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REPORTAGEM ESPECIAL
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REPORTAGEM ESPECIAL
Nossa edição histórica alusiva ao Bicentenário traz retratos da imigração e da vida na região por meio de personagens das nove cidades em que O Vale está presente! Na edição que você tem em mãos, ainda há outros conteúdos especiais para celebrarmos 200 anos de história.
04 - Jeison Rodrigues Sindilojas Novo Hamburgo muda nome no embalo das comemorações do bicentenário
06 - João Ávila
Acordo não é cumprido e PDT apela para o plano B em São Leopoldo
08 a 10 - Memórias especial
Há 200 anos, os primeiros imigrantes germânicos chegavam a São Leopoldo
11 a 19 - Reportagem especial
Retratos da Imigração
20 a 25 - Reportagem especial
O legado que atravessou o oceano e fez raízes na região
26 - Cidades do futuro Cidade: espaço para a vida
27 - Região Inspirada em roteiro germânico, Rota Romântica tem forte tradição turística
28 - Camila Veiga Gigante calçadista do segmento esportivo investe na sustentabilidade
29 - Cláudio Alves Passamos pela Romantische Strasse, a Rota Romântica da Alemanha
30 - Marina Klein
Os alemães e suas aleatoriedades
31 - Rodrigo Giacomet Enfim, chegamos! 200 anos!
A edição do Jornal O Vale deste 25 de julho de 2024 é especial e histórica. Especial por trazer o “Portraits der Einwanderung”, retratos dos imigrantes, na tradução para o português, que foram convidadas a compartilhar o que veem e sentem em locais que gostam em seu respectivo município. Histórica por homenagear e comemorar o Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil. Para tornar ainda mais relevante esta edição, a reportagem buscou um dos mais
importantes historiadores do Estado quando o assunto é imigração alemã. Rodrigo Trespach, autor do livro “1824”, traz detalhes daquele 25 de julho de 1824. “Em dois séculos, os alemães deixaram sua marca na economia, na cultura, nas ciências e na educação do Brasil”, conta o historiador.
São justamente essas marcas - e outras tantas - que fazem parte do tema da segunda reportagem especial desta edição, intitulada de “Legados dos imi-
grantes”. A matéria passa também pelo campo e por obras literárias que remontam o passado, além da arquitetura que enriquece cidades do RS, como é o caso do Núcleo de Casas Enxaimel de Ivoti, local de eventos e festas visitado por milhares de turistas durante o ano. Leia, ainda, uma reportagem sobre a história da Rota Romântica e a coluna Cidades do Futuro. Além disso, veja a análise a opinião de colunistas referências no Vale. Boa leitura!
A foto escolhida para a capa desta edição histórica, produzida pela assessoria de imprensa da Prefeitura de Dois Irmãos, traduz como a cultura alemã passa de geração em geração. Nesse caso, da avó Clarice Kolling para o neto, Heitor, 4 anos. É um dos retratos da imigração que completa 200 anos neste 25 de julho de 2024.
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Publisher: Rodrigo Steffen
Coordenação editorial:
Jeison Rodrigues
Editor-chefe: Éder Kurz
Supervisora de circulação: Ana Kich
Supervisão comercial: Alexandre Schöler
Reportagem: Daniela
Moraes, Éder Kurz e Luis Guilherme Zambrzycki
Projeto gráfico e diagramação: Antônio Corrêa
Redes sociais e mídias
digitais: Kátia Caxambu
Vídeos: Gustavo dos Santos
Tiragem: 5 mil exemplares
Impressão: Araucária
Indústria e Editora
O Jornal O Vale faz parte do projeto O Vale, da Vale
TV e Portal Valedosinos.org, com 40 edições entre 26 de outubro de 2023 e 03 de janeiro de 2025, integrando as comemorações pelo Bicentenário da Imigração Alemã
Novo Hamburgo: Rua Santa Sofia, 134 - Bairro Ideal
São Leopoldo: Rua 1º de Março, 50 - Centro contato@valetvplay.com
Comercial: (51) 92003-7012
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Um livro incrível para os 200 anos
Ficou lindíssimo o livro Legado que Inspira, homenagem da Associação dos Municípios do Vale Germânico ao bicentenário da imigração. Com 200 páginas, inclusive com tradução para o alemão, a obra contempla as 14 cidades da Amvag. Destaque para as 321 imagens que permitem observar que muito do legado germânico sobrevive e segue de geração a geração.
Treinamento especial com o SPC
Uma equipe de treinamentos do SPC Brasil está no RS para realizar capacitações e passou por Novo Hamburgo. A imersão na CDL incluiu convidados das CDLs da região, como Estância Velha, Ivoti, Sapiranga, Campo Bom, Igrejinha, Três Coroas e São Leopoldo. O treinamento incluiu a apresentação do portfólio do SPC Brasil, com novidades e informações.
Sindilojas-NH muda nome no embalo das comemorações do bicentenário
No ritmo do bicentenário e sem perder o foco deste espaço, voltado a temas como empreendedorismo e inovação, a coluna destaca a inteligente e oportuna decisão do Sindilojas Novo Hamburgo de mudar de nome. Com extensão de base para Campo Bom, Sapiranga, Araricá e Nova Hartz, o sindicato a partir de agora se chama
Sindilojas Vale Germânico. O anúncio da novidade foi feito no jantar de comemoração dos 75 anos da entidade. A alteração, destaca o presidente Gerson Müller, faz parte do constante processo de transformação do sindicato nascido no dia 18 de julho de 1949. “Nascemos em Novo Hamburgo e acompanhamos a história do
município. Com o passar dos anos, expandimos e passamos a representar o comércio de Campo Bom, Sapiranga, Araricá e Nova Hartz. Não fazia mais sentido ter o nome de apenas uma das cidades. Por isso a regionalização”, salienta.
O jantar dos 75 anos, aliás, incluiu ainda uma série de homenagens.
Jeison Rodrigues
Jornalista
jeisonrodrigues1977@gmail.com
Twitter: @jeisonmanoel
Insta: @jeisonrodrigues1977
A Secullum Software, residente na unidade do Feevale Techpark sediada em Campo Bom, recebeu a importante e badalada Certificação GPTW. O selo, conferido pela consultoria global Great Place To Work, principal referência mundial em cultura organizacional, significa que a empresa foi certificada como um Excelente Lugar Para Trabalhar.
Na quinta-feira da próxima semana, a Câmara de Novo Hamburgo homenageia a Vale TV por seus 15 anos de fundação. Para marcar a data, será realizada uma sessão solene, às 19h. O aniversário da emissora comunitária incluiu homenagens das associações comerciais de Novo Hamburgo e São Leopoldo. A Vale é liderada pelo empresário Rodrigo Steffen, publisher deste jornal.
Um pouco de orgulho no rosto de Orsi
Durante o anúncio do Sindilojas Vale Germânico, dia 19 de julho em Novo Hamburgo, o prefeito de Campo Bom, Luciano Orsi (PDT), não escondeu o brilho no olhar. Afinal, foi na gestão dele como presidente que a Associação dos Municípios do Vale do Sinos começou a transição para Associação dos Municípios do Vale Germânico.
O recado do Podemos em Novo Hamburgo
Ao fazer convenção e indicar apenas candidatos à eleição proporcional - Câmara -, o Podemos, que tem duas secretarias (Desenvolvimento Social e Saúde), dá um recado: ainda não fechou apoio à candidatura da emedebista Tânia da Silva. Apesar dos cargos no governo Fatima Daudt (MDB), resolveu esperar. Se tivesse convicção, já teria anunciado o apoio à sucessão emedebista.
Filho de líder do Podemos quer apoio ao PSDB
Por falar em Podemos, o discurso do ex-vereador e ex-secretário da Saúde Naasom Luciano, hoje no PSDB, deixou dúvidas. Filho do fundador do Podemos na cidade, Ito Luciano, Naasom pediu apoio ao tucano Raizer Ferreira na sucessão à Fatima. Ito disse que o filho estava “empolgado” com o momento.
Acordo não é cumprido e PDT apela para o plano B em São Leopoldo
Bem se diz que na política os acordos existem para ser rompidos, e não cumpridos. Pois na cidadeberço da colonização alemã no Rio Grande do Sul, o que era para ser não mais será. Em São Leopoldo, o acerto que garantiu o quarto mandato, segundo consecutivo, do prefeito Ary Vanazzi, previa que em 2024 o PDT lideraria a chapa, com o PT de vice. Claro que não rolou.
Os pedetistas, com cerca de 100 cargos em comissão na Prefeitura, curvaram os joelhos ao Partido dos Trabalhadores. E a vereadora
Iara Cardoso, que cumpre o quinto mandato e era a preferida para disputar a sucessão, buscará mais uma temporada no Legislativo.
Assim, o vice de Nelson Spolaor, importado de Sapiranga pelo PT e vencedor das prévias, será o Professor Nado, conforme decisão
trabalhista do fim de semana. Só falta a convenção para oficializar a indicação do plano B do partido.
A decisão de Iara Cardoso foi sábia. Com pesquisas, enquetes e sondagens em mãos, ela via um horizonte promissor, caso fosse a escolhida para liderar a chapa. Mas falou mais forte a pressão do governo e o PDT decidiu não arriscar os cargos. E segue como coadjuvante.
Outras quatro candidaturas devem se confirmar
PT e PDT terão pelo menos quatro adversários na disputa pela Prefeitura leopoldense.
