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DÉCIMA EDIÇÃO

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MAIO 2024

BOLETIM INFORMATIVO

Wildlife Disease Assosiation - América latina

Décima Edição

15 de maio de 2024

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ÍNDICE

Custodios del Territorio: Uma ponte entre a academia e as pessoas

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Quatri: O sapinho de quatro olhos

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Esforços para a conservação comunitária do Condor Andino (Vultur gryphus)

Atualização sobre a situação do gripe aviária altamente patogênica na América Latina

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Custodios del Territorio:

Uma ponte entre a academia e as pessoas

O que é “Guardiões do Território”? Como surgiu?

Guardiões do Território (Custodios del Territorio) seria o nome comum do “Programa de Conservação Comunitária do Território” , que está baseado na Faculdade de Ciências Veterinárias da UNICEN. O nome surgiu há 10 anos em uma escola secundária rural e foi eleito por um grupo de meninos. O programa é uma iniciativa que reúne um monte de vontades e que de alguma maneira gera uma ponte entre a universidade e a gente. No início de 2009, começamos a desenvolver as primeiras pesquisas no

território, indagando questões específicas sobre a contaminação por chumbo de origem cinética em zonas úmidas e também em fauna silvestre, neste caso, em anatídeos. Por um lado, estávamos com interesse em fazer uma pesquisa aplicada, e por outro lado, estava a comunidade local, que também estava preocupada com a mesma questão. Pode-se dizer que o programa surgiu a partir da escuta dessa comunidade Desse diálogo saiu o programa, que por um lado tem este braço da pesquisa, e por outro, tem esta interação contínua com as comunidades, é como um encontro de vontades e de múltiplos interesses.

Que tipo de atividades realizam? Como estão organizados?

Por um lado, os temas são selecionados porque nos parecem prioritários para abordarmos, seja porque é um problema dentro de um parque nacional, ou como neste caso, a contaminação de zonas úmidas e assim por diante.

Em seguida, nos relacionamos com as pessoas que estão no lugar. Desse encontro, a seleção do tema inicial acaba sendo nutrida pela escuta dessa comunidade. Ao final, o projeto nunca é igual, digamos, ao que começou, no qual acreditava-se ter apenas um problema desencadeador, e depois as questões tornaram-se mais diversas, incorporando os interesses das pessoas.

Quais são os desafios ou dificuldades que têm enfrentado, e como os superou?

Podemos dizer que há desafios internos e externos dentro do programa Os internos, em um país que costuma ter pouco financiamento para a educação, estão associados a sustentar um grupo de trabalho, incluído no programa, que não exista somente por atos voluntários. Assim, que nós possamos trabalhar como universidade e como país, para descobrir essa interdisciplinaridade que o programa de conservação demanda e uma resposta aos seus integran-

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Entrevista a: Dra.Andrea Caselli, Médica Veterinária. Diretora do Programa de Conservação Comunitária do Território. Realizada por: Belén Natalini, Ezequiel Condori y Sheyling Alvarado Chía Fotografia: Fabián Canuti

tes que não seja apenas vocacional. Portanto, o desafio tem sido combinar os interesses dos participantes, que muitas vezes são da pesquisa e outros da docência, com as possibilidades econômicas para que não seja um hobby, que a conservação seja viável e o grupo possa tornar-se sólido. Também trabalhamos com acordos municipais que possam cobrir o salário das pessoas durante alguns anos em troca de intervenções necessárias ao município e, às vezes, com subsídios internacionais Esse é um desafio, estar atento às fontes de financiamento, bem como às necessidades das pessoas de trabalhar para viver e, repito, que a conservação não seja um hobby. Quanto aos desafios externos, muitas vezes os temas sobre os quais pesquisamos têm interesses múltiplos, ou são temas que evidenciam ações antrópicas que necessitamos abordar, são temas sensíveis, e isso não é algo para o qual irão te dar muito apoio inicial ou muito dinheiro. Então, externamente, esses temas fazem com que tenhamos que trabalhar com muita paixão e com muito respaldo acadêmico, sabendo que os obstáculos estão por todos os lados Às vezes não é um trabalho simples, mas acredito que essas dificuldades também nos fortalecem

Que disciplinas fazem parte do programa, hoje? Como se organizam?

Inicialmente, éramos muito poucas pessoas, mas depois aumentaram as demandas das linhas de pesquisa. Por exemplo, há que se fornecer informações sobre as zonas úmidas ou sobre a fauna, mas também sobre a matriz produtiva em que se encontra a zona úmida, e assim surgiu o Núcleo de Agroecologia. Esse grupo é coordenado por uma bióloga, que fez mestrado em agronomia e está realizando doutorado com plantas nativas Ali, a biologia está misturada com a agronomia, e dentro deste Núcleo de Agroecologia há veterinários agrônomos

Nosso olhar enquanto veterinários integra também a saúde do ecossistema, a saúde da fauna e a saúde das pessoas e ali, nesse Núcleo de Saúde Única, os médicos com os quais trabalhamos, que são poucos porém muito envolvidos com as questões ambientais, são tão importantes como nós, veterinários. Também há o Núcleo de Comunicação Ambiental, coordenado por uma diretora de de audiovisual, em que os integrantes estão mais envolvidos com a fotografia e todo design conceitual, design gráfico, e

“Nossa força está na escuta. Falamos muito, mas também escutamos muito, e essa escuta nos faz receptivos ao que se sucede para compreender onde seria importante investir.”
Andrea Caselli
Médica Veterinária. Diretora do Programa de Conservação Comunitária do Território .

assim por diante E o Núcleo de Conservação, onde também há uma bióloga que fez seu doutorado e está realizando seu pósdoutorado com espécies exóticas invasoras. Nossas linhas de trabalho foram se complementando para que esses cinco núcleos em que nos organizamos também reúnam as vocações dos estudantes que vão se aproximando e, por outro lado, que correspondam às necessidades que o meio nos impõe a respeito das linhas de pesquisa.

Quais são os principais pontos fortes do programa que o permitiram seguir funcionando ao longo dos anos?

Em 2009, iniciamos os rudimentos do programa e, em 2017, ele foi formalizado, mas muito antes, em 2013, já começara a ser chamado “Guardiões do Território”. Eu acredito que a força está na escuta Falamos muito, mas também escutamos muito, e essa escuta nos faz receptivos ao que se sucede para compreender onde seria importante investir. Então foi assim que em 2013 nasceu a

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ideia de criar um curso e refletir: as pessoas não querem que você diga “sou da Universidade e te direi como se faz”, as pessoas querem que você diga como se faz, mas também querem contarte o que sabem. Assim, há tudo a respeito dos conhecimentos locais, de recuperar o que as pessoas sabem e combiná-lo com o conhecimento acadêmico

Essa mesma escuta abriu espaço para que, em algum momento, as pessoas que não pudessem viajar e cursar a formação intensiva em Entre Ríos, Santa Fé e Buenos Aires, participassem de uma jornada de treinamento virtual. Essa jornada, seguindo com os pontos fortes do programa, reuniu os melhores.

