O Vale - Edição #17

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JOÃO ÁVILA

Apoio do PDT ao MDB ainda não é definitivo em Campo Bom Página 04

JEISON RODRIGUES

Casa Di celebra os dois anos de fundação com série de novidades

Página 15

Distribuição gratuita

CAMILA VEIGA

Câmara BrasilAlemanha mantém rodada de negócios

Página 16

RODRIGO GIACOMET

O frio está aí… O velho e bom Minuano é implacável

Página 23

MARCO AURÉLIO COPETTI

UM CARA FORA DA CURVA

Leonardo Lessa, Robinson Oscar Klein, Rodrigo Steffen, Jeison Rodrigues e Éder Kurz entrevistam o gerente regional do Sebrae-RS, Marco Aurélio Copetti, em uma conversa franca e direta sobre temas como o empreendedorismo, a inovação, a economia da periferia, o papel das entidades e muito mais!

Páginas 06 a 14

CIDADES DO FUTURO

O papel das empresas nas cidades do futuro

Vinícius Bondan afirma que é preciso reforçar a cultura ESG

Página 17

Cidades na Alemanha realizam festas de “kerb”

Direto da Alemanha: Trier está cheia de programações culturais

Página 22

MARINA KLEIN

04 - João Ávila

Apoio do PDT ao MDB não pode ser dada como definitiva em Campo Bom

06 a 14 - Especial

Entrevista com Marco Aurélio

Copetti: “Transformar a visão das pessoas é a base para o desenvolvimento”

15 - Jeison Rodrigues

Casa Di celebra os dois anos de fundação com série de novidades

16 - Camila Veiga

Câmara Brasil-Alemanha avalia cenários e mantém rodada de negócios

17 - Cidades do Futuro

O papel das empresas nas cidades do futuro

18 a 20 - Giro pelo Vale

Estância agora faz parte da Rede Brasileira Cidade das Crianças

E ainda:

- São Leopoldo recebe a 1ª Conferência Internacional das Favelas

- “Baita de um parque e uma cancha mais do que oficial”, diz laçador

22 - Marina Klein

Altstadtfest!, a “festa da cidade histórica”

23 - Memórias

Cem anos de história do Grupo Krause

23 - Rodrigo Giacomet O frio está aí...

Uma conversa repleta de ensinamentos com Copetti

A edição do Jornal O Vale desta semana traz uma entrevista franca, direta e profunda com o gerente da Regional Sinos, Caí e Paranhana do Sebrae-RS, Marco Aurélio Copetti. Realizada no fim de abril, poucos dias antes da catástrofe climática que atingiu o Estado, o conteúdo estava pronto para ser impresso, porém, devido à tragédia histórica que deixou mortos e cidades destruídas, a publicação foi adiada. Publicada nesta edição, agora com o acréscimo de uma pergunta relativa à catástrofe, a entrevista é a primeira de uma série que será realizada pelo O

Vale. O diferencial é que, além de jornalistas da Vale TV, personalidades locais assumem o papel de entrevistadores. Nesta edição, participam Leonardo Lessa, da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-NH), e Robinson Oscar Klein, da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI) de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos. A ideia é permitir reflexões amplas a partir de percepções que especialistas de determinadas áreas podem oferecer a partir das experiências.

A entrevista com Copetti abordou temas como empreendedorismo, inovação, a forma

como as entidades da região precisam avançar e perceber movimentos independentes, o papel do Sebrae na sociedade. Contudo, mais do que tratar assuntos importantes, a entrevista revelou o lado humano de Copetti. Realizada nos estúdios da Vale TV, em Novo Hamburgo - o vídeo você pode assistir no canal Vale TV Play no YouTube -, foi, também, um bate-papo descontraído e emocionante, especialmente quando Copetti contou sobre seus desafios pessoais. Está imperdível! Leia, também, a opinião e análise do time de colunistas de O Vale. Boa leitura!

A foto de capa desta edição evidencia o rosto de uma personalidade da região. Há mais de 20 anos no Sebrae-RS, Marco Aurélio Copetti dá uma aula sobre o mundo do trabalho e como encarar com sabedoria os complexos desafios da vida.

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Faça o apostilamento no Tabelionato de Notas ou de onde estiver pelo site www.e-notariado.org.br.

Publisher: Rodrigo Steffen

Coordenação editorial:

Jeison Rodrigues

Editor-chefe: Éder Kurz

Supervisora de circulação: Ana Kich

Supervisão comercial: Alexandre Schöler

Reportagem: Éder Kurz

Projeto gráfico e diagramação: Antônio Corrêa

Redes sociais e mídias

digitais: Kátia Caxambu

Vídeos: Gustavo dos Santos

Tiragem: 5 mil exemplares

Impressão: Araucária

Indústria e Editora

O Jornal O Vale faz parte do projeto O Vale, da Vale TV e Portal Valedosinos.org, com 40 edições entre 26 de outubro de 2023 e 03 de janeiro de 2025, integrando as comemorações pelo

Bicentenário da Imigração Alemã

Novo Hamburgo: Rua Santa Sofia, 134 - Bairro Ideal

São Leopoldo: Rua 1º de Março, 50 - Centro contato@valetvplay.com

Comercial: (51) 92003-7012

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FOTO DA CAPA
Foto:
Sebrae-RS/Divulgação

ESPAÇO DO ÁVILA

Aliança para não deixar dúvidas

Em Estância Velha, o prefeito Diego Francisco (PSDB) caminha a passos largos para a manutenção da chapa vencedora do pleito de 2020. Obviamente, tudo ainda depende das convenções para a devida oficialização.

Entretanto, Airton Haag (PP) deve ser mantido na condição de vice no Executivo estanciense. Além dos tucanos e progressistas, o PDT também deve confirmar a manutenção no bloco governista para as eleições e há conversas para atrair partidos de centro-direita, como o PL e MDB.

Kiko Hoff e sua marca em Portão

Pré-candidato à reeleição em Portão, o prefeito Kiko Hoff (PDT) faz questão de salientar duas características de sua gestão: cuidar da coisa pública como se fosse uma empresa - por isso tem somente quatro secretários que acumulam 12 pastas, em nome da economia - e trabalhar pensando no mais pobre, em quem precisa do serviço público.

Kiko comemora, ainda, o fato de o orçamento do Município ter dobrado em seus quatro anos à frente da Prefeitura, muito reflexo das mais de 700 empresas criadas ou transferidas para Portão.

Apoio do PDT ao MDB não pode ser dado como definitivo em Campo Bom

O apoio do MDB, por meio da ala Giovani Feltes, garantiu a Luciano Orsi duas eleições, em 2016 e 2020.

Mesmo que na primeira vitória do pedetista o MDB tivesse candidato, a voz de Feltes apoiou Orsi. Na reeleição, o MDB indicou o vice. Com o compromisso de, em 2024, o PDT apoiar chapa com emedebistas na cabeça, com o PP de vice. Só que não.

Nos bastidores, Feltes, o pré-candidato, teria vetado o nome da vereadora Genifer Engers, secretária de Obras

até a data que o calendário eleitoral permitia. Prefere a médica Suzana Ambros, ex-PT, mas o PDT está irredutível. Tanto que, no fim de semana que passou, anunciou a pré-candidatura de Genifer. Em nome da continuidade da gestão Orsi. Por isso, é mais provável que a o acordo inicial, com MDB na cabeça e PP de vice, seja mantido. Só que sem o apoio do PDT.

O principal adversário do emedebista será do também ex-prefeito Faisal Karam, ex-MDB, PSDB, Podemos e,

Tarcísio com Thoen e Finck

Na reinauguração da sede do PDT de Novo Hamburgo, o pré-candidato a prefeito Tarcísio Zimmermann reuniu amigos de vários segmentos. O ex-vereador Gilson Thoen foi lhe presentear com um quadro com a foto do eterno pedetista Leonel Brizola. Quem também foi dar um abraço afetuoso em Tarcísio foi Carlos Finck, ex-PTB, um de seus aliados quando esteve à frente do Executivo, de 2009 a 2012.

Jornalista

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Pesquisa do PSDB saindo do forno

Até o fim de semana, o PSDB de Novo Hamburgo recebe o resultado de pesquisa eleitoral feita pelo Instituto Amostra. Em análise, o que o cidadão pensa da atual gestão e a intenção de voto para prefeito.

Chama a atenção que tem disco sem o nome do pré-candidato Delegado Zucco (Republicanos). Talvez uma certeza de que o parlamentar realmente não concorra a prefeito hamburguense.

Sessão especial da Câmara na Scheffel

agora, no Republicanos. O seu vice, se nada mudar, será Alex Dias. Uma chapa com a cara e o apoio da direita conservadora, mesmo que a raiz de Faisal seja o MDB. Ah, outra opção em Campo Bom é o PCdoB, que virá com o vereador Victor Souza na condição de candidato. O vice, no campo da esquerda, será do PT ou PSB. Para finalizar: pesquisa recente contratada por um dos partidos, diz que o jogo não está jogado. Sinal de que muitas emoções virão até outubro.

Câmara de Novo Hamburgo fez sessão especial em homenagem ao bicentenário da imigração alemã na Fundação Scheffel. Todos os 14 vereadores compareceram.

Partidos não formam novas lideranças

Insisto em dizer que os partidos políticos não estão preocupados em construir novas lideranças. Em São Leopoldo, o PT disputará a sucessão de Ary Vanazzi com Nelson Spolaor, ex-prefeito de Sapiranga; em Novo Hamburgo, o MDB de Fatima Daudt terá na disputa Tânia da Silva, em que pese ser hamburguense de nascimento, construiu sua carreira em Dois Irmãos, onde foi vereadora e prefeita. Ah, Vanazzi já teve quatro mandatos e Fátima está concluindo o segundo.

