Unifatos 2015 - 7ª Edição

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Cense II A diretora da instituição, Suzana Segala Menegaz, 48, psicóloga, que trabalha há dez anos no local, explica os métodos de p. 3 aprendizado dentro da unidade.

Férias Neste fim de ano o número de turistas nas praias tende a diminuir devido à crise financeira, segundo o ministério do turismo. Parques p. 11 aquáticos são opções na reigão Oeste.

Ecologia

Casal cascavelense transforma móveis antigos e objetos que iriam para lixo em móveis rústicos e objetos decorativos. Confira uma paixão que começou há oito anos. p. 13

Jornal-laboratório elaborado pelo 3º ano do curso de Jornalismo da Univel - ano XIV - edição 72 - novembro de 2015

MATHEUS ROCH

Jaquetas de couro, tachas, botas altas, jeans e óculos escuros são apenas algumas peças que fazem parte dessa moda. Em Cascavel, o mercado de consumo desse estilo vem se desenvolvendo

e crescendo continuamente. Lojas com esta segmentação são cada dia mais comuns, promovendo inúmeras opções e contribuindo para a economia local. p. 6 e 7

sem medo da crise

Um assunto muito comentado atualmente é o pessimismo com relação à crise econômica. Enquanto algumas pessoas reclamam e fecham comércios, outras aproveitam esse período e veem na gastronomia uma oportunidade de crescimento, principalmente com cafeterias e confeitarias.

p. 8 e 9 ADILSON ANDERLE

estilo rock

Empreendedores

Eles dizem sim à qualidade de vida

RENAN LORENZATTO

Cascavelenses investem no

O pilates surgiu na Primeira Guerra Mundial para reabilitar feridos. Hoje, homens precisam enfrentar a ignorância de muitas pessoas para praticá-lo.

p. 4 e 5


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OPINIÃO

Nova geração do jornalismo Camila Juviak

O que você vai ser quando crescer? Grande, dizem as crianças. Aliás, aposto que muitos de nós demos essa mesma resposta há alguns anos, quando também aspirávamos uma carreira amável. Quando pequenos, portávamos qualquer instrumento que fosse semelhante ou que substituísse um microfone para que, então, entrevistássemos os pais, avós, tios e quem estivesse pela frente. A brincadeira de criança virou coisa séria. Jovens jornalistas em formação, porém com responsabilidades e competência de grandes profissionais. Em meio a tantas pautas, leads, corre corre para tirar foto, diagramar, fazer o fechamento do Unifatos, gravar a passagem para o telejornal, tentar acertar de primeira o ao vivo, fazer o roteiro (você disse roteiro? CADÊ O ROTEIRO?), entrevistar quantas fontes precisar, terminar de editar aquela matéria, nós já vamos entrar no ar, corre, OLHA O DEAD LINE! (assim chamamos a hora da verdade, quando não temos para onde correr). Confessamos que não há nada mais agradável do que a adrenalina jornalística. Para jornalistas iniciantes, assim como nós, Gabriel García Marquez destaca: “Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte”. Nós somos a nova geração da imprensa, a geração que nasceu com dinamismo, criatividade, inovação e, sobretudo, curiosidade pulsando nas veias. A paixão pela profissão está cada vez mais presente. O entusiasmo e a dedicação de jovens que respiram jornalismo as 24 horas de cada dia, 365 dias ao ano. A geração que não se conforma facilmente e que desiste menos ainda. Os novos jornalistas estão chegando para renovar o modo de noticiar, mas sem perder a essência do velho e bom jornalismo, que é informar com precisão.

novembro de 2015

Grafite!

Uma arte! Evelyn Antônio

Ao passar próximo ao muro com dois jovens grafitando, ouvi alguém dizer: “Olha! Estão pichando o muro!”. Eu quase que instantaneamente respondi: “Isso não é pichação, é arte, é grafite!”. Quem nos acompanha sabe que as nossas colegas Ellen Santos e Patrícia Cordeiro já publicaram, nesse jornal, uma matéria sobre esse mesmo assunto para esclarecer esse aspecto, mas infelizmente o preconceito ainda é muito grande. Você algum dia já parou para analisar a diferença entre essas duas formas de expressão? Existe uma pequena (grande) diferença em se comunicar por meio de pinturas em muros de colégio, casas e até prédios, ao invés de depredá-los. Rabiscos “quase” ilegíveis são totalmente diferentes dessa arte. Se expressar por meio de uma arte. Trazer a realidade vivida naquela comunidade por meio de desenhos. Algumas pessoas realizam projetos sociais para tirar crianças das ruas pela diversão, descobrindo que é possível fazer arte com um spray e algumas técnicas, colorindo o mundo, colorindo a vida das pessoas que passam e veem uma legítima obra de arte. Abrir a mente significa se doar para o outro, direta ou indiretamente. A partir do momento que começamos a olhar as coisas com outros olhos, deixamos todo aquele rancor de fora, despertamos para algo além do que está ali na nossa frente e tapamos o significado. Ao abrir a mente, abrimos o nosso entendimento para dias melhores. EVELYN ANTÔNIO

Expediente Univel (União Educacional de Cascavel) - Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Avenida Tito Muffato, 2317 - Bairro Santa Cruz. CEP: 85.806-080 - Cascavel - Paraná. Telefone: (45) 3036-3636. Diretor-geral: Adriano Coelho. Unifatos. Jornal-laboratório elaborado na disciplina de Técnicas de Reportagem, Entrevista e Pesquisa III do curso de Jornalismo. Coordenadora: Patrícia Duarte. Professora orientadora: Wânia Beloni. Acadêmicos (textos, fotos, diagramação e paginação): Adilson Anderle Junior, Alice de Oliveira, Aline Libera Mayer Arriola, Amanda Valeska Cieslak, Ana Claudia Dembinski Kaminski, Ana Talita da Rosa Bonadimann, Anderson Leal da Silva, Andressa Barbon Gimenez, Beatriz Helena da Silva, Camila Juviak dos Santos, Deisy Antoniele Guedes Mayer, Diego Ubiratan Caetano, Ellen Bruna dos Santos, Evelyn Rafaeli de Oliveira Antonio, Graziele Rodrigues de Oliveira da Silva, Juliana Aparecida de Jesus Gregozewski, Lohana Larissa Mariano Civiero, Maiara Coelho, Matheus Vieira Rocha, Pamella Dayani dos Santos, Patrícia Cordeiro da Silva, Rafaela Ghelfond Bacaltcuk, Renan Cesar Alves, Renan Fabrício Lorenzatto da Silva e Wellen Fernanda Reinhold. Tiragem: 1 mil exemplares. Impressão: Jornal O Paraná. E-mail para contato: unifatos@univel.br


EDUCAÇÃO

novembro de 2015

Educação,

eu tenho direito sim!

