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Antigos Alunos nas Artes e nas Letras

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Retificações

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Homenagem a Myre Dores (47/1942)

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Myre Dores (47/1942) (5º a partir da esquerda) com os seus ratas.

O António Helder Sena e Silva que nos últimos anos era o «logístico» dos almoços na Feitoria, várias vezes, também, «deu boleia» ao Zé Myre Dores e muitas vezes conversou com ele e testemunha a gentileza, simpatia e simplicidade dele, o seu amor ao Colégio, ao convívio com os Antigos Alunos e a retidão sobre os assuntos do País. O Pedro Lagido que muitas vezes acompanhava o «logístico», nas idas para a Feitoria, e também se encontrava com o Zé Maria com quem falava de muitos assuntos, como a sua grande experiência profissional em Angola, confirmando também Luís Mendes de Almeida, o interesse do Zé Maria pela ação renovadora do Papa Francisco e sobre este assunto também conversaram. Manuel Barão da Cunha. que era membro da equipe redatorial da revista do Colégio, desse tempo, como já nos contou em artigo anterior da Zacatraz, retirou do seu arquivo pessoal o discurso que o Zé Maria, como Comandante de Batalhão, em 1948, dirigiu aos «ratas» e que aqui transcrevemos:

«Ratas de 1948/49! São unicamente para vós as palavras que vou proferir. Palavras simples e sinceras, elas são o 1.º contacto entre “velhos” e novos alunos; espero que lhes darei a atenção que o seu significado vos deve merecer. Depois de deverdes experimentado terrível ansiedade de terdes passado as difíceis provas de inspeção médica e do exame mental, fostes considerados aptos a serdes alunos do Colégio Militar; e, por isso, estais hoje aqui, nestes velhos claustros, tomando parte pela 1.ª vez na formatura do Batalhão Colegial. Amanhã começareis uma vida diferente. Muito podereis brincar; muitas partidas podereis fazer uns aos outros e muito tempo despendereis a preencher os vossos calistos. Mas é preciso saber-se dividir o tempo; e não é só para brincar que se é “Menino da Luz”. O Colégio Militar tem 145 anos. É já um “velhinho”, como vedes… Mas é um “velhinho” desempenado e altivo, ano a ano remoçado, que traçou um caminho, do qual nunca se desviou: o caminho de Bem Servir. E, por isso, ele pode rever-se num passado limpo e brilhante. Tem a sua história que, em breve, ireis aprender de cor; ostenta bem alto uma bandeira galardoada com as mais nobres condecorações; os seus filhos constituem o seu máximo orgulho e a sua única razão de existir; eles souberam dignificá-lo e sempre aqui voltam; muitos podeis ver hoje nos claustros para lhe render o preito da sua homenagem e da sua gratidão. Bem depressa ireis saber, também, os nomes dos seus filhos que mais se distinguiram e aos quais alguns de vós ireis pertencer, talvez, um dia.

Para que possais vingar facilmente, aqui encontrareis as melhores ajudas:

Homenagem a Myre Dores (47/1942)

da parte da Exma Direção, que tem a preocupação constante de velar por todos nós e de nos guiar no bom caminho; dos vossos professores e oficiais, sempre bem-dispostos a ministrar-vos ensinamentos que vos tornarão, mais tarde, cidadãos úteis; e de todos nós, alunos mais velhos, que estamos prontos a enlaçar-vos na nossa camaradagem.

E agora, num abraço tradicional que vou dar a um de vós, quero que sintais bem os desejos que nos vão na alma de sermos para vós como irmãos, sempre prontos a ajudar-vos, a aconselhar-vos e a dar-vos o melhor exemplo: aquele que sempre nos habituámos a receber dos camaradas mais velhos.

Em nome de todos os alunos deste Colégio, envio-vos a nossa melhor saudação: sede bem-vindos ao Colégio Militar.»

O Manuel Barão da Cunha, durante vários anos, oferecia uma «sardinhada», a ex-alunos e a outros amigos, na sua casa da Costa da Caparica, muita apreciadas, tendo convidado o Zé Maria, que não gostava de sardinhas e por isso comia carapaus, muitas conversas ocorreram, em que o Zé Maria demonstrava, naturalmente, o seu carácter e a sua sabedoria. Manuel Barão da Cunha sentiu-se muito tocado por uma frase do Zé Maria: «Não divido as pessoas como sendo de “direita” ou de “esquerda”, mas, sim, se estão atentas aos outros, ou não…»…

E o José Maria Myre Dores era uma pessoa atenta aos outros, como, felizmente, outros camaradas colegiais.

3- EM MEMÓRIA DOS QUE JÁ NOS DEIXARAM E MUITO CONTRIBUÍRAM PARA O CONVÍVIO DE ANTIGOS ALUNOS NA FEITORIA:

Estes convívios iniciaram-se nos anos 1990 pela iniciativa do Luís Dias Antunes (221/1948), já falecido, mas depois ocorreu um interregno e recomeçaram em 2005, os Antigos Alunos que para tal contribuíram e já nos deixaram, são os seguintes: Carlos Mello e Mota (48/1945), José Francisco Pereira da Rosa (280/1949), Eduardo N. Rodrigues (278/1947), Tito Lívio Esteves Xavier (335/1947). Mais recentemente também nos deixou o António Francisco Marquilhas (67/1944). De todos expressamos a nossa saudade e homenagem sinceras que se adicionam à que já está em lápides na Feitoria.

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