Unifatos 2014 - 7° Edição

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MAICON ROSELIO

O esporte eletrônico tem ganhado cada vez mais espaço e atrai muitos jovens, seja como entretenimento, seja como profissão. Com as dedicadas horas de games, conquistando a juventude, e a tecnologia dos jogos avançando desenfreadamente a cada geração de consoles, criou-se um nível de competitividade que profissionalizou essa área.

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e o novo atleta p. 4 e 5

Jornal Laboratório elaborado pelo 3º ano do curso de Jornalismo da Univel - ano XIII - edição 64 - novembro de 2014

Haiti Universal aproxima imigrantes

Vendo o crescimento no número dos “novos moradores da cidade”, a rádio comunitária Norte FM criou este ano o projeto Haiti Universal. O programa é apresentado todo domingo à noite por um grupo de haitianos e além de informar e entreter os ouvintes, ainda os conecta aos familiares e amigos que estão em outros países por meio da internet. “O objetivo do programa é fazer um intercâmbio entre as culturas e facilitar a interação entre os haitianos que estão aqui e aqueles que estão em outros países”, explica o coordenador da Rádio Norte FM, Diogo Tamoio.

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OPINIÃO

Respeitar as diferenças

EDITORIAL

Makelen Rotta Os costumes, o modo de vida, a tradição, a cultura de um povo. Cada qual com o seu. Cada pessoa, família, grupo e até sociedade vive de determinada maneira. Algumas culturas já foram demonstradas pelas reportagens do Unifatos. Desta vez, não poderia ser diferente. Nesta edição uma matéria vai contar a história de uma rádio de Cascavel e de um grupo de haitianos que estão realizando um programa semanal. Uma forma de disseminar e aproximar esses imigrantes dos costumes que ficaram no seu país. Diferença. Diferença é a palavra para expressar o momento atual em que vivemos, em meio a tantos comentários e pautas que vamos acompanhando e observando no Brasil, direcionados para a luta contra a homofobia e aos direitos destas pessoas “diferentes”. Tudo foi intensificado pela época das eleições, depois de candidatos apoiarem ou não uma determinada causa, o assunto virou polêmica. Seria uma forma de desviar a atenção do que vem acontecendo na política do país? Mascarar as roubalheiras que vem ocorrendo? E assim foram primeiro e segundo turno, com muitas discussões. Mas o assunto em questão é que as diferenças não deveriam ser tão “gritantes”. Pessoas se agredindo por ter opções diferentes, sejam elas sexuais ou não, sejam elas políticas ou não. Liberdade de expressão se tornando sinônimo de agressão. Cristãos também sendo agredidos por não apoiarem determinadas decisões e seguirem os ensinamentos da Bíblia, ou qualquer seja a crença. O que deve ser enaltecido é que o respeito está esquecido. Não se deve confundir “minha opinião” com “meu preconceito” e não se deve apoiá-lo a cada instante que alguém manifestar um pensamento diferente. Como diz o ditado: “Em boca fechada não entra mosca”, e muitas vezes é o que deve ser feito, guardar para si. O silêncio é necessário e aprender a ouvir é essencial. Respeito. Está aí outra palavra para o momento, que tem grande significado, mas apenas uma definição: é um sentimento positivo e significa ação ou efeito de respeitar, apreço, consideração, deferência. Em pesquisa, na sua origem em latim, a palavra respeito significava “olhar outra vez”, o que certifica que se deve “analisar” mais uma vez, pensar antes de falar, antes de desrespeitar. Outro assunto abordado nesta edição será a doação de córneas, um ato que muitos ainda veem com receio, mas que pode ajudar outras pessoas a voltarem a enxergar. E em respeito à natureza, uma matéria vai falar sobre os benefícios do biogás. Ainda nas questões culturais, uma reportagem sobre cartomante irá contar qual a história deste trabalho e mostrar que é preciso bem mais que algumas cartas para se prever o futuro. Assim como as pessoas que expressam sua cultura por meio de manifestações religiosas, os praticantes do skatismo ainda enfrentam preconceitos. Outra forma de esporte que vem crescendo e tomando conta principalmente desta geração, e também enfrentando os pré-julgamentos da sociedade, são os esportes e competições eletrônicas. Além de dicas sobre um dos seriados mais caros da história, você acompanha também nesta edição o perfil de um amante do automobilismo e da fotografia.

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Incapacidade temporária Makelen Rotta Terei que começar este texto utilizando um ditado popular: “Pimenta nos olhos dos outros é refresco”. Digo isto porque nunca prestamos atenção à dificuldade do outro até sentirmos na pele. Percebi isto como a maioria das pessoas, sofrendo de alguma forma para dar valor ao que tenho. Normalmente é assim. Recentemente o simples fato de caminhar tornou-se algo bem complicado, pois em consequência de um problema no joelho, fui presenteada com duas amigas: Rosana e Rogéria, as muletas. A brincadeira dos nomes não foi ideia minha, mas como temos que rir para não chorar, levar com bom humor é a melhor das opções, não é mesmo? Depois de ter que andar de muletas e realizar uma cirurgia, fazendo com que precisasse de ajuda para tudo, percebi o quão pouco somos gratos pelo que temos. Andar é algo tão simples que aprendemos quando criança e agora ter que depender de alguém não é fácil. Como disse uma colega da turma, que também teve um problema recentemente: “Às vezes é ‘bom’ um susto mais grave para que possamos parar e refletir sobre determinadas coisas da vida”. Questionei-me várias vezes como seria a vida de um cadeirante e de pessoas portadoras de alguma deficiência. Ter que se adaptar a tudo por conta desta dificuldade é algo que ninguém espera. E aí vêm as calçadas quebradas, falta de rampas, locais sem elevadores (ou que não funcionam), entre tantos outros problemas que para mim são temporários, mas para outras pessoas não. Isso me fez analisar e perceber como é bom ter duas pernas e poder ir para qualquer lugar, por mim mesma, sem precisar de Rosana e Rogéria para nada. Ah, mas não posso ser ingrata com elas que tanto me ajudaram! Inclusive não só elas, mas várias pessoas próximas a mim e outras que nem conheço. Surpreendeu-me muito o auxílio de algumas pessoas nestes dias em que estive incapacitada. Foram alguns abrindo portas, outros segurando elevador, levando a bolsa, esperando atravessar a rua. Coisas pequenas, mas que nestas situações ajudaram muito. Infelizmente o descaso de outras também me surpreendeu. No dia em que me machuquei fiquei caída na rua. Várias pessoas passaram por mim e nenhuma parou para ajudar. Apesar de não ter sido nada tão grave, não conseguia levantar sozinha. Tive que ligar para alguém me “socorrer”. Mas, prefiro ver o lado bom ainda. O que realmente quero dizer é que muitas vezes reclamamos demais por poucas coisas, como por estarmos cansados do dia a dia, da correria, do trabalho, da faculdade, da falta dinheiro e tanto outros motivos. Mesmo assim, devemos observar que temos a possibilidade de fazer tudo isso e correr atrás. Não quero dizer que pessoas com deficiência não possam, aliás, muitas o fazem despretensiosamente. Quero dizer, apenas, que devemos aproveitar aquilo que a vida nos deu com menos lamentações. Viver a vida mais leve, sem deixar de lutar pelo que se quer e ser feliz com menos queixas. Essa é a lição que irei levar disso tudo.

CRÔNICA

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Expediente Univel (União Educacional de Cascavel) - Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Avenida Tito Muffato, 2317 - Bairro Santa Cruz. CEP: 85.806080 - Cascavel - Paraná. Telefone: (45) 3036-3636. Diretora: Viviane Silva. Unifatos. Jornal laboratório elaborado na disciplina de Técnicas de Reportagem, Entrevista e Pesquisa III do curso de Jornalismo. Coordenadora: Letícia Rosa. Professora orientadora: Wânia Beloni. Acadêmicos (textos, fotos e diagramação): Douglas Trukane dos Santos, Flavia Daniela Duarte dos Santos, Gabriel Ramos Pratti, Heloísa Iara Perardt Pinto, Janaina Teixeira, Jéssica de Araujo, Jhonathan de Souza D’witt, Kássia Paloma Beltrame Oliveira, Larissa Ludwig, Maicon Roselio dos Santos Camargo, Makelen Rotta, Marcelo Gartner Machado, Maximiliane Veiga, Rebeca Branco dos Santos, Renan Paulo Bini, Ricardo Pohl, Ricardo Silva de Oliveira, Silmara dos Santos, Thais Padilha Antunes, Walkiria Oliveira Zanatta e Wilian Clay Wachak. Projeto gráfico: Wânia Beloni. Tiragem: 1 mil exemplares. Impressão: Jornal O Paraná. E-mail para contato: unifatos@univel.br


PERFIL

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“Não troco esta cidade

por nenhuma outra” O pioneiro Alcides Milliavaca escolheu Cascavel em 1959 e conta suas percepções sobre esta cidade

Marcelo Machado

No próximo dia 14, o município de Cascavel apaga as velinhas de seus 63 anos. A jovem, mas promissora cidade viu sua população aumentar rapidamente, quando de aproximadamente 400 habitantes no ano de 1950 saltou para cerca de 40 mil em 1960, impulsionada pela imigração de gaúchos e catarinenses, atraídos pela extração de madeira. Dentre inúmeros pioneiros que contribuíram para a transformação da até então Encruzilhada, para hoje na Capital do Oeste Paranaense, Alcides Milliavaca escolheu Cascavel em 1959 e conta com bom humor sua trajetória e os motivos pelos quais o trouxeram ao município. Nascido em 6 de setembro de 1928, o gaúcho do interior de Passo Fundo chegou a Cascavel quando a cidade tinha apenas oito anos de emancipação política.