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FOTOS: ANDRESSA GIMENEZ

Crianças e adolescentes recebem apoio no Cense II

Andressa Gimenez e Amanda Cieslak Artes produzidas pelos alunos

Há quem diga que a educação não passa de uma obrigação. Entretanto, ela é capaz de transformar a vida das pessoas, dando oportunidades e novos rumos. Além de ser um direito a crianças e adolescentes, a educação é também uma obrigação das entidades responsáveis (Art. 53 do Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8069/90) e esse direito não se torna exceção quando nos referimos a adolescentes em conflito com a lei. Para colocar esse direito em prática é que o Cense (Centro de Socioeducação) II surgiu em Cascavel. A diretora da instituição, Suzana Segala Menegaz, 48, psicóloga, que trabalha há dez anos no local, explica os métodos de aprendizado dentro da unidade. “Aqui eles estudam pelo EJA (Educação de Jovens e Adultos), como se estivessem estudando lá fora pelo Ceebeja (Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos), de forma individual. O adolescente frequenta até quatro disciplinas com vinte horas semanais, sendo que metade dos alunos estuda na parte da manhã e a outra metade estuda à tarde. Além disso, no contra turno, eles fazem cursos profissionalizantes, atividades de lazer e esporte”, detalha a diretora. O esforço dentro da unidade é o mesmo e o aluno tem que se dedicar todos os dias aos estudos para poder ficar acima da média. “É a média normal, seis. Os professores passam trabalhos, provas, fazem revisão. O aluno tem que estudar como lá fora”, afirma a coordenadora da unidade. Muitos meninos chegam até o Cense II quando já estão há algum tempo fora da escola e têm até alguns que nem alfabetizados são ainda. Por isso, uma pesquisa de escolarização é necessária para começar o processo de ensinamento ao adolescente. A pedagoga Daniela Zanelatto, 40, que trabalha há sete anos no Cense II, comenta como funciona o nivelamento dos meninos: “Quando o jovem chega aqui e já vem matriculado de uma escola regular, nós mantemos essa matrícula dele. Ele vai ter os livros que são usados na escola. Nós vamos fazer as provas, as atividades e os trabalhos e encaminhar pra escola regular da qual ele é vinculado. Mas se ele não possuir nenhuma matrícula, vai continuar conforme o período que parou, mas antes de dar continuidade ao aprendizado nós fazemos uma busca no histórico escolar para ver seus últimos registros. Assim, no momento que sair daqui, ele poderá continuar de onde parou, sem prejudicar o andamento educacional dele”, explica a pedagoga. Quando o adolescente chega à unidade sem ter o correto envolvimento com a rotina escolar, ele já começa a sentir desde o início as dificuldades.

Daniela conta as principais dificuldades no momento de inserir o adolescente na sala de aula: “Nós temos alunos com muita defasagem, que passaram muito tempo fora da escola, então, nós temos que incentivá-los. Quem está sem estudar há muito tempo não tem aquele andamento que o aluno que vai todo o dia pra escola tem. Então, tem todo o trabalho de incentivo, de fazer ele realmente perceber que não é só aqui que precisa estudar, que ele pode continuar”, explica ela. Os adolescentes podem participar também de diversos cursos profissionalizantes, como de montagem e manutenção de computadores, panificação e recepção e atendimento, além dos que foram incluídos no mês de outubro, disponibilizados pelo Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) e ministrados pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), que são de eletro automotiva e operador de computador. Rotina de leitura e uma disciplina de estudos são essenciais. Suzana conta que comprometimento não falta para os meninos que têm disponíveis livros e momentos oferecidos para realizarem atividades deixadas pelos professores. “Nós temos uma biblioteca dentro da unidade onde o adolescente pode pegar um livro ou fazer suas tarefas de sala de aula, além de poder ficar com o livro que escolheu dentro do alojamento”, explica a diretora do Cense II. No entanto, é importante ressaltar que apesar de acesso a todos os materiais necessários para o desenvolvimento das atividades, o adolescente recebe um acompanhamento de segurança, pois todas as ações com os meninos desenvolvidas dentro da unidade são acompanhadas por um responsável. O educador social Henrique Lopes, 31, detalha sobre o acompanhamento dos rapazes. “A educação é muito importante, além de ser um direito desses meninos. Mas não podemos esquecer que eles estão aqui para cumprir medidas socioeducativas que estão privados de liberdade e isso exige acompanhamento. Ter a liberdade restringida é difícil, por isso toda a atenção é fundamental para a segurança”, afirma Henrique. “Adolescência é uma etapa intermediária do desenvolvimento humano, entre a infância e a fase adulta. Este período é marcado por diversas transformações corporais, hormonais e até mesmo comportamentais. Se eles ficaram à margem ou fora do processo educacional por inúmeros motivos quando eles estavam fora, quando estão aqui eles têm que ter esse retorno. Então a educação para ele é primordial para que tenha uma nova visão de mundo, mudança de comportamento e isso pode acontecer somente por meio da educação”, finaliza a pedagoga Daniela.

EducAÇÃO Nem deu polêmica,

imagina!

Camila Juviak*

Como já de costume, em meados de outubro e novembro de todos os anos, milhares de alunos vão às salas de aula para a realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Podia ser uma prova como qualquer outra, porém, teve de tudo, desde o show dos atrasados assistidos de camarote por quem levou cerveja e energético para rir da desgraça alheia, até revolta nas redes sociais por conta do tema da redação. A primeira questão da prova trouxe a feminista Simone de Beauvoir com sua frase retirada do livro O segundo sexo, em que diz, “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”. Pronto. Esse foi o estopim para discussões cheias de argumentos nas redes sociais, mas também de briguinhas vazias. Tudo podia correr normal com um tema de redação, já que ela é voltada para as causas sociais do país. A revolta de alguns e a felicidade de outros foi de que o texto deveria ser escrito sobre, “A persistência da violência contra mulher na sociedade brasileira”. Não é se há ou não a violência, é persistência dela, caro leitor. Não é questão de o Enem ser feminista, aliás, a questão é apenas quebrar a hierarquia entre os gêneros, resultando na igualdade entre homem e mulher, apenas. Esse ano o Enem não ensinou que machistas não passarão, e sim que, é preciso aprender ser gente para entrar em uma universidade, já as pessoas de mente pequena, ah, essas não passarão. *Camila Juviak é acadêmica do 3º ano de Jornalismo, apaixonada pela escrita e pela literatura.


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ESPORTE

novembro de 2015

Homens driblam

preconceito com pilates Lohana Larissa e Renan Lorenzatto

FOTOS: DIVULGAÇÃO

A técnica surgiu na Primeira Guerra Mundial para reabilitar feridos. Hoje, eles precisam enfrentar a ignorância de muitas pessoas para praticá-lo

O método pilates foi desenvolvido pelo alemão Joseph Hubertus Pilates, durante seu aprisionamento por autoridades britânicas, no início da Primeira Guerra Mundial em 1914. Aproveitando a situação, Pilates começou a desenvolver ideias e técnicas de condicionamento do corpo e da mente em colegas do confinamento e também em HOMENS que chegavam feridos da Guerra. Tais técnicas serviam para ajudá-los, e assim, reabilitá-los. Quando Pilates foi deslocado para outro campo de concentração, fazia serviços de enfermagem e continuou seus estudos; ele utilizava a resistência das molas da cama, como equipamentos para reabilitação de pacientes, de maneira que os músculos fossem fortalecidos, antes de eles se levantarem da cama. Além das molas, outros artefatos eram utilizados por Pilates, como cintos, lastros que foram um molde para os equipamentos utilizados atualmente. Não sei se você percebeu a palavra “homem” em destaque no parágrafo acima. Talvez ela tenha passado despercebida, sem chamar muito a atenção. Afinal, muitos julgam o pilates como uma prática que apenas mulheres podem fazer. Há quem diga, inclusive, que o homem que faz pilates é “afeminado”. Mas, qual o sentido de se dizer isso, se lá no começo essa técnica foi criada justamente para ajudar HOMENS que sofriam após a guerra? As pessoas que praticam o pilates têm diversos benefícios, uma vez que é uma atividade para todo o corpo, trabalhando a postura, alongamento, equilíbrio, força muscular, coordenação motora... Como no tempo de guerra, o pilates é também uma forma de reabilitação. A fisioterapeuta e proprietária de um estúdio de pilates, Priscila Coradini Corrêa Richetti, 26, conta que é muito raro quem procura o método antes de ter uma dor: “A maioria das pessoas que temos aqui no estúdio veio por indicação. Já tinha uma hérnia de disco, um problema no joelho, no ombro… É difícil quem vem para prevenir uma patologia na coluna, para ter uma melhor qualidade de vida”. Além da reabilitação, o pilates é uma forma de trabalhar o fitness, a

