Unifatos 2015 - 6ª Edição

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Krav maga

Renove São inúmeros os motivos que levam as pessoas a procurarem um brechó, entre eles, roupas customizadas, exclusivas e preços p. 8 e 9 super acessíveis.

A técnica de defesa pessoal que alia movimentos precisos e pensamento ágil está ganhando novos adeptos na cidade. Conheça um pouco sobre essa arte marcial. p. 15

Alzheimer

Quando uma pessoa vira estatística ela perde sua identidade e perde a si própria. Essa é a realidade de Sebastião, sem sobrenome, pois esqueceu. p. 5 a 7

Drones capturam

MAIARA COELHO

imagens em alta resolução

Dreamland

Quem visita Foz do Iguaçu pode incluir no roteiro de viagem o Complexo Cultural e de Lazer Foz do Iguaçu Park Show. O espaço contempla três atrações, são elas: Museu de Cera, Vale dos Dinossauros e o Mundo das Maravilhas.

p. 12 e 13

Legião Urbana Cover DIVULGAÇÃO

CAMILA JUVIAK

Jornal-laboratório elaborado pelo 3º ano do curso de Jornalismo da Univel - ano XIV - edição 71 - outubro de 2015

Esse aparelho, guiado por um controle remoto, tem como função primordial fazer a captura de imagens, vídeos ou fotos em alta resolução a uma altura de aproximadamente 120 metros e três quilômetros de distância. Os drones são utilizados para inúmeras atividades como para medição de loteamentos, prédios, gravação de festas, etc.

p. 14

Miro Penna fala sobre a banda, a música e a importância de Renato Russo, assim como sobre os preconceitos que enfrenta por interpretar.

p. 10


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OPINIÃO

Cover: respeito e louvor ao artista Graziele Rodrigues

“Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou, mas tenho muito tempo.Temos todo o tempo do mundo.” ♫ ♫ ♪ ♪ As coisas boas deveriam ser eternas, e foi com a intenção de eternizar uma lenda do rock nacional que Miro Penna formou uma banda cover da Legião Urbana. As músicas carregadas de senso crítico, reflexões políticas e sociais, como a música “Que país é esse?”, não podem ser esquecidas, por isso Miro Penna e tantos outros covers espalhados pelo país trazem à tona o passado que nunca deveria ter partido, as belas canções e a arte na sua mais pura essência. A partida é triste, mas as lembranças e a contribuição de artistas assim devem ficar para semente. E quem vai semear? O repertório de música atual precisa conhecer essa arte. O trabalho de um cover pode ser comparado ao trabalho de um ator que renasce nos personagens e como em uma máquina do tempo nos teletransporta para um filme da idade antiga ou do último século, dá vida aos poetas mortos em uma série ou minissérie de TV, o que interessa é que são importantes para eternizar todas as obras célebres. A primeira percepção, a de um homem que copia, é quebrada quando entende que também fazem parte da arte a admiração e o dom de incorporar um protagonista da música e fazer voltar num tempo bom. Trazer para o público um sentimento que só poderia vivenciar quando o artista estaria em vida. Sem coveres a geração atual estaria abandonada e seria um grande desperdício não desfrutar, mesmo em ficção, da imaginação de trazer de volta Renato Russo. Música boa nunca morre, é verdade, mas o cover cria vida à memória do artista e salva uma geração carente, fragmentada, sem paciência, que curte um “quero tchu, quero tcha, tchu, tcha”, músicas que serão esvaídas ao mesmo tempo em que dura o seu refrão. O medo de perder tempo faz esquecer que há tanto tempo do mundo, para aproveitar “Pais e Filhos”, momentos que merecem ser vividos com plenitude, para espairecer, para crescer, porque quem vive a crítica em ritmo de belas melodias atropela banalidades da estética do corpo, pois prefere a estética da alma e todas as pessoas que fazem reviver esta arte, trazem alegria ao público e não deixam perder as raízes de um passado sempre de frente para um futuro bom.

outubro de 2015

Cultura de Interior Graziele Rodrigues

Era uma vez uma cidadezinha... Ao começar a crônica vai parecer um clichê, ou um plágio das mais conhecidas poesias de Carlos Drummond de Andrade “Cidadezinha qualquer”. Mas é fato que quando ouvia os versos de Drummond na escola de madeira, com pintura descascada e pisos de tacos, sempre me identificava com a cidade em que morava. A poesia de 1930 retrata minha infância e adolescência. A cidadezinha é Guaiporã, distrito de Cafezal do Sul, que acredito não ajudou muito a tentativa de indicação, pois nem o Word entendeu ao grifar com cor vermelha a palavra. Em Guaiporã não tem bolacha Wafer, mas tem Mirabel e salgadinhos de milho são Chips... Em Guaiporã fazer compras é ir à venda. Em Guaiporã ir em Iporã é ir “no” Iporã e é onde tira-se habilitação para dirigir, onde compram-se calças jeans também. E quando você vai em Iporã todos sabem o que você foi fazer lá, pois ao chegar, uma escadaria te espera com moradores receptivos que te perguntam sem cerimônias: - Onde foi? Com quem foi? Fez o quê? Foi em Guaiporã que aprendi o que é um lead. Em Guaiporã todos sabem dirigir, motocicleta, carro, trator e caminhão, inclusive as crianças a partir de oito anos. Em Guaiporã, carro não é só um meio de transporte, é uma atração circense cultural, tem carros equipados com alto falante, turbinas, cornetas e luzes de neon. Em Guaiporã ninguém usa cinto de segurança e quem usar, logo adianta-se: - Trata-se de um treino para tirar carteira de motorista. Em Guaiporã, o maior lazer é pegar o carro para ir ao campo de futebol, que fica há três quadras de casa, sempre tem jogo aos domingos, quando não tem, soltam-se rojões para o pessoal do sítio não vir pra cidade perder a viagem. Em Guaiporã, moça direita casa virgem com rapazes direitos que vão para a casinha cor de rosa (casa de prostituição) nos dias de domingo. Em Guaiporã, eu aprendi a dançar o TCHAN na escola, também dançava o TCHAN na festa da igreja católica. Em Guaiporã, festa da Igreja é o maior evento do distrito, as pessoas costumam ir em Iporã comprar roupa nova para ir bem vestido. Em Guaiporã, tem assombração, lobisomem e carro preto. O lobisomem é de verdade, pena que na loja de fantasias não lhe venderam o rabo para acabar com o assunto da cidade.