O nome mais temido é do delegado Heliomar Franco, do PL, que defende a direita conservadora e vem com o
apoio bolsonarista. O vice ainda não está 100% fechado, mas deve ser da mesma corrente ideológica.
O vereador Gabriel Dias (PSDB) também busca espaço e vai lançar candidatura.
Jornalista
joaocavila@icloud.com
Twitter: @TutaAvila
Insta: blogdoavila
Ele é jovem, fez um bom mandato e praticamente não tem adversários. Em Estância Velha, Diego Francisco só espera a convenção do PSDB para ser confirmado candidato à reeleição. E parece que vai nadar de braçadas longas. Os adversários não se criaram e a meta está estabelecida. (Re) Conquistar o Paço com mais de 80% dos votos.
Tânia da Silva, escolhida pelo MDB para ser candidata à sucessão de Fatima Daudt em Novo Hamburgo, decidiu comemorar seu aniversário de um jeito diferente: lançando oficialmente a candidatura. Reuniu correligionários, amigos e simpatizantes num encontro que teve mais de campanha do que de “parabéns a você”. Só falta definir o vice.
Cavalo está criando asas em Sapiranga
Na polarização entre PT e PL, pretende “comer pelas beiradas”. O mesmo espera fazer Arthur Schmidt, précandidato pelo MDB. A quinta candidatura deve ser com o PSol, com o Doutor Bandeira.
Parece que o cavalo vai mesmo voar, de costas, em Sapiranga. Está cada vez mais próxima a aliança entre PT (com Rita Della Giustina) e União Brasil (com a família Molling). Em a coligação sendo confirmada, quero ver provar que aquele card divulgado semana passada nas redes sociais foi apócrifo, sem origem conhecida, como dizem os petistas.
Celebramos
Por: Rodrigo Trespach
Historiador e escritor, autor do livro 1824 (Citadel, 2023)
Há dois séculos, em 25 de julho de 1824, os primeiros 39 imigrantes alemães desembarcavam no Porto das Telhas, na atual Praça do Imigrante, centro histórico de São Leopoldo. A leva fora transportada até o local em pequenos lanchões à vela e remo, via rio dos Sinos, e recebida por José Tomás de Lima, o último diretor de um empreendimento do governo instalado na região, a Feitoria do Linho Cânhamo — com trabalho escravo, a fazenda confeccionava cordas para a marinha.
O PROJETO
A história de São Leopoldo teve início dois anos antes, em agosto de 1822, quando o ministro José Bonifácio entregou instruções
secretas a Georg Anton von Schaeffer e o despachou para Europa. Schaeffer era amigo e secretário de dona Leopoldina, a primeira imperatriz brasileira. Como agente brasileiro, sua missão era visitar as principais cortes alemãs e obter apoio para independência, enviando para o Brasil colonos e militares. Schaeffer embarcou para a Europa alguns dias antes do Grito do Ipiranga.
A proposta levada era atraente. Para deixarem o lar de seus ancestrais, o Brasil oferecia aos alemães propriedades com 77 hectares de extensão, isenção de impostos durante dez anos, animais, ferramentas e sementes. Era uma proposta tentadora, muito além da realidade alemã naquele momento da história. “Aqui se recebe um pedaço de terra cujo tamanho na Alemanha corresponderia a um con-
dado”, escreveu à família, em 1827, um imigrante. Além disso, a Europa estava exaurida pelas Guerras Napoleônicas, sofria com o crescimento populacional e os avanços tecnológicos da Revolução Industrial, que causavam desemprego e miséria. A passagem transatlântica seria paga pelo governo, desde que os imigrantes servissem durante quatro anos no Exército imperial. Para tal, foram criados quatro batalhões de estrangeiros.
Em janeiro de 1824, o Argus, o primeiro navio com os germânicos chegou ao Rio de Janeiro. Os solteiros aptos foram selecionados para o serviço militar e permaneceram na capital. As famílias dos colonos foram enviadas para Nova Fribur-
go, na serra fluminense. A colônia suíça foi o destino provisório dos colonos. As levas seguintes chegadas ao país foram enviadas para Porto Alegre, onde o então governador José Feliciano Fernandes Pinheiro (o futuro visconde de São Leopoldo) lhes daria o destino final: São Leopoldo.
A chegada do primeiro grupo aconteceu muito provavelmente no dia 23 de julho e não no dia 25, data consagrada em 1924, durante as comemorações do Centenário (e que teve como base as anotações de Johann Daniel Hillebrand, imigrante que seria diretor da colônia, mas só chegaria a São Leopoldo meses mais tarde). De todo modo, é certo que estes pioneiros haviam desembarcado no Brasil no transatlântico Anna Louise, que aportou no Rio em junho de 1824. No final daquele mês eles foram embarcados no bergantim São Joaquim Protector e enviados para o Sul. No dia 18 de julho, chegaram a Porto Alegre. Ali, foram recebidos por Fernandes Pinheiro, acomodados e assistidos com “carne, farinha, algum legume e tempero de toucinho e sal”. No dia 23, foram encaminhados para o local da futura colônia. Como viagem não era longa e o governador menciona 23 como data da parti-
da da capital, este é o provável dia da chegada à Feitoria.
Depois de desembarcar e de terem acomodado suas bagagens em carros de boi, a pequena caravana partiu para a etapa final da viagem, a sede da Feitoria, a quatro quilômetros do Porto das Telhas. Quando finalmente chegaram ao destino, foram albergados em um antigo galpão usado pela escravatura, onde aguardariam a distribuição de seus lotes de terra. A edificação foi reformada e ampliada na década de 1940 para se transformar no Museu Casa do Imigrante. Em situação precária, parte da casa ruiu em 2019.
Em 22 de setembro de 1824, a colônia recebeu autorização do imperador dom Pedro I para usar o nome “Colônia Alemã de São Leopoldo”. Era uma solicitação de Fernandes Pinheiro, homenagem à dona Leopoldina, cujo onomástico provinha do santo padroeiro da Áustria, são Leopoldo. O diretor da colônia recebeu a informação em
26 de outubro, por ofício do governador. O grupo pioneiro, de julho de 1824, era heterogêneo. Eram nove famílias, compostas por homens, mulheres, idosos, jovens e crianças; pedreiros, carpinteiros e agricultores; alguns católicos e muitos protestantes. Dezoito imigrantes eram menores de dez anos. O mais velho do grupo tinha 49.
A primeira leva era composta dessa forma: Johann Michael Krämer e a esposa Maria Post; Johann Friedrich Höpper, Anna Margaretha Schröder e três crianças; Paul Hammel, Maria Teresa Bug e dois filhos; Johann Otto Heinrich Pfingstein, Anna Catharina von Schneen e cinco filhos; Johann Christian Rust, Anna Maria Schröder e a filha do casal; Johann Heinrich Timm, Anna Margaretha Kofoth e os cinco filhos; Christian August Timm, Madalena Schacht e dois filhos; Jasper Heinrich Bentzen e dois filhos; e Johann Henrich Jacks, Catharina Grimms e dois filhos.
Na esperança de uma vida melhor, cada imigrante seguiu seu caminho. Alguns viveram por mais de quatro décadas depois da chegada. Uns, chegaram ao século 20. Catharina Timm foi um dos últimos pioneiros a morrer. Natural de Pinneberg, ela faleceu às vésperas de completar 85 anos de idade, em 1907. Outros tiveram menos sorte. A esposa de Pfingsten morreu no parto do sexto filho, dois anos após o desembarque. O imigrante Jacks foi assassinado alguns anos depois da chegada.
Apesar de todos os custos e dificuldades iniciais, São Leopoldo prosperou e cumpriu muitos de seus objetivos: criar uma cidade no meio da mata a partir do nada, produzir excedente e estabelecer comércio com diversas áreas, sem rotas de escoamento estabelecidas. Até o fim do Primeiro Reinado, mais de 5 mil alemães desembarcariam no mesmo local e outros tantos se espalhariam pelo país, multiplicando as
colônias pelo Sul e pelo Sudeste. Seriam responsáveis pela implantação e a consolidação de um novo sistema econômico e social, baseado no minifúndio, na indústria e na mão de obra livre. Os pioneiros lançariam também os fundamentos da Igreja protestante, contribuindo com a diversidade religiosa do país. Em dois séculos, os alemães deixaram sua marca na economia, na cultura, nas ciências e na educação do Brasil.
Livro 1824 (Citadel, 2023), do escritor Rodrigo Trespach. Contatos: Instagram @rodrigo. trespach e site www.rodrigotrespach.com.br
Para homenagear o Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil, convidamos personalidades da nossa região para compartilhar locais e momentos especiais que marcam suas vidas e suas cidades. Leia nas próximas páginas histórias carregadas de emoção e alegria, que revelam uma ligação profunda entre passado e presente. Boa leitura!
Todos os dias, deparo-me com os desafios de levar essa herança cultural a um porto seguro, com o olhar atento ao desenvolvimento humano, artístico e cultural.
Desde muito cedo, voltei meus olhos para o patrimônio histórico e Hamburgo Velho foi sempre minha grande paixão. Quando criança, andava pelas ruas do bairro observando a imponência dos casarões e de seus jardins floridos. Conheci o museu Scheffel em uma visita com minha escola, aos onze anos de idade. Foi um completo encantamento. Meu contato com arte, até então, era restrito às ilustrações em preto e branco da enciclopédia Delta Larousse, folheada nos dias de chuva, quando não era possível brincar pelas ruas.