questão de definição muscular. Para se ter uma ideia, no estúdio de pilates da fisioterapeuta, apenas 10% dos alunos são homens. “De uns tempos para cá, vem aumentado. As esposas têm conseguido trazer os maridos, há mais artigos, mais publicação a respeito. O pessoal tem se informado mais e também por indicação médica. Mas, ainda é pouco comparado ao público feminino”, frisa Priscila. Segundo a fisioterapeuta, o que afasta o homem do pilates é também a imagem que a mídia faz do método: “Acho que a maioria do preconceito é pela falta de informação. Os homens que fazem o tratamento, vão percebendo que essa atividade não é só para mulheres”. Há algum tempo a mídia e as pessoas em geral vêm tratando o pilates como uma prática feminina, fazendo com que se algum homem opte por fazer pilates, o mesmo sofra algum tipo de recriminação, ainda que em formas de brincadeiras. Estamos em 2015 e isso, aos poucos, vem mudando. Hoje já se vê vários homens que praticam o pilates, que não ligam mais para o preconceito e ainda indicam o esporte para amigos e conhecidos. Um desses homens é Henrique Andriolo, 54, que depois de muito esforço de sua esposa, acabou se rendendo à técnica do pilates. Henrique admite que tinha muita resistência no começo, mas chegou uma hora em que a dor no braço era tanta, que teve que deixar o preconceito de lado e procurar ajuda. “Eu não sabia como funcionava. Foi mais por ignorância mesmo. O pessoal acha, por exemplo, que fazer um exercício de pilates é mais leve do que ir à academia. Você tem que sustentar o próprio corpo nos braços, nas pernas, então a coisa não é bem assim”, explica ele. Henrique frequenta as aulas de pilates há oito meses. O braço, que antes não conseguia esticar, melhorou, e se sente até mais disposto hoje em dia. “Eu não tenho mais dores no corpo como antes”, conta alegre. E aquele preconceito bobo que ele mesmo tinha lá no início, acabou indo embora junto com as dores.

Em prol à qualidade de vida, alunos deixam de lado ofensas com brincadeiras de mal gosto

Joseph Pilates era raquitico, mas se curou com a técnica criada por ele, praticando-a constantemente

Joseph ensinava e auxiliava alunos


ESPORTE

novembro de 2015

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FOTOS: RENAN LORENZATTO

Pilates 1 x 0 Dores

Alunos combatem o preconceito e mostram que pilates também é coisa para homens

Após um fisioterapeuta recomendar o pilates, devido à hérnia de disco, o veterinário Cristopher Filippon, 41, aderiu à técnica. “Eu pratiquei por bastante tempo e fiquei cinco anos sem fazer e agora retornei”, conta o aluno, lembrando que com a prática as dores diminuíram. Quando questionado se algo mudou, ele logo responde: “Com certeza! Porque os alongamentos e o fortalecimento da musculatura protegem esse tipo de lesão. Assim, eu sinto menos dor no dia a dia”. Cristopher conta também que um de seus amigos fez brincadeiras por causa do pilates. “Eu falei que ele deveria fazer”. Outros, por causa do preconceito bobo, diferentemente de Cristopher, escondem que são adeptos à prática. Sim, isso acontece! Priscila conta que na maioria das vezes os homens mais jovens omitem: “Eles falam que estão indo à academia, mas na verdade vêm aqui... Ao contrário de outros, que falam abertamente que fazem pilates”. A esposa de Cristopher, Vivielly Fernanda Bellon Filippon, 35, conheceu o pilates há dez anos por meio de matérias na televisão. Assim como o marido, voltou a fazer as atividades recentemente. A administradora destaca que para praticar o pilates é necessário ter muita disciplina. “Tem que ter muita força e determinação, pois é bem puxado”. Vivielly sempre incentiva o marido: “Para ele que tem problema na coluna é um grande tratamento e sempre que possível fazemos as aulas juntos”, relata. Além do pilates devolver a Vivielly o bem-estar físico, ele proporcionou bem-estar mental: “É uma maneira de aliviar o estresse e meditar. Não consigo mais ficar sem praticá-lo”, revela.

O veterinário Cristopher recomenda a prática

Pilates 2 x 0 Preconceito André Coradini Corrêa, 24, é farmacêutico e começou o pilates em 2014 após ser incentivado pela irmã (a Priscila, fisioterapeuta e professora de pilates) e pelo desejo de praticar exercícios físicos regularmente. Depois que aderiu à técnica, André conta que a saúde melhorou muito. “Percebi melhoras principalmente na postura corporal e também o desaparecimento de dores que sentia no corpo. Melhorou muito também meus alongamentos para jogar futebol, que pratico toda semana”, conta. Sobre o preconceito, André diz nunca ter sofrido, mas sabe que existe e tem certeza que só há preconceito pela falta de informação. As pessoas não conhecem NADA sobre a técnica e começam a fazer comentários ridículos, dizendo que é uma prática feminina e que não deve ser feita por homens. “Na verdade, pilates é para qualquer sexo, idade ou nível de condicionamento físico, porque sempre existem inúmeros exercícios que podem ser adequados para cada pessoa”, fundamenta.

A fisioterapeuta Priscila auxilia Cristopher durante o pilates


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MODA

novembro de 2015

R CK Uma metamorfose FOTO: MATHEUS ROCH


novembro de 2015

ambulante

MODA

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“Dentro do estilo rock podemos perceber a influência do country, como as camisas xadrez e calças um pouco mais justas”

Alice Oliveira e Matheus Roch

O rock não se limita apenas à música, mas também ao visual, ao comportamento, à atitude e a outros aspectos que desenvolvem o gênero da sociedade alternativa. E não dá para passar batido a contribuição da atitude que os ícones nos trouxeram ao longo dos anos. Jaquetas de couro, tachas, botas altas, jeans e óculos escuros são apenas algumas peças que fazem parte desse estilo que, desde seu surgimento, promoveu uma infinidade de possibilidades ao consumidor dessa segmentação. Em Cascavel, o mercado de consumo desse estilo vem se desenvolvendo e crescendo continuamente. Lojas com esta segmentação são cada dia mais comuns, promovendo inúmeras opções e contribuindo para a economia local. Um exemplo é a loja Rota do Rock que surgiu das ruínas de uma papelaria pela pretensão da proprietária Velidiana Berna, 38, de inovar. A empresária procurou auxílio empresarial no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), saiu às ruas com planilhas e perguntas sobre o mercado, pesquisou fornecedores, a concorrência. “A papelaria foi por água abaixo. Eu teria muita concorrência e não teria aquele diferencial que sempre procurei para oferecer. Foi então que surgiu a ideia da confecção. O curioso é que a gente começou a contar quantas pessoas gostavam de rock na família e era um número bem significativo. Percebemos que a região oeste do Paraná era rica no estilo, graças às influências dos moto-clubes e pequenos nichos escondidos pela cidade. E se pararmos pra pensar, é muita gente! Foi então que nasceu a Rota do Rock”, conta a proprietária. Com um ambiente leve, sem aquelas paredes pretas tão comuns ao imaginário popular, a loja se preocupa com a sustentabilidade, reaproveitando itens inutilizados, como pneus velhos, bobinas de fio elétrico e caixotes de feira, concebendo um local agradável, preocupado em oferecer produtos de qualidade para todos os seguidores do estilo: desde roupas infantis até as numerações extra grandes. Velidiana confessa a dificuldade de encontrar produtos duráveis, porque em sua maioria são de coloração preta e há preocupação para que a peça não desbote na primeira lavagem, que os tecidos tenham bom caimento, estampas bem feitas e inovadoras para proporcionar ao consumidor o melhor produto da cidade. Com um estilo que mistura referências do girlie (mais feminino, com rendas, estampas florais, babados e laços) e da moda rock, Isabella

