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Departamento de Ciências do Desporto | UBI - "Falta reconhecer a importância da investigação em Ciências do Desporto"

“Falta reconhecer a importância da investigação em Ciências do Desporto”

O professor Daniel Marinho, que integra enquanto docente e investigador o Departamento de Ciências do Desporto da Universidade da Beira Interior (UBI), foi convidado a integrar a Comissão Consultiva de Ciência e Desenvolvimento do Comité Olímpico de Portugal. Em entrevista, explica a importância da área das Ciências do Desporto e o porquê de ser necessário, ainda, dar-lhes mais relevância.

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Foi recentemente convidado a integrar a Comissão Consultiva de Ciência e Desenvolvimento do Comité Olímpico de Portugal (COP). Quais os principais objetivos desta sua integração no COP? A C o m i s s ã o C o n s u l t i v a d e C i ê n c i a e Desenvolvimento visa apoiar as atividades do COP no que diga respeito ao envolvimento da Ciência no desenvolvimento e promoção do desporto, apoiando o desenvolvimento das Ciências do Desporto em Portugal e, através delas, potenciar o desenvolvimento desportivo e social do país, especialmente através da valorização do saber e da transferência de conhecimento para a educação olímpica, formação desportivo-motora, preparação desportiva e participação competitiva. Quão importante é a relação direta entre a ciência, a investigação e o desporto, para um maior desenvolvimento deste último? Diria que deveria estar próximo do que se pretende em qualquer área do conhecimento: que a aproximação entre a teoria e a prática seja cada vez mais uma realidade e que o desporto possa também basear as suas práticas em evidências científicas. Obviamente que nem sempre esta ligação pode ser direta, designadamente por existirem uma série de imponderáveis que são parte integrante do fenómeno desportivo e do rendimento desportivo, mas mesmo nestas ocasiões podermos usar o aporte científico-tecnológico para suportar as nossas decisões será uma mais-valia.

O Departamento de Ciências do Desporto da UBI foi distinguido, pela primeira vez, há seis anos, no ShanghaiRanking, como um dos 100 melhores do mundo e o terceiro em Portugal, no que respeita à qualidade da investigação levada a cabo em Ciências do Desporto. Esta é uma área que tem vindo a ser melhorada de ano para ano? A investigação científica na área das Ciências do Desporto tem vindo a apresentar melhorias muito significativas, não só com trabalhos de natureza mais aplicativa, mas também com trabalhos de natureza mais conceptual. O Departamento de Ciências do Desporto da UBI tem procurado acompanhar estas dinâmicas, sendo que se tivermos em linha de conta que o número de recursos humanos com que o departamento de Ciências do Desporto pode contar é bastante inferior à maioria das instituições com quem competimos, a presença em lugares de destaque neste ranking é um feito assinalável. Quais os desaos, em particular, que o Desporto ainda enfrenta em Portugal e como pode a academia – particularmente o Departamento de Ciências do Desporto – ajudar a ultrapassar alguns deles? Embora tenham existido bastante mudanças nos últimos tempos, o Desporto e a Investigação em Ciências do Desporto continuam a ser vistos como um parente pobre de outras áreas do conhecimento. É preciso continuar a sensibilizar as entidades promotoras da ciência para a necessidade de afirmação das Ciências do Desporto como área autónoma do conhecimento. De há alguns anos a esta parte, os atletas de alta competição nacionais têm trazido excelentes resultados. Que inuência teve a investigação e a ciência nesta melhoria das suas capacidades e condições de treino? Penso que há uma série de fatores que podem ter contribuído para esta situação, sendo uma delas a influência da integração do conhecimento científico nas práticas diárias de treino e competição. Os treinadores têm procurado cada vez mais fundamentar a sua prática em evidências científicas, tendo tido neste capítulo um papel de destaque a existência de equipas de trabalho multidisciplinares com elementos de diferentes especialidades das Ciências do Desporto a auxiliarem no processo de treino e competição. Qual o caminho para o Departamento de Ciências do Desporto, num futuro próximo? O caminho será a melhoria contínua, com a necessidade de renovação do corpo docente e de investigadores, não deixando de contar com a necessidade de contar com novos elementos que trazem irreverência, novas ideias e contributos para esta inovação. A investigação continuará em dois grandes eixos fundamentais: o treino desportivo e o exercício e saúde. Daniel Marinho

Docente e investigador

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