Revista Vox - Edição 157

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Edição 157 | Ano XXIII | www.aborlccf.org.br

Vox News • Dra. Wilma Anselmo é empossada presidente • Campanha da Voz é promessa de sucesso novamente Conduta médica • Tire suas dúvidas sobre contratualização

POR DENTRO DOS SERVIÇOS DE RESIDÊNCIA ESPECIAL | CIRURGIA PLÁSTICA DA FACE E A OTORRINOLARINGOLOGIA: DIÁLOGO ÉTICO E CONCILIAÇÃO


02 a 04 de Junho de 2017 - Fecomercio Confira a programação com as especialidades: Cabeça e Pescoço

Laringologia

Medicina do Sono

Otorrino Pediatria

Imagem: Ponte Estaiada

www.aborlccf.org.br/2combined


Mensagem do

PRESIDENTE Wilma Terezinha Anselmo Lima

Caro (a) associado (a), Cada ano que se inicia marca a renovação de um ciclo. Nesses períodos, costumamos refletir a respeito dos sonhos, expectativas e planos que desejamos cumprir. Este ano, além das minhas metas pessoais, tenho a responsabilidade de conduzir a ABORL-CCF e seus mais de 6.500 associados – e, por consequência, você – rumo a um objetivo comum: o fortalecimento de nossa especialidade. Queremos ir muito além da continuidade, mas só conseguiremos atingir esta meta por meio da renovação do conhecimento. Nos últimos tempos, todos os colegas que estiveram frente à ABORL-CCF deram total apoio aos membros do Comitê de Educação Continuada, justamente por entenderem a necessidade de atualização contínua de nossos associados. Nesta gestão que se inicia, não será diferente. Batalharemos para que as ações educativas sejam cada vez mais atrativas e proveitosas, fazendo com que haja disseminação do conhecimento. Acreditamos também que, incentivando os otorrinolaringologistas de todo o país a se reinventarem pessoal e profissionalmente, poderemos ter mais tranquilidade em meio à crise que o país atravessa. Também é importante destacar nossas ações centradas em gestão, com temas voltados à orientação de carreira, ao planejamento financeiro, à fidelização de pacientes, ao design e à arquitetura de consultórios. Destacamos também o trabalho dos demais Comitês, além do suporte que a Defesa Profissional continuará prestando àqueles que vislumbram no cooperativismo o futuro de nossa profissão. Cada um dos nossos diferentes comitês está preparando ações importantes que certamente trarão benefícios a todos os sócios. Não deixem de visitar nosso site; nele, estaremos sempre atualizando ideias inovadoras que vão ao encontro de nossa finalidade. Que 2017 traga boas surpresas a todos nós. E que, juntos, possamos manter a ABORL-CCF como uma das associações médicas mais organizadas e engajadas do Brasil. Dra. Wilma Anselmo Lima Presidente da ABORL-CCF

Diretoria 2017 Presidente Dra. Wilma Anselmo Lima - Ribeirão Preto (SP)

Diretor Tesoureiro Adjunto Dr. Leonardo Haddad - São Paulo (SP)

Primeiro Vice-Presidente Dr. Márcio Abrahão - São Paulo (SP)

Assessores Dr. Eduardo Landini Dolci - São Paulo (SP)

Comitê de Ética e Disciplina

Segundo Vice-Presidente Dr. Luiz Ubirajara Sennes - São Paulo (SP)

Dr. Márcio Fortini - Belo Horizonte (MG)

Dr. Marcelo Miguel Hueb - Uberaba (SP)

Dr. Geraldo Druck Sant”Anna - Porto Alegre (RS)

Comitê de Residência e Treinamento

Diretor-Secretário Dr. Edwin Tamashiro - Ribeirão Preto (SP) Diretora Tesoureira Dra. Eulalia Sakano - Campinas (SP) Diretor-Secretário Adjunto Dr. Edson Ibrahim Mitre - São Paulo (SP)

PRESIDENTES DOS COMITÊS Comitê de Eventos e Cursos

Comitê de Educação Médica Continuada Dr. Thiago Freire Pinto Bezerra - Recife (PE)

Dr. Eduardo Macoto Kosugi - São Paulo (SP) Comitê de Título de Especialista

Dra. Thais Knoll Ribeiro - São Paulo (SP)

Dr. Fernando Danelon Leonhardt - São Paulo (SP)

Comitê de Comunicação

Comitê Defesa Profissional

Dr. Allex Ogawa - Londrina (PR)

Dr. Bruno Almeida A. Rossini - São Paulo (SP)


5 Carta ao leitor 6 Páginas azuis: Muito além da continuidade 9 Espaço ao leitor 12 47º CBO sem fronteiras: Ilha da Magia será palco do 47º CBO 15 O que diz a lei: Glosa – Uma questão temida pelos profissionais e instituições de saúde 16 Gestão e carreira: Uma iniciativa que conecta surdos oralizados ao redor do mundo 20 Capa: Por dentro dos serviços de residência

26 Especial: Cirurgia plástica da face e a otorrinolaringologia: diálogo ético e conciliação 28 Vox news 31 Agenda de eventos 32 ABORL-CCF em ação: Por dentro do Comitê de Título de Especialista 34 Gestão em prática: Hospital Regional Público Transamazônica 36 Conduta médica: Tire suas dúvidas sobre contratualização 39 Qualidade de vida: Com a ORL na veia e o rock’n’roll no coração 40 Educação médica continuada: Estomatologia e Novidades da EMC 42 HumORL


EXPEDIENTE ABORL-CCF

CARTA AO

LEITOR Um novo ano para a Otorrinolaringologia

Allex Ogawa Presidente do Comitê de Comunicações

VOX Otorrino Presidente: Wilma Anselmo Lima

Comitê de Comunicações:

Alexandre Beraldo Ordones Allex Itar Ogawa Fabrizio Ricci Romano Gustavo Polacow Korn Ingrid Helena Lopes de Oliveira Marco Antonio dos A. Corvo Maria Dantas C. L. Godoy Renata Dutra Moricz Ricardo Landini Lutaif Dolci

Assistente de Comunicação da ABORL-CCF: Aline Pereira Cabral

Editora-chefe:

Mariana Moreira (MTB: 35.038-RJ)

Chefe de Reportagem: Carol Herling

Reportagem:

Bruno Bernardino, Carol Herling e Luan Sicchierolli

Revisores: Adriano Bastos e Leonardo de Paula

Fotos:

Divulgação, José Guertzenstein, Samuel Peloso Siqueira/Sênica Coberturas Fotográficas e Vicent Sobrinho

Diagramação:

Douglas Almeida, Monica Mendes e Tatiana Couto

Produção:

C

hegou 2017! E o compromisso de dar continuidade aos grandes projetos da ABORL-CCF está, mais do que nunca, de pé! Iniciamos o ano com uma nova diretoria, novos projetos e novos sonhos. Isso significa pessoas novas, ideias novas e energia renovada! Nossas atividades tiveram início oficialmente no Mini Fórum, onde todos os comitês se reuniram para discutir o que é possível fazer para melhorar a Otorrinolaringologia brasileira. Cada vez mais em sintonia com as opiniões, sugestões e críticas de nossos associados, abrimos um canal para quem desejar se manifestar sobre a revista na seção Espaço ao leitor. Também queremos que você conheça a nossa Associação por dentro. E isso será possível na coluna ABORL-CCF em Ação. Outra novidade que promete instigar os otorrinos de todo o país é a coluna O que diz a lei, onde apresentaremos dúvidas relacionadas à legislação em nosso dia a dia. Buscando uma proximidade com os otorrinolaringologistas mais jovens, contaremos com a participação do médico e cartunista Solon Maia na seção HumORL. Agora, teremos cartoons cômicos retratando o cotidiano da nossa especialidade – e é bem provável que você se identifique com alguma situação. A reflexão que deixo, neste começo de ano é que tudo em nossas vidas começa a partir de um sonho. Me chamou a atenção, nas matérias que publicamos nesta edição, o sonho de Raul (Dr. Raul Zanini, otorrinolaringologista e integrante da banda CRM7), que é tocar na festa do Congresso Brasileiro de Florianópolis! Desejo a todos um feliz 2017, e que todos os nossos sonhos, neste ano que se inicia, se realizem. “Toca Raul!”. Boa leitura!

DOC Content Fone: (21) 2425-8878

Periodicidade: Bimestral

Tiragem:

6.500 exemplares

Espaço do leitor

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da ABORL-CCF.

Sugestões de pauta, críticas ou elogios? Fale conosco: comunicacao@aborlccf.org.br (11) 95266-1614

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PÁGINAS AZUIS

Muito além da

CONTINUIDADE Com a responsabilidade de ser a primeira mulher a liderar a ABORL-CCF, a Dra. Wilma Anselmo Lima lutará para manter os resultados obtidos nas gestões anteriores, ao mesmo tempo em que trará novidades que prometem melhorar o dia a dia dos associados

Por Carol Herling | Foto: Divulgação/ABORL-CCF

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urante o 46° Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, realizado entre os dias 2 e 5 de novembro 2016 em Goiânia (GO), Dra. Wilma Anselmo Lima foi empossada presidente da ABORL-CCF para o ano de 2017. A responsabilidade do cargo trará algumas missões, tais como manter o nível de excelência conquistado por todos os Comitês ao longo das gestões anteriores, fortalecer os canais de comunicação 6 | VOX Otorrino

com os associados, incrementar a Educação Médica Continuada e promover o crescimento da Associação. A missão de presidir a ABORL-CCF coroa uma carreira vitoriosa, marcada por uma atuação vibrante na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), onde ajudou na formação de centenas de especialistas. Querida por seus alunos e respeitada por colegas do mundo acadêmico e da especialidade, a


Dra. Wilma inicia o ano de 2017 com a responsabilidade de ser a primeira mulher a liderar os otorrinolaringologistas do Brasil. Confira, a seguir, uma prévia de como será a sua gestão: VOX Otorrino: Defina, em uma frase, o que significa assumir a presidência da ABORL-CCF. Dra. Wilma Anselmo: O maior e mais importante desafio da minha vida, da minha carreira docente e da minha carreira profissional. VOX: Como a senhora pretende ajudar os otorrinolaringologistas brasileiros ao longo de sua gestão? WA: Farei o que considero importante para o associado. Durante uma reunião com os membros do Comitê de Planejamento Estratégico, realizada em agosto de 2016, ficou claro para mim quais são os caminhos a seguir. De lá para cá, busquei aperfeiçoar as ideias iniciais e colocar em prática os primeiros passos dessa gestão.

