC/UC) teve a sua melhor prestação de sempre, com 11 medalhas no total, incluindo seis vezes em que ficou no lugar mais alto do pódio.

Rui Fernandes foi, portanto, timoneiro da equipa que obteve os melhores resultados de sempre para a UC. O docente da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da UC

conta que os resultados “superaram as expetativas” da equipa, numa competição onde entende que um dos fatores para o sucesso foi esta ser realizada em Portugal, que foi uma “motivação forte” para os atletas da AAC/UC.

Os múltiplos sucessos da equipa, heptacampeã nacional, devem-se, segundo Rui Fernandes, ao facto da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC) ter investido numa residência universitária em Montemor-o-Velho, onde muitos desportistas da UC residem. Deste modo, existe uma maior possibilidade de “sensibilizar esses atletas” a representarem a AAC/ UC.

Para Iago Bebiano, atleta originário de Lagoa, que representa a AAC/UC a nível universitário, os dois segundos lugares que conquistou no Campeonato do Mundo Universitário foram “incríveis”. Destaca que os dois nomeados da equipa de canoagem demonstram o bom trabalho na temporada.

O canoísta conta que, quando chegou a Coimbra no início da licenciatura, ia “quase todos os fins de semana” à sua terra, mas agora vê a cidade como uma “segunda casa”, onde se sente “feliz” e onde desenvolveu a sua carreira desportiva. Para Iago Bebiano, conciliar o Mestrado em Engenharia Informática com os treinos não é um problema, pois ao estar em estágio acaba por ter tempo livre suficiente para os treinos.

Tanto Rui Fernandes como Iago Bebiano partilham o objetivo de competir nos Jogos Olímpicos. Este é, no caso do canoísta, o objetivo “máximo para qualquer atleta”. Já para Rui Fernandes, que conta que vai abandonar a equipa universitária, o foco agora são os atletas que treinam na FPC, estando com os olhos postos nos Jogos Olímpicos, objetivo que “nunca escondeu de ninguém” e que é o “sonho de qualquer treinador”.

Secção de Judo alcança resultado histórico no Campeonato Nacional

Treinador ambiciona qualificação de atletas para Jogos Olímpicos de Los Angeles. Lesões foram principal contratempo da equipa feminina na competição.

OCampeonato Nacional de Equipas Seniores de Judo de 2024, decorrido no passado dia 26 de outubro, em Viseu, foi histórico para a Secção de Judo da Associação Académica de Coimbra (AAC). Os rapazes da Casa arrecadaram a medalha de prata, ao passo que as raparigas conquistaram o bronze. Segundo o treinador da Briosa, João Neto, a equipa masculina, formada por Alexandre Bucur e Francisco Mendes (-66 kg), Miguel Gago e Mário Dias (-73 kg), Afonso Faria e João Rosa (-81 kg), Marcos Coiin (-90 kg), e Roman Cabello (+90 kg), superou as expetativas. No caminho para a final, acabaram em segundo lugar do grupo, com vitórias contra o Benfica e o Sintrense, e uma derrota frente ao Sporting CP. Na meia-final, o conjunto da Académica superou o Algés por 3-2, porém somaram mais uma derrota contra a equipa de Alvalade na final,

trazendo a prata para Casa.

A equipa feminina, composta pela atleta olímpica Catarina Costa (-52 kg), a finlandesa Pihla Salonen (-57 kg), Mariana Esteves (-63 kg), Joana Moreira (-70 kg), e Beatriz Moreira (+70 kg) ficou em terceiro lugar. Segundo o treinador, as expectativas eram de alcançar o ouro, mas sofreram contratempos na preparação. A lesão de duas atletas provocou uma diminuição no ritmo de treino, o que gerou constrangimentos no decorrer da competição. Não obstante os contratempos, a medalha de bronze foi conquistada depois de uma vitória perante o Sintrense.

Para João Neto, a Secção de Judo da AAC tem apresentado uma evolução gradual e, ao mesmo tempo, a inserção de atletas no “projeto olímpico” tem vindo a ser mais recorrente desde a participação de Catarina Costa nos Jogos

Olímpicos de Paris. A ambição é “qualificar dois ou três atletas para os Jogos de Los Angeles”, algo que seria um feito histórico para a Académica.

O treinador mostra-se satisfeito com os investimentos por parte da direção da secção na equipa. Contudo, acredita que a falta de estruturas profissionais na secção, como gabinetes médicos, salas de fisioterapia ou apoio nutricional, em comparação com outras equipas, é um ponto importante para a obtenção de resultados.

João Neto destaca ser necessário um investimento na modalidade para renovar os escalões mais jovens, que são o futuro da secção. Ao mesmo tempo, acredita que a estrutura vai continuar a trabalhar , para atingir resultados superiores e manter a fase positiva que o grupo atravessa.

- POR JOÃO VENTURA -

Passados 11 anos renasce equipa de futsal masculina da AAC

“Sensação é de renovação e esperança” para Luís Cunha. Objetivo é, com trabalho e dedicação, devolver clube às principais divisões da modalidade.
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POR BEATRIZ CANIÇO E FÁBIO TORRES -

Os seniores masculinos da Secção de Futsal da Associação Académica de Coimbra (AAC) competiram pela última vez na época de 2013/2014, há 11 anos. Na altura encontravam-se na primeira divisão portuguesa, porém acabaram a época nos lugares de despromoção, com quatro vitórias, três empates e 19 derrotas, ficando a seis pontos da salvação. Sem condições para continuar, foi a 19 de abril, goleada pelo Benfica por 12-0, que a Briosa deixou as quadras. A iniciativa para ressurgir partiu da anterior direção da Secção de Futsal da AAC. O atual presidente, João Maurício, compromete-se “a não falhar em nada”.

Os potenciais jogadores tiveram conhecimento da oportunidade de integrarem a equipa entre o final de maio e início de junho, com a divulgação nas redes sociais da Académica. O capitão da equipa, Rui Ramos, referiu que os atletas pretendidos para o regresso da vertente masculina eram de todos os escalões, “inclusive para os seniores masculinos, o que foi uma surpresa para muitos”. A extinção do grupo foi encarada com “esmorecimento e desilusão”, contudo, com o seu regresso, “a sensação é de renovação e esperança”, salienta Luís Cunha, jogador que fez parte do último plantel e testemunhou o fim da equipa. “Terminar assim com o escalão principal do futsal foi uma machadada”, confessa o capitão da equipa, mas “feliz-

mente a equipa voltou a erguer-se”. Para os próximos meses do campeonato, a previsão é de entusiasmo e as relações entre os recentes membros da equipa têm-se vindo a construir e fortalecer. “A equipa está bastante entusiasmada para os próximos meses de campeonato” e tem procurado construir “um forte espírito de amizade e companheirismo”. Luís Cunha revela que “a comunicação e a confiança mútua são essenciais”.