João Ávila

“Transformar a visão das pessoas é a base para o desenvolvimento”

Leonardo Lessa, Robinson Klein, Rodrigo Steffen, Éder Kurz e Jeison

Rodrigues entrevistam o gerente regional do Sebrae-RS, Marco Aurélio Copetti, sobre temas como empreendedorismo, economia da periferia e papel das entidades

Um homem de visão avançada para seu tempo, generoso, humilde, aberto ao diálogo e às transformações que as novas tecnologias impõem à sociedade. A frase pode soar altruísta, um aglomerado de clichês. Engana-se. É a vida de Marco Aurélio Copetti, gerente da Regional Sinos, Caí e Paranhana do Sebrae-RS há mais de 20 anos. “Eu sempre tive como propósito de vida ajudar as pessoas”, afirmou Copetti logo na primeira resposta durante uma longa e profunda entrevista nos estúdios da Vale TV, em Novo Hamburgo.

Copetti foi o primeiro convidado para as entrevistas especiais de O Vale. Nelas, além do time de jornalistas da empresa, personalidades locais também assumem o papel de entrevistadores. A ideia é permitir reflexões mais amplas a partir de percepções que especialistas de determinadas áreas podem oferecer a par-

tir da sua experiência. Para entrevistar Copetti, foram convidados os presidentes de duas das mais representativas entidades locais: Leonardo Lessa, da Câmara de Dirigentes Lojistas de Novo Hamburgo (CDL-NH), e Robinson Oscar Klein, da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI) de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos.

O time de entrevistadores incluiu ainda os jornalistas Rodrigo Steffen, diretor da Vale TV, Éder Kurz, editor do jornal O Vale e do portal valedosinos.org, e Jeison Rodrigues, coordenador editorial de O Vale o co-fundador do Fórum de Empreendedores Locais (FEL). Durante quase 1h30, Copetti sorriu e ficou sério quando necessário, defendeu convicções sempre deixando claro que não é o dono da verdade. “Eu tenho a máxima de que a humildade é o último degrau para

chegar na sabedoria. Sem humildade a gente não vai a lugar nenhum.”

Foi uma entrevista franca, direta, tratando de forma muito objetiva de temas como empreendedorismo, inovação, negócios, a forma como as entidades da região precisam avançar e perceber movimentos independentes, o papel do Sebrae na sociedade, o desenvolvimento da economia na periferia, a vocação calçadista e outros temas que permeiam as discussões sobre o futuro da região. Mas foi também uma entrevista emocionante, especialmente quando Copetti contou sobre seus desafios pessoais - ele tem apenas 30% da visão e problemas auditivos.

Confira tudo isso nas páginas que se seguem e que formam uma aula de Copetti sobre os desafios do mundo do trabalho na atualidade e, sobretudo, de como encarar com sabedoria os complexos desafios da vida.

Jeison Rodrigues - Como o Sebrae entrou na sua vida ou como você entrou na vida do Sebrae? Como se deu essa conjunção que traz tantos resultados para a comunidade?

Marco Copetti - Primeiro, queria agradecer honradamente por estar aqui nessa cadeira. Para mim é uma experiência inusitada ter essa relevância do meu nome, do meu trabalho, colocado à disposição para esse tipo de diálogo. O Sebrae entrou na minha vida em 2002, eu já trabalhava como consultor terceirizado. Eu tinha paixão pela causa do empreendedorismo, pequeno negócio, transformação, impactos importantes na vida das pessoas. Isso sempre foi um elo de motivação muito forte na minha carreira. Eu sempre tive como propósito de vida, não só o trabalho, mas, fundamentalmente, ajudar as pessoas. Eu enxerguei no Sebrae essa possibilidade de realmente me dedicar a mudar

e transformar a vida das pessoas, a realmente colaborar numa das causas mais importantes na vida profissional ou na dinâmica econômica de qualquer território: o empreendedorismo. E enxergando desse modo, como consultor do Sebrae, vislumbrei ali uma possibilidade, participei de um processo seletivo e comecei a trabalhar. Primeiro como analista territorial, onde viajava para o interior fazendo um trabalho de disseminação da cultura empreendedora junto com prefeituras e parceiros. Mas não durou quatro meses e logo fui chamado para assumir o desafio de estar aqui, na região do Vale do Sinos, onde eu já morava. E a partir daí, então, entrei nessa casa. Passaram-se muito rápido esses 22 anos, né? Um piscar de olhos. Eu sempre fui muito apaixonado pela causa. Entendo que a paixão por aquilo que a gente faz é um motivador essencial na vida de cada um. Cada um tem a sua missão,

cada um sabe, deveria saber ou deve buscar saber, aquilo que é importante no seu processo de conjugação de vida, de propósito de vida, de missão de vida. Para mim é isso. Trabalho no Sebrae porque eu gosto, amo e espero continuar por mais um tempo me dedicando para essa causa.

Éder Kurz - Nesse período em que está no Vale do Sinos, o senhor acompanhou a transformação do empreendedor. Quais são os maiores desafios que se tem pela frente?

Copetti - Nós temos uma matriz muito diversificada de segmentação econômica, embora nós tenhamos vocações. Eu costumo dizer que as vocações, acredito muito nisso, as vocações são pilares que fundamentam a economia de uma região. Sempre temos que olhar para a vocação. Ela não está estabelecida eternamente, ela vem e vai segundo os movimentos da própria sustentação eco-

nômica daquele segmento.

E por essas interfaces todas que nós temos é de vocações, de oportunidades, de necessidades, a gente sempre encontrou um desafio muito grande de entender que o Vale dos Sinos é uma região extremamente profícua, uma região importante para o RS, importante para o País, e a gente sempre lutou para posicionar ela de uma forma de protagonista.

O nosso desafio sempre foi maior exatamente em mexer com a cultura empresarial, trabalhar com formação de liderança, com conexões entre setores ou dentro do mesmo setor. Fortalecer, esse um grande desafio, os gaps de produtividade, de competitividade dentro das próprias cadeias produtivas. Esse tem sido um desafio permanente e recorrente nas nossas vidas. Porque a gente não transforma uma economia do dia pra noite, é complexo. E no Vale dos Sinos as nossas vocações estavam,

Eu sempre tive como propósito de vida, não só o trabalho, mas, fundamentalmente, ajudar as pessoas.
Uma das minhas metas como missão. Eu enxerguei no Sebrae essa possibilidade.

e de certa forma ainda bem menos permanecem, com certos processos ritualísticos de uma cultura muito conservadora. Para enfrentar isso, o Sebrae sempre teve que colocar muita energia. A indústria calçadista não pode, não deve, não é a mesma indústria que estava aqui nos anos 1990, não será a mesma indústria daqui a cinco anos. Para ser vocação precisa estar permanentemente um processo de transformação e, esse processo de transformação, se acelerou e as nossas cadeias produtivas não conseguiram

acompanhar. Nós temos vocações bastante estruturadas no Vale do Sinos. Acontece que essas vocações precisam ser reinventadas permanentemente.

Rodrigo Steffen - Copetti, não dá para a gente culpar quem vivia lá nos anos 1960, 1970 e 1980 pela monocultura, que era avassalador o poder do dinheiro naquele momento, como aconteceu com o calçado no Vale. Agora, o nosso desafio é pensar numa matriz mais diversificada, que negócios são

esses que vão substituir com qualidade? Que matrizes serão essas para um futuro cheio de pontos de interrogação?

Copetti - Eu penso que os dois movimentos precisam acontecer. Nós precisamos fortalecer nossas vocações, é um processo de transformação. Entendo que o calçado é uma vocação do Vale do Sinos, do Paranhana, que está estabelecida. Nós temos inteligência, cultura, formação de mão de obra, bons empreendedores, uma técnica evoluída, porque abrir mão disso? As pessoas con-

tinuarão nascendo com dois pés, né? O mercado existe, o mercado está aí. O que nós temos que fazer é transformar esse processo de forma acelerada, trazer essa indústria em linha com aquilo que de mais competitivo existe no mercado. E aí passa por mudanças de cultura, passa fundamentalmente por tecnologia e inovação, obviamente, que são pilares fundamentais para a transformação de qualquer voca-

ção. E, além disso, também temos iniciativas importantes que estão surgindo, que nós precisamos potencializar e ter um olhar especial. O próprio setor de tecnologia, as startups que estão nascendo aqui precisam ter uma cultura de diversificação e de potencialização. Precisa ter uma cultura de olhar também as vocações para investir em vocação, investir em movimentos diferenciados na economia. Saú-

Nós temos vocações bastante estruturadas no Vale do Sinos. Acontece que essas vocações precisam ser reinventadas

permanentemente.

de é um pequeno cluster que está nascendo no Vale com uma velocidade absurda e, sim, será sem dúvida alguma, pelas nossas pesquisas, pelo nosso olhar, um setor que vai concentrar um volume de PIB interessantíssimo na região. E trazendo o quê? Trazendo fundamentalmente tecnologia, inovação, reinvenção dos seus processos, recriação dos modelos que temos hoje e, nessa esteira, vem a indústria cosmética, indústria de próteses e uma série de outras indústrias de nanotecnologias que estão vindo para aportar tecnologia e conhecimento em cima dessa cadeia. Eu acho que fortalecer as vocações e gerar uma reconversão produtiva são movimentos estratégicos fundamentais em qualquer região. Para isso, então, tem que ter inteligência, atração, uma série de pensamentos estratégicos que partem desde fortalecer

a mão de obra qualificada a processos de legislação melhores.