Broetto, 21, acredita que essa moda é uma mistura de todos os estilos, mas com uma pegada de atitude e a vontade de ousar. “Dentro do estilo rock podemos perceber a influência do country, como as camisas xadrez e calças um pouco mais justas. Ele é o estilo mais influente na moda, assim como o gênero musical, por estar presente no cotidiano das pessoas desde os anos 50 (época em que o estilo rocker começou a ficar mais em evidência)”. A jovem afirma que seu estilo se molda ao seu humor e ao clima: “Nos dias mais quentes gosto de usar mais vestidos, saias e shorts de cintura alta, já no frio uso bastante jaqueta de couro (às vezes até com spikes) e algum sobretudo preto básico”. Porém, por mais que existam muitos grupos que se inspiram no rock em Cascavel, ainda existe preconceito por parte da sociedade, até pelo fato de o estilo predominante ser o sertanejo. “Felizmente isso está mudando aos poucos, já podemos ver nas lojas seções de roupas/calçados/acessórios especialmente criadas para atender esse público”, diz Isabella. Apesar do preconceito, a moda rock é a atitude de imprimir nas roupas o pensamento alternativo das raízes que não perdeu sua essência apesar dos “poser” - grupos que vestem roupas de bandas, mas não sabem o significado, nem conhecem as músicas. “É mais a atitude, do que o estilo. Quem gosta de rock acaba usando peças de bandas, mas não se preocupa muito com a roupa. É claro que o capitalismo transformou isso em moda, para satisfazer ideais... mas o estilo de vida alternativo continua o mesmo, para quem realmente entende o significado do rock”, diz Melina Noronha, proprietária do estúdio Woodstock Tattoo. “Agora tem uma moda rock, antes não tinha. A gente tinha que fazer nossas próprias roupas: pegava uma camiseta masculina e cortava; rasgava as calças. Agora que existe essa modinha de raspar o cabelo, usar camiseta de bandas e tatuagem”, diz a tatuadora. Com um estilo mais confortável, Melina prefere usar tênis, coturno, camisetas frescas, mas sua marca registrada são as tatuagens. Com os braços tatuados ela conta que sofreu muito preconceito pelo estilo que aderiu. “Fiquei dois anos desempregada, sem conseguir trabalhar por causa das tatuagens, o que foi diferente da época em que morei na Itália. Lá as pessoas são mais de boa com isso, o preconceito é bem menor”, conta Melina, que após trabalhar na franquia Chilli Beans, conseguiu outras oportunidades de emprego, mas acabou cedendo a paixão por tatuar.

Comércio, camisas e poser! E para quem realmente gosta de vestir o que ouve, a loja Faraó Rock Wear, localizada na galeria do shopping Central Park, é outro exemplo que conquistou o gosto dos roqueiros por fornecer, além de produtos especializados, um atendimento irreverente. O proprietário, conhecido como Duh, 37, acredita que a verdadeira essência do rock é confundida e que justamente o termo moda é o estopim para essa confusão. “Vestem uma camisa do Ramones e acham que a banda é uma estampa. E isso é influência de uma pessoa chamada Anitta” relata ao comparar o comportamento da cantora de funk que usa estampas de bandas de rock. “Não que ela não possa gostar de rock, mas assim que ela apareceu com a camiseta do Ramones surgiram milhares de meninas que “gostavam” da banda. Querendo ou não, isso denigre a imagem daqueles que são fãs de verdade”, comenta. Podemos perceber, então, o crescimento contínuo e acelerado do mercado rocker em Cascavel, com lojas de confecção e acessórios, bares e casas noturnas especializadas. As tribos estão aparecendo cada vez mais, libertando pensamentos e disseminando outras esferas culturais para os jovens. Liberdade e atitude estão diretamente ligadas àquele pensamento descrito na música de Raul Seixas: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante. Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. E, acima de tudo, independente do estilo, o que realmente importa é o respeito entre as pessoas. Há espaço para todo mundo, para todos os estilos, para todas as metamorfoses...


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GASTRONOMIA

novembro de 2015

Devorando a crise

Os empreendimentos gastronômicos chegam como solução para uma fase econômica difícil. Mesmo com esse cenário, a alternativa pode ser doce

Rafaela Ghelfond

Um assunto muito comentado atualmente é o pessimismo com relação à crise econômica. Enquanto algumas pessoas reclamam e fecham comércios, outras aproveitam esse período e veem na gastronomia uma oportunidade de crescimento, principalmente com cafeterias e confeitarias que vêm adoçando cada vez mais a cidade de Cascavel. A confeiteira Sabrina Traldi decidiu ampliar a loja de bolos e cupcakes esse ano e foi com novas ideias que superou a crise. “A criatividade é o ponto chave para driblar os momentos desfavoráveis. Eu repensei o número de funcionários e os turnos. Abro a loja somente meio período e busco principalmente ter sempre sabores

e produtos novos”, ressalta a doceira. Um outro exemplo é o da empresária Daniele Dóro que entrou no ramo da gastronomia para fugir da crise e hoje comemora o sucesso da confeitaria que abriu este ano junto com a própria família. “Nós juntamos as nossas economias e enfrentamos um momento difícil com inovação. Hoje, a nossa maior resposta é a satisfação dos clientes”, afirma. No mundo acadêmico podem ser encontrados futuros empreendedores e pessoas com vontade de se arriscar no mundo dos negócios. A estudante de Administração, Elisandra Winick, já começou a “pisar” no terreno dos negócios com o TCC (Trabalho de Conclusão de

Curos) sobre a abertura de uma tapiocaria. O estudante de Gastronomia, Lucas Naoto, garante que a vontade de ser um empreendedor é grande, mas diz que ainda quer ter experiência em diversos tipos de restaurantes. É importante ressaltar também que para abrir um negócio é essencial consultar a opinião de especialistas e analisar o mercado em que se está inserido. O economista Osvaldo Mesquita garante que as notícias negativas sobre o cenário econômico brasileiro existem e assustam, mas isso não impede que um empreendedor comece o próprio negócio no momento. “Notícias como aumento de inadimplência, taxas de juros altas aparecem o tempo todo, mas o essencial é ser

12 POSES FOTOS: PAMELLA SANTOS

Só barbados!

