Digital Security 79

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Ano 5 • No 79• Março/2018

79 ISSN 2238-5711

www.revistadigitalsecurity.com.br

Referência em tecnologia para o mercado de segurança eletrônica

Entrevista RONALDO DE OLIVEIRA E SILVA COORDENADOR DE TI E TELECOM DA SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Reportagem especial

RESULTADOS E TECNOLOGIAS DO PRIMEIRO ANO DO CITY CÂMERA

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Editorial

Propostas para

O

ano novo da segurança no país começou agora, em meados de março, com a realização da ISC Brasil. Um passeio pela feira, algumas conversas com os executivos e depois de passar em revista parte das novidades, a conclusão foi positiva. A resposta para a primeira e mais óbvia pergunta é sim. Sim, o mercado dá mostras de reaquecimento. Os movimentos são tímidos, porém visíveis. No entanto, ao contrário do que se pôde imaginar, esse crescimento não aconteceu com base em novos produtos, tecnologias imensamente inovadoras ou mesmo ideias revolucionárias. Nos corredores, nas rodas de conversas e em diversos estandes, os produtos oferecidos apresentavam um clima de “reaproveitamento” de iniciativas que tiveram início há dois, três anos antes. Ao mesmo tempo em que os produtos em destaque tiveram presença considerável, os novos modelos de negócios apresentados repisaram ideias já vistas antes, como o aluguel de equipamentos e a aposta em políticas de incentivo a pequenos e médios projetos. A parte boa: agora, porém, apareceram de uma forma muito mais amadurecida. Além disso, uma quantidade razoável de sistemas analógicos marcou a última edição do evento mostrando o real panorama do mercado brasileiro de segurança eletrônica na atualidade. Nesse cenário, o crescimento acontece, sem dúvida, mas está totalmente dependente da criatividade do profissional para se adaptar a novas realidades. Para quem acompanha o mercado há tempos, a sensação é de que a inovação chega aos poucos, calcada muito mais na mudança de atitude por parte dos profissionais do que apenas na quantidade de novidades tecnológicas. Prova disso foi a presença maciça do público em eventos paralelos voltadas para verticais como Cibersegurança, Indústria e Hospitais, com sessões bastante concorridas. Ou seja, o mercado continua focado em aprender, em buscar por novas vertentes e conquistar públicos diversos. Também foi nítida a ausência de alguns grandes players, sinalizando uma aposta na qual muitos deles têm investido: a participação em eventos mais específicos ao invés da presença naquela que um dia foi considerada a maior feira de segurança do país. O balanço geral não foi ruim, ao contrário. O crescimento em relação aos anos anteriores pôde ser sentido sim, mesmo que ainda muito distante do ideal e sem algumas das principais empresas do segmento. Se esse cenário vai mudar eu se o crescimento vai se manter no decorrer do ano e na próxima edição do evento ainda não sabemos. Mas perceber que o público buscava por conhecimento e novas perspectivas de negócios foi muito gratificante, sobretudo de passarmos por anos de turbulência econômica. Sinaliza a esperança de que novos rumos (sempre em frente) no mercado de segurança certamente estão por vir.

Redação Publisher

Eduardo Boni (MTb: 27819) eduardo.boni@vpgroup.com.br Editor Assistente

Gustavo Zuccherato gustavo.zuccherato@vpgroup.com.br Coordenador Editorial

Flávio Bonanome flavio.bonanome@vpgroup.com.br

Arte Flavio Bissolotti flavio.bissolotti@vpgroup.com.br

Comercial contato@vpgroup.com.br

Presidente & CEO Presidência e CEO

Victor Hugo Piiroja victor.piiroja@vpgroup.com.br Financeiro Rodrigo Gonçalves Oliveira rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br Atendimento Jessica Pereira jessica.pereira@vpgroup.com.br Digital Security Online www.revistadigitalsecurity.com.br

Tiragem: 22.000 exemplares Impressão: Gráfica Mundo

Eduardo Boni Publisher

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Al. Madeira, 53, cj. 91, 9º andar - Alphaville Industrial 06454-070 - Barueri, SP – Brasil + 55 (11) 4197 - 7500 www.vpgroup.com.br


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Sumário

produtos e serviços

Fibra Óptica Energizada

pg10 Tecnologia promete PoE em distâncias de até 3 km com um único cabo

CASE STUDY

Um ano de City Câmera

pg16 Conheça a evolução da iniciativa que mudou a forma como o setor público, privado e sociedade civil se relacionam na luta contra o crime

Sist

Leitu de v

Mercado

Hikvision

pg12 Arena Corinthians receberá mais avançadas tecnologias de segurança da fabricante chinesa

entrevista

Ronaldo de Oliveira e Silva pg26 Coordenador de Tecnologia da Informação e Telecomunicação da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo

ABESE

pg12 Comitê de Startups fomentará negócios inovadores

Eventos

ISC Brasil 4.0

pg14 Área de segurança digital, presença do ministro, congresso de mulheres da indústria e muitos lançamentos de produtos e soluções

Plata Reformulação necessária traz eficiência e escalabilidade para o Detecta, maior Big Data de segurança da América Latina

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ARTIGO

Machine Learning: estudos de caso mostram os resultados da Inteligência Artificial pg32

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Produtos e Serviços Fibra Óptica Energizada

Tecnologia promete levar PoE para

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CommScope está trazendo para o mercado de segurança o Powered Fibre Cable System (Fibra Óptica Energizada), uma nova tecnologia de cabeamento que facilitará a vida de qualquer projeto que precise instalar dispositivos IP e PoE em longas distâncias. A solução foi apresentada no Policom Solution Center de São Paulo, showroom e espaço de treinamento da distribuidora Policom, no começo de março. O sistema é baseado na união de dois principais componentes: um cabo híbrido, que carrega a fibra óptica e dois condutores metálicos, e o chamado “Extensor de PoE”, um dispositivo único que oferece a entrada para o cabo híbrido e executa a conversão do sinal óptico e da energia em PoE. No lado da central técnica, basta uma fonte de alimentação universal (PSU) regulável, preparada para trabalhar com o sistema. “Queremos levar a conectividade para além dos ambientes indoor fechados, onde o cabeamento tradicional de cobre chega até 100 metros de distância”, pontua Eduardo Venturini, gerente de engenharia de aplicação na CommScope do Brasil. “Com essa solução, conseguimos expandir a conectividade para ambientes outdoor em distâncias de até 3 km da central”. Para o mercado de segurança, a CoomScope conta com vários modelos de cabos. De acordo com o executivo, as fibras podem ser do tipo multímodo ou monomodo e vir em conjuntos de duas, quatro ou 12 em um único cabo. Os diâmetros de seção transversal dos condutores, por sua vez, podem ser de 12 e 16 AWG. O Extensor de PoE, por fim, possui modelos de uma ou duas portas PoE+, podendo alimentar dispositivos que sejam de 25, 30 ou 60 W de potência e oferece certificação IP67, para resistir às mudanças climáticas. Dependendo do projeto e do modelo da fonte escolhida, podem ser suportados até 64 dispositivos simultanea-

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mente a partir de uma única fonte de alimentação. “Essa variação auxilia na definição seguindo a preferência do cliente em termos de distância e tipos de transceivers que serão usados e otimizam o investimento segundo as suas necessidades”, ressalta o engenheiro. Para facilitar os cálculos da queda de tensão natural dos condutores e ajudar a descobrir distância máxima para a aplicação do Powered Fibre Cable System, a CommScope já disponibiliza em seu site uma calculadora que realiza tudo automaticamente, apenas ajustando alguns parâmetros, como a potência do dispositivo a ser alimentado e a voltagem da fonte de alimentação. Durante o evento, cerca de 30 pessoas puderam tirar suas dúvidas a respeito do funcionamento desta nova tecnologia. Venturini ainda apresentou possíveis topologias de rede baseadas em Fibra Óptica Energizada e os dados fornecidos por um cliente brasileiro da solução que comprovavam o seu custo Capex até 15% mais baixo em relação à um sistema convencional. Sendo distribuidora da CommScope há 20 anos, o Grupo Policom destaca-se por oferecer um atendimento pessoal próximo aos instaladores e integradores, até mesmo com visitas técnicas à clientes-finais, além de ferramentas que facilitam a cotação de produtos. “Temos o portal B2B CotaOnline, disponível através do nosso site, onde as empresas interessadas podem cadastrar seus funcionários para que eles acessem e conheçam todos os produtos que temos em estoque e seus preços. Assim que é formalizada a cotação, um dos nossos vendedores entra em contato para auxiliar em qualquer dúvida que o cliente possa ter”, relata Anderson Carvalho, gerente de marketing do Grupo Policom. “É uma ferramenta voltada para os profissionais de compras e projetos das empresas que acelera e facilita a definição de produtos e preços do portfólio de marcas que trabalhamos”. DS