Vamos ampliar as ações de Educação Médica Continuada e trabalhar soluções para ajudar o associado a enfrentar situações adversas e desafios Dra. Wilma Anselmo Lima

VOX: E quais são esses caminhos? WA: Duas vertentes merecem destaque. A primeira delas é a Educação Médica Continuada. Pelas minhas andanças ao longo de 2016, muitos associados que moram em locais distantes e de difícil acesso, completamente longe das capitais e dos centros de referência, sem acesso aos cursos itinerantes, pediram mais ações nesse sentido. Eu achei interessante, tanto que estou formatando, junto ao Comitê da Educação Médica Continuada, um curso completo de Otorrinolaringologia, onde abordaremos do básico ao avançado, pegando os capítulos mais importantes da especialidade. As aulas on-line ficarão disponíveis aos associados e poderão ser acessadas a qualquer tempo. Será uma oportunidade de total atualização, com conteúdos de Anatomia, Fisiologia, tratamentos clínico e cirúrgico. Teremos também a TV Otorrino, que será uma mesa-redonda on-line com professores e aberta aos que queiram tirar dúvidas. VOX: E qual é a outra vertente? WA: São as ações da Defesa Profissional apoiando o sócio onde ele precisa: no consultório ou fora dele. Vamos trabalhar soluções para ajudar o associado a enfrentar situações adversas e desafios. É claro que a ABORL-CCF está trabalhando nisso há algum tempo, contudo o passo mais importante foi dado no começo da gestão do Dr. Domingos Tsuji, quando VOX Otorrino | 7


PÁGINAS AZUIS

Nascida em Taquaritinga (SP), possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (1982), mestrado e doutorado em Otorrinolaringologia pela FMRP-USP; atualmente é Professora Titular do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da FMRP-USP; Presidente da ABORL-CCF; tem experiência na área de Otorrinolaringologia, com ênfase em Rinologia, atuando principalmente nos seguintes temas: respiração bucal, obstrução nasal crônica, rinossinusites agudas e crônicas, cirurgia de base de crânio.

passamos a orientar os colegas que desejam se unir e montar cooperativas. Nossa meta é ajudar a todos aqueles que desejam seguir em frente com essa ideia. 2016 foi um ano de teoria, em que passamos muita orientação, o Dr. Domingos e o Comitê de Defesa Profissional trabalharam muito em cima disso. Agora, caberá a nós tratar da parte prática, e fazer com que 2017 seja o ano da ação. Queremos, até o final do ano muitas cooperativas formadas em diferentes localidades, realizando um trabalho conjunto com a ABORL-CCF. VOX: Quais outras ideias a senhora implementará em sua gestão frente à ABORL-CCF? WA: Durante 2016, discutimos várias ideias que serão postas em prática agora. O grupo do Brazilian Journal, por exemplo, fará uma atualização do nosso Tratado, que estará disponível aos nossos associados no 47° CBO. Vamos fazer um livro, mais enxuto que a versão anterior, e um e-book com todos os capítulos, mais vídeos e figuras. Isso é uma demanda importantíssima dos nossos sócios. Além disso, vamos montar uma biblioteca virtual, que proporcionará a todos os associados o acesso às principais revistas internacionais. Vamos estreitar mais ainda a proximidade com as regionais, conversando com os presidentes, sentindo suas necessidades em questões administrativas e jurídicas - vamos expor ideias prestando total apoio. 8 | VOX Otorrino

Deixaremos os eventos itinerantes a cargo das regionais, dando apoio técnico e logístico necessários. VOX: Estamos com os Comitês cada vez mais fortalecidos, com atuação dos mais jovens. Qual a sua opinião a respeito disso? WA: A consonância entre o trabalho dos mais experientes e a renovação dos mais jovens tem sido um dos pontos mais fortes da ABORL-CCF nos últimos anos. Isso porque mescla a vasta experiência de alguns com a modernidade e inovação de outros, criando a medida exata para uma atuação forte e construtiva. VOX: E o que mais o associado pode esperar da sua gestão? WA: Iremos manter o nível de nossas atividades tradicionais, como o Exame de Título de Especialista e a avaliação dos serviços de residência. Também iremos reforçar nossos canais de comunicação e formas de mídia, bem como o nosso conteúdo científico. O mesmo será feito com questões éticas e jurídicas, através da disponibilização de materiais produzidos pelos comitês competentes e do atendimento específico para cada associado que nos procurar. Com a participação dos membros da ABORL-CCF e de todos os associados, vamos nos empenhar o máximo possível para melhorar a valorização da especialidade e facilitar o aperfeiçoamento da atuação de nossos colegas otorrinolaringologistas.


ESPAÇ O AO L EI T OR

A ABORL-CCF QUER SABER A SUA OPINIÃO! Envie suas ideias para o nosso Departamento de Comunicação

A partir desta edição, está ainda mais fácil falar com o nosso Comitê de Comunicação. Se você tem alguma dúvida, quer dar uma sugestão de pauta, fazer um elogio ou externar a sua reclamação, este é o seu espaço. Envie um e-mail para comunicacao@aborlccf.org.br ou uma mensagem via WhatsApp para (11) 95266-1614. As mensagens podem ser publicadas de forma resumida por questões de espaço ou de clareza. Sua opinião é muito importante – e nos ajudará a melhorar cada vez mais a nossa Associação.

Cursos à distância Sou otorrinolaringologista no interior de Minas Gerais e gostaria de sugerir à Associação, devido à dificuldade de deslocamento que tenho por morar numa área afastada, a disponibilização no site de aulas de temas diversos, como cirurgias, para todos os sócios. Desde já, obrigado! Dr. Bruno Salvato Silveira, Caratinga (MG)

Nota da Diretoria Executiva - ABORL-CCF: O Comitê de Educação Médica Continuada iniciará, a partir do próximo mês de março, o Curso de Atualização de A a Z. Além disso, o Comitê também estreia em breve o projeto ORLTube, voltado exclusivamente aos associados da ABORL-CCF. Por enquanto, já é possível acessar ações como o Projeto Graduação e o Orientação de Carreira, disponíveis na aba Educação, em nosso site. Acompanhe as próximas edições da VOX OTORRINO para mais informações.

Softwares confiáveis Um grande problema que temos no consultório são os softwares que usamos no dia a dia. Sugiro à ABORL-CCF contratar uma empresa para fabricar softwares de consultório e disponibilizar esses produtos para os seus associados. Acredito que dois softwares são prioritários: prontuário com faturamento de clínica; e audiometria e imitanciometria. Prof. Dr. Lucas G. Patrocinio, Uberlândia (MG)

Banco de fornecedores Gostaria de solicitar à ABORL-CCF a organização de um banco de fornecedores de insumos para a prática otorrinolaringológica, como fotóforos, fontes de luz, endoscópios, material cirúrgico etc, para que possamos adquiri-los por um valor reduzido quando negociamos diretamente com o fornecedor. Ou que o banco seja um intermediador – no sentido de baixar os preços. Seria interessante pensar em uma forma mais vantajosa para nós, sócios da ABORL-CCF. Fica a sugestão. Dr. Eduardo Bezerra Rocha, Fortaleza (CE)

Nota da Diretoria Executiva - ABORL-CCF: Iniciamos uma parceria com as empresas, para fomentar descontos substanciais para nossos associados. Estamos trabalhando para ampliar esta parceria nos próximos meses, com a garantia de produtos e equipamentos de qualidade, com descontos exclusivos.

Nota da Diretoria Executiva - ABORL-CCF: Para garantir total segurança aos nossos associados, buscamos no mercado softwares, devidamente homologados no CFM e SBIS. No decorrer das avaliações iniciadas em 2015, muitos softwares foram descredenciados, o que dificultou um pouco as negociações, mas temos duas opções totalmente regularizadas e que em breve serão divulgada aos nossos associados. VOX Otorrino | 9


Atender bem

Para a Resound tambĂŠm! Participe e aproveite todas as vantagens que este programa traz para os seus pacientes.


os seus pacientes é uma prioridade para você?

Etapa 1 | Expectativa

Possuímos o Programa de Atendimento ao Paciente ReSound para oferecer o melhor atendimento e facilitar a adaptação dos aparelhos auditivos. São 3 etapas de acompanhamento e a sua participação é fundamental.

O paciente recebe o atendimento no Otorrinolaringologista, que realiza o diagnóstico da perda auditiva, indica o tratamento e direciona para o centro auditivo. Temos os materiais Encaminhamento Médico e Prisma ORL para auxiliar na orientação.

Etapa 2 | Experiência No Centro Auditivo ReSound, o paciente é atendido por fonoaudiólogos treinados e capacitados para oferecer ampla assistência, com: Protocolo de Atendimento, Prisma Fono, Experiência com os Aparelhos Auditivos, Protocolo de Zumbido.

Etapa 3 | Vivência Para garantir sempre a adaptação ideal, inserimos o paciente no Programa de Acompanhamento. Nosso objetivo é contribuir continuamente para trazer mais qualidade de vida ao usuário.


47 ยบ CBO SEM F RO NTE IRA S

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47º CBO:

SEM FRONTEIRAS Ilha da Magia será palco do 47º CBO e promete abrigar o maior número de palestrantes e congressistas internacionais da história da ABORL-CCF Por Bruno Bernardino | Foto: divulgação

R

eunindo exuberante natureza e um conservado patrimônio histórico, aliados à infraestrutura digna de cidade grande, Florianópolis será sede do 47º Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial , entre os dias 01 e 04 de novembro de 2017. Simultaneamente, ocorrerão o Congresso Luso-Brasileiro, o IV Congresso da Academia Ibero-Americana e o fórum Ibero-Latino-Americano. Com isso, o Centro de Convenções de Florianópolis (CentroSul) receberá o evento que promete ter a maior participação de palestrantes e congressistas internacionais de todos os congressos da ABORL-CCF, “Floripa” é uma das três capitais insulares do Brasil e com inúmeras opções de lazer nos momentos de folga do congresso. Florianópolis abriga, em seus 436,5 quilômetros quadrados, lagoas, dunas, trilhas em meio à Mata Atlântica, praias paradisíacas, casario colonial dos séculos XVII e XVIII, sítios arqueológicos, e, devido ao seu refinamento, boates badaladas e restaurantes de renome. As regiões competem em atrativos: ao leste, as praias Mole e Joaquina oferecem muito surf e paquera; ao norte, a famosa Jurerê, dividida entre a parte “tradicional” (com casas residenciais e águas tranquilas) e a chamada Jurerê Internacional, conhecida por atrair um público jovem e endinheirado, que festeja dia e noite. Finalmente, ao sul, o turista encontra as praias rústicas, como a Lagoinha do Leste. São muitas as opções de divertimento, basta escolher a que mais lhe agrada!

A história da cidade e seus encantos atuais Florianópolis foi colonizada por imigrantes açorianos e, portanto, mantém em suas pequenas vilas as manifestações religiosas e culturais trazidas pelos portugueses. Nos povoados de Ribeirão da Ilha e de

Santo Antônio de Lisboa, por exemplo, as heranças estão preservadas nos casarios e na arquitetura, no artesanato em cerâmica e renda, e na culinária dos vários restaurantes espalhados pela Lagoa da Conceição, no centro da ilha, muito visitada por praticantes de vela, windsurf e kitesurf. Por lá estão, também, a maioria dos bares, boates e cafés, com diversão para todos os gostos. No roteiro leste, há trilhas e caminhos sem habitação humana, mantendo paisagens de natureza intacta. Para quem gosta de passeios de barco, é só seguir rumo à Costa da Lagoa, que abriga cachoeira, restaurantes típicos e lojas de artesanato, e tem acesso pelo mar ou, se preferir, por trilha a pé. Nesta região leste, há também a praia da Galheta, uma espécie de extensão da praia Mole, reservada ao naturismo. Partindo para a região norte, a mais populosa durante a alta temporada, devido à infraestrutura na prestação de serviços e variadas atrações turísticas, há praias de águas quentes e calmas, preferência dos banhistas. Para os congressistas que viajarão com a família, os mares calmos de Daniela, Canasvieiras, Cachoeira do Bom Jesus, Ponta das Canas, Lagoinha e Jurerê Tradicional são a pedida para quem estiver com crianças. Na parte “Internacional”, há badalação diariamente nos vários clubes de praia, com música eletrônica soando ininterruptamente, e reunião de celebridades. Há opções para os surfistas nas boas ondas das praias de Ingleses, Brava e Santinho. Em Cacupé, Sambaqui e na Praia do Forte, há restaurantes típicos, que servem moluscos frescos e apresentam a tradicional arquitetura açoriana. Nas praias do Forte, inclusive, e em outras duas ilhas, Anhatomirim e Ratones, há fortalezas VOX Otorrino | 13


47 º CBO SEM F RO NTE IRA S

Saiba mais AÇORIANOS Os Açores são ilhas que formam um arquipélago situado no oceano Atlântico. Colonizados por portugueses, os Açores hoje fazem parte da República Portuguesa.

