Vox Otorrino 166

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Edição 166 | Ano XXIV | www.aborlccf.org.br

Conduta médica • Tudo que você precisa saber sobre a emissão do atestado médico

Gestão e carreira • Como a comunicação interpessoal auxilia na relação médico-paciente

Oratória e sua importância na área da saúde

internacional: Delegação brasileira inicia os preparativos para garantir presença no evento da Academia Americana de Otorrinolaringologia na Georgia, em Atlanta



Mensagem do

Presidente Divulgação ABORL-CCF

Márcio Abrahão

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hegamos à segunda metade de 2018 com muitos projetos realizados e muitos ainda por vir. Após seis meses de gestão, posso afirmar que o trabalho intenso e o esforço conjunto começam a mostrar bons frutos e a gerar ainda mais expectativas sobre as atividades que ainda iremos concretizar. Com os preparativos finais para a realização do 48º Congresso Brasileiro, estamos trabalhando a todo vapor para finalizar a programação e todas as atividades do evento. Uma das maiores conquistas para esta edição é a participação de profissionais não médicos, o que promete uma grande confluência de ideias e conhecimentos. Estamos preparando a programação multiprofissional para ir ao encontro das necessidades e expectativas de todos, e, por isso, esperamos contar com a presença de todos os nossos associados para assistir a essa troca de conhecimentos. Realizamos, na sede da ABORL-CCF, o II Fórum Médico Jurídico, um evento essencial para a defesa de nossa especialidade e para a discussão de temas-chave

do direito associado à Medicina. A participação de representantes do Legislativo, de sociedades, conselhos e outros órgãos oficiais ligados à profissão foi primordial para conversas e debates, levando aos associados conhecimentos importantes sobre esse segmento. Com o final do período de inscrições para as eleições na ABORL-CCF, já divulgamos os nomes dos candidatos ao cargo de segundo vice-presidente 2019 e à renovação dos comitês. O período de votação vai de 17 a 26 de outubro, então, fique atento aos prazos de quitação da anuidade e garanta seu direito de exercer esse importante ato participativo. Além disso, lançamos nosso novo site, que vem atualizado para levar a cada associado tudo o que ele precisa saber com o máximo de facilidade e eficiência. Todo o projeto foi desenvolvido com foco na utilização do usuário e trabalhamos para que o layout fosse o mais intuitivo possível. Não deixe de conferir! Um abraço.

Diretoria 2018 Presidente Dr. Márcio Abrahão - São Paulo (SP) Primeiro Vice-Presidente Dr. Luiz Ubirajara Sennes - São Paulo (SP) Segundo Vice-Presidente Dr. Geraldo Druck Sant’Anna - Porto Alegre (RS) Diretor-Secretário Dr. Edson Ibrahim Mitre - São Paulo (SP) Diretor-Tesoureiro Dr. Leonardo Haddad - São Paulo (SP) Diretor-Secretário Adjunto Dr. Ronaldo Frizzarini - São Paulo (SP)

Diretora-Tesoureira Adjunta Dra. Renata Dutra de Moricz - São Paulo (SP) Assessores Dr. Fernando Veiga Angelico Junior - São Paulo (SP) Dr. Rodolfo Alexander Scalia - São Paulo (SP) Dr. Eduardo Baptistella - Curitiba (PR)

PRESIDENTES DOS COMITÊS Comitê de Eventos e Cursos Dra. Thais Knoll Ribeiro - São Paulo (SP) Comitê de Comunicação Dr. Marco Antonio Dos Anjos Corvo - São Paulo (SP)

Comitê de Educação Médica Continuada Dr. Thiago Freire Pinto Bezerra - Recife (PE) Comitê de Ética e Disciplina Dr. Marcelo Miguel Hueb - Uberaba (MG) Comitê de Residência e Treinamento Dr. Eduardo Macoto Kosugi - São Paulo (SP) Comitê de Título de Especialista Dr. Fernando Danelon Leonhardt - São Paulo (SP) Comitê de Defesa Profissional Dr. Paulo Saraceni Neto - São Paulo (SP) Comitê de Planejamento Estratégico Dr. Jose Eduardo Lutaif Dolci - São Paulo (SP)


5 Carta ao leitor 6 Conquistas: BJorl: importância, sucesso e aumento do fator de impacto 8 Páginas azuis: resolução normativa 433: entenda as principais mudanças em relação à norma da ans 12 Brasileiro: Congresso Brasileiro 2018: retorno da programação multiprofissional 14 Gestão e carreira: além da fala: como a comunicação interpessoal auxilia na relação médico-paciente 18 Capa: oratória e sua importância na área da saúde

24 Conduta Médica: emissão do atestado médico 26 Internacional: academia americana de orl 29 Imagem destaque 30 Vox news 34 o que diz a Lei: descontinuidade da relação médico-paciente 36 educação médica continuada: Caso clínico: tontura de origem central 38 ABoRL-CCF em ação: Comitê de residência e treinamento 40 Qualidade de vida: a paixão pela cerveja


EXPEDIENTE ABORL-CCF

CARTA Ao

LeIToR Trabalho e consolidação

Marco Antonio Corvo Presidente do Comitê de Comunicações

VOX Otorrino Presidente: marcio abrahão

Comitê de Comunicações:

alexandre Beraldo ordones allex itar ogawa Fabrizio ricci romano ingrid Helena lopes de oliveira marco antonio dos a. Corvo maria dantas C. l. godoy renata dutra moricz ricardo landini lutaif dolci

Assistente de Comunicação da ABORL-CCf: aline Pereira Cabral

editora-chefe:

gabriela rezende

Revisão: leonardo de Paula

Reportagem:

Bárbara mello, Julia lins e silvia Buzinari

fotos:

divulgação e arquivo pessoal

Diagramação:

douglas almeida, monica mendes e tatiana Couto

Produção:

doC Content Fone: (21) 2425-8878

Periodicidade: Bimestral

Tiragem:

6.500 exemplares

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bro a Carta ao Leitor desta edição informando que temos um grande feito para comemorar: nosso Brazilian Journal (BJORL) está no TOP 25 revistas científicas da categoria do mundo todo. Essa realização é fantástica, e o fator de impacto da revista supera as expectativas a cada divulgação! Uma grande conquista a ser divulgada na Vox. Parabéns a todos os envolvidos! Seguindo a linha de conquistas, como você “conquista” seu paciente? Divulgamos, na matéria de capa, a importância que a oratória tem na consulta nossa de cada dia, e o que o paciente espera ouvir e ver de você quando vai ao médico. Imperdível! Ainda na rotina do consultório, abordamos o outro lado da moeda: manter uma relação médico-paciente saudável é a base de nossa profissão, mas quando o médico se sente desconfortável na relação, seja qual for o motivo, como descontinuá-la de forma ética e seguindo os preceitos da Lei? Essa situação é esclarecida na seção O que diz a Lei. Divulgamos, também, neste número a preparação para o maior encontro mundial da nossa especialidade, o AAOHNS Annual Meeting. Confira o número e localização do estande da ABORL-CCF e fique atento para o dia e local da foto oficial da comitiva brasileira no evento. Falando em congressos importantes, abrimos espaço para o nosso Brasileiro 2018, com a programação multiprofissional que será apresentada em João Pessoa (PB). São temas escolhidos a dedo, por uma equipe sensacional, com palestrantes nacionais e internacionais de renome. Confira! Aos apreciadores de cerveja, apresentamos uma história muito pitoresca de um colega otorrino que divide seu tempo entre o consultório e a produção de cerveja artesanal. Alguém se sente motivado a seguir os passos dele? Se você tem uma atividade não otorrinolaringológica, que executa em suas horas vagas por prazer e que melhora sua qualidade de vida, entre em contato com a Revista Vox que teremos o maior prazer em divulgar e, quem sabe, incentivar outros colegas com um novo hobby. Aproveite a leitura! Um forte abraço! Marco Antonio Corvo

Espaço do leitor

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da ABORL-CCF.

sugestões de pauta, críticas ou elogios? Fale conosco: comunicacao@aborlccf.org.br (11) 95266-1614

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Conquistas

BJORL:

importância, sucesso e aumento do fator de impacto Coordenadora da revista científica oficial da ABORL-CCF, Dra. Shirley Pignatari explica como o BJORL se mantém um periódico reconhecido internacionalmente Bárbara Mello

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undada em 1933, ainda com o nome inicial de Revista Brasileira de Otorrinolaringologia (RBORL), a revista científica oficial da ABORL-CCF completa 85 anos de existência em 2018. Conhecida atualmente como Brazilian Journal of Otorhinolaryngology (BJORL), a publicação tem sido gerida por diferentes especialistas da área, que conseguiram conquistar um espaço na literatura científica otorrinolaringológica e de especialidades afins. Dra. Shirley Pignatati, coordenadora do Departamento BJORL, considera a revista um dos bens mais preciosos da associação. “Conduzida com sabedoria, competência e orgulho por aqueles que nos antecederam, a publicação é considerada, hoje, a revista mais 6 | VOX Otorrino

importante da especialidade na América Latina. A cada novo ano, o BJORL conquista mais espaço entre as revistas internacionais do mundo inteiro”, ressalta.

Membros da equipe e rotina de trabalho Editora-chefe da publicação há cerca de quatro anos, Dra. Shirley conta com um time de editores associados com os quais divide a tarefa de triar as submissões. A equipe é formada por um corpo editorial composto por revisores de excelência, com expertise nas várias áreas da especialidade, e uma secretária, Fernanda Vieira, que, além do trabalho de receber todas as submissões e checar criteriosamente todos os documentos, auxilia o restante da equipe na revisão geral do produto final.