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Mercado Hikvision

Arena Corinthians receberá mais avançadas tecnologias de segurança

FOTO: Anderson Bueno Pereira

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Hikvision anunciou que se tornou a mais nova parceira oficial da Arena Corinthians, estádio do conhecido clube paulista inaugurado em 2014 em virtude da Copa do Mundo. Com isso, a fabricante irá fornecer a manutenção e ampliação da segurança eletrônica do empreendimento, principalmente em dias de jogos e eventos com grande público. A parceria, de três anos, prevê o fornecimento de diversos produtos e soluções, que contam com recursos de Inteligência Artificial, como câmeras de reconhecimento facial, e que gravam imagem em condições de baixa luminosidade, transmitindo cores com brilho e nitidez em uma escuridão quase completa, além de câmeras de leitura de placa e 360º com visão panorâmica. A parceria inclui ainda os equipamentos de controle de acesso. Em contrapartida, a Hikvision terá exposição de sua marca nos telões, painéis de LED e televisores da Arena, postagens nas redes sociais oficiais, além do direito de utilização de áreas corporativas da casa do Corinthians para relacionamento, ações de incentivo e eventos. “Estamos muito otimistas com a parceria firmada com a Arena Corinthians. Unir nossa marca a um clube renomado, marcado por uma trajetória de sucesso, com visibilidade nacional e internacional, vai ao encontro da nossa missão empresarial. Temos uma grande parceria com o estádio do Ajax, da Holanda, que está dando muito certo e a ideia é transformar a casa do Corinthians em um grande case de sucesso e uma referência para mercado”, comenta Marco Meirelles, gerente de Marketing da Hikvision no Brasil.

“Dando continuidade ao projeto de ter parceiros exclusivos em diferentes segmentos, é com grande satisfação que anunciamos esse acordo com a Hikvision para ampliação da nossa tecnologia em segurança. A Arena Corinthians já recebeu, desde sua inauguração, 4 milhões de torcedores – apenas em dias de jogos. Por isso, o investimento nesse segmento é de extrema importância e a Hikvision enxergou o nosso potencial como plataforma de negócios”, diz Luis Paulo Rosenberg, Diretor de Marketing do Corinthians. DS

ABESE

Comitê de Startups fomentará

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Abese (Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança) anuncia a criação de um novo núcleo de desenvolvimento para identificar e promover negócios inovadores no setor de segurança eletrônica brasileiro. O Comitê de Startups Abese será composto por empresas que representam modelos de negócios inovadores, disruptivos e escaláveis. Dentre os requisitos para participar, é necessário que a startup já possua um produto ou serviço estruturado, ainda que careça de ajustes. A Abese oferece alguns benefícios importantes para as participantes, como interação com empresas maduras do mercado,

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suporte institucional e espaço na Feira Exposec de 2018, que acontecerá entre 22 e 24 de maio, em São Paulo. Para a presidente da Abese, Selma Migliori, a criação do novo Comitê representa mais um importante passo da associação em benefício do mercado e das empresas associadas. “Estamos trabalhando para estruturar esse núcleo desde o ano passado e chegamos a um modelo exclusivo, que consideramos muito interessante. O Comitê prevê uma série de benefícios, com destaque para a Ilha de Startups Abese, que montaremos na Exposec. Uma oportunidade fantástica para as empresas que forem selecionadas”, ressalta Selma. DS



Eventos ISC Brasil 4.0

Acontecimentos inéditos marcam Criação da área de segurança digital, presença de ministro, congresso de mulheres da indústria e muitos lançamentos de produtos e soluções

por Gustavo Zuccherato

Confira nossas transmissões ao vivo direto do Facebook durante a ISC Brasil facebook.com/digitalscbr

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edição de 2018 da ISC Brasil foi palco de diversos marcos históricos inéditos para o setor de segurança. Inaugurando uma nova abordagem com o conceito de ISC Brasil 4.0, pela primeira vez, a feira também abriu espaço para a segurança digital, além das já tradicionais áreas para segurança eletrônica, pública e privada. Embora ainda bastante pequena em número de expositores, com essa iniciativa, a cibersegurança - tão essencial neste ecossistema IP - ganha mais uma plataforma de disseminação de conhecimento focada nos profissionais do setor. Outro importante acontecimento da ISC Brasil foi a participação do recém-nomeado Ministro Extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, no evento setorial – bola cantada pela Digital Security quando da criação do ministério. Embora estivesse a pouquíssimo tempo no novo cargo, Jungmann já se mostrou bastante enfático em justificar a criação deste ministério e elencou as pautas que serão prioridades da sua gestão. Segundo ele, o modelo de segurança proposto pela Constituição atual está ultrapassado. “Se os senhores abrirem agora a constituição federal de 1988 vão encontrar um único artigo referente à toda

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parte de segurança pública, é o artigo 144. Não há blindagem orçamentária financeira como nos outros setores e esse é o primeiro e maior problema que temos em termos de segurança publica no Brasil”. De acordo com Jungmann, o foco do ministério é promover a universalização da segurança pública, “como um direito de todos os cidadãos brasileiros independente de situação econômica ou condição social”, destacou. Jungmann também comentou que pretende criar uma Secretaria Nacional de Produtos de Segurança Eletrônica e Inovação, revelando uma oportunidade para empresas e profissionais que atuam no setor de colaborarem e fornecerem produtos ou desenvolverem soluções para a segurança pública. Durante o evento, o ministro também participou de uma reunião com os comandantes das Polícias Militares. Estão incluídas na pauta do planejamento do novo ministério a abertura de crédito de R$ 10 bilhões para os municípios via BNDES, valorização dos policiais militares e a regulamentação e melhora os sistemas de informação. Também inédito na ISC, o Congresso De Mulheres Líderes Da Indústria De Segurança, trouxe oito painéis sobre a presença da


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mulher no mercado no último dia de evento, em que se comemorou o Dia Internacional da Mulher. “Hoje, a mulher atua em todas as áreas da segurança pública. Ao passo também que o mercado inovou, inovamos. E a ISC traz o encontro dessa tecnologia com o ser humano, facilitando o trabalho que beneficia outros seres humanos”, disse a coronel PM Helena dos Santos Reis, secretária chefe da Casa Militar de São Paulo. Para além da programação de conteúdo, vale o destaque para as áreas do setor público, com um estande próprio da Prefeitura de São Paulo que exibiu os drones que estão sendo usados nas operações de segurança e defesa civil e os novos carros elétricos da Guarda Civil Metropolitana. Além disso, esteve de volta o ISC Experience, desta vez, destacando soluções integradas de empresas com foco em aplicações para condomínios, bancos, universidades e indústria. Voltando-se agora para os lançamentos de produtos e soluções, convidamos você a acessar o nosso site e FanPage no Facebook lendo os QR Codes destas páginas para conferir a cobertura em tempo real e ao vivo que fizemos durante a ISC Brasil. Segundo a organização, o evento registrou um crescimento de