Expediente Univel (União Educacional de Cascavel) - Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Avenida Tito Muffato, 2317 - Bairro Santa Cruz. CEP: 85.806-080 - Cascavel - Paraná. Telefone: (45) 3036-3636. Diretor-geral: Adriano Coelho. Unifatos. Jornal-laboratório elaborado na disciplina de Técnicas de Reportagem, Entrevista e Pesquisa III do curso de Jornalismo. Coordenadora: Patrícia Duarte. Professora orientadora: Wânia Beloni. Acadêmicos (textos, fotos, diagramação e paginação): Adilson Anderle Junior, Alex Sandro Betim Meurer, Alice de Oliveira, Aline Libera Mayer Arriola, Amanda Valeska Cieslak, Ana Claudia Dembinski Kaminski, Ana Talita da Rosa Bonadimann, Anderson Leal da Silva, Andressa Barbon Gimenez, Beatriz Helena da Silva, Camila Juviak dos Santos, Deisy Antoniele Guedes Mayer, Diego Ubiratan Caetano, Ellen Bruna dos Santos, Evelyn Rafaeli de Oliveira Antonio, Gabriel Datsch dos Santos, Graziele Rodrigues de Oliveira da Silva, Juliana Aparecida de Jesus Gregozewski, Lohana Larissa Mariano Civiero, Maiara Coelho, Matheus Vieira Rocha, Pamella Dayani dos Santos, Patrícia Cordeiro da Silva, Rafaela Ghelfond Bacaltcuk, Renan Cesar Alves, Renan Fabrício Lorenzatto da Silva e Wellen Fernanda Reinhold. Tiragem: 1 mil exemplares. Impressão: Jornal O Paraná. E-mail para contato: unifatos@univel.br


EDUCAÇÃO

outubro de 2015

Celulares na aula: aprendizado ou prejuízo? FOTO: ANDERSON LEAL

78 % dos jovens entre 13 e 17 anos usam celulares

Anderson Leal

Nos últimos anos tem-se visto o crescimento expressivo no uso de celulares e aparelhos digitais em salas de aula. Os docentes estão tendo que mudar suas estratégias para trazer de volta a atenção do aluno aos estudos. É um olho no celular e outro na explicação do professor. Uma polêmica vem envolvendo há algum tempo pais, alunos e escolas. Alguns especialistas no assunto acreditam que não se devem dispensar essas tecnologias, pelo contrário, cada vez mais a presença desse sistema na escola é importante, mas como meios de auxiliar os professores e não como substitutos desse tipo de educação para as pessoas. Paula Gusmões, 45, há 15 anos na atividade psicológica, diz que, nos dias atuais, jovens não estão prontos para lidar com tamanha responsabilidade. “Diante de tamanha discórdia mundial, muitos acreditam não ser uma boa opção de estudo desfrutar desses aparelhos. Eu acredito que pode até ser usado, mas com alguns limites. A educação tem que vir de casa.

No caso de descontrole devemos atuar com alguns cuidados, podendo oferecer formas de se aplicar o conhecimento para todos, sem ofender as partes interessadas e assim atuar no educandário com tranquilidade”, relata. Os primos Nathan Matheus, 13, e Raiane Gabriele, 14, dividem opiniões quando o assunto é o uso de aparelhos eletrônicos em sala de aula. Para Nathan deveria ser liberado o uso: “Acredito que pode ser feito um acordo entre professores e alunos. Quando o assunto for de necessidade, devem-se usar sim esses artefatos tecnológicos. Claro que sempre sendo vigiado pelos nossos educandários”. Já Raiane pensa que seja importante a proibição dessa tecnologia em aula: “Sempre vai ter um ou outro espertinho que usa de má fé e acaba atrapalhando as aulas. Sabe aquele ditado de que os bons pagam pelos maus? Sempre vai ser assim”. A educadora Maria Linhares, 28, é a favor do uso de quaisquer aparelhos com benefício em educação. “Eu devo falar para meus alunos o porquê sim ou o porquê não da tecnologia em sala de aula. Agora proibir? Isso propõe uma aula atraente? Acho que podemos caminhar junto com o proposto de se fazer atividades em que os estudantes saibam diferenciar quando usar ou não”. A professora comenta que já passou por uma situação inesperada: “Tive uma experiência nada boa com uma aluna. Enquanto explicava, chamei a atenção e fui pegar o celular para guardar. Pasmem, mas ela quebrou o celular na minha frente”. Para a mãe Ivete Freire Moura, a educação vem de casa. “Eu, como mãe e pai ao mesmo tempo, tenho controle da situação. Meus filhos sabem qual o papel de aluno em sala de aula. Eles já entendem que a tecnologia é uma forma de você ter horários para usar tal ferramenta. É proibido levar o celular para a escola. Lá eles devem usar os conhecimentos propostos pelos professores”. Ela finaliza dizendo que deveria se fazer um bom estudo antes de evoluir por esses lados de aparelhos digitais em salas de aula. “A escola, pais e alunos devem passar por uma reciclagem de ideias antes de implantar o sistema”. O advogado, 52, Paulo Ribeiro, atuante no

Lei Estadual nº 18.118/2014-PR, 24/01/2014 Dispõe sobre a proibição do uso de aparelhos/equipamentos eletrônicos em salas de aula para fins não pedagógicos no Estado do Paraná. A Assembleia Legislativa do Estado do Paraná decretou e sancionou a seguinte lei: Art. 1º Proíbe o uso de qualquer tipo de aparelhos/equipamentos eletrônicos durante o horário de aulas nos estabelecimentos de educação de ensino fundamental e médio no Estado do Paraná. Parágrafo único. A utilização dos aparelhos/equipamentos mencionados no caput deste artigo será permitida desde que para fins pedagógicos, sob orientação e supervisão do profissional de ensino. Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

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Ainda que as escolas tentem evitar, essa é uma cena rotineira que os adolescentes garantem não prejudicar a aprendizagem certame advocatício há 26 anos, acredita que o uso deve ser proibido em sala de aula. “Aceitar o uso de aparelhos sonoros em sala de aula provoca uma destruição na educação do país. É como dar uma bofetada sem questionamento moral no desenvolvimento das pessoas. É a mesma coisa que dar oportunidades aos jeitos imorais que algumas mídias fazem ao expor a privacidade ou jeito de viver de alguém”. Paulo finaliza, defendendo a ideia de que tudo deve ser feito com cautela: “O jeito de abster da solução de algumas pessoas não deve ser seguido pelas pessoas que podem e devem propor o melhor para elas mesmas”.

EducAÇÃO É proibido proibir Camila Juviak Foi-se o tempo em que trocávamos bilhetes em sala de aula, ainda que os clássicos o façam. Toda aquela adrenalina de escrever em um papelzinho, dobrar em diversos pedaços, até deixar o que era uma folha de caderno em um micro papel, é praticamente raro. Sem contar que os assuntos variavam desde a paquerinha até cola de prova. A letra ilegível. Como era complicado entender a própria letra, quem dirá a dos colegas (risos). Isso explica o fato de alguns almejarem seguir carreira na medicina, outros no jornalismo e não mais usando o papel para escrever e sim o editor de texto, e olhem que não é do computador (sim, fiz o texto pelo celular. Obrigada tecnologia do século XXI). Além de não mais utilizar o papelzinho, hoje chamado de post-it, para fofocar ou ainda para trocar valiosas informações, fazemos isso pelo smathphone, por SMS ou então WhatsApp (espera aí, meu celular vibrou!)... Como eu ia dizendo, ou melhor, digitando, deixamos de escrever mensagens manuscritas, principalmente em sala e demos vez ao celular, o fiel escudeiro. Ah, mas tem alguma coisa estranha nisso, aquela plaquinha decorativa em todas as salas de aula não deve estar colada na parede à toa. PROIBIDO O USO DE CELULARES. Como isso soa forte. Nunca ninguém proibiu o uso dos papéis/ bilhetes, não tinha lei para isso, viram como era mais legal colocar a fofoca em dia? Sou a favor da troca de bilhetes ou pelo menos até a conexão 3G funcionar! *Camila Juviak é acadêmica do 3º ano de Jornalismo, e é apaixonada pela literatura.