Atualmente, de acordo com o Journal Citation Reports (JCR), o BJORL ocupa a 25ª posição entre as revistas da categoria do mundo inteiro e a 23ª posição entre as revistas nacionais indexadas de todas as categorias.

Para a especialista, a manutenção da qualidade e do crescimento da publicação exige que todos os envolvidos honrem o compromisso com um trabalho sério e ético, acima de projetos pessoais e políticos. “Temos trabalhado com o intuito de manter os associados atualizados e bem informados, divulgando pesquisas e conhecimentos produzidos não apenas por nossos pesquisadores e especialistas, mas também por profissionais do mundo todo”, garante.

Acesse as listas pelo QR Code:

Razões para o sucesso Sob chancela da editora de publicações científicas Elsevier, o BJORL ganhou visibilidade e dinamismo, com o apoio de revisores e de um corpo editorial de alto nível científico, responsáveis pela publicação. “Esse fato é condizente com a qualidade científica e a quantidade de submissões, que, vale a pena ressaltar, há muito ultrapassou nossa capacidade de publicação, motivo pelo qual temos sido cada vez mais rígidos e exigentes com a qualidade dos artigos que veiculamos em nossa revista”, informa Dra. Shirley.

Departamento BJORL Coordenadora: Shirley Shizue N. Pignatari

Secretário: Carlos Takahiro Chone

Membros: Edilson Zancanella Eduardo Tanaka Massuda Eulalia Sakano Fabiana Cardoso Pereira Valera Fayez Bahmad Jr. Heloisa Juliana Z.Rossi Costa José Eduardo Lutaif Dolci Luciano Rodrigues Neves Mariana de Carvalho Leal Gouveia Márcio Nakanishi Onivaldo Cervantes Osmar Mesquita Neto

A coordenadora do BJORL relata que, há poucos anos, a equipe recebia aproximadamente 600 submissões anualmente – 20% a 30% das quais vinham de outros países. Agora, o número praticamente dobrou, sendo que a porcentagem de textos internacionais (de mais de 50 países) já superou em muito a dos provenientes do Brasil.

Aumento do fator de impacto

Dra. Shirley Pignatari

Divulgação

“O fator de impacto do BJORL, hoje, é de 1,412, muito além do que poderíamos sonhar há alguns anos, quando a meta pretendida era alcançar um FI de 1,000, já considerado muito difícil. Dessa forma, atingimos uma posição muito privilegiada nas esferas nacional e internacional”

Conforme Dra. Shirley, o fator de impacto (FI) é um índice criado em 1995, nos Estados Unidos, que permite avaliar a qualidade das publicações. Atualmente, é calculado anualmente pelo Institute of Scientific Information (ISI) ou Web of Science para revistas indexadas em sua base de dados. O FI leva em consideração o número de citações recebidas pelos artigos publicados no periódico, no período de dois anos (anteriores), dividido pelo número de artigos publicados. “Indexado ao Medline, à Exerpta Medica, à Lilacs, ao SciELO Brazil e ao ISI, o fator de impacto do BJORL, hoje, é de 1,412, muito além do que poderíamos sonhar há alguns anos, quando a meta pretendida era alcançar um FI de 1,000, já considerado muito difícil. Dessa forma, atingimos uma posição muito privilegiada nas esferas nacional e internacional”, orgulha-se a coordenadora do periódico. VOX Otorrino | 7


Páginas azuis

Resolução normativa 433: entenda as principais mudanças em relação à norma da ANS

Medida tinha como objetivo atualizar as regras para aplicação da coparticipação e franquia dos beneficiários de planos de saúde Por Bárbara Mello, com a colaboração de Silvia Buzinari

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o último dia 27 de junho, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou a resolução normativa nº 433, que atualiza as regras para aplicação de coparticipação e franquia em planos de saúde. A norma entraria em vigor em dezembro deste ano, contudo, em julho, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, suspendeu temporariamente a resolução, deferindo a medida cautelar do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). De acordo com a OAB, a resolução foi muito além e desfigurou o marco legal de proteção do consumidor no país. No mesmo mês, a ANS decidiu revogar a medida. Em entrevista à Revista VOX Otorrino, Maria Inês Dolci, membro da Comissão de Planos de Saúde da OAB e vice-presidente do Conselho Diretor da Proteste, explica os principais critérios da norma e relata os motivos que levaram à suspensão e revogação.

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VOX – Como a coparticipação e a franquia seriam aplicadas de acordo com as regras da resolução? MID – Os beneficiários que tinham plano individual, por exemplo, poderiam ter uma mensalidade de R$500, que, dependendo da franquia ou coparticipação, poderia chegar a R$1.000. O consumidor nunca saberia qual valor teria que pagar, já que pagaria uma mensalidade sem conhecer o fator limitante. Não ficou claro quais seriam os valores que as empresas iriam cobrar dos consumidores acima de 40% ou mais. Sem regras claras, o consumidor não saberia quanto teria que desembolsar. Além disso, as operadoras teriam que ser obrigadas a colocar, de forma clara e transparente, no contrato com o consumidor, as informações sobre esses mecanismos de coparticipação e franquia, para que o indivíduo decidisse o que estaria dentro de seu orçamento. Ou seja, as planilhas de custos teriam que ser abertas. VOX – Após a suspensão da resolução, em julho, a ANS decidiu revogar a medida. O que motivou a entidade a tomar tal decisão? MID – Isso aconteceu devido a um grande movimento contra a forma como estava sendo feita a regulamentação. Na verdade, foram feitas propostas na consulta pública e a ANS não levou em consideração

Divulgação

VOX – Quais foram os principais critérios estabelecidos pela resolução nº 433 e por que a norma poderia ser considerada abusiva para o consumidor? Maria Inês Dolci – As modalidades de coparticipação e franquia já estavam previstas pela lei 9.656/98, porém faltava uma regulamentação, pois não havia um limite máximo de cobrança estabelecido. Então, a ANS apenas orientava as empresas a não cobrarem mais do que 30% do valor da mensalidade. Contudo, as novas regras, que foram suspensas, iriam permitir que as operadoras ampliassem o percentual que já passava de até 40%. Essa situação trouxe uma grande discussão a respeito da coparticipação e da franquia e, portanto, houve um movimento da defesa do consumidor contra esse percentual. A grande questão foi realmente o preço das mensalidades, que poderia dobrar. Pelas regras que estavam no texto suspenso, a cobrança poderia atingir o mesmo valor de uma mensalidade de plano de saúde. Não haveria como introduzir uma coparticipação e uma franquia nesse percentual, pois não há justificativa técnica para esses 40%.

“Caso a norma fosse aplicada da maneira que a ANS havia determinado, a previsibilidade do pagamento mensal iria chegar a um patamar tão elevado que o consumidor corria o risco de ficar inadimplente. Consequentemente, esses usuários teriam que buscar o Sistema Único de Saúde (SUS) ou realizar empréstimos, se endividando para poder dar sequência ao seu acompanhamento de saúde” Maria Inês Dolci

as propostas que vieram, por exemplo, da defesa do consumidor. A entidade só observou o lado mais forte, que seriam as empresas, sem pensar nos prejuízos para o médico especialista e os usuários. Faltou transparência em relação e aos contrato e aos custos para coparticipação e franquia. VOX Otorrino | 9


Páginas azuis

VOX – De que forma o consumidor ficaria protegido por meio da determinação do percentual máximo a ser cobrado pela operadora para a realização de procedimentos? Nesse contexto, caso existisse algum problema no momento da cobrança, como o consumidor poderia se defender? MID – É justamente esse ponto que foi questionado nas determinações da ANS. Caso a norma fosse aplicada como a entidade havia determinado, a previsibilidade do pagamento mensal iria chegar a um patamar tão elevado que o consumidor corria o risco de ficar inadimplente. Em consequência, esses usuários teriam que buscar o Sistema Único de Saúde (SUS) ou realizar empréstimos, endividando-se para poder dar sequência ao acompanhamento de saúde. Por esse motivo, o ideal é que essa resolução seja reeditada, apresentando regras transparentes para o consumidor. A questão da franquia e da coparticipação tem que ser examinada novamente e voltar com o formato percentual que seja de 25% ou, no máximo, 30%. Caso contrário, o consumidor não deve contratar um plano sem saber exatamente o valor que deverá pagar por aquele serviço, pois será prejudicado. VOX – Quais seriam os principais procedimentos em que o consumidor teria coparticipação e os que não teria? MID – O texto estabelecia que alguns procedimentos, como consulta com médico generalista, exames preventivos, pré-natal e tratamentos de doenças crônicas, por exemplo, ficassem isentos de cobrança de coparticipação e franquia. A mamografia para mulheres de 40 a 69 anos é um exemplo, pois esse público teria direito ao procedimento sem coparticipação com um intervalo de dois anos. Porém, a norma limitava o consumidor, que teria direito a apenas quatro consultas por ano em consultório ou em casa com

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médico generalista, ou seja, o especialista deixaria de ser procurado em um primeiro momento. VOX – Como as novas regras seriam aplicadas para os contratos já existentes? O que mudaria no contrato? MID – Aos contratos já existentes a norma não se aplicaria, pois o consumidor não seria obrigado a aderir à franquia e coparticipação. Contudo, se entrasse em vigor, os consumidores teriam que saber como funciona essa modalidade e qual é a diferença da coparticipação e da franquia, atentando-se para o custo e o novo contrato. Outro ponto importante é que os planos empresariais e coletivos teriam, possivelmente, uma participação maior de mercado nos planos novos. A gravidade disso tudo é que quando um plano é contratado coletivamente, o consumidor entra em um grupo empresarial ou coletivo e acaba não tendo gerência sobre o custo, pois quem contratou é que, possivelmente, vai estar negociando valores. De qualquer maneira, tudo isso teria razão legal se o usuário fosse previamente informado a respeito do cálculo do valor dos exames e das consultas, por meio de uma tabela utilizada como base para cálculos. Tudo isso teria que ser informado no momento em que o consumidor estivesse contratando um plano novo. VOX – Se a norma entrasse em vigor, quais seriam os principais impactos para os médicos? MID – O principal impacto seria o fato de que poucos pacientes iriam diretamente para a consulta com um especialista, pois o consumidor não teria acesso direto a esse profissional. Nesse caso, um generalista tentaria resolver o problema do paciente para depois passar para o especialista. Para os prestadores de serviços, essa situação iria ter um efeito bastante prejudicial.