Robinson Klein - Maravilhoso escutar isso, Copetti. Eu acho que quando a gente consegue ter como profissão a nossa paixão é tudo de bom. A gente está conectado há 22 anos. Eu lembro de alguns projetos, vários treinamentos que eu fiz no Sebrae, aprendi muito com todas as oportunidades que eu tive lá. E obviamente que sempre o calçado esteve no meio e a gente falava do calçado do futuro, que tem muito para crescer ainda. Então, não só pensar em indústria do futuro, mas o que é o calçado do futuro?

Se a gente olhar de forma macro, o calçado é a vestimenta que está mais incorporada, que é mais integrada ao nosso corpo e, enfim, tem várias for-

mas aí de agregar tecnologia, medicamentos. Então, para esse momento, dentro dessa trajetória desses 22 anos, de reunir os melhores empresários, reunir empreendedorismo, motivar o empreendedorismo, qual é o aprendizado que tu tens?

Copetti - Robinson, é uma pergunta bem interessante, porque quando a gente mexe com movimentos empresariais, a gente está mexendo com pessoas, a gente está mexendo com lideranças. Eu tenho manifestado de forma bastante recorrente, que todo dia de manhã quando eu acordo fico pensando quais serão os desafios que eu vou ter naquele dia. Porque é como se eu acordasse de manhã e fosse meu primeiro dia de trabalho. Como se o Sebrae tivesse assinado a minha carteira de trabalho ontem, porque a gente está sempre

aprendendo, todo dia a gente aprende. Essa é uma condição que é indispensável para um profissional que está aqui, na minha condição, de vocês como líderes também, aprendendo no dia a dia. Aprender a entender, por exemplo, as idiossincrasias que permeiam muitos grupos de lideranças, que são diferentes. Nós vamos trabalhar em um movimento que, particularmente, a gente vem investindo muito que é o Pacto Calçadista, um movimento interessante que está fora das estruturas das entidades empresariais, fora dos movimentos organizacionais. Mas é um movimento da sociedade civil organizada a partir da manifestação de lideranças. E isso é arejar o relacionamento social, econômico, político e social da vida das pessoas. Então, aprender com esse movimento é como se a gente estivesse a cada dia se surpreendendo com novas perspectivas, novos olhares, com a transformação do mindset permanente. Cada vez que eu vou numa reunião de lideranças na região do Caí é completamente diferente

conversar com um grupo de produtores rurais. Com um grupo de empresários do setor metal mecânico é um outro mundo. Essas pessoas são por si só ambíguas, convergentes, divergentes, complexas para conviver, e esse nível de complexidade, pra gente entender, ele não cria um processo de julgamento de pré condição de relacionamento. É desafiador. Eu trabalho com grupos mais diversos possíveis.

Nós estamos trabalhando agora em inclusão econômica. Trabalhar com grupos de formadores de liderança na periferia tem sido uma experiência fantástica. Então, pra te responder objetivamente, a minha experiência é diária, é rica, e muitas vezes construo propósito de entendimento e desconstruo tudo no outro dia, porque entendi que aquela construção não está suficientemente estruturada, balizada em fundamentos. A minha função é contribuir, sou um indutor de transformação. Acredito muito que a gente tem que entrar entendendo o nosso papel. Qual é o meu papel naquele grupo, que eu posso contribuir, o que eu

Aprendo todo dia a lidar com as pessoas, entendendo seus conceitos de vida, perspectivas, desejos e, enfim, em que nível estão colocando aquela energia, naquele grupo ou muitas vezes em determinado tipo de ação e de iniciativa.

posso aprender? Eu tenho uma máxima de que a humildade é o último degrau para chegar na sabedoria. Sem humildade a gente não vai a lugar nenhum. Então, esse é o meu propósito de vida, ser humilde, entender, ouvir, respeitar e procurar contribuir com as minhas opiniões, com os meus propósitos e, principalmente, com a organização a qual eu trabalho.

Leonardo Lessa - Escutando sobre vocações, impacto calçadista, me alivia um pouco o coração. Eu seria um futuro calçadista provavelmente, cheguei a estudar para desenho de calçado. A minha geração foi ceifada nesse entusiasmo com o calçado, visto o que vinha acontecendo economicamente. Sou fã

do Sebrae desde então, nesta época mesmo acabei conhecendo o Sebrae, fiz o Empretec e isso nos ajuda a diversificar o que nós temos hoje no nosso modelo, principalmente na entidade que eu represento hoje, o CDL. Então, minha pergunta: em um cenário econômico difícil que se apresenta, o que nossas entidades podem fazer juntos pelo desenvolvimento local?

Copetti - Acredito muito que esse seja o futuro [comércio local]. Alguns pesquisadores já manifestam, munidos do ponto de vista acadêmico por enquanto, mas já se fala muito na desglobalização e, ainda, valorização das aldeias. Eu acredito que a experimentação da globalização nos trouxe experiências irrefutáveis,

que transformaram o pensamento, as economias e o mundo de uma certa forma. Mas precisamos entender também que a globalização nos trouxe um certo nível de padronização que comprometeu dramaticamente algumas manifestações culturais, de vocações, em territórios que eram pujantes em experiências, em dinâmicas econômicas, e que tiveram que se submeter a um processo externo de intervenção econômica. A globalização vai continuar, é o processo que veio para ficar. Acho que, principalmente depois da pandemia, quando se deu conta que a logística internacional tem problemas estruturais, não conjunturais. E que realmente não dá pra confiar sempre de que o navio que sai da China com insumos vai chegar na sema-

na que vem aqui no Brasil. Então, essa transformação da logística internacional acendeu uma luz amarela para muitas organizações, que se deram conta que é importante trazer para perto alguns processos que deem segurança, legitimidade, para suas marcas. Acredito muito que nós estamos vivendo agora, não um reposicionamento da globalização, mas o olhar mais específico para o território. Uma experiência nossa - depois eu já vou chegar na tua resposta, Leo -, por exemplo, é a quantidade de demanda que o Sebrae vem recebendo para desenvolver fornecedores para grandes indústrias locais. Isso está acontecendo muito. Estamos com vários projetos em andamento porque as indústrias locais entenderam que “ok, vou continuar trazendo parte dos insumos da China, mas eu preciso desenvolver o fornecedor do local”. Eu preciso ativar a economia local, eu preciso trazer o nível de produtividade, de competitividade local para que eu consiga transformar as empresas na minha volta. Uma organização tem que olhar o entorno, o que que eu contribuo de fato para poder desenvolver esse território? É o que as grandes organizações estão pensando, e nós aqui também. Então, nessa premissa, eu acredito que as entidades empresariais têm um papel

fundamental nessa dinâmica, entender que a manifestação das necessidades das nossas empresas locais, sim, têm um impacto econômico global, mas têm também impacto local. As entidades empresariais têm essa oportunidade de realmente estarem se reinventando, assim como o Sebrae e todos nós, a universidade, o poder público. Se reinventar para poder acolher essas manifestações e criar efetivamente esse campo dinâmico de oportunidades, para que as empresas, os negócios possam ser gerados por si próprio e se auto gerirem em uma manifestação econômica inteligente, interessante. Isso ajuda todos os eixos que permeiam uma sociedade civil, ajuda a formação de educação, ajuda na mão de obra qualificada, ajuda principalmente no compromisso e no engajamento que as entidades têm que ter com seus associados, com seus filiados. Eu sei que tu sabes do que eu estou falando, que tu é uma liderança emergente forte aqui na cidade, a gente reconhece muito já o teu trabalho, de ter esse olhar. Eu sei que é um clichê, mas não custa falar: tudo que a gente fez até aqui não vai ser suficiente para levar daqui para frente. O que a gente vai ter daqui para frente é muito diferente e a gente tem que estar pronto para esse desafio.

Robinson Klein - Copetti, eu vou pegar essa bola de inovação. Eu concordo que o mundo entendeu que não dá para ficar dependente de um de um único fornecedor, de um único país ou continente, que esse ciclo de negócios, de economia, tecnológicos, eles criam essa dependência. E quando se fala aqui do varejo, da indústria calçadista, eu entendo que todos esses movimentos vão ter momentos altos, momentos baixos, assim como acontece com as tecnologias que mudam todo dia. Então, falando de inovação, quais os movimentos de inovação que o Sebrae tem trabalhado? Copetti - Essa agenda de inovação vem permeando nossas estratégias há muitos anos. Inovação é um processo contínuo que a gente vem reinventando até o próprio termo, o significado da palavra inovação. O que era inovação talvez a 10 anos atrás, hoje como conceito fundamental já não é mais. Inovação tem essa característica de ser efêmera no seu significado, ela permanentemente precisa ser reciclada, ser revista, e nós tentamos fazer um esforço enorme nesse sentido. As ações que a gente investiu naquilo que se considerava inovação há cinco anos não são as mesmas que a gente investe hoje. Mas a

Esse é o meu propósito de vida, ser humilde, entender, ouvir, respeitar e procurar contribuir com as minhas opiniões, com os meus propósitos e, principalmente, com a organização a qual eu trabalho.

gente tem um papel de indução da inovação em todos os setores pelos quais os Sebrae trabalha, que são praticamente todos os setores relevantes da em nossa economia. Então, a gente investe muito nesse conceito desde o cabeleireiro, o MEI, até a grande indústria de transformação. A inovação é transversal em todas as cadeias e precisa caminhar junto. Onde uma cadeia fica para trás, a degradação do processo competitivo se acelera. Falaste em varejo, né? Eu sempre costumo dizer que a inovação do varejo vem do consumidor, porque

é o consumidor que está se transformando de forma tão rápida e tão acelerada, que muitas vezes o varejo não consegue acompanhar. Eu posso profetizar para você sem nenhum medo de errar que nós temos hoje, em Novo Hamburgo, lojas abertas para nenhum tipo de consumidor, que ficaram para trás. Tem lojas com fachada de 15 anos atrás. Então, peguei esse exemplo pra mostrar como a inovação é permeada dentro de vários setores. Nós estamos com cinco gerações que consomem hoje, pela primeira vez na história. Então, olha