O acadêmico de Jornalismo Wilton Hugen, o professor Rangel Mattoso, e os acadêmicos de Publicidade e Propaganda Waldemar Lutinski, Pedro Afonso e Isaque Geruntho

João Slobodzian, 4º ano de Administração

Fabio Bonatto, 4º ano de Administração

Bruno Basteon, 1º semestre de Gastronomia

Artur Cidade, 4º ano de Administração


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GASTRONOMIA

novembro de 2015

ERLE

AND FOTOS: ADILSON

feita uma análise do mercado, entendendo se existe ou não demanda para o serviço desejado”, relata Osvaldo. A consultora do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Angélica Fonseca, garante que são em momentos delicados que as oportunidades aparecem. Ela ainda ressalta que o ramo da gastronomia vem ganhando cada vez mais destaque, pois o dia a dia das pessoas está cada vez mais corrido, o que faz com que elas tenham pouco tempo para as

refeições e busquem comprar alimentos prontos fora de casa. “É aí que os empreendedores que investiram nesse setor saem ganhando, pois a alimentação é algo essencial e não pode ser cortada”, salienta Angélica. Não podemos esquecer da alimentação saudável. Quem disse que comida fit não tem gosto? Esse foi o mercado que a jornalista e empresária Ana Carolina Massignani entrou em 2014, entregando marmitas integrais. O grande “insight”, no entanto, começou em janeiro deste ano, quando Ana abriu um espaço

Com inovação e persistência, o futuro pode ser ainda mais doce

próprio e não teve medo da crise. “Nós não tivemos medo de arriscar e acredito que os segredos para o sucesso são: trabalho e preços honestos”, relata. Outro diferencial da marmimitaria fit e integral foi o público que estava carente desses produtos. “As pessoas que buscavam por alimentos sem glúten e sem lactose estavam carentes. Nós conseguimos criar refeições, doces e salgados saudáveis e com sabor”, destaca Ana. Em dez meses a marmitaria já tem mais de 4 mil seguidores no Instagram e tem pratos reconhecidos como: a cozinha de frango com batata doce e torta de morango 100% integral, empadão integral de strogonoff, entre outros.

12 POSES

Por Juliana Gregozewski & Pamella Santos

José Oliveira, do 5º de Direito, com Airton em visita à Univel

Rafael Klatike e Alan Alves, 3º ano de Contábeis

Pedro Henrique Schidlowski, da Escola de Magistratura

Rafael Rodrigo, 2º ano de Contábeis Felipe Bracht, 1º semestre Gastronomia

Marcos Souza, 4º ano de Direito

José Ricardo Silva

, 4º ano de Direito


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TECNOLOGIA

novembro de 2015

Ainda tem utilidade! Graziele Rodrigues

preocupação ao idealizar o projeto é o descarte irregular de materiais eletrônicos, pois isso pode provocar sérios danos ao meio ambiente por causa das substâncias de mercúrio, zinco, chumbo, que podem inclusive contaminar a água do subsolo. O processo de reciclagem realizado que se vê normalmente é o aproveitamento do cobre que tem nos monitores, por exemplo, e o descarte total do aparelho sem cuidado e em local impróprio, revela Gelson. Além da conscientização, o projeto conta com uma grande economia de materiais que iriam ser comprados para as aulas de eletrônica: “Cada pecinha pode custar cerca de 30 reais que são economizados ao utilizar peças que funcionam bem em algum produto eletrônico, como um simples sensor que há em um vídeo cassete, por exemplo,” comenta. Os materiais que não são reutilizados são encaminhados para empresas especializadas neste tipo de reciclagem.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Estudantes reutilizam lixo eletrônico e mostram como inovar a tecnologia de forma consciente

O que fazer com aquele velho vídeo cassete encostado em casa? Televisores de tubo enormes que não funcionam mais, peças de computadores (teclados, CPU, impressoras). Esse entulho amontoado em casa pode virar instrumento de trabalho e de ideias no Ceep (Centro Estadual de Educação Profissional Pedro Boaretto Neto). Alunos do curso Técnico em Meio Ambiente e Eletrônica do colégio realizam há quatro anos um projeto com o objetivo de reutilização do lixo eletrônico. O projeto, que conta com a ajuda da comunidade e de alunos, tem o intuito de além de aprender a montagem e desmontagem de computadores, conscientizar a população, indústrias e instituições que é possível a inovação da tecnologia aliada à consciência ambiental. Hoje o colégio consegue coletar cerca de uma tonelada de lixo eletrônico por mês. Agora você deve imaginar os prejuízos deste montante de lixo jogado no solo! O professor Gelson Kaus conta que a maior

O projeto conta com a ajuda da comunidade e de alunos

O professor Gelson Kaus conta que a maior preocupação ao idealizar o projeto é o descarte irregular de materiais eletrônicos

Já vem dando frutos! O projeto já fez render ideias na área da robótica. Outro projeto intitulado “Recuperação de membros paralisados por meio da robótica”, desenvolvido pelos alunos Guilherme Biazi Fabin, Gabriel Rodrigues Guia e Pâmela Guimalhães Zuniga, sob orientação dos professores Gelson Kaus e Vander Fábio Silveira, tem destaque na seleção da Mostratec 2015. A feira de ciência e tecnologia é realizada todo ano pela Fundação Liberato, na cidade de Novo Hamburgo no Rio

Grande do Sul e contará com a participação de 376 projetos de 20 países. A proposta do projeto surgiu com a necessidade de Guilherme Biazi , 17, em criar uma prótese de auxílio de braço para sua mãe que sofreu uma acidente há anos e a deixou com o braço esquerdo com pouca mobilidade. “Algumas pesquisas nos levaram até os exoesqueletos, que são estruturas externas que permitem movimentar um membro por meio da robótica”, revela.

Para Guilherme, a criação de um projeto como esse é motivação e prova de que é possível fazer diferente e melhor. “Mostrar o que é desenvolvido em escola pública é importante, pois demonstra que mesmo com as atuais dificuldades é possível realizar uma educação de qualidade, além de fazer as pessoas olharem o curso técnico com outros olhos. Além disso, uma feira desse porte dá crédito a qualquer pesquisador iniciante.”


novembro de 2015

Do lixo ao luxo Ellen Santos e Patrícia Cordeiro

O que para algumas pessoas parece ser lixo, para Edson Gavazzoni, 44, e sua esposa Andréia Peixoto, 32, pode se tornar em luxo. O amor por sustentabilidade deu vida ao projeto. A ideia de ter uma casa com móveis reciclados começou há oito anos e toda mobília criada é fruto da restauração de móveis antigos, materiais achados na rua e móveis doados por conhecidos. Professor de história no Colégio Estadual Padre Carmelo Perrone, Edson trabalha com os alunos o tema sustentabilidade. Unindo seu gosto com o da esposa que é web designer e adora pintura, o casal teve a ideia de criar os próprios móveis e fazer uma casa sustentável. “Como nos mudamos muito ao decorrer dos anos, tudo ia estragando. Os móveis de hoje em dia parecem ser cada vez mais descartáveis, o que prejudica a natureza. Eu prometi a mim mesma que faria uma casa onde os meus móveis não estragassem e que eu não precisasse abandoná-los”, explica Andréia. Com o casal tudo vira arte. Um pedaço de madeira se transforma em mesa, cama, relógio, cadeira, dentre inúmeros outros objetos possíveis de se construir. Tudo é aproveitado pelo casal. A madeira que não serve para móvel vira adubo e tábua vira relógio. O quarto dos filhos foi criado exatamente conforme o gosto de cada um. No quarto do filho o carrinho de rolimã se transformou em lustre e a cama da filha simboliza muita história. “A cama do quarto da minha filha tem mais de 50 anos. Um dia uma aluna que ia se casar chegou e perguntou se eu queria a cama que ela ganhou da avó, pois não caberia na casa dela. Lógico que eu aceitei. Ela estava sem as grades do meio, mas isso para nós não impedia de deixá-la pronta para uso. Minha filha logo se encantou e resolvemos restaurar a cama, deixando-a do jeito que ela queria”, conta Edson. Qualquer objeto ou peça que para muitos não têm uso, para a família sempre existe um cantinho e uma história. Segundo o casal, todos os objetos e móveis restaurados têm como objetivo não apagar sua verdadeira marca e origem. Devido ao grande sucesso que o casal teve com os trabalhos, eles criaram um blog onde ela escreve a história de cada peça criada. “Nós resolvemos criar o blog, pois cada peça tem uma historia por trás. Como muita gente estava querendo entender, nós resolvemos mostrar para todos e então demos vida aos Meus Móveis Falantes”, finaliza. Além de preservar a natureza, a reciclagem de móveis e objetos permite que a casa fique personalizada e com o estilo do dono, histórias que comunicam, despertam sentidos e constroem memórias. Meus Móveis Falantes traz um simples e profundo recado: “De pequenas delicadezas e grandes histórias... Assim somos construídos”. Gostou da ideia? Acesse www. meusmoveisfalantes.com.br/, agende uma oficina e aprenda a dar vida aos móveis.