Por que Cascavel? Eu sempre trabalhei em serrarias. A empresa em que eu trabalhava no Rio Grande do Sul era uma cooperativa e fechou. Quando terminou a exploração da madeira terminou também o trabalho e então eu vim para cá. Aqui o que me chamou a atenção foi a quantidade de pinheiros. Tive a certeza que não ia faltar trabalho nesta região por muitos anos. Em Cascavel, por onde se andava, tinha o cheiro de madeira. Como era Cascavel na época da chegada? Eu cheguei aqui em 1959, com esposa e duas filhas. A minha primeira moradia foi no Brasmadeira, perto da madeireira que ali havia. O que mais se via era samambaia e taquara fina por toda parte. Quando cheguei, as indústrias madeireiras predominavam na cidade. Cerca de 90% eram desse ramo. Quando precisávamos de algo no comércio recorríamos aos armazéns, onde se encontrava de tudo, desde uma agulha, até ternos. Já as residências, só haviam de madeira. A Avenida Brasil, num trecho de 12 quadras no centro, era estreita e calçada por paralelepípedos. O resto era estrada de chão. Tiveram de recuar as casas de madeira que havia na avenida para alargar a via. Desde então, só vi Cascavel crescer. Cite algumas dificuldades na época da chegada. Quando eu comprei essa propriedade tinha uma valeta com uns dois metros de profundidade, aberta pela chuva, bem na entrada da minha casa. Para entrar em casa tive que comprar duas tábuas e pregar uma travessa para uma não distanciar da outra. Como só havia calçamento na avenida e nas demais ruas era chão batido, na época de verão, para não morrermos afogados pela poeira, eu e meu vizinho puxávamos uma manga do poço d’água e molhávamos a rua para não levantar o pó. Lembro também que o transporte público era feito por duas ou três

kombis que prestavam o serviço para a cidade inteira. A Kombi vinha da região do Bairro Cancelli, passava em frente a minha casa [Rua Presidente Bernardes] e seguia até o Parque São Paulo. Passava de duas em duas horas. Nunca estava lotada, pois não havia demanda. Para você ter ideia, na minha quadra havia somente duas casas. O asfalto e a água encanada só foram feitos no início da década de 80. Hoje é uma maravilha! Como vê o crescimento da cidade? Para você ter uma ideia, onde eu moro hoje, antigamente era um depósito de lixo de uma laminadora. Hoje é o centro da cidade. Eu vi essa cidade mudar. Ela cresceu rapidamente, principalmente nos últimos dez anos. Não poderei ver isso, pois já tenho 86 anos, mas não vai demorar muito para Cascavel ter 500 mil habitantes, pois estamos num entroncamento e ao menos 15 municípios dependem desta cidade. Ao ver esse franco crescimento, algo preocupa o senhor para o futuro? Sim. A Prefeitura deveria incentivar mais o setor industrial, que cresce a passos largos. Isso é necessário também para que os jovens tenham oportunidades de emprego. Não é só de construção civil que vive o homem. Além disso, nas ruas temos carros demasiadamente e o trânsito ficou perigoso. Facilitaram a forma de adquirir veículos, mas temos a alta no preço do petróleo e a falta de estrutura nas vias. A única coisa que fizeram e eu entendo que estão errados foram os binários. Por que está errado? Muitos acidentes ocorrem por causa disso. A pessoa estava acostumada a ir a José e de repente encontra Pedro. O pessoal não sabe usar, pois quando se tem mão única, os motoristas trafegam em alta velocidade. Mesmo assim, gosto muito daqui. Não troco esta cidade por nenhuma outra.


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ESPORTE

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E-sports e o

novo modelo de atleta

Jovens encontram na diversão dos games o próprio ganha pão

Gabriel Pratti

Cima, baixo, esquerda, direita. WASD. QERT, 1234. Esses são os acessórios de um novo tipo de atleta, os botões de um teclado de computador. Os e-sports, ou esportes eletrônicos, estão atraindo muitos jovens, seja como entretenimento, seja como profissão. Com as dedicadas horas de games, conquistando a juventude, e a tecnologia dos jogos avançando desenfreadamente a cada geração de consoles, criou-se um nível de competitividade que profissionalizou essa área. Games como League of Legends, DOTA 2, Starcraft 2, Call of Duty, Smite e tantos outros possuem hoje jogadores profissionais, cujo trabalho é jogar cerca de dez horas por dia. Esses atletas formam equipes que são patrocinadas por empresas da área de tecnologia, muito semelhante a um time de futebol, basquete ou fórmula 1. Com incríveis salários e uma mordomia invejável, os atletas profissionais, os “pros”, participam de torneios de representatividade nacional e mundial, levando as marcas de seus investidores para um público entusiasmado com as partidas. Um exemplo disso é a Kabum! E-sports, a atual equipe campeã brasileira de League of Legends, que participou do campeonato mundial do game em setembro deste ano. A equipe é formada por cinco jovens, com idade entre 17 e 24 anos, e é mantida pela loja virtual Kabum, varejista da área de tecnologia. Estes jovens moram em uma mansão em São Paulo, com comida, roupa lavada, churrasqueira e piscina à disposição, além de um excelente salário (segundo dados extraoficiais, em torno de R$ 7 mil e R$ 10 mil cada). Que emprego hoje garante isso para um jovem de 17 anos? Isso sem falar em jogadores “legendários”, que foram campeões mundiais diversas vezes, e que chegam a ganhar algo em torno de R$ 90 mil por mês, fora a premiação individual dos torneios. O campeonato mundial de League of Legends que a Kabum concorreu, paga 1 milhão de dólares para o time vencedor. O esporte eletrônico se tornou tão forte, que nos Estados Unidos da América, foi criada a MLG (Major League Gamer), uma entidade semelhante à NBA (New Basquetball America), a NFL (New Football League) e a MLS (Major League Soccer), campeonatos nacionais de basquete, futebol-americano e futebol, respectivamente. E curiosamente, a primeira franquia da MLG no mundo, é a MLG Brasil, inaugurada no fim de setembro com um direito à festa de lançamento a nível mundial. Bruno Capeleto, 17, estudante de Tads (Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas), da Univel, joga League of Legends há um ano e meio, e dedica em média quatro horas de seus dias para o game. Questionado se um dia gostaria de ser um profissional, o jovem diz que não sonha com a profissão, pois “requer muitas renúncias, como sacrificar aos estudos, tempo e até mesmo amigos”, justificando que “a carreira de um profissional é muito curta, dura até cerca dos 25 anos”, complementa. No entanto, um jogador profissional, depois dos 25 anos pode entrar em uma faculdade, por exemplo, ou se manter no ramo, como treinador de equipes de e-sports ou algo do gênero. Em entrevista ao Estadão, LEP, um dos membros da equipe Kabum!, disse que a carreira de um atleta vai até os 25 anos, pois depois disso o atleta começa a perder os reflexos e o raciocínio necessários para a carreira, o que ocorre, também, com um jogador de futebol, que se aposenta por volta dos 35 anos. Em uma consulta a um oftalmologia, nossa equipe descobriu que além

