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A Obra: Open Air School Amsterdam
A OBRA
open air SCHOOL AMSTERDAM
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A Open Air School de Amsterdam por Jan Duiker foi a primeira escola ao ar livre para crianças saudáveis, tendo sido projetada em 1926 e finalizada em 1928. A quadra onde a construção foi implantada em um ângulo de 45º em relação às ruas – objetivando um maior aproveitamento solar – está localizada em Amsterdam-Sur. A obra é UM ARQUITETO, UMA CIDADEcomposta por dois edif ícios, sendo o bloco principal localizado em um lote cercado por blocos de habitação que fazem parte do plano urbano de Berlage de 1915 e o bloco secundário disposto ao longo da rua Clio Straat ligando o portão de Imagem 64: Open Ari School de Jan Duiker e seu entorno entrada. OPEN AIR SCHOOL AMSTERDAM

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Imagem 66: planta do térreo da Open Air School de Jan Duiker Imagem 67: implantação da Open Air School de Jan Duiker

A planta da escola consiste em um bloco quadrado principal subdividido em quatro quadrantes em torno de uma escada central também implantada no ângulo de 45º, os quadrantes leste e oeste possuem uma sala de aula cada e outra compartilhada ao ar livre no lado sul, já o quadrante norte existe apenas no térreo e abriga uma sala de professores. Além dessa sala, o térreo é composto também por uma sala de aula no quadrante oeste, a entrada principal nos demais quadrantes e um ginásio.

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Para a estrutura da obra foi utilizado o concreto armado, que era uma tecnologia construtiva avançada para a época, que possibilitava, por exemplo, que os pilares de concreto fossem dispostos no ponto médio dos lados dos quadrantes, mantendo os cantos livres de colunas e reforçando o aspecto aberto e flutuante da escola. Ainda, as lajes em balanço se apoiam sobre as vigas principais e as colunas são acopladas diagonalmente por vigas secundárias.

Imagem 68: maquete da Open Air School de Jan Duiker
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Imagem 69: Open Ari School de Jan Duiker

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Com relação aos fechamentos e à caixilharia, as fachadas – com exceção de um parapeito baixo de concreto – são totalmente envidraçadas e equipadas com janelas pivotantes com estrutura em aço, de forma a permitir que as salas de aula sejam totalmente abertas. Outro ponto fundamental da obra é a importância do papel das cores, visto que o uso da cor branca visava expressar a higiene que o edif ício queria fornecer enquanto contrastava com o preto e o chamado azul Duiker, presentes nos detalhes e nas molduras das janelas.
Imagem 70: fechamentos da Open Ari School de Jan Duiker

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Imagem 71: fechamentos da Open Ari School de Jan Duiker

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A obra revela também a vontade de Duiker de brincar com os cheios e vazios por meio da desmaterialização do volume cúbico e também revela o uso da transparência e do gabarito como uma forma de permitir uma permeabilidade visual. O prédio do portal – que consiste em um bloco de habitação e uma sala de aula infantil acima do bicicletário e da entrada –, por meio de sua altura modesta e de suas fachadas envidraçadas, permite a visão da escola desde a rua, gerando essa permeabilidade objetivada pelo arquiteto e auxiliando na integração da edificação com a paisagem envoltória.
Ainda, a integração da escola aos edif ícios vizinhos ocorre também pela sua volumetria retangular que se assemelha às construções próximas, de maneira que mesmo sendo possível notar pela linguagem da obra que ela pertence a outro período, a escola não se apresenta volumetricamente descontextualizada do conjunto. Além disso, a abertura para rua proporcionada pela planta livre gera uma interessante relação interior-exterior e um diálogo visual entre o espaço livre do núcleo da escola e a paisagem urbana.