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CULTURA

outubro de 2015

Você já ouviu falar do

RAFAELA GHELFOND

RAFAELA GHELFOND

WELLEN REINHOLD

WELLEN REINHOLD

harucon?

O evento já está em sua sétima edição e a cada ano cresce o número de participantes

Persongem Rainden do jogo Mortal Kombat

Matheus Brito como cosplay do personagem Raiden

Thiago Silva como cosplay do personagem Kakashi Sensei

Persongem Kakashi Sensei do anime Naruto

Ana Bonadimann e Wellen Reinhold

Cultura, entretenimento e muita diversão foram alguns dos temas abordados na sétima edição do Harucon, que ocorreu nos dias 19 e 20 de setembro, no Colégio Marista em Cascavel. O evento reúne um pouco da cultura geek, nerd e japonesa e engloba várias ramificações dessas culturas. Kássia Yuri Zama, 21, é uma das coordenadoras do Harucon e integrante do grupo do Genshiken. Ela conta como funcionaram as oficinas aplicadas nos fins de semana: “Foram preparadas atividades para todas as idades. Os adultos trabalharam mais com coisas ligadas à decoração da casa. As crianças tiveram outros focos como origamis de animais ”. Como um convite que chamou bastante atenção de quem passava pelo shopping, todos os ingressos se esgotaram antecipadamente. O Harucon é preparado com antecedência para que o público receba atrações de qualidade. Para que tudo isso aconteça, os preparativos começam no

início do ano e são nove meses de organização para que tudo saia como o planejado. Matheus de Oliveira Brito, 18, também é um dos organizadores do evento. Ele explica como funciona todo o procedimento: “São nove meses de preparação e reuniões para decidirmos qual será a melhor forma de executarmos o evento e apresentar um conteúdo de qualidade em prol do público. Porém, conforme o evento vai se aproximando, o ritmo de preparação vai ficando mais intenso, mas tudo sempre bem programado, para trazer um conteúdo que o público participante fique interessado”, conta Matheus. O Harucon traz para Cascavel, além de uma cultura diferenciada, um espaço onde as pessoas que gostam dos assuntos abordados possam interagir com pessoas desconhecidas que apreciam o mesmo tema, como também a criação de novas amizades. O evento deste ano contou com a presença do Youtuber Felipe Castanhari, do dublador Ricardo Juarez (voz dos personagens Jhonny Bravo, Kratos,

Draven, Edu, da animação, Du, Edu e Dudu), entre outros, o “Violinista do Brasil” e também, dos grupos de Curitiba: Conselho Jedi (para fãs de Star Wars) e os Whovians (fãs de Doctor Who), além das feiras de diversas lojas espalhadas pelo evento. Uma das atividades mais esperadas da Harucon foi o campeonato de Cosplay, que esse ano ocorreu de uma forma um pouco diferente. “Pela primeira vez, o campeonato de cosplay será no sistema de duplas, onde os dois participantes sobem ao palco para interpretarem os personagens dos quais estão trajados (cosplay). A dupla que for mais fiel aos personagens, tanto em caracterização quanto em apresentação da cena, se sagra campeã e leva uma viagem para a Comic Con Experience 2015”, conta Matheus, que participa desde a primeira edição do evento. No ano passado o anime escolhido por ele foi Rainden, do jogo Mortal Kombat, já neste ano usou os trajes do personagem Link, do jogo Zelda.


SAÚDE

outubro de 2015

Alzheimer,

uma doença que... o quê?

“A vida me ensinou algumas semelhanças inimagináveis entre tempo, café e urina na tampa do vaso” Matheus Roch e Alice Oliveira

Quando o médico entregou o diagnóstico minha mãe entrou em desespero e perguntou: – Quanto tempo? Houve um silêncio ensurdecedor na sala branca, que até era ampla, mas que naquele momento parecia apertada demais para nós cinco. Eu fiquei ali sem saber o que aquilo significava. Minha mãe em pranto segurava a mão do pai. O médico era apreensivo e cauteloso. Meu irmão caçula brincando inerte com um carrinho vermelho. E meu avô, segurando a mão da minha mãe, tão inerte quanto meu irmão, mas perdido em memórias e pensamentos que ele se esqueceu de compartilhar. – Eu não tenho poder para mensurar o tempo – disse o médico mexendo em seus óculos. Eu nem lembro o nome do doutor, mas aquela frase nunca sairá da minha cabeça... A não ser que minha memória se perca com o tempo, assim como a do meu avô. – Cadê o café? – questionou meu avô. Estava perto do horário do almoço. O horário do café já havia passado. O tempo, pensei naquele instante, não tem volta. É algo intangível, que não se pode trocar, retomar ou pedir de volta. Ele passa e quando a gente se dá conta, se foi... Para nunca mais voltar. É como esperar a semana toda pela sexta-feira. Esperar o dia inteiro pelas 18h para sair do trabalho. Esperar por um tempo que ainda não chegou, sem perceber que torcemos para nosso

tempo agora passar rápido. O tempo de tomar o café já havia passado, mas meu avô sequer notava. Perceber isso naquele momento foi como um banho de água fria: eu não tinha a mínima noção da importância do meu tempo. Do que passava com a minha mãe e irmãos, com meus amigos e familiares e naquele instante, principalmente com o meu avô. – A doença do seu avô é neuro-degenerativa e provoca um declínio crescente nas funções intelectuais – explicou o médico depois de pedir uma xícara de café para a assistente –, desta forma reduz as capacidades de trabalho e relação social, além de interferir no comportamento e na personalidade do portador. Como o médico explicou, de início o meu avô começaria a perder a memória mais recente. – Ele pode até lembrar com precisão acontecimentos de anos atrás, mas será habitual esquecer que acabou de realizar uma refeição, ou de tomar café, por exemplo. O Alzheimer provoca uma progressiva e irreversível deterioração das funções cerebrais, como perda de memória, de linguagem, razão e habilidade de cuidar de si próprio. A pessoa fica cada vez mais dependente da ajuda dos outros, até mesmo para rotinas básicas, como a higiene pessoal e a alimentação. E eu vi meu avô passar por cada uma dessas perdas, até perceber que quem estava perdendo-o era eu.