No entanto, é unânime que existem algumas limitações na atual equipa. O presidente da secção responsabiliza o corte feito aos patrocínios na época passada. A temporada “tem decorrido dentro das condições possíveis, e estamos confiantes que os jogadores vão ter as melhores condições para a prática de futsal”, explica João Maurício. Além disto, a Secção de Futsal da AAC aspira voltar a ser uma entidade formadora com certificação de duas estrelas por parte da Federação Portuguesa de Futebol. Tal ajudaria na captação de mais atletas, pois permitiria o clube a ter mais escalões. As expectativas são modestas, pois os treinadores e jogadores estão cientes das adversidades de recomeçar uma equipa. O mister Hélder Lopes confessa que “tem sido bom treinar a equipa nestes últimos meses, mas ainda há muito trabalho pela frente”. Já numa perspectiva dentro de campo, o capitão reitera que são “um grupo recente e com pouco tem-

po de trabalho”. Tem plena consciência que “o grupo parte em desvantagem em relação aos adversários”. Acrescenta a necessidade de ter “humildade e trabalhar arduamente para no futuro poder sonhar em ter outras ambições”. Luís Cunha indica que a equipa está focada em “consolidar táticas e em criar um grupo coeso para poder evoluir e ambicionar outros patamares”. O grupo aspira a , no futuro, poder retomar o seu lugar no campeonato nacional de seniores. “Queremos criar uma identidade forte para a equipa e torná-la numa referência no futsal”, confessa o jogador. Para alcançar os resultados esperados, o treinador enfatiza a necessidade de melhorar a “qualidade dos atletas e das condições materiais”. Hélder Lopes reconhece o esforço que a Académica está a fazer nesse sentido. Luís Cunha sublinha que “a presença e a paixão dos adeptos são fundamentais para a motivação da equipa” e que estão “ansiosos para retribuir esse apoio com bons resultados em campo”.

Os Estudantes regressaram aos pavilhões, na Divisão Distrital de Coimbra, no passado dia 5 de outubro, com uma vitória fora perante o Ulmeirense por 3-2. Neste momento encontram-se no 9º lugar, a nove pontos do primeiro classificado, União de Chelo. No próximo sábado, recebem no Pavilhão Jorge Anjinho o Academia de Condeixa, a contar para a 6ª jornada no campeonato.

Cedida

A AAC também se faz de ciência

Produção de novas tecnologias e rodas de conversa sobre problemáticas ambientais entre atividades das secções. Presidente da SAC/AAC admite distanciamento da comunidade estudantil da área, mas considera que “toda a gente é, por natureza, curiosa”.

Acomunidade estudantil de Coimbra trilha diversas áreas de conhecimento. Enquanto espelho dos estudantes, a Associação Académica de Coimbra (AAC) procura acompanhar essa pluralidade de interesses nas estruturas que a edificam. Além da produção cultural e desportiva, há também secções da Casa focadas em atividades sociais e científicas. A ciência pinta em diferentes tons vários dos trabalhos das secções, não só daquelas que a tomam como bandeira, mas também das que a promovem no seio das suas investigações e reflexões.

Os novos Estatutos da AAC (EAAC), publicados em julho deste ano, deram às estruturas uma nova possibilidade de nomenclatura: secção sociocientífica. “O termo pode não ser tão atrativo para os estudantes”, admite a presidente do Centro de Informática da AAC (CIAAC), Catarina Martins. O CIAAC foca-se na promoção da inovação e inclusão dentro do meio tecnológico. Para tal, divide-se em seis departamentos: tecnológico, cultural, in-

clusão, ‘gaming’, recursos humanos e agilidade. A dirigente sublinha projetos que vão da produção de novos ‘softwares’ e ferramentas que possam ajudar a comunidade estudantil, ao combate dos entraves socioeconómicos no acesso à tecnologia. Esta variedade de ações deixou “sempre claro” para os membros da secção o desejo de uma nova categoria.

Por outro lado, a pro-

dução de conteúdo científico não foi suficiente para uma mudança de nomenclatura da Secção de Astronomia, Astrofísica e Astronáutica da AAC (SAC/AAC). A estrutura cultural desenvolve observações noturnas e diurnas, palestras e também ciclos de cinema. A presidente, Isabel Avillez, reflete sobre as dificuldades das produções de teor científico: “uma boa parte de nós é do Departamento de Física, então, mesmo com base teórica, temos de saber simplificar a parte técnica e lembrar-nos que nem toda a gente tem esse ‘background’”. Tal como o CIAAC, têm como objetivo tornar os temas trabalhados mais apelativos sem pôr de parte o

rigor da investigação, que passa pelo contacto de especialistas, destaca.

Apesar de pontuar um certo distanciamento entre os assuntos da área e a maioria dos estudantes, a dirigente da SAC/AAC considera que “toda a gente é, por natureza, curiosa”. Alimenta ainda a ideia de que tudo pode ser interessante se explicado da forma e pela pessoa correta. Justifica o possível desinteresse com a abordagem utilizada no ensino pré-universitário da ciência, que “condiciona as pré-considerações dos jovens desta área". Catarina Martins concorda que existe uma idealização negativa da ciência. “O termo cultural é, muitas vezes, mais atrativo para os estudantes”, analisa a representante do CIAAC. Mesmo as-

sim, por se tratar de um meio académico, considera que “vai sempre haver interesse” para aprender e desenvolver outras competências com mais facilidade.

Para a vice-presidente do Grupo Ecológico da AAC (GE/AAC), Beatriz Bernardo, o desafio passa não só por fomentar o interesse dos temas, mas também por “enfatizar a sua im-

portância”. As atividades da secção visam a sensibilização da comunidade estudantil para os problemas ambientais e a preservação da natureza, por meio de reuniões semanais, debates, palestras e ‘workshops’. Na ponderação dos assuntos científicos, a dirigente admite que a investigação fica a cargo da direção e dos associados que tenham interesse em abordar determinado tema. O grupo ainda não definiu a sua nomenclatura associativa, mas a dirigente acredita que a mudança “pouco altera” o trabalho e que, “até por uma questão de comodidade”, vê a permanência na categoria cultural. Como forma de potencializar o trabalho da secção que dirige, Beatriz Bernardo frisa que “há muitas possibilidades nas parcerias com outras estruturas da Casa”. A presidente da SOS Estudante, Rita Neves, sublinha a mesma questão: “há cada vez mais ligação entre as diferentes secções”. A linha de apoio realiza um atendimento diário entre as 20 horas e a uma hora da manhã, a isso somam-se recolhas de donativos e palestras no âmbito da saúde mental. Todas as iniciativas são orientadas por uma psicóloga que “acompanha todas as decisões da secção”, esclarece a dirigente. Além disso, a estrutura trabalha sempre “com alguma base científica”, o que não a impediu de permanecer enquanto secção cultural.