Esse foi outro ponto forte do programa, e assim também nasceu o Programa de Mestrado que foi recentemente aprovada pelo CONEAU e que se chama Mestrado Universitário em Saúde Única (Maestría Universitaria en Una Salud), que novamente, não se importa apenas em formar os educadores que estarão no território, mas também os profissionais que estarão pesquisando e talvez formando os formadores

Essa é a dinâmica que o programa tem, de escutar as linhas de pesquisa necessárias, escutar o que a comunidade necessita e ela também nos escutar: “o que podemos oferecer e o que não podemos?”

Creio que esses são os principais pontos fortes do programa.

Que outros impactos positivos você acredita que o programa tem?

Eu os separaria em dois grupos: de um lado, os impactos positivos para a comunidade e do outro, os

impactos positivos para nós com pesquisadores e como integrante Estamos analisando entrevista que fizemos com os participante do Curso e da jornada de trein mento virtual e há um sentiment que se repete: a autoconfiança d terem se profissionalizado. O conhecimento permanec dentro delas e essa confiança fa com que tenham uma atitud diferente em relação ao territóri que unam ferramentas para gera trocas e os leva a uma açã responsável. A pessoa passa a ag frente aos caçadores que atira chumbo ou a um político que o quer convencer de algo, mas nã vai gritando, vai s profissionalizando Outro ponto que, dentro da comunidade, eles s tornam bastante livres

Passaram a aprender sobre ave aquáticas e zonas úmidas, ma também aprenderam metodolog científica e são capazes de detecta outros temas que os interessam Agora há um projeto excepcion que se chama Um metro quadrad de árvores nativas e há um mont de escolas envolvidas; é u processo deles, que nos pede ajuda mas não muita, e possue autogestão. Eles mesmos estã realizando a formação d formadores, e isso é liberdade. Quanto a nós, nos sentimos u pouco mais reais do que quand estamos somente com um artigo, que estamos fazendo é compa tilhado Quando encontramos u tema para os doutorados ou para que for, que ninguém o impôs d alguma forma, sabemos que est mos sendo úteis e que o qu temos, compartilhamos Esse é u impacto positivo desde o aspect acadêmico, mas também human e isso faz com que queiramos esta onde estamos e que tenhamos u grande carinho pelo programa.

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“Às vezes, as carreiras acadêmicas parecem uma pequena cadeia com muitos elos e não conseguimos encontrar a união real entre eles, e as pessoas dos lugares realmente ajudam muitíssimo nessa união de elos que temos investigado. Muitas vezes são os usuários de nossas descobertas. ”

Fotografia: Fabián Canuti

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Aconteceu-me há muitos anos ir ao norte, para um projeto relacionado a flamingos, e nós chegamos a um lugar lindo e carismático, um hotel lindo, investigamos, vinha gente de todos os lugares. Saímos, e as pessoas do lugar nem tinham ideia de que problemas os flamingos estavam tendo, e eles eram atores centrais naquele cenário, certo? Então, é certo dizer que se não dialogarmos, estaremos abusando um pouco do ego de pesquisador e, ao mesmo tempo, privando da união entre os elos daquilo que você investiga e que as pessoas às vezes te dão, certo? Acho que não é só bonito para a comunidade, mas REAL, nos tornamos mais reais, nós também como pesquisadores.

Para onde vão os “Guardiões do Território”? Como estão projetando o crescimento do programa?

outro caminho. Nosso programa vai seguir fortalecendo as iniciativas de pesquisa, isso é algo natural porque estamos na academia e porque estamos muito envolvidos com as pesquisas que viemos realizando e as previstas, mas por outro lado, o Guardiões caminha para uma extensão responsável. Formando-nos com muita responsabilidade nas linhas nas quais trabalhamos para que o que chegue ao território seja conhecimento de primeira mão, bom, complementado com todo o conhecimento de segunda mão que haja e vejo que isso é um diferencial do programa: o centralizamos na pesquisa, na docência através do programa de mestrado que vai se iniciar até 2025, mas sem perder de vista até onde podemos levá-lo.

Uma coisa muito interessante disto é que há mudanças na dinâmica da percepção de quantas pessoas são guardiões. De um lado estão, como dizemos, os Guardiões UNICEN, os que estamos sentados no escritório - neste momento há dez pessoas fazendo suas pós-graduações essas dez pessoas têm seus dez caminhos diferentes e ao mesmo tempo há um monte de outras pessoas dentro dos Guardiões UNICEN como Rubén Quintana, Ana Silva, Martín Santiago, Marcela Uhart, Alexis Trigo, que são pesquisadores que já estão muito formados e que também têm suas projeções e seus caminhos Por outro lado, também estão pessoas em seis províncias, com as quais estamos trabalhando Três das quais têm uma atividade maior, porque simplesmente houve mais diplomas ou cursos formativos, e outras onde estamos há menos tempo, então essas também têm

Andrea, pensando que esta nota certamente pode ser lida por alguém que está dando seus primeiros passos na conservação ou em um projeto com foco em saúde única, o que você aconselharia?

Se eu tivesse que fazer uma sugestão a uma pessoa que recém iniciou e que está interessada na conservação, meu primeiro pensamento é que trate de compreender os sistemas complexos como se fossem uma cebola que tem camadas. Porque somente desde a humildade de estar frente a um sistema complexo e ver a quantidade de arestas que tem é que alguém pode escalar ao conceito de interdisciplinaridade. Quando alguém entende um sistema complexo e se dá conta da quantidade de passos e processos e por aí em diante, diz “bom, não posso fazer isso sozinho”, então deixa de ser um indivíduo para fazer-se uma tentativa de rede, pelo menos uma tentativa, e aí começa a incorporar o conceito de interdisciplinaridade

que é subjacente à definição de saúde integral ou de saúde única. A definição é de que a saúde é uma só e que a saúde do ambiente reflete na dos animais, das plantas, das pessoas, então tenho que começar a compreender a complexidade e se compreendo a complexidade então não quero estar sozinha diante a essa complexidade pois não posso abrangê-la E aí nasce uma rede incipiente, em que um deixa de pôr o cotovelo e passa a pôr o ombro e deixa de brigar com o outro, que também é pesquisador da conservação E em vez de brigar, diz: “em que você pode me ajudar?” e além de entender a complexidade, a rede deve tratar de buscar respaldos reais. A instituição em que eu estou compreende a importância da interdisciplinaridade e vai me ajudar a fomentar esta rede de trabalho. Portanto não vou somente com um ponto de vista individual senão que trato de ver aonde vou, onde quero trabalhar e a quem quero dar meu talento, onde vou pôr meu cérebro em jogo. Se eu conseguir colocar minha paixão nisso, minha paixão pela inocência, minha paixão pelos que não têm voz para se defender ou minha paixão por tentar ajudar essa complexidade ambiental que estou entendendo, os projetos se tornam muito sólidos e muito sérios

Andrea Caselli

Médica Veterinária. Diretora do Programa de Conservação Comunitária do Território (PCCT). Diretora do Curso em Educação para a Conservação do Território. Docente na Área de Recursos Naturais e Sustentabilidade, FCVUNICEN.

