Unifatos 2014 - 2° Edição

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Wilian ClaY

Adoção

p. 6 e 7

Novas instituições familiares fazem com que o conceito de família seja repensado, assim como o processo de adoção.

Grafitagem Apesar de ser confundida com pichação, a arte do grafite brasileira é considerada uma das melhores do mundo.

p. 8 e 9

Cidadão indígena Donos originais de nossas terras, a comunidade indígena brasileira encontra-se, em pleno século XXI, como alvo da discriminação e da exclusão social. Neste mês, buscase compreender um pouco sobre as condições em que os povos indígenas vivem e entender o que o Dia do Índio significa. O índio pode ser considerado um cidadão brasileiro? Ele tem direitos e deveres? Para refletir sobre esses questionamentos, uma comunidade indígena, presente no Oeste do Paraná, foi observada e alguns integrantes falaram sobre algumas dessas questões. p. 4 e 5

Jornal Laboratório elaborado pelo 3º ano do curso de Jornalismo da Univel - ano XIII - edição 59 - abril de 2014


abril de 2014

O preconceito

A grande guerreira descansou... Maximiliane Veiga

contras as minorias

HOMENAGEM

Chegou o mês de abril. Neste ano, em que muitos feriados caem justamente em fins de semana, abril pode ser considerado a “menina dos olhos” para quem deseja descansar por alguns dias seguidos, pois o feriado de Tiradentes vem logo depois da Páscoa. Para quem gosta de conhecer lugares diferentes e se divertir, um novo destino turístico de nossa região é destaque nesta edição, na página 12. O Parque do Povo, em Toledo, oferece diversas opções de lazer e cultura e os frequentadores falam sobre como o novo parque colabora para a qualidade de vida dos toledanos e paranaenses da região. O Dia do Índio inspirou a produção de uma reportagem para a editoria de Cidadania, nas páginas 4 e 5. Um índio é um cidadão? O povo indígena, o único autóctone, ou seja, nativo, hoje sofre com a discriminação e exclusão social, mas eles também fazem parte do cenário brasileiro urbano, tendo seus direitos, mas também deveres. Em Cascavel, eles fazem parte do cenário das proximidades do Terminal Rodoviário. Nos balaios levam a esperança, nos pés descalços trazem as marcas de tantas idas e vindas da aldeia para a cidade. Sendo representados de fato ou não, por parte da Funai (Fundação Nacional do Índio), estariam eles perdendo suas tradições por causa de tantas dificuldades? Isso não pode ser respondido de fato, mas cabe a você, leitor, interpretar, pensar e refletir... Outro assunto de destaque nesta edição é a questão da adoção por famílias com outras configurações. Diante de obstáculos na adoção de crianças pelo fato de famílias não preencherem requisitos tradicionais, apresentamos as questões: existe mesmo a necessidade da figura do pai e da mãe? Como lidar com o preconceito? Lidar com recriminações é uma luta que os grafiteiros também enfrentam constantemente nas ruas. Andando pela cidade, nos deparamos com muros, paredes e demais espaços cobertos por desenhos grandes e coloridos. Seja com o objetivo de transmitir uma mensagem ou mesmo de embelezar o local, a arte do grafite, que também sofre discriminações e preconceitos, tem vez nessa edição. Para tanto, vamos conhecer uma oficina e a importância social que o grafite tem trazido. O preconceito é um juízo pré-concebido, o qual se manifesta por atos discriminatórios perante o diferente. As diferenças culturais são as que geram tantos conflitos na sociedade, pois os povos não aprenderam, ainda, a se respeitar. Diante de etnias, religiões, tradições, línguas, crenças, pensamentos, sexualidade e modos de viver diferenciados, o ser humano se rebela e demonstra o quanto ainda precisa evoluir. São essas diferenças culturais, como a do índio, a dos artistas do grafite e das famílias modernas, que podem mover o ser humano a aprender a respeitar e a conviver com a heterogeneidade cultural presente em todos os lugares.

Sobre bebedouros

Ricardo Pohl

O bebedouro sempre estará vazio. E sempre terá duas pessoas na frente dele. Eu sei que parece loucura, mas não é. E não é, porque você é a maior testemunha desse acontecimento físico. Você sabe muito bem que sempre tem duas pessoas em volta dele, porque você presencia isso. Explico: uma dessas pessoas está – da forma mais inconveniente e insuportavelmente – esperando que a outra pessoa termine de beber água para que, ela, a pessoa impaciente, possa matar a sede. E a outra pessoa, a outra pessoa que está sendo coagida a deixar de usufruir dessa incrível invenção que é o bebedouro, é você. Mas isso não importa muito. O mais interessante sobre bebedouros é que eles sempre estarão vazios (sem ninguém) e, ao mesmo tempo, sempre existirão duas pessoas na frente deles. Isso se dá por uma reação química. É mais ou menos assim: o hidrogênio que forma o H2O (a água que corre pelo corpo do bebedouro) se desprende por conta do contato com o aço inox (que forma o corpo do bebedouro e precisa ser, necessariamente, inoxidável). Essa reação química desencadeia um fenômeno físico quase que imperceptível (isso porque, as aves Nymphicus hollandicus, mais especificamente, as Calopsitas, percebem) uma “fusão” de duas dimensões. Numa delas, o bebedouro sempre estará vazio, e na outra, sempre haverá duas pessoas em volta dele – mesmo nessa dimensão, a outra pessoa que estará sendo forçada, pelo protocolo social, a parar de beber água é você. Agora, um importantíssimo aviso. Se por acaso (mesmo o acaso, não sendo o caso dessa situação) você avistar uma pessoa, e apenas uma pessoa, tomando água num desses bebedouros espalhados pelo mundo, preste bem atenção, se você ver apenas uma pessoa – e nenhum outro indivíduo atrás, ou ao lado desse sujeito, esperando que ele termine o que está fazendo, para fazer o mesmo, você está ficando louco.

CRÔNICA

EDITORIAL

Marcelo Machado

Na edição anterior do Unifatos eu e meu colega, Maicon Roselio, entrevistamos Nayara Thaís da Rosa, a jovem de 23 anos que lutava contra um melanoma, um câncer incurável. Infelizmente, Nayara não resistiu à doença e faleceu no dia 25 de março. Prefiro pensar que nossa guerreira não perdeu a batalha, mas se deu o direito de descansar. Depois de tantas lutas, sofrimento e dor que a doença causou, agora ela pode finalmente encontrar a paz. É difícil ver uma pessoa tão jovem, com tanta vontade de viver e sonhos a serem realizados, partindo assim, tão cedo. Porém, Deus, com sua infinita bondade, mostrou-me que Ele também precisa de bons guerreiros, de pessoas de fé e coragem ao seu lado. Foi um prazer entrevistar uma pessoa como a Nayara, de fé inabalável. Isso é Jornalismo! É contar histórias que merecem ser conhecidas e eu me orgulho de ter feito parte dessa história. Esta é uma pequena homenagem de todos os acadêmicos e professores, que fazem parte da editoria do Unifatos. Que Deus a abençoe onde quer que esteja. O céu agora tem um novo anjo e está mais forte do que nunca... “Em algum lugar, pra relaxar, eu vou pedir pros anjos cantarem por mim, PRA QUEM TEM FÉ A VIDA NUNCA TEM FIM”.

Expediente Univel (União Educacional de Cascavel) - Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Avenida Tito Muffato, 2317 - Bairro Santa Cruz. CEP: 85.806080 - Cascavel - Paraná. Telefone: (45) 3036-3636. Diretora: Viviane Silva. Unifatos. Jornal laboratório elaborado na disciplina de Técnicas de Reportagem, Entrevista e Pesquisa III do curso de Jornalismo. Coordenadora: Letícia Rosa. Professora orientadora: Wânia Beloni. Acadêmicos (textos, fotos e diagramação): Douglas Trukane Dos Santos, Flavia Daniela Duarte dos Santos, Gabriel Ramos Pratti, Heloísa Iara Perardt Pinto, Heloize Lima dos Santos, Janaina Teixeira, Jéssica de Araujo, Jhonathan de Souza D’witt, Kássia Paloma Beltrame Oliveira, Larissa Ludwig, Leandro de Souza, Maicon Roselio dos Santos Camargo, Makelen da Cas Rotta, Marcelo Gartner Machado, Maximiliane Veiga, Rebeca Branco dos Santos, Renan Paulo Bini, Ricardo Pohl, Ricardo Silva de Oliveira, Silmara dos Santos, Thais Padilha Antunes, Walkiria Oliveira Zanatta e Wilian Clay Wachak. Projeto gráfico: Wânia Beloni. Tiragem: 1 mil exemplares. Impressão: Jornal O Paraná. E-mail para contato: unifatos@univel.br