Celebração de 20 anos na entidade teve até bolo
Copetti e Sebrae-RS: “casamento” de mais de duas décadas
Foto:
Sebrae-RS/Divulgação

Momento família: Copetti com os filhos e neto

o nível de complexidade que isso dá para uma empreendedora entender essas gerações e todos os seus significados de um processo de inteligência de consumo. Da mesma forma as outras cadeias produtivas. O Sebrae tem olhado a inovação dentro do pequeno negócio, do micronegócio, do MEI, até a grande indústria, como isso reflete o papel da inserção econômica dentro desses movimentos. Ativando o acesso a novas tecnologias, ativando ecossistemas, trabalhando ecossistemas de governança dentro do Estado do RS. Nós temos hoje uma profusão de uns 30

ecossistemas nos quais o Sebrae trabalha dentro das mais diversas regiões, ativando, trazendo informação, consciência, organizando essas governanças para que realmente tenham propósito, perspectiva de se conectar com esses mais diversos setores. Nós conversamos isso até, né, Robinson, a pouco tempo atrás, sobre a necessidade da gente trazer esse olhar para esse movimento das startups que estão nascendo no Vale do Sinos, para se conectar com as vocações, com as iniciativas e oportunidades que tem aqui, pra gente usar essa capacidade de inteligência tecnológica dessa geração nova que chega agora com uma visão diferente em termos de tecnologia e inovação. Trazer isso e irrigar muitas vezes o conservadorismo das velhas cadeias produtivas que não conseguiram se renovar. Esse é um trabalho que o Sebrae faz com muita pertinência. É um desafio gigante que não tem uma resposta simples, uma resposta pronta.

Rodrigo Steffen - Tem algo que a gente está falando sem tratar verticalmente e que eu quero provocar o Copetti. O modelo tradicional não nos leva ao erro. Aliás, ele macula o erro. O que a gente pode fazer de forma saudável, Copetti, quando o erro é necessário na inovação, quando a gente tem que ter desprendimento, não

Eu acredito muito nessas novas gerações e que o empreendedorismo no Brasil, sim, com o passar dos anos, em curto prazo, teremos uma face muito diferente dos negócios no país.

focando no erro, mas no acerto, mas de que possa dar errado. Dentro dos nossos negócios, cada um dos segmentos que a gente está falando, como dá pra gente se desprender um pouco mais de ter que acertar sempre?

Robinson Klein - Dá licença, Rodrigo, vamos aproveitar e botar mais pimenta nessa pergunta. A gente escuta dizer que o maior risco de empreender é não assumir riscos. É um pouco disso?

Copetti - Vocês me dão a oportunidade para começar a dar alguns passos para trás e a gente entender a causa e efeito disso tudo. Nós temos que partir da lógica de que o empreendedorismo no Brasil sempre foi e continua sendo um empreendedorismo por necessidade. Então nós temos um perfil de empreendedores que agora está mudando, mas ao longo dos últimos 100 anos todo o movimento empreendedor no Brasil foi por necessidade, por imposição, por falta de oportunidade. A única oportunidade que o cidadão tinha quando perdia o emprego era pegar o fundo de garantia [FGTS), vender o carrinho, pegar dinheiro emprestado com a sogra e investir numa aventura empreendedora. Ele nunca conseguiu gerar competência suficiente para ser um empreendedor. Muitas vezes não tem nenhum tipo de vocação para ser empreendedor. Ele aprendeu e se desenvolveu, ele cresceu exatamente no erro, no errar e acertar. A cultura do erro vem daí, da falta de experiência, de consciência empreendedora, da falta de geração de competência, de

vocação empreendedora, da falta de uma perspectiva de compreender o empreendedorismo não como uma aventura, mas como um método de geração, de crescimento profissional e de investimento em negócios. E essa cultura está se transformando de forma muito rápida no Brasil, mas ainda temos hoje mais de 80% dos empreendedores que vieram dessa natureza, vieram ter que empreender por necessidade. O empreendedor no Brasil não tem caixa, ele não tem recurso financeiro de investimento estocado. Então, cada erro que comete é o pouco recurso que tem que ele perde. Só que errar faz parte do negócio, o que não faz parte do bom negócio é errar e não aprender com erro, e continuar errando. Isso não faz parte da cartilha da sustentação do negócio. Agora o experimentalismo, a ousadia é um insumo fundamental para o crescimento do empreendedorismo, não só aqui mas em qualquer lugar do mundo. (...) Todo dia surgem novos modelos de negócios surpreendentes, não só na área das startups, não! Esses dias estava conversando com uma senhora, ela me disse que estava desempregada, não tinha o que fazer, a única coisa que eu tinha em casa de bem que sobrou era uma máquina de lavar. Aí eu tive uma ideia: eu comecei a bater na porta dos cabeleireiros, pedindo as toalhas, eu lavo e entrego prontas. Prestação de serviço. Então, olha estou dando uma ideia que eu ouvi. E ela hoje atende mais ou menos uns 15 cabeleireiros, já comprou uma máquina industrial e está trabalhando, ganhando dinheiro. (...) Eu acredito muito nessas novas

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gerações e que o empreendedorismo no Brasil, sim, com o passar dos anos, em curto prazo, teremos uma face muito diferente dos negócio no país.

Jeison Rodrigues - Queria voltar um pouco no papel das entidades na economia local. O Lessa tomou posse formalmente há poucos dias, mas desde o início de janeiro responde pela CDL. Ele é um cara novo, diferente na medida em que, além de empresário, também é literalmente um artista plástico, tem uma visão de mundo diferente de muitas pessoas da comunidade. Ao mesmo tempo, o Robinson, um cara que trabalha de forma pioneira o tema da inovação, chega à presidência da ACI. Como que a gente aproveita essas circunstâncias de ter o Lessa e o Robinson, duas pessoas diferentes comandando as duas principais entidades empresariais da cidade?

Copetti - Primeiro é motivá-los para que permaneçam lá e que gerem o seu conhecimento, que tragam essa experiência deles para dentro dessas entidades. Mas eu quero fazer a seguinte reflexão, vou ser muito franco: o que vem acontecendo? Vem acontecendo manifestações estruturais, movimentos importantes dentro da sociedade civil organizada, organizando movimentos empresariais autônomos fora das entidades. Muitos procuram o Sebrae para poder ajudá-los a avançar naquele movimento. Aquele movimento é orgânico, não tem necessidade e não querem o CNPJ, não querem ser uma associação, não querem ser uma entida-

de, eles só querem ajuda. Por que essas manifestações vêm acontecendo? Muitas vezes porque as entidades não estão conseguindo dar resposta para a sociedade civil organizada daquilo que eles precisam, da necessidade deles. Então, pra te responder, primeiro que esse movimento já está acontecendo dentro das entidades. É por isso que o Robinson está aqui, por isso que o Lessa está aqui. Se não tivesse esse movimento não estaria sendo arejado do ponto de vista que está. As entidades estão compreendendo que os desafios que eles vinham enfrentando mudaram de forma tão significativa, que a modelagem dos líderes precisa ser outra. A resposta que as entidades estão dando é trazer essas lideranças mais disruptivas, com o entendimento mais alinhado com o que tem de contemporâneo dentro da sociedade, para poder entender e levar aos nossos empreendedores ofertas que estejam alinhadas com as suas demandas reais. O empresário hoje não está mais disposto a pagar uma mensalidade se ele não tiver benefício. As pessoas estão revisando todos os seus custos, seus propósitos, seu olhar de vida profissional, suas necessidades, desafios que a cada manhã são diferentes. O que eu ofereço para o meu associado de fato que vai transformar a vida dele, o que eu ofereço para o meu associado que vai permitir que ele continue sendo uma empresa rentável e competitiva no mercado. Essa é a resposta que nós temos que oferecer aos nossos associados. Nós, Sebrae, perguntamos todo dia: “Cara, o que nós estamos oferecendo?” A gente olha os nossos produtos, nossos serviços. Nós desconstruimos

Nós vivemos num mundo da descartabilidade, efêmero, de transformações rápidas. Essa geração nova quer trabalhar para um propósito de vida diferente do meu, por exemplo.

mais ou menos, de um ano para cá, mais de 70 soluções e mais de uma centena de movimento que nós estamos fazendo. Por quê? Porque não fazia mais sentido. Então, respondendo: as entidades já estão se movendo e temos que aproveitar eles, a gestão deles, pra gente poder realmente oferecer todas as condições para que eles possam levar conhecimento e perspectiva disruptiva na transformação das entidades.

Éder Kurz - Os jovens estão entrando no mercado de trabalho e queria que você deixasse um conselho: esse jovem tem que buscar um bom salário ou a realização pessoal?

Copetti - Nós temos que pensar que temos várias gerações dentro do mercado de trabalho que pensam, agem, tem princípios e propósitos muito diferentes. A minha geração, por exemplo, o meu pai sempre me dizia: “Não suja a tua carteira de trabalho saindo de um emprego para o outro”. Então, a gente tinha que morrer no mesmo emprego. Todos pensam de forma diferente, com conceito diferente de vida, de propósito e de missão. E essa mudança está sendo muito rápida. Essa geração nova que está chegando vem com um modelo de pensamento completamente diferente daquilo

que é a minha geração. Hoje nós vivemos num mundo da descartabilidade, num mundo efêmero, das transformações de forma extremamente rápidas. Essa geração nova quer trabalhar para um propósito de vida diferente do meu, por exemplo. Eles querem que o trabalho deles faça algum sentido para a vida deles, e esse sentido tem que ser realmente de uma transformação, de perspectiva de maturidade, de conhecimento e até de qualidade de vida. São dois movimentos que a gente precisa olhar: primeiro procurar entender essa geração. Porque assim, as pessoas falam “não, o pessoal não quer trabalhar”. Não! Não é que não quer, eles querem. Mas querem trabalhar naquilo que faz sentido para eles. O que nós temos que entender é o que faz sentido para eles e que tipo de trabalho podem emprestar o seu conhecimento, a sua dedicação, e realmente ser relevante como dentro do mercado. É um desafio para as organizações. Por outro lado, a gente tem que entender que nós temos estruturas organizacionais que ainda permeiam o mercado e que exige um certo regramento, uma certa linearidade de conhecimento, de posicionamento profissional, algumas regras, produtividade e ainda não está suficientemente pronto para

poder desconstruir uma estrutura hierárquica. Essa geração também não tem mais uma vocação para respeitar a hierarquia. A gente vê que certas organizações avançaram muito para atender isso e hoje já estão no movimento de retroceder um pouco, porque se perderam na “vida louca”. É muito disruptivo, muito transformador.