A Fundação Scheffel foi o primeiro museu que visitei. Alguns anos depois, “fui descoberto” pelo artista Scheffel e pela historiadora Angela Sperb, que ficaram encantados com o menino que já mantinha, em sua casa, um pequeno museu e era apaixonado por patrimônio histórico. Ambos foram funda-
mentais no estímulo à minha sensibilidade, transformando por completo minha vida e delineando meu futuro.
No momento em que comemoramos os 200 anos da Imigração Alemã no Brasil, todo o trabalho desenvolvido nas últimas décadas, por mim e pela instituição, faz grande sentido diante do protagonismo desse contexto. A preservação do Centro Histórico de Hamburgo Velho e as inúmeras atividades culturais desenvolvidas pela instituição são a certeza de que estamos no caminho certo.
Como Curador da Fundação Scheffel – assim, também, do museu Comunitário Casa Schmitt-Presser –, estive e estou completamente imerso na temática da imigração alemã. Todos os dias, deparo-me com os desafios de levar essa herança cultural a um porto seguro, com o olhar atento ao desen-
volvimento humano, artístico e cultural. Ainda hoje – digo com orgulho – sinto o mesmo encantamento do início de minha trajetória profissional.
Também não posso deixar de lembrar meu trabalho como Diretor do Departamento de Cultura da cidade de Dois Irmãos na década de 1990, quando tive a oportunidade de colocar em prática muitos dos ensinamentos recebidos do artista Scheffel e da historiadora Angela Sperb nas questões de preservação do patrimônio histórico. Tive a honra de participar do processo de aquisição da antiga Matriz de São Miguel, hoje um centro cultural e, posteriormente, na implementação da política de preservação do patrimônio cultural e histórico da cidade.
Assim, o patrimônio histórico de Novo Hamburgo e Dois Irmãos são os meus dois amores: lugares com os quais
me conecto a minhas raízes e afetos. Lugares que esbanjam beleza, por vezes discreta ou um tanto adormecida, porém presente, à espera de resgate e de uma maior valorização. Recordando uma fala do artista Scheffel que dizia “A beleza irá salvar o mundo”, desejo que as comemorações do Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil despertem as pessoas para a beleza das nossas cidades e para a riqueza cultural que possuímos. Gratidão a todos os povos e culturas que buscaram – e ainda buscam –, em nosso país, estado e regiões, o refazer de suas caminhadas: tal diversidade cultural valoriza-nos enquanto indivíduos e nação.
Em especial, neste ano de 2024, gratidão aos movimentos imigratórios alemães, cujo bicentenário comemoramos neste momento e tanto nos engrandece.
Madeleine Hilbk
Empresária e diretora da Vila Rica
Uma das coisas que mais gosto é andar pelas ruas centrais de minha cidade e, como num passe de mágica, minha mente e meus olhos retrocedem 70, 75 anos e me vejo menina, entrando pelos portões de ferro e jardins das casas de minhas amigas para brincar.
Para mim, a cidade de São Leopoldo é uma cidade especial, com muita cultura, muita história, “um rio que imita o Reno”, um polo de desenvolvimento industrial, importantes universidades, mas também é um lugar onde casas e paredes falam, trazendo lindas recordações....
Uma das coisas que mais gosto é andar pelas ruas centrais de minha cidade e, como num passe de mágica, minha mente e meus olhos retrocedem 70, 75 anos e me vejo menina, entrando pelos portões de ferro e jardins das casas de minhas amigas para brincar. Quando a miragem desaparece, vejo que nesses lugares hoje estão grandes prédios e comércios consagrados.
Mas a lei de preservação de prédios de interesse do município trouxe a certeza de que alguns estarão preservados para o futuro. Tenho muitos lugares que me são caros em São Leopoldo e que me trazem lembranças sig-
nificativas. O colégio Visconde, onde fiz o curso primário, com suas inesquecíveis professoras.
O colégio São José, onde fiz o 2° grau e me formei em piano e fiz amizades que perduram até hoje. O maravilhoso prédio da faculdade de filosofia e letras, embrião da Unisinos, onde me formei em letras e prometi que escreveria um livro.... Mas a vida nos prega muitas peças, e nem sempre conseguimos cumprir todas as nossas promessas....
Mas é a Sociedade Orpheu, por todo significado que ela representou e ainda representa para mim, nestas mais de oito décadas de minha existência, que eu considero o prédio que me traz as maiores recordações em São Leopoldo. Já de pequena, eu ia aos bailes de carnaval infantil, aos 15 anos conheci meu futuro marido, na boate da Sociedade Orpheu. Naquela época os clubes eram frequentados pela vida da cidade, eram espaços compartilhados tanto
para grandes encontros com políticos, reuniões de clubes de serviço, comemorações de festas de 15 anos, de casamentos e de grandes jantares de empresas, como convenções de indústria e do comércio, como de instituições como Rotary e Lyons, além de bailes de debutantes, de carnaval e mesmo da imigração, que deixaram muitas saudades.
A beleza e a magia que o Orpheu despertava em mim, era indescritível.... A decoração, os grandes sofás, a parede de espelhos do hall dos banheiros femininos onde nos olhávamos e nos achávamos lindas, o aconchego dos tapetes, as luminárias e a escadaria, onde descíamos os degraus com nossos vestidos esvoaçantes, tendo a certeza que estávamos no Olimpo.
Mas as nuvens negras aparecem... E, neste ano de 2024, fomos surpreendidos por esta grande catástrofe da enchente que afetou grande parte da vida de nossos irmãos leopoldenses, frustrou as programações festivas e os sonhos de nossa cidade, nas comemorações dos 200 anos da Imigração Alemã.
Mas, mesmo assim, a criatividade e a resiliência dos leopoldenses têm nos oportunizado lindos encontros de congraçamentos, como o excelente café colonial, com apresentações culturais e baile, realizado no dia 20 de julho, nos salões da sociedade Orpheu!
A primeira taça de espumante da vida! A primeira valsa dançada com meu pai no baile de debutante! A primeira valsa com o namorado e futuro marido! Todas nós, lindas debutantes, felizes e radiantes em nossos vestidos brancos, sem imaginar, em nenhum segundo, nenhuma nuvem que pudesse quebrar esse encanto, que parecia eterno para as nossas vidas.
Cássios Diogo Schaab Jornalista
Impossível não se emocionar ao lembrar do tempo que as britas ocupavam o lugar do piso bruto, dos eucaliptos atrás das arquibancadas e da cabine de imprensa de madeira, onde iniciei meu gosto pelo jornalismo.
Falar da imigração alemã é recordar e celebrar momentos especiais de nossa região, de nossos antepassados e também a oportunidade de entender como transcorreu a formação de nossa história e de como essa colonização tem sua importância dentro do contexto do Estado e do País. E dentro dessa ótica toda está inserida a minha querida Campo Bom. Local que moro desde que saí do hospital nos braços de meus pais e que vivo até hoje, e não tenho nenhuma pretensão de deixar. E é em Campo Bom que vários locais são especiais em minha trajetória e que levo cada um dentro de um espaço especial no coração.
Poderia detalhar todos aqui, mas resolvi falar do antigo Estádio dos Eucaliptos e atual
Estádio Sady Arnildo Schmidt, o campo do 15. Tenho memórias desde a infância nesse lugar querido, mas por toda a história que o clube tem com a imigração foi o motivo pelo qual o escolhi.
Impossível não se emocionar ao lembrar do tempo que as britas ocupavam o lugar do piso bruto, dos eucaliptos atrás das arquibancadas e da cabine de imprensa de madeira, onde iniciei meu gosto pelo jornalismo.
Foi nesse local que vivi grandes histórias do futebol acontecer e tive a grata surpresa de presenciar. Como torcedor, comemorei títulos na arquibancada e dentro de campo, olhei jogo de cima do muro, na copa, fui gandula e dei entrevista para rádio e TV como representante da torcida. Também chorei com derrotas inexplicáveis e perda de título que até hoje não entendo como aconteceu.
No Sady também atuei, sim, nas escolinhas do clube. Tudo começou na lateral direita e veio parar no gol, posição que tem o meu carinho e que no 15 foi defendida por Bilu, Márcio, Adriano, Luciano, Silvio, Fábio, Humberto, Gallas, Evandro e tantos ou-
tros. E mais recentemente, tive a oportunidade de atuar como jornalista na beira de campo e nas cabines. Algo que imaginava ainda como um pretenso jornalista e que me oportunizou contar inúmeras histórias e entrevistar lendas do passado, personagens do presente e futuros craques. Nesse contexto não tem como não lembrar de entrevistas com Bilu, Gallas, Grohe e Endrick, isso mesmo, o menino de ouro já desfilou seu talento no gramado do maior estádio do meu mundo.
Por tudo o que escrevi, fica
claro o quanto o Sady Schmidt foi e é importante para mim. E que bom que sigo passando na frente da “nossa casa” quase todos os dias e, assim, tendo a oportunidade de relembrar esses momentos que são mágicos, assim como a história da imigração Alemão e do Clube 15 de Novembro, que também tem sua parcela nesses 200 anos, antes mesmo da fusão da Sociedade Concórdia e do Esporte Clube Independente. Vida longa aos descendentes de alemães, ao Clube 15 de Novembro e as suas histórias junto de nossa comunidade.”
Ana Beatriz Gehlen Kuhn Artista plástica
Com o passar dos anos, o Natal foi adquirindo contornos mais robustos com uma característica peculiar e especial com personalidade própria e identidade única. Totalmente artesanal, é um projeto elaborado, calculado e após construído a várias mãos.