Docente em Licenciatura de Educação Infantil, FCH - UNICEN

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Quatri o sapinho

Oiê! Eu me chamo Quatri e sou um sapinho, mas não qualquer sapinho

tenho duas glândulas que parecem um par de olhos adicionais.

Quando estou desprevenido e querem me pegar…

Sou o sapinho -de-quatro -olhos!

Este par de olhos falsos engana os predadores que querem me comer, já que eles sempre atacam pelas costas

Já o perdi! Quando eles se dão conta, já consegui escapar Mas isso não funciona sempre.

Que nojo! Que gosto horrível!

Estas glândulas também produzem uma substância que tem um gosto bem ruim

A verdade é que só tenho dois olhos, mas nas minhas costas

Ao verem olhos na frente e atrás, se confundem

Onde estão suas costas?!

Te peguei!

Que sorte a minha!

Me salvei de novo!

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De dia sou um e de noite sou outro! Hehehe Como sou um anfíbio, tenho duas vidas (amphi = “ambos” e bios = “vida”)

Enquanto girino, respiro por minhas guelras…

Mas quando adulto, respiro pelos meus pulmões. Através da minha pele também realizo trocas de gases.

Todo esse processo é conhecido como METAMORFOSE

Quando me transformo em adulto também perco a minha cauda, por isso sou um anuro (an = “sem” e outra = “cauda”).

Minha pele é muito importante!

Além dos gases, também há a troca de eletrólitos.

Mas não estou sozinho!

Tenho amigos microscópicos (fungos e bactérias) vivendo em minha pele que também me defendem

Existe um rumor de que um fungo microscópico está matando todos os anfíbios em nível mundial.

PELE

A pele é a minha primeira linha de defesa contra invasores; ela secreta substâncias que destroem quem tenta entrar

Quatri vive feliz e em harmonia com seus amigos microscópicos

embora nem todos os fungos e bactérias sejam bons

Essa não! Todos os meus amigos estão morrendo! E agora, quem poderá nos defender?

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Ao me multiplicar em sua pele, deixo-a mais grossa e impeço a troca de gases e eletrólitos

Eu sou o Bd, um fungo mal e entro na pele dos sapinhos

...e assim, finalmente, o sapinho morre por um ataque cardíaco.

Bd tem aparecido no mundo todo e está matando todos os sapinhos. O cenário não é muito animador!

Porém, nem tudo está perdido!

Lembra dos fungos e bactérias da pele do sapinho?

Eles vão lutar para defender os sapinhos!

Vão produzir metabólitos antifúngicos que servem para combater o Bd

Nós, cientistas, estamos em busca dessas bactérias e fungos bons para ajudar os sapinhos

… e o fungo acaba morrendo.

Quatri está nos ajudando a buscar esses amiguinhos e assim poder salvar os sapinhos!

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Esforços para a conservação comunitária do Condor Andino (Vultur gryphus)

Por: Anamaria Martínez Marín. MV , Maria Alejandra Arias Lugo. MV

O Condor Andino (Vultur gryphus) é uma espécie de ave carniceira que se encontra dentro da família Cathartidae, habitando principalmente a América do sul, estendendo-se desde a Cordilheira dos Andes até as regiões costeiras adjacentes dos oceanos Pacífico e Atlântico. Ainda, é considerado como a ave voadora não marinha com maior envergadura do mundo (1); Ele possui grande importância na região dos Andes, na América do Sul, devido ao fato de ser um símbolo nacional para países como Bolívia, Peru, Chile, Colômbia e Equador, além de unificar os sete países da região andina (Argentina, Bolivia, Chile, Colombia, Ecuador, Perú y Venezuela) (2)

Seu papel como carniceiro faz com que seja essencial sua presença para correto funcionamento do ecossistema, pois acelera o processo de decomposição das carcaças de animais (2). Apesar disso, o processo de extinção da espécie continua. A União Internacional para a Conserva-

ção da Natureza (IUCN) classifica a espécie como vulnerável, o que levou pesquisadores à realização de estudos sobre as populações, constatando números inferiores a 6.700 indivíduos, e que seguem em queda (3). Assim, faz-se necessário implementar projetos para a conservação da espécie que objetivem aumentar o número de indivíduos em vida livre, manter sua variabilidade genética e desenvolver estratégias para que estes projetos perpetuem-se por gerações

Em 2016 chega ao fim na Colômbia o Programa Nacional para a Conservação do Condor Andino do Ministério do Ambiente Não obstante, se verificou a importância dessa espécie e a necessidade de seguir implementando estratégias de conservação, pela qual a Fundação Parque Jaime Duque se vinculou para liderar o programa de reprodução e soltura, em parceria com outros membros da Associação de Parque Zoológicos e Aquários (ACOPAZOA).

A espécie enfrenta diversas ameaças antrópicas como:

Caça direta

Competição com cães domésticos e ferais por alimento Envenenamento

Colisão com fios de alta tensão

Atropelamentos em menor proporção

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Para tal finalidade, propôs-se continuar com o trabalho que iniciou o zoológico de Cáli no final dos anos 90, importando 3 casais da espécie que já não eram mais aptas a serem soltas na natureza, porém eram aptas para reprodução em cativeiro.

Com isso, o programa se reimplantou em 2019, com quatro estratégias: conservação ex situ, in situ, produção sustentável e educação e comunicação ambiental; incluindo um novo cenário: El Almorzadero, especificamente em San Andres, Concepción e Cerrito, municípios de Santander, e junto a seus habitantes, através da Associação Campesina Coexistindo com o Condor (ACAMCO) Isto impulsionou a transformação dos sistemas produtivos tradicionais de ovinos e caprinos para evitar a degradação ambiental da área em questão e diminuição de recursos naturais, como a água Com o passar do tempo, especificamente em 2019, o programa aprimorou suas estratégias,

“O Condor unifica os região andina: Argenti Colômbia, Equador, Pe

Atualmente o projeto possui q gias de atuação:

Conservação in situ: A maio atividades nessa estratégia se em Almorzadero (localizado em Norte do Santander). É realiza mento da comunidade de anima registros de avistamentos. Por estratégia constatou-se que ne encontra uma das maiores e populações de condores (2 registrados simultaneamente).