Já a Secção de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) transitou para a categoria sociocientífica, apesar de acreditarem que os trabalhos nesta área “são uma proteção cultural”, pontua o presidente da estrutura, Rafael Pereira. A SDDH desenvolve desde debates a estudos sobre questões humanitárias. A pesquisa e a preparação teórica, em comunhão com a necessidade “de estar sempre a par das questões técnicas”, marcam a ação da secção. O representante reconhece que há uma produção científica no seio da estrutura, mas confessa não saber “se é um bom caminho chamar sociocientífica a secções com âmbitos de atuação tão distintos”.

Ilustração por Santiago Nunes

Aumento dos casos de ISTs reflete falta de informação sobre saúde sexual

Desconhecimento de formas de transmissão e sintomatologia preocupa profissionais de saúde, que apelam a maior testagem. SASUC e Associação Existências oferecem rastreios gratuitos.

- POR MARIANA CLARO -

Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, os casos positivos de Infeções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) dispararam na Europa e Portugal não foi exceção. De acordo com os dados da instituição, em 2022 houve um aumento de 48% nos casos de gonorreia, 34% nos de sífilis e 16% nos de clamídia, face ao ano anterior. Estas são as infeções com maior incidência nacional, aponta Maria Lobo, psicóloga na Associação Existências. A diretora técnica do Laboratório de Análises Clínicas da Universidade de Coim bra (LACUC), Ana Miguel, também professora na Faculdade de Farmácia da UC, relata que os valores em Coimbra são superiores em com paração ao resto do país. No entanto, recon hece que isso se deve ao facto de se realizarem mais testes.

sas cuja contaminação ocorre, na maioria dos

comunidade, o que se reflete no crescimento do número de infeções.

Ana Miguel relata que os jovens procuram mais os rastreios após suspeitas de contacto com pessoas infetadas. No entanto, há também casais que querem iniciar a vida sexual e realizam os testes como forma de prevenção. Por outro lado, António Queirós assume que a adesão aos rastreios de ISTs ainda não está no ponto que gostariam, “mesmo sendo confidenciais, anónimos e gratuitos para os utentes

tivos”. O projeto vai ser estendido “desde as creches à população universitária” e um dos temas de relevo é o aumento das ISTs. Reconhece ainda que este não se deve resumir à comunidade juvenil, pelo que pretende que os universitários e pessoas até aos 35 anos sejam abrangidas pelo PNSE.

Paulo Anjos acredita que a remoção da educação sexual e reprodutiva em meio escolar teria impacto no número de casos positivos no futuro. No mesmo sentido, António Queirós apela a uma educação nas faixas etárias mais jovens “para, quando chegarem à altura, estarem na posse de todo o conhecimento para tomarem decisões conscientes”. O diretor clínico alerta também para a partilha de informação errada nas redes sociais.

casos, a partir de relações sexuais. Já o termo Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) refere-se apenas aos casos em que as pessoas apresentam sintomas derivados da infeção. Todas são transmitidas através do contacto vaginal, anal ou oral, e algumas requerem ap enas troca de fluidos corporais. Além disso, po dem ser contraídas através do contacto com a mãe durante a gravidez e no parto.

Gestão da Segurança do Trabalho da UC, Antó nio Queirós, realça que “há um défice enorme de conhecimentos e de disseminação de informação” sobre a saúde sexual e reprodutiva entre os jovens. Segundo Pedro Anjos, assistente social na Associação Existências, comportamentos de risco como relações sexuais desprotegidas, “muitas vezes associadas ao uso de substâncias psicoativas”, têm aumentado na

rastreios é incitar o uso de proteção e não desencorajar as pessoas a ter relações sexuais, pelo que é necessário “transmitir informação precisa e segura”. Paulo Anjos acredita que “se continua a ter uma sociedade que vê com maus olhos a sexualidade” e apela a um retrato saudável e sem constrangimentos da mesma. Em entrevista ao Diário de Notícias/TSF Rádio Notícias, a diretora-geral da saúde, Rita Sá Machado, anunciou alterações ao Programa Nacional de Saúde Escolar (PNSE). O objetivo é abordar “temas importantes” e formar cidadãos “mais preparados, resilientes e asser-

Os Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra (SASUC) dispõem de um serviço de saúde dirigido à comunidade universitária. De acordo com Ana Miguel, o projeto Rastreio Proteção + permite o teste gratuito para “várias ISTs, não apenas aquelas que são normalmente abrangidas nas campanhas ocasionais”. O programa dos SASUC visa a deteção precoce dos infetados e fornece, no caso de resultado positivo, orientação para serviços especial-

izados e acompanhamento pós-terapêutico. A Associação Existências também disponibiliza rastreios às principais ISTs, sem custos associados.

No LACUC é ainda possível obter “todos os métodos contracetivos e pílulas do dia seguinte” de forma gratuita. Embora haja uma distribuição de preservativos em vários estabelecimentos de saúde, como é também o caso da Existências, Paulo Anjos considera que deviam estar em “locais mais acessíveis aos jovens” para uma maior adesão. Fotografia por Bruna Fontaine

Lembranças de um mosteiro numa cidade com “alzheimer artístico”

Falta de soluções para realocação da Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra coloca em risco próxima edição. Entidades organizadoras com visões distintas quanto a transformação do espaço.

- POR JOANA GOMES E INÊS REIS -

OMosteiro de Santa Clara-a-Nova, casa da Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra - Anozero, vai ser alvo de obras de requalificação com vista à sua transformação num hotel de luxo. O diretor do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), Carlos Antunes, entende que as intervenções colocam em causa a realização do evento. Em contrapartida, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), José Manuel Silva, acredita na continuidade da iniciativa e compromete-se a encontrar alternativas de espaço.