PONTE HERCÍLIO LUZ Com 90 anos, é a maior ponte pênsil do Brasil. Foi construída com o objetivo de ligar a ilha ao continente e pesa, aproximadamente, cinco mil toneladas.

construídas por portugueses, no século XVIII. Valem um passeio de escuna, com direito a guia turístico. Na porção sudoeste da Ilha, há o casario histórico, da época do Brasil Colonial. Por lá, acontece um corredor gastronômico, concentrado na Freguesia do Ribeirão da Ilha e baseado em ostras e mariscos. Na porção sudeste, há trilhas pela Mata Atlântica e praias de ondas medianas, ideal para o aprendizado do surfe, além do Parque da Lagoa do Peri, maior lagoa totalmente de água doce potável da costa catarinense e, também, maior manancial de água potável da Ilha. No Centro estão concentrados os pontos turísticos não naturais, conservando o passado colonial, que deu origem à Florianópolis (antiga Vila de Nossa Senhora do Desterro). Anote na agenda as visitas obrigatórias:

Acesse o aplicativo oficial da cidade, o Minha Floripa, que reúne informações sobre os atrativos da cidade e dados como mapas e transporte, além de apresentar a agenda de eventos de Florianópolis. Basta procurar na App Store ou no Play Store por: “Minha Floripa”. <http://www.pmf. sc.gov.br/entidades/turismo/index.php?cms=aplicati vo+minha+floripa&menu=0>

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a Ponte Hercílio Luz (principal cartão-postal da cidade), o Mercado Público Municipal (coração do centro histórico), e a Praça XV de Novembro, onde, em 1662, o bandeirante paulista Francisco Dias Velho fundou a vila que viria a ser a capital de Santa Catarina. Nesta região há também museus que narram o nascimento da cidade, com seus mobiliários, obras de arte, objetos e documentos oficiais e particulares. Há, também, feiras de artesanato e muita vida noturna, que prolifera em meio à arquitetura. Para apreciar a vista, vale a pena subir ao Mirante do Morro da Cruz (onde se concentram as emissoras de TV) ou curtir o pôr-do-sol na Avenida Beira-mar Norte, principal avenida da cidade. Florianópolis encanta por suas belezas, pois reúne, em um só lugar, diversão, prazer e tranquilidade. Não à toa, foi considerada pela ONU (Organização das Nações Unidas) a terceira melhor cidade para se viver no Brasil, das 50 ranqueadas, graças aos altos índices de desenvolvimento da educação, renda e expectativa de vida. É, por isso mesmo, o lugar ideal para abrigar o congresso que ultrapassará fronteiras com seus renomados convidados nacionais e internacionais. “É um orgulho para nós fazer parte do evento mais importante do calendário da ABORL-CCF. Estamos trabalhando para que o congresso seja uma experiência positiva para todos em termos de enriquecimento científico, confraternização e união para a especialidade. Convido a todos para fazer parte desse grande evento”, declara o Dr. Fabio Zanini, presidente do 47° CBO.


O Q UE DI Z A LEI

GLOSA

UMA QUESTÃO TEMIDA PELOS PROFISSIONAIS E INSTITUIÇÕES DE SAÚDE Entenda como a negativa de pagamento acontece, e o que fazer para evitá-la Por ABORL-CCF*

A

relação entre operadoras de planos de saúde e prestadores de serviços não é a das mais amistosas no âmbito empresarial. Isso é resultado dos grandes embates travados entre as entidades de classe, de proteção aos pacientes, Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e planos de saúde para regulamentar o setor e manter a segurança jurídica nas relações médico x planos de saúde x paciente. A lei 13.003/2014, mais conhecida como Lei da Contratualização, é um grande avanço no setor. Contudo, ainda requer aprimoramento para regulamentar de forma adequada as glosas – termo utilizado para definir a negativa de pagamento parcial (ou total) por parte das operadoras de planos de saúde por procedimentos realizados. A glosa é quase uma unanimidade, no âmbito das principais reclamações dos médicos, quando o assunto é a relação entre esses profissionais e os planos de saúde. Como as glosas ocorrem? De modo geral, a glosa está condicionada a diversos motivos, tais como: • Preenchimento inadequado de guias e formulários; • Codificação incorreta do procedimento; • Falta de relatório médico; • Preenchimento de dados em desacordo com padrão TISS; • Ausência de formulários e/ou divergência de valores entre o preenchimento e o acordado em contrato. De acordo com a Lei da Contratualização, deve haver a previsão expressa e clara da rotina administrativa de

glosa nos contratos, abrangendo prazos para contestação, para resposta da operadora e para pagamento dos serviços em caso de revogação da glosa aplicada. E vale destacar que, de acordo com o artigo 14 da RN-ANS 363/2014, o prazo acordado para contestação da glosa deve ser igual ao prazo acordado para resposta da operadora. Um estudo recente observou que materiais e medicamentos são os que mais impactam na ocorrência de glosas para as contas hospitalares (em torno de 33%) e para as internações em UTI (cerca de 54%). Isso evidencia que a gestão adequada dos recursos na área da saúde – seja do ponto de vista da utilização dos materiais e medicamentos ou dos recursos pessoais – é o que torna possível a capacitação de pessoas e a integração da equipe, fazendo com que todos contribuam para o correto preenchimento de formulários e relatórios. Uma dica para diminuir a ocorrência de glosas é buscar a melhoria do desempenho organizacional, capacitando e orientando os profissionais quanto ao preenchimento correto de formulários e relatórios. Também é igualmente importante agregar conhecimentos de auditoria e desenvolvimento de habilidades sobre custos para o gerenciamento dos serviços e, consequentemente, redução de glosas. Vale lembrar que a ANS é o órgão que regulamenta e fiscaliza as operadoras de planos de saúde, e, portanto, competente para apurar denúncias de práticas contrárias às leis que regulamentam o setor, com aplicação de penalidades pertinentes a eventuais infrações legais por parte dos planos de saúde. E, ainda, lembrar que a cobrança de valores devidos e não pagos pelos planos de saúde podem ser objeto de discussão junto ao Poder Judiciário, não só para a cobrança destes, como eventual reparação de danos materiais e morais – neste caso, caberá ao advogado avaliar a questão e propor a melhor medida judicial cabível.

* Este conteúdo foi preparado pelo Departamento Jurídico e pelo Comitê de Defesa Profissional da ABORL-CCF. Envie suas dúvidas e sugestões para comunicacao@aborlccf.org.br

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GESTÃO E CARRE IRA

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UMA INICIATIVA QUE

conecta surdos oralizados ao redor do mundo Conheça o CI Users World Map, a rede social dedicada a usuários de implante coclear por Luan Sicchierolli

C

Divulgação

om o objetivo de aproximar as pessoas que utilizam implante coclear no mundo, o otorrinolaringologista Dr. Luciano Moreira e a esposa, a escritora e também usuária de IC Paula Pfeifer, criaram uma rede social dedicada a surdos oralizados, o CI Users World Map. As primeiras ideias sobre o projeto começaram a tomar forma em 2014. Na ocasião, Paula estava em um voo entre Rio de Janeiro, cidade onde mora o Dr. Luciano, e Santa Maria (RS), terra natal da escritora. “Nada me tirava da cabeça que era preciso criar um modo de conectar surdos oralizados. As pessoas, no Brasil, ainda acham que todo surdo é mudo e usa língua de sinais. Enquanto isso, são milhares de pessoas com aparelhos auditivos e implantes cocleares por aí. Comentei a ideia inicial com o Luciano e, juntos, fomos aprimorando até chegarmos no mapa-múndi de implantados”, relata.

O casal se conheceu por intermédio do site Crônicas da Surdez, criado por Paula, onde, além de escrever sobre o tema, ela também traz histórias vividas por pessoas que passam pela mesma situação, entre outros assuntos. No final de 2015, após a dupla discutir muitas ideias, o CI Users World Map começou a ser executado. O otorrinolaringologista, que também é o criador do Portal Otorrino, confessa que o processo de criação da rede social passou por algumas dificuldades, como ideias divergentes sobre as ferramentas do projeto. “Foi desafiador, pois somos um casal com duas visões diferentes do mesmo mundo: eu, otorrinolaringologista, ela, surda usuária de implante coclear. Em alguns momentos, algo que eu achava imprescindível, ela achava desnecessário, vice-versa”, conta. O especialista também explica que o desafio maior

“Para nós, que nos dedicamos diariamente não só à reabilitação auditiva, mas à sua divulgação, é um projeto muito apaixonante” Dr. Luciano Moreira

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GESTÃO E CARRE IRA

foi condensar as várias ideias e segurar a ansiedade, pois ferramentas extras demandariam muito tempo para serem desenvolvidas junto aos programadores, o que levaria, também, a um investimento financeiro considerável. Em sua maioria, a divulgação do site tem sido por meio do boca a boca, passando pela internet. De acordo com o Dr. Luciano, a adesão inicial foi rápida e o feedback recebido até o momento é muito interessante. O médico também diz que esses depoimentos serão usados para

Objetivos que o CI Users World Map pretende atingir: • Mostrar como a perda auditiva é comum no mundo moderno; • Promover a saúde auditiva; • Ajudar usuários de implante coclear do mundo inteiro a quebrar as barreiras geográficas e compartilhar seus desafios, experiências e vitórias;

Marcelo Brum

• Fazer com que o maior número de pessoas conheça e promova a reabilitação auditiva através da tecnologia do implante coclear.

“Nada me tirava da cabeça que era preciso criar um modo de conectar surdos oralizados. As pessoas, no Brasil, ainda acham que todo surdo é mudo e usa língua de sinais” Paula Pfeifer

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Arquivo Pessoal

implementarem melhorias e novidades futuras. O CI Users World Map já está próximo de ter 1.000 PIN’s registrados. A maior parte deles vêm do Brasil; no entanto, Portugal, Reino Unido e Israel também possuem grandes concentrações de usuários. Inclusive o Uzbequistão possui PIN’s na rede social.

Como funciona

“Sempre quisemos nos unir e sempre tivemos curiosidades em saber onde estavam os outros implantados do planeta” Roner Dawson

Para conhecer os sites criados pela escritora Paula Pfeifer (Crônicas da Surdez) e o Dr. Luciano Moreira (Portal Otorrino), assim como a rede social CI Users World Map, basta acessá-los pelos QR Code abaixo:

CI Users World Map <http://www.cochlearimplantusers.com/ciusermap>

Crônicas da Surdez <www.cronicasdasurdez.com>

Portal Otorrino <http://portalotorrino.com.br/>

No cadastro, depois de responder a algumas perguntas, o usuário faz o seu PIN no mapa. Após isso, ele poderá fazer contato com outras pessoas, desde que estas tenham aceitado receber mensagens. Ainda, o projeto visa ajudar as pessoas a contatarem implantados para sanarem dúvidas, bem como compartilharem histórias de vidas parecidas e conhecer implantados de outras cidades, estados ou países. Um dos primeiros cadastrados foi Roner Dawson, que conheceu a rede por meio de uma mensagem de Paula Pfeifer em um grupo criado no aplicativo WhatsApp. “É uma ideia interessante, sempre quisemos nos unir e sempre tivemos curiosidades em saber onde estavam os outros implantados do planeta”, afirma. Roner, que ainda não conseguiu encontrar pessoalmente outros usuários da rede, acredita que seu maior benefício é o social. “Mas ela ainda precisa ser mais explorada”, pontua. Paula, por sua vez, revela que já possui planos de encontrar pessoas da rede social em sua próxima viagem. “Eu e Luciano viajamos muito pelo mundo a congressos de Otorrinolaringologia e eventos, e sempre fico morrendo de vontade de tomar um café com um implantado nas cidades em que estamos. Quando chegava a algum lugar, logo pensava: ‘Como vou encontrar um usuário de IC em Dubai?’ Nossa próxima viagem será a Portugal, e já tenho encontro marcado com muitos usuários da rede em Lisboa”, comenta.