Conservação ex situ: Programa d com objetivo de soltura dos filh livre Atualmente a Fundação Duque conta com um par de co realizaram a postura de um ovo tenha tido êxito em chocar; e um fêmeas que estão em processo para formação de um segund dutivo O macho foi devolvido p de Conservação de Medellín, devido à morte da sua companheira anos atrás.

Condor andino (Vultur gryphus)

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Educação ambiental e comunicação para participação da comunidade :

Um trabalho desenvolvido em conjunto com famílias domiciliadas em três municípios ao redor da área da conservação, tendo como finalidade dispersar informações importantes de caráter ambiental, mas também produtivo, para uma apropriação territorial, criando um vínculo entre o animal, o ecossistema e a comunidade local.

São incluídos todos os grupos e faixas etárias das presentes comunidades O objetivo desta estratégia é motivar essas famílias a produzir de maneira mais sustentável, uma vez que tenham reconhecido a riqueza local

Diante da experiência, tem-se que não é eficaz a tentativa de eliminar tradições culturais dos locais, mas o ato de educá-los para criar um ambiente estável, seguro e com menor degradação ecológica mostrouse uma melhor estratégia para auxiliar na conservação da espécie e do ambiente..

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Produção sustentável: Esta estratégia possui foco nas famílias vinculadas ao projeto através de ACAMCO, mas não somente. São realizadas atividades de capacitação sobre a produção sustentável e harmônica com o ambiente e com o condor. Infraestrutura para melhorar os sistemas produtivos são providenciadas. São fornecidos incentivos às famílias que cumpram os requisitos de acordo com os projetos relacionados a capacitação supracitada, assim tem-se o melhor desenvolvimento da relação entre o ambiente, as famílias e os animais.

Assim o projeto se estende por todas as etapas necessárias para a conservação da espécie, desde a conservação in situ até o desenvolvimento de melhores práticas produtivas, sem que as famílias envolvidas no projeto percam seus hábitos e práticas culturais, visando proteção não somente da espécie, mas também do ambiente

O efeito que a pandemia do COVID-19 teve sobre o Projeto foi em partes benéfico, mas também negativo, como cita Estefanía Gómez Betancurt, Diretora de gestão de Projetos da Fundação Parque Jaime Duque. Segundo Estefanía, o Parque necessitava do valor gerado a partir das visitas. Nesse período, a prioridade era manter os animais do Bioparque Wakata vivos, bem como o trabalho dos mais de 400 integrantes do local, assim o projeto de conservação foi posto em segundo plano. Isto permitiu que o programa se candidatasse a um concurso da "União Internacional para a Conservação da Natureza" para comprar um terreno para construir um centro de pesquisa na região, com uma experiência efetiva na conservação da região e do condor, mas também como modelo de produção sustentável

Nessa altura, dedicaram-se à recuperação da propriedade e isso permitiu uma aproximação com a comunidade e com as famílias de agricultores do novo setor, onde o trabalho comunitário foi desenvolvido pelas famílias e funcionários do Parque, em conjunto Dessa forma, quebrou-se uma barreira entre esses grupos de pessoas, tornando o ambiente mais amigável e acolhedor para os programas de conservação e educação, aumentando as chancesde sucesso do projeto.

Dentre as projeções do programa, está a possibilidade de vincular 50 famílias de residentes locais em um tempo de aproximadamente 10 anos; aumentar o número de exemplares de condores para sua soltura; melhorar a qualidade de vida das pessoas que o projeto engloba e, na medida do possível, recuperar o ecossistema local, seguindo com a conservação comunitária que vem sendo trabalhada.

Agradecimentos

Um imenso agradecimento à Fundação

Parque Jaime Duque, Bioparque Wakata e a Estefanía Gómez Betancurt por seu tempo e sua paixão em descrever a conservação dos condores

Referências

(1) Cailly-arnulphi, v (2013) Características poblacionales del cóndor andino (vultur gryphus) en el parque natural provincial ischigualasto, Argentina. ornitologia neotropical 24: 101–105, 2013.

(2) R Wallaceetal ,SavingtheSymboloftheAndes: ARange Wide Conservation Priority Setting Exercise for the Andean Condor (Vultur gryphus) (Wildlife Conservation Society, La Paz, Bolivia, 2020); https: //bolivia.wcs.org/ Portals/14/Libro%20 Condor ingles.pdf.

(3)TheIUCNRedListofThreatenedSpecies,“Andean Condor: Vultur gryphus” (2020); www iucnredlist org/ species/22697641/181325230

(4)Y.SierraPraeli,“Amenazalatente: 34cóndoresmueren envenenados en Bolivia” (2021); https://es mongabay com/2021/02/condor-andinoenvenenamiento- bolivia/

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ATUALIZAÇÃO SOBRE A SITUAÇÃO DO

GRIPE AVIÁRIA

ALTAMENTE PATOGÊNICA NA AMÉRICA LATINA

Realizado por: Florencia Viviani, Diana Netto Hernandez Blazquez e Lucas Federico Arce

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INTRODUÇÃO

A gripe aviária altamente patogênica (Influenza A) H5N1 (HPAI) é uma doença causada por um vírus de RNA da família Orthomyxoviridae que tem sido motivo de grande preocupação para as instituições internacionais de saúde devido ao seu potencial zoonótico, ao seu elevado potencial pandêmico e ao seu grave impacto negativo na criação comercial de aves domésticas e selvagens. Após a sua primeira identificação em gansos na província de Guangdong (China) em 1996, a GAAP H5N1 espalhou-se pelo mundo, afetando África, Ásia, América, Europa e Médio Oriente, ameaçando continuamente não só as aves selvagens, mas também os animais de cativeiro e de criação, além de mamíferos selvagens, domésticos e seres humanos (Breed et al., 2023).