De dois em dois anos, juntam-se em Santa Clara dezenas de artistas, nacionais e internacionais, para a “construção de uma época cultural atuante e transformadora”, como se pode ler no ‘website’ da Anozero. O projeto surgiu em 2017 no seguimento da classificação da Universidade de Coimbra (UC), Alta e Sofia como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO. A organização do evento por três enti-

dades - o CAPC, a CMC e a UC - é, na perspetiva de Carlos Antunes, “uma grande conquista que representa a cidade ao mais alto nível”. Com o crescimento do projeto, a Anozero foi convidada a integrar a Associação Internacional de Bienais, que reúne mais de 60 representantes de todo o mundo. Coimbra ligou-se a bienais de outros países, como a de Lyon e a de Manifesta, em Barcelona, para a co-produção de obras. “O Mosteiro de Santa Clara-a-Nova é reconhecido internacionalmente como a sede da Anozero, o que tem um valor incomensurável para a cidade”, destaca Carlos Antunes. Ao reconhecer que todas as bienais têm sempre associadas um “espaço matricial estável”, reforça a indignação da comunidade artística internacional frente à transformação do monumento que sempre recebeu o evento. José Manuel Silva garante que as obras de requalificação são “urgentes”, devido à degradação do espaço. O presidente da CMC vê o novo encargo do edifício como algo que “só pode beneficiar o monumento”. Já Carlos Antunes caracteriza a construção do hotel de luxo como um programa “demasiado denso e interventivo para a infraestrutura". Argumenta ainda que é necessário respeitar a essência do património, preservando a qualidade arquitectónica do mosteiro.

Para o diretor do CAPC, o novo negócio vai acabar com a possibilidade de contacto com a comunidade que a Bienal estimula, através do acesso livre. Segundo Carlos Antunes, o plano da construção do alojamento de luxo em Coim-

bra não tem o mesmo nível de exigência e investimento de projetos a decorrer noutras zonas do país, como o hotel integrado no Mosteiro de Alcobaça. “Seria uma tristeza perder a Bienal para qualquer hotel, mas é ainda mais triste perder a Bienal para um hotel medíocre”, reitera.

O Município e o CAPC estão a trabalhar em conjunto na procura de uma solução para evitar o encerramento do projeto, embora tenham visões distintas quanto ao local que o deve receber. Enquanto a CMC considera que a Bienal “não deve estar amarrada a locais pré-definidos, mas sim descobrir novos espaços na cidade”, o CAPC defende que “não se pode deixar de lutar pelo mosteiro”. O antigo Hospital Pediátrico foi o único espaço proposto pela CMC que os representantes de ambas as entidades visitaram. José Manuel Silva prevê a utilização de parte deste edifício, mas Carlos Antunes sublinha que o mesmo “não tem a mais pequena condição”.

Apesar de o autarca garantir que o Município vai fazer “o que estiver ao seu alcance para evitar o cancelamento da Bienal”, já se equaciona o fim do projeto. O diretor do CAPC admite a possibilidade de a exposição não se realizar pela “falta de tempo para a organizar com dignidade”. Caracteriza a situação como um sinal de “alzheimer artístico”, por sentir que não se está a ter em conta o impacto sociocultural da Bienal em Coimbra está a ser esquecido

O aproximar da data da próxima edição do evento, marcada para 2026, faz aumentar a preocupação do dirigente com os preparativos: “estão totalmente cancelados, ainda nem existe curador”. Perante este cenário, Carlos Antunes revela que se não for possível realizá-la durante um ano, prefere não dar continuidade à Anozero. Mesmo sem uma resolução concreta à vista, José Manuel Silva assegura que “a Bienal não vai acabar”. O diretor do CAPC não partilha da mesma esperança e lamenta que “Coimbra esteja sempre condenada a não aguentar os projetos mais ambiciosos”.

Com colaboração de Sofia Duarte e Leonor Viegas

Pedro Xarão

A Ansiedade nos estudantes universitários: desafios e impactos na saúde mental

- POR ANDREIA VIEIRA - PSICÓLOGA CLÍNICA: PSICOTERAPIA PSICANALÍTICA -

Aansiedade é uma resposta natural do corpo a situações de stress, mas quando esta resposta se torna crônica ou excessiva, pode prejudicar significativamente o bem-estar. No contexto universitário, um período repleto de exigências académicas, mudanças sociais e profissionais, a ansiedade tem-se tornado um dos principais problemas manifestados pelos estudantes. O ambiente universitário, muitas vezes descrito como uma fase de transição e amadurecimento, pode, paradoxalmente, gerar um elevado nível de preocupação, insegurança e ansiedade, fatores que podem-se traduzir em ataques de pânico ou perturbações de ansiedade.

O primeiro desafio é compreender as múltiplas fontes do problema que os estudantes universitários enfrentam. O peso das responsabilidades académicas, a procura por desempenho perfeito, as dificuldades financeiras e as pressões sociais rel-

acionadas com a adaptação ao novo ambiente podem desencadear episódios de ansiedade intensa. Estudantes de primeiro ano, em particular, estão mais vulneráveis a esses fatores, pois lidam com o stress da adaptação à vida universitária e com a ansiedade de atender às expectativas académicas e sociais . De acordo com um estudo realizado por Ferreira et al. (2022), cerca de 40% dos estudantes universitários experimentam sintomas significativos de ansiedade durante a sua trajetória académica. Embora a ansiedade seja uma resposta ao stress, é crucial que os estudantes universitários recebam apoio adequado para lidar com estas emoções e reduzir os impactos negativos na saúde mental. Na psicoterapia psicanalítica, a ansiedade é vista como um sintoma que pode estar associado a conflitos internos, muitas vezes inconscientes. Estes conflitos podem ter origem em experiências passadas, como traumas de infância, relações fa-

Uma breve atualização

- POR SECÇÃO DE FADO DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA -

Há mais de 44 anos que a Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra (SF/AAC) divulga e trabalha em prol do Fado e da Canção de Coimbra. Muito para além desse objetivo, esta estrutura evoluiu e alberga agora seis grupos distintos que interpretam diferentes géneros musicais. Esta estrutura investiu também na vertente formativa da qual serve a Escola da SF/ AAC.

Esta iniciativa conta com antigos intérpretes de relevo no meio da Canção de Coimbra, que se tornaram professores nesta casa. Este ensino vai para além da Guitarra de Coimbra e contempla muitos outros instrumentos, desde o canto lírico e interpretação, até à viola de acompanhamento. Outro objeto de relevo são os diferentes cordofones, muito presentes nos vários grupos pertencentes a esta estrutura. Desta escola saíram grupos que seguiram o seu percurso na Canção de Coimbra, para além dos grupos de Fado que dela fazem parte. Perpetuum, Última Luz e Inquietação estiveram em destaque na Serenata da Festa das Latas e Imposição de Insígnias de 2024.