Brasileiro

Congresso Brasileiro 2018:

Retorno da programação multiprofissional Após 19 anos, o evento volta a reunir profissionais de outras áreas e conta com uma programação diversificada para a maior edição de todos os tempos Julia Lins

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e 31 de outubro a 3 de novembro, o Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial chega a João Pessoa (PB) para sua 48ª edição. Após 19 anos, o evento voltará a ter uma programação multiprofissional, com duas salas exclusivas e conteúdo voltado para outros profissionais da área da saúde. Este ano, o congresso estará aberto para inscrição de trabalhos de não médicos. Dentre os especialistas que poderão participar dessa programação estão fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, odontólogos e enfermeiros.

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Segundo o presidente, a ideia é trazer a visão de profissionais de outras áreas para o evento, e chegar ao melhor resultado para o paciente. “Nós ficamos quase 20 anos sem ter a presença de outros profissionais no Congresso Brasileiro. Por isso, é muito importante que toda essa equipe multidisciplinar faça um evento em que sejam discutidos, conjuntamente, o tratamento e as opções que o paciente terá. Um evento com participação multiprofissional é importante pelo intuito de fortalecer o atendimento ao paciente. Não tenho dúvidas de que o paciente será o maior beneficiado com essa mudança”, analisa.


Google

Divulgação ABORL-CCF

Como chegar O aeroporto de João Pessoa fica a 24km de distância do Centro de Convenções de João Pessoa, onde será realizado o pré-congresso. A melhor forma de chegar ao local é de táxi. Um táxi para o Polo Turístico de Cabo Branco custa, em média, R$85. Caso prefira ir de carro, a média de preço para o aluguel diário de um carro na cidade é de R$90. Seja de carro ou taxi, o importante é chegar e curtir o evento!

“Um evento com participação multiprofissional é importante pelo intuito de fortalecer o atendimento ao paciente. Não tenho dúvidas de que o paciente será o maior beneficiado com essa mudança” Dr. Márcio Abrahão

Confira os principais destaques da programação multiprofissional: Data

Área de atuação

Tema da palestra

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Cirurgia de cabeça e pescoço

Mesa Redonda: Técnicas manuais para a região de cabeça e pescoço (drenagem linfática e liberação miofascial) para terapia de voz e deglutição

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Otologia

Painel: Intervenção precoce na linguagem em bebês com perda auditiva profunda

02/11

Foniatria

Mesa Redonda: Casos clínicos de transtorno de linguagem

02/11

Laringologia

Mesa Redonda: Cantores: Casos Clínicos

03/11

Otoneurologia

O Auxílio da Tecnologia na Reabilitação Vestibular: De Aplicativos de Smartphone à Neuromodulação

Para que os profissionais aproveitem o evento da melhor forma, o presidente aconselha: “Primeiro: espero que as pessoas tenham a alegria de estarem reunidos novamente, segundo: um pouco de paciência, pois como estamos voltando após muitos anos, por

isso podem ocorrer alguns erros, terceiro: respeitar a lei do ato médico, e quarto: saber que nós vamos caminhando juntos nestas curvas desta estrada, com algumas curvas mais fechadas, mas sempre com o objetivo de melhorar a cada ano”, resume. VOX Otorrino | 13


gestĂŁo e Carre ira

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Além da fala: como a comunicação interpessoal auxilia na relação médico-paciente Sinais, gestos e vestimentas são fatores fundamentais para fidelização do paciente Bárbara Mello e Julia Lins

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atendimento médico envolve diversos fatores, que vão além das habilidades técnicas. Para fidelizar o paciente, é preciso desenvolver uma relação humanizada. A confiança no médico e o sucesso terapêutico dependem, além de outros elementos, de uma boa comunicação entre profissional de saúde e paciente. Por isso, investir nos aspectos da comunicação interpessoal, como postura corporal, entonação, gesticulação e vestimenta, é uma boa técnica para conquistar o paciente e, o principal, demonstrar sentimento. Normalmente, a linguagem verbal é a mais utilizada, mas esta serve essencialmente para transmitir conteúdo e informação. É a linguagem não verbal que transmite sentimentos e emoções, aproximando médico e paciente.

Como aprimorar o relacionamento interpessoal Em um primeiro contato com uma pessoa que não se conhece, a comunicação não verbal é de extrema importância. Cada gesto é observado por ambas as partes,

no caso médico e paciente, e, nesse contexto, a análise não verbal é mais presente que a verbal. Segundo a professora titular aposentada pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP) Dra. Maria Júlia Paes da Silva, o profissional deve entender a importância da comunicação interpessoal para que a mensagem que deseja passar seja 100% entendida pelo paciente. “O médico precisa ter consciência de que ele também é a mensagem, um instrumento terapêutico, e que sua postura diante da pessoa que estiver atendendo facilita ou dificulta a adesão ao tratamento”, ensina. Ao ser atendido, o paciente observa os mínimos detalhes e tem seus próprios critérios de avaliação, porém um fator é comum: todos precisam de atenção, por isso, ser um bom ouvinte é uma das características mais exigidas de um médico. De acordo com o otorrinolaringologista Dr. Bruno Rossini, há uma série de estratégias que podem ser desenvolvidas pelo médico para estabelecer a comunicação interpessoal de maneira eficiente. “Durante a consulta, a atenção deve ser voltada não só para ‘o que falar’, mas também a ‘como VOX Otorrino | 15


Gestão e carre ira

falar’. Demonstrar interesse legítimo, utilizar um vocabulário adequado, compartilhar as decisões, dar tempo apropriado para o paciente se expressar e mensurar a capacidade de assimilação do que foi informado são atitudes louváveis”, aconselha. Para Dra. Maria Júlia, um dos maiores erros do médico é não estar atento ao receptor. “O profissional não pode deixar de entender que escolheu trabalhar na área da Saúde, então, a responsabilidade sobre a mensagem que está sendo passada é dele. Ele pode até identificar que o paciente está discordando de sua proposta, mas isso não significa encerrar uma relação, e sim avançar nos desafios das diferenças em uma relação. Agora, se o profissional não estiver atento ao receptor, ele nem percebe”, exemplifica. Outra questão é a empatia. Um simples gesto ou um olhar podem significar mais do que uma conversa para o paciente. Para o otorrino, a empatia pode ser conquistada sem julgamentos, assim, o profissional conseguirá entender melhor a situação do paciente e, até, facilitar o diagnóstico. “Apesar da definição complexa, podemos caracterizar a empatia como a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, tentar sentir as dores dele, evitando julgá-las, e entender que as dificuldades sentidas são diferentes entre o profissional e seu interlocutor”, analisa.

O que não fazer Há uma série de atitudes que podem prejudicar a comunicação interpessoal, como: • Atender sem prestar a devida atenção às subjetividades demonstradas pelo paciente; • Realizar a consulta com pressa e displicência e não se atentar às emoções do paciente; • Não observar os gestos do receptor; • Não manter contato olho no olho com o paciente; • Deixar o consultório desorganizado; • Realizar um atendimento frio, sem demonstrar empatia.

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“O médico precisa ter consciência de que ele também é a mensagem, um instrumento terapêutico, e que sua postura diante da pessoa que estiver atendendo facilita ou dificulta a adesão ao tratamento” Dra. Maria Júlia Paes da Silva 16 | VOX Otorrino


O visual importa A vestimenta é, também, uma questão a ser discutida, sendo parte dos elementos avaliados pelo paciente ao consultar-se. Vestir-se de forma profissional e manter o consultório organizado são fatores que indicam características do profissional, sendo o cartão de visita do consultório. “O tipo de vestimenta do profissional deve ser adequado ao público-alvo. Caso contrário, a mensagem transmitida é incoerente, o que pode causar estranheza ao paciente”, alerta Dr. Bruno.

ABORL-CCF Confira a aula sobre Orientação e Carreira ministrada por Dra. Maria Júlia Paes da Silva. A palestra é focada no aprimoramento da comunicação interpessoal durante o atendimento médico. Assista!

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Outro meio de comunicação não verbal é o toque, um ato presente na assistência médica, que deve existir sempre com a finalidade de demonstrar carinho, empatia, segurança e proximidade em relação ao paciente. “Isso é fundamental porque o leigo não sabe avaliar o profissional tecnicamente. Por exemplo, quando o médico pousa o estetoscópio no peito do paciente, este sabe que o profissional está ouvindo o coração ou o pulmão, mas não sabe, contudo, que é preciso colocar o estetoscópio no segundo espaço intercostal, direito e esquerdo, no quinto espaço na linha mamária. Essa sutileza da técnica, só quem tem é o profissional”, resume Dra. Maria Júlia.

