Odonto Magazine Ed. 33 Outubro/2013

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Reportagem

cardíaca, a morte é cerebral”, enfatiza, acrescentando que não devem ser usados espelhos bucais para verificação da respiração, prática comum entre os profissionais da Odontologia: “Paciente sem pulso carotídeo ou femoral e sem movimentos respiratórios encontram-se em PCR [parada cardiorrespiratória]”. Porém, se o paciente é hipotenso ou é usuário crônico de betabloqueadores (remédios usados para a diminuição da contração do músculo cardíaco), deve haver uma atenção maior. Isso porque, de acordo com Marques, esse tipo de paciente possui pulso radial muito fraco. “Pode-se imaginar que a vítima esteja sem pulso e praticar de forma equivocada a massagem cardíaca, ato que poderia levar a consequências inesperadas, inclusive ao óbito. Não se faz compressões torácicas em pessoas com pulso e que estejam respirando”, alerta.

Parada cardiorrespiratória “A PCR, fisiologicamente, é diferente nos pacientes adultos e nas crianças”, afirma o professor, que continua explicando: “Pacientes adultos e acima de 12 anos, que são considerados adultos nessas condições, geralmente, morrem em fibrilação ventricular, nestas condições o coração costuma ter uma frequência acima de 300 batimentos por minuto, inviabilizando a realização de suas funções fisiológicas. Portanto, deve-se acionar o socorro pedindo o desfibrilador [DEA] e, enquanto o socorro não chega, proceder a massagem cardíaca a tórax fechado, socorro básico de emergência”. Quando uma criança respira com dificuldade, “ela usa a musculatura acessória da respiração, portanto, o ‘batimento da asa do nariz’ é um sinal indicativo que a criança poderá entrar em PCR”. Então, caso o cirurgião-dentista perceba que a criança apresenta esses sinais, deverá observá-la atentamente, sem

demonstrar inquietação ou nervosismo. “Nesses casos, o profissional deverá suspender seus procedimentos e encaminhar o paciente ao hospital. Crianças, geralmente, entram em PCR quando apresentam doenças do aparelho respiratório, portanto, deverão ser inquiridas durante a anamnese e o exame físico. Caso ocorra a PCR, o profissional deve fazer as compressões torácicas, que, geralmente, é o suficiente para que volte às funções fisiológicas”, indica Marques.

Pacientes especiais “Costumo dizer nos cursos que ministro, que todo paciente é especial, pois como as nossas digitais, não existe uma pessoa igual à outra”, inicia o Dr. Ivan. “Entretanto, pacientes que se apresentam com doenças orgânicas, como diabetes, hipertensão, cardiopatias, etc., deverão ser tratados de maneira a atender suas necessidades inerentes à sua entidade mórbida”, continua. Os pacientes idosos também devem receber atenção antes de qualquer tratamento. “Nós somos um corpo que tem uma boca e não uma boca que tem um corpo, por isso, quando atendemos pacientes idosos, atendemos uma pessoa cuja fisiologia é totalmente diferente de uma pessoa que tenha menos de 60 ou 65 anos”, lembra. Ele enfatiza que os idosos deverão ser atendidos na presença de familiares ou cuidadores, e o cirurgião-dentista deve conhecer seu histórico de saúde - contado pelo idoso na presença da pessoa responsável. “Procure atendê-los, preferencialmente, à tarde quando forem hipertensos, cardiopatas, anginosos ou que possuam duas ou mais doenças. Os diabéticos deverão ser atendidos, se possível, no meio da manhã. Evite atendê-los no final da tarde”, sugere o professor.

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