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Campeão na vida e no esporte

PERFIL

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Aos quatro anos de idade, Lucas perdeu parte de suas forças, mas isso não o derrubou e hoje ele está muito mais forte

Maicon Roselio Lucas: “Eu quero ser um futuro paratleta da seleção brasileira do parahandebol”

Era para ser um dia tranquilo no Bairro Julieta Bueno em Cascavel, mas o ano de 2004 ficou marcado na memória e no corpo do garotinho de apenas quatro anos de idade. Lucas e a mãe, Lucilene, estavam no quintal, em frente a casa onde moravam e escutaram alguns barulhos vindos da esquina. De repente surgiram quatro homens com armas em punho e começaram um tiroteio. A casa de Lucas ficou entre o fogo cruzado. Durante a confusão um atirador ficou ferido e correu para dentro da casa do menino. Escutou-se outro tiro e Lucas caiu. A bala era para o homem que corria para dentro da casa, mas acertou a costela direita do garoto. A mãe ficou desesperada. Os vizinhos se mobilizaram e chamaram o Siate (Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência), mas ele não apareceu. “Ninguém foi porque pensaram que era um trote”, conta Lucilene, que, no dia, pegou o filho no colo, entrou no carro e “voou” para o hospital. Lucas permaneceu 60 dias internado. Ele entrou no hospital, carregado pela mãe e saiu sentado em uma cadeira de rodas. “Eu era criança na época. Dei-me conta que a cadeira de rodas seria a minha amiga, só aos nove anos”, lembra. Lucas Fernando dos Santos, hoje, tem apenas 13 anos, porém, mais parece um homem, não apenas pelo fato de ser grande, mas também pela maturidade que demonstra. A história e a determinação de Lucas fazem com que ele nem chegue perto de ser um garoto comum. Aos 11 anos conheceu o basquete, depois

O menino sem limites

OPINIÃO

Maximiliane Veiga

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o handebol, badminton, natação, atletismo, dança e tênis de mesa. Em apenas sete meses já colecionava 30 medalhas. É por esse e outros motivos que Lucas mais parece um supergaroto. “Eu treino muito: quatro dias por semana, quatro horas por dia. Na minha casa tem um painel de todos os meus horários. Tenho treinos de manhã e à noite. À tarde eu estudo. Por tudo isso, minha vida é acordar cedinho e dormir tardão”, conta orgulhoso. Alguns médicos disseram que Lucas só ficou na cadeira de rodas porque, na hora do desespero, sua mãe o pegou no colo. No entanto, depois de uma consulta no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, isso foi desmentido. “No começo minha mãe entrou em depressão, mas agora ela me aceita e ainda tem orgulho de mim”, relata com um brilho nos olhos. Lucas está no 8º ano do Colégio Mário Quintana, mora com a mãe Lucilene, o pai Valdecir e mais três irmãos. Sempre foi muito dedicado aos estudos, porém o preconceito fez o menino cair de novo. Na metade de 2013 parou os estudos, mas um ano depois reuniu todas as forças e voltou. “Era muita piadinha na hora dos exercícios, do tipo: ‘ô Lucas, faz isso com a perna, faz aquilo’. Eu respondia, mas quando chegava em casa ficava pensando o porquê? Não aguentei o baque”, lamenta. O garoto, que enfrenta todos os dias os vilões da acessibilidade e do preconceito sonha alto: “Eu quero ser um futuro paratleta da seleção brasileira do parahandebol”, responde com firmeza.

Lucas faz vários esportes, tem uma vida bem agitada para um adolescente de 13 anos. Porém, isso só foi possível depois de conhecer o Sem Limite, um grupo dedicado aos cadeirantes que deixam a solidão para conviver com novas pessoas. “Lá no grupo eu vejo que há pessoas com mais deficiências, que não mexem os braços, só mexem o olho e têm mais coragem do que eu. O grupo Sem Limite me ensina a viver”. Todos os dias existem barreiras para serem ultrapassadas, mas o adolescente não perde o foco em busca do seu objetivo maior, que é de ser um campeão brasileiro. Além da escassez de patrocinadores para os paratletas, a cidade de Cascavel ainda está longe de ter 100% de acessibilidade. O ônibus que Lucas e os outros colegas de esporte utilizam deixa-os em uma avenida, obrigando-os a andar no meio da rua, em locais que não há calçada, ou que há muitas árvores. “Quando passa um carro e buzina, nos assustamos, vamos para o lado, morremos de medo. Só mesmo quem está na cadeira, que sente na pele, sabe como é”. Usar banheiros sem adaptação, passar pelo meio-fio, andar no meio da rua, tudo em cadeira de rodas, não é tarefa fácil. Mesmo assim, quando pergunto se Lucas é uma pessoa feliz, ele responde de boca cheia: “Sem dúvida nenhuma”. Hoje, Lucas percebe que o tiro retirou as forças de suas pernas, mas lhe deu: dedicação, força de vontade e sede de viver. “A cadeira me fez ter outra vida”.


CIDADANIA

abril de 2014

Cidadão indígena

CIDADANIA

abril de 2014 FOTOS: Wilian Clay e Matheus Müller

O cacique, que tem apenas a 4º série do Ensino Fundamental, incentiva os jovens ao estudo, pois, segundo ele, o aprendizado trará benefícios para a aldeia. A alfabetização, em uma escola na tribo, começa aos quatro anos de idade, na pré-escola e vai até o 3º ano do Ensino Médio. Dentre os jovens em fase acadêmica, um está cursando Ensino Superior na UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa) e 11 na UFFS (Universidade Federal Fronteira Sul). Como a área da aldeia é rica em água para criação de peixes em tanques escavados, os jovens indígenas, que estão cursando Engenharia da Pesca na Federal, poderão investir na área dentro da própria aldeia e comercializar o pescado. “Quem pensa que índio não trabalha, está errado. Como o índio passou a ser cidadão brasileiro ele passa a ter os mesmos direitos e deveres. O indígena tem carteira de trabalho, nota de produtor rural, RG (Registro Geral), CPF (Cadastro de Pessoas Físicas), título de eleitor, entre outros documentos”, explica o cacique.

Kaingangs: guerreiros desde os primórdios e cidadãos há duas décadas

DIVULGAÇÃO

Wilian Clay

Donos originais de nossas terras, a comunidade indígena brasileira encontra-se, em pleno século XXI, como alvo da discriminação e da exclusão social. Neste mês, busca-se compreender um pouco sobre as condições em que os povos indígenas vivem, quais são seus anseios e tradições, e, principalmente, entender o que o Dia do Índio significa. A partir do tema definido, os questionamentos que moveram a produção dessa matéria foram: O índio pode ser considerado um cidadão brasileiro? Ele tem direitos e deveres? Quais são? Para isso, uma comunidade indígena presente no Oeste do Paraná foi observada e alguns integrantes falaram sobre essas questões. Nova Laranjeiras, a 119 km de Cascavel, é uma cidade habitada não apenas pelo homem branco, mas por índios kaingangs e guaranis. Dentre os 12 mil cidadãos nova-laranjeirenses, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2010, 2,3 mil são indígenas kaingangs, que formam 528 famílias, utilizando-se de uma área de 18,7 mil hectares. Neste local, de miscigenação de tradições e culturas, é que os índios começaram, há 20 anos, a se tornar cidadãos brasileiros. O cacique da aldeia kaingang, Sebastião Tavares, 43, foi destacada a data comemorativa 19 de abril. Vale lembrar que o Dia do Índio foi criado pelo presidente Getúlio Vargas, por meio do decreto-lei 5540 de 1943, com a função de relatar os direitos e a importância destes povos para a história. Mas os kaingangs gostam de comemorar esta data? Para o cacique, é grande motivo de alegria, pois é um resgate da memória das tradições. Ele conta, ainda, uma passagem que seu sogro sempre relatava: “Quando a data comemorativa do Dia do Índio foi criada e publicada em jornal, ele [sogro] estava em um armazém da cidade, mas como não sabia ler direito interpretou que o governo estava mandando fazer festa naquela data. Chegando à aldeia preparou a festa: comidas típicas e bebidas feitas de mel no cocho, dando origem às grandes festas em comemoração ao Dia do Índio, na aldeia”, declara. No entanto, quem visitar a aldeia do Rio das Cobras nesta data comemorativa não encontrará nenhuma festa por lá, pois como a tribo é adepta à religião católica e o dia 19 de abril deste ano será no sábado de aleluia, os kaingangs resolveram deixar para comemorar em 19 de maio. “É um costume guardar dias santos e não comer carne vermelha. Toda essa tradição para manter a cultura que já vem do berço”, observa o cacique, que fala português. Obrigatoriamente todos falam na língua indígena kaingang, na aldeia. O português eles aprendem na escola para que possam dialogar com os brancos. Sebastião conta que já aconteceram fatos em que os indígenas conversavam entre si no idioma natural da tribo em um estabelecimento comercial na cidade e que a situação acabou virando caso de polícia. “O homem branco interpretou que eles estavam falando mal ou xingando”, conta o cacique, que orienta os índios a falarem em português, quando estão na área urbana.