da questão do reflexo, existe também o risco à forte exposição ao computador. Uma pessoa precisa a cada hora de uso, quinze minutos de descanso. Também é necessário piscar bastante, para lubrificar os olhos. Segundo especialistas, se considerarmos os longos períodos na frente do computador (chegando a oito horas diárias), é necessário adotar uma disciplina de descanso e até mesmo o uso de lubrificantes oculares como colírios. Capeleto considera suas horas de game como “muito além da diversão”, pois o jogo proporciona “conhecer novas pessoas, fazer novos amigos” e, utilizando a versão internacional do jogo, “até aprender novos idiomas, como o inglês”, conclui o estudante. Ainda falando sobre amizade online, Bruno Bibiano, 17, estudante de Direito da Univel, joga há dois anos e meio League of Legends. Ele continua jogando com a mesma “turma” de amigos que conheceu em jogos há quatro anos e meio. “Tem um pessoal do Rio Grande do Sul que já foi até lá em casa”, diz. “Nós conversamos o dia inteiro pelo Skype e sempre jogamos qualquer coisa juntos há quatro anos”, reforça o jovem. Questionado se gostaria de se tornar um jogador profissional, Bibiano diz que sim, entusiasmado. “Imagina só, trabalhar com aquilo que você mais gosta [jogar], eu adoraria”. Se surgisse a oportunidade, conta que até “poderia parar a faculdade” para se dedicar à profissão e aos treinos. “Depois de aposentado eu poderia continuar no ramo, sendo técnico ou algo assim, e poderia retomar a minha vida”, comenta. Sobre outros jogos, Bibiano diz que até costuma sair um pouco do LoL, mas o esporte eletrônico mais jogado no mundo não pode nem ser comparado com os outros passatempos. “LoL é competitivo e eu me divirto muito”, conta o jovem que chega a dedicar oito horas por dia de seus finais de semana ao game e quatro horas por dia na semana. Sobre seu personagem favorito, o estudante diz que prefere os mais desafiadores, que requerem muita dedicação para serem controlados. Outra forma de ganhar dinheiro apenas jogando é criar um canal de streaming, transmitir ao vivo o que se está jogando e divulgar os patrocinadores durante a jogatina, ou mesmo ser financiado pela plataforma de transmissão, para trazer visitantes. A Twitch.tv é a maior referência do gênero, alcançando mais de 60 milhões de visitantes por mês, segundo dados oficiais da companhia, recentemente adquirida pela Amazon por 970 milhões de dólares. Além dos canais de transmissão ao vivo, existem o de gameplay gravadas em que os apresentadores analisam o jogo. Esse formato é encontrado com bastante força no Youtube, com canais chegando a milhões de inscritos (como o youtuber “Zangado”). Na mesma reportagem sobre e-sports do Estadão, já citada, o portal diz ter entrado em contado com o Comitê Olímpico Internacional, e o COI respondeu que não existe nenhum pedido para formalização dos esportes eletrônicos, mas que eles podem se encaixar na categoria de “jogos da mente”, como o xadrez e o poker. Fato é que os e-sports, eSports ou esportes eletrônicos já são uma realidade, que gera atletas profissionais e que encantam os amadores, elevando a diversão e a competitividade dos games. Basta agora combater o preconceito e mostrar que não são simplesmente “joguinhos de fadas”, como Bibiano diz ter escutado uma vez.

Kayle, a Julgadora - uma das 121 opções de personagens em League of Legends

O mesmo desejo que toda criança tem no Brasil de ser jogador de futebol, uma na Coréia do Sul possui o de ser um atleta de e-sports.


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GABRIEL PRATTI

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Este que vos escreve é um gamer com orgulho. Nós, gamers, somos “fissurados” por jogos eletrônicos e na experiência que eles proporcionam. Desde uma batalha acirrada em um pvp (player vs player – jogador vs jogador) até uma emboscada em conjunto contra um monstro colossal (controlado pelo computador). É aqui que aprendemos a disciplina, o trabalho em equipe, a comunicação interpessoal e até mesmo a nossa própria personalidade, que se reflete no papel que assumimos durante as partidas (como atacante, defensor ou suporte). Infelizmente ainda enfrentamos um grande preconceito de pessoas que consideram “perca de tempo” com “joguinhos infantis”, mas mal sabem que por trás de uma rotina de jogos que saem as mentes mais brilhantes em áreas como design, tecnologia, informática e publicidade, em virtude da criatividade, do raciocínio estratégico e do exercício mental que cultivamos. Isso falando em nível amador, pois a carreira de profissional é de dar inveja em qualquer outra.

(Gabriel Pratti)

LoL é o game m ais jogado no mundo. Segundo dados oficiais, 67 milhões de pess oas no mundo jogam por mês, com um a média de 7,5 milhões de gam ers nos horário s de picos (por dia). A produtora Rio t é também um de staque no com bate aos jogadores co nsiderados “tóx icos”, aqueles que ar rumam encren ca online, ofendend o outros jogado res e causando o m al estar de todo s. Na política da empr esa, existe uma equipe combatendo es sa prática, rece bendo as denúncias do s jogadores norm ais e caçando os tó xicos, punindoos com severos banimen tos do game.

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Bruno Capeleto considera a participação da equipe brasileira Kabum no mundial de 2014 de LoL como enriquecedora: “o simples fato de terem chegado lá é muito grande. Ganharam experiência com os melhores do mundo e agora trarão isso para o Brasil”. Podemos relacionar que nos próximos campeonatos nacionais, a Kabum se torna o nível de referência que as outras equipes precisam buscar. Prova do avanço da Kabum no mundial foi a vitória sobre a Alliance, equipe campeã da Europa, na última partida dos brasileiros no torneio.

Vida de gamer

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Equipe brasileira no mundial

Assistir a uma partida profissional é tão agradável que muitas vezes o público assiste a partidas de games que nem jogam ou gastam mais horas assistindo do que realmente jogando.

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League of Lege

Os brasileiros da equipe Kabum! E-sports, atual campeã brasileira de League of Legends

ESPORTE

Feminino – LU!G

Já que falamos do preconceito a quem vem de fora, existe também o preconceito interno entre alguns jogadores. Por exemplo, o preconceito contra as mulheres que jogam. Para combater essa prática, uma das grandes empresas de jogos no Brasil, a Level Up! Games promove uma campanha de conscientização. Na maioria das capas dos jogos, existem personagens femininos como os mais poderosos e destacados. Existe também, nos campeonatos, o incentivo à formação de equipes femininas para disputar com os homens, e na maioria dos casos, as mulheres levam a melhor.

No site da Level Up! Games, o destaque para personagens femininos combate o preconceito contra as jogadoras


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VARIEDADES

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DIVULGAÇÃO

“Dropando” o preconceito Douglas Trukane

Uma prancha de madeira, eixos e rodinhas. Foi mais ou menos assim que o skate surgiu na metade da década de 50 nos Estados Unidos. Na tentativa de imitar a prancha de surf, surfistas norte-americanos inventaram um esporte que rapidamente ganhou fãs pelo mundo todo. Estima-se que mais de 18 milhões de pessoas andam sobre as quatro rodinhas e dessas, 4 milhões praticam o esporte no Brasil. Hoje, nomes como Bob Burniquist, Sandro Dias e Pedro Barros inspiram brasileiros a seguirem esse esporte. No entanto, o skateboarder ou skatista, ainda é rotulado por muitos como desocupado e tratado com certo preconceito. Lorrane Domigues de Oliveira, 21, aluno de Gestão Comercial da Univel e vendedor em uma skate shop, conta que muitas vezes já sofreu esse preconceito na pele: “ Muitos acham que os skatistas são todos drogados. Algumas vezes em outras cidades, íamos aos restaurantes após os campeonatos e os seguranças nos seguiam achando que íamos roubar só porque estávamos com o skate em baixo do braço”. E não é só homem que passa por isso no mundo do skate. Taiara Daros, 18, vendedora em uma loja de skate em Florianópolis, conta que também já passou por situação semelhante. Ela conta que o preconceito esteve com ela desde as primeiras manobras: “Desde criança gostava muito do esporte, portanto comecei a praticar aos 13 anos por incomodar muito minha mãe para me dar um skate de presente... No começo o skate feminino era bem fraco, não tinha muitas meninas que praticavam e eu acabava sofrendo com preconceitos por isso. Até a minha mãe tinha um pouco”. Hoje, Taiara diz que o preconceito diminuiu, mas ainda não está livre de olhares desconfiados. O número de skatistas continua crescendo no país. O último levantamento feito pelo Instituto Datafolha feito em 2010 mostrou que houve um aumento de 20%, ou seja, 800 mil de adeptos a mais com relação ao último levantamento feito em 2006. Dropando, ou seja, pulando, escadas e descendo corrimões, os skatistas não se importam com o preconceito. “É verdade que há aqueles que ‘ajudam’ a manchar a reputação, mas em geral o skatista é um esportista como outro qualquer, que merece respeito. O skatista também tem que trabalhar e se virar. Ás vezes as pessoas não entendem isso por não conhecer o mundo do skate”, finaliza Taiara.

