Vivência Punk N° 3

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VP – A banda já organizou vários eventos legais. Como está essa correria? Algum evento que vocês gostariam de destacar? Existem vários projetos futuros legais que ainda estão no papel, mas desde a Festa Punk 2 (2004) eu diria que foi o melhor evento que organizamos. Focamos a organizar pequenos eventos quase de garagem, mas com uma qualidade bem melhor, assim podemos chamar bandas independentes e fazer eventos beneficentes e outros com entrada franca, assim nenhuma banda ganha, mas também não é lesada. VP – Apesar dos problemas de estrutura que existe no punk na Grande SP, sempre rolam gigs, bem ou mal o pessoal aparece e a vida continua. Não sei se estou viajando, mas tenho a impressão que a banda (entre tantas outras) corre por fora. Se for isso, seria por opção ou tem uma “panelização”, uma espécie de mainstream punk e talvez inconsciente, que passa razoavelmente despercebido por ser mais conhecido como brodagem? Isso acontece muito. É difícil não ver, pois está na cara, mas por outro lado a Plebeus Urbanos tenta criar caminhos alternativos, pois sempre foi essa a intenção. Não ficamos lambendo ninguém, se é amigo é amigo e ponto, assim ninguém deve favor a ninguém. Os grandes festivais punks que Plebeus tocou foi porque foi convidada e não por troca de favor. Mas acreditamos muito nos considerados eventos de garagem com bandas novas e verdadeiras ao lado, esses eventos acabam ganhando nossa atenção. VP – A banda já tocou fora de SP? E como andam as gigs? Sim, em MG, PR e RJ. Na verdade devemos algumas visitas a outros estados que não rolou pela falta de grana mesmo. As gigs acontecem com uma certa frequência, só é difícil atualmente tocar em todas que chamam pela falta de tempo e dinheiro, pois atualmente os integrantes são mais velhos e tem filhos e família, assim o dinheiro destinado à banda foi reduzido. VP – Conversando com a nova geração que tem colado nos rolês, parece-me que uma parcela não cultiva o hábito da leitura, seja de fanzines punks ou livros, estando focadxs apenas na música, no visual e na repetição de frases de efeito. Mesmo com a facilidade em baixar livros, blogs que disponibilizam textos ou com a distribuição gratuita de zines e livros ou vendidos a preços simbólicos, a falta de interesse permanece. Pergunto: onde o punk errou, se é que errou? É possível adquirir teoria política apenas através das letras? Não, mas acho que toda banda ou músico tem consigo o poder de direcionar de uma forma ou outra. Fico triste quando vejo bandas com discursos vazios, pois eles não percebem que acabam direcionando pessoas sem conhecimento a caminhos perigosos. Acho que com o acesso rápido a informação, atualmente acabou gerando uma nova forma de informação mastigada e cuspida e muitas pessoas acabam recebendo a informação de apenas um lugar, criando uma má interpretação. O Punk não errou, apenas se equivocou. No começo a cena precisava ser vista, agora é necessário informar. VP – Punk e política são inseparáveis? Acredito que não, mas na verdade o Punk é uma contra cultura e a política foi incorporada depois de seu começo. Hoje vejo que o punk é um caminho a novas visões políticas, pois a pessoa que entra nesse movimento começa a enxergar que é possível você se mexer e é possível ir cada vez mais longe de uma forma autônoma sem precisar de alguém a qual muitos vejam como maior, mais instruída. Graças ao punk um jovem se vê como um ser pensante e um agente de mudança e transformação.


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