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Educação

“Na aldeia, os índios são puros, não são mestiçados. Índio casa com índia. Se vier a acontecer de índio casar com branco; deixará a tribo”, vice-cacique Jeraldo Bernardo.

A tribo é adepta à religião católica e, como o dia 19 de abril deste ano será no sábado de aleluia, os kaingangs resolveram deixar para comemorar em 19 de maio

Cacique Sebastião diz que a solução é sair da aldeia para vender seus artesanatos nas áreas urbanas, “pois as verbas de incentivo dos governos Federal, Estadual e Municipal não chegam até a aldeia”.

Diretos e deveres urbanos

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Segundo a Constituição Federal de 1988, a capacidade civil dos povos indígenas está defendida nos artigos 231 e 232. Nestes trechos são reconhecidos os costumes, línguas, crenças e tradições, assim como a organização social indígena. Além disso, “são reconhecidos os direitos originários sobre as terras que ocupam”, observa o assessor de magistrado da Vara de Execuções Penais de Guarapuava, Peterson Barbosa do Nascimento. Embora reconhecido seus direitos civis, ao nascer, o índio brasileiro é identificado como incapaz para os atos da vida civil, até o momento em que preencha alguns requisitos previstos no artigo 9º, da Lei nº 6.001/73: “Qualquer índio poderá requerer ao Juiz competente a sua liberação do regime tutelar previsto nesta Lei, investindo-se na plenitude da capacidade civil, desde que preencha os requisitos seguintes: I - idade mínima de 21 anos; II - conhecimento da língua portuguesa; III - habilitação para o exercício de atividade útil, na comunhão nacional; IV - razoável compreensão dos usos e costumes da comunhão nacional”. “Sendo assim, eles têm uma proteção, pois são considerados incapazes”, completou Peterson. Os direitos políticos também são exercidos da mesma maneira que os demais brasileiros, conforme previsão contida no Estatuto do Índio, Lei nº 6.001/73, ou seja, o índio também vota e é um cidadão político. Os índios kaingangs sobrevivem do plantio de milho, feijão, arroz, mandioca e batata, mas também pagam impostos. O cacique conta que cada família paga a energia elétrica consumida em sua casa. “Para alguns que recebem o auxílio bolsa família ou aposento, não dá para nada, pois o costume é sempre dividir entre a família”, esclarece Sebastião, que cita o indígena aposentado Otávio Tavares, 72, que tem dez filhos, sendo que cada um já constitui família. “Eles moram e trabalham juntos. Os R$ 724 não são suficientes para a alimentação diária de todos. A solução é sair da aldeia para vender seus artesanatos nas áreas urbanas, pois as verbas de incentivo dos governos Federal, Estadual e Municipal não chegam até a aldeia”, esclarece Sebastião.

O índio também vota e é um cidadão político

Direitos e deveres na aldeia Os índios têm o direito ao voto para escolha de seus líderes. Dentro da aldeia eles podem escolher o cacique e o vice-cacique, por meio de eleição. Os eleitos terão um mandato de quatro anos, os quais serão detentores das leis internas da tribo, criarão diretrizes para a cultura, educação e saúde. A área de saúde dos kaingangs, em partes, é bem atendida, como relata a assistente social Ilda Cornélio, que é indígena e formada desde 2009. “O posto de saúde da aldeia tem uma ótima infraestrutura, composta por excelentes profissionais nas áreas de odontologia e medicina, técnicos em enfermagem, assistentes sociais, entre outros ”, conta Ilda, lembrando que, no entanto, faltam recursos financeiros para auxílio na aquisição de combustível e manutenção do carro, o qual foi adquirido com recurso próprio. “O pior é que não há medicamentos na farmácia do posto. Então, cabe aos sábios da floresta, os pajés, a escolha e a busca certa das plantas medicinais pela cura do enfermo”, analisa a assistente social indígena.


ESPECIAL

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A adoção por novas

configurações de família Para Joana, qualquer pessoa, desde que tenha vontade e condições, pode adotar uma criança. É isso o que diz a lei também. De acordo com a advogada Neusa Refatti, para realizar o processo de adoção, “é avaliada a vida pregressa dos pais, a situação financeira, o psicológico e o ambiente familiar”. Infelizmente, como a sociedade, a legislação também não é livre de preconceito. Muitas famílias (não tradicionais) enfrentam dificuldades no processo de adoção. É o caso de Toni Reis, 49, professor, e David Harrad, 56, tradutor, que estão juntos há 24 anos e em 2005 decidiram adotar. O casal, residente em Curitiba e que vive uma vida afetiva, social, familiar e econômica estáveis, precisou de quase sete anos para ver o sonho da paternidade virar realidade, pelo simples fato de serem um casal homoafetivo. Toni relata que o processo teria sido menos burocrático se tivessem optado em adotar uma criança cada um. No entanto, havia dois fatores importantes em jogo: a igualdade de direitos garantida pela Constituição Federal; e o bem-estar das crianças. “Se adotássemos separadamente como solteiros e um de nós viesse a falecer, o outro não teria automaticamente o direito da guarda do filho adotado pelo falecido, prejudicando assim a segurança do filho criado conjuntamente pelos dois pais”, afirma Reis.

Toni Reis, David Harrad e Alyson Harrad Reis

O caso foi o primeiro em Curitiba. Por isso, ao juiz faltava precedentes para embasar a sua sentença. Quase três anos depois do início do processo, ele decidiu que o casal poderia adotar conjuntamente, mas restringiu a idade e o sexo das crianças. “Teriam que ser maiores de dez anos e somente do sexo feminino. Achamos que a decisão do juiz foi discriminatória e recorremos”, relata Toni. Após esse fato, o professor e o tradutor tiveram causa ganha. No entanto, um promotor do Ministério Público recorreu e levou o caso ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), alegando que casais do mesmo sexo não formam uma entidade familiar e, portanto, não poderiam adotar conjuntamente. “O STF rejeitou o recurso porque não dizia respeito à matéria em julgamento, qual seja a restrição quanto à idade e ao sexo das crianças”, declara Reis. Em 5 de maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal decidiu, por unanimidade, que a união estável entre casais homoafetivos há de ser considerada igual à união estável entre casais heterossexuais. Essa decisão tem desdobramentos no campo da adoção também e, a partir disso, adotaram Alyson Harrad Reis aos 11 anos. De acordo com os pais de Alyson, a impressão que o menino tinha de gays era de “pessoas nojentas e horrorosas”, mas, com o tempo, ele foi percebendo que não e hoje, sabemos que nos ama.

FOTOS: Acervo Pessoal

“Você concorda com a definição de família como núcleo formado a partir da união entre homem e mulher?” Não. Esta foi a resposta de 57% dos mais de 20 mil votantes somente nas primeiras 24 horas, quando iniciou, no dia 11 de fevereiro, uma enquete realizada pela Câmara dos Deputados. A pesquisa tem como objetivo avaliar se os cidadãos são favoráveis ou contrários ao conceito incluído do Projeto de Lei 6583/13, do deputado Anderson Ferreira (PR-PE), que cria o Estatuto da Família, no qual define família como união exclusiva entre homem e mulher. Os resultados, no entanto, geram discussão e polêmica, porque vão contra o conceito tradicional de família. Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, o casamento deixou de ser fonte única e exclusiva de formação familiar. Na atual realidade social, é notável a existência de novas instituições familiares, como: homoafetiva (pessoas do mesmo sexo), anaparental (sem a presença de um dos ascendentes), mosaico (casais divorciados que encontram outros cônjuges que tem filhos), paralela (um dos integrantes participa como cônjuge de mais de uma família) e eudemonista (amigos que vivem juntos). As votações ainda podem ser feitas por meio do site www2.camara.leg.br, mas independente do resultado, favorável ou contrário, as famílias que não estão nos parâmetros do modelo tradicional continuarão a existir, a surgir e a se modificar. Joana (pseudônimo) reside em Cascavel e constitui uma família diferente do modelo tradicional. Aos 32 anos, resolveu encarar sozinha o desafio da adoção. Três anos e meio depois da iniciativa, chegou a seu lar aquela que faria parte da sua vida para sempre. Isso comprova que independentemente do resultado da enquete, ou de qualquer decisão da Câmara, elas continuarão a ser uma família. Para Joana, “o que define uma família é o amor”, o qual vai além de definições de gênero, etnia ou cor. Por isso, mesmo sabendo que sofreria com o pensamento retrógrado e com o preconceito da sociedade em geral, escolheu adotar uma criança mais velha e negra. “Preconceito este, que se confirma quando eu e minha filha saímos juntas, visível nos olhos de muitos que nos cercam”, conta a mãe adotiva.