Imagem 73: prédio do portal da Open Air School de Duiker

Imagem 74: Open Air School de Duiker 101



REFORMAS DA OPEN AIR SCHOOL AMSTERDAM
Desde 1937, a Open Air School de Duiker passou por diversas reformas para a recuperação do local e para a adequação para as novas exigências holandesas. Ao analisar o projeto original da escola é interessante perceber relações entre a construção da edificação e o conforto térmico. Logo que foram construídas, as salas de aulas do ambiente eram rodeadas por vidros simples, o que acarretava uma sensação de extremo calor no verão devido à grande insolação e a uma sensação de intenso f rio no inverno em razão do baixo poder de isolamento térmico dos vidros. Assim, Duiker havia proposto um sistema de aquecimento que consistia na instalação de tubos de aço nos pisos de concreto, possibilitando o aquecimento do local por meio da circulação da água quente, porém infelizmente o sistema respondia muito lentamente às demandas de temperatura do local, além de que não podia ser ajustado rapidamente para as mudanças climáticas. Durante o período da Segunda Guerra Mundial esse sistema de aquecimento foi desativado, por conta da falta de combustível.
Devido a situações como essa descrita acima, a Open Air School passou por diversas mudanças. Em 1937, o escritório de arquitetura J. & P. Cuypers coordenou a reforma de ampliação do térreo do local, tendo o acréscimo de uma sala de artesanato, e um anexo no mezanino que leva até a sala do diretor. Já em 1955, houve a renovação do bloco principal, comandada pelo arquiteto Auke Komter. Nesta reforma, houve um estudo aprofundado desde 1951, em que Komter observou delicadamente as janelas pivotantes que estavam danificadas devido ao tempo, e teve um grande cuidado na restauração, substituindo todas elas por janelas com um design semelhante ao proposto por Duiker.
Posteriormente, em 1985, o arquiteto J. M. Peters conduziu a reforma do portal da escola, além da alteração da antiga sala do diretor, que passará a ser um local para bebês. No período de 1993 a 1994, houve a restauração das cores originais da edificação, utilizando preto, branco e o azul de Duiker.
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Uma das reformas mais recentes foi a realizada no período de 2009 a 2010 pelo arquiteto Sander Nelissen e pelo pesquisador Mariel Polman. No contexto da reforma, a escola não possuía os requisitos atuais de clima interno, ventilação e conforto para o seu funcionamento. A estrutura interior do edif ício também estava desgastada, com fissuras na construção de concreto, problemas nos ralos de água e janelas de aço fortemente corroídas. Assim, houve a realocação de algumas funcionalidades dentro do edif ício, para incluir necessidades modernas como salas multimídia e áreas de estudos individuais. Ademais, houve a construção de um volume de vidro praticamente invisível, para abrigar o programa necessário da escola. Nesta reforma, ainda houve reparos no concreto, remodelação total dos banheiros e substituição dos acabamentos internos.
Em 2009, o projeto “Frisse Scholen” (traduz-se “novas escolas”) propôs um menor uso de energia e maior sustentabilidade para a melhoria do ambiente interno das escolas holandesas, atingindo assim, um melhor desempenho educacional, através do bem-estar. Assim, a Open Air de Amsterdam recebeu alterações como a substituição dos vidros das janelas por vidros duplos, além da adição de um sistema de ventilação mecânica e de recuperação de calor. O sistema funciona a partir das unidades de recuperação de calor nas coberturas, o ar condicionado é conduzido para as salas de aula por dutos nos armários existentes. Um duto de ar na “parede de trabalho” acima da lousa digital distribui o ar, causando sobrepressão nas salas. Simultaneamente, a sobrepressão é criada na escada central, assim, o ar flui das salas de aula por um espaço aberto acima dos roupeiros e as grelhas de ventilação, insonorizadas fluem para a escada e a partir daí para os recuperadores de calor.
Com essas alterações, a Open Air School vai se adaptando às novas demandas necessárias. Sempre que possível, esse novo sistema de ar é desligado, e as janelas são abertas para o ar f resco, como originalmente, Jan Duiker projetou.
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Duiker, 1930


Imagem 77
Komter, 1955
Imagem 78 imagem 77: A imagem mostra a fachada originalmente proposta por Jan Duiker em 1930.
imagem 78: A imagem 2 mostra a fachada proposta por Komter em 1955.
A diferença entre a imagem 1 e a imagem 2 está nos detalhes das novas esquadrias. Por ser f ruto de um estudo aprofundado de Komter sobre a obra de Jan Duiker, é uma mudança sutil.
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