O bicentenário da colonização alemã busca resgatar e compartilhar o reconhecimento germânico e sua influência causada através de luta e coragem em desbravar uma terra nova. Dois Irmãos é o exemplo deste legado deixado pelos alemães que aqui chegaram. Através de sua hospitalidade, arquitetura, comida, natureza exuberante e tranquilidade de suas ruas e praças que abraçam e acolhem, ganhou o coração de todos. A religiosidade tão exaltada nesta cultura se mantém presente em nossa cidade. Nossos irmãos alemães vivem a religião com toda a intensidade, sendo o elo de ligação das famílias.
O Natal se torna um exemplo deste espírito de união e confraternização. Os religiosos elegem um tema anualmente que rege este período. Festividades, atrações itinerantes e atividades culturais são promovidos livremente na cidade, como acontece na Alemanha.
A família de Anjos, um dos símbolos do Natal, levam a magia aos visitantes. A decoração sempre aliada ao tema, ilumina a cidade, trazendo brilho, cores e formas. O Natal, a princípio, foi concebido por um grupo de amigos, que idealizaram este evento.
Com o passar dos anos, o Natal foi adquirindo contornos mais robustos com uma característica peculiar e especial com personalidade própria e identidade única. Totalmente artesanal, é um projeto elaborado, calculado e após construído a várias mãos. Na sua essência, é um evento coletivo, realizado por servidores municipais e voluntários da comunidade que se
reúnem para dar forma a ele. A influência germânica novamente se torna presente, nos cuidado aos detalhes, ao carinho que não mede esforços quando se propõe a criar e executar algo.
As decorações das ruas, igrejas e praça é uma releitura, dando a sensação de novidade. Novas estruturas são agregadas, tendo o cuidado em dar continuidade ao projeto. O Largo, onde temos a nossa majestosa Árvore Símbolo, recebe uma roupagem nova a cada ano. Cores são estudadas para que tenham uma linguagem em comum, criando uma simbiose de efeitos com nuances de
luz e sombra. A cada edição mais iluminações são adicionadas aos elementos decorativos às estruturas existentes.
A praça, com seu enfoque mais lúdico, é especialmente preparada para receber as famílias com atividades e oficinas infantis. A decoração se torna mais colorida, como “o caminho das sombrinhas, “a árvore que chora” e as luzes nas copadas das árvores, que dão realce e magia ao lugar.
A Casa do Papai Noel, que tanto encanta aos pequenos. A estação de trem que se torna um deleite para os olhos. Bengalas, pinheiros coloridos, guir-
landas, praça de alimentação com artesanato local (Weihnachtsmarkt) são os destaques deste lugar encantado. Tudo isto é conectado ao Palco Móvel decorado com sinos, que se ligam ao Caminho dos Anjosum túnel de luzinhas que chega a praça.
Então, sim, o Natal é o meu lugar preferido, o lugar onde as famílias se encontram, onde os sorrisos aparecem naturalmente. É uma celebração ao passado como legado à uma responsabilidade de continuidade criando assim, um sentimento de pertencimento a Dois Irmãos - Um Doce de Cidade.
Carla Herrmann
Facilitadora de Negócios
Essas iniciativas não apenas preservam, mas também aproximam a comunidade do rico patrimônio cultural deixado pelos imigrantes alemães, permitindo uma melhor compreensão da nossa história e identidade em Sapiranga.
No período de 1824 a 1826, os primeiros alemães desembarcaram em São Leopoldo, marcando o início da história dos municípios que compõem o Vale do Sinos, uma região enraizada na herança germânica. Em Sapiranga, essa influência é profundamente enraizada em sua identidade cultural.
Um marco importante dessa história é o Monumento ao Imigrante, erguido em 1974 na Rua Sete de Setembro, próximo à RS-239. Criado pelo escultor Gilberto Iris em concreto, o monumento celebra os 150 anos da imigração alemã na região, destacando a contribuição e a presença contínua dessa comunidade.
Além disso, a Casa do Imi-
grante, construída em estilo enxaimel dentro do Parque Municipal do Imigrante, serve como um museu dedicado à preservação e à celebração da cultura alemã. Este espaço narra a história dos imigrantes que chegaram à região na primeira metade do século XIX, proporcionando uma conexão vital entre o passado e o presente de nossa comunidade.
A Casa do Imigrante não somente preserva essa rica herança, mas também serve como referência para estudos, remetendo ao passado de forma agradável e simples, e mostrando o cotidiano que ainda está presente na vida de muitos. Vale a pena dedicar um dia para entender nossas raízes e apreciar essa parte
importante da nossa história. Essas iniciativas não apenas preservam, mas também aproximam a comunidade do rico patrimônio cultural deixado pelos imigrantes alemães, permitindo uma melhor
compreensão da nossa história e identidade em Sapiranga. Venham visitar a nossa Casa do Imigrante, dentro do Parque Municipal do Imigrante, em Sapiranga, um lugar bonito e acolhedor.
Bárbara Mengue
Professora e coordenadora
pedagógica do Ensino
Médio do Instituto Ivoti
Conheci o Núcleo de Casas Enxaimel enquanto ainda era estudante de magistério, numa visita cujo objetivo era nossa preparação para a docência - conhecer a história do município onde iríamos atuar.
Conheci Ivoti na década de 1990, na época com 14 anos de idade, ainda estudante do Ensino Fundamental. Fui apresentada à cidade por uma querida amiga que, assim como eu, queria ser professora, e via na escola da cidade, o Instituto Ivoti, uma excelente oportunidade para a realização de nossos sonhos.
Com certeza, na época, ela não imaginava que a instituição de ensino seria não somente o meu local de formação, como também o meu trabalho, e Ivoti passaria a ser meu lar. Adaptar-se à cidade foi algo natural para mim, descendente de família alemã. Cresci cultivando tradições dos imigrantes como a música, a culinária e o dialeto, falado por meus pais e avós.
Sempre me chamou a atenção os aspectos da cultura alemã presentes na cidade, dentre eles as casas
históricas no estilo enxaimel.
Conheci o Núcleo de Casas Enxaimel enquanto ainda era estudante de magistério, numa visita cujo objetivo era nossa preparação para a docênciaconhecer a história do município onde iríamos atuar.
Naquela época, as casas enxaimel não estavam restauradas e o núcleo ainda não era um espaço gastronômico, de eventos, como atualmente. Mesmo assim, sempre gostei do local, pois, além de bonito e de ser uma memória viva da vida de muitos imigrantes alemães da região, também me lembrava um pouco da casa, da vida de meus avós e bisavós, especialmente os maternos, que vieram da Alemanha, mas que não pude conhecer.
O núcleo de Ivoti é um dos maiores conjuntos de casas enxaimel do país. É um local aconchegante, preservado
para visitação, perfeito para um passeio em família, para tomar um chimarrão e descansar da rotina do dia a dia.
É um pequeno refúgio, próximo à cidade e de fácil acesso.
Olhar para essa arquitetura histórica, com estrutura de madeira, fixada através de encaixes e pregos de pau, e vedada com barro, construída
com muito trabalho e a muitas mãos, e imaginar como foi a vida de quem ali residiu é um privilégio.
Preservar e valorizar a cultura alemã é algo que o município de Ivoti faz muito bem e, sem dúvida, o Núcleo de Casas Enxaimel é um dos meus lugares favoritos na cidade das flores!
Thaís Backes Klein
Secretária de Cultura de Morro Reuter
Eu adoro visitar o Casarão das Artesãs, localizado no centro de Morro Reuter, ao lado da praça central. A casa de alvenaria, construída em 1888 e pertencente à família Feltes, é um verdadeiro tesouro e um patrimônio preservado.
Povoada por imigrantes alemães a partir de 1829, Morro Reuter preserva consigo uma rica tradição de cantos, danças e culinária, que continuam vivas no cotidiano do município até hoje. Visando valorizar e manter essas tradições, a cidade ganha seu primeiro museu dedicado a contar essa história, através de uma abordagem inovadora e envolvente. Trata-se do projeto Museu Itinerante - Uma viagem pela história. O museu será instalado dentro de um ônibus escolar, que levará um rico acervo histórico até as diversas localidades do município. Além de objetos que contam a história dos hábitos dos antepassados, um conjunto de banners explicativos com textos e fotografias relembram como era Morro Reuter nos séculos 19 e 20. Os prédios centenários, que ainda resistem ao tempo, como o Armazém Kieling, ou os que já não existem mais, como a
primeira escola do Município, o prédio da sede da Igreja Imaculada Conceição ou, ainda, a antiga rodoviária, estão no acervo.
Mais do que levar a história e cultura de Morro Reuter para todas as partes do município e facilitar o acesso à informação histórica para todos os cidadãos, especialmente estudantes, o projeto visa fortalecer a identidade comunitária, celebrando a rica herança cultural deixada pelos alemães e seus descendentes, nesses 200 anos de imigração.
Eu adoro visitar o Casarão das Artesãs, localizado no centro de Morro Reuter, ao lado da praça central. A casa de alvenaria, construída em 1888 e pertencente à família Feltes, é um verdadeiro tesouro e um patrimônio preservado. Dentro do casarão, encontram-se diversos produtos artesanais, feitos pelas talentosas artesãs da cidade.
Este local preserva o traba-
lho manual, que se torna cada vez mais raro nos dias de hoje, valorizando um legado construído com muita luta pelos imigrantes.