O que importa é o amor

Renan Bini e Kassia Beltrame

Novas instituições familiares fazem com que o conceito de família e a adoção sejam repensados

ESPECIAL

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Adoção tradicional

A professora da rede Estadual de ensino, Lilian Mara Furtado Barreiros e o motorista Jairo Alves Barreiros, resolveram adotar um menino após ver a filha biológica sair de casa aos 18 anos. O processo durou três anos e o casal escolheu um menino de até um ano de idade. Para Lilian, a adoção é um presente de Deus. “É uma graça, um amor que não tenho palavras para descrever. Temos problemas como qualquer família, mas estamos sempre presentes na escola. Frequentamos a igreja, rimos e choramos juntos, e eu, em particular, sou uma ‘leoa’, pronta para defender a cria. Não admito preconceito”, afirma.

Família : mesmo amor,

mesmos direitos Texto: Toni Reis, David Harrad e Alyson Harrad Reis

O meu caso

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Educação de filhos adotivos Segundo a psicóloga Talita Mayara Felipe, muitos pais adotivos passam a conhecer a história da criança anterior à adoção e se penalizam, passando a compensar com tudo o que imaginam que a criança queira. Assim como em filhos biológicos, os resultados deste comportamento são desastrosos, pois é papel dos pais, adotivos ou não, transformar seus filhos em adultos capazes de lidarem com as frustrações e os nãos que receberão ao longo da vida. Isso ocorreu também com Toni e David. “A birra surgia principalmente quando Alyson Miguel queria que comprássemos tudo que chamava a atenção dele, como uma prancha de surf, óculos de natação, um relógio... No início da relação, dizer ‘não’, pesava para nós, mas foi necessário para estabelecermos limites”, declara.

Somos uma família curitibana, paranaense e brasileira. Somos uma família homoparental e adotiva. Na opinião unânime do Supremo Tribunal Federal, a união homoafetiva é, sim, uma entidade familiar e tem os mesmos direitos que um casal heterossexual que vive em união estável. Ganhamos o direito de adotar. Para isso, tivemos que passar por todas as instâncias do sistema jurídico, num processo que levou sete anos. Adotamos por decisão consciente, seguindo todos os trâmites legais e de avaliação psicológica e socioeconômica previstos na lei. Não adotamos “à brasileira”, embora não tenham faltado oportunidades. Estamos bem. Como em toda família, surgem alguns desentendimentos. Para resolvê-los discutimos e chegamos a consensos. Convivemos harmonicamente. Ninguém perdeu nada com isso. Perde-se talvez com os preconceitos, mal-entendidos e incapacidade de raciocínio de quem parece ainda estar na Idade Média e provavelmente ainda acredite que a terra é quadrada. O mundo mudou. Como afirmou o juiz em sua sentença: “a sociedade atual tem concebido novas formas parentais, quebrando paradigmas antigos que reconheciam apenas

Guilherme Borgert, 25, enfermeiro Não julgo minha mãe biológica por ela ter me dado a adoção. Meus pais adotivos sempre fizeram o possível e o impossível para que não me faltasse nada.

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na união entre homem e mulher a composição legítima da família”. Posição esta corroborada por Zambrano et al.: “Colocar a família como uma entidade única e constante no tempo pode ser mais um préjulgamento, ... do que uma realidade.” Uma reportagem do jornal O Globo analisou os dados do Censo Demográfico de 2010 e apontou para a diversidade nos arranjos familiares: 66,2% são famílias “nucleares” (definidas como um casal com ou sem filhos, ou uma mulher ou um homem com filhos); 19% são estendidas (mesmo arranjo anterior, mas inclui convivência com parente(s)); 2,5% são compostas (inclui convivência com quem não é parente) e os demais 12,3% são pessoas que moram sozinhas. Assim, ao refletir sobre o que é família, há de se pensar além da família tradicional. Este conceito tem sido utilizado repetidamente na história brasileira como argumento contra as evoluções que ocorrem na sociedade. Por exemplo, em 1891, quando da proposta de uma emenda constitucional sobre o direito das mulheres votarem, alguns congressistas consideraram-na “anárquica”. Entre seus argumentos: o perigo de dissolução da família. O sufrágio das mulheres não levou ao

“ ”

Isabela Ferron, 17, estudante

Somos todos iguais. Uma criança necessita de amor. Se o casal que adotá-la estiver disposto a isso, tudo dará certo. Hoje, eu aceitaria tranquilamente ser adotada por um casal homoafetivo, pois a criança precisa ser amada, independente da sexualidade de seus pais.

fim da família tradicional. Também não será a união homoafetiva e adoção de crianças por casais ou solteiros homossexuais que acabará com ela. Perversão é ter ainda crianças vivendo na rua ou nos sinais de trânsito pedindo esmola. Perversão é utilizar-se dos meios de comunicação para aviltar e incentivar o ódio, a discriminação e a violência contra pessoas que estão buscando a felicidade. Nas palavras do nosso filho Alyson, “a nossa vida é um oceano, estão querendo fazer dela um aquário”. Para chegar aonde chegamos superamos muitas situações de discriminação. Superaremos também eventual bullying e homofobia na escola e na sociedade. Respeito é bom e todos nós gostamos. Se a pessoa não gosta de gay ou lésbica, que procure alguém do sexo oposto. É o seu livre-arbítrio. Quem desdenha quer comprar. Num caso desses, é recomendável recorrer a um bom apoio psicológico para refletir sobre a possibilidade da homofobia internalizada. Não queremos, nem pretendemos destruir a família de ninguém. Queremos construir a nossa família, da nossa forma. Como disse o escritor uruguaio Mário Benedetti: “Sejamos felizes, mesmo sem permissão”.

Vinícius Barreiros, 10, estudante Agradeço todos os dias pela família que tenho. Eles fazem de tudo para me agradar. Acredito que eu não teria o que tenho se minha família biológica me criasse.


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CULTURA

Grafite Hello!

¡Hola!

Ciao!

abril de 2014

CULTURA

abril de 2014

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: uma cultura que vai além dos desenhos Olá!

Salut

Hallo

Salve

Halló

Ahoj

Yειά σου

Thaís Antunes

Última arte feita por Du2 e Felipe, na Rua Acre, esquina com a 13 de maio, em Cascavel

Apesar de ser confundida com pichação, a grafitagem brasileira é considerada uma das melhores do mundo

A fite 3D: desenhos conceb

cnico do domínio té e ig x E . s o Gra ntorn de, sem co a de formas. profundida as, em form de cores e id o ã rc ç to a is in d b s na com e letra o formato d m te : le ho. ty S d lmente Wil m o desen re b o c vivas. Gera e s m a e u c q re e a u p q setas, as e que letras gord o ã s : ção. r e b m Bo cores. fite à picha s ra ê g tr o u d o s s a a ic du das técn feitas com po. corporação in : s a d atura do gru in ta s fi s ra a g a s a m tr ta do, como n Le stilo vale tu das represe e ta e fi s s ra e g n s : a o çã urações As letr livre figura drinhos, fig u a o u q o c m ti e ís a rt Grafite a de históri rsonagens e p , tos. s ra tu a ão e caric ntos abstra e m le e ida execuç m p é b rá m a a ta it e il pray: fac realistas grupo. áscaras e s m m o c idual ou de s iv d te in a Grafi rc a m ão de uma disseminaç

Oficinas

Para participar das oficinas oferecid as no Centro da Juventude Pr ofessor Jomar Vieira Rocha, o adolescente (de 12 a 18 an os) deve comparecer no contraturno de aula na Sec retaria do Centro, acompa nhado de um responsável, de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h20 ou das 13h às 16h20.

Há alguns dias, em visita ao Brasil, o cantor pop do momento, Justin Bieber, deixou sua marca no Rio de Janeiro. O astro foi pego pichando muros e tecnicamente teria que arcar com as consequências.