Skatistas falam como é praticar um esporte que ainda é visto com maus olhos por parte da sociedade

Praça Roosvelt

No dia 4 de janeiro de 2013, um caso ganhou repercussão pelo mundo do skate. Jovens que andavam de skate pela Praça Roosvelt, em São Paulo, lugar que é frequentado pelos amantes do esporte desde a década de 90, foi palco de uma amostra de abuso de poder por parte de um GCM (Guarda Civil Metropolitano) que usou de força contra um dos jovens. Além de jogar spray de pimenta, o guarda o ofendeu verbalmente, mesmo sabendo que estava sendo gravado. As imagens correram o país e várias pessoas do esporte, inclusive jornalistas, mostraram sua indignação com esse caso e reivindicaram por melhorias na praça.


CIÊNCIA/TECNOLOGIA

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Biogás: geração sustentável de lucros Ricardo Oliveira

A produção de energias renováveis tornou-se destaque no Oeste do Paraná

Reinventar matrizes energéticas tornou-se um desafio da atual sociedade, mas o Oeste do Paraná mais uma vez dá um passo à frente e começa a destacar-se também com mais uma ferramenta de produção de energia limpa, o biogás. Extraído dos dejetos dos animais, o gás apresenta-se no Oeste que é região própria do agronegócio como uma nova opção de ganhos. Segundo o Engenheiro Elétrico Rodrigo Régis, o Biogás apresenta-se hoje como um vetor de transformação econômica. “A produção de biogás traz benefícios financeiros e ambientais”. Isso ocorre porque os dejetos dos animais que seriam lançados no solo liberando o gás Metano são canalizados, livrando o ambiente de odores provenientes da decomposição.

As energias renováveis apresentam-se como uma tendência forte do meio rural tendo no biogás mais um produto sustentável para comercialização. Hoje, nas propriedades rurais, o consumo de energia representa aproximadamente 40% da receita total e com essa nova possibilidade esses custos podem reduzir drasticamente. O Engenheiro Rodrigo Régis que também é presidente do Centro Internacional de Energias Renováveis ressalta essas estatísticas: “Foi realizado um estudo que comprovou que pelo menos 30% do custo de um frango abatido está relacionado ao custo energético. Já com a produção do biogás esses custos são reduzidos para 10%, impactando positivamente no valor final do produto” constata.

Linha Ajuricaba, modelo internacional de produção de energia leite e também para extração do Metano que é revertido em fertilizantes às plantações. O condomínio de Ajuricaba foi um projeto piloto para produção de biogás e a iniciativa deu tão certo que o projeto considerado referência nacional será levado para outros pontos do país como aos estados de Santa Catarina, Pernambuco, Alagoas, assim como à cidade de Entre Rios, no Paraná, e San José, no Uruguai. A utilização da bioenergia pode gerar, ainda, mais retornos positivos para Marechal Cândido Rondon, segundo o engenheiro ambiental Marcos Chaves. “A intenção do município agora é que a energia produzida em Ajuricaba seja utilizada também na Prefeitura e no Parque de Exposições Álvaro Dias e o valor

pago pela energia seja revertido aos produtores rurais”. Outra proposta já em andamento é a canalização da energia do biogás para as caldeiras de uma cooperativa que abate aves em Marechal. “Nós já temos uma caldeira adaptada e com a finalização dos tubos o projeto para a cooperativa terá início”, assegura Marcos Chaves. Hoje, com quase 50 mil habitantes, Marechal Cândido Rondon vem ganhando notoriedade na produção de energia renovável, sendo visitada por pesquisadores e profissionais de vários países que buscam diversificar suas matrizes energéticas, os quais, consequentemente, levam o conhecimento e as práticas do Oeste para todo o mundo.

FOTOS: ASSESSORIA DE IMPRENSA ITAIPU

Há quase três anos, a Hidrelétrica de Itaipu firmou parceria com a Prefeitura de Marechal Cândido Rondon para extração de biogás na linha da Microbacia de Ajuricaba, considerada hoje referência internacional em produção de energia. O Condomínio de Agroenergia para agricultura familiar de Ajuricaba conta com 33 propriedades rurais, as quais produzem suínos e gado leiteiro e, hoje, com biodigestores, extraem o gás metano. A tecnologia ainda é composta por 22 quilômetros de gasodutos ligados a uma central termelétrica que distribui a energia entre as propriedades. A nova matriz energética em Marechal distribui a energia através da Microcentral Termelétrica a Biogás. O qual é utilizado para a secagem dos grãos produzidos, resfriamento do

Placas que indicam os locais de passagem da tubulação de biogás

Propriedade rural que produz biogás


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ESPECIAL

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Braço forte, mão amiga!

Alunos conhecem a realidade do Exército Brasileiro

Thaís Antunes

De início erámos aproximadamente 50 acadêmicos de três universidades de Cascavel, assustados e ansiosos pelo que aconteceria. Da Univel éramos em 20 alunos, dos cursos de Jornalismo e Direito. Depois nos tornamos 50 acadêmicos divididos em quatro grupos e o que antes era o burburinho sobre o futuro se tornou o silêncio devido ao desconhecido. Pessoas com fardas verdes olivas circulavam entre os grupos e também nos explicavam o porquê de cada um estar naquele lugar. Esses 50 discentes eram os novos 50 estagiários do curso para correspondentes para assuntos militares oferecido pela EsAO (Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais) do Rio de Janeiro, mais conhecido como Ecam (Estágio para Correspondente de Assuntos Militares), realizado entre os dias 13 e 16 de outubro. Foram realizadas nesses quatro dias atividades de campo, tiro, pista de combate a localidade, noções de primeiros socorros e palestras, mas o objetivo principal do estágio é promover a interação entre sociedade e Exército Brasileiro. O General de Brigada da EsAO, Fernandes, salienta: “Muitas pessoas da nossa sociedade têm uma noção muito vaga sobre o que as Forças Armadas realizam”.

Diário de bordo - dia 2 - Segundo dia. Sete e

meia da manhã. Olhos inchados, pessoas com sono, cheiro de protetor espalhado pelo ar. Mochilas, garrafas d’água, toalhas, tênis de esporte, roupa leve. “Para o segundo dia planejamos a interação entre os estagiários do Ecam e os capitães da EsAO em um PO (Posto de Observação) montado próximo ao Rio Piquiri”, explica Major Ferreira. Depois das informações necessárias, o bate papo com os representantes de nações amigas começa. Capitães da Argentina, Equador e Senegal sanaram as dúvidas sobre os exércitos de outras nações. Após o almoço, a atividade, o ataque coordenado de uma Companhia de Infantaria Mecanizada, com os carros blindados da equipe Guarani sob os comandos do General de Brigada do 33º Batalhão de Infantaria Mecanizada, Polsin. “Todos os anos quando trazemos nossos alunos para atividade prática em Cascavel, o General Polsin nos faz uma demonstração, mas este ano foi a melhor de todas”, diz General de Brigada da EsAO, Fernandes. Os alunos ficam impressionados, pois dava para ver em cada rosto e em cada olhar que aquilo estava muito longe da realidade de cada um. Eram tiros de verdade, tanques de guerra de verdade, soldados fardados, camuflados e um terreno enorme pela frente para dominar. Diário de bordo - dia 3 - Terceiro dia, o chamado “Dia Verde”. Sete e trinta da manhã, a rotina do dia anterior se repete. Olhos mais inchados, pessoas com mais sono, cheiro de protetor espalhado pelo ar. Mochilas, garrafas d’água, toalhas, tênis de esporte, roupa leve. Somos encaminhados a uma sala, lá recebidos por oficias que nos distribuem fardas. Sim, agora estamos fardados, como verdadeiros soldados. As atividades são: corrida orientada e uma aula de primeiros socorros. “Corre, tem soldado morrendo aqui. Corre! Corre!”, gritam do outro lado do campo os soldados “machucados”. Era nossa missão salvá-los. Um dos objetivos do estágio é nos ensinar sobreviver em combate, então, precisamos saber