Jeison Rodrigues - Você fez referência aos movimentos de periferia que são assistidos pelo Sebrae. Queria tu falasse um pouco sobre o suporte e a parceria que o Sebrae construiu com os movimentos de periferia.

Copetti - A grande experiência que a gente teve na pandemia foi exatamente isso, não entender que nós vivemos uma economia de microeconomia. Essa microeconomia está muito alicerçada em cima da periferia. Na periferia as pessoas sobrevivem de uma forma muito diferente. O Sebrae, e aqui, com muita humildade, trago para vocês, não tinha nenhuma experiência em periferia. Tanto que a marca Sebrae, em pesquisas que a gente fez, era identificada como uma marca de elite, uma marca que não tinha representatividade para a periferia. A gente fez um movimento intenso de en-

tender aquilo que até nós chamamos de novas economias. Entender esse meandro de relacionamento interdisciplinar entre manifestações econômicas da periferia que sustentam essa malha toda. Lá é muito diferente. Primeiro porque a grande maioria é informal. Eu estava conversando com uma moça e ela disse: “Olha, eu estava desempregada e comecei a cuidar do filho da vizinha pra ela poder trabalhar, porque a creche municipal tem horário, tem até 6 horas, o pessoal chegava 6h30, não conseguia sair antes da creche. Eu comecei a cuidar do vizinho do outro. Hoje, na minha casa, eu fiz uma mini creche”. Tudo informal. Não tem saúde pública que vai lá verificar, não tem nada. É assim que funcionam as coisas. A pessoa perdeu o emprego e está fazendo pão para vender na esquina. Esses movimentos a gente tem que entender que são legítimos, porque permitem que a pessoa sobreviva. Nós estamos num momento de aprendizado.

Rodrigo Steffen - Copetti, você falou em mudança permanente de mindset, e a gente sabe o quanto isso vem afligindo pessoas de uma forma preocupante, inclusive para essa questão de saúde pública. Como o Marco Aurélio Copetti, pai de dois filhos, que tem suas aflições, inquietudes, como é que você lida com as tuas aflições?

Copetti - Primeiro ter um bom psiquiatra (risos). Mas olha só: a minha vida é de uma permanente mudança de mindset. Como vocês todos sabem, eu sou portador de deficiência visual, tenho baixa visão, apenas 30%, e sou portador de deficiência auditiva também, por conta da degeneração das células auditivas. Então, busco tecnologia permanentemente, e me desafiar permanentemente. Para estar aqui não é muito fácil, viver na minha condição por si só, na minha estrutura física, já é um desafio gigantesco. [Estou] Me preparando e buscando tecnologias, alternativas e, prin-

Eu não sei o que vai acontecer com o meu futuro se a tecnologia não chegar a tempo. Provavelmente eu perca a visão. Eu tenho que estar pronto para isso. Esse é um desafio absurdo.

cipalmente, me preparando para o futuro, que eu não sei o que vai acontecer com o meu futuro se a tecnologia não chegar a tempo. Provavelmente eu perca a visão. Eu tenho que estar pronto para isso. Esse é um desafio absurdo. Eu penso sempre, todo dia quando acordo, quando vou trabalhar, na minha vida pessoal também, é que para estar, ser uma pessoa na minha condição, a gente tem que ajudar a transformar a cabeça das pessoas. Porque transformar a visão das pessoas é a base fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, mais íntegra, mais inclusiva. É ali que está o problema. É a transformação da cultura,

da capacidade que as pessoas não estão conseguindo hoje evoluir suficientemente para poder entender o mundo que estamos vivendo. Eu penso que isso é uma missão minha. Não que eu seja dono da razão. Eu cometo erros crassos todo dia. Graças a Deus eu tenho muitos anjos da guarda que estão permanentemente me ajudando a trilhar um caminho melhor, me dando feedbacks, me orientando, me ajudando e me permitindo compreender a relação humana. Não é fácil, um caminho fluido, já foi de muito sofrimento. Hoje, pela maturidade, eu lido com muita leveza, com tranquilidade. Mas todo dia eu tenho que pensar em me reconstruir. O grande problema são as crenças limitantes, são princípios cristalizados que a gente não se permite revisar. Nós precisamos revisar nossos princípios, nossas crenças, olhar o mundo novo que está chegando e que vai continuar em permanente modificação. Sou é budista de formação, então a impermanência é um princípio básico da minha vida. Tudo é impermanente, nada é permanente. Acredito no futuro, que a vida nos oferece condições inequívocas de uma transformação rápida.

O Vale - Como o senhor analisa toda essa tragédia

natural e como reconstruir o RS?

Copetti - Eu gostaria de trazer primeiramente o aspecto de sinalizações que já vinham ocorrendo pelo menos nos últimos 10 anos. Todos nós sabemos que o clima do planeta, principalmente aqui no RS, vem mudando dramaticamente. Já poderíamos esperar que uma tragédia como essa iria acontecer mais cedo ou mais tarde. O segundo aspecto é o humano: a tragédia nos trouxe um sentimento profundo de impotência, um sentimento profundo de perplexidade, um sentimento profundo de impacto brutal nas nossas vidas. Logo depois veio aquele sentimento de humanização, de se sentirmos úteis para nós mesmos em primeiro lugar e depois para o outro. Então foi uma grande oportunidade de realmente arregaçar as mangas e trabalharmos olhando para o próximo, ajudando o outro, dando um sentido maior para uma para uma concepção social diferente, uma sociedade mais justa, integrada, acolhedora. Agora vem a reconstrução e queria trabalhar em duas perspectivas: a primeira é pública e a segunda é privada. A questão pública me parece que foi necessariamente uma das grandes res-

Marco Copetti e a esposa Maritânia Zwirtes Copetti

ponsáveis por toda essa calamidade. Não temos como esconder isso. Realmente a falência das estratégias públicas e dos olhares de política pública para a proteção, para a prevenção de catástrofes como essa falharam de forma trágica, para não dizer outra palavra. Sem dúvida alguma temos que aceitar, concordar e enfrentar isso. Parafraseando uma frase do filósofo contemporâneo pós-modernista Zygmunt Bauman: ele disse que toda sociedade que perde a capacidade ou que nega a capacidade de fazer autocrítica sobre os seus principais desafios, principais complexidades, principais tragédias sociais, é uma sociedade que não tem futuro, é uma sociedade que não saberá enfrentar minimamente a construção de um futuro inclusivo social e economicamente. Me parece que é o que estamos vivendo. Não estamos conseguindo fazer autocrítica necessária, principalmente o setor público de tudo que aconteceu. Pensando no futuro, nós precisamos ter po-

líticas públicas efetivamente assertivas na reconstrução de uma sociedade impactada violentamente por tudo que aconteceu. Políticas públicas e inclusivas, que ofereçam realmente perspectivas de uma de uma reconstrução sadia, equilibrada, e que atenda todas as necessidades prementes nesse momento, inclusive o estado anímico que se abateu sobre o RS. As estruturas públicas ainda estão extremamente burocratizadas, as atitudes públicas ainda estão de costas para os anseios da sociedade. A estrutura pública olha somente recursos, tentando buscar recursos a nível federal, mas mantendo toda a sua burocracia estagnada, arcaica, retrógrada, para poder escoar esses recursos que não serão muito bem administrados. Então, o setor público precisa se reinventar. Enquanto isso ele se volta de costas, os aparelhos públicos estão todos narcotizados por um processo de letargia, de falta de compromisso ou mesmo de uma zona de conforto instalada, de uma crença instalada de

que o setor público não precisa dar resposta para a sociedade. Temos aí agências de INSS fechadas, Trensurb só com com 20 minutos para cada partida, uma informação de que somente no final do ano as principais estações serão reabertas, falta de objetividade, de senso de urgência, de pragmatismo para acolher as dores da sociedade. Então são políticas públicas diferentes, de senso de urgência, de objetividade, de pragmatismo e de cuidado com o dinheiro público, de chegar realmente para aqueles que precisam. E isso nós temos que reinventar

todo o aparelho do Estado. Em segundo lugar, penso que nós precisamos gerar novas lideranças privadas no RS. Precisamos que o empreendedorismo venha a se fortalecer. Nós carecemos de novas lideranças no RS e precisamos estabelecer nas regiões estruturas de governança fortes, que sejam inclusive ancoradouros dos recursos públicos para poder investir onde realmente precisa. Estruturas de governança, modelos de associativismo, cooperativismo, voltado com o setor público, universidades, sociedade civil organizada, entidades

e lideranças privadas que fortaleçam o ecossistema local e criem estratégias para realmente pensar o reordenamento econômico de cada região. Então, esse discernimento de organização social, econômica, é que falta no RS. Ter essas estruturas muito rapidamente organizadas e não depender do recurso público, mas se organizar para receber o recurso público, investir ou mesmo gerar recursos e fomentar o crescimento econômico. Então, me parece que essa seria uma perspectiva que tenho de uma visão de reconstrução do Estado.