H5N1

Desde 2020, uma variante do vírus H5N1 pertencente à classe H5 2.3.4.4b causou um número significativo de mortes em aves, tanto selvagens como domésticas, na África, Ásia e Europa

Essa variante aumentou entre as aves migratórias se expandindo para a América do Norte em 2021 e depois para a América Central e do Sul em 2022 (Klaassen & Wille, 2023). Em 2023, vários países das Américas relataram surtos e episódios de mortes em massa de aves selvagens e mamíferos marinhos devido a esta variante. Embora o vírus da gripe aviária circule globalmente há décadas, a atual epizootia é a pior desde que o vírus foi identificado pela primeira vez, não apenas por causa de sua propagação para regiões onde não havia sido identificado antes, mas também por causa de sua mortalidade e maior variedade de espécies animais que estão sendo afetadas (Shie et al, 2023) Somente na América do Sul, desde a primeira identificação do vírus em outubro de 2022 até novembro de 2023, foram documentadas

as mortes de 597.832 aves de pelo menos 82 espécies diferentes e 50.785 mamíferos selvagens de pelo menos 10 espécies (Banyard et al., 2023). Até o mês de agosto de 2023, essas perdas representam 36% da população de pelicanos peruanos no Peru e 13% dos pinguins de Humboldt no Chile (Breed et al , 2023); e 9% da população de leões-marinhos em ambos os países (Cárdenas-Alayza et al , 2016; Breed et al , 2023) Além disso, foram notificados dois casos de infecção humana nessa região, o primeiro no Equador em janeiro de 2023 (Bruno et al , 2023, WHO, 2023a) e o segundo no Chile em março de 2023 (Pardo-Roa et al, 2023; WHO, 2023b)

PRIMEIROS CASOS NA AMÉRICA

LATINA E PROPAGAÇÃO NA AMÉRICA CENTRAL

Desde a primeira infecção em aves selvagens na Colômbia (pato-d’asa-azul -Spatula discors-) e no México (falcão-gerifalte -Falco rusticolus-) em outubro de 2022, possivelmente devido à migração de aves selvagens da América do Norte (SENÁSICA, 2023), o vírus IAAP H5N1 se espalhou rapidamente entre populações de animais selvagens na América Central e do Sul. Em ambos os primeiros países, o maior impacto foi observado em pelecaniformes, anseriformes e falconiformes (WAHIS, 2023).

Na América Central, os primeiros registros foram no Panamá (dezembro de 2022) e Honduras (4 de janeiro de 2023), seguido de notificações na Costa Rica e Guatemala em janeiro de 2023 e posteriormente no Jardim Zoológico de Havana (Cuba) em fevereiro de 2023 Em geral, a mortalidade de aves selvagens na América Central foi baixa em comparação com o que foi observado em outras regiões do continente americano, e foi restrita principalmente aos pelicanos-pardos (Pelecanus occidentalis). De maneira mais pontual, também foram registrados casos em dois membros da família Phalacrocoracidae (espécie não identificada) no Panamá e em falcões-peregrinos (Falco peregrinus) na Costa Rica entre janeiro e fevereiro de 2023. Após vários meses de silêncio epidemiológico, a IAAP H5 foi detectada no verão em um rabiforcado-grande (Fregata minor) na Costa

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Rica in October. At the Havana Zoo, the common goshawk (Accipiter nisus) and the Andean condor (Vultur gryphus) were also affected (WAHIS, 2023).

DISPERSÃO NORTE-SUL DA COSTA DO PACÍFICO DA AMÉRICA DO SUL

Análises filogenéticas sugerem que o vírus entrou na América do Sul através de várias introduções na América do Norte (Ruiz-Saenz et al , 2023) e possivelmente através da rota de migração aviária do Pacífico (Pardo-Roa et al , 2023; Leguia et al , 2023; PAHO, 2023) Inicialmente, a maior parte dos focos de contaminação identificados na América do Sul foram encontradas em áreas correspondentes à rota de migração do Pacífico, que está parcialmente separada do restante da região pela cordilheira dos Andes. Foram notificados casos no Equador (WAHIS, 2023) e no Peru em novembro de 2022 (Leguia et al., 2023; Gamarra-Toledo et al., 2023a, 2023b) e, um mês depois, no Chile (Jimenez-Bluhm et al., 2023), com mortes em massa de aves selvagens e mamíferos marinhos - principalmente pinípedes - nos dois últimos países (Breed et al., 2023). Na costa equatoriana, posteriormente aos primeiros casos, a infecção por IAAP foi encontrada em Rabiforcado-magnífico (Fregata magnificens) e Patolas-de-pés-azuis (Sula nebouxii) (CarrazcoMontalvo et al., 2023). A primeira detecção do vírus na Terra do Fogo (Chile) ocorreu em março de 2023 em Cisnes-de-pescoço-preto (Cygnus melancoryphus), demonstrando assim uma alta velocidade de dispersão, ao se espalhar por cerca de 6 000 km da Colômbia em outubro de 2022, ao extremo sul do Chile, em menos de 6 meses (Breed et al , 2023)

Até julho de 2023, o número de mortes de aves marinhas relatadas no Peru foi de 519.541, sendo os Atobás-peruanos (Sula variegata), os Corvosmarinhos Guanay (Leucocarbo bougainvillii) e os Pelicanos-peruanos (Pelecanus thagus) os mais afetados, embora a doença também tenha afetado outras espécies de aves (como patolas-depés-azuis, pinguins e gaivotas) (Ariyama et al., 2023; Gamarra-Toledo et al., 2023a, 2023b; Perú Ministerio da Saúde, 2023). No Chile, diversos bro-

tamentos foram identificados em aves domésticas e selvagens. O vírus propagou-se rapidamente do norte ao sul do país, onde esteve principalmente associado com a chegada de aves migratórias durante a primavera e a diversas variáveis humanas e ecológicas, como a diversidade de espécies de aves, nível de atividade antrópica, nível de precipitação no mês mais úmido do ano, a temperatura mínima no mês mais frio e a faixa de temperatura diária em cada região (Azat et al., 2023). Entre as aves silvestres afetadas também estão Pelicanos-peruanos, Atobás-peruanos, e Gaivotas-meridionais (Larus dominicanus) e pinguins de Humboldt (Spheniscus humboldti)

Em ambos os países, foi observado um forte impacto sobre os mamíferos marinhos: em julho de 2023, foi observada uma mortalidade total de pelo menos 9.414 indivíduos no Peru (98% dos quais eram Leões-marinhos-da-patagônia -Otaria flavescens- entre os 2% restantes, foi encontrado o Golfinho-comum-de-bico-curto -Delphinus delphis-) (Breed et al., 2023; Leguia et al., 2023; Ministério da Saúde do Peru, 2023) e 16.856 leões marinhos, 61 pinípedes (outras espécies), 39 lontras (Lontra felina e Lontra provocax) e 106 cetáceos (Golfinho-chileno -Cephalorhynchus eutropia- golfinho-comum-de-bico-curto -D. delphis- e Boto-de-burmeister -Phocoena spinipinnis-) no caso do Chile (Serviço Nacional de Pesca e Aquicultura do Chile, 2023; Breed et al., 2023). Somente entre janeiro e abril de 2023 foram contabilizados 5 224 lobos-marinhos mortos ou moribundos nas costas de áreas protegidas do Peru (Gamarra-Toledo et al , 2023c) Devido às amostragens envolverem uma proporção relativamente baixa de animais presentes nas costas de ambos os países, é possível que nem todas essas mortes tenham sido causadas pela IAAP H5N1, embora tenha ocorrido uma maior mortalidade de aves, juntamente com leões marinhos em comparação com as mesmas temporadas em anos anteriores.