“Quem fez xixi na tampa do vaso?”

Estágio I – o paciente sofre alterações na memória, personalidade e habilidades espaciais e visuais – Quem fez xixi na tampa do vaso? – gritou meu avô no meio da noite. Todos estavam dormindo, menos eu. Corro até o banheiro preocupado, com medo de que ele tivesse caído ou se machucado em algum lugar. Ao chegar lá, senhor Pedro estava gritando com as paredes: – Eu não acredito que fizeram isso – levou a mão à cabeça, irritado. Somos três homens em casa, mas nem eu e nem meu irmão caçula já haviamos feito algo que pudesse irritar tanto meu avô. Ele próprio tinha acabado de urinar sobre a tampa do vaso,

nada demais, alguns respingos apenas, mas foi o suficiente para tirá-lo do sério. Foi um dos sintomas que percebemos no início da doença: ele não tinha mais noção de espaço e da gravidade das situações. Ajudei-o a lavar as mãos e então limpei a sujeira sobre a tampa do vaso sanitário. Pensei que isso fosse acalmá-lo... Ele nem mesmo notou. – Mas cadê o café? – questionou meu avô. – Que café? – perguntei exausto. Ele não deu bola para minha resposta, como se eu nem mesmo tivesse falado. Pedro saiu do banheiro sem nem mesmo desejar boa noite.

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SAÚDE

outubro de 2015 Estágio II – o paciente tem dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos; ele terá agitação e insônia Nossa família sempre teve o costume de dormir muito cedo. Às 19h todos em casa já se preparavam para deitar, isso porque, meu avô não deixava ninguém dormir tarde. Hoje, no entanto, essa não é mais nossa realidade. A insônia se mantém ao encalço de todos, uma vez que, dormir com o senhor Pedro

perambulando pela casa não é possível, por dois motivos: ele não deixa e ninguém dorme porque está preocupado com ele. Essa rotina se tornou a realidade da família no segundo ciclo da doença, que não era mais exclusiva do meu avô, mas que afetava todos nós. Aquele que antes era calmo, agora não para mais quieto.

Estágio III – o paciente terá resistência à execução de tarefas diárias, incontinência urinária e fecal, dificuldade para comer, deficiência motora progressiva

Meu avô nunca mais reclamou do xixi na tampa do vazo. Ele não urina mais como antigamente, e quando seu corpo chega ao limite faz onde está e na roupa mesmo. Mesmo assim ele afirma que “jamais usará fraldas”. – Lucas, Luciano, Cristiano, Matheus, Vagner, Marcio... – senhor Pedro chama os netos. O neto por quem procura é, no caso, Emanuel, mas sua memória já não ajuda a recordar o nome dos familiares. – Está pronto o café? – questiona irritado – Lucas, Luciano, Cristiano, Matheus, Vagner, Marcio,

está pronto o café? Não está. Além da dificuldade para usar o banheiro, nesta fase percebemos que o antigo senhor ativo, que cultivava verduras em uma horta no quintal de casa, agora mal pode se mexer sem reclamar das dores. Nunca tive muito contato com plantas, no entanto precisei aprender para que aquela pequena horta não morresse... – Você não sabe molhar direito, Cristiano reclama senhor Pedro. – Meu nome é Matheus, vô!

Estágio IV – o paciente terá restrição ao leito, dor à deglutição e infecções intercorrentes

Quando o médico entregou o diagnóstico, minha mãe entrou em desespero e perguntou: – Quanto tempo? O tempo ainda não chegou até essa fase, mas sabemos que chegará. Era isso que minha mãe temia, era esse tempo que ela queria que o médico nos alertasse. E mesmo

sabendo que a doença do nosso Pedro não tem cura, a esperança é o que nos move diariamente. Nos momentos mais inesperados, ele ainda pergunta: – Cadê o café? A resposta é sempre diferente: – Está pronto vô – ou –, vou fazer!

Pedro Vieira, portador da doença de Alzheimer. Talvez esperando sua xícara café!


SAÚDE

outubro de 2015

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OUTROS PEDROS,

OUTRAS XÍCARAS DE CAFÉ!

Quando uma pessoa vira estatística ela perde sua identidade. Quando uma pessoa é diagnosticada com DA (Doença de Alzheimer) ela perde a si própria. Essa é a realidade de Sebastião, sem sobrenome, pois esqueceu. Pai de cinco filhos, colono da cidade de Lindoeste no Paraná, viu os filhos e a cidade crescer, mas nem reparou o tempo passar. De todos os filhos, apenas a caçula continuou ao lado do pai. “É triste saber que ele cuidou da gente a vida toda, encaminhou os filhos na vida e agora, quando mais precisa, meus irmãos dão as costas”, relata Sueli, a única que relembra o sobrenome do pai e da família: Silva. Diagnosticado aos 81 anos, o aposentado foi se perdendo com o passar dos anos. “No começo ele esquecia algumas coisas, até o dia em que se esqueceu de mim”, lamenta a filha. No entanto, para a dona de casa que se desdobra para cuidar dos três filhos, do marido, do pai e de mais dois cachorros, mesmo com a tristeza e dificuldade de quem cuida, o coração dela está feliz por retribuir o amor à figura paterna. “Meu pai sempre foi muito rígido e brigava muito com os filhos, mas era o jeito dele... E agora eu sinto falta até disso”, relembra Sueli, da infância. Ela é uma das únicas que guardam as lembranças do velho pedreiro, reforçando a importância do apoio e amor da família. “Ninguém teve isso na família, então foi um choque”, afirma a dona de casa. No entanto, de acordo com o neurologista do Núcleo de Excelência em Memória do Hospital Israelita Albert Einstein e do Unifesp (Instituto da Memória da Universidade Federal de São Paulo), Ivan Hideyo Okamoto, o único fator de risco comprovado para a Doença de Alzheimer é a idade avançada. “Com o tempo, países em desenvolvimento, como Brasil, China,

Indonésia e Índia, terão cada vez mais quantidade de idosos, o que potencializará o número de impactados. Por isso, é importante o tratamento logo no início da doença”, ressalta. Uma campanha é promovida em todo o país no mês de setembro, para levar informações para que as pessoas saibam lidar da melhor forma com a doença. “A DA responde por cerca de 50% das causas de demência no mundo, que leva à perda do funcionamento cognitivo. Inicialmente, a doença acomete regiões do cérebro relacionadas à memória, mas ela evolui comprometendo funções de linguagem, cálculo e execução de tarefas”, explica. Os exames não revelam se o paciente terá ou não determinada doença, mas sim se ele tem chances de desenvolvê-la em algum momento da vida. “Assim, pessoas mais predispostas a determinadas patologias podem adotar medidas preventivas simples ou assumir procedimentos mais rígidos para a prevenção, de acordo com orientações do médico”, enaltece o neurologista. Em muitos países, as avaliações deste tipo já foram incorporadas pela saúde pública, proporcionando redução de custos e de mortalidade significativos. A detecção de qualquer doença grave em seus primeiros estágios é essencial para o sucesso do tratamento. No caso do Alzheimer, o diagnóstico precoce é ainda mais importante, já que a doença não tem cura e o único recurso disponível é o controle do distúrbio, por meio de medicamentos. “Ainda não existem remédios capazes de evitar a condição, mas sim de controlar o seu avanço. Portanto, identificar os mecanismos associados ao Alzheimer ajuda os cientistas a entenderem melhor a doença e pode auxiliar outros estudos que tentam descobrir formas de impedir que a ela se desenvolva”, conta Kozlowski.