Uma especial atenção vai para a Estudantina

Universitária de Coimbra, que, vários meses após a apresentação, tem o gosto de disponibilizar para compra o seu mais recente CD. Foi em abril que o grupo anunciou o seu novo trabalho discográfico, intitulado de Mais Além, que contempla algumas das músicas mais tocadas nos últimos quinze anos. Após o sucesso do disco 25 Anos de Sonho e Tradição, a Estudantina, que celebra os seus 40 anos já no próximo ano, apresenta este CD com vários temas tocados um pouco por todo o país e até além fronteiras.

miliares disfuncionais ou inseguranças que se desenvolvem ao longo da vida. Ao invés de apenas tratar os sintomas, como se faz em muitas abordagens cognitivas ou comportamentais, a psicanálise procura explorar a raiz emocional e inconsciente desses sentimentos.

Muitos estudantes ainda enfrentam dificuldades para aceder a este tipo de apoio, seja devido ao custo, à falta de tempo ou ao estigma associado à procura por ajuda psicológica.

A saúde mental deve ser uma prioridade em todos os momentos da vida, e especialmente durante o período universitário, quando a pressão pode estar mais presente. Se se sente sobrecarregado ou percebe que a ansiedade está a interferir na sua vida, não hesite em procurar ajuda. Cuidar da sua mente é essencial para o seu bem-estar e para o seu sucesso acadêmico!

Neste ano de celebrações dos 50 anos do 25 de Abril, a Estudantina Feminina de Coimbra honrou a data com o seu quinto Maria da Fonte. Além do tema marcadamente revolucionário, este grupo apresentou um repertório renovado no seu retorno ao Teatro Académico Gil Vicente. A tuna feminina apresentou arranjos de temas populares e tradicionais como a “Saia da Carolina” e “Cantiga Bailada”, entre outras, a par de testemunhos da década de ’70.

A partilha não consentida de conteúdo sexual

- POR VITÓRIA SILVA - SECÇÃO DE DEFESA DE DIREITOS HUMANOS DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA -

AEra do Digital, que caracteriza as últimas décadas do século XXI, trouxe grandes avanços tecnológicos e um aumento exponencial da utilização das redes sociais. É inegável o seu contributo para a manutenção das relações interpessoais, sobretudo, numa época como a da Covid-19, em que recorrer a meios tecnológicos era a única forma de se poder comunicar. No entanto, estas ferramentas, apesar de criarem esta situação de conforto, também potenciaram grandes perigos. Entre eles a facilidade de partilha de imagens e vídeos de carácter íntimo que se têm vindo a tornar, cada vez mais, uma arma perigosa contra tantas (e tantas) mulheres.

A grande reportagem do jornal Público, lançada há um mês, sobre um grupo Telegram reflete bem

esta realidade. Cerca de 70 mil utilizadores utilizavam o grupo para partilhar e comentar conteúdo sexual de mulheres, todos os dias, sem o seu consentimento. Também em Julho deste ano um estudo da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra coordenado pelas professoras Inês Amaral e Rita Basílio Simões revelou que 13% dos jovens já sofreu com a partilha de fotografias ou vídeos íntimos seus sem consentimento, o que evidencia um endémico problema legal e social.

Fala-se da partilha não consentida de conteúdo sexual, definindo-a como a disseminação de conteúdos íntimos sem o consentimento da vítima. Isto acontece muitas vezes através de ‘revenge porn’, quando parceiros sexuais da vítima publicam este conteúdo por vingança. Esta partilha tem um

SECÇÃO FILATÉLICA

ADirecção dos Serviços de Correios e Telecomunicações dos Correios de Macau lançou, a 13 de outubro de 2023, a emissão filatélica “Centenário do Nascimento de Henrique de Senna Fernandes”. , Nascido a 15 de outubro de 1923, faleceu a 4 de outubro de 2010

Henrique de Senna Fernandes , ilustre escritor e advogado de Macau, oriundo de uma família macaense com uma história de mais de 200 anos, de ascendência portuguesa, goesa e chinesa. Foi estudante em Coimbra, tendo cursado Direito. Henrique de Senna Fernandes distinguiu-se na - POR JOSÉ CURA -

impacto avassalador na vida das vítimas, causando-lhes graves problemas de ansiedade, depressão e perda de autoestima. A isto acrescenta-se o impacto na vida profissional e social, tendo também em conta que estes conteúdos dificilmente desaparecem do mundo online e são continuamente repartilhados sem o seu conhecimento.

Por tudo isto, é essencial parar de culpabilizar a vítima e reafirmar que qualquer pessoa tem o direito de viver a sua intimidade e sexualidade em segurança. Não ficando por aí, é importante responsabilizar aqueles que quebram, de forma perversa, essa confiança, e lembrar que a partilha de ficheiros não consentida é também qualificada como crime.

criação literária. Enquanto estudante universitário, ganhou o “Prémio de Literatura da Universidade de Coimbra” com o conto “A-Chan, a Tancareira”. Ao longo dos anos, o Instituto Cultural publicou vários livros seus, tendo alguns sido adaptados ao cinema. Escreveu também inúmeros artigos, alguns dos quais sobre filmes de Macau, que foram compilados no livro “Cinema em Macau - Desde o Início do Século XX até à Década de 30”.

Henrique de Senna Fernandes, culto e respeitado, recebeu durante a sua vida inúmeras distinções. Profundamente humanista, generoso e fraterno, é uma figura emblemática da cultura local. As suas obras constituem um importante património cultural de Macau. Dedicou-se à investigação e contribuiu para o desenvolvimento cultural de Macau. Esta emissão filatélica é composta por um conjunto de dois selos e um bloco. Segundo a entidade emissora, "o conceito do design é apresentar, por meio de selos, Henrique de Senna Fernandes em diferentes idades, utilizando imagens emblemáticas de três fases da sua vida: juventude, meia-idade e velhice, para retratar a sua vida."

O selo de 2,50 patacas retrata a sua juventude, com o homenageado trajado, com pasta académica e respectivas fitas da Faculdade de Direito (vermelhas), tendo ao fundo a Via Latina com a Cabra. Será o único selo retratando um estudante de Coimbra com traje académico.

O que as Académicas de Portugal partilhavam de (in)comum

- POR RITA SOUSA - ARQUIVO DA SECÇÃO DE JORNALISMO DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA -

Em 2010, as Académicas de Portugal abriram as suas portas ao Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA para relatar o quotidiano da “casa dos estudantes”.