ECOLOGIA

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Casal cascavelense transforma móveis antigos e objetos que iriam para lixo em móveis rústicos e objetos decorativos DIVULGAÇÃO

FOTOS: PATRÍCIA CORDEIRO


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PERSONALIDADE

novembro de 2015

Pluralidade cultural: Sesc valoriza artistas locais “O nosso principal objetivo é proporcionar ao nosso público o acesso à cultura ‘rejeitada’”, Lysiane Baldo Camila Juviak e Matheus Roch

Valorizar a cultura local e formar cidadãos por meio de projetos que promovam a educação, a saúde, o esporte, o lazer e a cultura. São essas as preocupações do Sesc (Serviço Social do Comércio), o qual vem atuando ativamente na construção cultural em todo o território nacional. Em Cascavel, ele é o principal precursor de projetos culturais. “Estamos muito preocupados com a formação cultural do cidadão, como a educação e com as demais questões sociais”, enfatiza a técnica de atividades e apresentações artísticas da instituição cascavelense, Lysiane Baldo, 31. Para compreender o papel sociocultural da instituição, a equipe do Unifatos conversou com Lysiane. Ela observa que, infelizmente, existem poucos espaços de atuação cultural na cidade e que deste modo, o Sesc contribui com o processo de desenvolvimento cultural.

Como você define cultura?

Bom, é um termo bastante abrangente. Aqui no Sesc damos a ênfase no desenvolvimento artístico, já que trabalhamos especificamente com as artes, como a música, teatro e a dança, porém a cultura é mais do que isso. Ela diz respeito a todos os costumes, todas as formas de desenvolvimento de uma comunidade, desde manifestações sociais até as artísticas.

Qual a importância da cultura para jovens? É fundamental, porque nós temos vivido em um processo de globalização, quase de aniquilamento das raízes locais. Cada cultura possui sua

particularidade. É importante vivenciar as diferenças. Quanto mais nos aproximamos disso, mais diversificado se torna nosso conhecimento, assim construímos um maior repertório.

oferecendo oportunidade e ampliando o leque de trabalho para esses artistas.

Qual é o objetivo do Sesc na promoção da cultura em Cascavel?

Na verdade, a gente trabalha com uma questão fundamental que na região é pouco explorada, que é a formação de público. Verificando o alcance desses trabalhos e promovendo uma linguagem diferenciada, por exemplo, explorando concertos musicais da cultura erudita que não é tão acessível. A partir do momento que o público se apropria e compreende, ele evolui culturalmente e começa a admirar, gostar.

Mostramos a pluralidade cultural no país, fugindo da massificação. Por exemplo, falando em linguagem cinematográfica, temos um projeto em que trabalhamos filmes de diversas nacionalidades. Portanto, o nosso principal objetivo é proporcionar ao nosso público o acesso à cultura “rejeitada”.

Há um público-alvo para esses projetos?

Qual desses projetos tem maior adesão do público?

Primeiramente trabalhamos com os comerciários e seus dependentes, uma vez que o Sesc surgiu da idealização de comerciantes na década de 40. Ainda conseguimos abranger toda a comunidade, de modo a proporcionar uma interação cultural na cidade, assim mantemos esse vínculo sadio com o público para aproximá-los cada vez mais.

Quem patrocina as atividades culturais?

Quais são os projetos culturais promovidos?

Quais os motivos que levaram à consolidação do Sesc?

Temos projetos em várias áreas, em todas as linguagens artísticas, alguns são de âmbito nacional, como o Sonora Brasil (musicais) e o Palco Giratório (exposições e teatro) e o Cine Sesc. Então, o público de Cascavel recebe espetáculos que talvez não chegassem até a cidade sem o intermédio do Sesc. Geralmente procuramos valorizar os artistas locais,

Somos uma instituição criada pelos comerciários, tendo uma organização de repasse de contribuições do comércio, ou seja, parte dessa arrecadação é voltada ao Sesc que cuida do interesse desse público. Não é uma instituição nem pública, nem privada, mas sim social.

A instituição é um modelo que funciona e também tem o trabalho que foi desenvolvido ao longo do tempo, em que disseminou um alcance maior, beneficiando assim muitas pessoas. Contando também com a participação de todo o grupo de colaboradores, para juntos proporcionarmos uma melhor qualidade de vida à comunidade. FOTOS: DIVULGAÇÃO


TURISMO

novembro de 2015

Qual o destino de suas férias?

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Parques aquáticos podem ser uma ótima opção

Ana Bonadimann e Wellen Reinhold

Nessa época do ano o litoral de todo o Brasil lota com os turistas que buscam no mar a tranquilidade, diversão e fuga da rotina cansativa. As praias são o foco das férias de milhares de brasileiros. Mas, neste final de ano o número de turistas nas praias tende a diminuir devido à crise financeira, segundo o ministério do turismo. Quem mora em Cascavel sabe que o caminho até o litoral mais próximo é longo e alguns já estão pensando em adiar nesse ano, como é o caso da Nicole Zoratti e do Diego Moraes que vão se casar no final de novembro e para a lua de mel trocaram a praia pelo parque aquático de Itaipulândia que fica a menos de duas horas daqui. “Gastamos muito com o casamento e acabou sobrando pouco para a lua de mel e sabemos que no litoral as coisas são bem mais caras, então decidimos ficar por perto, pelo menos neste ano”, diz Nicole. O parque aquático de Itaipulândia recebe milhares de turistas todos os anos e é considerado

o maior parque aquático termal da América Latina. Por isso, acaba sendo uma ótima opção de férias, assim como o Acquamania, em Foz do Iguaçu, ou Águas do Verê, próximo a Dois Vizinhos. Algumas das atrações encontradas por lá são, piscina de ondas, tobogã quatro pistas, tobogã queda livre, tobogã caracol, lagoons, área infantil, montanha russa aquática, castelinho das águas, rio lento, rio selvagem, entre outras. Em breve será inaugurado o hotel, com quadras poliesportivas e centro de convenções. A infraestrutura conta ainda com restaurantes, lanchonetes, bares molhados, segurança, posto médico e salva-vidas. Simone Rocha, diz que vai duas vezes ao ano para o parque, substituindo a praia pelas piscinas devido à segurança. “Tenho dois filhos, um de 8 e um de 12 anos e no parque me sinto mais segura em deixá-los à vontade, pois sei que tem salva-vidas sempre por perto”, afirma ela. O parque abre somente nos fins de semana, mas Cássia Fadanelli, uma das responsáveis pela