Além disso, o casarão fica ao lado de uma praça que esbanja charme e aconchego, tornando a visita ainda mais especial.
Luana Winter Weirich
Rainha do Kerb de Estância Velha
Existe um imenso legado a ser redescoberto e valorizado, principalmente nesse ano do bicentenário, e receber a faixa de Rainha do Kerb já foi um passo importante na minha historia.
Estância Velha por si só já é meu lugar favorito. Eu e o Marcelo trabalhamos em Porto Alegre, mas optamos por continuar indo e vindo todos os dias, bem por amar a nossa cidade, esse jeito interiorano que Estância tem. É tão bom estar ao lado das maiores cidades, mas continuar vivenciando a nossa cultura local,
andando pelas ruas e reconhecendo as pessoas, sabendo onde moram, suas famílias.
Esse é o nosso diferencial! Sobre meus lugares favoritos, um só não existe, né? Por si só a Igreja Católica Matriz é meu lugar favorito. Sou católica e também fui secretária paroquial por seis anos, conhecendo ainda mais a histó-
ria que cada tijolo da comunidade tem.
Quando se fala em comida, não tem como não lembrar da Padaria Pão de Trigo com suas tradições e aconchego. A nossa praça, que carrega tanta história, e também os novos espaços que se instalaram após a ressignificação da nossa cidade, depois da era dos cortumes: cervejarias, vinicolas e restaurantes ao ar livre.
Existe um imenso legado a ser redescoberto e valorizado, principalmente nesse ano do bicentenário, e receber a faixa de Rainha do Kerb já foi um passo importante na minha história. Principalmente o reconhecimento da mulher ao lado do homem.
Antigamente se reconhecia apenas o “Rei do Kerb”, e a mulher/esposa apenas o acompanhava, nem faixa de rainha recebia. Agora temos espaço de fala, reconhecimen-
to e liderança. Com certeza a mulher alemã batalhou muito para agora estar onde estamos. Essa conquista é de todas nós!
Eu me sinto uma Andorinha em Estância Velha, aquela que sempre volta, que poderia voar o mundo, mas escolhe ficar no seu lugar favorito e de confiança. Nossa cidade está se ressignificando, amadurecendo industrialmente e ampliando horizontes com a tecnologia, mas carrega consigo a luta e esforço de tantos que passaram por aqui sem esquecer e abandonar o passado.
O Kerb é a clara certeza da continuidade dessa história, mesmo que o festival tenha se aprimorado, crescido, não esqueceu as raízes que sempre tivemos, como missa em alemão, culto ecumênico, bailes nas comunidades e costumes que são revividos a cada ano.
Priscila Lemmertz
Diefenthäler
Secretária municipal de Administração e Governo de Portão
É o meu lugar favorito quando a gente fala de colonização alemã porque remete muito a esse prato tão típico que é a cuca. Além disso, eles têm o café da manhã alemão que é uma delícia.
Falar sobre Portão é bem particular pra mim porque nasci aqui. São quase 40 anos de história vivendo aqui e, mesmo sendo a cidade que mais cresce na região, ela ainda preserva áreas de interior, de cidade amistosa, acolhedora. É muito bom viver aqui.
Em relação aos meus locais, são vários, mas especificamente com relação à cultura alemã, a gente não pode deixar de falar da Casa de Cucas. É um point e tanto da comunidade local, inclusive pra todos que passam por aqui. Todo mundo que visita Portão tem que dar uma paradinha aqui na Casa de Cucas,
que conta com a maior variedade de cucas da região. São cucas maravilhosas e, assim: para começar bem um dia ou pra selar bem um dia, basta uma passadinha e garantir aquela cuca.
São feitas no capricho, vários sabores, tudo bem artesanal, como as nossas avós faziam. É o meu lugar favorito quando a gente fala de colonização alemã, porque remete muito a esse
prato tão típico. Além disso, eles têm o café da manhã alemão que é uma delícia. São muitas as riquezas e lugares legais. Mas esse lugar é parada obrigatória pra quem vem a Portão.
Por: Daniela Moraes
O que vivemos hoje, em 2024, tem muito do que nos foi transmitido, de geração em geração, pelos primeiros imigrantes alemães que chegaram ao Rio Grande do Sul há 200 anos. É o que costumamos chamar de legado
deixado por colonizadores que atravessaram o oceano e fincaram raízes no Vale do Sinos e em outras regiões do país. No capítulo “Primeiros alemães no campo” do livro “Cinco séculos de relações brasileiras e alemãs”, o historiador Martin Dreher en-
fatiza que a imigração alemã do século XIX trouxe contribuições significativas para a conformação do Brasil independente. A influência na economia, educação, gastronomia, cultura, arquitetura e religião são visíveis.
Além disso, a imigração e a colonização alemã no Bra-
sil tiveram um importante papel nos processos de diversificação da agricultura e na urbanização, além da industrialização, tendo influenciado, em grande parte, a arquitetura e, em suma, a paisagem físico-social brasileira. No domínio religioso, há de se reconhecer a influ-
ência dos pastores, padres e religiosos descendentes de alemães. Várias igrejas luteranas foram implantadas e o próprio ritual católico adquiriu certas especificidades nas comunidades.
Nas páginas a seguir, veja obras construídas pelos imigrantes e que seguem vivas.
Segundo o historiador Martin Dreher, a imigração trouxe um novo modelo econômico que se baseia no trabalho do agricultor livre e na pequena propriedade. Atualmente, seguimos com esse modelo bastante presente, em que o fruto do trabalho no campo alimenta não somente a família, mas serve de fonte de renda e independência.
História preservada no museu ao calçado
O Museu Nacional do Calçado, em Novo Hamburgo, conta a saga dos primeiros imigrantes alemães que se dedicaram ao manuseio do couro. Daí derivou o trabalho artesanal que produzia botas, chinelos e selas para montaria. As sapatarias e pequenas manufaturas, empregando mestres e aprendizes, acabaram se transformando nas incipientes indústrias do ramo coureiro-calçadista que se espalharam pela cidade.
Algumas empresas criadas por alemães no sul
Gedore - Empresa de fabricação de ferramentas fundada em 1919 como Gedore Werkzeugfabrik Otto Dowidat KG pelos três irmãos Dowidat, Otto, Karl e Willi, que iniciaram a fabricação de ferramentas manuais para a indústria em sua cidade natal, Remscheid, na Alemanha. SAP - É uma empresa alemã, criadora de softwares de gestão de empresas. Ao longo de quatro décadas, a SAP evoluiu de uma empresa pequena e regional na cidade de Walldorf para uma organização de alcance mundial.
No artigo “A imigração alemã no Rio Grande do Sul”, dos historiadores Isabel Cristina Arendt e Marcos Antônio Witt, e do arquiteto Günter Weimer, eles citam estudos que apontam que em São Leopoldo, entre 1824 e 1845, 60% dos homens eram artesãos, da área metalúrgica, da produção têxtil, do comércio, dentre outros setores. Desse artesanato surgiram pequenas, médias e grandes indústrias.
fez surgir uma atividade que seria de fundamental importância no desenvolvimento econômico estadual: o caixeiro viajante. Como representantes dos principais empórios urbanos de importação e exportação, tiveram um papel decisivo na atualização dos métodos produtivos e na elevação do nível cultural nas colônias.
O relativo enriquecimento das colônias “alemãs”
Essa interação mostrou o quanto esses profissionais estavam a par das necessidades dos agricultores.
Segundo levantamento do IBGE, a formação de um campesinato típico, com forte herança da Europa Central e significativa contribuição na agricultura familiar no Brasil, é responsável pela criação de determinados animais e pelo cultivo de produtos agrícolas, a exemplo da suinocultura e da triticultura, e pela estruturação de uma forte agroindústria cooperativa e privada.
Stihl - Fabricante alemã de motosserras e outros equipamentos manuais, incluindo aparadores e sopradores. Sua sede fica em Waiblingen, em Baden-Württemberg, perto de Stuttgart, na Alemanha. A Stihl foi fundada em 1926 por Andreas Stihl.
Varig - A criação da uma empresa de transporte aéreo brasileira surgiu na mente de Otto Ernet Meyer Labastille, um alemão de Neider-Marschhacht. Ele emigrou para o Brasil em 1921, onde, em Porto Alegre, abriu a Varig.
Entre os idiomas germânicos trazidos ao Brasil por imigrantes, o hunsriqueano é considerado o mais falado. A inclusão do Hunsrik no Google Tradutor em julho deste ano é vista como um reconhecimento para uma língua que carrega a herança cultural e as raízes germânicas.
Apesar de contar com cerca de 2 milhões de falantes nativos no Sul do Brasil, não é o único que embarcou em navios há 200 anos e que se mantém vivo no cotidiano do RS. Atualmente, vários municípios incluem o ensino da língua alemã em escolas das redes pública e privada.
Os imigrantes germânicos foram submetidos a políticas governamentais de segregação linguística na Era Getúlio Vargas (de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954), quando foi proibido o uso dos idiomas germânicos no cotidiano das comunidades. Era época de um projeto educacio-
nal nacionalista, que tinha por objetivo fortalecer a identidade nacional.
Todos os imigrantes e seus descendentes em território nacional foram proibidos de falar sua língua em público como uma forma de obrigá-los a se integrar à cultura brasileira.