A versão em vídeo da entrevista com Marco Aurélio Copetti, com trechos exclusivos, está disponível no canal da Vale TV no YouTube. Utilize o QR Code abaixo para acessar!

Jeison Rodrigues

Jornalista

jeisonrodrigues1977@gmail.com

Twitter: @jeisonmanoel Insta: @jeisonrodrigues1977

A agenda internacional da WT.AG

Dois executivos da WT.AG estão de volta à sede em Novo Hamburgo depois de compromissos internacionais. O CEO da agência, Lucas Feltes, participou pela segunda vez do Cannes Lions, mais importante premiação da publicidade mundial. Já Dudu Rodrigues, sócio e diretor criativo, realizou a direção criativa do Photocall, em Bogotá, na Colômbia.

Esta foi a primeira campanha dirigida pela agência fora do Brasil.

A ação integrou a programação do Showroom do Brazilian Footwear.

Movimento

Coral no

Teatro Feevale

O projeto de extensão Movimento Coral Feevale apresentará neste sábado, dia 6, às 20 horas, no Teatro Feevale, a segunda edição do Concerto Hygge.

Os ingressos devem ser acessados no site ou na bilheteria e já estão sendo distribuídos, gratuitamente, no limite de dois por pessoa. Cada participante deverá entregar um quilo de alimento não perecível no dia do concerto.

As doações arrecadadas durante o espetáculo deste final de semana serão destinadas ao Banco de Alimentos – Região do Calçado, organização referência na região em ações de combate à fome.

Casa Di celebra os dois anos de fundação com série de novidades

Os dois anos da Casa Di, comandada pelo versátil empresário Dilamar Pauletti, estão sendo comemorados em grande estilo e com uma série de novidades. Como o reposicionamento de marca, fortalecendo o slogan Viva Seu Lar. Outra ação

importante é o lançamento do site www.casadi.com.br, reunindo o extenso catálogo de estofados, poltronas, camas, colchões e salas de jantar. Recentemente, a própria loja foi o cenário de uma concorrida festa para celebrar as conquistas. Antes da fundação da Casa Di,

Dilamar atuou por 25 anos no mercado de móveis. ‘‘A gente está muito feliz, com um sentimento de gratidão por tudo aquilo que a gente já fez, mas queremos dar voos maiores’’, destaca Dilamar, que fundou a Casa Di junto com o sócio, Gustavo Nascimento.

Que tal um vidrinho do Mandinho Solidário?

A família Mandinho não para! Além da abertura do cachorro-quente, o mais novo braço da marca é o @mandinhosolidário. A primeira ação é a venda, por 20 reais, do simpático vidrinho aí da foto ao lado, muito útil pra tudo: desde fazer uma caipira a guardar insumos.

O dinheiro arrecadado será revertido para duas pessoas. A meta é vender 600 vidrinhos. Quem quiser ajudar pode entrar em contato pelo (51) 98051-9601.

Camila Veiga amplia área de atuação

A competente colega Camila Veiga, também colunista de O Vale, está completando cinco anos de aniversário de sua agência de gerenciamento de redes sociais e assessoria de imprensa para marcas e profissionais. E ao completar meia década, a empresa entra em nova fase, com reposicionamento do negócio. Agora, o foco também se volta ao treinamento para produção de conteúdos, serviço que será lançado em breve. Aliás, o site www. camilaveiga.com.br foi repaginado para anunciar os detalhes do novo projeto ainda em julho.

Dois speakers no Boracast desta quinta

O episódio 04 da primeira temporada do Boracast vai ao nesta quinta, dia 2, a partir das 18 horas, com a participação de dois speakers do Fórum de Empreendedores Locais: Faby Hoff, diretora de Estratégia e Mercado da H.MARIA Joias Contemporâneas, e Samuel Führ, CEO da Estação Sapatão. O programa é transmitido pelo Youtube. O FEL, inicialmente previsto para o dia 25 de junho, foi adiado em função da catástrofe climática e ficou para 29 de novembro, no Swan Novo Hamburgo.

Homenagens à Valderez

A marca Valderez, que mantém Centros de Formação de Condutores (CFC) em Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sapiranga e Nova Hartz, comemora seus 55 anos. Fundada pela empresária Valderez Schmitz, também possui a corretora de seguros Valderez Soluções 360 e despachantes em diversas cidades da região metropolitana. Nos três nichos de negócios, são gerados mais de 200 empregos diretos nos sete municípios, cerca de 100 destes em Novo Hamburgo.

Em homenagens recentes, a inovação e a determinação da empresária foram destacadas. Uma mulher à frente de seu tempo, Valderez Terezinha Schmitz, que continua como conselheira dos negócios, abriu seu escritório de despachante em 26 de maio de 1969, mesmo ano no qual, meses mais tarde, seu marido

Geneci Martins Leal iniciou as aulas de direção.

Nosso couro na Ásia

Tailândia e Vietnã são os próximos destinos do couro brasileiro na Ásia, em missões comerciais e feira de negócios nos primeiros dias de julho, com apoio do CICB e ApexBrasil. Somente para o Vietnã, as importações cresceram 23,6% em 2023 sobre 2022.

Câmara Brasil-Alemanha avalia cenários e mantém rodada de negócios

Os impactos das enchentes recaem também nas comemorações do Bicentenário da Imigração Alemã. Em depoimento à coluna, o diretorexecutivo da Câmara Brasil-

Alemanha no Rio Grande do Sul (AHKRS), Dietmar Sukop (foto), avalia que muitas festividades planejadas serão canceladas, ou vão ocorrer em formato diferente do previsto.

Muitos dos associados da entidade foram afetados direta ou indiretamente, e estão na fase de reconstrução das próprias empresas e no auxílio da reconstrução das vidas de seus colaboradores.

Mas a AHKRS segue firme nas iniciativas. “Está confirmada a vinda da delegação alemã do Estado de Rheinland-Pfalz, para os dias 24 a 26 de julho, com 14 empresários que buscam parcerias com empresas gaúchas”, antecipa. A rodada de negócios ocorre de forma presencial e gratuita em Porto Alegre e os interessados em participar podem contatar no e-mail larissa. behling@ahkrs.com.br.

E esta é a missão da Câmara: atrair investimentos para a região sob sua influência, ampliar o comércio bilateral, incentivar a cooperação entre países do Mercosul e a União Europeia e fortalecer os negócios de seus associados.

Sicredi é destaque em ranking do BNDES

O Sicredi conquistou posições de destaque no ranking dos agentes financeiros parceiros com melhor desempenho no ano de 2023, divulgado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A instituição financeira cooperativa com mais de 8 milhões de associados foi reconhecida em seis das 10 categorias: 1º lugar

em “Clientes Apoiados pelo BNDES” e “Valor Operado Geral”, 2º lugar em “BNDES Crédito Rural” e 3º lugar em “Canal MPME (Micro, Pequenas e Médias Empresas)”, “FGI/PEAC (Programa Emergencial de Acesso a Crédito com garantia do Fundo Garantidor para Investimentos)” e “Atendimento ao Cliente”. Na categoria “Valor

Camila Veiga

Jornalista

camilaveiga.imprensa@gmail.com

Instagram: @acamilaveiga

Momento do Empreendedor

Uma projeção dos impactos econômicos que São Leopoldo enfrentará a partir da tragédia climática que atingiu 80% do município será apresentada em 18 de julho, durante o Momento do Empreendedor, reuniãoalmoço realizada pela ACIST-SL com participação da Câmara Brasil-Alemanha.

A apresentação dos dados será feita pelo economista Marcos Lélis, coordenador do Grupo de Pesquisa Competitividade e Economia Internacional da Unisinos e professor do Programa de PósGraduação (PPG) em Economia da Instituição.

O evento acontecerá na sede social da ACIST-SL, das 11h30 às 13h30, e tem um investimento de R$ 60,00 para associados e de R$ 80,00 para demais interessados. Informações pelo fone (51) 3037-6065 ou e-mail eventos@acistsl. com.br.

Voz à cultura local

Operado Geral”, foi premiada como o agente financeiro com o maior volume de recursos operado com linhas e produtos de repasse do BNDES. Até maio deste ano, o saldo da carteira de crédito do Sicredi com recursos do BNDES contabilizou R$ 23,9 bilhões distribuídos em mais de 186 mil operações, sendo mais de 131 mil apoiando a agricultura familiar.

Sob o comando da jornalista cultural Lidiani Lehnen, está no ar o Podcast do Drops, projeto lançado como um presente para comemorar os cinco anos do site www.dropsdocotidiano. com.br, com raízes em Taquara. No formato de bate-papo, artistas, ativistas culturais e profissionais do segmento terão voz para falar sobre o seu trabalho e o que realizam.

Como serão as cidades do futuro?

Vinícius Bondan

Diretor-executivo da Bondan Advogados, tem grande experiência em estruturação societária e patrimonial e gestão de empresas com ênfase em governança corporativa e compliance. Graduado em Direito pela UFSM e MBA em gestão empresarial pela FGV.

Boas práticas como a busca por alternativas sustentáveis e a redução de emissão de poluentes, por exemplo, voltam ao centro das discussões de qualquer empresa conectada e preocupada com a construção de cidades melhores.

CIDADES

O papel das empresas nas cidades do futuro

As discussões sobre como idealizar as cidades do futuro devem obrigatoriamente incluir o papel das empresas nesse cenário. Afinal, elas cumprem função extremamente relevante em qualquer estratégia de desenvolvimento, seja no âmbito local ou em espectro maior. Por isso, ao olhar para frente, creio que um dos pontos fundamentais seja reforçar a cultura ESG nas corporações, das pequenas às grandes, reforçando essa importante agenda.