Planos para o futuro Em breve, o Dr. Luciano Moreira pretende apresentar novas funcionalidades do site. “Queremos que usem a rede para fazer intercâmbios, conhecer pessoas, encontrar audiologistas e equipes de implante em qualquer lugar do mundo. Ofereceremos a possibilidade de profissionais envolvidos estarem no mapa. Assim, esperamos que o CI Users World Map em breve se torne não só um ponto de encontro para os implantados do mundo inteiro, mas também uma maneira de encontrar os profissionais e soluções que o paciente está buscando. Para nós, que nos dedicamos diariamente não só à reabilitação auditiva, mas à sua divulgação, é um projeto muito apaixonante”, finaliza. VOX Otorrino | 19


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POR DENTRO DOS SERVIÇOS DE RESIDÊNCIA Para entender os critérios de avaliação dos serviços de Otorrinolaringologia existentes no Brasil, entrevistamos chefes de serviços e especialistas, que nos explicam como é a burocracia e, também, a batalha para manter o nível de excelência nas instituições de ensino

Por Carol Herling | Fotos: divulgação

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pós anos sonhando e batalhando para exercer a profissão, os futuros médicos são confrontados sobre qual caminho seguir logo após o final do curso. Mutos sabem “desde sempre” qual especialidade lhes atrai, mas outros tanto se veem invadidos por uma dúvida sem fim. Isso porque, muitas vezes, ingressar na residência médica é mais difícil que passar no vestibular. Então, a escolha precisa ser a mais precisa possível, pois o médico só terá o título de “especialista” se cumprir o programa integralmente. Nunca é demais lembrar que a expressão “residência médica” só pode ser empregada para os programas credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). No caso da Otorrinolaringologia, existe uma outra forma de credenciamento, que se dá por meio do Comitê de Residência e Treinamento da ABORL-CCF. Juntando os dois tipos de serviços credenciados e de formação de recursos humanos na área de Otorrinolaringologia, temos entre 65 e 70 serviços no Brasil. Da mesma forma que as universidades são regularmente avaliadas pelo Ministério da Educação (MEC), os serviços de residência em ORL também passam por análises criteriosas. Mas, ao contrário do que acontece com os cursos de graduação, não existe um ranking das melhores instituições. “O MEC tem uma filosofia que não tabula os serviços por qualificativos. Existem, sim, critérios mínimos para se ter um serviço formador credenciado junto ao órgão. Para a ABORL-CCF é diferente. Há mais de uma década, a Associação tem um ranking que classifica os serviços de A a D”, revela o Dr. Geraldo Jotz, ex-presidente do Comitê de Residência e Treinamento da ABORL-CCF (2015/2016), membro da Câmara Técnica da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM / MEC) e Professor Titular da Universidade Federal VOX Otorrino | 21


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do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Se o serviço recebe nota D, não é permitida a entrada de novos residentes, mas existe a possibilidade de se credenciar novamente pela ABORL-CCF, cumprindo todas as normativas da Associação. Se a ABORL-CCF achar que os residentes que estão em fase terminal podem acabar a residência ali, a Associação permite. Se achar que não podem, ela os transfere, desde que esse serviço seja só credenciado pela ABORL-CCF, porque a lei maior é do MEC”, diz o ex-presidente, que também explica as diferenças entre os serviços de residência credenciados pela ABORL-CCF e o MEC. “O residente de um serviço credenciado pelo MEC, assim que conclui o período, automaticamente obtém o título de especialista na forma da lei. Quando o residente acaba o terceiro ano de uma especialização credenciada pela ABORL-CCF, ele ainda terá que fazer a prova de especialista. Se um serviço é credenciado tanto pela ABORL-CFF quanto pelo MEC, quem manda na hora da transferência é o MEC, que direcionará o residente. É tudo muito transparente e tranquilo”, assegura.

Avaliação não permite análises subjetivas A avaliação sistemática dos serviços de residência em Otorrinolaringologia é feita há quase duas décadas pelos membros do Comitê de Residência e Treinamento, composto por membros eleitos, gabaritados e treinados para avaliar com o máximo de objetividade e com o mínimo de subjetividade. O processo teve início na gestão do professor José Victor Maniglia, em 2003, quando este foi presidente da Associação. O primeiro Comitê contou com a participação, entre outros nomes, dos professores Agrício Nubiato Crespo e José Alexandre Medicis, e foi o responsável por criar os critérios de avaliação. Desde então, os membros da Comissão de Treinamento e Residência vão aos serviços e, com uma lista de elementos, fazem a avaliação e classificam a residência. “Isso, em princípio, causou muito problema de ordem de orgulho nas pessoas: ‘Como meu serviço está sendo mal avaliado? Meu serviço é muito bom’. Na verdade, isso foi ótimo, pois fez com que cada serviço olhasse para dentro de si mesmo e procurasse corrigir onde estavam os defeitos”, afirma o Dr. José Eduardo Dolci, diretor do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e ex-presidente da ABORL-CCF. Segundo o Dr. Dolci, houve uma reestruturação recente nos serviços de residência: “Antes (até 2015), nós tínhamos dezesseis programas de residência médica em Otorrinolaringologia classificados como A, e hoje nós temos apenas sete. Isso significa que nós precisamos melhorar”. 22 | VOX Otorrino

O início das residências

NO BRASIL

A história dos serviços de residência teve início no Hospital de Servidores do Rio de Janeiro e no Hospital das Clínicas de São Paulo. Houve uma expansão na década de 1950, com o surgimento do serviço de Clinica Médica na Santa Casa de Porto Alegre – quando o professor Eduardo Faraco começou a estimular esse tipo de treinamento. Posteriormente, outros hospitais públicos começaram a descobrir o sistema. Até que, em 05 de setembro de 1977, o decreto de lei presidencial nº 80.281 criou a Comissão Nacional de Residência Médica, que iria regrar o modelo do que deveria ser o serviço de formação. Em 07 de julho de 1981, a Lei nº 6.932 regulamentou como um todo a residência médica no Brasil e, posteriormente, surgiram resoluções da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM / MEC) que normatizaram o seu funcionamento no país das diferentes especialidades médicas. Nos próximos dois anos, deveremos ter uma revisão completa da resolução nº 02/2006 que regulamenta os critérios mínimos de funcionamento institucional e normatiza o conteúdo programático das especialidades médicas, segundo o Prof. Geraldo Jotz. “Uma das questões que são debatidas no Ministério da Educação passa pelos critérios mínimos, que dizem respeito à infraestrutura, aos equipamentos que o serviço deve ter, o número de docentes e, em alguns programas, o número de leitos. Mas não falam, na maioria dos programas, sobre as habilidades e atitudes que devem ser desenvolvidas ao longo dos anos de residência médica. Esse é um dos pontos fortes que o Ministério da Educação vai modificar no que tange aos requisitos mínimos”, revela.


Pelo estatuto da ABORL-CCF, somente os 12 membros eleitos para o Comitê de Residência e Treinamento estão aptos a avaliar os serviços. A avaliação realizada pela ABORL-CCF é feita por duas pessoas, de modo totalmente on-line. “Esta é uma das inovações implantadas pela nossa Associação. O avaliador entra em nosso sistema e começa a preencher durante a visita. Após a análise da produção científica, da verificação da infraestrutura do serviço e das entrevistas com os residentes, a avaliação é fechada e enviada. O avaliador não sabe a nota do serviço, pois ele simplesmente preencheu ‘sim’ ou ‘não’ nas questões. Somente a secretária do Comitê e o presidente têm acesso ao resultado final. A avaliação é estritamente objetiva e, por estar na nuvem, ela se eterniza. Daqui a 10 anos, se o avaliador quiser ver a última avaliação, ele conseguirá”, comenta o Dr. Jotz. Os avaliadores levam em conta a caracterização geral do serviço, sua infraestrutura, atividades de formação, a avaliação do corpo docente, do corpo discente e da produção científica. E, obviamente, a formação e o treinamento em todas as subáreas que compreendem a formação de um otorrinolaringologista. O serviço também é melhor avaliado de acordo com o número de preceptores em relação ao número de residentes sendo formados – quanto melhor a qualificação desses preceptores, mais o serviço será valorado. E, quanto mais oportunidades o residente tem, melhor. Segundo o Dr. Jotz, “O serviço que permite ao residente realizar os mais variados procedimentos, tem um diferencial sobre aqueles em que o residente só auxilia participando, mas não operando. Todos esses detalhes são pontuados no ranking final e em uma nota, que refletem questões de avaliação e de infraestrutura. A produção científica, por exemplo, tem apenas os três últimos anos avaliados. Mas o serviço é avaliado a cada cinco anos. A instituição não deve se preparar para a avaliação. A produção deve ser uma constante”, explica. A regra aplicada pela ABORL-CCF no julgamento de um serviço é simples. As instituições que recebem nota A são avaliadas a cada seis anos. Com nota B ou B+, os avaliadores retornam a cada cinco anos. Serviços com nota C ou C+ passam a ser avaliados a cada 4 anos. Os que recebem nota D são descredenciados e impedidos de abrir novas turmas – e se a ABORL-CCF entender que os residentes não poderão concluir a residência de forma satisfatória, a Associação transfere esses alunos. “Mas isso só é válido se esse serviço for credenciado apenas por nós, já que a lei maior é do MEC”, justifica. Essas instituições

“Até 2015, tínhamos dezesseis programas de residência médica classificados como A. Hoje, são apenas sete. Precisamos melhorar” Dr. José Eduardo Dolci

podem, segundo o Dr. Jotz, pedir um novo credenciamento: “É possível, contanto que o serviço volte a cumprir toda as nossas normativas. Após essa etapa, uma nova vistoria poderá ser solicitada”. Também é importante destacar que os residentes podem denunciar à ABORL-CCF, anonimamente, um serviço ruim. “Isso pode ser feito a qualquer momento. Caberá ao Comitê de Treinamento e Residência visitar o local, já que os membros têm total autonomia para isso”, assegura o Dr. Jotz.

As visões de quem vive o dia a dia nos serviços Chefe do serviço de residência em Otorrinolaringologia da UFRJ há 30 anos, o Dr. Shiro Tomita lida, todos os anos, com nove residentes. Ao final de cada período, três se formam. Estando à frente de uma das residências mais concorridas do país e atuando no único hospital público do Rio de Janeiro credenciado no programa de saúde auditiva do Ministério da Saúde, VOX Otorrino | 23


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o Dr. Shiro explica com simplicidade como as coisas funcionam em terras cariocas. “Nosso serviço funciona bem porque temos plena consciência que podem existir falhas em qualidade e em quantidade no staff, e se elas acontecem, as solucionamos rapidamente. Aqui, damos a possibilidade de escolha aos residentes, que podem optar pelo que de fato querem dentro de todas as subespecialidades da Otorrinolaringologia. Procuramos descobrir os talentos dos residentes, ampliando e intensificando essas habilidades e seus conhecimentos técnicos. Valorizamos o olhar de cada um deles sobre o paciente, pois isso é importante na construção de um modelo de relação médico-paciente. Dessa forma, criamos uma sintonia entre os profissionais envolvidos”, conta. Todas as quartas-feiras, o Dr. Shiro e sua equipe desenvolvem, além dos conhecimentos científicos, o culto aos valores da humanização da Medicina e da profissão. “Procuramos construir um modelo de liderança e de trabalho em equipe. Orientamos quem entra em nossa especialidade, descobrindo suas habilidades, ampliando e intensificando talentos para

“Procuramos construir um modelo de liderança e de trabalho em equipe, descobrindo as habilidades, ampliando e intensificando talentos” Dr. Shiro Tomita 24 | VOX Otorrino

orientar a trajetória na especialidade”, detalha. Para ele, não há nada mais importante que direcionar os estudantes de acordo com os seus interesses e aptidões. “É assim que olhamos o que deve ser feito. Não é só aprendizado técnico, e, sim, a parte humanitária que vai envolver essa relação entre nós, os pacientes e as famílias”, enfatiza. Para ele, não há alegria maior em contemplar a finalização de um aluno. “Tenho a certeza de que houve um bom ensinamento no serviço, e vejo a maioria estabelecendo carreiras consolidadas e com sucesso total. Mandamos constantemente residentes ao exterior para cursos”, orgulha-se. Mas, nem tudo são flores: sua preocupação é o que chama de “proliferação exagerada” dos cursos de Medicina: “Muitos não possuem qualificação, nem o corpo docente e a infraestrutura necessários para atender bem aos alunos. Como fazer residência sem oferecer um hospital ou um pronto-socorro? São nesses locais que os treinamentos acontecem e, sem eles, o aprendizado fica comprometido. Muitas faculdades pedem convênios com hospitais, inclusive particulares, que não são ligados à área acadêmica, o que pode provocar uma sensação de que está ‘faltando algo’ ao futuro otorrino”, declara. Segundo o Dr. Eduardo Macoto Kosugi, docente da Unifesp e chefe da disciplina de Rinolaringologia, a instituição tem conceito A junto à Associação. “Estamos bem estruturados com todos os setores da ORL. Nosso serviço é antigo: para se ter uma ideia, a faculdade é de 1933. Uma grande vantagem do nosso serviço é que ele dá uma boa formação prática e possibilidade para seguir a área de docência. Incentivamos demais quem quer docência e pesquisa, embora a procura esteja caindo um pouco. Por isso, quando aparece um interessado, a gente incentiva. A disputa por nossas vagas é muito concorrida e a seleção, muito rigorosa”, relata. Em sua opinião, a maioria dos grandes serviços tem todos os setores bem estruturados. E há uma grande variedade. Contudo, assim como o Dr. Shiro Tomita, o Dr. Kosugi vê a abertura indiscriminada de escolas como um problema. E vai além. “O Brasil vive uma distribuição inadequada dos serviços. É tudo concentrado no Sudeste, e isso faz com que a gente absorva residentes de todo o país, que não voltam para suas regiões de origem e, assim, causam deficiência de profissionais em outros locais”, lamenta. Mesmo com equipamentos bem atualizados, “apesar de a Unifesp ser um serviço público”, a residência da Unifesp enfrenta problemas como qualquer hospital público. “Mas, através do Instituto de Otorrinolaringologia e