como comer em combate. Almoço: ração operacional. Deram-nos um pacote com o almoço e café da manhã, comida desidratada. Cada um cozinhou o seu próprio alimento e como em qualquer batalha não tivemos muito tempo para comer. “Cinco minutos para a partida”, grita Major Ferreira. “O melhor tempero é a fome”, diz o General de Brigada Fernandes. A fala foi confirmada por muitos estagiários. O cenário agora é uma indústria de grãos abandonada, galpões e salas vazias. A atividade era a dominação do território com a cobertura da Tv Ecam realizada pelos estagiários. A seguir, veio, talvez, a parte mais emocionante do curso: o tiro com o fuzil. Orientados pelo responsável do comando de armamento pudemos atirar com o fuzil usado por soldados em combate. Um de cada vez segurou o peso de cinco quilos e apertamos o gatilho. “Ninguém pode dizer que vocês nunca atiraram na vida”, diz o General de Brigada da EsAO, Fernandes. Diário de bordo - dia 4 - Quarto dia, e não tão cedo como nos últimos dias. Oito horas da manhã, mas muito mais cansados, muito mais sono. O último dia foi reservado para as palestras de Direito Internacional Humanitário, A Comunicação Social no Exército Brasileiro e a palestra “Missão Haiti”, ministrada pelo General de quatro estrelas, Ajax. Além disso, Coronel Taylor, comandante da 15º Blog leva os estagiários a conhecer todos os comandos. Por fim, a formatura animou os estagiários. Mas aquele sentimento de saudade já se formava no peito de cada um. “Agora eu tenho uma visão diferente do que realmente acontece dentro do Exército”, diz Renan Cesar, aluno do segundo ano de Jornalismo. O aluno do quinto ano de Direito declara que seu dia preferido foi o “Dia verde”. “Foi uma ótima oportunidade para conhecer melhor sobre o Exército e ter a experiência de ser um soldado”, conclui. “Não há palavras para expressar tamanha alegria. As atividades propostas e executadas me ensinaram muito. Mostraramnos o quão precioso é o trabalho em equipe. Uma experiência sensacional”, declara a aluna do segundo ano de Jornalismo, Evelyn Rafaelly. “O que levo do Ecam é um clima descontraído, gostoso e muito aprendizado”, finaliza Renan. FOTOS: SOLDADO MARCIANO

Ataque coordenado de uma Companhia de Infantaria Mecanizada, com os carros blindados da equipe Guarani


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ESPECIAL

EsAA EsOcola de Aperfeiçoamento de Oficiaisecéisam

unos pr aduação. Os al gr spó de la co uma es pela Aman te ser formados en m ia ar ss ce e depois de ne Agulhas Negras) s da r ta ili M ia ra a (Academ militar seguir pa ra ei rr ca de s no oe nove ou dez m ser promovid si as e ão aç iz al ci neral de EsAO para espe tar, explica o ge ili m ra ei rr ca brasileiros, continuar na ão 294 capitães S s. de an rn Fe e 31 brigada, bém brasileiros, m ta , is va na s guai, cinco fuzileiro : Paraguai, Uru as ig am es çõ na al. O curso capitães de oito Angola e Seneg r, do ua Eq , ru Argentina, Pe de duração. tem dez meses

“Aprendemos aqui que a farda não é apenas uma vestimenta é um estilo de vida”, parte do discurso de agradecimento dos estagiários aos responsáveis pelo Ecam

Experiência

Para o comanda nte do 15º Blog, Coronel Ta ylor, receber tantos os alunos do Ecam, como os capitães da EsAO é uma gratificação. “É a demonstraçã o de que esse ba talhão é um do s melhores do pa ís”. Já para o Major Ferreira, cada turma é um no vo ensinamento . “Nós aprendem os tanto quanto os estagiários. Aprendemos co m a garra, dedica ção e força de cada um”. Para ele essa turma aproveitou ao m áximo todas as atividades. “Cas cavel é minha cidade do cora ção e espero m esmo que no próximo ano possamos voltar para cá co m esse curso pa ra novos acadêmic os”, conclui.

Alunos dos cursos de Direto e Jornalismo da Univel que participaram do estágio, junto ao Major Ferreira, diretor do Ecam 2014; General de quatro estrelas Ajax; Coronel Taylor, comandante do 15º BLog; General de Brigada da EsAO Fernandes e os capitães Dos Santos e Macedo, responsáveis pelo Ecam 2014.

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SAÚDE

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FOTOS: JHON DWITT

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Quando se enxerga com o coração Jéssica Araujo

“Você pode ser eternizado no coração de quem vê o mundo através dos seus olhos” (Hospital de Olhos de Cascavel)

Neiva Müller e João Alves

Ver o mundo pode ser cotidiano. Não é nenhuma novidade ver o céu, árvores e pássaros quando para quem enxerga. Muitas vezes não olhamos ao lado e reparamos que para alguém, ver o mundo é um grande sonho. Prova disso é a Sorimar Kieski, 45, que esperou apenas um mês para receber as córneas. “Eu tive problemas de visão praticamente a minha vida toda, usei óculos e lentes de contato por mais de 20 anos. Além de miopia, eu tinha uma doença chamada ceratocone que foi diminuindo minha capacidade de enxergar aos poucos. Foi bem rápido! Nem tenho palavras para expressar a minha gratidão pelo pessoal do Hospital. Atendimento individualizado e humano. Para mim, fazer a cirurgia foi como manter a minha independência, ter a minha autonomia e poder fazer as coisas que eu estou acostumada. Eu gostaria muito de ter a oportunidade de saber quem foi a pessoa que me possibilitou isso e rezo por ela e por toda a sua família diariamente”. A ceratocone é uma doença da córnea, hereditária, caracterizada por um afinamento e deformação progressiva desta membrana, levando ao aparecimento de miopia e elevado grau de astigmatismo irregular e acentuada baixa da acuidade visual. A solução para esta patologia é o transplante de córneas, o que Sorimar fez, assim que recebeu uma doação de córneas. Para que a doação seja feita com sucesso existem colaboradores do Banco de Olhos considerados um dos mais importantes para que sonhos sejam realizados todos os dias. Técnicos de Abordagem Familiar trabalham 24 horas, pois sempre que alguém falece em algum hospital da cidade ou região eles precisam fazer um levantamento de dados da pessoa que faleceu para saber se pode ser doadora ou não. Assim, são consideradas as seguintes informações: idade, causa do óbito, se é portadora de HIV, hepatite B e C, linfoma, metástase cerebral, tumores cerebrais e leucemia, pois caso tenha alguma dessas doenças não é possível à doação. “Primeiramente vamos levar uma palavra de conforto, uma palavra de apoio para a família que perdeu o ente querido. É um momento difícil para a família. Não é um trabalho fácil, mas é muito gratificante”, diz a técnica de Abordagem Familiar, Neiva Müller, que trabalha há oito anos no Banco de Olhos de Cascavel. O procedimento de retirada das córneas é rápido, durando apenas 20 minutos. É retirado o grupo ocular e o olho é recomposto com uma

prótese. A doação pode ser feita com até seis horas depois do falecimento. A doação pode ser feita apenas se a família, de parentesco de primeiro ou segundo grau, autoriza. João Alves, estudante do curso de Jornalismo da Univel, tomou uma decisão importante, doando as córneas da mãe, Vera Lucia Vieira, que faleceu recentemente. “Há alguns meses realizei uma entrevista com um psicólogo que faz abordagem familiar e por isso eu já sabia da importância da doação”, enfatiza João, lembrando que no IML (Instituto Médico Legal) foi abordado pela mesma pessoa que tinha entrevistado. “Os olhos de minha mãe brilhavam com a felicidade de querer me ver formado. Eu não acreditava no que estava acontecendo e pude perceber o quanto é difícil tomar uma decisão em um momento de perda. A dor é insuportável, mas fiz a vontade dela e doei as córneas”, relata. Depois da doação, são feitos exames para verificar se esse paciente é apto e se o tecido ocular está em boa qualidade. A córnea passa por dois médicos, Dra. Selma Myaizaki e o Dr. Cesar Shitatori, para assim ser liberado para a central de transplante de Curitiba e Cascavel. A enfermeira Joziana Pastro, 30, trabalha há 11 anos com doações de córneas e cuida de todos os projetos de campanha de doação para captar mais doadores. “Nós analisamos se a pessoa pode ser ou não doadora. A partir disso, catalogamos todos os dados para que saibamos se a pessoa é uma potencial doadora ou não”, explica Joziana. As pessoas que estão na fila esperando a doação são encaminhadas por um oftalmologista e é ele que transcreve o paciente na fila. Cada pessoa que aguarda uma córnea tem um número que pode ser acompanhado pela internet. Segundo a técnica de Abordagem Familiar, Neiva, todos, quando estão nesta espera, são iguais, pois não existe a possibilidade de fazer o procedimento particular ou de alguém passar na frente. “A fila é única e cronológica, caso o primeiro da fila não possa fazer automaticamente é chamado o seguinte”. A técnica Neiva lembra ainda que as doações, nos últimos meses, aumentaram e consequentemente a fila diminuiu. “Cascavel está ganhando de Curitiba em transplante de córnea”, observa Neiva, lembrando que atualmente o número de pessoas na fila para receber uma córnea está em 300 pessoas e que os técnicos de abordagem familiar recebem em média duas córneas por dia.