O tema da sustentabilidade ambiental e social e das boas práticas de governança obviamente não é novo. Já se vão 20 anos desde a primeira vez que o termo ESG foi utilizado em um relató-

rio da Organização das Nações Unidas (ONU). Mas, apesar dos avanços e da disseminação dessa cultura nos ambientes acadêmico e corporativo, os desafios de futuro, no nosso caso escancarados ainda mais pela recente catástrofe climática, se tornam muito urgentes. Por conta dessas questões, as boas práticas ambientais e sociais nas empresas talvez, em meio ao caos, encontrem uma oportunidade de expansão. A recente corrente de solidariedade envolvendo diversas empresas, empreendedores e entidades, aliás, é um exemplo concreto de posicionamento em causas e projetos sociais e de atuação em comunidade.

As questões ambientais também ganharam novo relevo a partir das duras lições das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul. Por isso, boas práticas como a busca por alternativas sustentáveis e a redução de emissão de poluentes, por exemplo, voltam ao centro das discussões de qualquer empresa conectada e preocupada com a construção de cidades melhores.

Neste contexto todo, aliás, a adoção do compliance, também merece ser estimulado. Uma empresa com muito mais segurança, transparência e conformidade aos padrões éticos e legais está muito mais próxima de aplicar os conceitos de ESG.

O debate neste sentido pode inclusive ser estimulado por entidades representativas do empresariado e por organizações como o Sebrae, focado no fortalecimento das pequenas e médias empresas. Portanto, ao olhar para o futuro de nossas cidades e projetar um ambiente mais moderno e sustentável, devemos necessariamente entender que este é um desafio que deve considerar a atuação das empresas. O que inclusive reforça a necessidade de políticas públicas que contemplem estímulos para que as organizações empresariais se voltem ainda mais para as boas práticas ambientais, sociais e de governança.

Estância agora faz parte da Rede Brasileira Cidade das Crianças

Estância Velha - A Prefeitura assinou nesta segunda-feira (1º) o termo de adesão à Rede Brasileira Cidade das Crianças. O ato foi realizado na Prefeitura de Jundiaí, no interior de São Paulo. O prefeito Diego Francisco compareceu a cerimônia, junto da coordenadora pedagógica da Secretaria de Educação e Cultura, Jaqueline Hansen. Agora, o município faz parte agora de uma rede de 17 cidades que levam um selo especial, que celebra o compromisso da Administração em prol de políticas públicas que aproximem as crianças da cidade e valorizem o olhar da primeira infância. “Estamos muito felizes com esse novo passo em direção a uma cidade mais segura e igualitária, onde as crianças possam brincar na rua sem qualquer tipo de

restrição. Uma cidade que é boa para as crianças, é boa para todos nós”, descreve o prefeito.

Nos últimos anos, a Prefeitura de Estância Velha vem valorizando cada vez mais o olhar das crianças dentro da administração pública. Além disso, melhorou os índices de vagas nas escolas e diminuiu a mortalidade infantil, em um trabalho integrado entre as secretarias. O trabalho culminou no recente reconhecimento da Fundação Abrinq, concedendo o título de Prefeito Amigo da Criança.

Para Jaqueline Hansen, essa nova integração vai se somar a todos os esforços feitos até aqui. “A adesão à Rede Brasileira Cidade das Crianças nos auxiliará a pensar ainda mais na participação infantil nas políticas

Grupo Intersetorial de Trabalho

O Grupo de Trabalho

Criança na Cidade é formado por um representante de cada secretaria, liderado

pela coordenadora pedagógica Jaqueline Hansen, e tem a responsabilidade de planejar e executar ações

Portão realiza feirão de empregos

Portão - A Prefeitura, por meio da Casa da Cidadania, divulga o Grande Feirão de Empregos que ocorrerá na sexta-feira (5), das 9h às 12h, no Centro de Eventos Antônio Dias.

A ação da Casa da Cidadania conta com a parceria da FGTAS/Sine e pretende disponibilizar para a co-

munidade de Portão mais de 10 empresas realizando entrevistas e encaminhamentos a vagas de trabalho formal, confecção de currículos, inscrição para cursos profissionalizantes (Senai/ Senac), orientações sobre Documentações Civis e Carteira de Trabalho e outros serviços.

Prefeitura de Ivoti oferece

terapias integrativas

públicas pela Primeira Infância de Estância Velha, dialogando e trocando saberes e práticas que já são consolidadas em outras cidades que já participam deste movimento”, avalia.

Criança na Cidade

A Prefeitura criou o Grupo de Trabalho Criança na Cidade, organizado por meio da Secretaria de Educação e Cultura. A ferramenta colabora na construção de políticas públicas que proporcionem vivências e experiências às crianças, e que no futuro vão refletir em todos os aspectos nas suas vidas.

Atualmente, existe o Comitê de Escuta das Crianças, lançado em março, que conta com a participação direta das crianças e se reúne uma vez por mês.

intersetoriais de conscientização sobre a importância da atenção integral à Primeira Infância.

Ivoti - Práticas integrativas e complementares em saúde, com reiki, barra de access, meditação e acupuntura, são oferecidos pela Prefeitura de Ivoti desde o começo desta semana. O agendamento pode ser feito pela central de marcações da Saúde, por meio do WhatsApp: (51) 98608-1557, de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h.

A Acupuntura é feita nas UBSs Jardim Panorâmico, Concórdia e Centro. En-

quanto o Reiki, a Barra de Access e a Meditação ocorrem nas UBSs Jardim Panorâmico e Concórdia. Conforme o Ministério da Saúde, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde são abordagens terapêuticas que têm como objetivo prevenir agravos à saúde, a promoção e recuperação da saúde, enfatizando a escuta acolhedora, a construção de laços terapêuticos e a conexão entre ser humano, meio ambiente e sociedade.

Abertas inscrições para vagas em creches

Campo Bom - A Secretaria Municipal de Educação e Cultura abriu nesta quarta-feira (3) as inscrições a vagas remanescentes para matrículas de crianças integrantes da modalidade creche (níveis 1, 2, 3 e 4 na Educação Infantil nas escolas públicas municipais).

A inscrição deve ser efetuada no site matriculas. smec.campobom.rs.gov.br, onde também consta o edi-

tal que estabelece as diretrizes.

A Secretaria de Educação observa que a inscrição não é garantia de vaga. As crianças serão chamadas conforme os critérios estabelecidos, respeitando a capacidade de atendimento das turmas de cada instituição escolar.

O prazo para inscrições se encerra na sexta-feira (5), às 23h59.

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São Leopoldo é uma das sedes da 1ª

Conferência Internacional

São Leopoldo - Uma iniciativa da Central Única das Favelas (Cufa) Brasil reunirá em São Leopoldo, neste fim de semana, moradores de periferias dos grandes centros urbanos pelo mundo. A 1ª Conferência Internacional das Favelas – com apoio da Frente Nacional Antirracista e Unesco – tem como intuito a discussão de soluções para as desigualdades sociais, sustentabilidade, direitos humanos, desafios das periferias. Também será oportunidade de promoção a inclusão e para troca de experiências valiosas ao desenvolvimento das comunidades pobres. “Serão mais de 3.000 favelas no Brasil e de mais 41 países”, diz o coordenador a Cufa São Leopoldo, Pablo Dalavera.

A cidade do Vale do Sinos é uma das sedes do evento, que será divido em quatro eixos. Cada um terá seu responsável na condução da atividade. Quanto à cidade sede, Dalavera assinala que não foi escolhido São Leopoldo, “foi

escolhido as periferias e comunidades de extremidade do Brasil”.

A participação no sábado é livre à comunidade. Será apenas exigida inscrição com apresentação de documento no acesso, inclusive com liberação de imagens devido ao vínculo com a Unesco.

A Cufa RS foi uma das en-

HSA-0010-24_ValeTVAnuncio_23,9x8,9cm.pdf 1 10/04/2024 09:37:19

tidades não governamentais fundamentais no resgaste de flagelados nas inundações, papel continuado no abrigo e no retorno do pós-enchente. Durante sua atuação a Central recebeu o reforço da montadora de automóveis Volvo Cars, que entregou nove veículos de sua frota executiva para fortalecer o

das Favelas

trabalho da Cufa. Os carros foram essenciais para melhorar a logística de voluntários, cestas básicas e outros itens de auxilio as famílias.

Eixos de discussões

1 - Redução das desigualdades;

2 - Sustentabilidade

3 - Direitos humanos, raça e

gênero;

4 - Desafios globais enfrentados pelas favelas e periferias.

Serviço

Data: sábado, dia 6/07

Horário: 9h30min

Local: Estrada do Quilombo, 1.015, bairro Feitoria, São Leopoldo

Fotos:

“Baita de um parque e uma cancha mais do que oficial”, diz laçador

Dois Irmãos - Construído em uma área de terras com oito hectares do município, no Loteamento Picada 48, o Centro Municipal de Eventos Tradicionalista é um sonho que se tornou realidade para os tradicionalistas amantes da campeira.

Um deles é um dos fundadores do Piquete Morada Gaudéria, Fabiano Boufleur,

que foi o laçador do primeiro tiro de laço na cancha. Fabiano, que já recebeu o Mérito Farroupilha da Câmara de Vereadores de Dois Irmãos, disse que o local é um sonho antigo dos tradicionalistas do município e que o parque ficou ótimo. “É um baita de um parque e uma cancha mais do que oficial”, disse feliz Fabiano, montado no seu

cavalo.