VOCÊ SABIA? Pode acontecer de uma instituição credenciada pelo Ministério da Educação (MEC) não ser aprovada pela ABORL-CCF. Diferentemente da Associação, o MEC não trabalha com notas – apenas informa se o serviço está credenciado ou não. O sistema de avaliação do MEC funciona a partir de critérios mínimos, e dois avaliadores fazem a vistoria, usando o sistema on-line da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). “Dois avaliadores da Câmara Técnica, da qual eu faço parte, veem as avaliações de outros estados. Nós nunca podemos ver as avaliações dos nossos estados, é uma questão ética e de conflito de interesses. A Câmara Técnica avalia o relatório dos avaliadores e pode: dizer que concorda com o parecer e encaminhar à plenária para ser votado; dizer que não concorda com o parecer e encaminhar para a plenária com um voto discordando do parecer; ou devolver para o avaliador para ajustes, dentro do que a Câmara Técnica orientar”, explica o Dr. Jotz. A ABORL-CCF, independentemente disso, pode dizer que o serviço não tem condições de funcionar – mesmo que o MEC o tenha credenciado –, porque os critérios são diferentes. “Não quer dizer que a ABORL-CCF esteja certa e o MEC esteja errado. A lei que vigora no MEC apresenta critérios mínimos, e as nossas resoluções no Comitê de Residência e Treinamento da ABORL-CCF são mais detalhados que o MEC. Nós solicitamos mais infraestrutura, um maior número de recursos humanos e uma maior qualificação dos preceptores que o MEC não pede. Na forma da lei 6.932, um serviço para poder formar residentes tem que ter médicos especialistas. Isso para o MEC é o topo, não precisa ter mestres doutores. Para nós, tem que ter mestres doutores para qualificar mais ainda”, exemplifica o Dr. Dolci.

“O serviço que permite ao residente realizar os mais variados procedimentos tem um diferencial sobre aqueles em que o residente só auxilia participando, mas não operando” Dr. Geraldo Jotz

Cirurgia de Cabeça e Pescoço (IOCP), fazemos cursos para conseguir financiamentos, com a verba revertida em material para atendimento e melhoria da infraestrutura. Os palestrantes vão de graça”, revela. Em sua avaliação, as pessoas que trabalham no serviço são dedicadas ao ensino dos alunos e dos residentes: “Temos também muitos voluntários, que são pessoas que gostam de estar lá e se dedicam à formação de novos profissionais. Sou muito grato a todo o corpo clínico, e a Escola Paulista não seria grande sem esses voluntários”. Formar bons profissionais, para o Dr. Eduardo Macoto Kosugi, só valoriza a especialidade. “Muita gente vê a ORL como uma especialidade simples, mas ela é grande, dada a variedade de doenças que trata. E as pessoas que a procuram são dinâmicas, gostam de ser resolutivas”, acredita. VOX Otorrino | 25


ESPECIAL CAPA

CIRURGIA PLÁSTICA DA FACE E A

OTORRINOLARINGOLOGIA: DIÁLOGO ÉTICO E CONCILIAÇÃO Por Antonio C. Cedin, presidente da Academia Brasileira de Cirurgia Plástica de Face (ABCPF)

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prática da cirurgia estética da face pela especialidade de Otorrinolaringologia acontece desde os tempos do otorrinolaringologista considerado o pai da cirurgia plástica, Harold Gilles. O cirurgião e tantos outros otorrinos estão entre os precursores da cirurgia plástica facial. O histórico da atuação dos otorrinolaringologistas brasileiros nessa área data de muitos anos, com a realização de cursos de instrução que uniam nossa especialidade aos cirurgiões plásticos, como o Professor Ivo Pitanguy. O programa de residência em Otorrinolaringologia do MEC, na resolução 02/2006, preconiza o ensino de todos os procedimentos estéticos da face, algo contemplado pelo próprio estatuto da ABORL-CCF. A cada dia temos mais colegas que se dedicam ao seu ensino e aprendizado, aprimoram-se e oferecem aos seus pacientes um trabalho ético e de excelentes resultados. Entretanto, temos observado uma crescente oferta de procedimentos estéticos 26 | VOX Otorrino

faciais por não médicos, o que infringe a prerrogativa do ato médico, bem como compromete sobremaneira a saúde da população, o que é evidenciado pelos noticiários e em inúmeras ações na justiça. A proliferação de cursos de treinamentos dirigidos por médicos não habilitados, sem critérios rígidos de seleção e emitindo certificados de especialização em plástica facial são contrárias às diretrizes vigentes do Conselho Federal de Medicina (CFM), da Associação Médica Brasileira (AMB) e da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). São responsáveis, também, por grande parte das complicações cirúrgicas e divulgação antiética de suas práticas. Nós, otorrinolaringologistas, unidos às demais especialidades médicas habilitadas a realizar procedimentos estético-faciais, nos sentimos aviltados e temos lutado por direitos de ensino e atuação na área. A ABORL-CCF, que nos titula como especialistas, junto à AMB e à nossa Academia Brasileira de Cirurgia Plástica Facial (ABCPF) têm o objetivo de zelar por critérios adequados para a qualificação em cirurgia estética da face e proporcionar oportunidades de cursos de formação. Isso é importante para obtermos um maior contingente de


Dr. Ivo Pitanguy e Dr. Cedin, orl unida à cirurgia plástica facial, em foto dos anos 1990

Reunião da ABCPF discute a atuação da Otorrinolaringologia na cirurgia plástica facial

otorrinolaringologistas atuando na área. Ao mesmo tempo, estamos empenhados em discutir estratégias conciliatórias que possibilitem minimizar conflitos de interesses com outras especialidades que atuam no mesmo segmento. Apoiado irrestritamente pela ABORL-CCF solicitei, como presidente atual da nossa academia, uma reunião com a diretoria da Academia Brasileira de Cirurgia Plástica Facial (ABCPF) para tratarmos dos temas de interesses comuns às especialidades. Nessa oportunidade, reafirmamos que os especialistas em Otorrinolaringologia realizam todos os procedimentos de plástica facial, respaldados pelas diretrizes do CNRM e da ABORL-CCF, e que a cada dia mais colegas da especialidade se dedicam a essa prática. Detalhamos toda a nossa grade programática oficial da residência e dos fellows assim como a dos cursos de treinamento apoiados pela ABORL-CCF e ABCPF, para não haver dúvidas quanto à formação dos otorrinolaringologistas na cirurgia estética facial. Isso porque, como boa parte da população não tem informação da atuação dos otorrinolaringologistas nessa área, os próprios colegas membros da SBCP desconhecem que a Otorrinolaringologia possui estrutura consolidada de programas oficiais de aprendizado. Em reunião anterior, na AMB, esclarecemos termos sido alvo de ação judicial equivocada da SBCP contra a ABORL-CCF, por motivo de uma certa “academia de plástica facial” homônima a nossa estar oferecendo cursos com diploma de especialidade em Cirurgia Plástica. A ABORL-CCF não reconhece e nem apoia tais cursos ofertados na mídia. De acordo com a AMB, CFM e CNRM, somos especialistas em Otorrinolaringologia e afiliados à ABORL-CCF. Não há nenhuma restrição ou proibição legal à realização de procedimentos estéticos faciais. Nossa associação já agrega em seu nome o termo “Cirurgia Cérvico-Facial”, com tal propósito de

Presidentes da ABORL-CCF, Dra. Wilma e da Academia de Plástica da ABORL-CCF, Dr. Cedin, em reunião com a diretoria da SBCP, em São Paulo

abrangência. Temos que nos conduzir de acordo com as atuais diretrizes legais a que nos obrigam suas resoluções, evitando sermos identificados como “especialistas em cirurgia plástica” ou emitirmos certificados que nos caracterizem como tal. Nesta oportunidade, acordamos sugestões a serem levadas à discussão e que se propõem a atenderem interesses mútuos da ABORL-CCF e SBCP, objetivando diminuir os conflitos entre as duas especialidades. Estas sugestões compreendem vincular o nome da academia ao da ABORL-CCF. Isso nos diferencia das homônimas que utilizam o termo plástica. Assim, estaremos oficialmente abrigados na ABORL-CCF, responsável legal junto à AMB e ao CFM pela representatividade de nossa especialidade. Agir na denúncia da prática por não médicos, como já o fizemos em ação conjunta com a SBCP junto à Procuradoria da República contra os farmacêuticos e biomédicos, resguardando o nosso direito ao ato médico. Monitorarmos cursos que não atendem às exigências legais de qualificação para a prática e estabelecer critérios mínimos de seleção e conteúdo programático dos programas de treinamentos apoiados pelas ABORL-CCF. Atender às resoluções éticas na divulgação dos procedimentos de plástica da face não deixando, entretanto, de divulgá-los. Ainda temos um longo caminho a trilhar para alcançarmos a plenitude de nossos objetivos. Isso demanda união de todos junto à defesa profissional de nossa associação e trabalho contínuo de qualificação nos serviços universitários e outras instituições de formação de especialistas em Otorrinolaringologia. Dessa forma, certamente atingiremos em definitivo o objetivo do reconhecimento de nossa atuação pela população e colegas de outras especialidades. VOX Otorrino | 27


VOX NEWS

VOX NEWS

Por Carol Herling e Bruno Bernardino | Foto: Toni Escalante

DRA. WILMA ANSELMO LIMA ASSUME A PRESIDÊNCIA DA ABORL-CCF Em seu discurso, a nova presidente destacou a importância do trabalho dos Comitês

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evento de posse da Dra. Wilma Anselmo Lima marcou um momento muito especial na ABORL-CCF: o início da primeira gestão presidida por uma mulher. Mais de uma centena de presentes prestigiaram a solenidade, que contou com a presença das autoridades Dr. Rui Tanigawa, Conselheiro do Conselho Federal de Medicina e Dr. Florentino de Araújo Cardoso Filho, Presidente da Associação Médica Brasileira (AMB). Fizeram uso da palavra o último ex-presidente, Dr. Domingos Tsuji, Dra. Fátima Regina Abreu Alves (representante da Associação Brasileira das Mulheres Médicas), Dr. José Eduardo Lutaif Dolci (ex-presidente da Associação), Dr. Florentino de Araújo e Dr. Rui Tanigawa. Também foi apresentada a nova diretoria executiva de 2017, composta pelo Dr. Márcio Abrahão, Diretor Primeiro Vice-Presidente; Dr. Luiz Ubirajara Sennes, Diretor Segundo Vice-Presidente; Dr. Edwin Tamashiro, Diretor Secretário Geral; Dra. Eulalia Sakano, Diretora Tesoureira; Dr. Edson Ibrahim Mitre, Diretor Secretário Adjunto; Dr. Leonardo Haddad, Diretor Tesoureiro Adjunto; e o assessor Dr. Eduardo Landini Dolci e Dr. Geraldo Druck Santana, assessor do projeto de gestão de qualidade. O discurso da nova presidente destacou principalmente a valorização dos comitês, departamentos e comissões que compõem a Associação, bem como a importância do trabalho segmentado para um bom resultado geral. Dra. Wilma também sinalizou a necessidade de inovar sem perder a continuidade dos trabalhos desenvolvidos nas gestões anteriores, que já traçaram rumos positivos e que são uma base sólida para novos projetos e realizações. No mesmo dia, a ABORL-CCF também sediou o Fórum dos Comitês Permanentes, marcando o início oficial das atividades do ano de 2017. Ao todo, mais de 80 colaboradores dos sete comitês e das academias que compõem a estrutura da Associação participaram do evento. Esse foi o momento no qual a nova composição de cada setor avaliou seu panorama atual e debateu novas ideias. Participaram do evento os Comitês de Comunicação, Defesa Profissional, Educação Médica Continuada, Ética e Disciplina, Eventos, Residência e Dra. Wilma no dia de sua posse, na ABORL-CCF Treinamento e Título de Especialista. 28 | VOX Otorrino


CAMPANHA NACIONAL DA VOZ CHEGA À SUA 19ª EDIÇÃO Evento que celebra o Dia Mundial da Voz promete levar informações e diversão a quatro cidades do país Por Carol Herling

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ano de 2016 foi marcado por uma série de inovações na Campanha Nacional da Voz, importante evento do calendário da Otorrinolaringologia brasileira que celebra, todos os anos, o Dia Mundial da Voz, em 16 de abril. Realizada em conjunto pela Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV) e pela ABORL-CCF, a campanha descentralizou-se no ano passado. Ao invés de focar na tradicional ação em São Paulo (que teve espaço no Parque do Ibirapuera), os organizadores também levaram a campanha para Belo Horizonte (na Praça da Estação) e para o Rio de Janeiro (Praça Mauá), além de realizar uma ação pontual, dois dias antes, em Brasília. Com o slogan Dê voz ao que é bom, os organizadores prometem inovar mais uma vez. Para este ano, será disponibilizado um púlpito com microfone e autofalante em um lugar de grande circulação da capital paulista. A instalação também prevê um totem equipado com câmera de vídeo, para registrar as manifestações espontâneas da população. A ideia é divulgar as mais diferentes vozes nas redes sociais, chamando a atenção para a campanha. “Teremos um karaokê no parque, em que os participantes serão estimulados a postar e compartilhar imagens e vídeos em suas próprias redes sociais. Acreditamos que essa divulgação orgânica atingirá ainda mais pessoas. E, numa tenda próxima, daremos orientações sobre os cuidados com a voz e a importância da prevenção de problemas”, adianta o Dr. Gustavo Korn, coordenador nacional da Campanha da Voz pelo oitavo ano.