SAÚDE

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Meu cabelo enroladinho Os cabelos representam mais do que personalidade para as mulheres, mas imagine ficar sem eles depois da quimioterapia?

“Fui ao salão, mas não quis ver ela raspar, então pedi para a cabeleireira virar a cadeira, e senti meu cabelo cair aos punhados”

Renan Bini e Kassia Beltrame

– Oi dona Rosa, tudo bem? – Tudo joia. Cê tá a fim de trabalhar um pouco, é? – Sim. Tem que trabalhar pra passar de ano (risos). Dona Rosa da Silva Adada, hoje aos cinquenta anos – cinquentinha como ela mesma se define –, esbanja simpatia e alegria de vida, dignas de uma vencedora. Ainda em luta contra a doença que descobriu há um ano na mama esquerda, mantém o sorriso e a confiança graças ao apoio da família e a fé em Deus. Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de mama é o segundo tipo mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres. Segundo a Uopeccan (União Oeste Paranaense de Estudos e Combate ao Câncer), os sintomas do câncer de mama são o nódulo ou tumor no seio, acompanhado ou não de dor mamária. Podem surgir alterações na pele que recobre o seio como abaulamentos ou retrações ou um aspecto semelhante à casca de uma laranja. Nódulos palpáveis na axila também podem ser identificados. A forma mais importante de controle do câncer de mama é a detecção precoce. De acordo com o Inca, “o câncer de mama identificado em estágios iniciais, quando as lesões são menores de dois centímetros de diâmetro, apresenta prognóstico mais favorável e elevado percentual de cura”. Dona Rosa sabe muito bem disso, pois por realizar exames ginecológicos anualmente, descobriu o nódulo ainda no início. No entanto, desde o começo de seu tratamento até agora, perdeu três amigas que faleceram depois de descobrirem a doença em estágio avançado. – Além disso, lhes faltou apoio da família. No meu caso, por exemplo, esse apoio foi fundamental! Se não fosse pela minha família eu não estaria aqui não. A cada 21 dias eu fazia uma nova seção de quimioterapia e perdia cerca de 3 quilos, mas graças a eles, logo eu recuperava. Eles nunca me abandonaram. Em Cascavel, o trabalho desenvolvido pelo Ceonc (Centro de Oncologia Cascavel) e pela Uopeccan é exemplo para o Brasil na prevenção ao câncer de mama. A média de mamografias realizadas todo mês é de 4,5 mil. Em vigor desde 29 de abril de 2008, a Lei 11.664, regulamenta que o SUS (Sistema Único de Saúde) deve assegurar a realização da mamografia a todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade. De acordo com a Uopeccan, o câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mulheres devido à sua alta frequência e, sobretudo, pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção de sexualidade e a própria imagem pessoal. – Quando o câncer foi diagnosticado, qual foi a sua primeira reação? – Aaa, meu Deus. Fiquei sem chão né? Você não sabe nem o que pensar. Eu, na verdade, fiz a biópsia e na biópsia não deu nada. Aí o doutor fez a cirurgia, tirou o nódulo, e quando ele mandou o nódulo para fazer a biópsia de novo, aí deu. É muito triste! Não há explicação. Eu chorei muito quando recebi a notícia, mas como sou uma mulher que tem muita fé em Deus, consegui superar. De acordo com o livro “Tratado de Enfermagem Médicocirúrgica”, de Suzane Smeltzer e Brenda Bare, o câncer de mama é resultado da combinação de diversos fatores, como eventos hormonais e genéticos, bem como fatores ambientais que podem acelerar o desenvolvimento do câncer.

A partir disso as pesquisadoras destacam alguns fatores de risco. Dentre eles: histórico na família (filhas ou irmãs com câncer de mama); mutações genéticas; histórico pessoal (8% a 17% das mulheres que desenvolvem câncer numa mama, também o desenvolvem na outra mama); idade crescente; menstruação precoce; menopausa tardia; câncer de útero, ovário ou cólon; exposição à radiação; obesidade; terapia de reposição hormonal e ingestão de álcool. De acordo com o Inca, após a detecção, o câncer de mama pode ser tratado por meio de hormonioterapia, radioterapia, quimioterapia ou a retirada do tumor por cirurgia (mastectomia). A forma do tratamento será determinada pelo médico considerando o grau de invasão do tumor (estágios I, II, III, e IV), a idade da paciente, o tamanho da mama, as preferências e atitudes da paciente, bem como as contraindicações. Dona Rosa, por exemplo, teve a doença descoberta no estágio I e realizou mastectomia, quimioterapia e radioterapia. – Seus cabelos já cresceram? – Estão enroladinhos (risos). Eles começaram cair 15 dias após a primeira sessão de quimioterapia. Caiu um monte de cabelo. Depois tive que mandar tirar o resto. Fui ao salão, mas não quis ver ela raspar, então pedi para a cabeleireira virar a cadeira e senti meu cabelo cair aos punhados. Mesmo provocando efeitos colaterais tão indesejados como a fraqueza, perca de peso, queda de cabelo, dentre outros, a quimioterapia é uma forma de tratamento fundamental e uma das mais eficazes no tratamento contra a doença. De acordo com o Inca, a quimioterapia utiliza medicamentos para destruir as células doentes que formam um tumor. Dentro do corpo humano, cada medicamento age de uma maneira diferente. Por este motivo são utilizados vários tipos a cada vez que o paciente recebe o tratamento. Estes medicamentos se misturam com o sangue e são levados a todas as partes do corpo, destruindo as células doentes que estão formando o tumor e impedindo, também, que elas se espalhem pelo corpo. Segundo o Inca, metade dos pacientes com câncer são tratados com radiações e é cada vez maior o número de pessoas que ficam curadas com este tratamento. – Após a doença, mudou alguma coisa em sua rotina? – Mudou quase 100%. Eu era uma mulher sadia. Antes, minha última passagem por um hospital foi durante o nascimento da Rosangela e hoje ela já está com 24 anos! Hoje, o meu maior problema é meu braço. Não consigo mais erguer peso, pois ele fica dormente, incomoda. – Que mensagem você deixa a quem está passando pelo que você passou? – Você não pode desistir. Se você desanimar não conseguirá fazer o tratamento. Tem que sempre colocar na cabeça que você vai vencer! Contar sempre com apoio da família também é fundamental. Estou tocando minha vida de novo. Não adianta eu dizer que é como antes, que não é, mas estou feliz! Essa semana, uma senhora que me visitou durante todo o tratamento veio me rever e começou a chorar. Então eu a indaguei: “Por que você agora chora se durante todo o meu tratamento não chorou e manteve-se forte me passando confiança?”. Ela, então, sorrindo, mas ainda emocionada me disse que é por causa do meu cabelo. Ela achou lindo e me disse que ele é “uma maravilha que Deus me deu”.


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CIDADANIA

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Haitianos capacitados FOTOS: DIVULGAÇÃO

Segundo o vereador Paulo Porto aproximadamente 1.200 haitianos residem na cidade e cerca de 70% deles tem nível superior ou técnico

Colaboração: Tatiane Thomazini (1º ano Jornalismo)

Em dois anos a cidade de Cascavel passou a fazer parte na rota de trabalhadores vindos do Haiti, que buscam uma vida melhor, um futuro para suas famílias deixadas no país de origem que fora assolado pelo terremoto de 2010. Cerca de 1.200 haitianos residem em Cascavel trabalhando em cooperativas, indústrias e construções civis; um trabalho honrado como qualquer outro, mas com características de uma classe inferior nos estudos. O que atrai a atenção é que grande parte destes haitianos possuem graduação de ensino superior ou técnico e se igualam ao nível de conhecimento dos moradores de Cascavel ou até mesmo se sobressaem. Além da formação superior falam fluentemente dois e/ou três idiomas. Christel Sanfery, 33, está há dois anos em

Cascavel e é formado em Informática na cidade de Porto Príncipe, do Haiti. Ele conta que o Brasil significa muito para ele, porém em Cascavel encontra muitas dificuldades, o que o entristece: “Os brasileiros veem o povo haitiano como burro. Haitianos não são burros, haitianos têm estudo”, diz Christel, com seu português em fase de adaptação. Outro problema relatado por ele é o fato de as empresas rejeitarem seus currículos por serem estrangeiros. “Duvidam de nossa capacidade para o trabalho. Além do racismo, exigem dez horas de trabalho diário, sem registro em carteira e sem pagamento de horas extras”, lamenta Christel. Quanto ao trabalho os haitianos dizem que mesmo sendo explorados não sentem preguiça de executar qualquer função, mas que seus objetivos em Cascavel são altos e precisam apenas de um voto de

confiança para subir no conceito da população. Noé Claudy, também de Porto Príncipe, está há dois anos em São Paulo. Durante passeio em Cascavel, contou que está tentando uma adaptação na região antes de fixar moradia. Ele é formado em Jornalismo e em Biologia no Haiti, onde foi professor universitário. Atualmente trabalha na construção civil e não tem vergonha de mostrar as mãos calejadas do serviço. Ele demonstra, porém, uma esperança de que possa exercer sua verdadeira profissão. Entre os haitianos temos professores de física, matemática, biologia, artes, motoristas e mecânicos. Apesar das dificuldades para conseguir um trabalho melhor, deixam clara a alegria por estarem em Cascavel. Entre eles há um sonho em comum: trazer o restante da família deixada no país de origem.