23% em sua área em relação ao ano anterior, atraiu quase 18 mil visitantes e bateu a meta de gerar R$ 850 milhões em negócios durante os três dias de feira. Embora anunciem esses números, a área de exposição, especialmente a de segurança eletrônica, diminuiu bastante em tamanho, sendo preenchidas pelas áreas de segurança pública, privada e digital. Era notável o movimento nos estandes, com executivos, demonstradores e porta-vozes muitas vezes sempre ocupados atendendo clientes em reuniões de parcerias e negócios, o que deve garantir bons frutos para o restante do ano. A ISC Brasil se mostrou mais uma vez uma plataforma de negócios extremamente consolidada no país, especialmente na interface do setor público com o privado. A próxima edição certamente aproveitará os acertos desse ano para melhorar a experiência do visitante e expandir a presença de outras marcas na área de segurança digital, além de tentar reaproximar e garantir a presença de algumas importantes companhias do setor de segurança eletrônica que não estavam nesta edição. DS

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Case Study City Câmera

Um ano de City Câmera: a evolução, Iniciativa da prefeitura de São Paulo mudou a forma como o setor público, privado e sociedade civil se relacionam na luta contra o crime por Gustavo Zuccherato

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partir da manhã ensolarada do dia 23 de março de 2017, o mundo conheceria uma nova proposta de uso da tecnologia a favor da segurança pública. Em uma coletiva de imprensa, no qual a Digital Security esteve presente, nascia o programa City Câmera. Um ano depois, trazemos um Case Study Especial sobre o desenvolvimento desta iniciativa da prefeitura de São Paulo que quer aproveitar a infraestrutura de segurança privada para integrar 10 mil câmeras a uma plataforma de monitoramento em nuvem pública até 2020. Partindo da premissa de que “a segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”, escrito no artigo 144 da Constituição Federal, o City Câmera foi bem recebido pelo mercado e pelo público-consumidor. Com a participação, contribuição e parceria de empresas e sociedade civil, o projeto conta atualmente com quase 2 mil câmeras instaladas pela capital paulista, sendo 1438 delas já disponíveis para acesso na plataforma em nuvem pelas corporações policiais e órgãos de segurança e 66 públicas, com acesso liberado para qualquer pessoa. Além disso, o projeto resultou no surgimento de ofertas semelhantes por todo o Brasil e fomentou a prestação de serviços para implantação da tecnologia que, certamente, ajudou e continuará a

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ajudar na retomada do crescimento da indústria em nível nacional. Para 2018, a ABESE (Associação Brasileira de Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança) projeta 8% de crescimento do mercado, 2% a mais do que o ano passado, impulsionado pelo videomonitoramento e as portarias remotas. Comandando o City Câmera desde sua fundação está o Cel José Roberto Rodrigues de Oliveira, secretário municipal de segurança urbana de São Paulo. “Queremos que as pessoas se empoderem, desenvolvam sua cidadania e participem entendendo o princípio da


Case Study City Câmera

profissionais para fazer a instalação e manutenção das câmeras, enquanto fica responsável por administrar os contratos, o desenvolvimento dos projetos e a implantação. Entre seus parceiros de negócio, Roberto Rocha faz questão de ressaltar a Dahua, a Digifort, a distribuidora Alphadigi e a Aivision, serviço de gravação que utiliza data centers da Equinix. “Como consultor de segurança, não posso dizer que as outras marcas credenciadas não funcionem, mas estas são as que garantem a qualidade e a confiabilidade para o trabalho que realizo”, destaca. “Os moradores estão ávidos por colocar as imagens das suas câmeras à disposição do governo. O integrador, parceiro de TI, precisa perder o medo de que vai perder o seu cliente para a SegD’Boa. Nossa empresa não atua da porta para dentro: é o instalador quem tem a relação direta com o morador. Quem vai oferecer a qualidade de serviço e ter a oportunidade de expandir sua cartela de clientes com projetos de Vizinhança Solidária são os integradores certificados”. Constituição Federal de que, juntos, podemos fazer mais pela segurança”, ressalta. “Anteriormente, tínhamos 75 câmeras na cidade e eram gastos R$ 320 mil por mês com elas. São quase R$ 4 milhões por ano, um valor que poderia ser investido em outras áreas como, por exemplo, na compra de 75 viaturas para a Guarda Civil”. Segundo o secretário, não há modelo similar de compartilhamento público-privado em nenhum outro lugar do mundo. “Temos uma estimativa de que a cidade de São Paulo possui quase 1 milhão de câmeras, se trouxermos 200 mil para o City Câmera, seremos uma das cidades mais vigiadas do mundo”. Oportunidade de negócios Completando seu primeiro aniversário, o City Câmera abriu uma oportunidade de faturamento recorrente para diversas empresas que atuam instalando e conectando as câmeras em nuvem. Nas exigências técnicas mínimas do programa estão câmeras de 1 MP (720p) que façam transmissão à 12 fps e possuam o protocolo de comunicação RTSP. Além disso, é necessário contratar uma plataforma com um período mínimo de 7 dias de gravação de imagens em nuvem. “Nosso grande sonho é que o City Câmera seja um produto de prateleira para que operadoras de telefonia, televisão à cabo e internet possam também oferecer a instalação de câmeras como um produto e, assim, possamos ter mais delas pela cidade”, destaca o secretário municipal. Uma dessas empresas que aproveitam essa oportunidade é a SegD’Boa, do consultor de tecnologia Roberto Rocha. Pioneira em atuar com o conceito de colaboração social da iniciativa privada com o poder público, a empresa iniciou há quatro anos um projeto de monitoramento de ruas da Vila Madalena durante o período de Carnaval (em 2017, o case foi capa da edição 66 da Digital Security) e, agora, tem atuado ao longo de todo o ano com a oferta do City Câmera e outros projetos de segurança. “A conexão é tecnicamente complexa, mas bastante simples de se fazer. A câmera, instalada na área externa da residência ou do comércio, é conectada em um modem – ou em um DVR se for analógica e depois no modem da internet. Dali, o fluxo de vídeo é direcionado para a ‘nuvem’, um data center distribuído que funciona como o servidor com o software de gestão e as licenças de câmeras. A partir de lá, então, é feito o direcionamento das imagens para a plataforma City Câmera”, explica o consultor. “No site do programa, há diversas empresas credenciadas que fazem essa conexão de forma que o usuário não precisa se preocupar com a tecnologia por trás disso, apenas em ceder a energia, internet e o acesso à imagem da câmera”. Atuando mais como uma empresa gestora, a SegD’Boa certifica

Compartilhar para fortalecer Em evolução constante, o City Câmera alcança seus números através da consolidação de doações e parcerias. Neste processo, empresas como Dahua, Hikvision e Tecvoz doaram milhares de câmeras à prefeitura. A Camerite, por sua vez, foi a responsável por doar a plataforma que permite o acesso às imagens pelo site do projeto, além de 1000 “slots” de câmeras na nuvem. “Não existe nenhuma contrapartida do poder público, a não ser a divulgação natural que acontece para as marcas por conta da exposição do programa”, defende o secretário. “Essas câmeras doadas estão sendo instaladas aos poucos e farão parte de um projeto em parceria com a Secretaria de Prefeituras Regionais no qual distribuiremos, a princípio, 20 câmeras por distrito da cidade. Assim, o prefeito regional, em comum acordo com a comunidade, procurará instalar as câmeras em locais estratégicos e formar parcerias para financiar sua instalação e manutenção”, conta. Sempre com o objetivo de diminuir os custos para o poder público, a Secretaria de Segurança Urbana tem buscado contribuições de associações empresariais. Em julho, quando o site do City Câmera foi efetivamente lançado, foram instaladas 249 câmeras na região do Brás, bairro conhecido por ser um dos maiores centros comerciais do Brasil. “Nossa primeira Prova de Conceito (POC) no Brás contou com a parceria da Telefônica e da FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos)

Cel José Roberto Rodrigues de Oliveira, secretário municipal de segurança urbana de São Paulo: “Minha missão é criar dificuldade para a prática do crime e as câmeras são mais um processo de criar essas dificuldades”