Otávio e Gustavo Pandolfo são irm ãos gêmeos nascid os em 1974, em São Pa ulo. Formados em D esenho de Comunicação , começaram a gr afitar em 1986 e com o pa ssar dos anos se torn aram referência mun dial da arte. Os grafi teiros são conhecidos mundialmente como “Os gêmeos”.

Referência mu ndial

Eduardo Scorteganha Filho, 20, mais conhecido como Du2, conheceu a grafitagem “nas ruas”. Enquanto andava de skate e via desenhos nas paredes da cidade, ele acabou se interessando por isso. Após um tempo, o rapaz conheceu outro artista, o Felipe Neto , que tinha experiência com esse tipo de pintura e que lhe ensinou as técnicas. Du2 diz que o grafite não é um simples desenho, mas sim uma forma de expressar sua opinião e sentimentos. “É um estilo de vida”, define. Du2 é oficineiro no Centro da Juventude Professor Jomar Vieira Rocha e conta que tenta ensinar mais do que técnicas para os seus alunos. “Essa arte vai além. Tento passar para os iniciantes alguns valores de vida”, explica o grafiteiro, que já chegou a ser algemado três vezes por estar se expressando em muros da cidade. A primeira vez que foi abordado, ele ainda era menor de idade e nas outras duas, foi depois da maioridade. Ele diz que nas três vezes resolveu as questões com conversa e acordo com as autoridades. “Nem todos estão prontos para aceitar esse tipo de expressão”, diz o artista. A grafitagem é uma cultura que abrange pessoas de variadas profissões e classes sociais. Eduardo diz que conhece tanto grafiteiros advogados, como pessoas que moram nas piores favelas. Apesar de sofrer preconceito perante a sociedade, esses pintores se respeitam e trocam experiências. No entanto, Du2 diz que não enfrenta tanto preconceito pelo fato de ser oficineiro, de ensinar. “As pessoas têm mais confiança em mim porque digo que sou professor”. Em Cascavel, no Centro da Juventude, é trabalhada essa técnica como forma de tirar os jovens do caminho da pichação. A Oficina de Grafite é uma das mais procuradas, segundo a coordenadora do Centro, Rosangela Goldeia, 40. Ela também explica que além das habilidades artísticas, os jovens, por meio da história desse movimento, desenvolvem um senso crítico social. “O grafite contribui para o aprendizado e vai além dos desenhos. É a expressão clara da visão de mundo dos nossos jovens e adultos. Tem o objetivo de instigar a arte em um contexto crítico”.

Alerta!

Antes da escrita, antes da fala, lá na época da criação do fogo, a comunicação e os registros históricos eram feitos por meio da arte rupestre, pintura nas paredes das cavernas. Hoje, mesmo com o desenvolvimento da linguagem verbal, a comunicação não verbal é ainda muito forte. As pinturas em paredes na área urbana é um exemplo disso. A arte da grafitagem é uma forma de expressar sentimentos e passar mensagens. No entanto, é sempre confundida e identificada como pichação. O ato de pichar se define como: pintar, rabiscar ou apenas sujar o patrimônio (sendo ele público ou privado). Essa atitude é tomada para marcação de território desde 1994, quando gangues pichavam em muros e marcavam até onde a outra gangue poderia ir. A ação é considerada crime desde 12 de fevereiro de 1998. Segundo a Legislação Brasileira, o crime acarreta detenção, que pode ser de três meses a um ano, e o pagamento de multa (lei nº 9605/98, Art. 65). A pichação tem se repetido entre os jovens, tanto das periferias, como aqueles das classes média e alta. Nas cidades, grandes ou pequenas, pode-se notar que em pontos mais frequentados como prédios, praças e muros há marcas de pichadores. O grafite teve seu início na década de 60, em Nova York. A técnica consiste em desenhos feitos em paredes, muros e prédios abandonados com tinta em spray. Essa forma de comunicação visual era usada como protesto contra a ordem social da década, dando início ao movimento, agora mundial, da arte urbana. Hoje, vista como um estilo de vida. No Brasil, o movimento ganhou força em 1970, na cidade de São Paulo. Tanto a cultura hip hop como o grafite nasceram em Nova York na década de 70, nas comunidades jamaicanas, latinas e afro-americanas. Sempre ligado ao hip hop, o grafite brasileiro é considerado um dos melhores do mundo. Atualmente, o grafite é ensinado nas graduações de Artes (bacharelado) na disciplina de Gravura, segundo o professor de Artes, Tiago Klin, 30.

afiistueais de r g o d s e d s modalida idos a partir de ideias v grafiteiro

Gíriaescrsitodr deogrgafitera; fite

Writer: tilo de outro Bite: imitar o es grafiteiro; s unto de grafiteiro Crew: é um conj para pintar ao que se reúnem mesmo tempo; ; tura do grafiteiro Tag: é a assina iniciante; Toy: é o grafiteiro te é praticada a ar Spot: lugar onde do grafite.

Divulgação

Thaís Antunes

Du2 convidou alguns amigos grafiteiros para fazer um crew e dar “uma cor” no Centro Comunitário do Bairro Interlagos, durante evento de finalização de atividades do CJ (Centro da Juventude)


Corrupção na saúde

com os dias contados

Bueno, João Paulo e Vazatta pretendem entregar o relatório final das investigações em maio

Flávia Duarte

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da saúde foi criada em 1934, no Congresso Nacional (na Câmara dos Deputados), com o objetivo de investigar, não podendo aplicar penas. No entanto, ela pode também solicitar quebra de sigilo bancário e conversar com testemunhas... Desde o ano passado, começaram fortes investigações. Alguns “zunzunzuns pra cá, zunzunzuns pra lá” e vieram as denúncias em relação à saúde. Acusações sobre alguns médicos que faziam de conta que iam para o trabalho, mas, na verdade, apenas batiam o cartão ponto e iam atender em seus consultórios particulares, com o objetivo de continuar ganhando do governo municipal seu “extrinha”, no fim do mês... Mas finalmente a CPI iniciou... Foram feitas e registradas mais de 900 denúncias em Cascavel e por causa disso foi criada a CPI, por 21 vereadores da cidade, que escolheram Gugu Bueno, do PR (Partido da República), João Paulo, do PSD (Partido Social Democrático) e Jaime Vazatta, do PTN (Partido Trabalhista Nacional), para investigar os problemas na saúde do município. De acordo com Bueno, presidente da comissão, não se pode dizer nada exato, pois só se tem resultados após o término dos trabalhos práticos. Porém, ele ressaltou que os órgãos de saúde dificultam a fala com familiares de vítimas e

isto acaba afetando o trabalho. Mesmo assim, ele ressaltou: “A presença dos vereadores, membros da CPI às unidades básicas e de emergência, já é fruto dos trabalhos. Era preciso ouvir os usuários e entender o que acontece”. Um dos locais onde as dificuldades são mais visíveis é na UBS (Unidade Básica de Saúde) do Bairro Floresta, que apresenta problemas desde a estrutura ao atendimento. Mesmo assim, o morador Airtom Ramos, que utiliza a Unidade de Saúde ressalta: “Claro que sempre tem fila, mas tem médico, enfermeiras e remédios nunca faltam. O que precisa é dar uma melhoradinha no prédio”. No entanto, para Gugu Bueno é necessário medidas drásticas e rápidas: “Vamos solicitar uma verdadeira perícia da construção. Convocaremos técnicos e engenheiros para avaliar o que pode ser feito, para verificar se deve ser reformada ou construída uma nova estrutura”, declarou. O secretário de Saúde, Reginaldo Andrade, que acompanhou a visita, concordou e disse que o prédio da UBS terá uma atenção redobrada. “Temos projeto para a construção de uma segunda Unidade na região norte e esta aqui será modernizada. Então teremos duas estruturas excelentes para uma das regiões mais populosas de Cascavel”, previu. Em reportagem realizada pela Catve.tv, no mês de fevereiro, a CPI realizou interrogações com

cinco testemunhas, entre elas da doutora Mônica, uma médica que estava afastada do trabalho em Cascavel, mas que, todavia, foi flagrada pela Catve trabalhando em um hospital de Lindoeste. Durante o depoimento, a médica disse que, lá, ela não era remunerada, “pois não tinha nenhum vínculo com o município” e que ia até a cidade “apenas para acompanhar o atendimento de outro profissional”. No mesmo dia, o presidente da Associação Médica de Cascavel, doutor Luiz Amélio Burgarelli, foi convocado para explicar o que seriam os acordos brancos que ele afirmou existir entre médicos e a Secretaria de Saúde. Segundo a reportagem publicada pela Catve.tv, Burgarelli declarou que “até o ano passado, os médicos tinham uma flexibilidade de horários nas Unidades Básicas de Saúde e que havia uma concordância da Secretaria para que isso acontecesse”. Até o momento foram 10 oitivas ouvidas (depoimentos prestados na câmara dos deputados) pelos membros da CPI (Gugu Bueno, João Paulo e Jaime Vazatta) no qual o chefe da 10ª Regional de Saúde de Cascavel, Miroslaw Bailak, relatou em seu depoimento que não há falta de leitos hospitalares na região e sim que existe falha no sistema de regulação. Até maio, os integrantes da CPI pretendem entregar o relatório final das investigações.

