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Curso de 1948/1955 Romagem dos 70 Anos de Entrada

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Foi há 100 Anos A Monarquia do Norte

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ficial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.

Regressado à Metrópole, como a vida de quartel não o satisfizesse, pediu licença para servir na Legião Estrangeira espanhola. Em 8 de Novembro de 1893 partiu para Melilla, a tempo de participar nos últimos combates da Guerra do Rif (1893–1894), onde se distinguiu por valentia, sendo condecorado com a medalha espanhola de Mérito Militar. No regresso a Lisboa, foi de novo colocado em Artilharia 1.

Ainda nesse ano, António Enes, recém-nomeado Comissário Régio em Moçambique, convidou-o para ser seu ajudante de campo. Paiva Couceiro desembarcou em Lourenço Marques a 18 de Janeiro de 1895, a tempo de participar nas campanhas militares contra Gungunhana, o mais importante chefe tribal do Sul de Moçambique. Notabilizou-se particularmente em dois combates: em Marracuene liderou a reacção que expulsou do quadrado defensivo português os insurrectos que aí haviam penetrado – uma acção que lhe valeu a elevação a cavaleiro da Ordem de São Bento de Avis; e em Magul, onde foi ferido. Neste combate, travado a 8 de Setembro de 1895, Couceiro portou-se por forma a merecer do comissário régio António Enes a seguinte declaração: “Há-de ver-se que a vitória de Magul perdeu o Gungunhana; a derrota perderia, provavelmente, o distrito de Lourenço Marques. Se não fora Paiva Couceiro, provavelmente, lamentaríamos ainda hoje tamanha desgraça.”1

Concluídas as operações de pacificação e preso e deportado Gungunhana, Paiva Couceiro regressou a Lisboa em Dezembro de 1895, sendo “(…) proclamado Benemérito da Pátria, por decisão unânime das Cortes, como reconhe-

Henrique Mitchell de Paiva Cabral Couceiro

cimento pela apreensão de Gungunhana, e feito Comendador da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, com uma pensão anual de 500$000 réis, que de resto nunca recebeu durante a República. Foi o primeiro e provavelmente o único oficial Português a ser agraciado, até hoje, com três graus da Ordem Militar

da Torre e Espada, do Valor, Lealdade

e Mérito. Mas as honrarias não se ficaram por aí: foi nomeado ajudante-de-campo honorário do rei D. Carlos I (…). Era oficialmente um herói e um Benemérito da Pátria. (…)”2

Anos mais tarde, decidiu dedicar-se à política. Candidato pelo Partido Regenerador-Liberal nas eleições gerais de 19 de Agosto de 1906, foi eleito deputado às Cortes para a legislatura de 1906 e 1907. No Parlamento foi vogal da Comissão Parlamentar do Ultramar (1906), vogal da Comissão Parlamentar de Administração Pública (1906-1907) e vogal da Comissão Parlamentar da Guerra (1906-1907). Notabilizou-se ainda como administrador colonial em Angola – onde exerceu funções de Governador-Geral entre 24 de Maio de 1907 e 22 de Julho de 1909, realizando um vasto plano de obras de fomento e comandando as campanhas militares de pacificação no Cuamato e nos Dembos.

Regressado à Metrópole em Junho de 1909, recebeu o comando do Grupo de Artilharia a Cavalo de Queluz, mantendo-se afastado da vida pública até Julho de 1910, quando publicou no jornal O Correio da Manhã uma carta apelando à contra-revolução para salvar a Monarquia. Em 5 de Outubro de 1910 foi um dos poucos monárquicos decididos a defender a Monarquia de armas na mão, tendo ordenado à sua artilharia, instalada no Torel, que fizesse fogo sobre o acampamento republicano da Rotunda e o Parque Eduardo VII. Não conseguiu, contudo, evitar a implantação da República.

Em Maio de 1911, inconformado com a situação, Paiva Couceiro foi ao Ministério da Guerra demitir-se do Exército. Na ocasião entregou a espada, dizendo: «Entrego a minha demissão e saio do País para conspirar. Prendam-me se quiserem». Ninguém ousou prendê-lo.

Foi para a Galiza, onde conspirou repetidamente contra a República, tendo inspirado as mal-sucedidas incursões monárquicas. A 4 de Outubro de 1911 as suas tropas entraram em Portugal, tomando Chaves e hasteando a bandeira azul e branca em Vinhais; três dias mais tarde, derrotadas pelas forças republicanas, as tropas monárquicas voltaram para a Galiza. A 6 de Julho de 1912 ocorreu nova incursão, sendo as

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