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Case Study City Câmera

Ponte Estaiada Octávio Frias de Oliveira recebeu o monitoramento de câmeras após denúncias de roubos em congestionamentos

para instalar as câmeras e da FEVABRÁS (Federação dos Varejistas e Atacadistas do Brás) para o pagamento dos custos como manutenção e a plataforma de gravação em nuvem”, explica o Cel José Roberto. Além da FEBRABAN, que tem trabalhado para conectar as câmeras em vias públicas das agências bancárias da capital ao City Câmera, o secretário cita também parcerias em desenvolvimento com a ABRASCE (Associação Brasileira de Shoppings Centers), o SindResBar-SP (Sindicato de Bares e Restaurantes e Similares) e a APAS (Associação Paulista de Supermercados). Questionado sobre como levar o programa City Câmera para regiões que tem dificuldades financeiras ou de conectividade, Cel José Roberto explica que está sendo contratada uma empresa que fará a instalação e desinstalação de câmeras em regiões específicas, além de 400 chips de telefonia para oferecer a conexão móvel para até 800 câmeras. “Quando uma área se tornar de interesse para segurança pública ou defesa civil, nós podemos levar certa quantidade de câmeras e instalar, necessitando apenas da energia local. Assim que o problema é resolvido, podemos retirar e direcionar para outro local”. Cidadão presente Por outro lado, a sociedade civil também tem se organizado para implementar câmeras em locais de interesse das comunidades. A SAAP (Associação dos Amigos de Alto dos Pinheiros) é o exemplo mais claro e consolidado dessa iniciativa. “Segurança é uma das principais preocupações dos moradores do bairro. Há aproximadamente dois anos, começamos a explorar o que poderíamos fazer para contribuir com a segurança pública sendo uma associação de moradores”, relata Marcia Kalvon Woods, vice-presidente da SAAP. “Por isso, conduzimos uma série de reu-

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niões trazendo informações sobre percepção de segurança e dados oficiais do InfoCrim em parceria com a Polícia Militar para discutir e conhecer as possibilidades que estavam disponíveis no mercado”. Assim, a SAAP entendeu que poderia comprar e disponibilizar câmeras para o City Câmera, além de estabelecer uma parceria inédita com o Detecta, do governo do Estado. “Tivemos que achar equipamentos que fossem compatíveis com nossa capacidade de investimento e a SegD’Boa realizou parcerias com empresas de tecnologia para formatar uma solução que coubesse no bolso de uma associação”, diz Marcia. “A princípio, conseguimos um pacote de 10 câmeras ao preço de R$3500 cada uma mas, com a doação de 80 moradores, já instalamos 15 em pontos estratégicos selecionados pela Polícia Militar, como ruas com maior trânsito e possíveis rotas de fuga. Além disso, temos um custo mensal de manutenção e seguro que gira em torno de R$ 122 por câmera - valor que podemos pagar com as doações recorrentes que os moradores fazem para a associação”. De acordo com a vice-presidente, o ineditismo do uso de câmeras com leitura de placa da sociedade civil dentro da plataforma Detecta exigiu um trabalho burocrático intenso. “A formalização do convênio com a Secretaria de Segurança Pública do Estado demorou aproximadamente seis meses, por conta da necessidade de



Case Study City Câmera

reuniões com assistência da SSP, envio de todos os documentos da associação para que pudessem certificar que éramos uma organização idônea, a visita de um fiscal, além do desenvolvimento do instrumento legal que permitiu esse convênio”. As exigências para integração no Detecta são maiores do que o City Câmera, justamente pela necessidade de leitura de placa precisa e ininterrupta. Por isso, Roberto Rocha utilizou câmeras de 3 MP da Dahua ao invés de 1 MP exigido pelo programa da prefeitura, além de optar por uma conexão cabeada à rede. Neste caso, a plataforma em nuvem ainda precisa gravar as informações por, no mínimo, 30 dias. De qualquer forma, outras câmeras que não oferecem leitura de placa mas que já estão integradas ao City Câmera também podem ser acessadas pela plataforma do Detecta. “Quando houver uma necessidade em uma área onde está acontecendo um delito, os policiais podem ver todas as câmeras que estão naquela região para poder ter mais conhecimento sobre a situação e agir com mais assertividade”, destaca o Cel José Roberto. Bastidores da infraestrutura Se há uma facilidade de acesso e uso da plataforma, isso se deve à Camerite, startup brasileira que viu no City Câmera uma oportunidade de crescimento – e acertou em cheio. A empresa divulga que em 2017 cresceu 2000% e está com a meta de dobrar a sua equipe nesse ano, já com planos de expansão para América Latina e testes de validação na Europa. “O principal recurso que a Camerite oferece ao City Câmera é a escalabilidade”, destaca Cristian Aquino, CEO da companhia. “Em soluções tradicionais, você tem câmeras, conectadas por fibra óptica de ponto a ponto com um servidor com uma determinada configuração, e não há muito como escalar isso a não ser com mais investimento, se tornando um legado que exige manutenção. Toda a nossa infraestrutura está nos maiores provedores de nuvem do mundo e utilizamos padrões de desenvolvimento para que, se amanhã entrarem 10 mil ou 100 mil câmeras na plataforma, tudo seja automatizado e não tenhamos que fazer absolutamente nada”. A plataforma é acessada por toda a corporação policial e órgãos de segurança, além dos usuários-finais que disponibilizam suas câmeras e compartilham com sua comunidade. Com ela, é possível visualizar as imagens em tempo real em um mapa interativo, além de recuperar os vídeos gravados com auxílio de uma linha do tempo, estabelecer mosaicos e rondas para visualização das câmeras, além de uma série de recursos específicos para investigações policiais. “Desenvolvemos uma série de funcionalidades pedidas por todo o corpo envolvido no projeto City Câmera, incluindo a Secretaria de Segurança Urbana e os policiais militares e civis”, conta Aquino. “Posso citar, por exemplo, toda a parte de logs de acesso porque os órgãos públicos precisam saber quem entrou, por quanto tempo e para o que ficou utilizando a plataforma. Além disso, há recursos de inteligência artificial e análise de vídeo, como detecção de movimento em áreas específicas de São Paulo onde há problema de pichação e leitura de placas em nuvem – que está em fase de testes”. O mapa específico para investigações também seguiu a mesma lógica. “Fizemos um estudo de UX (User Experience) sobre quais caminhos eram tomados no processo de investigação para identificar e acelerar os processos de acompanhamento e resolução de crimes”, relata o CEO da Camerite. O secretário municipal de segurança urbana reconhece as vantagens trazidas por essa abordagem. “Anteriormente, a equipe tinha que sair para a rua, tentar achar uma câmera que estivesse visualizando o local e, se tivesse sorte, ela estaria gravando, e se tiver mais sorte ainda, aquelas imagens poderiam ser baixadas. Agora,

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A Praça Coronel Custódio Fernandes Pinheiros, conhecida como Praça do Por do Sol, recebeu câmeras que realizam leitura de placas automáticas da SAAP

o policial, da sua própria mesa de trabalho, consegue visualizar as câmeras no mapa, acessar as imagens e baixar trechos específicos para usar como evidência”. Atualmente, a Camerite trabalha com nuvem da Amazon, mas já está em negociação com a Microsoft e Google, outros grandes fornecedores de infraestrutura em nuvem. O sistema já aceita qualquer dispositivo que oferece o protocolo de comunicação RTSP H.264, mas também pode trabalhar com protocolos específicos desenvolvidos em parceria com players de mercado. “Todo vídeo que chega em nossa unidade de processamento é replicado em quatro continentes para garantir 9 dígitos de durabilidade do arquivo”, ressalta Aquino. “Nós escalamos núcleos de processamento, memória e capacidade de armazenamento em discos sólidos SSD no serviço da Amazon e isso está distribuído por vários servidores com configurações diferentes na infraestrutura deles”, explica. Resultados Com um ano de projeto, esperasse que alguma melhoria nos índices de segurança já possa ser notada. Segundo dados de criminalidade divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, na capital, os crimes graves, como homicídios, latrocínios e estupros não registraram quedas muito aparentes. Os números continuam na mesma lógica, variando bastante entre os meses de março de 2017 à janeiro de 2018. Por outro lado, crimes como roubo e furto, registraram pequenas quedas especialmente nos meses de novembro de 2017 à janeiro deste ano. Pela primeira vez, desde 2016 pelo menos, os roubos classificados como “outros” (ou seja, que não são roubos de veículos) registraram menos de 12 mil ocorrências em toda a capital, chegando a 11.627 em janeiro.