Na rede FOTOS: DIVULGAÇÃO

Para acompanhamento de novidades, sugestões e denúncias, os cascavelenses podem acessar os seguintes sites: www.camaracascavel.pr.gov. br/cpidasaude.html (site oficial) e www.facebook. com/cpisaudecascavel (página no facebook).

ECONOMIA 11

abril de 2014

Dose para leão Janaina Teixeira

A maioria dos brasileiros, 70%, acha que não paga impostos. Os outros 30% acreditam que pagam tributos apenas por meio do IPVA (Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores), IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e IRPF (Imposto de Renda sobre a Pessoa Física), segundo uma pesquisa realizada em todo o Brasil, pela Receita Federal. No entanto, não é apenas aí que pagamos impostos. Em tudo o que comemos, vestimos e compramos, pagamos taxas. O mais tradicional e em alta neste momento do ano é o IRPF, conhecido popularmente como leão, sarcasticamente apelidado em 1970, pelo fato de o animal ter uma mordida grande e violenta. Neste ano, a declaração iniciou no dia 6 de março e pode ser feita até o dia 30 deste mês. São obrigadas a declarar renda todas as pessoas que tiveram rendimento tributário acima de R$ 25.661,70 no ano de 2013, entre outros casos, citados na tabela abaixo. O imposto de renda surgiu no século XV, em Florença, e era chamado de decima scalata. Porém, era contabilizado sobre a capitalização e não durou muito tempo. No Brasil, ele foi instituído em 1922, e ao longo do tempo foi mudando, com base nas leis e na forma de cobranças. O IRPF é um tributo cobrado sobre a renda econômica do ano inteiro, a qual é destinada para contribuições de melhorias no país. A comarca de Cascavel, que compõe uma área de abrangência com 94 municípios, espera arrecadar, neste ano, 109 mil declarações. Já o município espera receber 54,7 mil declarações. O delegado e auditor-fiscal de Cascavel, Paulo Sergio Cordeiro Bini, diz que o índice de não declarados é muito pequeno. “Ninguém declara fora do prazo, pelas facilidades. O número não chega a 5% de inadimplentes”. Os brasileiros estão cientes que devem declarar suas rendas. Aqueles que não sabem, devem procurar um contador para se informar, como fez Elisangela Vicari, gerente financeiro. “Fiquei sabendo que eu deveria declarar, por meio de informações que busquei junto a contadores, por causa do valor que recebo de salário”. No entanto, com o auxílio da tecnologia, as pessoas podem buscar informações também no site www.receita.fazenda.gov.br. A declaração é feita por meio do preenchimento de dados, feito em um programa, fornecido pelo site da Receita Federal para download.

Declaração de Ajuste Anual do IRPF 2014 Renda

Gugu Bueno (PR), João Paulo (PSD) e Jaime Vazatta (PTN), integrantes da CPI

Unidade Básica de Saúde do Bairro Floresta

Há 13 anos, a declaração era toda manuscrita. A Receita Federal brasileira foi a primeira do mundo a fazer o imposto eletrônico, ainda quando se usava disquete. Depois, foi a primeira a abolir o papel e já faz dez anos que tudo é feito virtualmente. Nos Estados Unidos, no entanto, 60% das declarações ainda são feitas no papel. Paulo Sergio, delegado e auditor-fiscal, diz que a tecnologia acaba ajudando a sociedade, assim como a receita, principalmente quando se fala em controle. “Hoje, com a informatização, o cerco é muito grande. Informações são encontradas, desde onde a pessoa física comprou, pagou ou recebeu”. Uma das novidades para 2014 é um aplicativo que pode ser baixado nos dispositivos móveis como tablet e smartphones. Além destas inovações, há também a declaração pré-preenchida, chamada de DIRPF (Declaração do Imposto de Renda de Pessoa Física), a qual a Receita disponibiliza para download. Nesta declaração haverá algumas informações de rendimentos, deduções, bens, direitos, dívidas e ônus reais dos contribuintes que possuem certificação digital ou para representantes com procuração eletrônica.

ar declar e r a iz ue organ plica q em se x b e a s la e s e lisang e todo nda? E longo do ano erá qu s e r , s e a d M melia s ao posto ai s paga eclaradas. A prio im a ó s r e a dia v p p s u ia d e d r d e o s o se s n a e todas podem nta qu s, dentistas, arquiva para as que sentada, co o édico l se apo s de m caminho tud s a t o no fina , professora n s n a e , a n a ça e so ast a mud ois dis o Beltram o em uma p p e id v D “ e nd tros. zes, d arquiva , renda e ou . Às ve mentos”. e d a o id rio bil s docu cro obtidos a o r do aviá rio de conta t u o ou lu ritó ás de ao esc o ir atr dos renda e/ que envolvam dos is c e r p , ra s, ga das leis em ser decla sim os gasto scais, empre ndo s fi a ev da s , u D r centivo 24 anos est er anterio in o , n is a é s é o u t longo d , saúde, alug - filhos de a Kunz, podem o s ção ndente tador Claudir em todas sã educa n s depe n , u o e e m c s õ s é o e com condiç s. “Por gundo r a e e s t S e . a p s sa precis ração ras de e espo mbém a decla os os inúme a n t s r a e a t d a m in tod i infor ntribu declar im, com mada s. O co astos que va s s a A iv t . ” u ded a cha os g fiscais provar notas a cair n as que it m e v o s e c o e le d e so ecib mãos, de pes do do io de r por me tos certos em de o número te esse perío en ran udir. duran Condições docum a. “Ainda é g nta Cla tábeis o n c o , c ” n - recebeu rendimentos tributáveis, sujeitos ao ajuste na declaração, cuja soma s a fi triplic ritório malha anual foi superior a R$ 25.661,70; dores os esc a t m n a o r c u - recebeu rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na proc o dos rabalh t O fonte, cuja soma foi superior a R$ 40.000,00. . o an

Pessoas obrigadas a apresentar a Critérios

Ganho de capital e operações - obteve, em qualquer mês, ganho de capital na alienação de bens ou direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em bolsas de valores, de em bolsa de valores mercadorias, de futuros e assemelhadas; - optou pela isenção do imposto sobre a renda incidente sobre o ganho de capital auferido na venda de imóveis residenciais, cujo produto da venda seja destinado à aplicação na aquisição de imóveis residenciais localizados no País, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da celebração do contrato de venda, nos termos do art. 39 da Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005. - relativamente à atividade rural: Atividade rural a) obteve receita bruta anual em valor superior a R$ 128.308,50 ; b) pretenda compensar, no ano-calendário de 2013 ou posteriores, prejuízos de anos-calendário anteriores ou do próprio ano-calendário de 2013. - teve a posse ou a propriedade, em 31 de dezembro de 2013, de bens ou Bens e direitos direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 300.000,00. Condição de residente no Brasil - passou à condição de residente no Brasil em qualquer mês e nessa condição se encontrava em 31 de dezembro de 2013. Fonte: www.receita.fazenda.gov.br

Uma das novidades é um aplicativo que pode ser baixado nos dispositivos móveis como tablet smartphones

P

abril de 2014

to n e m a lanej

SAÚDE

Evolução e tecnologia

10

A carga tributária no Brasil é de 32%, enquanto na Alemanha é de 60%, no entanto, os alemães sabem exatamente onde o dinheiro é investido e usufruem dele


Lago Novo atrai olhares para Toledo

FOTOS: Ricardo

Oliveira

Ricardo Oliveira

nico do Parque O Jardim Botâ

Crianças aproveitam o escorregador em formato de tubo

Se você está cansado dos finais de semana tumultuados nos shoppings, praças e lagos de Cascavel ou Toledo, ou está procurando um local de lazer diferente na região Oeste do Paraná, você tem uma nova opção. Inaugurado em 2011, o Parque do Povo Cláudio Luiz Hoffmann ou popularmente conhecido como “Lago Novo”, em Toledo, atrai olhares e pessoas de todos os cantos do Brasil por sua grandiosidade e beleza. A área fica às margens da PRT 467 e segue o prolongamento da Rua 13 de abril, na Vila Industrial, região norte da cidade. O espaço conta com pistas de caminhada, deck (caminhos feitos de tábuas para delimitar áreas no jardim), cascatas, banheiros, fontes de água e um amplo espaço arborizado para descanso e leitura. A obra, que tem 14,2 alqueires, necessitou de um investimento de R$ 5,3 milhões por meio da captação de recursos federais e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Assim, foram aliados desenvolvimento e preservação ambiental. José Carlos Schiavinato, ex-prefeito da cidade e executor da obra, revela que o objetivo principal do projeto foi criar um local ambientalmente correto para resgatar a participação das famílias em espaços públicos. “O parque urbano fortalece e une as pessoas. Parece que deu certo”, enfatiza José Carlos. Para ele, a criação do Parque do Povo Claudio Luiz Hoffmann ajudou em vários aspectos econômicos, assim como a valorização da região norte de Toledo. “Isso proporcionou para a cidade um ganho de capital incalculável. Além das pessoas que residem nas proximidades, aquelas que habitam a parte norte do município também estão frequentando. Isso foi excelente”.