Nas várias cidades do país abordou-se a principal dificuldade sentida entre todas as academias: a abstenção e a falta de interesse em “manter as raízes do associativismo”, como fez notar Luís Rodrigues, presidente então vigente da Associação Académica da Universidade do Minho . Esta realidade era também sentida nos Açores , Algarve , Aveiro e Évora, uma vez que os estudantes não se sentiam “muito parte da associação académica”, de acordo com Tiago Alves, antigo dirigente da Associação Académica da Universidade de Aveiro. Isto verificou-se, talvez, por não a sentirem “como um vínculo de trabalho”, como defendeu o antigo presidente da Associação Académica da Universidade do Algarve.

A única associação questionada sobre a sua relação com o reitor foi a Associação Académica da Universidade de Lisboa. O ex-presidente, André Caldas, afirmou que “as relações com o reitor

Sampaio da Nóvoa têm evoluído”, desde que encontrou nos seus alunos os seus aliados. Afinal, foram estes que garantiram a sua reeleição, uma vez que o dirigente era “pouco ligado” aos estudantes. Outro aspeto abordado foram as relações com os centros universitários e as câmaras municipais das cidades. A Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e do Alto Douro afirmou ter uma “boa conexão com a instituição de ensino”, tirando algumas situações de “falta de compreensão do município relativamente a algumas das nossas atividades”. O mesmo não se fez sentir em Aveiro, cuja relação não foi caracterizada como uma “das melhores”, porque os estudantes e a cidade estavam “bastante afastados”. Não obstante, existia um esforço de ambos os dirigentes para estabelecer uma boa relação com os municípios.

Algo que todas as Académicas, como a Federação Académica do Porto (FAP), mencionaram foi a realização de atividades, culturais e desportivas, para a comunidade estudantil. Apesar de a FAP, neste contexto, proporcionar “uma prática desportiva e cultural gratuita” a prioridade continuava na Edu-

cação. Assim, houve preocupação em “informar os estudantes acerca das especificidades e problemas do Ensino Superior em Portugal”, declarou Ricardo Morgado.

Por fim, refere-se ainda o caso particular da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI), que, na época, enfrentava um grave período de instabilidade política, devido às “demissões constantes dos corpos gerentes”. Por isto, todas as decisões eram tomadas em Assembleia-Geral de Alunos. Em contraste com as outras academias que vivenciavam um “maior afastamento dos estudantes aos problemas e à própria atividade de associação”, o antigo presidente da AAUBI, Rui Garcia, admitiu que “cada vez mais, os alunos estão a voltar para o seio da associação”.

Hoje em dia, verifica-se que os vários problemas que se faziam sentir no seio das academias agravaram-se. O que falta fazer para reduzir o desinteresse e o afastamento dos estudantes no “movimento estudantil” das Académicas do país?

OBITUÁRIO

#ZÉ #MANEL perdeu TUDO Madalena, a flopada

Josézito, já te tenho dito que não é bonito andares-me a enganar. Próxima Bianal vai ser no Natal dos Hospitais. Ah, espera…. Quantos dias até @zémanuelsilva1889 passar mal? Queres ver a SIDAde a crescer mas é só pra quem tem pestanole. Mas tamos juntos por Coimbra. Read the room: com finos a 1,20 no Baraac ninguém tem dinheiro pra hotéis de lucho. Tamos só a luchar mesmo, mas entretanto acabamos todos a ir viver para o Choupalinho. Essa palha já ta toda comidinha? Tanto investimento em #luzes de #natal e esse cerebro está às escuras. Sabes o que era perfeito? Passares a noite a ver filmes num alojamento local rasca. Mais uma missão, oh meu ganda #champion, completa a caderneta de cromos, anda láaaa só mai uma obra por acabar. Talvez um heliporto nessa testa ou não? Incompleto a todos os níveis, pra quando uma viagem à turquia para implantes capilares? Talvez seja ideal daqui a doijanos na altura da bianal.

Eeeeeeeeee, tajatrevida! Lalalalalala, Lalalalalala! Ó Beatriz Rosário, um bocado ATOA este videoclip ou não? Murchaste no Jardim da Sereia e foste à procura de seringas? É que náo era bem sal o que eles tinham na cara….. Tu és a Floribella mas o que te separa da Luciana Abreu é que a árvore com quem falas é de folha caduca e toca guitarra. Só estás de passagem é? Apanhaste SMTUC para onde? Bairro do Ingote? Vais te fazer a que estrada? É que ta tudo em obras, primaça. Não sabias que serenata só há uma, na Sé Velha e mais nenhuma? Mas conta lalalalalala que serenata é a tua. Uma música tão feminista e foste chamar um bando de machos? Com tanta flor mais valia ter chamado as mondegas. Quantas sangrias com bagaço é que foram precisas para filmares isso? Na FEUC não te ensinaram a trabalhar no enGAJAmento… nem mil likes… que flopada que para aí vai. Quem te valeu foi o staff do Moelas. Pega a dica: troca o vermelho pelo branco e para a próxima casas lá.

A vida entre sótãos e maridos

Confesso que escolhi este livro pela capa. É um método científico extremamente comprovado por centenas de idas a uma miríade de livrarias em diversos países. É a cor da lombada, a fonte e a disposição das letras, ou, naqueles casos em que o livro está de frente para mim, a capa. Numa altura em que a profusão de más capas é evidente a vários níveis (de livros estrangeiros aos de autores nacionais com três nomes e apóstrofes), encontrar algo simples que não grite possível conteúdo erótico de péssima qualidade não é tarefa fácil.

E, assim, o meu método para a seleção deste livro acabou por coincidir com a vida que Lauren, a protagonista criada pela australiana Holly Gramazio. Lauren não anda à procura de livros, mas muito menos de maridos. É solteira. E um dia chega a casa, depois de uma saída à noite, para descobrir que tem um marido. Que um dia sobe ao sótão, descendo depois um novo marido. E assim sucessivamente.

“Os Maridos” é a obra de estreia na escrita de Gramazio. Não é um livro que vá ficar para a história da literatura ou que vá ser ensinado numa qualquer universidade daqui a uns anos. Cumpre, contudo, uma das funções mais básicas que um livro deve ter: entretém e não envergonha. Talvez

tenha umas cem páginas a mais e isso nota-se na velocidade vertiginosa da escrita, principalmente depois do plot twist, como mandam as regras, a meio do livro, e que fica estranhamente mal explicado.