Case Study City Câmera

Apesar de alguns números favoráveis, o próprio secretário municipal reconhece que é necessário mais estudo para comprovar a eficiência do projeto. “Na região do Brás, por exemplo, onde fizemos um acompanhamento mais próximo, percebemos uma queda nos crimes de oportunidade, mas ainda é muito cedo para ligar uma coisa com a outra. Precisamos de mais dados para comparação e para estabelecer um modelo científico que garanta que o City Câmera também colaborou nesse processo”. A vice-presidente da SAAP, por sua vez, vê resultados positivos concretos das iniciativas de Vizinhança Solidária. “A comunidade passa a ser um agente que está fazendo algo pela segurança pública. As informações que temos, tanto dos dados oficiais da Polícia Militar quanto do relato de moradores para a associação, é que estamos passando por um período bastante tranquilo

desde que implantamos a tecnologia no bairro”. “Em um crime, há a figura do autor, da vítima e do ambiente onde isso acontece. O autor quem vai atrás é a polícia militar e civil. A vítima pode precisar de serviços como SAMU ou em caso de morte, o IML. Ambos ligados às esferas de governo estadual e federal. Mas o ambiente está muito mais ligado às prefeituras. Se um ambiente está mal iluminado, há desordem ou não há uma câmera, a prefeitura pode agir e exercer seu papel de polícia administrativa para, por exemplo, fechar um estabelecimento comercial que possa estar sendo um indutor de crime em uma região”, defende o Cel José Roberto. “Minha missão é criar dificuldade para a prática do crime e as câmeras são mais um processo de criar essas dificuldades. À medida que esse projeto escale, mais possibilidade de identificar crimes teremos e mais seguros podemos ficar”. DS

Para além dos olhos das câmeras

O

City Câmera é apenas uma parte das iniciativas que tem sido tomadas para fortalecer a segurança pública na cidade de São Paulo. De fato, a prefeitura, apoiada pela Secretaria de Segurança Urbana, está aumentando o efetivo da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Em 2017, foram contratados 500 novos guardas e no começo de 2018 foram convocados outros 500. Também foram feitos investimentos em novas viaturas elétricas e as áreas de inspetoria das guardas estão sendo alteradas para coincidirem com as mesmas áreas dos Departamentos de Polícia Militar e Civil para que possam colaborar de maneira mais efetiva. Além disso, ainda se valendo da tecnologia, a prefeitura lançou no ano passado o Dronepol, primeiro programa da América Latina que utiliza drones para ações de segurança pública e defesa civil. Também fruto de doações por empresas privadas, a Secretaria regulamentou e certificou os drones, além de treinar equipes para sua operação que têm auxiliado especialmente em grandes eventos mas também em locais de interesse. “Aos finais de semana, alguns drones fazem o monitoramento da Represa do Guarapiranga, a praia do paulistano, e inclusive foi desenvolvido um sistema inédito que pode lançar uma bóia para auxiliar no salvamento de pessoas que estejam se afogando”, diz o Cel José Roberto. “Também temos um drone que permite fazer avaliações de áreas de risco, através do mapeamento 3D, para planejar operações mais eficientes”. Atualmente, são 6 drones que já estão funcionais e em operação pela prefeitura de São Paulo, sendo todos da marca DJI e um deles adaptado para o lançamento da boia. Ainda há outros dois da Dahua que devem estar disponíveis para operação em breve, já que foram recentemente homologados pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), e um da Hikvision que prometeu a doação mas ainda não a consolidou. Por fim, a prefeitura lançou e começará a divulgar um aplicativo que permitirá que a população colabore ainda mais no planejamento do setor público, o SP+Segura. Desenvolvida sigilosamente por uma empresa parceira que se identifica para o público como “Polícia Popular”, o app para iOS e Android permite que qualquer pessoa relate e insira em uma mapa interativo informações como fotos, áudios e descrições sobre roubos, furtos, suspeitos, acidentes, uso de drogas, per-

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Drone usado no monitoramento da Represa do Guarapiranga foi personalizado para lançar uma bóia em caso de afogamentos

turbação de sossego, direção perigosa, animal desaparecido, entulhos e sujeiras, entre diversas outras situações de risco. A ideia é criar uma comunidade colaborativa que mostre, em tempo real, situações perigosas para que as pessoas e o poder público possam planejar melhor seus investimentos. “Isso é prevenção. É como um exame médico: se eu tenho algum tipo de problema, quanto antes eu souber dele, melhor será o tratamento”, compara o secretário municipal. “Com essas informações, poderemos criar um ‘CompStat paulistano’, um método de trabalho vindo da Polícia de Nova York que permite planejar, decidir, controlar e avaliar as ações baseadas em marcadores específicos”. O aplicativo gratuito já está disponível para download no Google Play e na Apple Store.


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Operando além do espectro visível, a linha de câmeras H4 Thermal foi criada para detectar o movimento de pessoas e veículos em áreas com baixa visibilidade, desafiando condições de iluminação, escuridão absoluta e cenas parcialmente camufladas. Integração com Software Avigilon Control Center (ACC) Configuração de análise e notificações de alarme sem complicação Analítica de vídeo com autoaprendizagem patenteada da Avigilon Ajuda operadores a verificar e agir em caso de eventos Tecnologia HDSM SmartCodec™ Ajuda a reduzir a largura de banda da câmera, mantendo qualidade de imagem excepcional e diminuindo os requisitos de armazenamento Certificados de resistência IP66 para ambiente e IK10 para vandalismo Para suportar desafiadoras condições climáticas

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© 2018, Avigilon Corporation. Todos os direitos reservados. AVIGILON, o logotipo da AVIGILON, AVIGILON CONTROL CENTER, ACC, HDSM SmartCodec e TRUSTED SECURITY SOLUTIONS são marcas comerciais da Avigilon Corporation. Outros nomes ou logotipos mencionados aqui podem ser marcas registradas de seus respectivos proprietários.


Entrevista Ronaldo de Oliveira e Silva Secretaria de Segurança Pública

Detecta: dados e inteligência Reformulação necessária traz eficiência e escalabilidade para acesso do maior Big Data de segurança da América Latina

por Gustavo Zuccherato

Confira a entrevista expandida e em vídeo em nosso site www.revistadigitalsecurity.com.br

Uma grande base de dados compartilhada entre todos os órgãos de segurança, o Detecta nasceu em 2014 e já passou por diversas reformulações até agora. Em 2017, o projeto e a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo ganharam um reforço de peso, o coronel Ronaldo de Oliveira e Silva, que traz um amplo histórico de atuação, coordenação e chefia de equipes de desenvolvimento de softwares e projetos de tecnologia na Polícia Militar, na Motorola Solutions e na Secretaria de Agricultura do Estado. Mestre em ciências policiais e pós-graduado em administração com foco em análise de sistema, o coronel de reserva da PM atualmente ocupa o cargo de Coordenador de Tecnologia da Informação e Telecomunicação da SSP. A Digital Security foi até a secretaria estadual no começo de março para conversar com o coronel sobre o Detecta e a tecnologia aliada da segurança pública.