O prefeito, Jerri Meneghetti, e o vice-prefeito, Juarez Stein, foram conferir o treino e conversar com os tradicionalistas. “Este espaço é a coroação do trabalho que os tradicionalistas fizeram ao longo da história do movimento em Dois Irmãos e a realização de uma demanda histórica que temos certe-

za que vai se tornar muito conhecido, com grandes eventos e vai se tornar uma referência no tradicionalismo do Rio Grande do Sul”, disse o prefeito, que também agradeceu o apoio dos tradicionalistas que, desde a elaboração do projeto até no andamento na obra, contribuíram com dicas e informações.

Já o vice-prefeito, Juarez Stein, lembrou o investimento na pavimentação da Estrada Picada 48 e a construção de uma ponte, obras importantes e planejadas também em razão do Centro de Eventos e da ligação estratégica com Ivoti. “A localização do Centro de Eventos Tradicionalistas ficou muito boa e tenho certeza que teremos grandes eventos no local e contamos com o trabalho e a dedicação dos tradicionalistas na utilização e preservação do espaço”, disse Juarez. O Centro Municipal de Eventos Tradicionalistas conta com uma área construída de 6.160 metros quadrados, onde está a cancha com 140 metros de comprimento e 44 de largura. Na área estão construídos o brete de saída do gado, galpão para os laçadores, doca de carga e descarga de gado, portaria, quiosque de eventos, contrapiso para banheiros, vestiários, baia de esterco e reservatórios de água, além de área de estacionamento e acampamento.

Cláudio Alves

Locutor e apresentador, comanda o programa

Estação Hamburgo

@claudioalveslocutor

60 dias sem eventos

A tragédia recente no nosso Rio Grande do Sul deixou marcas fortes. Vamos lutar muito ainda para recuperar nosso Estado, pois são diversas áreas afetadas e precisamos nos unir e nos ajudar, um ao outro, sem depender do poder público, que nos provou não ter capacidade e competência para isso. Pelo con-

trário, atrapalhou com sua soberba autoridade diversas ações voluntárias do povo auxiliando o povo, o povo salvando vidas e levando dignidade aos atingidos. Na área de eventos, área em que eu estou atuando há exatamente 41 anos, foi mais uma vez uma prova à flor da pele. Ainda não nos recuperamos da pandemia,

onde ficamos dois anos sem trabalho e sem nenhum apoio.

Agora, vou citar meu exemplo: fiquei exatamente 60 dias parado, sem nenhum evento. Todos os eventos agendados foram cancelados. O mais sensato a fazer neste momento, concordo plenamente. Eu parei na segunda, dia 29 de

Foto: Arquivo Pessoal

abril, quando estava apresentando a Festa do Aipim em São José do Hortêncio, e voltei no sábado, 29 de junho, para apresentar a Escolha da Garota Copa Encosta da Serra, no Ginásio do Soberano em Presidente Lucena, que, além da escolha, contou com animação dos Atuais, Paulinho Maciel e Corpo e Alma.

O mais frustrante nisso é ouvir de pessoas que eu imaginava serem esclarecidas, pois ocupam cargo público como secretário municipal, que nós temos que aprender a ter reserva, que nossa classe só sabe reclamar. Pessoas assim não valem nem a citação aqui nesse espaço nobre, mas na hora das negociações dos cachês dos shows e trabalhos, eles superfaturam os valores para receber suas comissões por fora. Deve ser a tal reserva que vai diretamente para o bolso de sujeitos como esse.

Outra frustração é ouvir de certas pessoas a dita frase: “Esse teve sorte!”

Esquecem quantas horas nos envolvemos na organização e apresentação do evento para que tudo ocorra conforme o planejado, abrindo e fechando a programação, dormindo poucas horas, quando possível, durante todos os dias do evento, que eles vão lá curtir, beber e ainda fazer a tradicional pergunta: “Tu trabalha também ou só apresenta eventos?”

Mas seguimos firme e de fato não trabalhando, porque aprendi desde muito cedo. Comecei a trabalhar no calçado aos 9 anos e assinei carteira aos 12, em 1980. Já são 44 anos de carteira assinada e lutando na justiça para me aposentar por um salário mínimo, que quando amamos nosso trabalho, ele não é trabalho é uma eterna diversão.

Planeje hoje, proteja sempre.

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Altstadtfest!, a “festa da cidade histórica”

É muito comum aqui, na Alemanha, no período de verão, cidades realizarem suas próprias festas: o seu “Kerb”. No fim de junho é a vez de Trier realizar a sua festa, a Altstadtfest (“festa da cidade histórica” em tradução literal para o português).

De sexta a domingo, a cidade está cheia de programações culturais e palcos espalhados pela cidade, recebendo artistas da região.

O show mais esperado

suas décadas… O mais interessante é que a banda só canta músicas sobre a cidade de Trier.

Eles cantam no próprio dialeto da região e, adivinha só, todos cantam juntos. Crianças e adultos estão juntos comemorando Trier. É lindo de ver e fazer parte disso.

Até me emocionei em pensar que esse lugar agora é a minha casa. A banda recebe no palco crianças e os jogadores do EintrachtTrier, o time de futebol

Marina Marques Klein
Diretamente de Trier, na Alemanha

100 anos de história do Grupo Krause

A história do Grupo Krause começou a ser construída em 1922, quando Carlos e Adolfina Krause fundaram uma funerária com o sobrenome do casal. Na época, uma pequena fábrica de móveis que as famílias procuravam para fabricar caixão. Após 12 anos, com o falecimento de Carlos, a empresa passou a se chamar Viúva Adolfina Krause, que, junto com as filhas Fredalina e Frieda, passou a tocar o negócio.

Anos depois, uma segunda geração da família assume a empresa, que passa a ser chamada de Frieda Schunk em 1967. No começo dos anos 1980 novas mudanças com a terceira geração. Alberto

Franceschetti assume os negócios e muda a razão social para o nome que é conhecida até hoje: Funerária Krause. Na mesma década, a empresa se muda para a Avenida Maurício Cardoso, consolidandose ainda mais e tornando-se uma marca reconhecida.

A partir da quarta geração, a Krause cresce e se consolida ainda mais em Novo Hamburgo e região. Atualmente, o Grupo Krause é formado por quatro marcas que, juntas, entregam um dos mais completos pacotes de serviços funerários do Estado, abrangendo planos de assistência funeral, funerária e cemitério.

A história da pequena empresa que começou com Carlos e Adolfina completou 100 anos em 30 de março de 2022, agora com quatro unidades de negócios, 80 colaboradores, 7 escritórios da Krause Assistencial, conceituada Funerária, um moderno Cemitério, mais de 400 parceiros da Krause Assistencial e milhares de famílias acolhidas.

O frio está aí...

E chegamos em julho, quando o segundo semestre começa, mirando na primavera e no verão, que logo se apresentarão. Antes das flores e do calor, teremos longos dias de frio, chuva, neblina e, quem sabe, neve e mais uma vez a história se repete: tenho 52 anos e há décadas ouço que... “não teremos inverno esse ano... não faz mais frio como antigamente... nem fará frio esse ano...”. Tudo de novo, ouvirei em 2024, tenho certeza! Porém, todos os anos faz frio, sim! Todos os anos vamos às regiões serranas em busca de um bom chocolate quente, de um vinho, uma sopa de capeletti. Existem os amantes do mocotó, do pinhão, do café colonial. Gastronomicamente é uma época em que procuramos esquecer dos nossos nutricionistas, adiando para o “pós frio” o início da dieta.

Um blusão de lã, um casaco, uma bota, entram no radar de compra e para muitos, não apenas no singular, na maioria dos casos. As meias mais quentes saem do fundo da gaveta, o lençol elétrico (vais me dizer que não tens um, ligando 20 minutos antes de ir para a cama e ao chegar, encontrar o lençol quentinho?) ganha seu espaço e a lareira, seja ecológica ou com lenha, passa a fazer fumaça para a vizinhança.

Sim, são tantos bons momentos, seja degustando delícias, quanto comprando roupas ou nos aconchegando em casa, que de repente, parece que nem tivemos inverno mesmo. A mente nos trai, pois estamos felizes, aproveitando bons momentos e minimizamos o sofrimento, que fica numa posição secundária. Porém, e sempre na vida há um porém... existem os que quase não conseguem se alimentar, os que têm poucas

roupas, casas úmidas, com fendas entre as paredes, os efetivamente expostos ao frio. Pergunte para esses se não temos, todo o ano, inverno. Esses sofrem com o frio e como diz o ditado que “quem bate esquece, quem apanha não”, eu ouso trocar palavras, dizendo que, quem curte o frio não nota, mas quem passa frio, percebe, sem dúvida, o inverno, todo o ano.

E por isso, mais do que nunca é importante lembrarmos desses que sofrem: teremos dezenas de campanhas de agasalho e talvez esse ano tendo uma diminuição de ofertas pois muito já se deu, durante o período de cheias. Porém, temos que lembrar que existem os necessitados que naturalmente precisariam de apoio e que sequer foram atingidos pelas águas de maio. Ou seja, faltarão doações, numa rápida conta matemática, onde muito já foi doado e muitos, apenas agora precisarão, sequer sendo afetados pelas cheias. Nós, os abençoados que podemos curtir o inverno, que sigamos sem culpas aproveitando e fazendo a roda dos negócios girar: os hoteis precisam de movimento, os restaurantes precisam de movimento, as lojas precisam vender roupas de frio. A economia precisa gerar empregos. Todavia, tenhamos esse cuidado. Arrisco dizer que nesse ano, as Campanhas de Agasalho serão ainda mais necessárias, para ajudar mais pessoas. Além dos que sofrem anualmente os martírios do frio, nesse ano existem os flagelados. Mais ajuda a prestar, com certeza, para idosos, adultos e crianças que todos os anos sentem a força do inverno. O velho e bom Minuano é implacável, assim como a neblina, a chuva e, quem sabe, a neve.

Rodrigo Giacomet Radialista e Diretor da Rede União FM

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