Atrações de sucesso prometem conquistar novamente o público Atrelada a essas novidades, a 19° campanha também resgata as ações que fizeram sucesso no ano anterior. Além da laringe inflável gigante, a campanha realizada em São Paulo contou com uma cabine, patrocinada pela medicação Strepsils®, onde os visitantes podiam soltar a voz no karaokê. Outra atração que fez muito sucesso foi a batalha das goelas, comandada por beatboxers. “O público achou bem interessante, e também gostou do grupo de cantores que atraíam os participantes”, comenta Korn. A ideia dos organizadores é despertar o interesse do maior número possível de otorrinos para a iniciativa. “Desejamos que todos se engajem e divulguem a campanha”, conclui.

KITS IMPERDÍVEIS PARA OS ASSOCIADOS Durante o evento, serão disponibilizados kits aos associados da ABORL-CCF e da ABLV, a preço de custo. Abaixo, veja as opções que serão comercializadas: Kit 01: Cinco camisetas, cinco cartazes e um banner – R$ 776,50 Kit 02: 20 camisetas, 10 cartazes, três banners e o inflável (microfone) – R$ 5.233,00 Kit 03: 20 camisetas, 10 cartazes, três banners, o inflável (microfone) e a cabine com karaokê – R$ 17.162,60

Dr. Gustavo Korn, coordenador da Campanha da Voz

Mais informações, contatar Renato Batista pelo número (11) 5053-7504 ou pelo e-mail: academias@ aborlccf.org.br VOX Otorrino | 29


PARCERIA EM PROL DO SOCIAL ABORL-CCF participa do Bem Estar Global oferecendo atendimento gratuito à população de todo o país Por Jéssica Rocha | Fotos: Divulgação

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om o objetivo de oferecer serviços gratuitos à população carente, surgiu em 1991 o Ação Global, iniciativa da Rede Globo em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi). A partir do surgimento do programa de TV Bem Estar, o evento passou a contar com transmissão ao vivo, mudou de nome para Bem Estar Global e passou a contar com o apoio da ABORL-CCF, que leva atendimento otorrinolaringológico a quem precisa. Segundo Renato Batista, funcionário da Associação que participa das ações, a parceria entre o projeto e a instituição começou há dois anos, por meio de um convite da emissora para as maiores associações de classes médicas do Brasil. Desde então, a ABORL-CCF participa de todos os eventos organizados pela Rede Globo – em média, são sete vezes ao ano – e, até o momento, mais de 15 cidades já foram beneficiadas nesses dois anos de parceria. “A carência de saúde nas Regiões Norte e Nordeste faz com que estas sejam as mais procuradas para levar o atendimento, mas o objetivo da iniciativa é que todas as capitais recebam o evento”, explica Renato. A Globo cuida da infraestrutura para os voluntários, oferecendo uma tenda com cadeiras, mesas, ventilador e água para a equipe. Em contrapartida, a ABORL-CCF presta atendimento gratuito à população. Em 2017 o projeto contará com a participação de um coordenador médico fixo, que facilitará a inclusão dos parceiros médicos. “Além de ser uma ação social, é também uma campanha que visa a participação e colaboração de toda a classe otorrinolaringológica, ou seja, através das regionais a ABORL-CCF consegue mobilizar todos os especialistas para estarem mais presentes junto a associação”, avalia Renato Batista. Para ele, isso evidencia que a ABORL-CCF está comprometida com as necessidades e expectativas dos seus associados e com a responsabilidade social, seja trabalhando com as regionais nessas importantes ações ou colaborando na melhoria das condições de saúde da população brasileira.

Participantes são atendidos em ação social em prol do bem-estar da população

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AG E N DA DE EVEN T OS

AGENDA EVENTOS ABORL-CCF

Maio

Março

Academia de Plástica Facial - Pres. Dr. Antônio C. Cedin

31 de março de 2017 Avanço Maxilo-Mandibular para SAOS: passo a passo Coordenação: Departamento de Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial da ABORL-CCF Local: Sede da ABORL-CCF. Auditório Luc Louis Maurice Weckx. Av. Indianópolis, 1.287 – Planalto Paulista, São Paulo (SP) Website: www.aborlccf.org.br E-mail: eventos@aborlccf.org.br Informações: (11) 5053-7502 – procurar por Mônica Lira

04 a 07 de maio de 2017 AAFPRS Advances in Rhinoplasty Coordenação: American Academy of Facial Plastic and Reconstructive Surgery (AAFPRS) Local: Chicago, Estados Unidos Website: http://www.aafprs.org/media/press-release/20170123.html E-mail: Sheila McCrink (Sheila@kelzpr.com) ou Patty Mathews (pattymathews@kelzpr.com) Informações: 646-450-5359 – falar com Sheila McCrink ou Patty Mathew

05 de maio a 07 de Outubro de 2017 IV Curso Extensivo de Formação em Foniatria da ABORL-CCF Coordenação: Dra. Berenice Dias Ramos Local: Sede ABORL - São Paulo – SP Website: www.aborlccf.org.br E-mail: eventos@aborlccf.org.br Informações: (11) 5053-7502 – procurar por Mônica Lira EVENTOS INTERNACIONAIS INDICAÇÃO DAS ACADEMIAS

Academia Brasileira de Laringologia – Pres. Dr. Luciano Neves 19 e 20 de maio de 2017 7° Congreso Latinoamericano de Laringologia y Fonocirurgía Local: Hotel Conrad – Punta del Este Website: http://congresoallf2017.org E-mail: contacto@aslarf.com Informações: (598) 24010534 – Grupo Elis (organizadora)

Abril

Setembro

Academia Brasileira de Otorrinolarinogologia Pediátrica – Pres. Dra. Melissa Avelino

Sociedade Brasileira de Otologia – Pres. Dr. Ricardo Testa

De 06 a 08 de Abril de 2017 1° International Meeting of Pediatric Airway Teams – Inpat: Facing the Challenge Together Coordenação: Sergio Bottero e Michele Torre (presidentes) Local: AUDITORIUM ACQUARIO DI GENOVA - Ponte Spinola Area Porto Antico – Genova Website: http://www.inpat.cisef.org/ E-mail: kristinacosulich@cisef.org Informações: +39 010 5636 2882 Sociedade Brasileira de Otologia – Pres. Dr. Ricardo Testa 27 a 29 de abril de 2017 2nd World Congress On Endoscopic Ear Surgery Local: Palazzo Re Enzo Piazza del Nettuno, 1 - 40124 Bologna - Italy
 Website: http://www.eesworldcongress2017.com/ E-mail: mail@nordestcongressi.it Informações: +39 0432 21391

14 a 15 de setembro de 2017 Endoscopic Ear Surgery And Current Advances In Otology Local: Mineapolis, Estados Unidos Website: https://www.cme.umn.edu/courses-learning-opportunities/endoscopic-ear-surgery-and-current-advances-otology E-mail: cme@umn.edu Informações: 612-626-7600 Academia Brasileira de Rinologia – Pres. Dr. Olavo Mion 08 a 09 de setembro de 2017 2017 American Rhinologic Society at AAO-HNS Coordenação: American Rhinologic Society Local: Chicago, Illinois – Estados Unidos Website: http://www.american-rhinologic.org/ E-mail: international@entnet.org Informações: 845-988-1631 Quer conhecer os eventos apoiados pela ABORL-CCF? Acesse pelo QR CODE:

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ABORL- CCF EM A ÇÃ O

Por dentro do

Comitê de Título de Especialista Prova que é a porta de entrada dos novos otorrinos na especialidade é fruto do trabalho de um grupo numeroso e coeso Por Carol Herling

O

Comitê de Título de Especialista bem poderia se chamar “Comitê de boas-vindas”, pois em linhas bem gerais cabe a este grupo, na prática, certificar os novos otorrinos. Ou melhor, a elaboração do Exame que dará a esses profissionais o “passaporte de entrada” na especialidade. Conceber o Exame de Suficiência para Obtenção do Título de Especialista é tarefa complexa, árdua e executada pelo grupo de trabalho mais numeroso da ABORL-CCF (que conta com 12 membros titulares, mais uma média de 8 a 12 colaboradores voluntários). E como manter a ordem em um cenário com tantas pessoas com poder de decisão? “É tudo meio a meio. Tanto os membros titulares quanto os colaboradores têm vez e voz em nossas reuniões. Também é importante destacar que esse Comitê preza pela continuidade, com uma média de permanência de seis anos, que é o máximo, na titularidade. O processo se simplifica porque as pessoas já conhecem umas às outras e a dinâmica do trabalho”, elucida o Dr. Fernando Danelon Leonhardt, presidente do Comitê. Segundo o Dr. Fernando Veiga Angélico Jr., que antecedeu o Dr. Fernando Danelon Leonhardt na presidência 32 | VOX Otorrino

do grupo, as atribuições de quem participa do Comitê de Título de Especialista vão além dos cuidados na elaboração do Exame. “No meu caso, ter exercido o cargo de presidente me levou a aprimorar meus conhecimentos e experiência na elaboração de exames para avaliação de médicos, além de aumentar a experiência na coordenação de equipe voltada para tal fim. Também tive a oportunidade de me inteirar, aprofundar e aprimorar nas áreas administrativas, de gestão, políticas e jurídicas envolvidas na elaboração e aplicação das duas avaliações sob responsabilidade deste Comitê”, lista. Em sua opinião, o Comitê agrega valor à ABORL-CCF ao certificar os especialistas aptos a exercerem sua atividade profissional no Brasil: “O maior ‘bem’ que qualquer Otorrinolaringologista possui é o seu título de especialista, pois só de sua posse é possível realizar um trabalho sério, técnico, justo, transparente e coerente com a realidade da especialidade. Isso reflete positivamente na seriedade e consciência que a ABORL-CCF tem com a qualidade do atendimento da população que necessita de cuidados otorrinolaringológicos”, defende.


PRESIDENTE Fernando Danelon Leonhardt (SP)

SECRETÁRIO Rodrigo de Paiva Tangerina (SP)

MEMBROS:

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EX-PRESIDENTES 2015/2016 – Fernando Veiga Angélico Jr. 2013/2014 – Leonardo Haddad 2011/2012 – Reginaldo Raimundo Fujita 2005/2010 – Marcus Miranda Lessa

Bruno de Resende Pinna (SP)

1999/2000/2001/2003/2004 – Ney Penteado de Castro Jr.