Digital Security: Em maio de 2017, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) divulgou um relatório que apontou diversos problemas e erros no Detecta, como lentidão e travamentos, mas principalmente a indisponibilidade de vídeo analíticos. Quais ações foram tomadas para superar esses pontos levantados pelo TCE? Ronaldo de Oliveira e Silva: Até então tínhamos uma ferramenta baseada em uma arquitetura cliente-servidor, que era a principal causadora dos grandes problemas de travamento, de congelamento de tela e de acesso, porque ela tinha que ser distribuída com links de comunicação para todas as corporações conectadas à plataforma. A partir disso, optou-se por desenvolver uma nova versão web, mantendo o motor principal da ferramenta que faz a correlação dos eventos. Assim, conseguimos ter mais facilidade na distribuição do Detecta, com interface moderna e fácil de ser utilizada. Essa mu-

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Entrevista Ronaldo de Oliveira e Silva Secretaria de Segurança Pública

dança, por si só, acabou resolvendo todos esses grandes problemas mencionados por essas auditorias feitas pelo Tribunal de Contas. Neste relatório, o Tribunal bateu muito em cima da falta de vídeo analítico, até com razão. Na época do lançamento da plataforma, esse recurso foi muito noticiado e se deu muita ênfase nisso, mas a análise de vídeo é apenas uma das funcionalidades dentro do sistema e não a principal. Dentro de um contexto de segurança em ambientes públicos é muito difícil você ter um sistema de análise de vídeo totalmente eficiente. Até por razões financeiras, optou-se por utilizar o sistema de vídeo monitoramento já existente da Polícia Militar e construir O Detecta baseada nelas. Porém, essa infraestrutura da PM é composta por câmeras já mais antigas, que não tem toda a tecnologia de processamento embarcado que encontramos atualmente. Outro fator importante é que colocar uma câmera em ambiente público é diferente do monitoramento em uma empresa, onde você pode posicionar uma câmera fixa visualizando um portão ou muro e fazer o analítico para identificar alguém atravessando aquela barreira física. Quase todas as câmeras da Polícia Militar são de movimentação PTZ, até para facilitar para o operador do sistema no COPOM poder visualizar todo o ambiente. Foram essas dificuldades que acarretaram na deficiência do sistema na parte de vídeo analítico. No relatório do TCE, diz que os videoanalíticos não foram implantados. Na verdade, a Microsoft desenvolveu as rotinas que nós solicitamos, porém elas não são utilizados nos trabalhos usuais. Hoje, estamos com uma ferramenta totalmente estável, com uma quantidade de usuários muito superior ao que estava na época do relatório. Os agentes começaram a confiar mais na ferramenta porque ela parou de travar, de forma que quando ele pede uma requisição, o sistema traz a informação de maneira rápida e fácil, o que veio a corroborar e fomentar a ampliação do uso do Detecta. Digital Security: O que essa transição de uma arquitetura cliente-servidor para uma arquitetura web mudou na infraestrutura do Detecta? Ronaldo: Quando você mantém uma infraestrutura de cliente-servidor, é preciso que o lado do servidor e principalmente a parte de comunicação de dados seja muita parruda.

O Detecta é uma ferramenta de consciência situacional. Temos a possibilidade de, através de uma tela de entrada de dados, digitar algum tipo de situação e assim, correlacionar eventos nas bases de dados da plataforma.

Nesta arquitetura, toda transação é feita por um “client” que tem que ser instalado em uma máquina, e essa instalação exige um técnico, porque o usuário normalmente não tem o conhecimento para isso. Além de que todo o tráfego é feito via rede, o que sobrecarrega o link de comunicação, a estação de trabalho e também a parte do servidor, porque pode haver muitos acessos simultâneos. Com a migração para ambiente Web, toda a infraestrutura foi alterada. A parte do servidor precisa ficar mais parruda e melhor dimensionada, mas a parte cliente não. Além disso, toda a transação web é feita pelo princípio do melhor esforço, ou seja, você faz uma requisição e o sistema aguarda a possibilidade de chegar no servidor para retornar o resultado. No cliente-servidor, uma vez que a conexão está feita, ela fica ativa e, enquanto não oferece a resposta, o sistema fica requisitando e gerando tráfego na rede o tempo todo, sobrecarregando demais a infraestrutura. Todo esse “redensenvolvimento” para uma interface web visou facilitar a divulgação e distribuição da ferramenta, de forma que, hoje, o usuário digita um endereço em um browser web e não precisa instalar mais nada na máquina. Digital Security: Como o Detecta está sendo utilizado atualmente? Ronaldo: Ele é utilizado por toda a corporação policial, seja civil, militar ou técnico-cientifica, e também por entes conveniados. Hoje temos por volta de 33 prefeituras que têm o convênio com a Secretaria de Segurança Pública. Nem todas elas têm acesso ainda à plataforma pela falta de link intragov para poder acessar a ferramenta já que ela está instalada em um ambiente governo. O link intragov é instalado dentro das repartições públicas, para permitir a comunicação e acesso aos sistemas do Estado. Há um órgão gerenciador da Prodesp que faz todo o estudo e dimensiona este link de acordo com a necessidade do município para que possam contratar o link seguindo a tabela de preços estabelecida pela operadora Vivo, ganhadora da licitação para fornecer o serviço. As prefeituras conveniadas estão se adequando aos poucos, mas quem já tem link intragov para outras aplicações, já consegue ter acesso às telas do Detecta e também são usuários do sistema. É claro que há um perfil adequado para a utilização dos órgãos que não são policiais. Fizemos um levantamento do dia 29 de janeiro até o dia 2 de fevereiro e estamos com uma média de 1737 usuários/dia, e já alcançamos médias de 1900 usuários/dia. Atualmente, temos 8235 usuários cadastrados no sistema, sendo 5 mil deles ativos, porém nem todos eles utilizam todos os dias, porque há períodos de férias, por exemplo. Conseguimos resgatar a credibilidade da ferramenta com essa nova versão web e, com o tempo, cada vez mais esse número de usuários irá crescer. Digital Security: Quais são os recursos que o Detecta oferece aos policiais e órgãos de segurança? Ronaldo: O Detecta é uma ferramenta de consciência situacional. Seu principal recurso é o de investigação. É como se fosse uma ferramenta do Google, fazendo um comparativo. Temos a possibilidade de, através de uma tela de entrada de dados, digitar o tipo de situação que se deseja correlacionar eventos e o motor da ferramenta faz essa tarefa dentro das bases de dados do Detecta. Essa pesquisa é possível graças ao mecanismo open-source, chamado ElasticSearch. O sistema pega todas as bases de dados que fazem parte do Detecta, extrai as informações e faz a correlação dos eventos. As prefeituras são os grandes fornecedores de informação para o Detecta atualmente, através dos leitores automáticos de placas dos veículos que trafegam nos seus limites.

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Entrevista Ronaldo de Oliveira e Silva Secretaria de Segurança Pública

Trata-se realmente de um Big Data. Temos ali o banco de dados da polícia civil, com registros criminais; a Secretaria de Administração Penitenciária, com dados de presos, e o FotoCrim da Polícia Militar, com fotos desses criminosos; registros de ocorrências e chamados 190; o Detran, com situações de veículos e cadastros de CNH, entre outros. Além disso, é possível acessar as imagens de câmeras de videomonitoramento da Polícia Militar e de municípios que também forneceram o acesso às suas imagens. Temos como a maior fornecedora de imagens para o Detecta a Prefeitura de São Paulo com projeto City Câmeras. Dentro da plataforma, também fornecemos uma tela chamada “Tempo Real”. É um mapa onde ficam pulando informações das passagens de veículos que tenham algum tipo de problema, além dos chamados 190 registrados, a posição das viaturas com GPS, e por onde o usuário pode clicar nas câmeras para visualizar as imagens. Apesar disso, o Detecta não é uma ferramenta VMS: ninguém vai ficar abrindo a plataforma em um telão para ficar olhando as imagens o tempo todo. A ferramenta tem como objetivo ajudar a entender as situações que estão ocorrendo ou que já ocorreram, ou seja, se fiquei sabendo de um evento EM um determinado local e tiver uma câmera localizada ali, poderei acessar aquela imagem ou imagens gravadas para a elucidação de um crime, por exemplo. Digital Security: Qual a infraestrutura em nuvem para o processamento de dados do Detecta? Ronaldo: Hoje nós temos uma capacidade de 135 servidores virtualizados, tanto para ambiente de produção, quanto de homologação e desenvolvimento, e as bases de dados Microsoft SQL Server, combinados ao ElasticSearch. Em nosso contrato, temos uma previsão de 200 TB disponíveis de armazenamento, porém usamos em torno de 150 TB atualmente. É importante ressaltar que nem as imagens de videomonitoramento, nem as de leitura de placa ficam armazenadas no sistema. No caso dos leitores de placa, que é a maior quantidade de informações que nós temos hoje nas bases de dados, os sistemas das prefeituras fazem a conversão para formato texto ou XML, dependendo do fornecedor, e manda apenas a informação de qual é a placa, data, hora e local por onde ela passou. É uma quantidade muito grande de informação, mas que acaba não ocupando um espaço muito grande em disco. Digital Security: Com a existência de algumas empresas brasileiras desenvolvedoras de softwares de monitoramento, inclusive com analíticos embarcados, por que buscar uma solução em empresas internacionais, como a Microsoft? Ronaldo: Estou há aproximadamente um ano na SSP e não participei do processo inicial de definição da plataforma. De qualquer forma, isso tudo deve ter sido estudado inicialmente por um grupo de trabalho formado por equipes técnicas e operacionais das forças policiais e optou-se pela plataforma DAS da Microsoft, implantado no Real Time Crime Center da polícia de Nova York. Porém, da mesma forma que a plataforma foi instalada lá em um ambiente mais restrito e controlado, ela foi trazida para cá com o objetivo de disseminar por todo o estado, o que gerou todas as dificuldades. A ferramenta foi adquirida pela Prodesp e, por isso, ocorreu seu redesenvolvimento nesta outra interface Web, mantendo o núcleo baseado na tecnologia Microsoft e ElasticSearch. Porém, até hoje, eu não conheço uma solução estritamente nacional que seja adequada para o uso policial. Como disse, a parte de análise de vídeo é apenas uma parte do sistema, não o principal. Nós fizemos uma Prova de Conceito, com a participação de várias empresas, tanto nacionais quanto internacionais, e nenhuma delas