administração, diz que o projeto para 2016 é abrir todos os dias. Ao todo são 260 mil m² de atrações que variam entre águas termais e não termais. Cássia diz que as águas termais são o maior atrativo, mas apesar disso, ainda há algumas pessoas que desconfiam se elas fazem ou não bem para a saúde. “As águas termais aqui do parque são muito indicadas para fins medicinais e terapêuticos por serem ricas em sais minerais e ainda podem ajudar pessoas com problemas respiratórios”, argumenta. Por enquanto não é possível se hospedar no parque e o ingresso é válido somente para um dia. O valor da entrada para adultos é de R$180,00, sendo que estudantes, menores de 18 anos, idosos, munícipes e deficientes pagam metade desse valor. Já as crianças menores de um metro, não pagam entrada. Para quem é frequentador do parque, é possível fazer a compra de um título no valor de R$1.988,00, válido para toda a família e se tornar sócio do parque, assim a entrada não é cobrada.

IMAGEM DIVULGAÇÃO

O parque possui várias opções de tobogãs


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COTIDIANO

novembro de 2015

Beatriz Helena Da Silva

Bianca, 24, andava por uma avenida movimentada de Cascavel, com uma amiga. O rapaz que vinha na direção oposta encarou-as de alto a baixo e soltou: “Sem roupa vocês devem ser uma delícia”. Roberta, 29, esperava o semáforo abrir para atravessar a rua. Foi abordada por um estranho que a convidava para um café. Puxou-a pelo braço, insistiu e depois começou a segui-la. Ana Maria, 23, estava numa festa. Sentiu alguém deslizar a mão por seu corpo. Ela se voltou para tirar satisfação e o rapaz a chamou de vagabunda. Bianca, Roberta e Ana Maria não são as únicas que já passaram por esse tipo de situação. Infelizmente, elas não são exceção. Com certeza, você mulher já deve ter ouvido diversos tipos de cantadas. Muitas grosseiras e constrangedoras e outras talvez, criativas. Seja como for, as cantadas viraram alvo de polêmica que dividem opiniões de homens e mulheres. Segundo a psicóloga Inês Sobutka, as mulheres gostam de ser elogiada, isso é visível, porém de uma forma respeitosa, sabendo manter o limite de sua intimidade. “Até tal ponto pode, a partir desse ponto não. Se ela disse não a partir daquele ponto é Não”. Porém, não é o que nós mulheres costumamos presenciar. Sair de casa e ser abordada por diversas cantadas grosseiras passou a ser normal para muitas mulheres. Elas sentem desconforto ao caminhar por ruas desertas. As limitações de não poder usar roupas consideradas “provocativas” fazem com que as mulheres estejam atentas o tempo todo a uma série de fatores que fazem com que elas se sintam mal, uma vez que ao sair de casa procuram observar quantas pessoas estão na calçada, como as olham, se as seguem, se são estranhos, para, por fim, tentar evitar qualquer perigo que possa aparecer. Portanto, elas acabam se privando da liberdade e ficam submetidas a uma sociedade machista. Todas essas cantadas ofensivas acabam, de alguma forma, violando a intimidade feminina. Para os homens, chamar uma mulher de “gostosa”, “princesa”, “delícia”, é normal. “O

DIVULGAÇÃO

Chega de fiu fiu

Uma cantada que pode deixar uma mulher apaixonada é muito diferente daquela que causa constrangimento

assediador acaba vendo a mulher como público, algo sobre o qual se pode opinar e, por que não, do qual pode se servir à vontade”, relata a psicóloga Inês. Ela ressalta, ainda, que como essa percepção é generalizada, a mulher que decide se manifestar contra o assédio corre o risco de ser ofendida. Quando isso acontece, o comportamento mais comum entre as mulheres é ignorar. “Eu não respondo, pois acho que não vale a pena. Abaixo minha cabeça e continuo andando”, diz Wanessa dos Santos, 29. São poucas as mulheres que batem de frente com os homens que mexem com elas, mas ainda existem as que não aguentam e acabam perdendo a paciência. “Dá muita raiva e nojo”, comenta Priscila Fagundes, 27, que mesmo com o medo de responder, fala o que pensa. “Você se sente nua e incapaz de se defender”, desabafa.

“A partir do momento que as mulheres se sentem constrangidas, isso não é mais uma cantada”

“Pelamordedeus, se eu te pego você vai ver!”

“Você acha que gritar ‘ô gostosa’ na rua é elogio? Sua mãe não”

“Ô, lá em casa!” “Te ... toda!”

“A partir do momento que as mulheres se sentem constrangidas, isso não é mais uma cantada, mas sim assédio. O assédio é entrar na intimidade sem que a pessoa permita”, afirma a psicóloga. Ela aponta, também, que isso, de alguma forma, destrói a segurança de várias mulheres todos os dias. “Elas não fazem o que gostam, por receio de sair de casa e de ter que andar em lugares desconhecidos”. Já para Maria Eduarda, 25, ser chamada de linda na rua é um elogio respeitoso. Assim como ela, muitas mulheres não se incomodam com as cantadas mais delicadas. “Quando elas são no limite e tem certo tom de respeito, passa a ser interessante. Tem cantada que te deixa pelo menos com o ego massageado e outras que são ofensivas”. Para a psicóloga, os ambientes que as cantadas são realizadas fazem toda a diferença. “Sem dúvida alguma, cabe uma cantada para cada pessoa, para cada lugar, para cada religião, e para cada costume. Os momentos e o bom senso são os que mandam na cantada”.

“Com essa eu até casava!”


SAÚDE

novembro de 2015

O bem dito remédio ou a mal dita droga? “Os efeitos que as drogas provocam nada mais são do que a intensificação de estados e sentimentos já existentes na natureza humana e que foram historicamente reprimidas no inconsciente pelo nosso modelo de civilização”

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Polêmica: descriminalizar a maconha é um passo importante para o desenvolvimento de medicamentos

Deisy Mayer

Um tema bastante polêmico, que está em pauta atualmente na mídia brasileira, é o da efetividade das políticas antidrogas. Discussão amplificada pelos votos favoráveis de três ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em descriminalizar a maconha com o objetivo de liberar o uso de medicamentos a base deste componente. De acordo com o atual sistema político e social do país, torna-se delicado expor opiniões a respeito da descriminalização, pois o sistema de políticas governamentais ainda é arcaico e, por sua vez, a distinção entre o usuário e o traficante é feita baseando-se apenas na classe social ou até mesmo em interesses individuais das classes dominantes. Algumas pessoas afirmam que o uso da planta em si não causa dependência e que a mesma é unicamente psicológica. Outros asseguram que a droga vicia e deve ser mantida na ilegalidade. “Se hoje existe uma bandeira branca a ser hasteada a favor da descriminalização, o motivo da mesma existir é pelo fato de o infeliz alerta de ‘diga não às drogas’ já ter sido dado há muito tempo”, afirma o advogado civil pró descriminalização, Jean Jacuboswki. Jean é categórico ao dizer que a deficiência de informações sobre essa temática é preocupante. “Além da criminalização judicial, existe também a criminalização da sociedade que trata o usuário como marginal, condenando o sujeito e julgando-o, como se fumar maconha determinasse o caráter da pessoa ou a capacidade profissional do cidadão. O assunto é negligenciado e as informações são, por diversas vezes, manipuladas pela mídia que, quando muito, trata de maneira superficial, que mais desinforma do que presta algum serviço à sociedade”, complementa. Em relação ao sistema legal, estamos a caminho de leis cada vez mais proibitivas e paradoxais. “A violência e o tráfico só se fortaleceram a partir da implementação da guerra às drogas. A ausência da maconha no mercado negro, por exemplo, enfraqueceria suas economias, dando a eles maior poder de barganha com venda de armas e outras drogas como a cocaína e crack que pegam ‘carona’ no comércio da planta”, defende o policial militar, Thiago Pinto. Ele enfatiza, ainda, que em contrapartida, ao ser legalizada, os impostos gerados pela maconha legalizada poderiam ser destinados à saúde, educação, incentivo aos esportes e até ao combate ao restante do narcotráfico. Culturalmente, o tema começa somente agora a ser encarado como parte integrante da sociedade. O historiador Carlos Eduardo explica que