Fernando Veiga Angelico Jr. (SP)

2002 – Dr. Clemente Isnard Ribeiro de Almeida

Ana Cristina Kfouri Camargo (SP)

Guilherme Carvalho de Almeida (SP) Jose Fernando Polanski (PR) Jose Ricardo Gurgel Testa (SP) Paula Angelica Lorenzon Silveira (SP) Rita de Cassia Soler (SP) Roberto Miquelino de Oliveira Beck (SP) Rodolfo Alexander Scalia (SP)

COLABORADORES: Bruno Borges de Carvalho Barros Caio Barbosa Campanholo Carlos Eduardo Borges Rezende Cleonice Hitomi Watashi Hirata Luiz Antonio Prata de Figueiredo Paula Ribeiro Lopes Renata Lopes Mori Renata Ribeiro de M. Pilan Renato Prescinotto Rodrigo Cesar Silva Romualdo Suzano Louzeiro Tiago

DISTRITAL/NORDESTE: Adriano Sergio Freire Meira (PB)

Elaboração do Exame requer avaliação criteriosa Pelas regras estatutárias, existe uma renovação dos integrantes a cada dois anos. A cada troca sai, de forma compulsória ou por decisão própria, pelo menos um terço dos membros. No dia a dia do grupo, todos são convocados para as reuniões – e é a partir desses encontros que

se decide como será o Exame do Título de Especialista. “Desde o mandato do Dr. Marcus Lessa a prova vem se tornando mais homogênea, até o formato que conhecemos hoje, totalmente informatizado e que gera poucos ajustes. O grande desafio é elaborar as questões, dentro de cada uma das subespecialidades, sempre seguindo o tratado da ABORL-CCF e as bibliografias selecionadas”, esclarece o presidente. “No começo de cada ano de trabalho discutimos a forma, e só depois as questões em si. Fazemos um balanço, nos meses de abril e maio, ou seja, logo após a aplicação do Exame, sobre o que foi feito, o que aconteceu, o que precisa mudar e se vamos introduzir alguma novidade. Acertado o modelo, elaboramos as questões para finalizar o Exame no modelo escolhido”, completa. A média histórica de aprovação, segundo o presidente, está entre 70% e 80%. Para a avaliação deste ano, teremos uma prova teórica, com 80 questões-testes e a prova prática, com 8 ou 9 questões, sendo uma de cada área. As cinco principais academias estarão representadas, assim como alguns departamentos. Vale lembrar que para prestar o Exame existem pré-requisitos: mínimo de três anos de formado em Medicina; posse de registro no Conselho Regional de Medicina (CRM); e especialização (com duração mínima de três anos, de forma integral nos serviços reconhecidos pela ABORL-CCF, ou três anos em serviço de residência credenciado pelo MEC ou ainda experiência comprovada de atuação na área por, no mínimo, seis anos). “O Exame é feito para avaliar se a pessoa tem segurança para exercer as atividades da especialidade, com autoridade e propriedade. Não é para restringir o mercado, e sim para dar confiança. Desejamos boa sorte a todos os candidatos que vão prestar o Exame”, assegura o Dr. Fernando Danelon Leonhardt. VOX Otorrino | 33


GESTÃO EM PR Á TICA

Dr. Edson Gonçalves Primo Dr. Vinicius de Faria Gignon

Hospital Regional Público da

Transamazônica Foco no atendimento humanizado, priorizando qualidade, segurança e saúde por Luan Sicchierolli | Fotos: divulgação

E

m dezembro de 2006, na região de Altamira, sudoeste do Pará, foi inaugurado o Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT). Em sua concepção, a instituição foi pensada para proporcionar um tratamento de alta e média complexidades, humanizado e com qualidade, atendendo ao usuário referenciado no Sistema Único de Saúde (SUS). O HRTP possui este compromisso até hoje. O hospital atende cerca de 500 mil habitantes dos nove municípios que fazem parte da Região de Integração do Xingu (Altamira, Anapu, Brasil Novo, Medicilândia, Pacajá, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu). Além disso, a unidade possui atendimento de urgência e emergência e serviço de hemodiálise – sendo a única da região a oferecer tal serviço. De acordo com o diretor-geral do HRPT, Dr. Edson Gonçalves Primo, o Hospital Regional Público da Transamazônica nasceu devido à necessidade de ampliar a assistência em saúde para a população que vivia na região. “A região da Transamazônica/Xingu é de difícil acesso. Com isso, havia o isolamento da população, e o Governo 34 | VOX Otorrino

do Estado viu a necessidade de ampliar a assistência em saúde, decidindo regionalizar o atendimento. A ideia foi do então governador do Pará, Simão Jatene, que está novamente no comando do Estado. Na época, ele entendeu que para sanar os vazios assistenciais, precisava democratizar o acesso à saúde no estado, por meio da criação, construção e implantação dos hospitais regionais. O governador interiorizou a saúde, o que permitiu que as comunidades, que estavam distantes dos grandes centros, tivessem acesso à saúde pública e ao atendimento médico de que precisavam”, conta o diretor. Na instituição, o paciente encontra atendimento em mais de 20 especialidades médicas, além de 16 tipos de serviços de diagnóstico e tratamento. Ainda, o HRPT é habilitado como Unidade de Atenção Especializada em Traumato-Ortopedia, Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Nefrologia e Terapia Nutricional, Unidade de Terapia Intensiva II – Adulto, Neonatal e Pediátrica e cuidados intermediários, o que permite que as mães fiquem mais tempo com os filhos e promove o aleitamento materno.


O Momento Psiu é uma prática humanizada que consiste em uma hora (em cada turno de trabalho) de descanso para o bebê. As luzes da UTI são reduzidas e nenhum profissional deve tocar no bebê (salvo exceções). Durante essa hora, os bebês apresentam estado de quietude, diminuição da frequência respiratória e estabilização da frequência cardíaca. Isso faz com que eles repousem e promove desenvolvimento neurológico.

Hoje, a unidade possui 626 profissionais, entre eles 60 médicos, para tratar a população da região da Transamazônica/Xingu. Somente no ano passado, o hospital contabilizou um total de 3.297 internações, 4.437 atendimentos de urgência, 3.617 cirurgias, 280 mil exames e 28 mil consultas. Foi no mesmo ano, também, que a instituição recebeu o ONA 3, que é o maior nível de acreditação certificado a um hospital e que representa excelência em gestão, o que garante a segurança e a qualidade do atendimento prestado pelo hospital à população.

Os diferenciais Os funcionários do HRPT participam continuamente do programa de qualificação e atualização profissional promovido pelo próprio hospital. Nele, treinamentos, palestras e capacitações diversas acontecem mensalmente. Com isso, os colaboradores estarão

Números do HRPT em 10 anos de existência 2.675.885 atendimentos 28.654 internações 22.855 cirurgias 2.045.500 exames 224.399 atendimentos ambulatoriais 86.446 sessões de hemodiálise 99,15% de satisfação do usuário Estrutura do Hospital Regional Público da Transamazônica 97 leitos, sendo 19 de UTI 4 berçários de alto risco 11 leitos de pronto-socorro 4 salas no centro cirúrgico 21 máquinas de hemodiálise

preparados para exercerem suas funções de forma cada vez mais orientada e segura. Conforme comenta o Dr. Edson, outra característica do hospital é a humanização do tratamento ao paciente. Para fomentar isso, a unidade possui uma Comissão de Humanização que desenvolve projetos em datas especiais e executa várias atividades permanentes, tais como: manutenção de uma brinquedoteca para as crianças; servir cardápios diferenciados, de acordo com o gosto dos pacientes, por meio de pesquisa diária; Grupo de Atenção Materno Infantil (Gami), que desenvolve atividades nas UTIs Neonatal e Pediátrica, como o “Momento Psiu”, que reserva horas do dia para o sono dos bebês em recuperação, e que requer que nenhum barulho aconteça nessas unidades de internação. A equipe da terapia ocupacional realiza trabalhos com as mães dos bebês internados e com os pacientes de longa permanência; atendimento psicológico com todos os pacientes internados, na admissão, e nos pacientes de longa permanência. A unidade também promove a musicoterapia, em parceria com o Exército Brasileiro, para amenizar o estresse do ambiente hospitalar. E oferece o programa Visita Virtual, no qual amigos e familiares podem visitar, pela internet, pacientes que estão em recuperação.

Setor de Otorrinolaringologia A área de Otorrinolaringologia do Hospital Regional Público da Transamazônica conta com dois profissionais que cuidam desde o acompanhamento ambulatorial até os procedimentos cirúrgicos. Em 2016, 630 consultas e 100 cirurgias foram realizadas no setor. Segundo o coordenador da área de Otorrinolaringologia, Dr. Vinicius de Faria Gignon, os mais variados procedimentos clínicos e cirúrgicos são realizados na instituição, com exceção de casos mais complexos, que são encaminhados para Belém. O especialista também conta que mais de 1.000 paraenses foram operados na especialidade de janeiro de 2010, período em que começou a atuar no hospital, até hoje. Também foram realizadas 4.310 consultas ambulatoriais. Gignon ainda comenta sobre sua experiência de trabalhar na região Transamazônica. “É muito bom levar saúde para uma região tão carente e isolada como a Transamazônica. Melhor ainda é trabalhar em um serviço que funciona e tem uma equipe médica muito boa, assim como uma boa estrutura de centro cirúrgica, UTI e internação. Então, não é à toa que estou trabalhando há seis anos nessa região e estou bastante satisfeito com o que eu encontro lá. É muito gratificante saber que você está levando saúde para quem realmente precisa e em uma região bastante carente de especialistas”, declara. VOX Otorrino | 35


CONDUTA MÉD ICA

TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE

CONTRATUALIZAÇÃO Entenda o que diz a lei que rege os contratos e a delicada relação entre prestadores de saúde e as operadoras Por Bruno Bernardino

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A

lei 13.003/2014 é o instrumento que rege a contratualização entre os prestadores de saúde e as operadoras. Em vigor desde 22 de dezembro de 2014, a lei 13.003/14 é um acréscimo à anterior lei 9.656/1998, alterando o artigo 17 da mesma e tornando a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a responsável por definir o índice de reajuste para os prestadores de serviços, além de outras importantes questões que ainda geram incertezas aos otorrinolaringologistas. Com objetivo de esclarecer as principais dúvidas dos associados sobre o tema contratualização, o Departamento Jurídico e o Comitê de Defesa Profissional da ABORL-CCF prepararam um especial com as principais perguntas e respostas sobre o tema. Confira e esclareça as suas questões.

O que é contratualização? Contratualização é a relação contratual que visa manter o equilíbrio entre os interesses de prestadores de serviços médicos e das operadoras de planos de saúde. É regulamentada pela lei 13.003/2014, que modifica a lei 9656/1998 e as Resoluções ANS nº 363/2014, 364/2014 e 365/2014 e as Instruções Normativas ANS nº 056/2014 e 061/2015 e que torna obrigatória a existência de um contrato escrito entre operadoras e seus prestadores de serviços.

Todos os prestadores e operadoras devem firmar contratos? Sim. A partir da lei nº 13.003/2014, as relações entre operadoras de planos de saúde e prestadores de serviço são reguladas por contrato escrito e formal, mantendo, assim, o equilíbrio e a estabilidade dos direitos, obrigações e deveres entre as partes. A lei surgiu para reforçar a importância dos contratos escritos e garantir ao consumidor a assistência contratada, e as operadoras de planos de saúde que descumprirem a norma e não adotarem contratos formais estarão sujeitas às penalidades da lei, e podem ser multadas pela ANS.

a) Objeto do contrato: prestação de serviços médico-assistenciais, ou médico de diagnóstico, ou hospitalares; b) Vigência do contrato; c) Descrição de todos os serviços contratados; d) Definição de valores; e) Critérios e forma de reajuste; f ) Periodicidade do reajuste; g) Prazos e procedimentos para faturamento e pagamento dos serviços; h) Rotina de auditoria; i) Penalidades para as partes pelo não cumprimento das obrigações.