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Não conheço uma solução estritamente nacional que seja adequada para o uso policial. A análise de vídeo é apenas uma parte do sistema, não o principal. conseguiu atender a 100% dos nossos requisitos nesta POC. No mercado privado, existem diversas empresas de monitoramento, porém eles visam muito o público privado. O monitoramento de um muro ou de uma área restrita gera analíticos se alguém ultrapassar aquela área ou deixar um pacote, por exemplo. Isso é muito simples de achar no mercado. Porém não é isso que a gente precisa dentro do Detecta. Precisamos realmente identificar comportamentos específicos e que estejam em ambiente público. Isso é muito difícil de acontecer. Digital Security: Por outro lado, como a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo tem colaborado com outros estados para levar ferramentas como o Detecta para todo o Brasil? Ronaldo: No final do ano passado, o nosso governador esteve em uma reunião com outros governadores e ele disponibilizou o uso da ferramenta Detecta para qualquer estado que queira, sem nenhum custo de licenciamento da ferramenta. É lógico que o Estado vai ter que arcar com sua própria infraestrutura, mas o uso da ferramenta estaria disponibilizado para esse Estado. Já tivemos a visita de quatro ou cinco unidades da federação para conhecer o Detecta mas, de maneira mais efetiva, estamos trabalhando em um projeto-piloto com o estado de Sergipe. Os outros estados vieram, conheceram mas ainda não deram o segundo passo com o projeto-piloto e posterior assinatura de um convênio ou termo de cooperação. Digital Security: Quais resultados o Detecta trouxe efetivamente na melhoria do tempo de respostas de ocorrências e de resolução de crimes? Ronaldo: A Polícia Militar fez uma estatística do uso da plataforma e divulgaram que, desde sua implantação, já foram 4.604 veículos interceptados, 6.368 pessoas presas ou encontradas e 447 armas ou simulacros apreendidos. Pelo uso da leitura automática de placas é possível que as viaturas em um raio de até 4 km de distância sejam notificadas automaticamente quando um veículo roubado ou furtado passa pelo leitor, o que permite tomar ações imediatas para inibir possíveis crimes. No caso da Polícia Civil, por se tratar de uma ferramenta de busca investigativa, hoje, com certeza, a maioria das investigações de crimes está usando a ferramenta, mas é difícil ter uma estatística em relação à isso. De qualquer forma, posso citar um caso interessante que foi muito noticiado pela mídia: o roubo do helicóptero no Campo de Marte no final de 2015. O homem que realizou o roubo, chegou ao local com uma van furtada. A partir da informação da placa da van, analisaram o trajeto feito por ela e chegaram à uma região da cidade. Assim, identificaram os pilotos que moravam naquela região e conseguiram chegar ao ladrão, que confessou o crime e foi preso. O Detecta é uma ferramenta importantissima para os atos investigativos e para ações imediatas da Policia Militar. DS



Artigos Inteligência Artificial e Machine Learning

Machine Learning: estudos de caso mostram os resultados da Inteligência Artificial por Por Simon Blake*

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magine um porto, com containers marítimos balançando no ar. Imagine o caos que seria criado se um dos guindastes falhasse, despejando muitas toneladas de carga nas pessoas e nos containers abaixo. Agora, avance rapidamente para um futuro definido por inteligência de machine learning (ML). Uma caixa de controle e um sistema de alerta automatizado notificam os engenheiros de que o guindaste está com problemas. Na inspeção, nada é óbvio… mas, ao longo do tempo, o sistema identificou que o guincho poderá apresentar falha se a velocidade do vento permanecer acima de certo limite durante certo número de horas. O guindaste ‘aprendeu’ suas próprias fraquezas. Esse tipo de visão nos diz que a ML oferece à humanidade a chance de livrar-se das nossas atividades mais perigosas e mundanas. Tarefas repetitivas podem ser realizadas e aprimoradas, ao mesmo tempo em que ambientes complexos podem ser compreendidos e gerenciados. ML capacitará máquinas e robôs de software a capturarem informações e adaptarem processos em conformidade com elas muito mais rapidamente do que nós conseguimos introduzir tais avanços em seu código. Aprendendo sobre machine learning Analisando de maneira simples, a ML é o meio pelo qual máquinas usam dados para ‘aprender’. Ou, nas palavras do Gartner, operar com ou sem supervisão, com base em aulas fornecidas por novas informações. A “decisão” de efetuar uma ação específica é determinada por laços de feedback que validarão ou invalidarão essa ação. Esse é um importante desenvolvimento na maneira como as máquinas trabalharão para nós. Tanto assim que, na 2017 Global Digital IQ Survey da PWC, mais de metade (54%) das organizações pesquisadas já estão fazendo investimentos substanciais em inteligência artificial – da qual a ML é uma das principais disciplinas. O número salta para quase dois terços (63%) em um período de três anos. Isso é um bocado de investimento em nossa nova família robótica. De fato, o valor desse setor em evolução é enorme. Segundo a IDC, os investimentos em IA e sistemas cognitivos atingirá USD 12,5 bilhões neste ano de 2017. Porém, exatamente em que essas empresas estão investindo? Nós identificamos quatro áreas nas quais a ML realmente transformará o nosso mundo: 1. Máquinas que eliminam o risco Dos usos de ML que exploramos aqui, talvez o mais valioso seja a redução do risco. Em contextos mais industriais, como locais com maquinaria pesada ou ambientes operacionais perigosos, a ML tem a capacidade de reduzir o risco de incidentes catastróficos causados por falhas de equipamentos. Ela deverá também permitir uma