Os números oficiais podem estar subestimando Os números oficiais podem estar subestimando estas mortes, dada a inacessibilidade de certas localidades e o fato de que muitos animais podem ter morrido no mar. Nas Ilhas Galápagos (Equador),

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DISSEMINAÇÃO E PRIMEIROS CASOS DE GRIPE AVIÁRIA ALTAMENTE PATOGÊNICA (HPAI) NA AMÉRICA LATINA

* Do vírus H5N1 pertencente à classe H5 2.3.4.4b se expandindo para a América do Norte em 2021 e depois para a América Central e do Sul em 2022 (Klaassen & Wille, 2023)

Outubro de 2022 - Colômbia

Primeira identificação do vírus na América Latina

Novembro de 2022 - Primeiro relatório no Equador, Peru e Venezuela

Dezembro de 2022 - Primeiro relatório no Chile e Panamá

Janeiro de 2023Primeiro relatório em Honduras, Costa Rica, Guatemala e Bolívia

Janeiro de 2023Equador Primeiro relatório em humano

Fevereiro de 2023 - Primeiro relatório em Cuba, Argentina, Uruguai

Março de 2023 - Chile

Primeiro relatório em humano

Maio de 2023 - Brasil

Outubro de 2023 - Ilhas Geórgia do Sul

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onde cerca de 78 espécies de animais endêmicos estão em risco, a primeira notificação de IAAP foi em setembro de 2023 em aves suliformes das famílias Fregatidae e Sulidae (WAHIS, 2023) O vírus IAAP A (H5N1) detectado no Peru, Colômbia, Equador e Chile foi fortemente associado a sequências de vírus isoladas de carcaças de Patosd’asa-azul (S discors) em setembro de 2022 em Minnesota, EUA (Ruiz-Saenz et al , 2023)

DISPERSÃO OESTE-LESTE NOS PAÍSES DA AMÉRICA DO SUL

A propagação do vírus até o leste da cordilheira dos Andes não foi inicialmente associada ao mesmo nível de mortalidade em animais selvagens ao longo da costa do Pacífico. Embora o primeiro registo desta área tenha sido no litoral da Venezuela em novembro de 2022, com a morte de 172 pelicanos-pardos, um caso subsequente foi detectado em janeiro de 2023, quando o vírus foi diagnosticado na Bolívia em uma fazenda comercial no município de Sacaba No mês seguinte foi detectado o primeiro caso de IAAP em aves selvagens (Cloephaga melanoptera) na Argentina, na Lagoa dos Pozuelos (província de Jujuy), próximo à fronteira com a Bolívia, assim como do Uruguai A semelhança das cepas virais isoladas de Cisnes-de-pescoço-preto na Lagoa de Garzón (Uruguai), na Argentina e no Chile sugere que o vírus IAAP H5N1 foi primeiro disperso ao longo da rota migratória do Pacífico e mais tarde se espalhou para o Uruguai (Marandino et al., 2023).

Essa dispersão de oeste para leste da América do Sul pode ter sido, em parte, devido a aves encontradas em lagos de grande altitude, como o Ganso-andino (C. melanoptera) e o Flamingochileno (Phoenicopterus chilensis). Estas espécies não fazem longas migrações entre hemisférios, mas os seus movimentos respondem às condições locais (Capllonch, 2018; Marandino et al., 2023).

Nos meses seguintes, a IAAP H5 foi detectada na Bolívia (em aves de criação e Andorinhas-azul-ebranca -Pygochelidon cianoleuca-) e no Paraguai (em aves de criação), como em outras localidades da Argentina e do Uruguai, apesar de que estes aparecimentos não têm sido associados a grandes

mortalidades de animais silvestres. Desde então, no início de 2023, o Cisne-de-pescoço-preto foi uma espécie em que o vírus foi isolado com maior frequência nos dois últimos países, mas também houve casos positivos na Marreca-toicinho (Anas bahamensis), Carqueja-de-bico-manchado (Fulica armillata), Ganso-de-Magalhães (Chloephaga picta), Gaivotão (L. dominicanus) e Urubu-decabeça-vermelha (Cathartes aura) (SENASA, 2023; WAHIS, 2023).

No Brasil, a gripe aviária foi detectada pela primeira vez em 15 de maio de 2023 em aves silvestres (Reischak et al , 2023; WAHIS, 2023) No dia 22 de maio, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento declarou estado de emergência sanitária animal em todo o país pelo período de 180 dias (MAPA, 2023) Os casos confirmados, até 9 de novembro de 2023, foram 135 em aves silvestres, 164 em mamíferos aquáticos e 3 em aves de quintal, sem envolvimento de aves comerciais (WAHIS, 2023). A maioria dos casos diagnosticados foram encontrados na cidade de Vila Velha-ES. A ave mais afetada pela doença é o Trinta-réis-de-bando (Thalasseus acuflavidus), que também foi a primeira espécie a ser diagnosticada como positiva para IAAP no país. As sequências de vírus IAAP isoladas de T. acuflavidus mostram entre 97,5% e 99% de semelhança com os encontrados no Chile e no Peru entre 2022 e 2023 (Reischak et al., 2023).

DISPERSÃO SUL-NORTE DA PATAGÔNIA E DA COSTA ATLÂNTICA DA AMÉRICA DO SUL

Em relação ao envolvimento de mamíferos silvestres ao leste dos Andes, são relatados os primeiros casos de IAAP H5 (N ainda ñao tipificada) em mamíferos marinhos na Argentina, na latitude da cidade de Rio Grande (província da Terra do Fogo, extremo sul do país) em agosto de 2023 (SENASA, 2023) Isso ocorreu logo depois que leões-marinhos-da-patagônia foram reportados com a doença na cidade vizinha de Puerto Williams (Tierra del Fuego, Chile) (Plaza et al , 2023; WAHIS, 2023) Casos subsequentes foram regis-trados ao longo da costa Atlântica nas províncias argentinas de Santa Cruz, Chubut, Río Negro e Buenos Aires (SENASA, 2023; WAHIS, 2023).