A arte dialoga com a história do RS. Artistas nos ajudam a compreender a realidade por meio de suas obras reproduzindo mais do que técnica, características, modo de vida, e elementos socioculturais que podem ser encontrados. Confira alguns exemplos de artistas e suas obras inspirados na vida dos imigrantes alemães.
Hamburgo Velho - Uma das obras mais conhecidas e admiradas de Ernesto Frederico Scheffel, “Hamburgo Velho”, pintada em 1956 e é uma das homenagens de Scheffel à imigração alemã no Vale do Sinos.
Vendedoras de floresEpisódios, costumes e vida cotidiana estão presentes na obra de Flávio Scholles. A composição das cenas e cenários remetem para dentro da vida do colono.
Ariadne Decker - Couro é Arte “Sapatarias”. As características do trabalho industrial coureiro-calçadista da região está presente na obra da artista.
Parte da história e da formação das comunidades a partir da chegada dos imigrantes está presente na literatura. Obras, mesmo ficcionais, reconstroem o que foi vivido na época. Confira trechos de algumas obras que bem retratam esse tempo:
O tempo e o vento –O Continente
Erico Verissimo - “Da amurada do navio, Willy olha a cidade que os casais de açorianos fundaram. Desembar-
ca meio estonteado, de mãos dadas com a mulher: Hänsel e Gretel, coitados, perdidos na floresta. Num batelão com as outras famílias de imigrantes sobem o Rio dos Sinos, de águas barrentas e margens baixas, rio sem história, sem castelos, sem ondinas nem Loreleis.
A ferro e fogo –Tempo de solidão
Josué Guimarães - “Na Brumosa manhã do dia seguinte, domingo, o seleiro
Schneider e os outros trataram de voltar aos casebres da extinta Real Feitoria do Linho Cânhamo, no Faxinal da Courita, onde há mais de três meses aguardavam que o governo cumprisse com o que lhes fora prometido na Alemanha: uma colônia de terras de papel passado, alguma ferramenta, sementes e animais domésticos. Enquanto não vinha o pedaço de chão, tratavam de tirar da terra provisória algo que pudesse ser soma-
do ao charque e às aguadas abóboras de Estância Velha, um reduto onde o gado xucro estava sendo agrupado e as últimas sementes podres viravam adubo”.
A História de Walachai de João Benno Wendling
“Até o ano de 1849, a assistência religiosa esteve quase totalmente ausente. Quem necessitava de padre tinha de se dirigir a São Leopoldo. Uma ou outra vez,
durante aparecia o pároco de São Leopoldo. Fazia então os batizados, os casamentos a absolvição geral e ouvia a confissão de quem o pudesse fazer e rezava missa, distribuía comunhão a quem o desejasse. Um fato curioso é que o pároco não entendia alemão atender uma confissão individual valia-se de uma lista na qual constavam os principais dizeres em português ou espanhol, e ao lado, respectivamente, em alemão.”
Culturalmente, os imigrantes alemães lançaram as bases de uma infinidade de associações dedicadas ao ensino, canto, teatro e música. Tammbém tiveram um papel importante na formação da cultura brasileira, especialmente no que diz respeito a certos hábitos alimentares, encenações teatrais típicas, corais de igrejas, bandas de música e assim por diante.
Os colonos alemães se adaptaram ao Brasil sem abdicar de sua cultura. Por isso, construíram um novo espaço onde mantiveram o seu próprio estilo de vida, integrando a ele traços da cultura brasileira. Isso resultou no modo de ser singular
do colono migrante. São centenas de grupos de danças germânicas pelo Estado. A prática é de tamanho sucesso que o Festival Internacional do Folclore, sediado em Nova Petrópolis, na Serra gaúcha, realiza neste ano sua 51ª edição. Um dos grupos mais antigos da cidade é o Volkstanzgruppe Freundschaftskreis, que completou 32 anos em julho de 2024.
Trata-se de mais um exemplo da cultura alemã viva celebrando a tradição por décadas de paixão, alegria e amizades proporcionadas pela dança. Mais um pedaço da obra dos imigrantes na região.
A técnica construtiva enxaimel, na qual uma estrutura de madeiras encaixadas tem seus vãos preenchidos com pedras, tijolos ou taipa é uma das obras arquitetônicas dos imigrantes mais conhecidas no país. Na reigão, o Núcleo de Casas Enxaimel, no Buraco do Diabo, como é popularmente conhecido, é um dos pontos turísticos mais visitados de Ivoti com esse estilo de arquitetura.
Vários eventos se realizam no local, que guarda seis casas com estilo enxaimel. Essas construções são montadas através de encaixes de madeira e preenchidas com pedra e barro. Foram erguidas por imigrantes alemães em 1828.
Além disso, alguns prédios no RS são bem conhecidos pela arquitetura e foram projetados por arquiteto alemão. Um deles é Theo Wiederspahn, que nasceu na Alemanha e se mudou para Porto Alegre em 1908, quando já dedicava sua vida à arquitetura.
Dentre seus principais projetos realizados na capital gaúcha estão o Hotel Majestic, atual Casa de Cultura Mário Quintana, o Memorial do Rio Grande do Sul (antigamente sede da Agência Central dos Correios e Telégrafos) e o Edifício Ely. Veja mais detalhes dessas obras no quadro ao lado.
Casa de Cultura Mário Quintana
Em 1910, Theo Wiederspahn incumbe-se de projetar um prédio para Horácio Carvalho entre as atuais ruas João Manoel e Bento Martins. Em 1923, ali é inaugurado o Majestic Hotel. Em 1980, começa a história da Casa de Cultura Mário Quintana.
Edifício Ely
Em 1922, para um terreno em frente à antiga Estação Ferroviária, o comerciante Nicolau Ely contratou o arquiteto Theo Wiederspahn para construir um prédio com loja no térreo e salas comerciais nos três pisos superiores.
Prédio dos Correios e Telégrafos
O Espaço Cultural Correios ocupa um belíssimo prédio histórico na Praça da Alfândega, Centro de Porto Alegre. Inaugurado em 1914 e tombado pelo Iphan em 1980, o edifício foi sede dos Correios e hoje abriga também o Memorial do RS.
No campo religioso, além de estabelecer pela primeira vez e de forma definitiva a dissidência religiosa sob a forma do luteranismo, imigrantes trouxeram tradições do catolicismo da Europa central. A Igreja de São José do Herval, em Morro Reuter, foi inaugurada em 1923, e é conhecida também como Igreja de Pedra por ter sido construída em basalto típico da região. Dizem os moradores da localidade que os vitrais foram trazidos da Alemanha de navio.
Os alemães se dispersa-
ram pelo território e entre a população brasileira, marcando fortemente determinadas áreas e influenciando outras. Um traço visível desta expansão é a ampla rede de igrejas luteranas nas frentes de colonização, exemplificando, em parte, a vasta influência germânica no país. Em 1922, havia 375 paróquias das igrejas de Confissão Luterana do Brasil, das quais 237 (63%) se localizavam na região Sul, 64 no Sudeste (31 no ES), 29 no Norte, 26 no Centro-Oeste, 18 no Nordeste.
Muito além da salsicha, chucrute e joelho de porco, a Alemanha possui uma das gastronomias mais diversas e saborosas do mundo. E, é claro, os descendentes dos imigrantes alemães que chegaram ao RS tratam de preservar o que aprenderam com os antepassados e brindam com um menu variado nos melhores restaurantes do Estado.
Mas nem somente de clássicos germânicos vive a boa gastronomia. A contemporaneidade deu temperos novos sem perder a tradição germânica. Um exemplo é a proprietária da Vovi’s Biscoiteria, Nêmora Meincke. A habilidade na alquimia dos ingredientes
ela aprendeu em casa.
Nêmora conta que as férias na casa da avó Zita, em Cunha Porã, cidade do Oeste de Santa Catarina, tinham aroma de cuca saída do forno. Isso porque a avó,
que era dentista, recebia os netos com a mesa posta e sabores variados da iguaria. Filha do pastor luterano Silvio Meincke, era com a mãe, Dorli Bartz, que ela fazia biscoitos para distri-
buir aos mais próximos. E seguindo os passos da tataravó Ana Maria Jost, que aos 18 anos viajou sozinha da Alemanha para o Brasil, Nêmora, na mesma idade, fez o caminho inverso e, na
Em comemoração aos 200 anos de imigração alemã em conjunto aos 62 anos da CDL, apresentamos:
Plataforma de Capacitação e informação para Lojistas e colaboradores associados a CDL
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Alemanha, aprendeu mais técnicas culinárias.
De volta ao Brasil e, por último, a São Leopoldo, abriu a Vovi’s Biscoiteria contando com a participação da mãe, a Vovi que originou o nome do empreendimento. “Trago comigo esse senso de comunidade dos luteranos, do fazer junto e diferente, que é a inovação do povo alemão”, diz Nêmora.
No catálogo da confeitaria há uma forte pitada de contemporaneidade que convive lado a lado com a tradição. São pedaços das obras deixadas na região e no Brasil desde que os primeiros imigrantes desembarcaram em São Leopoldo há 200 anos.
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Como serão as cidades do futuro?
Rafael Gessinger
Professor, subsecretário de justiça da SJCDH-RS, presidente da Comissão Oficial do Bicentenário da Imigração Alemã
Eduardo Hahn
Arquiteto, diretor do Departamento de Memória e Patrimônio da SEDAC-RS
A cidade é o reflexo da sociedade que a constrói. Nela estão inscritas as suas características culturais, que a identifica dentro de um contexto histórico e a diferencia de outras sociedades existentes.