Aprendizado

“Durante a consulta, a atenção deve ser voltada não só para ‘o que falar’, mas também a ‘como falar’. Demonstrar interesse legítimo, dar tempo apropriado para o paciente se expressar e mensurar a capacidade de assimilação do que foi informado são atitudes louváveis” Dr. Bruno Rossini VOX Otorrino | 17


CaPa

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Oratória

e sua importância na área da Saúde Saiba como a linguagem adequada pode auxiliar no atendimento médico e estimular a fidelização do paciente Julia Lins

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Medicina é um campo vasto e complexo, que exige diversas habilidades de seus profissionais. Uma delas é a arte de comunicar. Para estabelecer uma relação de confiança e fidelizar o paciente, o médico precisa ter o domínio de uma técnica milenar: a oratória. Essa prática se caracteriza pela habilidade de falar em público de forma estruturada e deliberada, com a intenção de expressar uma ideia e ser entendido de forma clara pelos ouvintes. A pergunta é: será que os médicos entendem a importância dessa técnica em suas carreiras?

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CaPa

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Oratória no atendimento médico

“A estrutura do discurso e a forma de falar se complementam. As pessoas não ouvem exatamente o que vocês diz, mas como você diz. A forma tem a capacidade de moldar o conteúdo apresentado e auxiliar na compreensão das pessoas” GuilHerMe MiZiara

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Ao realizar uma consulta, o paciente espera mais do que conhecimento teórico por parte do médico, é preciso que haja uma conexão com o paciente para que ele retorne ao consultório. De acordo com Guilherme Miziara, professor de Comunicação e Oratória da Fundação Dom Cabral (FDC) e diretor da Miziara Habilidades em Comunicação, a postura, a gesticulação e a movimentação no ambiente são fatores que devem ser avaliados para aprimorar a comunicação ao longo da consulta. “Acredito que, na área médica, principalmente, a clareza e a qualidade do discurso são primordiais para que o paciente compreenda integralmente o que o médico quer dizer, e isso pode se dar tanto pela linguagem verbal quanto pela não verbal”, afirma. Além disso, o professor acredita que a estrutura do discurso e a forma de falar se complementam. “As pessoas não ouvem exatamente o que você diz, mas como você diz. A forma tem a capacidade de moldar o conteúdo apresentado e auxiliar na compreensão das pessoas”, explica. A falta de contato visual com o paciente é um dos principais erros no contexto médico. “Esse contato é fundamental para gerar engajamento e confiança. Muitas vezes, devido à tecnologia, o médico acaba direcionando sua atenção para a tela do computador, e deixa de olhar nos olhos do paciente”, alerta. Outra questão é a forma de passar o conteúdo. O profissional precisa adaptar linguagem de acordo com o público. “É preciso tornar o conteúdo acessível ao público-alvo. Quando o médico discursa em um congresso, é apropriado usar alguns jargões e termos técnicos, mas se for para um público leigo, é preciso ajustar a linguagem, deixando-a o mais simples e objetiva possível”, ressalta. A terminologia usada no dia a dia pelos médicos, incluindo siglas e termos técnicos, também pode dificultar a comunicação com o paciente e até causar desconforto durante a consulta. “O grande problema disso é que, caso o paciente não conheça o termo, ele pode ficar com vergonha de perguntar, por medo de parecer ignorante”, complementa.


foniatria e a COMunICaÇãO

embora a Foniatria seja uma especialidade antiga, apenas recentemente foi incluída como área de atuação da Otorrinolaringologia. em 2018, a ABORL-CCf de Foniatria, evento que prepara os otorrinolaringologistas para avaliar os pacientes

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está realizando o quinto Curso extensivo

com transtorno de comunicação de forma mais abrangente, em seus aspectos físicos, psíquicos, ambientais e sociais. De acordo com Dra. Berenice Ramos, coordenadora do departamento de Foniatria da ABORL-CCf, o curso visa auxiliar médicos e pacientes. “O grande objetivo do curso não é somente formar especialistas na área, mas preparar o maior número possível de otorrinolaringologistas para um atendimento que não vise somente a doença, mas, também, o paciente, do jeito mais individualizado possível, considerando o contexto em que ele

“Ser um bom ouvinte tem seu devido valor na competência comunicativa e pode ser um diferencial para os médicos” Mara BeHlau

vive”, defende. A Foniatria trata de doenças altamente prevalentes e com quadros clínicos diversos, como é o caso do transtorno do espectro autista e do transtorno específico de linguagem. Para obter bons resultados, o foniatra tem que estar preparado para fazer o diagnóstico, lidar com as emoções dos familiares e orientar todos os envolvidos de forma clara.

Para a fonoaudióloga e professora de Comunicação em Negócios no Insper Mara Behlau, ser um bom ouvinte tem seu devido valor na competência comunicativa e pode ser um diferencial para os médicos. “Um bom falante é, acima de tudo, um ouvinte atento. Mostrar interesse genuíno no que é dito, deixar o outro falar sem interrompê-lo e memorizar detalhes da vida do paciente, como tipo de trabalho, se tem filhos ou até mesmo um comentário sobre o time de futebol preferido, pode ser uma estratégica eficiente de aproximação e aliança”, aconselha. VOX Otorrino | 21


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Em busca da comunicação

Muito além do consultório A oratória pode auxiliar o médico dentro e fora do consultório. Os profissionais de saúde, em diversos momentos ao longo da carreira, podem receber convites para palestrar em eventos, por isso é tão 22 | VOX Otorrino

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Além de todos os desafios impostos aos profissionais de saúde, o médico deve se preocupar com seu posicionamento durante o atendimento. Segundo Mara, procurar ajuda profissional é o primeiro passo. “O fonoaudiólogo pode ajudar os profissionais de saúde a desenvolverem desde aspectos mais técnicos, como qualidade de voz e dicção, até habilidades mais intuitivas, como a escuta ativa e estratégias comunicacionais para favorecer a inclusão e a diversidade pela comunicação”, explica. A fonoaudióloga também acredita que buscar cursos de oratória pode auxiliar o profissional na relação médico-paciente. “Uma boa opção é um programa de autoconhecimento que permita compreender o que o indivíduo transmite quando se comunica e qual é o impacto de sua presença e estilo de comunicação na interação social e profissional”, recomenda. Segundo Acácio Garcia, mestre em oratória e diretor do Instituto Motivacional de Criatividade e Expressão Verbal (IMCEV), a oratória é uma das ferramentas mais importantes e necessárias em qualquer carreira. “Quando você domina a arte de falar em público com naturalidade, consequentemente, melhora sua autoestima, facilitando a atuação em qualquer profissão. Já parou para pensar em quantas oportunidades perdemos por causa da timidez de falar em público?”, analisa. O profissional, que foi gago até os 15 anos, usou a experiência para perder a timidez e começar o próprio negócio. Atualmente, realiza palestras motivacionais por todo o país. Segundo o professor, é preciso persistir no problema para ultrapassá-lo. “Sempre sonhava em transformar esse problema em solução para meu próprio sucesso, bem como para resolver o trauma de pessoas com a mesma limitação. Descobri que relaxamento, respiração adequada e tranquilidade eram o caminho do sucesso”, relata.

“Um médico tímido, que não tem coragem de levantar a mão para pedir a palavra ou falar ao microfone para um auditório, pode acabar perdendo excelentes oportunidades de disseminar o próprio trabalho” Acácio Garcia

importante investir na comunicação. Para Acácio, participar de palestras e conferências é uma grande chance de crescer na carreira. “São nessas ocasiões que o profissional poderá transmitir sua experiência e, se dominar a oratória, conseguirá ir ao palco e passar, com naturalidade, as técnicas que utiliza em sua clínica. Um médico tímido, que não tem coragem de levantar a mão para pedir a palavra ou falar ao microfone para um auditório, pode acabar perdendo excelentes oportunidades de disseminar o próprio trabalho”, ressalta.


Como melhorar o Divulgação

atendimento por meio da comunicação não verbal?

Para os médicos que têm dificuldade na comunicação com os pacientes, Acácio recomenda: 1) Procure melhorar a oratória; 2) entenda que atrás do paciente existe um ser humano que merece e precisa de sua atenção; 3) Seja humilde e natural com os pacientes, especialmente com os mais simples; 4) Digite as receitas de forma clara e explicativa; 5) Use um “sorriso na voz”, mantendo sempre um semblante aprazível;

“O mais importante no atendimento médico é manter-se atualizado nos temas de sua especialidade, gostar do que faz e ter interesse real em auxiliar o paciente. Transmitir esses valores, por meio da oratória, aos pacientes e aos jovens otorrinolaringologistas é a missão da aBOrl-CCF” Dra. BereniCe raMOs

6) Adeque os discursos de acordo com o temperamento de cada paciente; 7) Seja empático ao noticiar uma doença grave; 8) Apoie o paciente em momentos difíceis; isso pode ajudá-lo a enfrentar o sofrimento; 9) Fale com o paciente como se estivesse falando com um ente querido.