“É triste saber que ele cuidou da gente a vida toda, encaminhou os filhos na vida e agora...” Se perdeu!

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Sueli e o pai Sebastião enquanto ainda não eram estatísticas!

PANORÂMA

DA DOENÇA

Dados: OMS - Organização Mundial da Saúde


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MODA

outubro de 2015

Inovando com o velho Aline Arriola

Seja criança, adulto ou idoso, a pessoa precisará se vestir, a não ser que faça parte de uma tribo indígena conservadora. São inúmeras as possibilidades para encontrar o local que melhor lhe cai bem conforme alguns fatores: crenças, estilos, culturas, convicções. A partir dos anos 70, uma prática se popularizou e começou a ganhar espaço no mercado. Um senhor chamado Belchoir, que vivia na cidade do Rio de Janeiro, iniciou a compra e a venda de objetos e roupas usadas. Nasce, então, o termo brechó, originado da semelhança com o nome de Belchoir. O brechó é uma das formas mais legais de praticar e divulgar a cultura do consumo consciente. Mas os pontos atrativos vão muito além dos já citados. São inúmeros os motivos que levam as pessoas a procurarem um brechó, entre eles, roupas customizadas, exclusivas e além de tudo, com um preço super acessível.

As roupas são lindas, de qualidade e cheias de histórias. Em todas as peças há lembranças dos antigos donos que encantam os novos compradores. “Fiquei apaixonada! Não sei se pelo preço ou pelas roupas que são lindas!”, relata Maria Elena, dona de casa e cliente de brechós da cidade. Peças que fizeram sucesso nas décadas passadas e ainda agradam o público podem ser encontradas em um brechó e adquirida por um preço muito menor em relação às lojas. “Às vezes, em um brechó, uma peça que você encontra em uma loja nova por duzentos ou trezentos reais, você vai encontrar por dez ou quinze. Então, também tem essa vantagem”, comenta Luana Soares, dona de um brechó. Os clientes saem satisfeitos e sem gastar muito. Esses são alguns dos atrativos que os fazem voltar sempre que chega alguma novidade.

“Fiquei apaixonada! Não sei se pelo preço ou pelas roupas que são lindas!”

“Além da qualidade, pelo que eu percebi, são roupas bem cuidadas, com cheirinho de nova e exclusividade, pois muitas coisas que tem eu não vi em outros lugares”, conta Maria. A maioria das roupas vendidas nos brechós da cidade vem de outros lugares. Mas quando chegam às lojas recebem todo um cuidado, passando por uma seleção e se for preciso até por customização. “Normalmente nós importamos de São Paulo, Curitiba ou Foz do Iguaçu para não ter o ‘risco’ de cruzar com pessoas na rua que foram as antigas donas daquela roupa, deixando os clientes mais seguros e à vontade”, conta Luana.

Brechós em Cascavel Brechó Rouperito – Rua São Paulo, nº 1500, Centro. Brechó Chic – Rua Erechim – Mão Inglesa

FOTOS: DEISY MAYER

12 POSES

Lucas Hendrew Amann

Douglas Trukane, do 4º ano de Jornalismo

Professora Thaís Thomazini com os alunos do 1º B de Pedagogia

Luiz Ricardo Borges

Thiago Passos


MODA

outubro de 2015

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

O brechó é uma das formas mais legais de praticar e divulgar a cultura do consumo consciente

Por Deisy Mayer

12 POSES

Tauane Sara e Danielli Corda Alunas de Artes encenando um curta-metragem Acadêmico de Artes Nathan Partka

Stefhani Trichez Motta

Matheus Welington Picolli

Bruno José Neves

Françoa Ferreira


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PERSONALIDADE

outubro de 2015

“Sou o Renato Russo no palco” Lohana Larissa e Renan Lorenzatto

Miro Penna, um jovem com pouco mais de 40 anos de idade, tem duas microempresas: uma de eventos e uma de contabilidade. Ele trabalhava também em uma empresa multinacional como supervisor de setor, no entanto, com o tempo ficou difícil conciliar o emprego com a música, conta o músico e vocalista da Legião Urbana Cover de Curitiba. Logo após a morte do Renato Russo em 1996, e consequentemente o fim da banda Legião Urbana, Miro Penna, com um pensamento inocente de que a Legião iria cair no esquecimento, teve a ideia de formar um trio acústico com as músicas da banda. Sempre quando tocava, as pessoas pediam bis… Em 2000, a banda passou a contar com cinco integrantes e assumiu o nome “Legião Urbana Cover de Curitiba”. Nesses 15 anos de história, o grupo cover já tocou em diversas regiões do país. O sucesso fez com que a família de Renato Russo saísse de Brasília para conhecer a banda em Curitiba e também o diretor do filme “Somos tão Jovens”, Antonio Carlos da Fontoura, chamou a LUCC para fazer o show de lançamento do filme. Penna é parecido com o Renato Russo não apenas na aparência, mas também nos jeitos e trejeitos no palco. A performance desse artista arrepia qualquer legionário!

Antes do cover, já era fã do Legião?

Sim. Eu amo Led Zeppelin, The Doors, Black Sabbath, The Smiths, Elvis Presley, mas eu tenho orgulho de dizer que a minha banda favorita é a Legião Urbana.

Como foi o primeiro show como cover?

Nós assumimos o nome em uma Festa da Diversidade que tinha 20 mil pessoas. Nós já éramos conhecidos como Legião Urbana Cover, só que a gente não tinha assumido o nome. Daí eu subi no palco e disse: “Olá, boa noite! Nós somos a Legião Urbana Cover Curitiba”. Desde lá a gente vem percorrendo um grande caminho. Os deuses do rock têm olhado para a gente e muita coisa aconteceu de lá para cá. Está dando certo. A gente está muito feliz! Nós respeitamos os fãs da Legião. Queremos que eles venham ver o show e tenham a sensação de que viram a Legião, sabe?!

Como que você conseguiu os trejeitos do Renato Russo no palco?

Eu fui aquele adolescente que imitava os grandes artistas. Quando eu descobri que eu tinha uma semelhança com o Renato eu disse: “Agora só falta a postura, o gestual”. Assisti muitos vídeos. Eu tive a possibilidade de ver dois shows da Legião Urbana ao vivo, em Curitiba. O que eu faço no palco é um apanhado de tudo que eu vi em vídeos e principalmente do que eu o vi ao vivo.

