A família - a primeira de todas as instituições

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DA PRIMEIRA INSTITUIÇÃO OU DOS PRIMÓRDIOS DO CONTRATO -

A família - a primeira de todas as instituições Fernando Victor dos Santos1 Rúbia Pimentel2 Walkyria Santos3 INTRODUÇÃO

O objetivo deste texto é abordar a concepção de família enquanto instituição social numa linguagem acessível para alunos da educação básica no ensino da sociologia. Trata-se de uma proposta sociológica inserida no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência-PIBID em convênio com a Universidade da Amazônia com a finalidade de inserir o licenciando de Ciências Sociais na prática pedagógica do ensino da sociologia na educação básica da escola pública. O texto compõe outras atividades, como pesquisas de música, literatura, charges, imagens da cidade que retratem o cotidiano da vida escolar e coletiva dos alunos. O conceito em destaque é a família tendo como enfoque o contrato social em Rousseau para demonstrar que mesmo que os indivíduos vivam em convívio familiar, não os libera de compromisso institucional como pais e filhos.

Como

contextualização, Gabriel o Pensador e Arte Papa Xibé emprestam suas artes para melhor compreensão do conceito. Espera-se assim, que o aprender sociológico seja de modo lúdico e agradável. 1. SOBRE A ORIGEM DA SOCIEDADE

Por que vivemos em sociedade? Sendo a sociedade um agrupamento de humanos, quando que os humanos resolveram se agrupar? Essas questões são discutidas nas ciências sociais por teóricos chamados contratualistas. Eles argumentam que os homens constituíram 1 Bolsista PIBID/UNAMA do Curso de Ciências Sociais da Universidade da Amazônia. Belém: UNAMA, 2015.

2 Coordenadora do Subprojeto de Ciências Sociais PIBID/UNAMA. Universidade da Amazônia. Belém: UNAMA, 2015.

3 Professora de sociologia do ensino fundamental e supervisora de campo do Subprojeto de Ciências Sociais PIBID/UNAMA. Universidade da Amazônia. Belém: UNAMA, 2015.

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um pacto ou contrato social sob o qual abdicam de suas liberdades no estado de natureza – momento em que o homem pode fazer o que quiser – para então possuir a liberdade civil, ou seja, aquela regida por leis, escrita ou não. Dentre tais teóricos, Jean Jacques Rousseau, nos tem muito a dizer. O estado de natureza é perigoso porque podendo o homem fazer o que quiser o limite de seus atos está no limite de sua força física, podendo então o mais forte oprimir ou mesmo matar o mais fraco. Todos nós, humanos, nascemos fracos, bebês indefesos, sujeitos então a vontade do mais forte. Para nossa segurança, temos nossos parentes, que constituem nossa família, mais fortes do que nós, são os responsáveis por nossa segurança. Mas por que eles nos protegem? Porque existe o laço afetivo do parentesco. Não assinamos nenhum contrato, porém sabemos quem são nossos pais e os respeitamos e obedecemos por eles serem nossos responsáveis. Neste caso, o contrato é informal entre pais e filhos, faz parte da tradição da história das sociedades. Porém, com relação ao Estado, é formal, pois o cuidado com os filhos é um dever legal garantido na Constituição Brasileira. Rousseau, que nasceu em Genebra em 1712 e escreveu, dentre outras obras, Do contrato social, diz ser a família a primeira de todas as instituições e nós já nascemos nela. Em primeiro momento a liberdade dos filhos está limitada a vontade dos parentes, uma vez que as crianças ainda não possuem todos os atributos de um adulto para ordenar sua vida. Quando crescem, no entanto, os filhos não deixam de ser filhos, nem os pais de serem pais, e por mais que agora o novo adulto seja responsável por seus atos, não deve deixa de respeitar seus parentes, porque eles permanecem sendo sua primeira instituição, seu primeiro agrupamento de humanos. A família é o primeiro abrigo do ser humano, o lugar de onde sai e para onde volta. Onde estabelece suas primeiras relações e onde se estabelece como indivíduo humano. Laços de parentesco, no entanto, não estão unicamente ligados a questões sanguíneas. Família é o primeiro lugar de desenvolvimento do indivíduo, podendo ou não os parentes ser de sangue, o importante é a relação estabelecida, o contrato firmado entre pais e filhos, o qual deve ser seguido por garantir a segurança e a liberdade entre todos.

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2. VAMOS FALAR DE FAMÍLIA

Em música intitulada Isso aqui é família, Gabriel o Pensador dá um exemplo das relações entre família: “Isso aqui é família e família é assim/ Vou cuidar de você pra você cuidar de mim/ Isso aqui é família e família é assim/ Eu sou ele amanhã, também vou ser barbudo” (VAGALUME, 2015). Trata-se de uma relação de troca (Vou cuidar de você pra você cuidar de mim), que tem por objetivo garantir o futuro da família, uma vez que meus familiares são eu no futuro (Eu sou ele amanhã, também vou ser barbudo), desta forma, a partir desta instituição, agimos em relação aos outros da forma como esperamos que os outros reajam em relação a nós. Na charge do Arte Papa Xibé (2015), o cuidado da mãe ao filho

explica-se

através

da

superstição paraense: “criança que brinca em baixo da mesa não cresce”. Evitar que o filho não cresça

é

uma

manifestação

forma

de

materno-familiar

de garantia do desenvolvimento do

indivíduo.

Assim,

“ser

paraense é evitar desde criança de ser baixinho no futuro!” Fonte: Arte Papa Xibé. Ser Paraense é. Disponível em: https://artepapaxibe.wordpress.com/cartoons-e-charges/. Acesso: 21/05/2015.

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Em contrapartida, o filho deve cuidar também de sua mãe e esse cuidado se expressa na ação de “desemborcar a chinela para evitar que a mãe leve farelo (morra)”. Assim, “ser paraense é sempre salvar a vida da mãe, seja como for!” Ou seja, toda forma de cuidado vale a pena quando se trata da família. Fonte: Arte Papa Xibé. Ser Paraense é. Disponível em: https://artepapaxibe.wordpress.com/cartoons-e-charges/. Acesso: 21/05/2015.

As demais relações entre os humanos, nas demais instituições, tomam por base o contrato familiar. Os homens legitimam um contrato social entre si para garantir sua segurança e sua liberdade. Sem tal contrato, voltaríamos ao estado de natureza, onde reinaria a insegurança. Então, o homem social é um homem civil, um homem que assume deveres e responsabilidade para a manutenção do seu bem-estar e do bem social, assim como entre parentes, se busca o bem de cada um e da família como um todo.

REFERÊNCIAS ARTE Papa Xibé. Ser Paraense é. Disponível em: https://artepapaxibe.wordpress.com/cartoons-e-charges/. Acesso: 21/05/2015. ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. São Paulo: Penguin Companhia, 2014. VAGALUME. Isso aqui é família. Disponível em: http://www.vagalume.com.br/gabriel-pensador/isso-aqui-e-familia.html. Acesso: 21/05/2015.

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