Para Berenice Ramos, os congressos e conferências auxiliam na prática da oratória. “Os próprios eventos científicos médicos são os maiores incentivadores da oratória, pois quando queremos transmitir conhecimentos à plateia temos que utilizar estratégias que garantam a atenção, além de organizar o tema de forma que ocorra o máximo aprendizado em um curto espaço de tempo”, sustenta. VOX Otorrino | 23


Conduta méd iCa

emissão do ATeSTADO MéDICO O documento pode ser emitido pela secretária ou outro profissional que não seja o médico? Por Departamento Jurídico da ABORL-CCF

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onsiderando que o atestado é um documento cuja finalidade é justificar a falta ou afastamento do indivíduo (paciente) do trabalho ou atender a fins previdenciários, de acordo com o atendimento prestado, entende-se que é ato médico e deve ser emitido, exclusivamente por esse profissional, levando em consideração as boas práticas médicas. Sendo assim, a secretária ou outro profissional que não seja o médico não pode ser responsável pela emissão do atestado. Reiteramos que é médico o profissional incumbido, por lei, e que tem treinamento e prerrogativa legal para examinar, diagnosticar e tratar o paciente, e, portanto, habilitado a emitir o documento. Entender diferente, e delegar à secretária, que não é habilitada para a prática de ato médico, é cometer infração ao Código de Ética da área, além de expor a funcionária a responder por exercício ilegal da profissão.

Corroborando esse entendimento, descreve o professor Genival veloso de França: “... na área da Saúde, apenas os profissionais responsáveis pela elaboração do diagnóstico são competentes para firmarem atestados”.

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Vale destacar que o documento atestado médico é diferente do comprovante de comparecimento, os quais não se equivalem nem se substituem. O comprovante, sim, por ser emitido pela secretária, limitando-se a informar que o paciente compareceu ao consultório em certa data e horário, não incluindo, em hipótese alguma, informações que são de competência exclusiva do profissional médico.

VIII - identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina.”

A resolução CFM nº 1851/2008 normatiza a emissão de atestados médicos e determina o que devem conter. Veja: Art. 1º O artigo 3º da Resolução CFM nº 1.658, de 13 de dezembro de 2002, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 3º Na elaboração do atestado médico, o médico assistente observará os seguintes procedimentos: I - especificar o tempo concedido de dispensa à atividade, necessário para a recuperação do paciente;

Finalizamos reiterando a resposta ao

II - estabelecer o diagnóstico, quando expressamente autorizado pelo paciente;

atestado médico deve ser emitido por

III - registrar os dados de maneira legível; IV - identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina. Parágrafo único. Quando o atestado for solicitado pelo paciente ou seu representante legal para fins de perícia médica deverá observar:

questionamento que originou este texto: profissional médico devidamente registrado no CRM; em receituário próprio; sem rasuras; em letra legível; com data do efetivo atendimento; atestar o ato médico praticado, respeitando os princípios éticos da boa pratica médica; respeitar o sigilo médico; e conter o nome do médico, o número do CRM e assinatura do profissional.

I - o diagnóstico; II - os resultados dos exames complementares; III - a conduta terapêutica; IV - o prognóstico; V - as consequências à saúde do paciente; VI - o provável tempo de repouso estimado necessário para a sua recuperação, que complementará o parecer fundamentado do médico perito, a quem cabe legalmente a decisão do benefício previdenciário, tais como: aposentadoria, invalidez definitiva, readaptação; VII - registrar os dados de maneira legível;

Com base no que foi exposto, afirmamos que pedir atestado médico é direito do paciente e dever do médico, sendo vedado ao médico fornecer atestado sem ter praticado o ato médico ou com a finalidade de obter vantagens. Caso tenha se identificado com as questões apresentada neste artigo e tenha necessidade de esclarecimentos adicionais, consulte o Departamento Jurídico da ABORL-CCF, que está à disposição dos associados pelos e-mails <juridico@aborlccf.org.br> e <juridico1@ aborlccf.org.br> e pelo telefone (11) 5053-7500. VOX Otorrino | 25


int ernaCional

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Academia Americana de ORL:

Brasileiros são destaque no evento

Com o evento se aproximando, a delegação brasileira inicia os preparativos para garantir presença em um dos maiores eventos da especialidade Julia Lins

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e 7 a 10 de outubro, a Academia Americana de Otorrinolaringologia desembarca na Georgia, em Atlanta, para a 122ª edição do American Academy of Otolaryngology – Head and Neck Surgery (AAO-HNS) Annual Meeting. Recebendo cerca de 5.500 otorrinolaringologistas por ano, a reunião anual da Academia Americana conta com um vasto calendário de cursos, palestras, conferências e novidades sobre a especialidade. De acordo com o presidente do comitê de relações internacionais da ABORL-CCF, Dr. Sady Selaimen, fora o Congresso Mundial de Otorrinolaringologia, que

acontece a cada quatro anos, o congresso da Academia Americana é o maior evento da especialidade no mundo. “É um grande evento anual de difusão de conhecimento na área. Talvez, se levarmos em consideração sua periodicidade, ele seja o maior do mundo”, avalia. Dentre as nacionalidades presentes no evento, o Brasil é um dos destaques. Em 2017, o país foi considerado a terceira maior delegação do congresso, com mais de 300 profisisonais presentes. Para Dr. Sady, o Brasil é um dos maiores contingentes de otorrinos não norte-americanos que participam do evento. “Normalmente, a delegação brasileira é bem considerável,

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“Historicamente, o Brasil é um dos maiores contingentes de otorrinos não norte-americanos que participam do evento. Então, normalmente, a delegação brasileira é bem considerável, acima de 500 pessoas, e em alguns congressos o número chega a mil profissionais participando”

Dr. Sady Salaimen

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int ernaCional

Georgia, Atlanta

fIQUe LIGADO nO eSTAnDe! Todo ano a ABORL-CCf possui um estande no evento, para congregar os colegas de profissão nas horas de intervalo. este ano, o estande será o de número 2715. Não perca!

acima de 500 pessoas, e em alguns congressos o número chega a mil profissionais participando. Neste ano, não será diferente”, afirma. A representatividade brasileira não se dá apenas pela quantidade de médicos visitando o evento, mas, também, pelos profissionais que irão palestrar no congresso. Nesta edição, os palestrantes brasileiros presentes serão: • Fernando Dias – Inca e PUC • Peter Baptista – Clínica Universidade de Navarra • Ricardo Bento – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) • Antônio Bertelli – Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo • Robson Capasso – Universidade de Stanford (EUA) • Letícia Rosito – Universidade Federal do Rio Grande do Sul Segundo o especialista, que também está na lista de palestrantes brasileiros, abordando o tema Middle Ear Cholesteatoma: From Principles to Practice, o evento é uma oportunidade única para o otorrino atualizar seus conhecimentos e crescer na carreira médica. “É 28 | VOX Otorrino

SeRVIÇO AAO-HnSf 2018 Annual Meeting De 7 a 10 de outubro – Georgia (AL) Mais informações em: <https://www.entannualmeeting.org/>

um congresso que, cientificamente, reúne os maiores expoentes da América do Norte e vários dos experts mundiais. Se existe um local para buscar novos conhecimentos, creio que é esse congresso”, define. Dr. Sady também aconselha os jovens: “Creio que a melhor forma de tirar proveito dessa experiência seja tendo domínio da língua, pois 90% das conferências são proferidas em Inglês. Para que haja um maior aproveitamento, é fundamental, ao menos, o Inglês técnico, abrangendo os termos mais usados na Medicina”, recomenda.


i m ag em de sta que

IMAGEM destAQUe Caso clínico: paciente de 68 anos, tabagista, com queixa de obstrução nasal crônica. Nega disfagia ou dor em cavidade oral.

À oroscopia: ( A ) Carcinoma adenoide cístico de glândulas salivares menores ( B ) Mucocele ( C ) Tórus palatino ( D ) Granuloma piogênico

Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

Para saber a resposta correta e obter mais informações sobre as imagens, basta ir até o site da ABORL-CCF <http://aborlccf.org.br/enquetes.asp> ou acessar pelo QR Code. Se você tem uma imagem curiosa e gostaria de compartilhar com os leitores da Revista VOX Otorrino, envie para <comunicação@aborlccf.org.br>.

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Vox News

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ABORL-CCF promove II Fórum Médico Jurídico Profissional Evento contou com a participação de médicos associados, membros da Diretoria Executiva da ABORL-CCF e advogados, além dos palestrantes Por Silvia Buzinari

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o dia 20 de julho aconteceu o II Fórum Médico Jurídico, na sede da ABORL-CCF, em São Paulo. O fórum foi idealizado pelo Departamento Jurídico, apoiado pela Diretoria Executiva, e faz parte do programa de extensão jurídica aos associados. Trata-se de um evento institucional que tem por objetivo apresentar conceitos éticos e jurídicos que possam ser aplicados pelos profissionais no dia a dia, visando à manutenção da segurança jurídica profissional. É mais um importante benefício da ABORL-CCF para os associados. Os temas dessa edição foram baseados na realidade médica e jurídica atual, considerando os principais conceitos éticos e jurídicos que pudessem auxiliar a prática médica dos profissionais. Temas como “A lei do ato médico” e “Processo ético profissional no CRM” foram tratados no evento. Estiveram presentes 40 participantes, entre médicos associados, membros da Diretoria Executiva da ABORL-CCF e advogados, além de 11 palestrantes de diversas instituições, como ABORL-CCF, Cremesp, CRM/ AC, Proteste e Consumare, Associação Brasileira de Medicina Legal e Pericias Médicas, Sociedade Brasileira de Direito Médico, Ministério Público de São Paulo e Assembleia Legislativa de São Paulo.