Mas este passar de páginas, de maridos, de histórias é a metáfora perfeita para a forma como cada um de nós passa pelos dias, pelo constante deslizar de fotografias e vídeos nos nossos telemóveis, pela comparação que fazemos com vidas alheias. Sem saber como parar, numa vertigem de querer e ansiar saber se o que vem a seguir é melhor. Quando, no final, a vida é só uma, não há presente, há futuro e passado. O presente é um momento de escolha com base no que já vivemos e no que queremos vir a viver. Mas o erro, tantas e tantas vezes, está no desmerecimento, por comparação, do que ficou para trás.

No final, quando se pousa o livro, fica uma sensação interessante. Podia ter tido tantos outros finais. Mas a mente encontra sossego quando as perguntas cessam e percebemos que o silêncio não é desconfortável. No site de Holly Gramazio há um gerador de maridos: “Joel moved to London from Krakow. He knows a lot about books. He is prone to getting involved in other people's arguments”. Fico por aqui.

“Do not go gentle into that good night Old age should burn and rave at close of day; Rage, rage against the dying of the light.”

Como Dylan Thomas escreveu, a velhice deve queimar. O apagar da luz deve causar raiva, devemos lutar contra o inevitável chegar da escuridão. Ele sugere que uma resposta irracional e insubordinada à morte iminente, é melhor que uma submissão dócil ao eterno apagar das luzes. No fim do poema é percetível que o autor está em luto pela morte do pai.

A Substância, de Coralie Fargeat, aparece-nos com um tema em tudo diferente do poema de Thomas. Ainda assim, enquanto semicerrava os olhos no meu lugar na sala de cinema eram estes versos que com teimosia me assaltavam a consciência.

A história de Elisabeth Sparkle é, sem espaço para dúvida, a história de alguém para quem a velhice tem um efeito corrosivo. Fargeat retrata a história de uma atriz que acaba de ser despedida, depois de uma carreira com todos os sucessos possíveis, apenas porque um executivo chamado Harvey (um nome carregado de significado) decidiu que ela já passou o seu prazo de validade.

- POR BRUNO OLIVEIRAtor, que não deve ser visto como uma entidade diferente. No entanto, a dissonância entre a Elisabeth e o seu eu mais novo, entre o corpo gasto e o corpo cheio de vitalidade, cresce –espelho de um conflito interno. Acaba de forma trágica que não é fácil de digerir para os mais fracos de estômago.

Vemos na atriz uma tendência obsessiva de se ver pelos olhos dos outros e de encontrar o seu valor

nos espelhos que encontra em todo o lado. Elisabeth que fundou a sua personalidade às cavalitas da perceção alheia, parte para uma luta contra a idade. Recorre a uma droga experimental que lhe permite criar uma versão jovem dela mesma, um corpo não calejado e que ainda resiste à força da gravidade. Um monstro em tudo melhor que o Doutor Frankenstein.

Um monstro que para todos os efeitos é o Dou-

LIVRO: OS MARIDOS

DE: HOLLY GRAMAZIO

EDITORA: SUMA DE LETRAS

A CABRA ACONSELHA...

FILME: 'THE SUBSTANCE'

DE: CORALINE FARGEAT

COM: DEMI MOORE MARGARET QUALLEY

2024

do de referências, que termina com uma muito evidente a Carrie de Brian De Palma – quando o monstro encharca uma plateia de sangue. Uma história que retrata a cultura de objetificação da mulher de uma forma clara, mas sem particular originalidade. Passamos duas horas claustrofóbicas numa história com poucas personagens e diálogos desidratados. Não nos faz gritar de susto, mas por vezes custa a olhar.

Um filme carrega-

Um novo horizonte sonoro para a identidade portuguesa

Revisitar o passado é algo que nos é inerente. O que já foi estará sempre lá, pronto para ser escrutinado antes de ser esquecido, por oposição ao que ainda será, que ainda está para ser vivido e que mora na ansiedade de todos nós. Na vida como na arte, esta viagem temporal acontece com frequência e é particularmente característica do património cultural português, que prega, por um lado, a saudade e, por outro, o fado e o destino.

Vale a pena, pois, recuar até abril deste ano e revisitar o magnífico “Pastoral”, o mais recente álbum de originais de emmy Curl, alter-ego da compositora e artista multimédia vila-realense Catarina Miranda. Fruto de dez anos de experimentação, este é um trabalho que coloca em diálogo direto a tradição e a modernidade, esforço já demonstrado anteriormente em “ØPorto” (2019) que agora ganha um novo ânimo, mais solto e eufórico. Basta entrar em “Mirandum”, a canção inaugural, para submergir no universo particular que emmy Curl aqui desenha, onde o folclore se intercala com a eletrónica e o jazz contemporâneo, e a graça de viver se sobrepõe ao peso da melancolia. A vitalidade que este disco transborda fica evidenciada em vários momentos: na energia de “Botar Água

Na Vinha”, no convite singelo de “Vem Até Mim”, no salto cósmico presente em “Mudança”, ou na fantástica interpretação de “Senhora do Almortão”, uma cantiga popular da Beira Baixa. É, porém, em “Balabala”, a faixa que encerra o disco, que se encontra a maior prova do engenho prodigioso da compositora, que transporta um registo em áudio de pastores a conduzir os seus rebanhos, colhido pelo etnomusicólogo Michel Giacometti, para um espaço musical completamente amplo, livre e singular.

A aura de “Pastoral”, que reconhece influências mas que as explora e as maximiza com confiança, transcende o fardo pesado da categorização e contribui com uma visão acutilante para o horizonte, cada vez maior e mais renovado, de compreensão da identidade portuguesa. O passado, o futuro, a tradição e a modernidade são noções que se confundem nesta obra, que não conhece fronteiras e se afirma como um dos álbuns nacionais definitivos de 2024. “Sonho um dia não ter pressa / Que acabe o tempo aqui”, canta emmy Curl em “Chegada”. Num futuro que se avizinha cada vez mais acelerado e automatizado, esta é uma viagem que, com toda a certeza, merece ser feita.

É Só Harakiri, Baby

- POR JOANA CARVALHO -

Ao ouvir o segundo álbum de João Borsch, deparamo-nos com uma série de escolhas. Algumas boas, algumas más... Mas mais do que as escolhas, “É só Harakiri, Baby” fala-nos de consequências e de como as aceitar. Através de uma narrativa contada a partir do fim, percebemos que aconteceu uma morte. O sujeito começa por descrever o momento em que aceita o fim da sua vida, e de repente toda a história se desenrola: o momento do acidente de carro, a dor do embate e a saída da festa que deu início a toda aquela noite. Entretanto o sujeito, que se entende ser o próprio cantor, João Borsch, tem um encontro com uma entidade de nome Jardel que, pela descrição que a mesma faz, se subentende ser o Diabo, que se encontrava já há muito tempo à espera do nosso protagonista. Esta figura tem um papel fundamental na aceitação por parte do sujeito da sua própria condição mortal, mostrando-se um anfitrião e guia nesta nova jornada que o mortal vai iniciar no seu reino.