se hoje as drogas são proibidas, antigamente eram utilizadas para alimentação, finalidades recreativas, curativas e até mesmo sagradas. “Muitas religiões utilizavam plantas psicoativas e estimulantes em rituais sagrados para alimentar o espírito. Os efeitos que as drogas provocam nada mais são do que a intensificação de estados e sentimentos já existentes na natureza humana e que foram historicamente reprimidas no inconsciente pelo nosso modelo de civilização”, observa Carlos. Geralmente, quando se discute a questão da legalização da maconha, só se aborda seu uso recreativo, devido à ação psicoativa sobre o cérebro. Mas o que pequena parte da população sabe é que no Brasil os remédios à base de CBD (Canabidiol) já são utilizados, devido suas propriedades ansiolíticas e anticonvulsivantes, podendo ser utilizado em tratamentos como epilepsia, com o mínimo de efeitos colaterais. “Os tratamentos alternativos normalmente fazem bem ao paciente. Como tratamento auxiliar, a maconha é utilizada para o glaucoma, insônia, depressão, agitação entre uma série de patologias. Tanto o uso de maconha quanto de outros tratamentos alternativos, como acupuntura, geram benefícios, pois propiciam uma melhora na qualidade de vida do paciente”, declara o médico residente em Ortopedia, Milton Sampaio. A Hepatite C, por exemplo, é uma doença viral que acomete o fígado e, se não tratada, o paciente pode desenvolver complicações como câncer no fígado e cirrose. O tratamento é longo e o medicamento é considerado um fantasma devido aos efeitos colaterais indesejáveis. “Quando diagnosticado, iniciei o tratamento com Interferon. O médico me alertou dos efeitos que o medicamento causaria, entre tantos a irritabilidade. Como me conhecia há muito tempo, sugeriu o tratamento alternativo, à base de Cannabis (nome científico da maconha), para combater a irritação, enjoo e falta de apetite em vez de fazer o uso de calmantes, o que é recorrente, assim como outros medicamentos, e me tornar dependente para o resto da vida”, conta o empresário cascavelense de 58 anos que preferiu ter sua identidade preservada. A questão da descriminalização é que não pode ser tratada da maneira como tem sido, tanto pela mídia, quanto pelas autoridades. “A mídia atende nada mais do que os reflexos das convenções sociais vigentes, logo, representa os paradigmas em que a sociedade está inserida. A forma como a mídia aborda a temática só mudará por interesse econômico ou se a opinião pública também mudar”, finaliza o acadêmico de Jornalismo, Renan Paulo Bini.


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MARCA PÁGINA

novembro de 2015

#inDICA

APARTAMENTO 111 DNA da mentira

Christian Grey

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Pamella Santos

E. L. James, autora da trilogia “50 tons de cinza”, traz em “Grey” uma nova perspectiva da história de amor/erotismo pertencentes ao primeiro livro da série que conquistou milhares de leitores e fãs pelo mundo. Que o Sr. Grey é controlador, que sua vida é organizada e que vive em um mundo vazio, todos nós sabemos, certo? Mas tudo muda com a chegada de Anastasia Steele. Nesse novo livro, a autora traz a história contada pela voz do próprio “senhor todo poderoso”, por meio de pensamentos, reflexões, medos e sonhos dele. Com frases ainda mais picantes! Assustar os seus leitores? Justificar os atos de Christian durante os três livros? O que a autora pretendia ao lançar essa obra? Será que o livro mostra uma nova perspectiva? Bom, isso é difícil dizer, mas que o livro trará novidades ou aquilo que ficávamos imaginando ao ler “Cinquenta Tons”, isso é certo! Para os fanáticos de plantão tenho certeza que essa nova obra irá matar um pouco da saudade do casal mais “cute-cute” (se é que você me entende :3) de 2015!

Marca página

FOTOS: PAMELLA SANTOS

ainda mais irresistível

Matheus Roch*

Pouco se sabe do que aconteceu naquela noite, no apartamento 111. Esta é a verdade: – Eu descobri toda a verdade da minha vida. Minha mãe era uma prostituta, não que isso fosse novidade, mas a história que me contou desde pequena era uma farça. Ela matou meu pai. – E por isso você matou ela? – questiona minha advogada. – Não. Eu não matei minha mãe – sussurro sentindo a algema apertar meu pulso. – Não minta para mim – diz a mulher. – Entenda uma coisa: a pergunta mais frequente que faço como advogada de defesa é se posso dizer se meu cliente é inocente ou culpado. Minha resposta é sempre a mesma: eu não me importo. Não é por ser insensível, porém a questão está aberta, mas porque meus clientes mentem. Encaro a mulher. – Então, senhorita Melina, não me importo se mentir para mim. O problema é se estiver mentindo para si mesma. As evidências estão sobre a mesa: seu DNA foi encontrado nos hematomas da vítima e na arma do crime... – Eu usei aquela faca para cozinhar

Varal cultural

para minha mãe - interrompo. – Eu não te perguntei isso - retruca irritada. – Eis a questão: Não há verdade no Tribunal. Só há sua versão contra a dos outros. A Justiça é assim. Não tem certo, nem justo. É só a versão mais convincente. Encaro a mulher de olhos acizentados. Seu cabelo cai sobre o rosto quando se inclina em minha direção. – O que vamos fazer? – Primeiro: desacreditar as testemunhas. Segundo: apresentar um novo suspeito. Terceiro: enterrar a prova. Daremos tantas informações que o júri vai deliberar com uma única sensação: dúvida. É assim que você se safa de um homicídio. A mulher levanta da mesa e sai da sala sem nem ao menos se despedir. Fico ali, sentada com meu uniforme alaranjado fétido. Matei minha mãe, mas não vou pagar por isso. Sorrio. Esta é a verdade. CONTINUA... *Matheus Roch, estudante do 3º ano de Jornalismo, é apaixonado por moda e litaratura.

DIVULGAÇÃO

Fábio Porchat traz peça

“Fora do Normal” Juliana Gregozewski

Cascavel recebe no dia 19 de novembro, no Teatro Municipal, o comediante Fábio Porchat. Ele traz para a capital do Oeste a comédia “Fora do Normal”. Os ingressos estão sendo vendidos pelo site: <www.okingresos.com.br>. O comediante Global, além de peças realizadas pelo país inteiro, também tem o programa na Fox TV “Porta dos Fundos”, veiculado semanalmente, além de um canal no Youtube.

Destaque no Porta dos Fundos, Porchat é hoje um dos maiores nomes do humor brasileiro


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