Corneta
do
Diabo Aparato na Capital
A Rainha do ChĂĄ
A ignorância sempre por perto
As mulheres de Coimbra
N
estes últimos dias tenho reparado que o sedutor Carlos da Maia faz furor por onde passa, mas o pobre rapaz não tem sorte nenhuma, talvez pelos gostos extravagantes que revela. A vida boémia em Coimbra terminou mesmo a tempo, já que quase desfez um lar por causa da paixão pela Hermengarda, casada com um funcionário do governo civil. Felizmente foi só quase… Agora é vê-lo a fugir da praga que não o larga, ou será a égua inglesa?
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Continuam as aventuras, mas desta vez luso-brasileiras…
E
sta senhora é a mais chique a valer de Lisboa, dando a perceber que é casada com um brasileiro também muito tapado ou então é tudo propositado. Mesmo assim temos de o avisar que a santinha deixou de ser santa e que recebe nos Olivais só porque se preocupa em demasia com a governanta.
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A Rainha do Chá
C
omo já referimos em notícias em anteriores, o Conde Gouvarinho continua a não dedicar muito tempo à sua linda esposa, com muita tristeza dela… Só lhe resta consolar-se noutros braços. O seu mais recente amigo é o famoso médico de Lisboa, o Exmo. Senhor Carlos da Maia, que muito tem gastado tinta neste jornal ultimamente… No final tudo acaba em bem, já que o Conde Gouvarinho anda ocupadíssimo!
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A ignorância sempre perto
P
ara quem não conhece o Eusebiozinho, ficam já a saber que basta passar uns cinco minutos na sua companhia que ficam para passarem a saber mais. Este nosso amigo desde tenra idade que recita poemas ao redor das saias da mamã e da titi, na famosa quinta de Santa Olávia. Viemos a saber que se encontra de plena saúde e ainda a frequentar os excêntricos locais pouco frequentados por gente formada, mas que tanto gosta. Não nos espanta pois foi o que ensina a típica educação portuguesa. Continua assim meu caro.
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Baile de Máscaras acaba quase em duelo
R
aquel Cohen celebrou mais um ano de vida e para festejar este acontecimento organizou um baile de máscaras, ontem, às 22h00. Da lista de convidados, destacava-se um muito especial: João da Ega, mascarado de Mefistófeles. O Sr. Cohen expulsouo, ao que parece, porque descobriu o caso de Raquel com ele. Ega ficou indignado e desafiou-o para um duelo, mas Carlos e Craft desmotivaram-no. Na consequência do ato de Ega, Raquel Cohen foi espancada pelo seu marido e, ao que tudo indica, o casal partirá, em breve, para a Inglaterra, deixando Portugal. Sabemos que o nosso eminente colaborador deixou Lisboa partindo para Celorico, para uma visita surpresa à mamã.
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A Sova dos Cohen
T
odos os lisboetas estão perturbados com o episódio insólito na casa do banqueiro Jacob Cohen. A Corneta do Diabo assegura que a sublime Raquel foi brutalmente espancada pelo marido quando este descobre que ela já caiu vezes sem conta por um cavalheiro sem qualquer requinte. A absolvição, apresentada para o olho pisado, foi uma caída nas escadas. Dizem eles...
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Ser boa e intolerante não combina
A
i que todos os amigos de Carlos da Maia ficam babados ao contemplar a sua mais recente conquista, a deusa espanhola. Se a vissem, meus caros leitores, ela faz mesmo parar o trânsito e como o Carlos certamente pensa: “Para quê ter um grande carro se já tenho as curvas dela”. Tudo parece correr na perfeição mas existe um senão, esta dama é demasiado provocadora chega a ser intolerante, por isso os amigos recusam-se a estar na sua companhia, certamente que Carlos já não precisa dela, por isso é fácil resolver esta problemática.
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Sarau no Teatro da Trindade
O
maestro Cruges atuará esta noite, no Teatro da Trindade, para uma plateia da nata Lisboeta, marcando presença os ilustres amigos deste exímio músico: Ega e Carlos da Maia. Os presentes assistirão ao recital preparado por este virtuoso que interpretará Beethoven. Não sabemos se esta aristocracia está preparada para tão notável interpretação, pois depois da oratória balofa, a retórica fácil, proferidas por Rufino, provavelmente, adormecerá nesta soirée tão sofisticada. A nossa redação sabe que as senhoras para este evento prepararam as suas toilettes nos melhores costureiros lisboetas.
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Jantar no Hotel Central
O
nosso colaborador, o distinto João da Ega, organizou um jantar, no famosíssimo Hotel Central, com o objetivo de homenagear o ilustríssimo Jacob Cohen, mas também para apresentar o seu amigo Carlos da Maia à sociedade lisboeta. Da lista de convidados, destacavam-se, também, o Sr. Tomás de Alencar, acérrimo poeta do Ultrarromantismo e, ainda, o Sr. Dâmaso Salcede. A ementa escolhida para ocasião tão importante foi muito atrativa, com iguarias chiques a valer: como entrada, tínhamos ostras e sopa; como pratos, constavam a sole normande, poulet aux champignons, petits pois à la Cohen; para sobremesa, ananás, e café. A lista de vinhos contemplava o vermute, Porto, licor, Chartreuses, conhaque e champanhe. O jantar foi muito animado com vários temas de conversa, desde a política até à cultura. O ponto alto foi a discussão acesa entre Ultrarromânticos e Naturalistas , resultando quase na agressão física, mas tudo acabou bem com um shake-hands e um copo de champagne para apaziguar os ânimos.
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Aparato na Capital L
isboa nunca mais será a mesma cidade após o choque instalado. O Senhor Carlos da Maia, praticamente pronto para o seu casamento de sonho com a delicada brasileira recentemente chegada. Quem será esta senhora? Nem mais nem menos que a sua irmã! Qual irmã de coração qual quê? São laços de sangue... São várias as especulações e a Corneta do Diabo está disposta a contar algumas: bem escondidinhos encontram-se na famosa Toca; os pombinhos, sem suspeitar que eram irmãos, apaixonadamente planeavam um futuro a dois, mas com muita pena, o senhor Guimarães arrasa com este conto de fadas expondo a verdade nua e crua. Carlos da Maia, mesmo depois de saber que era irmão da sua amada, continua sem qualquer pudor a partilhar os lençóis com Maria. Carlos não foi corajoso o suficiente para enfrentar Maria Eduarda e desvendar a realidade, por isso teve de recorrer ao seu amigo Ega para que o fizesse. Golpe muito baixo, quem imaginava... Depois destas descobertas, o varão da família acaba por fugir e percorrer o mundo durante dez anos! Ai ai, no fundo queríamos é ter o dinheiro dele... 11
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Arranjo Gráfico: Sérgio Silva Coordenação e textos: Anabela Dias e Joana Vilar