Tendo em conta o cenário que se nos apresenta, este álbum mostra, por parte do autor, uma autoconsciência muito crua, bem como uma reflexão bastante genuína sobre os limites da nossa própria mortalidade. De um lado, existe a voracidade e

DE: JOÃO BORSCH

A CABRA ACONSELHA...

ÁLBUM: PASTORAL

DE: EMMY CURL

2024

fome de querer sempre mais: mais álcool, mais drogas, mais vida... E do outro lado, temos o que acontece quando achamos que somos invencíveis, e que a nossa juventude nos protege de tudo. Ouvir este álbum exige de cada pessoa um estado de espírito condutivo à reflexão, reflexão essa que nos obriga a olhar para o espelho e perceber que rumo estamos a dar à nossa vida. No entanto, à medida que nos aproximamos do início da história, que é o fim do álbum, ficamos com a esperança que traz a inocência de não saber o dia de amanhã. Naquele momento, tudo é possível para o sujeito. A noite é um território por explorar e todas as experiências são bem-vindas para o protagonista.

Musicalmente, o álbum está bastante bem conseguido, misturando sonoridades do rock e de eletrónica, criando uma experiência sonora impactante que, ao mesmo tempo, faz sentido com a história que está a ser contada. A tenebrosidade e desespero das primeiras letras cria um contraste entre as expetativas e entusiasmo das últimas músicas que tornam este álbum numa experiência auditiva e literária muito completa, com uma qualidade que supera as expetativas para um artista ainda tão pouco conhecido.

Estatuto editorial e mais informações disponíveis em

Editorial

Procura-se culpado pela sequela de Trump

Ainda Trump celebrava em Mar-a-Lagos e já o Partido Democrata procurava um culpado. Bernie Sanders parece ter a leitura mais próxima: colocaram os problemas da classe trabalhadora em último lugar, e ela sentiu-se abandonada. Junta-se a isso uma campanha fraca, com uma candidata com o recorde para período de campanha mais curto de sempre.

Se da primeira vez se pressentiu um mandato aterrador, a sequela parece ser ainda pior, e não só pelas promessas de deportações em massa. É novamente o ataque à democracia, mas também o ataque à liberdade de imprensa. Desde as piadas com jornalistas assassinados, ao apelidamento de jornalismo legítimo como ‘fake news’, o futuro para a classe é ainda mais assustador do que já era, especialmente

se o famoso Projeto 2025 for para a frente. De acordo com a editora-chefe do The Guardian, planos para ser mais fácil apreender e-mails e gravações de chamadas de jornalistas são apenas uma pequeníssima parte do projeto do 47º Presidente dos Estados Unidos.

Espera-se que o Partido Democrata não perca demasiado tempo na sua reestruturação…

Ficha Técnica

Estas sondagens decorreram durante os dias 5 e 6 de novembro, entre as 9 e as 20 horas. Foram inquiridos 1308 estudantes, o que se aproxima, nos termos definidos na nota de transparência emitida nos riscos da sondagem, a 5% da comunidade estudantil da UC. A sondagem foi realizada de forma aleatória entre os estudantes de todas as faculdades. A responsabilidade desta sondagem é do Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA e do departamento de informação da tvAAC.

FICHA TÉCNICA

Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA

Depósito Legal nº478319/20

Registo ICS nº116759

Propriedade Associação Académica de Coimbra NIF 500032173

Morada Secção de Jornalismo

Rua Padre António Vieira, 1 3000-315 Coimbra (sede do editor e da redação)

Riscos da Sondagem

Esta sondagem tem uma margem de erro de 3% e um grau de confiança de 95%, o que significa que existe uma forte probabilidade de se aproximar dos resultados finais das eleições a acontecer dia 12 e 14 de novembro, salvaguardando a questão da abstenção.

Nota de transparência

Devido à impossibilidade de obtenção do número de estudantes por faculdade da UC atualizados a tempo da realização das sonda-

Diretor Fábio Torres

Equipa Editorial Iris de Jesus & Camila Luís (Ensino Superior), Francisca Costa & Sofia Moreira (Cultura), Francisco Barata (Desporto), Ana Raquel Cardoso & Bruna Fontaine (Ciência & Tecnologia), Inês Reis & Leonor Viegas (Cidade), Solange Francisco & Liliana Martins (Online), Colaborou nesta edição Ana Almeida, Filipa António, Francisco Barata, Ana Campelo, Beatriz Caniço, Mariana Claro, Francisca Costa, Sofia Duarte, Bruna Fontaine, Joana Gomes, Iris de Jesus, Nathanna Loriato, Camila Luís, Liliana Martins, Sofia Moreira, Isabel Pasquali, Luís Pereira, Inês Reis, Fábio Torres, João Ventura, Leonor Viegas

Fotografia e Ilustração Francisca Costa, Daniela Fazendeiro, Bruna Fontaine, Iris de Jesus, Duarte Nunes, Santiago Nunes, Pedro Xarão

Edição de fotografia Rafael Saraiva

gens, os dados utilizados remetem ao ano letivo de 2022/2023, data de realização do primeiro inquérito. Neste sentido, apesar de haver proximidade face aos resultados que se podem registar nos próximos dias 12 e 14, as informações referentes ao número de estudantes da UC, bem como, à percentagem de 5% por faculdade não correspondem aos atuais cadernos eleitorais.

Conselho de Redação Luís Almeida, Francisco Barata, Tomás Barros, Joana Carvalho, Carina Costa, Inês Duarte, Daniela Fazendeiro, Filipe Furtado, Leonor Garrido, Hugo Guímaro, Luísa Mendonça, Margarida Mota, Maria Monteiro, Clara Neto, Bruno Oliveira, Ana Filipa Paz, Sofia Pereira, João Diogo Pimentel, Daniela Pinto, Paulo Sérgio Santos, Pedro Emauz Silva, Cátia Susana

Paginação Bruna Fontaine, Iris de Jesus, Fábio Torres

Impressão FIG - Indústrias Gráficas, S.A.

Sede de impressão - Travessa Adriano Lucas 161, 3020430 Coimbra

Telf.239 499 922, Fax: 239 499 981, e-mail: fig@fig.pt

Produção Secção de Jornalismo da Associação

Académica de Coimbra

Tiragem 2000

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