Qual é sua maior gratificação?

Eu fico muito contente por estar conseguindo passar coisas boas por meio da obra do Renato Russo. Quando as pessoas cantam com a gente e pedem para tirar fotos, tudo isso é gratificante. Eu até falo no show: “Enquanto os fãs estiverem a fim da gente, a Legião jamais será esquecida!”.

Por quanto tempo pretende fazer o cover?

Enquanto conseguirmos agradar os fãs! É bem gratificante podermos conhecer várias cidades e culturas. Se por ventura chegar o momento em que falarem: “Ah, isso não é Legião! Não está legal!” e esse tipo de comentário for mais recorrente que elogios, aí é porque a coisa não está funcionando. Tomara que isso nunca aconteça.

“Eu sou o Miro Penna e eu sou um cara bem legal também!” FOTOS: DIVULGAÇÃO

Já pensou em acabar com a banda?

Sim, já. A gente tem consciência de que é uma banda cover. Então a gente sofreu muito, tocou muito show de graça. Tiveram momentos que chegamos para fazer o show e a estrutura que tinham nos prometido não estava lá, então tivemos que se virar. Sofremos muito para hoje chegar e tocar para grandes plateias. Ainda sofremos muito preconceito. Tem muita gente que fala: “Ah, esse cara quer ser o Renato Russo”. Não é bem assim. Eu não quero ser o Renato Russo. Eu peço para que as pessoas vejam o meu trabalho como o de um ator. Eu interpreto. Sou o Renato Russo no palco, saindo de lá eu sou o Miro Penna e sou um cara bem legal também!

Miro encenando Renato Russo no palco

Você tem uma história com fã?

Em Joinville, Santa Catarina, quando desci do palco uma moça se aproximou e falou: “Oi Miro, posso falar com você um minutinho? Aí eu falei: “Claro!”. Ela, então, disse: “Olha, independente do que você acredita, da sua religião, eu sou discípula de Allan Kardec, do espiritismo, e eu quero dizer para você que o Renato Russo esteve o tempo todo ao seu lado”. Essa é uma história que eu gosto de contar.

O que o Renato é para você?

Uma porção de coisas. Ele me influenciou muito, como no fato de compor músicas, pois tem uma música em que ele diz: “Ora, se você quer se divertir, invente suas próprias canções”. Eu interpreto isso como se o Renato não gostasse de covers, mas também vejo os covers como necessários. O que seriam dos fãs sem os covers? Renato é inspiração, significa mudança, esperança.

Renato Russo RENAN LORENZATTO

E as músicas autorais?

No começo a gente tinha a intenção de tocar as músicas e que isso fosse uma porta para mostrar o nosso trabalho, pois eu sempre fiz as minhas canções. Elas são como amigas da gente, são conhecidas em rodas com amigos. Por isso eu criei um projeto que se chama: “Alien Burguês”, esse é o nome da banda. Esse projeto tem uma intenção filantrópica. Não é Legião, é Miro Penna. Eu costumo dizer que minhas músicas são para passar coisas boas para as pessoas.

Miro: “Eu não quero ser o Renato Russo. Eu peço para que as pessoas vejam o meu trabalho como o de um ator”


GASTRONOMIA

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Proteína como

UD FOTOS: ANA CLÁ IA KAMINSKI

Na hora de cortar a carne observe alguns detalhes

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atração principal

Ana Cláudia Kaminski

Visual

O ciclo do Tropeirismo, com influência dos lugares por onde passavam, ajudou a fortalecer a cultura e os costumes da região, incorporando hábitos alimentares aos novos habitantes especificamente alemães, italianos, poloneses e ucranianos. Daí surge deliciosos pratos, como o Barreado, Costelão ao fogo de chão, Carneiro no Buraco, Porco no Rolete, Eisbein (joelho de porco), Koziá (carne de cabrito), etc. Mas qual a melhor carne para preparar? De primeira ou de segunda? A diferença está principalmente na quantidade de gordura e de nervo, mas o segredo de saber qual a carne manejar está na receita selecionada. As partes do boi que são mais usadas, como a costela, é mais dura e possuem maior concentração de gordura e também de nervos. Mas quebre esse paradigma, pois toda carne fica saborosa, só depende da maneira como será preparada. A dona de casa Irene Arismende Costa, 52, conta que, quando jovem aprendeu a cozinhar com os pais, ficava o tempo todo na cozinha envolta dos “mentores”. Com o tempo, baseava-se em receitas e, agora com a internet, ajudou muito em diferenciar os tipos de carnes. “Se não tiver a técnica, seguir a receita, estraga a comida”, brinca Irene. Na hora de cortar os diversos tipos de músculos é preciso observar o sentido das fibras de cada peça. É necessário identificar a posição das fibras e deslizar a lâmina da faca transversalmente. Com as carnes de aves e suínos até podemos seguir a mesma lógica das carnes bovinas, mas elas não correm o risco de ficarem duras. As fibras da carne são feixes ou fascículos de células musculares. “As vantagens de cortar a carne dessa forma é que a carne fica mais macia, caso contrário o músculo se contrai com

a alta temperatura, deixando a carne dura. Além de facilitar a entrada do sal e/ou dos temperos, também evita a perda do líquido, deixando-a suculenta“, explica o especialista e professor do curso de Gastronomia da Univel, Rodrigo Táboas. É preciso levar em conta, também, o custo benefício: qual o volume de perda que vai ter na hora de preparar a carne (muito osso, gordura ou pele) e o quão ele diminui durante a cocção. “Por exemplo, com uma bisteca, perde-se em osso e gordura, mas ela não diminui tanto; enquanto uma carne de panela, se colocar 5kg na panela vai sair em média 3,7kg, pois se tem uma redução muito grande”, explica o chefe de cozinha Paulo Rodrigues, 22. É preciso ter cuidado na hora de preparar a carne, pois há vários métodos, devido às várias opções de pratos. O assado é a que menos evapora, perdendo pouco líquido e é o método mais comum. As carnes cozidas secam mais facilmente, mas a grande variável é que geralmente é acompanhada com molhos. Já com a fritura há uma rejeição do público, devido essa nova onda fitness e também o excesso de sujeira, tanto resíduos que ficam no óleo usado como a gordura que se adere aos móveis e paredes da cozinha (neste caso recomenda-se um bom sistema de exaustão!). Hoje é fácil encontrar, mesmo nos restaurantes mais sofisticados, pratos com cortes de carne que antes eram desprezados pela alta gastronomia, como: músculo, acém e paleta. “O que faz uma carne ser ‘de primeira’ não é o corte, mas a qualidade do gado e todo o processo de abate, armazenamento e transporte, até ela chegar à mesa”, defende Rodrigo. Por isso, é importante ter um bom fornecedor e aplicar os métodos adequados para cada corte. E, bon appetit!