Quem passeia pelo centro antigo de Münster in Westfalen, na Alemanha, pode achar que a Promenade é uma ideia brilhante e original de algum urbanista renomado. Para quem não sabe, a Promenade de Münster é uma via asfaltada que circunda todo o centro antigo da cidade, ladeada por bonitas árvores e na qual só se pode andar a pé ou de bicicleta. Graças também a ela, Münster é uma das cidades mais agradáveis de se viver no mundo.
O que nem todos sabem é que a Promenade de Münster foi construída sobre as bases da antiga fortificação que protegia a cidade na Idade Média. Ou seja: não foi um conceito absolutamente novo a ser implementado, mas uma adaptação de uma infraestrutura que passou a servir a outros fins. O movimento do corpo humano é benéfico não somente para a dimensão física, mas também
para o espírito. “Das Wandern ist des Müllers Lust!”, a caminhada é a alegria do moleiro, diz a bela canção. Permitir e estimular que o ser humano se mova naturalmente no ambiente urbano é, portanto, uma estratégia inteligente em vários aspectos.
Ainda no estado de Nordrhein-Westfalen, encontramos às margens do Reno, praticamente aglomerados, uma enorme catedral gótica, uma complexa e movimentada estação de trem e de linhas de metrô, o Museu romano-germânico, o Museu Ludwig (arte contemporânea) e a Kölner Philarmonie, uma das mais importantes salas de concerto do mundo. Isso reflete a diversidade da vida humana. “Anima est quodammodo omnia”, ensinava Alberto Magno a seus alunos naquela mesma cidade, no século XIII. A alma humana é de certa maneira todas as coisas. E uma cidade deve
espelhar esse universo.
A cidade é o reflexo da sociedade que a constrói. Nela estão inscritas as suas características culturais, que a identifica dentro de um contexto histórico e a diferencia de outras sociedades existentes. Cada cidade, neste sentido, é como uma impressão digital da sociedade que a construiu, sendo única por conter os elementos de seu passado identitário integrados à diversidade dos elementos do presente, os quais esta mesma sociedade necessita para viver com qualidade.
A preservação destes elementos, integrando-os de forma harmônica à modernidade, é uma atitude de autoconhecimento e autoestima, resultado natural do fomento à educação baseada na integração da regionalidade com a conjuntura internacional. Precisamos, neste sentido, aprofundar o nosso conhecimento sobre nós mesmos, pois conforme
Aloísio Magalhães, “só se preserva aquilo que se ama, e só se ama aquilo que se conhece”.
As cidades alemãs, como Münster, apresentam de forma clara essa integração, tornando-se únicas no mundo e satisfazendo os seus moradores no que diz respeito ao alimento do corpo, através do acesso a tudo o que existe de mais adequado na vida contemporânea, e ao alimento da alma, através da preservação de seu passado remoto e de sua identidade cultural. Estas cidades são o exemplo da manifestação física do autoconhecimento social, que resultou na preservação dos valores associados à sua cultura regional. Münster não é apenas um bom espaço para se viver. É o resultado equilibrado de um processo de amadurecimento social.
Temos, desta forma, muito o que aprender com as cidades alemãs.
Turismo com ênfase na cultura germânica, natureza exuberante e diversidade de atrações fazem parte da Rota Romântica, um roteiro que cruza 14 municípios gaúchos com forte influência dos alemães e tradição em receber bem os visitantes. Neste ano, quando se comemora o bicentenário da imigração alemã, a entidade completou 28 anos de trabalhos ininterruptos voltados à preservação identitária de um povo e a divulgação institucional de uma região com grande vocação turística.
Com traços culturais germânicos, potencial turístico e municípios geograficamente interligados, a Rota Romântica atua no fortalecimento do turismo e do legado germâni-
co em rede. A associação teve seu início entre o final de 1994 e o começo de 1995, quando foram realizados os primeiros encontros entre os simpatizantes da ideia e representantes de alguns municípios da região.
Inicialmente, a proposta era formar uma rota com cidades de colonização, predominantemente alemã, e com tradição turística. Por isso, as cidades foram escolhidas tendo como ponto de partida São Leopoldo, local de chegada dos primeiros imigrantes há 200 anos.
O projeto tomou forma após a viagem de estudo e observação à “Romantische Strasse” (rua romântica, em tradução ao português), da Alemanha, quando uma de-
legação gaúcha foi conhecer “in loco” as circunstâncias, os meios, fatores e agentes produtores do turismo daquela região e colher subsídios para a implantação da rota no Estado. Assim, em 22 de abril de 1996, surgiu oficialmente a Associação dos Municípios da Rota Romântica, com a realização da primeira assembleia geral em Dois Irmãos.
Já em 2007 ocorreu a assinatura da parceria oficial entre as rotas alemã e gaúcha, o que já resultou em inúmeros intercâmbios culturais e econômicos entre os dois locais. Essa parceria tem como objetivo promover a integração, considerando-se a forte influência da colonização alemã no Estado e nos mu-
nicípios que formam a Rota Romântica gaúcha.
O trabalho da entidade sempre foi pautado na cultura e no turismo, e, desta forma, por diversas vezes já foi - e continua sendo - pauta na mídia tradicional e redes sociais. A Rota Romântica também se destaca pelas paisagens deslumbrantes, onde configura, principalmente, o caminho ladeado pelos plátanos - a árvore símbolo presente em todas as cidades, como uma sinalização natural do roteiro.
Além de paisagens naturais, as cidades da Rota Romântica preservam as tradições germânicas na sua arquitetura, gastronomia, nos usos e costumes, sendo esse o grande diferencial turístico da região. Em 2024, ao celebrar os 200 anos da imigração alemã no Brasil, a Rota Romântica se reafirma como um símbolo de integração e desenvolvimento.
Municípios que fazem parte da Rota Romântica
São Leopoldo, Novo Hamburgo, Estância Velha, Ivoti, Dois Irmãos, Morro Reuter, Santa Maria do Herval, Presidente Lucena, Linha Nova, Picada Café, Nova Petrópolis, Gramado, Canela e São Francisco de Paula, localizados no Vale dos Sinos e na Serra Gaúcha.
No próximo domingo, dia 28, a Rua Independência, em São Leopoldo, será o palco do Festival da Imigração Alemã, uma celebração vibrante dos 200 anos da querida cidade, com toda expertise da Interventura e do Majestic.
Das 10h às 20h, o trecho entre os bares Beerbier, Majestic, Pankecas, Sanlou, Shawarmadubaii e Guapo se transformará em um verdadeiro centro de cultura e diversão, homenageando o bicentenário da imigração alemã no Brasil.
O som do DJ Nico Cruz e a energia do Bloco do Céu, além de outras surpresas musicais, vão embalar o dia, animado também pelo espaço kids e a feira de economia criativa e gastronomia. Além disso, painéis expostos contarão a rica história da imigração e o desenvolvimento da cidade ao longo dos séculos.
Seguem até 15 de outubro as inscrições para o Startup Lab, programa do governo do Estado para fortalecer o ecossistema empreendedor. As participantes apresentarão soluções para oito desafios, propostos por seis empresas-âncora. As selecionadas participarão de rodadas de negócios com as proponentes. Na região, o programa é executado pela Universidade Feevale.
Com sede na cidade de Ivoti, o Grupo Dass produz mais de 35 milhões de pares e peças de vestuário das marcas próprias (Fila, Umbro, New Balance e Osklen) e private label por ano. E celebrou, recentemente, a certificação no nível Prata no programa Origem Sustentável, criado em parceria pelas entidades
setoriais Abicalçados e Assintecal.
Com 18 unidades no Ceará, Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, e duas na Argentina, o grupo Dass emprega, diretamente, mais de 26 mil pessoas e realiza diversas ações nas áreas ambiental, social e cultural.
Entre os destaques, na área
ambiental, está a reutilização do EVA utilizado na produção de solas, do poliéster usado na confecção e do papel utilizado nas áreas de serigrafia. Somente em 2023, retornaram para o ambiente produtivo mais de 470 toneladas de EVA e Borracha, 65 toneladas de poliéster e 6 toneladas de papéis pardos.
A Feira do Mel, Rosca e Nata, que se encerrou em 7 de julho, em Ivoti, foi mais uma edição de ótimos negócios para a Iagla Alimentos, sediada na acolhedora cidade das flores. O sócio-gerente da empresa, Luiz Paulo Raimundo (foto), relata que foi um excelente momento de vendas.
“Nossos parceiros Suco Prat’s e Porto Novo, especialmente, foram
verdadeiros sucessos, com aceitação total do público visitante”, disse. Somente em natas e cremes da marca Porto Novo, foram mais de 8 mil unidades comercializadas no evento.
Com uma trajetória que supera três décadas, a Iagla é referência em serviços de representação comercial e distribuição de alimentos no Rio Grande do Sul.
Camila Veiga
Jornalista
camilaveiga.imprensa@gmail.com
Instagram: @acamilaveiga
Os benefícios da utilização da Inteligência Artificial (IA) nos negócios vêm chamando a atenção de empresas de todos os segmentos e portes no mundo - e aqui na região não é diferente. Segundo o estudo Futuro do Trabalho, do Fórum Econômico Mundial, mais de 75% das empresas buscarão incorporar IA em seus negócios nos próximos anos.