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Principais temas: • Importância da ABORL-CCF para a defesa da especialidade

Palestrantes: • Dr. Marcio Abrahão

• Comitê de Defesa Profissional na defesa do ato médico e da Otorrinolaringologia

• Dr. Paulo Saraceni Neto

• A Lei do Ato Médico e a mercantilização da Medicina

• Dr. Virgilio Batista do Prado

• Termo de Ciência e Consentimento • Direito de informar e autonomia de decisão • A relação de consumo na Medicina • A importância da especialização em perícia médica nos processos de erro médico • A negligência informacional como forma de condenação

• Dr. Lavinio Nilton Camarim • Dra. Maria Inês Dolci • Dr. Jarbas Simas • Dr. Raul Canal • Dr. Renato Françoso Filho • Dr. Angelo Vattimo • Dr. Fernando Capez • Dr. Washington Fonseca

• Processo ético profissional no CRM

De acordo com Vânia Moraes, membro do Departamento Jurídico da ABORL-CCF, o diferencial desse fórum foi o reforço da ideia de que a medicina e o direito devem caminhar juntos, além da presença de instituições como o Ministério Público e a Assembleia Legislativa. Vânia destaca, também, a importância de o associado participar do evento. “Em tempos de grande avanço da judicialização, principalmente na saúde, é de fundamental importância que os médicos associados recebam informações da área do Direito Médico à Saúde para evitar o crescimento de processos éticos, bem como informar a respeito de quais são os cuidados e comportamentos mais valorosos na construção de uma carreira médica segura”, explica. Segundo Vânia, as expectativas da ABORL-CCF para o evento foram superadas.


ABORL-CCF premia primeiros colocadosno exame de suficiência 2018 O presidente, Dr. Márcio Abrahão, fala sobre a importância do título e o prêmio escolhido para este ano

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Por Silvia Buzinari

Lucas Resende | 1° lugar O primeiro colocado na prova de título de especialista da ABORL-CCF, Lucas Resende, fez a residência no Hospital de clínicas – Universidade do Paraná (HC-UFPR). Ele conta que ficou surpreso ao receber a ligação do presidente da ABORL-CCF, Dr. Márcio Abrahão, e que sentiu-se extremamente honrado por isso. “Alguns dias após, ainda não conseguia perceber a dimensão exata dessa conquista. Foi surreal e gratificante, ao mesmo tempo”, afirma. O candidato conta que a prova do título de especialista é um teste muito inteligente. “Atualmente, a prova da ABORL-CCF é um teste contextualizado, que utiliza situações cotidianas da Otorrinolaringologia para demandar o conhecimento do aluno”, explica. Para Resende, o exame de suficiência é uma garantia de que o profissional em questão possui uma bagagem adequada para o exercício da especialidade. O novo especialista declara que o prêmio é extremamente valioso, pois irá auxiliar os candidatos na busca por mais conhecimento na área. “Nada mais justo e coerente que premiar os melhores em uma prova de título, fomentando ainda mais o aprendizado. Este deve ser nosso objetivo: sempre crescer, individualmente e como grupo”, define.

Jessica Tavares | 2° lugar A segunda colocada na prova da ABORL-CCF, Jessica Tavares, relata que a ligação do presidente informando sua posição foi algo extremamente inesperado, mas que o aprendizado e o caminho percorrido para chegar até o resultado foram muito mais importantes. Jessica fez a residência no Hospital Universitário Bettina de Ferro de Souza da Universidade Federal do Pará. Para a otorrino, o título permite que o profissional exerça sua especialidade com mais confiança e credibilidade. “Achei o prêmio uma ótima oportunidade de ter contato com outra realidade da Otorrinolaringologia, com ciência de ponta, vivenciar outras práticas e obter conhecimentos que podem contribuir para meu aperfeiçoamento na área”, analisa.

Maíra Garcia | 3° lugar Maíra Garcia, terceira colocada no exame, conta que ao terminar a prova não imaginava que havia se saído tão bem, apesar de ter se dedicado por um ano inteiro, direcionando os estudos especialmente para a obtenção do título de especialização da ABORL-CCF. A profissional fez a residência no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Maíra vê a premiação como uma forma de reconhecimento, que incentiva, ainda mais, outros participantes a se dedicarem aos estudos para a obtenção do título. “É muito bom receber uma recompensa como essa. Viabilizou minha participação no Congresso Americano de Otorrinolaringologia, um dos maiores eventos científicos da área. Sou muito grata à ABORL-CCF e ao Dr. Márcio Abrahão por essa oportunidade, e também aos mestres do HCFMUSP que contribuíram para minha formação”, declara.

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s três primeiros colocados no exame de suficiência para obtenção de título de especialista, assim como no ano passado, receberam uma premiação da ABORL-CCF. Como prêmio deste ano, a associação disponibilizará as passagens para o maior evento da especialidade, o congresso da Academia Americana, que acontece de 7 a 10 de outubro e já conta com mais de 5.500 participantes. De acordo com o presidente da ABORL-CCF, Dr. Márcio Abrahão, o prêmio é um incentivo para que os profissionais da área busquem o melhor resultado possível, valorizando a prova e, consequentemente, o próprio título de especialista. “O título é fundamental para que todo profissional possa exercer a profissão em sua área com excelência”, garante. Em entrevista à Revista Vox Otorrino, os três premiados falam sobre as expectativas da viagem para o congresso e a realização pessoal pela posição que alcançaram no exame.


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O site da ABORL-CCf está de cara nova! Mudanças solicitadas pelos associados foram atendidas e o layout está mais moderno Por Silvia Buzinari

O objetivo é tornar o site útil e atualizado para os beneficiados, tendo notícias e informações relevantes para a vida prática do otorrino. “Estamos aqui para facilitar o dia a dia do profissional. A ideia é continuar o processo de mudanças conforme a demanda surgir, e à medida que sugestões construtivas forem sendo apresentadas. O objetivo secundário é, justamente, que o site facilite a interação dos 32 | VOX Otorrino

associados com a ABORL-CCF”, acrescenta Dr. Marco. De acordo com o analista de sistema da empresa GN1 Daniel Marcoto, houve, também, uma adaptação no site para proporcionar uma navegação melhor por celular ou tablet. Essa melhoria permite uma experiência mais completa ao usuário que acessa o site por dispositivos, pois, agora, é possível visualizar o conteúdo em um tamanho proporcional à tela. Outros contratempos que faziam o associado perder mais tempo também foram resolvidos. “O design foi completamente modificado e foram corrigidos alguns problemas de navegação, como a necessidade de autenticar (informar e-mail e senha) mais de uma vez para acessar determinados recursos”, complementa. A nova versão do site está disponível desde o mês de julho, e opiniões para outras melhorias continuam sendo aceitas pelo Comitê de Comunicação da ABORL-CCF. Contatos Comitê de Comunicação ABORL-CCf Instagram: @aborlccf facebook: /aborlccf Telefones: 0800 7710 821 - (11) 5053-7500 - FAX 5053-7512 Whatsapp: (11) 95266-1614 e-mail: comunicacao@aborlccf.org.br

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site da ABORL-CCF sofreu algumas alterações, feitas pelo Comitê de Comunicação, a maioria relacionada ao layout e à resolução de problemas na navegação. O foco foi gerar um design mais moderno e atraente, além de proporcionar mais praticidade para o beneficiado acessar os conteúdos. De acordo com Dr. Marco Antônio Corvo, presidente do Comitê de Comunicação, o novo site foi desenvolvido ao longo do ano e buscou atender às demandas de mudanças que eram enviadas pelos associados. “Uma das reclamações era quanto à dificuldade para acessar o plano de benefícios, que são descontos com parceiros da ABORL-CCF. Fizemos o máximo para que essa ferramenta ficasse mais aparente. Ainda assim, caso haja novas demandas, gostaríamos de deixar claro que o Comitê de Comunicação está mais do que à disposição para receber sugestões por meio de nossos canais de comunicação com o associado”, informa.


Censo 2018 A realidade da Otorrinolaringologia

brasileira em números A Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial valoriza a importância de conhecer seus associados a favor do crescimento da especialidade.

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o que diz a l e i

Descontinuidade da

ReLAÇÃO MéDICO-PACIenTe Direito do médico de renunciar ao atendimento Departamento Jurídico da ABORL-CCF

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onsiderando que a interação médico-paciente é uma relação jurídica regulamentada pelas normas do Conselho Federal de Medicina e pelo ordenamento jurídico, é válida uma reflexão sobre os aspectos éticos e legais dessa importante relação. Não é incomum que o profissional médico, mesmo tendo adotado as boas práticas médicas, veja-se diante de uma relação que se deteriorou e ficou comprometida devido a fatos e condutas adotadas pelo paciente e/ou responsável legal. É nesse momento em que o Departamento Jurídico da ABORL-CCF é consultado pelos associados com o intuito de obter respaldo legal para a descontinuidade da relação médico-paciente, resguardando seus direitos e deveres e, principalmente, respeitando os do paciente, para que possa dar continuidade ao tratamento com outro profissional e,

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não menos importante, o médico não seja instado a responder por omissão de socorro, por exemplo. Afinal, na relação médico-paciente, o médico pode renunciar ao atendimento de paciente que comprometeu a interação por ato próprio ou do responsável legal? É importante destacar que o principal bem protegido na relação médico-paciente é a vida e a saúde do ser humano, alvo de atuação do profissional médico. Assim, conforme os artigos 7º e 33 do Código de Ética Médica, o médico não pode deixar de atender os pacientes que se encontram em estado de urgência e emergência, sob pena de responder por omissão de socorro, pois estaria violando os princípios éticos que regulamentam a profissão.