Sabia que, desde o século XIX, existem movimentos que estudam o “visual” do prato? Geralmente a proteína é a atração principal, no entanto, é importante cuidar com o acompanhamento dessa carne, para que os outros ingredientes não tirem a atenção do prato central. Até mesmo o recipiente utilizado diz muito sobre o chefe. “Eu trabalho com uma marmita de quatro espaços, que dividem o alimento, separando por macronutrientes (carboidratos, proteínas, amidos e vegetais)”, explica Paulo. Para preparar um bom prato, o que conta é o talento ou a técnica? De fato, o talento é importante para quem está começando, mas com o tempo, a experiência na cozinha conta muito. O professor Rodrigo Táboas aconselha: “O talento está presente na mão do chefe, na hora de temperar a carne e manuseá-la, mas só praticando muito para chegar a um bom resultado, afinal, por mais que reproduza várias vezes o mesmo prato, sempre haverá algo de diferente entre eles”.

Ao ponto

Como saber qual o ponto da carne? Os três principais pontos que se deve levar em conta são: a cor (geralmente não pode estar avermelhada, pois é tachada como crua); a maciez, (quanto mais macia, mais crua ela está); o tempo e temperatura (sem condições uma carne fria, né?).

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Professor Rodrigo Táboas

Chefe Paulo Rodrigues

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TURISMO

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Terra dos sonhos atrai

turistas para Foz do Iguaçu Que tal ficar cara a cara com diversas personalidades mundialmente conhecidas?

Maiara Coelho

Além de uma das sete maravilhas da natureza e da maior usina em geração de energia do mundo, quem visita Foz do Iguaçu pode incluir no roteiro de viagem o Complexo Cultural e de Lazer Foz do Iguaçu Park Show. O espaço contempla três atrações: Museu de Cera, Vale dos Dinossauros e o Mundo das Maravilhas. O Grupo Dreamland acreditou no potencial turístico da cidade, reunindo em um ambiente, diversas réplicas de personalidades da música, cinema, política, televisão, ciência e esporte. O Foz do Iguaçu Park Show possui cenários mágicos que encantam visitantes de todas as idades e se torna, assim, a “terra dos sonhos”, fazendo jus ao termo, de origem inglesa, dreamland. O passeio pelo museu é incrível! São dezesseis cenários que mostram em tamanho real bonecos de cera de celebridades mundialmente conhecidas. A semelhança com a realidade é impressionante. Você pode tirar fotos com muitos famosos como Michael Jackson, Madonna, Beyonce,

Justin Bieber, Ayrton Senna, Santos Dumont, Neymar, Elvis Presley, Papa Francisco, etc. Foz do Iguaçu é o terceiro destino de turistas estrangeiros do Brasil. Pensando nisso é que o Grupo Dreamland resolveu investir na cidade de fronteira, pois acredita que ainda faltam atrações no município, devido ao grande número de pessoas que recebe. “Os bonecos são importados com alta tecnologia, produzidos em Londres, com os mesmos fabricantes do Madame Trussard, um famoso museu de figuras de cera e que possui a maior coleção de figuras de celebridades”, conta o gerente do Dreamland, Luiz Moreira. As amigas Bruna Teixeira e Luana Mousinho, de Maceió, ficaram encantadas com o ídolo teen, Justin Bieber. “Quando meu pai falou que a gente visitaria Foz do Iguaçu no feriado, logo lembrei que aqui tinha o museu de cera com o Justin e convidei minha melhor amiga para vir comigo porque o nosso sonho é tirar fotos com ele de verdade”, diz Bruna. Durante o passeio é muito comum encontrar

pessoas de todas as idades, desde crianças encantadas pelos personagens Bob Esponja e seu amigo Patrick, até pessoas idosas admiradas com as esculturas do Papa Francisco e João Paulo II. Como é grande o fluxo de visitantes, todos os cenários são monitorados e filmados. A cera utilizada nos bonecos é especial e os ambientes são climatizados em 20 graus. De Campo Grande, do estado do Mato Grosso do Sul, Lucimara Silva Magalhães decidiu visitar o Museu por ser um local bem conhecido e comentado. “As réplicas têm muita proximidade com a realidade. Alguns amigos meus já vieram. Essa é a segunda vez que venho a Foz e gostei muito da cidade”. Ela também destaca que a réplica que mais se aproxima da realidade é a de Ayrton Senna. Alisson William é fotógrafo do Museu e relatou um fato inusitado que aconteceu com uma das réplicas: “Um visitante puxou a orelha do Papa Francisco e arrancou sem querer. Ele foi conferir como era a cera e acabou acontecendo


TURISMO

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isso”. Como todos os cenários possuem câmeras, a equipe do museu analisou as imagens e percebeu que foi um acidente, então não houve nenhuma punição ao turista. Além de tirar fotos com as celebridades, o visitante também tem a oportunidade de fazer um passeio pelo espaço Maravilhas do Mundo, que se localiza no mesmo prédio do Museu de Cera. O local expõe em forma de miniaturas vinte e cinco dos principais monumentos mundiais criados pelo homem, como por exemplo, o Cristo Redentor (Brasil), Torre Eiffel (França), Estátua da Liberdade (Estados Unidos), entre outros. O Vale dos Dinossauros reúne 23 espécies em tamanhos reais que impressionam e assustam os visitantes. Ao caminhar pelo vale é possível encontrar dinossauros adultos, filhotes e alguns ainda dentro de ovos. Os animais reproduzem sons, movimentam a cauda e as patas, abrem a boca e mexem os olhos por meio de aparelhagem robótica que possui sensor, ou seja, os animais se mexem apenas quando as pessoas se aproximam.

Em tempos de crise muita gente busca por viagem com destino próximo e de fácil acesso. É o caso dos paranaenses Karla Vitória e Renato Rosa. O casal mora em Pitangueiras (cidade próxima à Londrina) e na primeira viagem que fizeram juntos escolheram Foz do Iguaçu como destino. “A gente queria muito viajar, então esperamos chegar um feriado e escolhemos uma cidade turística próxima da gente”, diz Karla. “Eu já tinha vindo pra Foz, mas não conhecia o Museu de Cera nem o Vale dos Dinossauros, achei tudo muito incrível”, complementa Renato. Outro turista paranaense que também escolheu Foz do Iguaçu para aproveitar o feriado foi o Valmir dos Santos, de Guaraniaçu. “Achei muito importante trazer meus filhos para visitarem o Vale dos Dinossauros, pois é uma oportunidade para as crianças conhecerem a história do nosso planeta, os primeiros seres que habitaram aqui”, afirma o paranaense que ficou impressionado com o ambiente e achou parecido com os cenários de filmes.

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O gerente comenta que o Dreamland terá uma nova atração em breve. “A próxima obra será o Hollywood Dream Cars, que é um museu de automóveis clássicos antigos”, destacou Luiz.