Como deve ser feito o contrato? O contrato deve estabelecer de forma clara e objetiva todas as condições para sua execução, descritas em cláusulas específicas, necessárias para definir direitos, deveres, obrigações e responsabilidades entre operadoras de planos de saúde e prestadores de serviços. O contrato deve estabelecer:

Qual é a periodicidade do reajuste? Segundo a lei, a periodicidade do reajuste será anual, negociada até dia 31 de março de cada ano e aplicada no dia do aniversário do contrato. VOX Otorrino | 37


CONDUTA MÉD ICA

cumprimento de critérios de qualidade. O FQ deverá ser aplicado ao IPCA, aos contratos entre os prestadores de serviços de saúde e às operadoras de planos privados de assistência à saúde, quando há previsão de livre negociação entre as partes e como única forma de reajuste. Não há acordo após a negociação nos primeiros noventa dias do ano. O FQ poderá ser de 105%, 100% ou 85% do IPCA a depender do cumprimento dos requisitos de qualidade e de acordo com a nota técnica nº 45/2016 da ANS: * Nível A – 105% do IPCA: 1. O profissional deverá ter um dos seguintes títulos de formação profissional/acadêmica: (residência/Título de Especialista/pós-graduação lato sensu ou stricto sensu); 2. O profissional deverá responder ao questionário sobre qualidade disponível no Portal de sua entidade representativa; 3. O profissional deverá assistir ao vídeo “Cuidado centrado no paciente”, disponível em <http:// proqualis.net/video/video-sobre-cuidado-centrado-na-pessoa>.

É permitido o fracionamento de índice de reajuste do contrato? Não. A ANS determina que, se até o aniversário do contrato não houver a livre negociação entre as partes, o reajuste a ser aplicado será o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo/Integral), sendo expressamente vedada qualquer condição que vise o fracionamento do índice já pacificado pela ANS, sob as penas da lei. Esse entendimento é corroborado tanto pela AMB quanto pelo CFM: “O IPCA a ser aplicado deve corresponder ao valor acumulado nos 12 meses anteriores à data de aniversário do contrato escrito, considerando a última competência divulgada oficialmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”.

O que é o Fator de Qualidade? De acordo com a nota explicativa expedida pela AMB, o Fator de Qualidade (FQ) é o percentual aplicado ao índice de reajuste anual dos prestadores de serviços de saúde, estabelecido pela ANS (IPCA) nos casos previstos na RN nº 364/2014, condicionado ao 38 | VOX Otorrino

* Nível B – 100% do IPCA: 1. O profissional deverá responder ao questionário sobre qualidade disponível no Portal de sua entidade representativa; 2. O profissional deverá assistir ao vídeo “Cuidado centrado no paciente”, disponível em <http://proqualis.net/video/video-sobre-cuidado-centrado-na-pessoa>. * 85% do IPCA: Para aqueles que não atenderem os requisitos dos níveis A ou B: Os critérios de qualidade serão revisados anualmente, podendo-se excluir, alterar ou incluir novos parâmetros para o fator de qualidade. Já os critérios para aplicação do fator de qualidade são resultado de uma ampla discussão entre AMB, CFM, Sociedades de Especialidades Médicas e Associação de Proteção ao Paciente em parceria com a ANS, e podem ser consultados na integra no link <http://www.ans.gov.br/images/stories/ prestadores/contrato/nota_tecnica_45.pdf>.


Q UAL I DADE DE V I DA

COM A ORL NA VEIA

E O ROCK’N’ROLL NO CORAÇÃO Dr. Raul Zanini alterna rotina de consultas e cirurgias com ensaios e apresentações da banda CRM 7, da qual é vocalista

Dr. Raul Zanini

Por Carol Herling | Foto: divulgação

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udo começou há 10 anos como uma “curtição” de amigos médicos que queriam fazer algo divertido nos momentos de folga. Surgia a banda DayOff , que, nas palavras de seu vocalista, o Dr. Raul Zanini, “Era o momento out de curtição e de fazer arte”. Só que o ritmo dos ensaios – o grupo se reúne pelo menos uma vez por semana – mostrou que eles tinham potencial e criatividade para levar a banda a sério, com direito a covers quentes, músicas autorais que “grudam” nos ouvidos de quem as escuta e apresentações bem frequentadas nos mais descolados templos do rock paulistano. “Antes da banda, eu e os demais integrantes tínhamos em comum o fato de trabalharmos no Departamento de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina do ABC. Um dia, em pleno hospital, um colega foi falando com o outro, e assim nos “juntamos”, conta. A formação inicial era de quatro integrantes, todos otorrinolaringologistas. Contudo, após algumas modificações, a banda foi se desenvolvendo, até chegar na formação atual. “Agora estamos mais maduros. Quando a coisa ficou séria, tivemos que trocar de nome, pois o ‘DayOff ’ já estava registrado. Então, pensamos em algo que tivesse a ver com a nossa profissão e com o momento em que tudo começou. Foi assim que chegamos à CRM7. Não temos empresário e somos diversão pura levada a sério”, revela. Com exceção do baixista, que no momento é músico profissional, os demais membros da banda – Dr. Renato Prescinotto e Dr. Leonardo Aluízio, que tocam guitarra, e Dr. Rodrigo Santos, o baterista – também são otorrinos. Apesar de a Medicina ser a prioridade, a banda ensaia com profissionalismo, e as apresentações são levadas muito a sério. “Temos que fazer algo que agrade ao público, mas também a nós. Procuramos levar um repertório de pop-rock e rock que agrade a todos. O público para o qual a gente toca, que na verdade tem muitos amigos médicos,

sempre pede covers de bandas como The Killers, que tem músicas mais dançantes, fazendo o gosto das mulheres, Led Zeppelin para os mais clássicos, e canções de bandas mais ‘recentes’, como Arctic Monkeys e Franz Ferdinand, que agradam aos residentes e aos mais jovens”, elenca. A CRM 7 é presença frequente nas casas Tonton, Blackmore e Skull Bar, e toca entre 25 e 30 músicas por show. A maioria das músicas próprias foi composta pelo Dr. Raul, que é o letrista, e duas receberam melodia de sua autoria. E ele tem bagagem para tanto – afinal, fez aulas de música e canto. Mas, e de onde veio a vontade de ser vocalista? “Sempre pratiquei esportes e era goleiro de futebol. Como cirurgião, chegou o momento em que eu priorizei as minhas mãos, que são o meu instrumento de trabalho. Com o ‘vazio’ que tive estando fora das competições, surgiu o gosto pela arte e quis me desenvolver mais. Fiz o Conservatório de Música e encontrei na música algo que preencheu esse vazio”, lembra. Estar no palco, é, em suas palavras, algo “louco”: “É mágico, é fazer arte da melhor forma, e me gera prazer”. Engana-se quem pensa que o Dr. Raul Zanini está totalmente realizado como músico. “Seria sensacional tocar em um congresso. Se tivermos um convite, podem ter a certeza que vamos preparar um repertório TOP, ensaiar com afinco, divertir as pessoas e, assim, realizar esse sonho. Tem muita coisa legal que a gente pode fazer, fica aí a dica para os realizadores do 47° CBO”, avisa. E se algum colega gritar “Toca Raul!”, não haverá problema. “Temos sempre na manga uma música ensaiada para atender ao público nesse momento”, diverte-se. Acesse e ouça as músicas do álbum Primeira Lei, CD de estreia da banda CRM7, no QR Code ao lado. VOX Otorrino | 39


EDUCAÇÃO MÉ D ICA CO NTINU A D A - CA S O S C L Í N I C O S

CASO CLÍNICO 1 • F. S. S., 22 a, masculino, natural e procedente de São Paulo (SP). • QD: lesões em lábio e boca há 5 dias. • HMA: há 7 dias, refere quadro de obstrução nasal, dor de garganta e febre baixa. Há 5 dias, iniciou lesões orais e em lábios após uso de medicações sintomáticas. As lesões são dolorosas. Há 4 dias, refere lesões em membros superiores e região genital. • AP: ndn. • Exame físico: crostas e exulcerações em toda a cavidade oral, principalmente em lábios. • Doença de curso agudo que ocorre por necrose devido a depósito de imuno-complexos (IgM). A maior prevalência ocorre em homens na 3ª década de vida. A principal causa é reação a medicamentos (anti-inflamatórios e anticonvulsivantes), mas pode ocorrer também devido à infecção por herpes vírus. A doença é mucocutânea e acomete mucosas oral e genital. O diagnóstico é baseado em quadro clínico e biópsia. A biópsia é realizada para afastar outras doenças vésico-bolhosas que têm como diagnóstico diferencial o eritema multiforme, por exemplo: pênfigo vulgar. O tratamento é baseado na suspensão da droga que desencadeou o quadro e uso de corticoides. Nos casos de recorrência, devemos utilizar o aciclovir para tratamento. • Diagnóstico Diferencial: Pênfigo vulgar: bolhas intra-epidérmicas superficiais que se rompem facilmente. É mais comum ver erosões e ulcerações em pele (cabelo, tronco e extremidades) e mucosa (oral quase sempre). Encontradas em pessoas de 50 a 60 anos. Remissões e exacerbações são frequentes. É característico o sinal de Nikolsky, um achado cutâneo em que as camadas superiores da pele se separam das inferiores quando há uma ligeira fricção. • Stevens-Johnson: a lesão típica é em alvo. Normalmente são mais planas e com maior presença de máculas. Ao contrário do eritema multiforme (extremidades e face), acomete mais o tronco ou é generalizada. O comprometimento de mucosa apresenta um maior número de locais e a etiologia é mais relacionada a reações alérgicas a drogas (eritema multiforme, infecções).

CASO CLÍNICO 2 • C. A. S. S., 45 anos, feminino, natural de Porto Alegre (RS) e procedente de São Paulo (SP). • QD: lesão oral há 10 anos. • HMA: Refere lesões em assoalho de boca, indolores, não sangrantes e sem crescimento progressivo há mais de 10 anos. As lesões foram encontradas como achado de exame físico. Nega outras lesões. • Ao exame físico, observamos protuberâncias endurecidas em assoalho de boca em contato com a mandíbula. • HD: tórus mandibular. O tórus é um crescimento ósseo que pode ocorrer em palato (mais frequente) ou mandíbula, em geral é assintomático. • Outras lesões assintomáticas na cavidade oral são: linha alba, mucosa mordiscada, pigmentação racial, grânulos de Fordyce.

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Arquivo do grupo de Estomatologia da divisão de Otorrinolaringologia do HC-FMUSP

• HD: eritema multiforme.


NOTÍCIAS DA EMC Novo Portal da Educação Médica Continuada Todo os novos conteúdos da EMC e aqueles já disponíveis no site da ABORL-CCF estarão on-line em um portal especialmente planejado para facilitar a navegação. O portal também será um canal para divulgação das atividades de EMC e uma plataforma EAD (Educação a Distância) para cursos. Os primeiros serão o de Atualização e o de polissonografia, que se tornará semipresencial. O acesso de todo o conteúdo de EMC da ABORL-CCF estará a um clique dos associados, em computadores de mesa e dispositivos móveis , com todos os conteúdos facilmente encontrados por meio de ferramentas de busca. O Curso de atualização UP! abordará todos os temas da Otorrinolaringologia e será promovido pela EMC a partir do mês de março. A proposta é apontar os conteúdos básicos e o que há de mais novo em cada assunto. Serão aulas de 20 minutos, acompanhadas de uma pauta de apoio com condutas e algoritmos para melhorar a prática diária nos consultórios. As informações sobre a programação estão disponíveis no Portal da EMC.

OrlTube é um portal de compartilhamento de vídeo, de acesso exclusivo para os associados da ABORL-CCF, que permitirá uma fácil interação entre os usuários. Idealizado na gestão do Prof. Dr. Sady Selaimen, o ambiente virtual permitirá a apresentação de técnicas e táticas cirúrgicas, demonstração de exames clínicos e complementares, manobras terapêuticas e divulgação de inovações em técnicas cirúrgicas e tecnologias comprovadas cientificamente.

Concurso OrlTube A fim de dinamizar o uso da plataforma, a ABORL-CCF idealizou um concurso baseado no compartilhamento de vídeos de cirurgias. As gravações deverão ser postadas pelo associado diretamente no OrlTube. Todos os vídeos serão publicados e aquele que receber a maior quantidade de curtidas será premiado. Os vídeos poderão ser submetidos ao portal entre os dias 1° de março e 31 de abril de 2017 e o vídeo mais curtido, entre os dias 1° de maio e 30 de junho, será o vencedor. A premiação será de R$1.000,00. Contamos com a sua participação para o compartilhamento de vídeos. Mais informações em: <http://www.orltube.org.br/>.

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HumORL

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