É vedado ao médico: Art. 7º Deixar de atender em setores de urgência e emergência, quando for de sua obrigação fazê-lo, expondo a risco a vida de pacientes, mesmo respaldado por decisão majoritária da categoria. Art. 33 Deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais em casos de urgência ou emergência, quando não haja outro médico ou serviço médico em condições de fazê-lo.

Desse modo, amparado pelo Código de Ética Médica e observados os casos de urgência e emergência, o profissional médico tem o direito de renunciar ao atendimento, conforme previsto nos parágrafos primeiro e segundo do artigo 36 do Código de Ética.

Art. 36. Abandonar paciente sob seus cuidados. § 1° Ocorrendo fatos que, a seu critério, prejudiquem o bom relacionamento com o paciente ou o pleno desempenho profissional, o médico tem o direito de renunciar ao atendimento, desde que comunique previamente ao paciente ou a seu representante legal, assegurando-se da continuidade dos cuidados e fornecendo todas as informações necessárias ao médico que lhe suceder. § 2° Salvo por motivo justo, comunicado ao paciente ou aos seus familiares, o médico não abandonará o paciente por ser este portador de moléstia crônica ou incurável e continuará a assisti-lo ainda que para cuidados paliativos.

Vale, neste momento, destacar um dos princípios fundamentais previsto no capítulo I, inciso VII do Código de Ética, “Princípio da autonomia do profissional médico”, que descrevemos: VII- O médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem não deseje, excetuadas as situações de ausência de outro médico, em caso de urgência ou emergência, ou quando sua recusa possa trazer danos à saúde do paciente.

Transcrevemos trecho da ementa do Parecer Consulta do CREMESP nº 70.582/02: O médico tem direito de renunciar o atendimento de paciente, no caso de relacionamento prejudicado com seus familiares, desde que não os abandone, comunicando seu sucessor acerca da continuidade dos cuidados, fornecendo-lhe as informações necessárias. Trata-se da autonomia, limitada a situações de urgência, emergência, ausência de outro médico ou risco de danos à saúde do paciente, vinculada aos princípios da confiança e boa-fé objetiva que devem permanecer para o bom desenvolvimento da relação. Com base no que foi exposto, é entendimento que, ocorrendo fatos que prejudiquem a relação médico-paciente, o médico tem o direito de renunciar ao atendimento ao paciente, exceto nos casos de urgência e emergência. Contudo, ainda que o médico tenha o direito de renunciar, é preciso ter prudência e proceder com cautela no sentido de: • Atender os casos de urgência e emergência; • Comunicar formalmente o paciente e/ou seu representante legal quanto à descontinuidade da relação médico-paciente; • Fornecer as informações necessárias ao paciente e/ ou responsável legal e ao médico que será responsável pela continuidade do atendimento; • Anotar detalhadamente no prontuário médico os fatos que a seu juízo prejudicaram a continuidade da relação médico-paciente; • Registrar com pormenores no prontuário médico que comunicou ao paciente e/ou responsável quanto à descontinuidade do atendimento, bem como que forneceu as informações técnicas ao médico. Vale ressaltar que, mesmo assim, permanece o risco de demanda judicial do paciente contra o médico. Portanto, todo o zelo nesse momento em que a confiança na relação médico-paciente foi rompida, comunicando ao paciente e/ou representante legal, fornecendo informações ao médico que dará continuidade no tratamento e anotando detalhadamente ao prontuário médico, é a recomendação do Departamento Jurídico da ABORL-CCF. Caso tenha se identificado com as questões propostas neste artigo e necessite de esclarecimentos adicionais consulte o Departamento Jurídico da ABORL-CCF, que está à disposição dos associados pelos e-mails <juridico@aborlccf.org.br> e <juridico1@aborlccf.org. br> e pelo telefone (11) 5053-7500. VOX Otorrino | 35


Esta seção é de inteira responsabilidade do Comitê de Educação Médica Continuada da ABORL-CCF.

Educação mé d ic a c o ntinu a d a

Caso clínico

Tontura de origem central Dr. Rogério C. Borges de Carvalho Otorrinolaringologista, responsável pelo setor de Otoneurologia da clínica Borges de Carvalho Otorrinos

Identificação: V. D. B., mulher, 33 anos. HDA: vertigem posicional paroxística benigna (VPPB). HPP: paciente refere quadro de tontura desde 2015. Geralmente, ao virar na cama, sente tontura rotatória com náuseas. Na hiperextensão da cabeça o quadro também é precipitado. A pior posição é a supina. Não tem sintomas auditivos. Exame físico: ausência de nistagmo espontâneo ou semiespontâneo. Head Impulse Test negativo. Rastreio e sacadas normais. Otoscopia normal. Exames complementares: videonistagmografia, nistagmo espontâneo ausente (figura 1). No teste de Choung (bow and lean test): quando a cabeça era posicionada na posição lean (a cabeça para trás), um nistagmo horizontal para a esquerda foi registrado após 14 segundos de latência (figura 2). Esse nistagmo permaneceu por todo o tempo em que a cabeça ficou na posição provocativa. A paciente referiu tontura. Quando a cabeça foi posicionada na posição bow (a cabeça para frente), nenhum nistagmo foi registrado (figura 3). A paciente foi colocada em posição supina, com a cabeça flexionada trinta graus, que é a posição inicial para realizar a manobra do roll test (Supine Head Roll Test). 36 | VOX Otorrino

Imediatamente na posição supina, sem latência, a paciente sentiu-se muito tonta e um nistagmo mais intenso, sem latência, horizontal para a esquerda, foi observado. Quando a cabeça era virada para direita ou para esquerda, o nistagmo desaparecia e a paciente melhorava, como se vê na figura 4. (Veja o vídeo em: <http://borgesdecarvalhootorrinos.com.br/noticias/ nistagmo-horizontal-posicional-em-caso-de-topodiagnostico-central/>). Após as manobras, nenhum nistagmo era registrado na posição normal da cabeça. Sacadas e rastreio pendular dentro da normalidade (figura 5). A prova rotatória pendular decrescente simétrica (figura 6). Prova calórica revelou preponderância direcional do nistagmo para o lado esquerdo (figura 7). Ressonância magnética da mastoide e da coluna cervical: Imagens complementares do encéfalo nas sequenciais FLAIR, T1, STIR e T1 pós-contraste: focos com sinal hiperintenso em FLAIR nos centros semiovais, coroas radiadas e substância branca periventricular, subcortical dos lobos frontais e parietais, bem como nos


hemisférios cerebelares, pouco específicos, que pode representar focos de gliose ou, mesmo, desmielinização. Na coluna cervical, focos com sinais hiperintensos em STIR e T2 na medula cervical, um pouco mais evidente no cordão lateral esquerdo no nível de c7 que podem representar focos de desmielinização (figuras 8 e 9).

Figura 8

HD: encaminhada para a Neurologia, foi confirmado o diagnóstico de esclerose múltipla, forma remitente-recorrente, apresentando critérios clínicos e radiológicos para tal apresentação. Conforme o parecer da Neurologia, como o quadro era inicial e a paciente nunca ter usado medicamento, indicou-se o uso de betainterferona 1a.

Comentários - Tontura posicional central pode mimetizar quadro clínico de vertigem posicional paroxística benigna1. - Nistagmo posicional é definido como o nistagmo gerado por mudanças de posição da cabeça em relação à gravidade e que pode ocorrer com ou sem vertigem1. - O nistagmo posicional tem sido classificado de acordo com o sítio da lesão (periférico ou central) por suas características temporais (paroxístico ou persistente), ou pela combinação de características temporais e direcionais (persistente e com mudança de direção, persistente e com a direção fixa ou transitório)1.

- Um transtorno posicional central é definido pela presença de desvios nos critérios diagnósticos para vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), em que outras características do nistagmo são observadas, como latência, duração, fatigabilidade e resposta às manobras de reposicionamento canalicular2. - O nistagmo posicional da VPPB do canal lateral é puramente horizontal; muda de direção com a manobra do roll test; tem uma variante geotrópica e outra ageotrópica; apresenta característica paroxística; é de curta latência; não costuma ser fatigável; e, muitas vezes, induz uma intensa sensação vertiginosa3. - Nesse caso clínico, o nistagmo posicional horizontal é unidirecional, desencadeado exclusivamente com a cabeça em hiperextensão e na posição supina, persiste por todo o tempo em que a cabeça fica na posição provocativa, desaparece com o giro da cabeça no roll test, produz a sensação vertiginosa na paciente e não diminui com a fixação visual. Ou seja, um nistagmo considerado de direção atípica com base no previsto para o canal estimulado durante os testes posicionais. Sua direção não é atribuível ao plano do canal estimulado. A direção do nistagmo é uma importante característica, que ajuda na distinção entre periférico e central3. - Pacientes com nistagmo posicional central têm lesões que envolvem o cerebelo e o tronco cerebral4. - A preponderância direcional na prova calórica ocorre quando a resposta nistágmica em uma direção é significantemente maior que na direção oposta. Indica presença de assimetria nas vias do reflexo vestíbulo-oculomotor horizontal, mas não fornece informação de localização5. Acesse as imagens referentes ao caso clínico pelo QR Code:

Referências 1) Macdonald NK et al. Central Positional Nystagmus: A Systematic Literature Review. Front Neurol. 2017;8:141. 2) Ruiz GT et al. Positional Vertigo. Symptom, clinical sign, our disease?. Acta Otorrinolaringol Esp. 2008;59(1): 21-9. 3) Appiani GC et al. A liberatory Maneuver for the treatment of horizontal canal paroxysmal positional vertigo. Otology & Neurotology. 2001;22:66-69. 4) Butter U et al. Diagnostic criteria for central versus peripheral positioning nystagmus and vertigo. Acta Otolaryngol. 1999;119:1-5. 5) JacobsonGP et al. Balance Function Assessment and Management. 2 ed. San Diego: Plural Publishing; 2016.