Associação dos Haitianos de Cascavel

Com o objetivo de reunir dados sobre a quantidade exata de haitianos em Cascavel e prestar apoio a essa etnia, o vereador Paulo Porto incentivou a organização de uma associação. Luiz Carlos Garbas, reverendo da Igreja Anglicana também auxilia nesse processo, atuando como intérprete de vários haitianos e cedendo espaço para reuniões da Associação dos Haitianos de Cascavel. O objetivo da Associação, segundo Paulo Porto, é realizar um estudo de caso com dados relevantes sobre as condições de moradia, trabalho, saúde e aprendizagem do idioma português, já que a maioria dos haitianos não pretende voltar a morar no país de origem. “É necessária a criação urgente de políticas públicas que atuem em prol da igualdade das minorias, abrangendo a questão de lógica no mercado e melhor aproveitamento desta classe”, afirma Paulo, lembrando que os haitianos que chegam ao Brasil são aqueles com boas condições de vida no país de origem, pois para chegarem até aqui é preciso pagar cerca de três mil dólares. “O Haiti sofre uma verdadeira ‘fuga de cérebros’, porque os mais gabaritados estão se retirando do país e a questão é: ‘Quem reconstruirá o país?’”, finaliza.


CIDADANIA

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Rádio ajuda os novos imigrantes a amenizarem a saudade de casa e a recomeçarem a vida

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Sintonizando na frequência do

Haiti Universal

Maximiliane Veiga

Tudo começa a tremer, a desmoronar. Assim, de repente, a vida abala, literalmente. Os gritos de socorro ecoam por toda a parte, corpos estirados pelo chão, imensas construções vindas a baixo, a poeira e a dor tomam conta. Aquilo que foi construído em uma vida cai por terra em questões de minutos e o que se vê são sobras, desespero, morte. Já pensou como seria viver uma situação como essa? Eles sabem, eles estiveram lá e passaram por isso. Em janeiro de 2010, uma catástrofe aconteceu no Haiti, quando um sismo de magnitude 7,0 Mw na escala Richter destruiu o país. Aproximadamente 3 milhões de pessoas foram atingidas e 200 mil morreram. Os haitianos perderam tudo. Mas a principal característica desse povo caribenho não foi deixada de lado, mesmo depois da tragédia, o sorriso largo, contagiante, continuou estampado no rosto cansado, afinal, quem conseguiu vencer a morte naquele terrível dia 12 teria que juntar forças e recomeçar. Como o Haiti se tornou um caos depois do terremoto, muitos decidiram sair do país para tentar mudar a condição de vida e Cascavel foi um dos destinos escolhidos. São mais de 1.500 haitianos que encontraram aqui a chance de criar uma nova vida. Vendo o crescimento no número dos “novos moradores da cidade”, a rádio comunitária Norte FM criou este ano o projeto Haiti Universal. O programa é apresentado todo domingo à noite por um grupo de haitianos e além de informar e entreter os ouvintes, ainda os conecta aos familiares e amigos que estão em outros países por meio da internet. “O objetivo do programa é fazer um intercambio entre as culturas e facilitar a interação entre os haitianos que estão aqui e aqueles que estão em outros países”,

explica o coordenador da Rádio Norte FM, Diogo Tamoio. “É uma ponte para eles passarem mensagens e recados, falar que está tudo bem para a família, tendo em vista que as ligações custam caro, em torno de R$ 7 cada minuto”, ressalta. Os jovens locutores utilizam cinco idiomas para apresentar o programa, o inglês, o espanhol, o francês, o crioulo e o português e debatem sobre assuntos de interesse público, nacional e internacional. O cobrador de ônibus Marcelin Geffrard está há dois anos e meio em Cascavel, já trabalhou em rádios dos Estados Unidos e do Peru e hoje é o principal locutor do Haiti Universal. “Eles (haitianos) trabalham a semana inteira, então o programa ajuda a relaxar a mente, a seguir em frente”, explica Marcelin. O Haiti Universal ainda dá a oportunidade aos haitianos de conheceram um pouco mais sobre a cidade e sua legislação. “Nós fazemos debates com advogados e vários brasileiros, sobre os haitianos que estão trabalhando, como devem se comportar, quais os benefícios que eles podem ter”. O locutor Valando Lubrisse completa: “nós precisamos saber mais das leis para aprender a viver bem aqui na cidade e acredito que esse programa ainda vai crescer bastante e será bem bacana”. Além de facilitar a interação, o programa ainda ameniza a falta dos familiares que estão em outros países. “Dá para matar um pouco da saudade, porque eles ligam e dizem que nos escutam lá. O programa chega até o Haiti, França e República Dominicana. Assim, todos os haitianos que têm família aqui estão escutando”, conta Marcelin, animado.

O programa chega até o Haiti, França e República Dominicana

MAICON ROSELIO

Programação

Para quem quiser conferir a novidade basta sintonizar a Rádio Norte FM 104,9 aos domingos, ou acessar a programação pela internet, no site nortefm.com. O programa vai ao ar todos os domingos, das 20h às 21h.


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CULTURA

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Mãe de frente Iemanjá:

além dos estigmas

Idene Guedes joga búzios há 35 anos, desde quando se mudou para Cascavel

Mãe Menininha

Cantada na música “Oração de mãe Menininha” de Dorival Caymmi, Escolástica Maria da Conceição Nazaré, neta de escravos, nascida no Brasil (Salvador, Bahia 1894 - Salvador, Bahia, 1986), assumiu a liderança do terreiro de Gantois antes de completar 30 anos, liderando-o por quase 60 anos. Era conhecida por sua doçura marcada na música de Caymmi, um dos muitos artistas da qual Mãe Menininha aconselhava.

Os búzios

A religião

Os búzios fazem parte da religião candomblé, da cultura africana. Os guias são pequenas correntes dispostas em uma mesa com toalha branca de modo que forme um círculo. Cada búzio (pequena concha) representa um Orixá (Semi Deus). No total são 16 pedras e a forma como cai o búzio é um Orixá que está falando.

Todas as manhãs ao levantar-se ela acende as velas, faz uma oração aos orixás antes de ter contato com qualquer pessoa e agradece aos guias de frente, da qual a principal guia é Iemanjá. Idene Guedes, 57, branca, nascida no Rio Grande do Sul, Ialorixá (mãe de santo), de mesa branca, joga búzios há 35 anos, desde quando se mudou para Cascavel. Mesa branca é um lado do qual Idene escolheu fazer parte, ou seja, fazer trabalhos apenas para melhorar a vida das pessoas, realizando trabalhos de água, de mata e cachoeira. Os trabalhos são formas de agradecimento aos orixás das coisas boas que acontecem, um exemplo comum são as oferendas para Iemanjá na virada do ano novo. Ao contrário do que muitos imaginam, o ambiente em que Idene atende as pessoas que querem descobrir um pouco sobre o futuro é claro, refinado e possui paredes brancas que lembram as nuvens de uma tarde de inverno. Ela conta que seus clientes têm perfis variados, atendendo desde empresários a donas de casa e estudantes. A maioria, porém, tem o mesmo objetivo: buscar ajuda espiritual. “Tenho clientes há vinte anos e muitos deles, por exemplo, não viajam sem me consultar”, relata a mãe de santo que faz consulta espiritual com búzios. O que Idene faz, para muitos, é enganação, sendo recorrentes comentários maldosos sobre esse tipo de trabalho espiritual. “Eu jogo cartas, dados, dominó, sinuca, leio a mão, panfleto de semáforo, leio também o que vem escrito na lata de cerveja”, ironiza Guilherme Picussa, 26, estudante. Para o Padre Adimir Antônio Mazali, 48, Pároco da Igreja Nossa Senhora de Fátima do bairro Cancelli, “o candomblé é uma cultura afrodescendente, uma forma de expressão. A Igreja Católica não condena, porque é um aspecto religioso cultural, diferente do catolicismo que é uma doutrina”. O assistente financeiro, Osmar Lourenço dos Santos Junior, 25, diz que respeita essa forma de expressão cultural. “Eu, particularmente, não conheço, porém sei que como eu tenho minha cultura e crendices, esse grupo tem o deles”. Da mesma forma, a turismóloga Thiana Costa, 35, não julga: “Não sou a favor, nem contra, porque eu respeito a crença, a religião. Não me sinto à vontade

O candomblé desembarcou no Brasil junto com os negros trazidos da África, que na época não podiam falar ou cultuar seus deuses que eram disfarçados de santos católicos. Os orixás são os deuses supremos, possuem habilidades e preferências ritualísticas distintas, escolhendo as pessoas das quais querem incorporar no ato do nascimento. Os rituais do candomblé são realizados em terreiros, roças ou casas como são chamados os locais de culto dos orixás. Cada ambiente possui uma mãe ou pai de santo e o ritual é iniciado ao som dos tambores. Diferente da umbanda, que incorpora espíritos desencarnados por meio de médiuns, no candomblé não há incorporação de espíritos porque os orixás são divindades da natureza.