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confiabilidade muito maior em instalações como hospitais – nas quais as falhas de sistemas operacionais ou de energia podem ter consequências terríveis – graças a uma abordagem mais adaptável e inteligente à automação. Essa evolução também aprimorará a infraestrutura crítica de TI que suporta as operações de negócios, o desempenho das aplicações e a disponibilidade. Tomemos como exemplo uma organização de serviços financeiros, na qual a liderança no negócio tem a expectativa de downtime zero e latência ultrabaixa nas suas negociações. A perspectiva de uma falta de energia elétrica é motivo de pesadelos para o CIO. A ML tem o potencial de redefinir os sistemas críticos dos quais essas organizações dependem. Por exemplo, o nobreak do futuro alertará preventivamente as equipes de engenharia e poderá ter a capacidade de autodiagnostico e resolução de problemas. Com os sistemas corretos em operação, as perdas criadas por faltas de energia poderiam ser eliminadas. 2. Máquinas que nos mantêm seguros O cenário da segurança é implacável. À medida que a tecnologia de defesa avança, igualmente avançam os hackers que a atacam. Desde a prevalência de dispositivos endpoint, como smartphones e tablets, com suas vulnerabilidades específicas, até a revolução da nuvem e as alterações de protocolos de segurança, há muitas possibilidades contra as quais os profissionais de segurança batalharem. A ML poderá ajudar a fornecer algumas das respostas. O Gartner identificou que existe a probabilidade de um significante aumento na inclusão de capacidades de ML nos produtos para detecção de ameaças e gestão de segurança. A mitigação de riscos de cibersegurança exigirá maior quantidade de analytics e reações em tempo real – para entender padrões de tráfego incomuns ou fluxo de dados para fora da rede –, que, por sua vez, exigirão uma velocidade de ação simplesmente impossível para os seres humanos ou para a tecnologia atual. Embora os seres humanos permaneçam no controle da cibersegurança hoje, é provável que, em breve, veremos robôs assumindo a liderança. É claro que os que os hackers podem fazer com essa mesma tecnologia é outra questão… 3. Máquinas cuidando de sua própria vida Muitas empresas viverão ou morrerão conforme sua capacidade de controlar custos e gerenciar adequadamente a sua cadeia de suprimentos. Entretanto, para um significante número de organizações, isso depende de uma combinação de insight humano e automação de máquinas rápidas, mas não inteligentes. Cadeias de suprimentos e logística podem tornar-se repletos de ineficiências devidas a erro humano, à complexidade dos dados e ao desafio de “não saber o que você não sabe”. A ML oferece uma oportunidade de remover


Artigos Hardening de rede

os elos fracos da cadeia e aumentar enormemente a abrangência e a velocidade dos cálculos envolvidos nesse processo – particularmente no tocante a identificar tendências que possam não ter sido descobertas de outra maneira. À medida que a implementação das tecnologias de Internet das Coisas (IoT) continuar acelerada, o número de fontes de dados disponíveis aumentará enormemente. No futuro, as capacidades de navegação em veículos serão aprimoradas, os armazéns serão automatizados e o planejamento logístico ‘inteligente’ se tornará quase perfeito. Com o tempo, poderemos ver robôs adquirindo bens em nome de uma empresa e recebendo-os de outra que usa uma cadeia de suprimentos totalmente automatizada, baseada em ML. Muito diferente de um espaço comoditizado, a logística de cadeia de suprimentos poderá tornar-se, no futuro, um foco de empreendedores em tecnologia e superastros do desenvolvimento de aplicações. 4. Máquinas que contam histórias Embora hoje estejamos batalhando com os dados necessários à tomada de decisões comerciais informadas, a ML revolucionará a maneira como as organizações compreendem seus clientes. Porém, não será somente em termos de análise de dados que a ML causará um rebuliço. De fato, papéis tradicionalmente associados a seres humanos inteligentes e criativos poderão, em breve, ser assumidos por nossos amigos robóticos. A revista Wired relata que robôs poderão, em breve, ser repórteres esportivos no Reino Unido – um conceito que poderá provocar uivos de desespero de torcedores da nação inteira. A ideia de máquinas capazes de nos contar histórias ao mesmo tempo em que processam volumes gigantescos de dados abre um grande número de novas oportunidades. Assim,

no futuro poderá ser mais fácil criar campanhas de marketing precisas e impactantes – mas (pelo menos por enquanto) ainda necessitamos daquele público humano para consumir os produtos! Aprendendo a mudar Mesmo neste ponto embrionário, está claro por que a ML costuma ser encarada com um misto de fascínio e medo. Os dois sentimentos podem ser justificados. Entretanto, apesar de todas as dúvidas que possam permanecer acerca da substituição de conjuntos de habilidades humanas por automação, é provável que a ML transforme profundamente muitas empresas. Isso emergirá por meio de experimentos em áreas de ‘habilidades interpessoais’ como a de marketing, bem como redefinindo fundamentalmente a maneira pela qual ambientes comandados por física e engenharia podem ser gerenciados. A ML imporá às equipes de TI pressões para fornecerem uma infraestrutura otimizada, mas também as ajudará a cumprirem seus papéis. Ela permitirá uma abordagem mais preditiva à gestão de TI e oferecerá maneiras adaptativas de operar sistemas de energia e refrigeração. Para equipes enfrentando uma falta de habilidades, a automação baseada em ML removerá uma parte do desafio do headcount. Quer apreciem ou detestem esses conceitos, os profissionais de TI precisam abraçá-los, porque estarão na vanguarda dessa evolução. DS

* Simon Blake é Diretor de Marketing da Vertiv EMEA

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Agenda

ABRIL ISC West 11 a 13 de abril Las Vegas/EUA O ISC West é a maior feira de segurança eletrônica nos Estados Unidos e reúne quase 30 mil profissionais do setor no Sands Expo. O encontro deste ano apresentará novos produtos e tecnologias que abrangem desde controle de acesso até veículos não tripulados de mais de 1.000 expositores e marcas. O evento também reserva um espaço para a educação, com sessões para as mais diversas verticais da indústria. Como no ano passado, o Unmanned Security Expo e o Connected Security Expo (CSE) também terão seu espaço junto à ISC West. O primeiro é um evento com foco em Veículos Aéreos Não Tripulados (UAVs), Veículos Robóticos não tripulados, além de softwares e aplicativos. O CSE, por sua vez, é o local certo para reunir os mundos físico e digital e se torna cada vez mais importantes para os profissionais que desejam proteger suas organizações e clientes de ameaças físicas e cibernéticas. www.iscwest.com

Seguridad Expo 24 a 26 de abril México Eleita entre as mais importantes feiras do segmento na América Latina, a Seguridad Expo reúne em um único lugar todas as verticais de segurança como videomonitoramento, controle de acesso, alarmes, combate a incêndio, cybersegurança e ciências forenses. Nela estão presentes todos os principais players mundiais do setor de segurança, tornando o evento um dos mais completos tanto para quem deseja adquirir novos conhecimentos, como conhecer as novidades tecnlógicas ou ampliar o networking. www.exposeguridadmexico.com

MAIO Internet of Things World 14 a 17 de maio Califórnia/EUA A Internet of Things World é um dos principais eventos do mundo que discutem a Internet das Coisas nas mais variadas verticais de implementação possíveis, incluindo veículos autô-

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nomos, esportes e entretenimento ,saúde, indústrias de mineração, óleo e gás, análise de dados e cidades inteligentes. Atraindo um público de 12 mil profissionais do setor, a IoT World reúne mais 300 marcas expositoras e conta com uma ampla conferência com 450 palestrantes que discutem o cenário atual e o futuro deste novo mercado. https://tmt.knect365.com/iot-world/

Exposec 22 a 24 de maio São Paulo A EXPOSEC | Feira Internacional de Segurança é o principal evento e vitrine tecnológica da América Latina para o setor de segurança e traz em sua 21ª edição atualizações de produtos e serviços nos segmentos de Segurança Eletrônica, Privada, Pessoal, Patrimonial e Empresarial. Organizada pela Cipa Fiera Milano, em parceria com a ABESE (Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança), a EXPOSEC é um evento eminentemente de negócios, com mais de 800 marcas expositoras e público de 42 mil profissionais do setor (2016). Realizada anualmente no mês de maio, na cidade de São Paulo, figura hoje entre as mais importantes feiras do setor no mundo. www.exposec.com.br

JUNHO Church Tech Expo 26 a 28 de junho São Paulo/SP A Church Tech Expo reúne o melhor das tecnologias de áudio e vídeo para templos, igrejas, locais de pregação e adoração. Exposição, palestras técnicas e workshops cobrem os segmentos de sonorização, mixagem, captação em vídeo, projeção, gravação, edição e transmissão. Participe e conheça o que há de mais inovador no setor. Aprenda com exemplos práticos como ampliar e otimizar as suas instalações ao lado dos principais fornecedores, integradores, consultores do mercado nacional e mundial. Entenda como e onde investir para ampliar o alcance de sua mensagem. O evento é destinado a líderes e representantes de religiões, membros de ministérios, equipes técnicas e de projeto, operadores de áudio e vídeo, e todos os envolvidos com áudio, vídeo, segurança e iluminação em templos e igrejas. www.churchtechexpo.com.br



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