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Neste caso, em contraste com a direção norte-sul em que o vírus viajou ao longo da costa do Pacífico, percorreu uma distância de mais de 2500 km do extremo sul do continente até a costa de Buenos Aires em duas semanas (Breed et al , 2023)

Em contraste com o que ocorreu no Chile e no Peru, não foi inicialmente relatado na Argentina um acometimento com alta mortalidade de aves (Plaza et al , 2023), inclusive até setembro de 2023, apenas dez aves afetadas foram registradas em cada área (WAHIS, 2023). No entanto, isto pode ter ocorrido devido à falta de registros ou ao fato de a maior parte dos casos terem ocorrido no mar ou em áreas remotas, tornando-os inacessíveis para estudo. 80% das mortes de mamíferos na Argentina no momento foram de Lobos-marinhosda-patagônia, embora o vírus também tenha sido detectado em Lobos-marinhos-sul-americanos (Arctocephalus australis) e elefante-marinhos-do-

Durante a primeira quinzena de outubro de 2023 foi observada uma grande mortandade de filhotes de M. leonina na Península Valdés (Argentina, costa atlântica) e áreas adjacentes, coincidindo com o pico da época reprodutiva da espécie Além da elevada mortalidade de filhotes (aproximadamente 90%), foi observado um número incomum de adultos e subadultos mortos e uma redução entre 40% e 70% de indivíduos adultos no litoral em comparação com a mesma época do ano anterior (WCS, 2023) Também foram contabilizados indivíduos mortos de outras espécies, como trinta-réis-de-bico-vermelho (S. hirundinacea), Garajau real (Thalasseus maximus), trinta-réis-de-bando (Thalasseus sandvicensis eurygnatha), trinta-réis-boreal (Sterna hirundo), L. dominicanus e O. flavescens. Até o momento, a amostragem foi positiva tanto para M. leonina como para S. hirundinacea (WAHIS, 2023; WCS, 2023). As vias de infecção nestes casos ainda não estão totalmente esclarecidas, e não se sabe se a partir de iental com mportante massa em e deve à mamíferos

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Fotografia: Área Natural Protegida Punta Bermeja, província de Río Negro, Argentina Pablo Ulrich
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Fotografia: Península de Valdés, província de Chubut, Argentina Ralph Vanstreels

No caso do Brasil, grande ocorrência de mortalidade de mamíferos marinhosprincipalmente pinípedes- foi observada em outubro de 2023. As espécies mais afetadas foram o leão-marinho-da-patagônia (O. flavescens), o lobo marinho-sul-americano (Arctocephalus australis). Os casos ocorreram nos estados do Rio Grande do Sul (inicialmente próximo à fronteira com o Uruguai) e Santa Catarina (WAHIS, 2023; Carvalho Araújo et al., 2023).

RISCO DE INTRODUÇÃOANTÁRTICA

Em um relatório publicado em agosto de 2023, a OFFLU alertou que a doença poderia chegar à Antártica e suas ilhas ao longo da costa devido à migração primaveril de aves selvagens da América do Sul para locais de reprodução na Antártida. No final de outubro do mesmo ano, foram confirmados três casos de H5N1 em mandriãoantártico (Stercorarius antarcticus) na Ilha Bird (Ilhas Geórgia do Sul). Embora fora da época de reprodução seja uma espécie predominantemente pelágica, na primavera meridional nidifica nas costas da Antártica e ilhas adjacentes, por esse motivo casos recentes implicam uma introdução iminente de IAAP H5N1 na Península Antártica. Por outro lado, as mortalidades faunísticas subsequentes nas Ilhas Geórgias do Sul (com resultados positivos em S antarctica e L dominicanus) e posteriormente também nas Ilhas Malvinas pardelão-prateado (Fulmarus glacialoides), resultaram em sequências virais de IAAP H5N1 que foram agrupadas filogeneticamente com as encontradas no Uruguai, Peru e Chile (Bennison et al., 2023).

RECOMENDAÇÕES PARA CASOS SUSPEITOS DE IAAP EM ANIMAIS

SELVAGENS

Desde as autoridades de saúde nacionais e locais, as principais recomendações centram-se na vigilância sanitária contínua, na coleta de amostras apenas por pessoal treinado e nas medidas de controle para prevenir a propagação da doença

1.

VIGILÂNCIA

Além dos esforços de vigilância estarem focados na detecção de casos positivos ou negativos de IAAP H5N1, é fundamental o sequenciamento do vírus isolado para a vigilância genômica para permitir a detecção de mutações relevantes (Leguia et al., 2023; WOAH, 2023). A rápida troca de informações entre pesquisadores e autoridades de saúde sobre casos que envolvem especialmente mamíferos marinhos (espécies afetadas, número de indivíduos envolvidos, características genéticas do vírus H5N1 isolado), bem como outros hospedeiros incomuns, é de particular importância, pois permite uma melhor compreensão da origem, evolução e dos mecanismos de transmissão do vírus entre indivíduos da mesma espécie e espécies diferentes (EFSA, 2023; Plaza et al ,2023; WOAH, 2023) Este último é relevante para a avaliação do potencial de risco pandêmico da IAAP (EFSA, 2023). Recomenda-se também que os procedimentos de vigilância sejam unificados, com metodologias padronizadas entre diferentes zonas e países da região quando for realizada a quantificação dos respectivos casos de IAAP (EFSA, 2023).

2. PROTEÇÃO PESSOAL

As pessoas envolvidas em trabalhos de campo que realizem qualquer tipo de interação com animais suscetíveis ao vírus devem utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) adequados. Isto inclui o uso de óculos de proteção (preferencialmente óculos duplos), óculos de proteção N95, macacões, botas e óculos de segurança Para evitar possível transmissão por fômites, a desinfecção dos equipamentos de campo, como calçados e agasalhos, deve ser realizada antes e após o manejo dos animais, principalmente quando se trabalha em áreas ou colônias diferentes (SCAR, 2023; CMA-ICMBio, 2023)

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3. COLETA DE

AMOSTRAS

Em caso de suspeita de aparecimento de IAAP, apenas pessoal treinado e com EPI completo deve entrar nas colônias onde se encontram animais selvagens afetados A coleta de amostras exige também a gestão prévia de autorizações relevantes (éticas e científicas) das autoridades locais, bem como a tomada de providências, como acordos com laboratórios de diagnóstico (antes do envio das amostras). No caso de aves marinhas que apresentem sintomas, poderão ser coletados esfregaço de cloaca e orofaringe; Os swabs devem ser colocados em um meio de preservação de vírus imediatamente após a coleta. No caso de pinípedes, podem ser swabs nasais. Caso sejam encontradas carcaças de aves marinhas, deve-se coletar o maior número possível de swabs de orofaringe e cloaca e, no momento do exame postmortem, devem ser incluídos diversos tecidos para diagnóstico, como pulmões e cérebro, devido ao neurotropismo do vírus IAAP Os cadáveres podem ser recolhidos para exame post mortem desde que exista um laboratório de biossegurança tipo 2 disponível Isto não é factível para mamíferos marinhos, onde as necropsias só são realizadas a campo por pessoas treinadas As amostras biológicas e teciduais coletadas devem ser preservadas no meio e em condições adequadas, de acordo com o tipo de teste diagnóstico a que se destinam (SCAR, 2023 ;Breed et al., 2023).