Parque do Povo é nova opção de lazer do Oeste paranaense

abril de 2014 Os moradores aprovam o local. O fotógrafo César Silva, 39, conta que vai ao Parque do Povo, pelo menos duas ou três vezes por mês, para andar de bicicleta com os filhos e sobrinho. “Nos demais finais de semana eu costumo ir ao Lago Municipal de Toledo e ao kartódromo, o qual foi desativado e se transformou em um local de lazer aqui na cidade”. No entanto, não são apenas os paranaenses da região que se encantam com o Parque do Povo. Quem vem de longe se surpreende com a obra. No dia em que o Unifatos foi a campo para conferir as belezas do local, o paulista Rafael Diemerson, 20, estava por lá e diz que gostou: “É um espaço muito bonito, bem familiar”. O toledano Ubirajara Ferreira, 40, ressalta a importância de cuidar da saúde e alia o bem-estar a espaços como o parque urbano. “Toledo precisava de lugares como esse para as famílias passearem aos finais de semana. Aqui é bom, porque cada vez mais as pessoas procuram ser saudáveis e procuram espaços como esse para cuidar da saúde”. Ferreira já residiu em Cascavel por seis anos e compara o Lago Municipal de Cascavel ao Parque do Povo. “Os dois precisam de policiamento, porque muitas pessoas que procuram uma melhor qualidade de vida saem à noite para se exercitar, e aqui, por ser ‘retirado’ fica complicado quando escurece. Precisamos também de lanchonetes, aqui no Lago Novo”, ressalta. O projeto original do parque urbano não contempla a implantação de lanchonetes ou qualquer outro tipo de quiosques, pois visa o desenvolvimento consciente e a preservação ambiental. Além desse aspecto, grande parte dos entrevistados acredita que o espaço precise apenas de iluminação durante a noite, pois pessoas más intencionadas vandalizam o local durante esse período. A pedagoga Lúcia Vieira, 40, é enfática em relação à área de lazer: “Toda a população de Toledo gosta do Parque do Povo”. Lúcia, ao contrário dos demais entrevistados, não concorda com a iluminação do local no fim do dia. “Acredito que a iluminação será instalada, pois está no projeto. Porém, a Prefeitura poderá criar novos problemas iluminando esse local durante a noite”.

ESPORTE

abril de 2014

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

CARTÃO POSTAL

Comunidade avalia iniciativa

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Kangoo jumps

auxilia a alcançar o corpo perfeito

Salte os quilinhos a mais e todos os obstáculos para uma vida saudável

Rebeca Branco

Abdômen definido, coxas, glúteos e braços tonificados, resistência cardiorrespiratória, força muscular, equilíbrio, coordenação motora, articulação resistente e nada de celulite. O cenário de uma saúde perfeita já lembra o cansaço do esforço para conquistála. Mas nem tudo é enfado quando se refere a uma vida saudável. Uma nova modalidade esportiva promete queimar até 700 calorias em 40 minutos de diversão. Diversão, porque exercitar-se é prazeroso quando o assunto é o kangoo jumps. O esporte saiu da Europa e atravessou o Atlântico num pulo. Chegou nos grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo, mas em alguns saltos já chegou a Cascavel. Aqui no Oeste, ainda, timidamente os pulos percorrem geralmente o Lago Municipal de Cascavel e atraem cada vez mais adeptos. “Foi amor à primeira vista. Logo que conheci o produto, tive interesse pelos benefícios e comecei a praticar”, enfatiza Ana Paula Holdeffer, 33, que pratica kangoo jumps três vezes por semana. Ana costuma ir ao Lago Municipal, local onde a maioria dos praticantes se exercita, pois na cidade ainda não há academias que usem o aparelho para aulas aeróbicas. No entanto, para quem tem interesse, sempre há alguém para orientar. “Inicialmente o esporte deve ser praticado três vezes por semana, até que a musculatura se acostume com o exercício, que é considerado de alto impacto. Porém, conforme a resistência do praticante aumenta, ele pode utilizar o Kangoo sempre que quiser”, afirma a personal trainer Vanice Dias, que há dez anos dá aulas de Educação Física e recomenda a “prática do pulo”. De acordo com Vanice, o kangoo jumps é como uma drenagem linfática e queima calorias como uma aula de jump, por exemplo. No entanto, é preciso ter cuidados, pois não são todos que podem praticar o exercício sem uma avaliação médica. “O Kangoo Jump amortece até 70% do impacto no chão, mas mesmo assim pode danificar regiões como joelho e tornozelo,

caso esses já estejam danificados”, lembra a personal, que ressalta a importância de uma avaliação médica antes do exercício. Como uma drenagem linfática o exercício ajuda na melhora do sistema respiratório, entre outros benefícios, como o fim das celulites, o que é adorado pelas mulheres. Sobre isso, Ana comenta: “No começo eu tinha muita dificuldade no controle da minha respiração e com o esporte isso melhorou consideravelmente, além de diminuir muito as celulites e fortalecer meus glúteos e pernas”, exalta, satisfeita, a praticante que precisou de mais de duas semanas para se adaptar a correr com molas nos pés. Ana comentou sobre a falta de praticantes em Cascavel, pois em outras cidades várias pessoas se reúnem e praticam juntos o kangoo jumps, os chamados de “kangoozeiros”. Em Cascavel, Ana criou um grupo no Facebook em que os kangoozeiros combinam o local e horário de prática. A página se chama “Kangoozeiros Cascavel”. Os resultados podem ser rápidos se aliados a uma alimentação saudável. Ana, que já tinha uma alimentação balanceada, perdeu medidas e percebeu o fortalecimento dos músculos e aumento da resistência respiratória logo nas duas primeiras semanas, assim como a diminuição significativa de celulites e quilinhos indesejados. Mas usufruir dos benefícios torna-se mais difícil se a alimentação for desregrada. Sobre isso a nutricionista Raquel Eckert comenta: “Cerca de 40 minutos antes do exercício físico é preciso ingerir carboidratos. Uma hora depois é preciso ingerir proteínas”. Raquel lembra que a hidratação é fundamental quando se pratica exercício físico, para isso, água, isotônicos ou água de coco são ideais. No entanto, o exercício exige esforço e dedicação, além de uma boa quantia para investimento. As botas custam de R$ 700 a R$ 1.500 e podem ser compradas pela internet. Vale lembrar que o kangoo jump é utilizado em tratamentos de fisioterapeutas e ortopedistas e até em tratamentos pós-cirúrgicos.

Os primeiros pulos

A criação do kangoo jumps começou na Europa. No século XX, um calçado com baixo impacto foi desenvolvido para ajudar na reabilitação de lesões musculares e nos ossos. O calçado começou a ser usado no cotidiano como aparelho de prática esportiva, ganhando sucesso pouco tempo depois no Canadá e Japão. A partir daí, o esporte começou a difundir-se pelo mundo. No entanto, o calçado só se tornou kangoo jumps, após 13 anos de pesquisa. O engenheiro suíço Denis Naville, em 1945, desenvolveu o calçado de forma mais confortável, com design e qualidade. O aparelho passa a ser indicado a pessoas de sete a 90 anos. O kangoo jumps chegou ao Brasil de maneira tímida, mas se popularizou rapidamente com a utilização desse equipamento em caminhadas, em locais famosos como a orla de Copacabana. Em 2009 ganhou destaque, quando atletas trocaram os tênis pelo aparelho na famosa corrida de São Silvestre. O fato aconteceu na 87° edição da tradicional competição. O kangoo chegou em Cascavel, por meio da divulgação em redes sociais.