O assunto foi tema de uma das palestras do INSPIRAMAIS, realizado pela Assintecal, nos dias 23 e 24 de julho, no Centro de Eventos da Faccat, em Taquara/RS. O ministrante Plinio Kieling Neto, Lead UX Design da Lighthouse Innovation & Technology, aponta que a Inteligência Artificial pode ser aplicada para prevenção de fraudes, melhoria da produtividade, redução de custos, campanhas de marketing, automação de tarefas repetitivas, otimização do atendimento e muito mais.
Para decolar as vendas!
A Merkator Feiras e Eventos recebeu com alegria a notícia de que o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, a partir do mês de outubro, terá 50 voos diários. Isto porque a promotora realiza em 18, 19 e 20 de novembro a Zero Grau – Feira de Calçados e Acessórios, em Gramado.
Cláudio Alves
Locutor e apresentador, comanda o programa
Estação Hamburgo
@claudioalveslocutor
Volto a compartilhar com vocês minha experiência na Alemanha, já que neste 25 de julho comemoramos o Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil. Entre os dias 15 e 29 ade agosto de 2023, tive o privilégio de participar de uma viagem técnica promovida pela Associação Rota Romântica. Visitamos os estados de Saarland, Renânia-Palatinado e Baviera.
Muitas das 22 cidades que
visitamos pertencem a Romantische Strasse, a Rota Romântica da Alemanha, que em maio do ano que vem completa 75 anos. O nome Rota Romântica expressa o que sentem os muitos visitantes nacionais e estrangeiros ao contemplarem as belezas das cidades medievais. Um exemplo vivo na minha memória é o castelo de sonho de Neuschwanstein, um universalmente famoso do lendário rei
bávaro Luís II, que é uma fascinação e um regresso aos tempos antigos.
A Rota Romântica nos proporcionou desde Würzburgo, uma cidade ao norte do estado da Baviera, uma riqueza da história, da arte e da cultura ocidental. No percurso das cidades que visitamos, a paisagem muda totalmente, nos deparamos com vales, rios, terra fértil, florestas, prados e montanhas. Lembro de Rothenburg, cidade do vale do Tauber, onde tivemos a experiência de caminhar por um jardim fantástico. Enfim, cada canto da Rota Romântica é um passeio que nos dá prazer, o Ries, o campo do Lech, o Pfaffenwinkel e os castelos reais. Essa é a viagem que vou levar para a vida, os lugares que passamos pela Rota Romântica foram muito mais que lindas paisagens e especialidades culinárias. A Rota Romântica nos colocou em uma sintonia da cultura e da hospitalidade, de vistas sempre novas em paisagens, de cidades com imponentes
e impressionantes construções, que mantiveram a sua aparência através dos séculos.
A viagem técnica idealizada pela Rota Romântica integrou atividades em comemoração ao Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil e teve por objetivo a busca de conhecimento na área do turismo, integrando o meio ambiente com foco na sustentabilidade e energias renováveis. Visitamos propriedades, empresas, indústrias e cidades preocupadas com essas pautas, que nos apresentaram diversos projetos na prática. Tivemos diversas agendas oficiais com prefeitos, vereadores e deputados do país.
Nossa comitiva foi composta por 23 pessoas, entre elas os deputados estaduais Elton Weber e Gustavo Victorino; prefeitos de Dois Irmãos, Jerri Adriani Meneghetti, de Linha Nova, Henrique Petry, e de São Francisco de Paula, Marcos André Aguzzoli; a prefeita de Santa Maria do Herval, Mara Susana Schaumloeffel Stoffel; o vice-
-prefeito de Picada Café, Marcos Afonso Mallmann, além de secretários municipais e representantes das secretarias de Turismo e associados da entidade. Somente na parte final da viagem visitamos a região da Baviera e a Romantische Strasse, que serviu de inspiração para a criação da Rota Romântica brasileira há 27 anos. Na Baviera, uma das regiões que mais recebem turistas na Alemanha, o foco foi a visita a diversos empreendimentos turísticos e áreas históricas.
Para finalizar a coluna, quero destacar a dinâmica realizada pelo Tiago Schmidt, presidente da Sicredi Pioneira, que esteve conosco nesta viagem. Foram 30 minutos de reflexão sobre o que vivenciamos e, o mais importante, formamos grupos entre nós que apresentaram trabalhos baseados nas informações obtidas nas diversas visitas técnicas, direcionando ações em diversos setores, principalmente aqueles diretos que estavam em pauta durante nossa viagem.
Na coluna de hoje, vou contar para vocês algumas aleatoriedades da nossa amada cultura alemã, ou pelo menos aleatoriedades da Alemanha. Bom, claro que existem muitas mais!
No Brasil também temos as nossas e acho sempre interessante quando nos engajamos nessa troca cultural.
Socken mit Sandalen
Era o meu primeiro verão na Alemanha, mais ou menos 30 Graus, e nos pés dos alemães estavam… sandálias e meias… Sim, eles usam meia com sandália. Até hoje eu tento entender qual o real motivo desse estilo, já considerei
ser porque eles não queiram sujar os seus pés e dessa forma, prevenir um banho (o que eu achei uma época ser só clichê, mas não, muitas não tomam banho todos os dias), porém continua sendo um mistério para mim.
Acontece de você estar andando na rua e encontrar uma caixa de papelão cheia de roupas, louças e até mesmo móveis com o seguinte escrito “Zum Ausschenken”, que nada mais é: “você pode pegar de graça”.
As pessoas acabam colocando na rua coisas das quais querem se desfazer e você pode simplesmente levar embora. Eu conheço pessoas que já mobiliaram seus quartos dessa forma.
Já é quase um estereótipo falarmos que alemães planejam tudo, que não há espaço para espontaneidade nessa cultura… e falando com um amigo meu, eu perguntei para ele “O que é uma coisa extremamente alemã?”. A resposta: Liegen besetzen/reservieren. Afinal, o que é isso?
Basicamente os alemães quando vão para a praia querem ter o seu lugar já garantido, então o método alemão encontrado é: acordar às 6h da manhã, pegar a sua toalha de praia, selecionar uma cadeira na beira e colocar sua toalha lá, como forma de garantir o seu lugar. E adivinha só, isso gera várias discussões legais (do tipo, isso é permitido? Quais são os meus direitos nessa situação?)… o que torna isso tudo ainda mais alemão.
25 de julho de 2024
Valorizamos cada história, cada vivência e cada legado deixado por nossos antepassados. O espírito de comunidade e a busca pela inovação são heranças que até hoje nos inspiram a continuar construindo um amanhã promissor.
Muito nos orgulha fazer parte dessa história!
Rodrigo Giacomet Radialista e Diretor da Rede União FM
A hora é de brindar!
A hora é de celebrar!
A caminhada chega ao fim, com a marca dos 200 anos da imigração alemã no Brasil! Hora de comemorar o 25 de julho, seja com chope, seja com chimarrão. Pode ser com um churrasco ou com uma cuca coberta de nata. Tanto faz se for no kerb ou no vaneirão. Gaúchos e alemães, todos juntos e misturados, mesclando tradições, hábitos e culturas de lá e de cá.
Mas, pensando bem, será que minha premissa que
começo esta crônica é verdadeira? A caminhada chega ao fim?
Essencial que começássemos a pensar em políticas de estado e não de governo, onde as estratégias mirassem no longo prazo, independente de quem estivesser no poder. A Alemanha pode nos inspirar quando observamos seus trens e suas estradas. Seu sistema de aprendizado. Suas apostas tecnológicas e sua visão de meio ambiente. Sim, não resta dúvida de que a Alemanha não é um
paraíso, longe de querer vender essa imagem a você, leitor. Basta lembrar que uma das maiores chagas da humanidade teve berço na Alemanha e que ainda hoje gera vergonha entre seu povo.
Mas há muito que aprender: burrice não enxergar isso. Costumo dizer que em países desenvolvidos como a Alemanha, a maioria das coisas dão certo e algumas dão errado, enquanto que em países em desenvolvimento a proporção se inverte, com
algumas coisas dando certo e a maioria dando errado.
Triste realidade, porém verdadeira.
Então, os 200 anos deveriam servir para olharmos nos próximos 20 anos de nosso Estado, com investimentos na infraestrutura, na tecnologia e na educação. Como consequência desses investimentos, a saúde e a segurança evoluiriam naturalmente. Afinal uma pessoa educada se cuida mais e procura menos a violência.
Sim, sou ingênuo ao
acreditar que uma política de estado prescinde que um político do partido A, ao suceder o político do partido B, mantenha determinadas diretrizes, por indicar um caminho idealizado pela maioria do povo. Minha ingenuidade esquece que acontece exatamente o contrário: quem vence, muda tudo, afinal, os tempos são de oito ou oitenta, de amar ou odiar, sendo impossível pedir composições: isso é ser “muraldino”. Que visão pequena, me perdoem os que assim pensam. Assim, fico na torcida para que o 25 de julho de 2024 possa mostrar um início de uma nova caminhada, da mesma forma que o 25 de julho de 1824. Era impossível aventurar-se em matas inóspitas e construir metrópoles como as que vivemos hoje e, não resta dúvida, que o impossível ficou para trás, com o passar dos anos. Cabe a este colunista provocar aos leitores de O Vale (outro desafio que entre dez questionados, nove certamente diriam... “duvido que chegue até 25 de julho de 2024”..., não é, caríssimo Rodrigão?) para que construamos um novo amanhã.
Pensar no médio e longo prazo, o principal legado que esperaria da data dos 200 anos da Imigração Alemã. E viva o chopp; viva o chimarrão!