4. AÇÕES IMEDIATAS

FRENTE A ACHADOS

Na presença de um caso suspeito de gripe aviária, as recomendações atuais são a interrupção do trabalho de campo, evitar o manuseamento de animais mortos ou doentes e evitar que os animais domésticos entrem em contato com as carcaças. No entanto, o acompanhamento do(s) caso(s) pode ser continuado remotamente. O uso de binóculos e dispositivos fotográficos ou audiovisuais, como o uso de drones, desde que estejam em vigor as permissões necessárias, são úteis para reportar eventos às autoridades de saúde (SCAR, 2023)

Para mitigar a propagação da doença, as carcaças devem ser retiradas do ambiente o mais rapidamente possível para evitar que humanos e/ou outros animais (por exemplo, cães, aves necrófagas, etc.) possam além de se contaminarem propagarem a doença (Plaza et al., 2023). Quando há grande mortalidade de aves e mamíferos marinhos em áreas remotas e de difícil acesso, o cenário torna-se complexo e nem sempre é possível fazer o descarte final das carcaças para eliminar o vírus Cada evento deve ser tratado individualmente e de acordo com as orientações das autoridades locais de saúde e meio ambiente (CMA-ICMBio, 2023; Breed et al , 2023)

Em todos os casos, a presença de aves selvagens e/ou mamíferos marinhos mortos ou sintomas compatíveis com a doença causada por IAAP deve ser comunicada à autoridade sanitária competente. Os sintomas que remetem à doença são principalmente respiratórios (dispneia, secreções abundantes no nariz e boca), digestivos, neurológicos (posturas anormais com hipe-rextensão dos membros, desorientação, tremores e contrações musculares, opistótono, incoordenação e dificuldade de locomoção, entre outros) e no caso d (a

Área

Protegida

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Fotografia: Natural Punta Bermeja, província de Río Negro, Argentina Martina Miqueo Lauriente
X BOLETIM WDA-LA
F Valéria Falabella

ALGUNS

ÓRGÃOS DE REFERÊNCIA PARA NOTIFICAÇÃO E DIAGNÓSTICO DE IAAP

Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar (Argentina)

Serviço Agrícola e Pecuário (Chile)

Divisão de Laboratórios Veterinários (DILAVE), Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca (Uruguai)

Serviço Nacional de Sanidade Agropecuária (Peru)

Serviço Nacional de Sanidade Animal (SENASA, Costa Rica).

Instituto Colombiano de Agricultura (Colômbia).

Serviço Nacional de Saúde, Segurança e Qualidade Agroalimentar (SENASICA, México).

Defesa Agropecuária/Ministério da Agricultura e Pecuária (SDA/MAPA) (Brasil).

Ministério da Agricultura, Pecuária e Alimentação, Diretoria de Saúde Animal (Guatemala).

PALAVRAS FINAIS

Quando o comitê deste capítulo estudantil se reuniu pela primeira vez após a Conferência Bienal da WDA-LA em Valdivia (Chile) e discutiu a elaboração de uma nova edição do boletim informativo, as palavras"Gripe Aviária" surgiram nos microfones e nas caixas de mensagem de todos os presentes. Desde que as primeiras notícias sobre o surgimento no nosso continente

foram partilhadas nas redes da associação e nas nossas histórias pessoais, mais de uma vez foi expressada preocupação com esta emergência e com a importância que ela representa para os ecossistemas. Foi então que um subcomitê assumiu a tarefa de compilar informações em diferentes formatos sobre os casos em todos os países da região para compartilhar uma modesta atualização em nosso lugar como estudantes latinos membros da WDA. Esta nota menciona eventos introdutórios em diferentes países que foram encontrados durante a nossa compilação, com o entendimento de que há mais casos que estão relacionados e provavelmente outros que ainda não estão relacionados Com o objetivo de ser um manual abrangente sobre IAAP, propomos uma abordagem dos casos selvagens na região latino-americana e alguns elementos observados no processo de dispersão, na esperança de que ajude a orientar aqueles que enfrentam esta problemática Ao mesmo tempo, procuramos catalisar a comunicação entre aqueles que se preocupam com a nossa fauna regional e, assim, unir forças e conseguir uma abordagem integral do tema. Este artigo não teria sido possível sem a ajuda da orientação da Dra. Marcela Uhart, Dr. Pablo Plaza e Dra. Marina Winter, que, através de diversos meios de comunicação, nos ofereceram calorosamente seu apoio e suas opiniões críticas e construtivas. Gostaríamos também de agradecer à Secretaria de Meio Ambiente de Río Negro (Argentina) e à WCS (Wildlife Conservation Society) Argentina pelo material fotográfico compartilhado.

24
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Fotografia: Área Natural Protegida Punta Bermeja, província de Río Negro, Argentina Fernando Gabriel Hartmann

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27 X BOLETIM WDA-LA

Coordenação Editorial

Lucas Federico Arce (Argentina)

Comitê Editorial

Valentina Sepúlveda (Chile), Nikté Licona (Honduras) e Carol Sotto (Brasil)

Direção de arte e design

Nikté Licona (Honduras)

Tradução e adaptação para o português

Diana Netto Hernandez Blazquez (Brasil), Carol Sotto (Brasil), Guilherme

Rogerio (Brasil) e Fernando Vilchez (Perú)

Tradução e adaptação para o inglês

Angel Herrera Mares (México), Adriana Urbina (Nicaragua), Karen Uxue Martínez

Pérez (México), Carol Sotto (Brasil), Fernando Vilchez (Perú), Nikté Licona (Honduras) e Elizabeth Linares Alcántara (México)

BOLETIM INFORMATIVO

Associação de Doenças da Vida SelvagemAmérica Latina

Décima edição 15 de maio de 2024

PUBLICAÇÃO GRATUITA PARA MEMBROS

** Se você é o primeiro autor e é membro ordinário, estudante, vitalício ou emérito da Wildlife Disease Association (WDA), pode enviar seu manuscrito para o Journal of Wildlife Diseases.

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