EDUCAÇÃO

abril de 2014

“Antes tarde do que nunca”

Teen Wolf traz Comédia clássica dos anos 80 serve de base para criação de seriado de lobisomens

Josué Bento Pereira, 86, mostra que sempre é tempo de estudar, evangelizar e ajudar o próximo

Walkiria Zanatta

simples e clichê da primeira temporada foi superado nas duas outras, que conseguem equilibrar a clássica história de lobisomens com mitologias celtas e japonesas, trazendo criaturas que fogem do convencional e dos clichês hollywoodianos. Vale lembrar que a série é inspirada numa comédia clássica dos anos 80, estrelada por Michael J. Fox, com o mesmo nome da série e traduzido para O Garoto do Futuro. Diferente do longa-metragem, o seriado traz um drama sobrenatural. O reboot, criado por Jeff Davis, mantém os personagens principais, expondo como Scott McCall, o ator Tyler Posey, que faz um estudante que é mordido por um lobisomem enquanto andava pela floresta, mas que tenta seguir normalmente sua vida. O rapaz mantém sua segunda natureza escondida de todos, menos de seu amigo “Stiles” Stilinski, atuado por Dylan O’Bryan. Ele é quem ajuda Scott, junto a um misterioso lobisomem, chamado Derek Hale, atuado por Tyler Hoechlin. Nas segunda e terceira temporadas são introduzidos seres da mitologia celta, como o kanima, a banshee, o druida e o darach, que representam respectivamente uma criatura reptiliana surgida da mordida de um licantropo, fadas, seres que conduziam rituais e um druida do mal. Também estão presentes seres da mitologia japonesa como onis, kitsune e void, que representam demônios, raposas de nove caudas e um kitsune maligno. Para a felicidade dos fãs, a série foi renovada para a quarta temporada. Qual será o rumo de Teen Wolf? Só assistindo...

Informações

Jéssica de Araújo

Engolido pelas sombras e pela escuridão das árvores cada vez mais próximas, a falta de ar era aparente e só piorava. A respiração ofegante, o som das folhas secas e a brisa fria causavam um arrepio horrível. A lua cheia e imponente iluminava certos pontos, mas não era o suficiente, então, em meio ao desespero, correu. Um grunhido incomum de súbito o fez parar. No peito, o coração quase saia pela boca. O suor escorria pelas têmporas e sua mente implorava para correr, mas seu corpo não obedecia. O farfalhar das folhas das copas das árvores desta vez foi maior e mais pavoroso. Algo corria em meio à floresta, talvez fosse o que acabara de uivar. Então, sem direção e movido pelo medo, correu, o mais rápido que pôde. Árvores, folhas, galhos, pedras, pequenos animais escondidos, um passo após o outro. Olhava para trás e sequer via para onde estava indo. Uma pedra. Tropeçou e caiu. O tombo causou um estrondo seco que fez a floresta silenciar e apenas sua respiração ofegante era ouvida em alto e bom som. Olhou para os lados e percebeu que caíra uma calma perturbadora e seu subconsciente sabia que algo ruim iria acontecer... O que ocorreu a seguir foi uma sequência de flashes e confusão. Não conseguia entender o que acontecera, mas seu braço estava mordido e sangrando. Quem nunca ouviu uma história de lobisomens? Estes seres fictícios possuem origem incerta. Alguns dizem que são da mitologia grega, outros da Europa, mas independente, eles têm assombrado e participado de filmes e livros há anos, atiçando o mais profundo imaginário humano. Um seriado que aborda o tema em questão é Teen Wolf. O roteiro

O Garoto do Futuro, longa dos anos 80, inspirou a série Teen Wolf

Opiniões

Durante o dia Josué trabalha para o povo, à noite, estuda. Está lutando para se formar

“O estudo é o maior tesouro que temos”

15

o Garoto do Futuro

Jéssica de Araújo

Passando pela praça, alguns “velhinhos”, sentados embaixo de uma sombra, jogam baralho. O sorriso sincero e com gostinho de paz e sossego não surpreende. A aposentadoria traz o tão esperado descanso, depois de anos de trabalho. Josué Bento Pereira, 86, no entanto, não se inclui nesse meio de aposentados que gozam da calmaria da terceira idade. Além de estar estudando, o aposentado com espírito de jovem, faz trabalhos voluntários, visitando doentes, todas quintas e sextasfeiras, no Bairro Floresta, onde mora. Josué é viúvo, tem cinco filhos, uma já falecida. Foi agricultor e cabeleireiro. Hoje, seu trabalho chama-se solidariedade. “Comecei a ajudar as pessoas em 1974 e até hoje visito doentes. Quero confortá-los. Nas visitas, fazemos uma oração e, assim, posso levar a eucaristia”, explica o obreiro católico, que celebra cultos e realiza novenas em casas de família. “Minha preocupação maior é com os doentes e com as famílias”, inquieta-se. Durante o dia, Josué trabalha para o povo, à noite, estuda. Está lutando para se formar. É feliz como nunca e a idade não o atrapalha nos seus trabalhos de evangelização. Segundo Josué ele tem uma saúde invejável, pois ficou internado apenas três vezes até hoje. Com um sorriso sincero, olhos brilhando, em voz alta completa: “Meus doentes são mais importantes que qualquer outra coisa”. Antes, o aposentado se dedicava ao trabalho voluntário todos os dias. Hoje, no entanto, por causa da idade já um pouco avançada, ele prefere tirar alguns dias para descansar. “Faz apenas cinco meses que parei de cortar os cabelos dos doentes. Era rotina, ia nas casas, cortava cabelos e aparava barbas, além de orar e levar a eucaristia. Parei de cortar cabelos e barbas porque comecei a tremer e por medo de machucar alguém”, conta Josué. Alguns anos atrás, Josué também se dedicava às crianças que estudam no colégio do bairro Floresta. Uma vez por semana ia para conversar com elas sobre a palavra de Deus e sobre a importância do estudo, mostrando-lhes o valor que a escola tem na vida de cada um. “O estudo é o maior tesouro que temos”, ressalta Josué, que acredita fielmente nesta frase. Josué, que vai completar a 7ª série, se interessou pelos estudos devido à vontade de ler e compreender a bíblia sagrada. “Meu desejo é completar o segundo grau. O estudo é a coisa mais valiosa que existe. Se a minha condição financeira permitir, quero continuar estudando. Não quero parar por aí não...”, enfatiza, lembrando que já fez 160 horas de curso de Teologia, onde aprendeu tudo o que sabe sobre a palavra de Deus. Ele encerra: “O jovem quer tudo na mão, mas Deus nos deu a capacidade de trabalhar, estudar e de ter um futuro bom. Minha maior felicidade foi aprender a ler. Agora, eu consigo ler para meus doentes. O melhor presente que um pai pode dar a um filho é o estudo. Eu não estudei quando era pequeno porque tive que trabalhar na roça. Mesmo assim, hoje, estou indo todos os dias à aula. Vou me formar. Vou provar que nunca é tarde demais para aprender e buscar o conhecimento. Pessoa parada é pessoa morta e eu quero continuar vivo por muitos anos. Então, não vou ficar parado!”.

inDICA

abril de 2014 FOTOS: DIVULGAÇÃO

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Duração: 40 minutos Criador: Jeff Davis Elenco: Tyler Posey, Crystal Reed, Dylan O'Brien, Tyler Hoechlin, Holland Roden País de origem: Estados Unidos Diretor: Marty Adelstein Produtora: Monica Macer

assistir “Eu achei legal. Parei de ma s, s voltarei a porque perdi uns episódio um remake, mas ver. Eu sabia que era tipo ha o J. Fox”, Maycon não sabia que o filme tin André, 21, estudante.

“Eu não gostei muito do filme Teen Wolf, com Michael J. Fox. Acho que a tecnologia da época não aj udou muito. Já o seriado, prende a atençã o, é diferente de outros seriados, pois vo cê não sabe o qu e vai acontecer, prin cipalmente na te rc ei ra temporada”, Jé ssica Aparecida, 16, estudante.

Teen Wolf, uma série que mistura e equilibra a clássica história de lobisomens com mitologias celta e japonesa.


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CLICK

abril de 2014 FOTOS: RICARDO POHL

Professor Edilson Miranda, ministrando aula para o terceiro ano de Administração

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ito e Contábei

Dire professora de Diocleide Silva,

Ner y de Mello Mayelli Viana, alismo rn do curso de Jo

liana Voigt e A professora Ju

(Parangolé) e

legas

Paula Buss, co

Júlio e Carlos, colegas do primeiro ano de Tads (Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas)

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aiane Har tman

a secretária D

Júlio, Adriano, Anderson e Bruno, estudantes de Direito


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