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ABORL- CCF em a çã o

Comitê de Residência e Treinamento Conheça mais sobre os objetivos e as atividades desempenhadas pelo comitê Silvia Buzinari

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Comitê de Residência e Treinamento (CRT) foi fundado pela ABORL-CCF com o objetivo de fiscalizar a formação de especialistas em Otorrinolaringologia. De acordo com o presidente do comitê, Dr. Eduardo Macoto, o foco está em assegurar a qualidade do ensino e garantir a aquisição de competências que a associação considera essenciais ao otorrinolaringologista, além da defesa dessas competências junto à Comissão Nacional de Residência Médica. Conforme Dr. Eduardo, o comitê é responsável pela realização de duas atividades principais: a vistoria regular programada de avaliação e reavaliação aos serviços de formação do otorrinolaringologista credenciados à ABORL-CCF e a emissão de pareceres, orientação e apuração de denúncias/queixas, tanto originárias dos serviços de formação quanto dos médicos residentes. Segundo o presidente, o comitê é composto, hoje, por 12 membros eleitos. “A cada dois anos, quatro membros são renovados, mantendo uma rotatividade saudável para as avaliações. As vistorias são realizadas por dois membros, já a apuração de denúncias costuma envolver todo o colegiado”, descreve.

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Divulgação

“A cada dois anos, quatro membros são renovados, mantendo uma rotatividade saudável para as avaliações. As vistorias são realizadas por dois membros, já a apuração de denúncias costuma envolver todo o colegiado” Dr. Eduardo Macoto, presidente do comitê

Membros do Comitê de Residência e Treinamento Presidente

De acordo com Dr. Eduardo, a avaliação é feita da seguinte forma: primeiro os serviços de formação – as residências médicas, por exemplo – preenchem um questionário prévio sobre as características do programa e depois esse conteúdo é checado de forma presencial (in loco) pelos avaliadores. “Essa avaliação envolve seis pontos, cada um com diversos itens: caracterização geral do programa, infraestrutura, corpo docente, atividades de formação, atividades de pesquisa e corpo discente. Atualmente, a avaliação é totalmente objetiva, com preenchimento on-line”, detalha. O presidente do comitê acrescenta que as notas decorrentes dessas avaliações não dependem, de forma alguma, da opinião dos avaliadores – que são escolhidos por meio de um sorteio do CRT –, mas da presença ou ausência dos itens analisados.

Sobre as denúncias

Eduardo Macoto Kosugi - São Paulo

Secretário Rafael Rossel Malinsky - Porto Alegre

Membros Fernando Kaoru Yonamine - São Paulo Eduardo Lutaif Dolci - São Paulo Pablo Pinillos Marambaia - Salvador Silvio Marone - São Paulo Ali Mahmoud - São Paulo Fabio Tadeu Moura Lorenzetti - Sorocaba Paulo Tinoco - Itaperuna Ektor Tsuneo Onishi - São Paulo Rebecca Christina Kathleen Maunsell - Campinas Eduardo Tanaka Massuda - Ribeirão Preto

“Atualmente, é mais comum que o comitê receba questionamentos dos médicos residentes, e não necessariamente denúncias, que também não podem ser anônimos” Dr. Eduardo Macoto

Contatos ABORL-CCF: Instagram: @aborlccf Facebook: /aborlccf

Como funciona a avaliação?

Em relação às denúncias, estas não podem ser anônimas. Dr. Eduardo relata que após serem recebidas pela ABORL-CCF, as denúncias são repassadas ao CRT, dando origem a uma apuração. “Tomamos o máximo cuidado para que a origem da denúncia não seja conhecida pelo serviço de formação, para preservar o denunciante, que é o elo mais fraco nessa corrente”, salienta o especialista. Quanto à natureza das denúncias, o presidente do comitê declara: “Atualmente, é mais comum que o comitê receba questionamentos dos médicos residentes, e não necessariamente denúncias, que também não podem ser anônimos”. Segundo o especialista, as respostas dadas pelo CRT a esses questionamentos auxiliam os médicos residentes a conversar com os chefes de serviço, a fim de adequar os processos e atividades. Dr. Eduardo ressalta que o CRT é focado nos serviços de formação de otorrinolaringologistas e seus alunos (médicos residentes). De acordo com o presidente do comitê, a existência do CRT é fundamental para vistoriar os serviços de formação, no intuito de estimular a melhora da qualidade de ensino dos programas e prevenir abusos na formação dos especialistas.

Telefones: 0800 7710 821 - (11) 5053-7500 - FAX 5053-7512 Whatsapp: (11) 95266-1614 e-mail: comunicacao@aborlccf.org.br

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qualidade de V id a

A PAIXãO PeLA

cerveja Otorrinolaringologista e produtor de cerveja, Dr. Raphael Torno explica como surgiram a paixão e o interesse pela cervejaria Silvia Buzinari

A

paixão pela cerveja surgiu ainda na faculdade, há dez anos, quando o então residente de Otorrinolaringologia Raphael Torno visitava os bares ao redor do Hospital da Lagoa para provar diferentes tipos da bebida. “Descobri a cerveja com sabores diferentes daquelas de larga escala na época da residência em otorrino. Tinha um bar da Devassa bem próximo do hospital, então, em alguns momentos, íamos lá para apreciar estilos de cerveja como de trigo, red e escura. Foi uma época maravilhosa, inesquecível”, relembra. Atualmente, Raphael busca conciliar as duas paixões – a Medicina e a cervejaria, o que demanda esforço e deixa a rotina bem agitada.

Como a produção começou... O especialista relata que começou a produzir cerveja em casa com um amigo, de forma amadora, mas, durante o processo, aprendeu com os erros e foi aprimorando a técnica e adquirindo conhecimento. “Fizemos cervejas em casa por um ano. Algumas saíram deliciosas e outras bem ruins, porém aprendemos muito”, conta. Depois disso, Raphael optou por realizar um curso profissionalizante na área de produção de cerveja de forma comercial. Após fazer um curso do Sebrae e contratar uma consultoria, o negócio começou a funcionar em paralelo com a Medicina. A cerveja, chamada de Goitacá, em homenagem a história dos índios, é produzida, atualmente, em Nova Friburgo e comercializada para a região de Campos dos Goytacazes e Guarapari. 40 | VOX Otorrino


Passo a passo da produção: A produção da cerveja é dividida em duas etapas: quente e fria. escolha do malte e moagem; Levado à panela de brassagem, o líquido passa, então, a ser chamado de “mosto”. essa etapa tem a função de retirar todo o açúcar do malte, pois é esse açúcar que, por meio do processo de fermentação que é feito pelas leveduras, será transformado em álcool; O mosto vai para a panela de clarificação, em que muitas partículas indesejáveis são retiradas; A próxima etapa é a fervura, em que o lúpulo é adicionado para dar o equilíbrio do dulçor da cerveja, também chamado de “tempero da cerveja”; Após a etapa quente, iniciamos a etapa fria, em que resfriamos o mosto, que esteve em temperatura de ebulição, para a temperatura de 20° ou menos, conforme o estilo da cerveja; Nessa etapa, o líquido chega aos tanques de fermentação, em que é inoculado o fermento. A cerveja fica aí, em média, 30 dias até ficar pronta para o consumo.

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Arquivo pessoal

Dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) indicam um crescimento de 37,7% no número de cervejarias artesanais registradas no Brasil no ano passado. De acordo com a Associação Brasileira da Cerveja Artesanal (Abracerva), as cervejarias artesanais e independentes estão contribuindo para a cultura gastronômica local. Fonte: http://abracerva.com.br/numero-decervejarias-artesanais-no-brasil-cresce377-em-2017/

“vejo que meus colegas otorrinos apreciam muito a cerveja. em alguns momentos em que peço ajuda a eles, seja no trabalho braçal ou para vender chopp em festivais, no fim, todos saem sorrindo bastante... Não entendo o motivo (risos)”

Conciliando as duas paixões O otorrino admite que a rotina envolvendo a Medicina e a produção de cerveja é intensa, mas conta com a ajuda dos amigos para conciliar as duas atividades. “Atualmente, consigo ficar responsável por alguns setores da cervejaria, o que não me atrapalha tanto em meu dia a dia como médico. Devo isso a meu amigo João Victor, porque o que faz a diferença em uma empresa não é o tamanho da fábrica, mas a qualidade dos funcionários”, declara. Para Raphael, a similaridade entre a Medicina e a produção de cervejas reside no fato de os detalhes ligados à higienização do ambiente serem importantes. “Trabalhamos com um alimento vivo, o fermento, pois o chopp não é pasteurizado. Por isso, o processo de limpeza é vital para a qualidade do produto, do mesmo modo que procedemos em um consultório ou centro cirúrgico”, define. De acordo com o especialista, os amigos do ramo da Otorrinolaringologia apreciam o trabalho e gostam de ajudar. “Vejo que meus colegas otorrinos apreciam muito a cerveja. Em alguns momentos em que peço ajuda a eles, seja no trabalho braçal ou para vender chopp em festivais, no fim, todos saem sorrindo bastante... Não entendo o motivo (risos)”, diverte-se o otorrino.

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Paralamas do Sucesso e Falamansa trarão muita animação para a nossa Festa de Encerramento!

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