Iemanjá

FOTOS: JANAINA TEIXEIRA

Silmara Santos

de julgar, porque não conheço direito”, comenta. Como tudo começou - Idene é de família católica tradicional que não aceitava trabalhos espirituais. Aos 18 anos, quando se casou foi passar férias na Bahia, terra natal de seu marido, que por sua vez era doutrinado no candomblé e sobrinho da Mãe Menininha do Gantois, que constatou a mediunidade de alta elevação em Idene. “Eu tinha um problema de saúde e foi com ela que descobri que meu problema era espiritual”, conta Idene, relatando que então decidiu fazer o trabalho por meio do candomblé. “Muita gente que passa por meu consultório precisa de acompanhamento espiritual, porém há pessoas que tem problema de saúde. Quando constato que o problema é físico, explico que elas precisam de ajuda médica”. De acordo com a esotérica, quem possui mediunidade precisa fazer uma preparação prévia que pode durar de três a sete anos. “Eu fiz ‘Cabeça’ (doutrina) na Bahia”, relata. Hoje, há cursos on-line para a preparação, mas segundo ela, esse tipo de curso não é confiável, porque é necessário fazer a doutrina em “centros de gira”. Ela conta que por trabalhar em mesa branca nunca foi mal recebida. “Nunca passei por problema de preconceito”, relata, constatando que apesar disso, as pessoas que passam pelo consultório da esotérica querem privacidade e não querem se encontrar com outras. “Por isso o trabalho é feito com hora marcada”, afirma. Idene atende de segunda a segunda, porque nem todos os clientes podem ir durante a semana. “Eu tenho tanto clientes católicos como evangélicos. O problema que mais aflige as pessoas é a desunião familiar, tanto entre pais e filhos, como entre marido e esposa. Essa loucura do dia a dia está desunindo as pessoas, pois a família está sendo deixada de lado”, ressalta. Vários clientes reclamam dos arrastões, que são os centros falsos dos quais pessoas de fora vem para a cidade fazer os chamados “trabalhos”, cobram caro e vão embora. Por isso ela pede que, para quem procura um esotérico, observe quanto tempo a pessoa mora no local e se ela é erradicada, para que não seja enganada.

Rainha das águas, Iemanjá é a mulher divinizada, deusa do mar, representa beleza, família, maternidade e amor. Associada a Nossa Senhora dos Navegantes, da Candelária, da Glória, entre inúmeros nomes, o dia da semana específico de Iemanjá é o sábado, seus elementos da natureza são água, cristal, prata e a Lua. Corresponde a deusa Grega Afrodite, a deusa do amor, da beleza e do sexo. Iemanjá é um orixá feminino (divindade africana) das religiões candomblé e umbanda. O seu nome tem origem nos termos do idioma Yorubá “Yèyé omo ejá”, que significam “Mãe cujos filhos são como peixes”.


inDICA

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O inverno está chegando! Renan Bini e Kassia Beltrame

– Eu fiz o que fiz pelo bem do reino. – O reino? – Tu sabes o que é o reino? – São as mil espadas dos inimigos de Aegon. Uma história que resolvemos contar uns aos outros, até que esqueçamos que é mentira. Mas o que nos resta quando abandonamos a mentira? O caos. Um buraco à espera de nos engolir. – O caos não é um buraco. O caos é uma escada! A grande Muralha. Aqui se inicia o primeiro episódio de Games of Thrones. Se aventurando ao além, três homens da Patrulha da Noite encontram o que todos temem e não acreditam existir mais. Frio, suspense e medo são o que os patrulheiros sentem ao ultrapassar os limites da muralha. Ao descer do cavalo para adentrar a mata, Will encontra diversos corpos decapitados e esquartejados, ele tenta alertar seus companheiros, mas esses nem lhe dão ouvidos. Para se certificar, um de seus amigos pede para que seja levado ao local e ao retornar os corpos já foram cobertos pelo gelo, com isso acham que tudo era mentira, mas Will diz: “Eu sei o que vi... Vi os caminhantes brancos” e sai em direção à Muralha, em busca de proteção. Os caminhantes brancos são criaturas demoníacas nascidas dos desertos gelados do extremo norte. Liderando gigantescos exércitos de mortos os caminhantes travaram uma guerra contra os vivos, varrendo vilas, fortalezas e cidades, destruindo tudo o que encontram. Quem assiste os primeiros sete minutos não para mais. A série tem uma produção gigantesca e em cada episódio o telespetador é surpreendido. Para quem gosta de guerra, intrigas, sexo, sangue e amor, Games of Thrones é perfeito e quem não gosta aprende a gostar, pois a cada instante sofre uma catarse, ou seja, quer estar lá e fazer parte do elenco.

Game of Thornes, baseada na coleção de livros As Crônicas de Gelo e Fogo, escrita por George R. R. Martin, é uma série de televisão norteamericana criada por David Benioff e D. B. Weiss para a HBO. A produção estreou em abril de 2011 e teve quatro temporadas, cada uma com dez episódios de quase uma hora de duração. Dentre os reinos, Winterffel é o primeiro a ser conhecido pelos apreciadores da série por meio da Casa Stark. Local sólido, confortável, simples, Winterfell foi construída ao entorno de um antigo Bosque Sagrado. Por isso, no decorrer da serie é possível perceber certa misticidade no local. Com o inverno se aproximando, coisas estranhas acontecendo além da muralha, a saída de Ned Stark de Winterfell, sua morte e a morte do Rei em Porto Real a batalha está travada. Ao saber da morte do pai Rob Stark, sua mãe e um exército saem de Winterfell a caminho do Sul. Eis que está travada a primeira batalha entre os Starks e os Lennister. No entanto, Rob não consegue chegar ao sul, pois é surpreendido com uma armadilha de Walder Frey, tudo por causa de uma promessa não cumprida. Ele, sua mãe e sua esposa morrem, além de grande parte dos soldados. Com a saída de grande parte da família Stark, o castelo fica fragilizado e é totalmente destruído. A série encaminha-se para a quinta temporada. Em 2015, será a vez do livro A dança dos Dragões. A estreia, prevista para o mês de abril promete surpresas. Em julho, foram divulgados os nomes dos atores e atrizes que representarão Dorne. A quinta temporada também irá trazer “A vergonha de Cersei”, ou seja, ela será desmascarada. Aposto que nesse episódio os fãs irão pular de alegria e falar “bem feito Cersei, você merecia”. Mas como faltam sete meses para o início da série o ideal é acompanhar alguns Spoolers que saem e também algumas notícias de gravação que são divulgadas.

Opiniões

Amor, vingança, incesto e poder: a magia da série medieval que conquistou o mundo

“Adorei a série desde o primeiro episodio, não conseguia parar de ver. Quanto à quinta temporada, esta é muito imprevisível. Só espero que meus favoritos sobrevivam, porque sempre morrem”, Mayara Luíza Borges, 24.

“Quando comecei a assistir a série, ela já estava na terceira temporada, mas em uma semana assisti tudo porque é muito boa. Pelo que tenho acompanhado, a quinta temporada será surpreendente”, Mário Vinicius Neckel, 17.

“Eu estou muito curioso. São vários personagens e cada um com sua história e objetivo. Estou torcendo para Arya Stark não morrer como todos os outros”, Douglas Wegermann Pereira, 25.


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novembro de 2014

FOTOS: HELO ÍSA

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