Visitação

O Dreamland abre diariamente das 8 às 18h. O valor da entrada para cada atração é de R$ 40,00 para adultos. Já os idosos, estudantes, professores e crianças de cinco a 12 anos recebem 50% de desconto. A entrada é gratuita para portadores de alguma deficiência física e crianças de até quatro anos. Para ficar por dentro das novidades e promoções, basta acessar o site www.dreamland.com.br

Localização

O Museu de Cera, Maravilhas do Mundo e o Vale dos Dinossauros estão localizados na Avenida das Cataratas, KM 14, nº 8.100, em Foz do Iguaçu.


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TECNOLOGIA

outubro de 2015

É um pássaro, um avião

ou um drone?

O aparelho com mais de 60 anos é uma ferramenta importante quando o assunto é qualidade de imagem

Falar sobre tecnologia não é nada fácil, então buscamos trazer algo que já foi inventado há muito tempo, mas que continua fazendo com que os olhos de muitos “marmanjos” brilhem por aí. Pode ser que você nunca ouviu falar sobre esse aparelhinho que traremos a seguir, mas com certeza já viu o que ele faz e ficou se perguntando: “É um avião?” ou “um helicóptero?”, mas a resposta é “um drone!”. Esse aparelho lembra um avião ou até mesmo um helicóptero, mas é guiado por um controle remoto, que tem como função primordial fazer a captura de imagens, vídeos ou fotos em alta resolução e a uma altura de aproximadamente 120 metros e três quilômetros de distância. Ele é feito de diversos materiais, porém o mais utilizado é a fibra de carbono por ser mais leve. Para entender melhor como funciona esse Vant (Veículo Aéreo Não Tripulado), conversamos com Rodrigo da Cruz, 34, que além de representante comercial é proprietário da Drones Cascavel. Rodrigo explica que existem diversos tipos de drones, com três, quatro, seis ou oito motores e que são compostos por “motor, hélice, controlador

reduzido do que se você for fazer por helicóptero ou avião”, diz. Os drones são utilizados para inúmeras atividades como para medição de loteamentos, prédios, gravação de festas, etc. O aparelho tem valor que varia de R$ 1.500 até R$ 30.000, pois depende da quantidade de motores, tamanho, se a câmera já vem embutida e a qualidade dela, assim como para qual finalidade o cliente terá. O drone que Rodrigo utiliza custou R$ 7 mil juntamente com o iPad. Fabiano Rodrigo Gomes, 28, analista de infraestrutura, gostaria de ter um drone, porém ele diz que o principal obstáculo ainda é o preço. “Para o ramo de tecnologia é bem útil e está bem difundido. Antes era bem mais restrito. O valor ainda é caro e não está acessível a todos”, argumenta. A questão financeira ainda é um empecilho, pois não basta apenas adquirir o equipamento. É necessário continuar investindo financeiramente. É importante sempre observar os motores e baterias, verificando se não há nenhuma oxidação, para certificar-se que irá continuar produzindo belas imagens.

de velocidade, controladora (coração do drone), GPS (Global Positioning System), Sistema Global de Posicionamento em português, barômetros (medidor de pressão atmosférica) e acelerômetro (medidor próprio de velocidade)”, explica. Um fator importante e um bom sistema operacional, segundo Rodrigo, é o IOS (International Organization for Standardization), Organização Internacional de Padronização em português, pois ele tem melhor funcionalidade do que sistema Android. Esses sistemas vêm equipados com módulos de segurança que previnem panes, quedas e grandes danos ao aparelho que avisa com antecedência, fazendo com que o drone retorne para o local que decolou, dando maior tranquilidade para o usuário. “O que dá a estabilidade para ele ficar parado lá em cima é o GPS. Eu coloco as coordenadas aqui no iPad e ele permanece no mesmo lugar”, acrescenta. Uma das principais vantagens é a questão de qualidade de imagem, como explica Paulo Henrique Grazilio, 24, jornalista: “A qualidade da imagem e o custo, o uso comercial, por exemplo, é bem mais

como glês que tem in m e a vr la a p nome por Drone é uma le tem esse E . o ã g n za o roduzem. significad as hélices p u s e u q o lh ru causa do ba des uitas utilida m m ra e v ti s tóxicos. Os drones já peza de lixo m li e te a g s como re iação cional de Av a N ia c n ê g e A Anac (A fiscalização la e p l e v á s n o Civil) é resp e. ção do dron ta n e regulam ra é etros de altu m 0 2 1 e d o taçã ortos, para A regulamen de de aerop a id m xi ro p a nte. por causa d algum acide r e c te n o c a de não ter risco ns e ria, as comu te a b e d s o tip m uma Existem dois ntes” que te e g li te n “i s a uivale as chamad ada ciclo eq C . s lo ic c 0 20 teria vida útil de tos. Cada ba u in m 5 2 e a um voo d ,00. édia R$ 900 custa em m

Histórico

FOTOS: CAMILA JUVIAK

Curiosidades

Evelyn Antônio

O robozinho voador pode chegar a 120 metros de altura

Como diria a minha avó: “Esse negócio é mais velho do que eu” e é. O Vant surgiu em meados dos anos 50. Ele era utilizado pela marinha dos EUA para vigiar determinada região sem expor o soldado. A utilização do drone só foi admitida em 1973. Inicialmente era usado apenas para realizar imagens, mas com o passar do tempo e o avanço aplicado no aparelho, ele começou a ser equipado com armas de fogo.

Rodrigo demonstra como utilizar o aparelho

Sobre a regulamentação do drone acesse: http://www.anac.gov.br/


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Krav maga: FOTOS: RAFAELA GHELFOND

de Israel para Cascavel Adilson Anderle Junior

Um grande medo que a sociedade enfrenta nos dias de hoje são os assaltos. Imagine a cena: você está andando na rua com a sua família e do nada um homem aparece e lhe pede que entregue tudo: carteira, celular, relógio, correntes. Você, sem reação nenhuma, faz sua última ação, o que o homem pede. “Reimagine”! Você está andando na rua com a sua família e do nada um homem aparece e lhe pede que entregue tudo: carteira, celular, relógio, correntes. Você reage, dá uma “surra” no sujeito e chama a polícia. O krav maga incentiva a defesa pessoal, quando possível, para se livrar de situações inesperadas do dia a dia, como assaltos e brigas. Porém, para que consigamos entender o que é, precisamos voltar um pouco no tempo, mais precisamente na década de 40 em Israel, um período marcado por guerras, violência e morte. Se manter vivo naquele período era apenas para os mais fortes ou para aqueles que tinham um pouco de sorte. Foi então que o criador da arte marcial, Imi Lichtenfeld, desenvolveu essas técnicas de defesa. A partir de muito treino e persistência, os praticantes de krav maga saem aptos a se defender de muitas situações adversas do seu cotidiano, como brigas, assaltos, emboscadas. É isso que afirma o professor Marcelo Marchiori, que divide seu tempo entre gerenciar o setor de tecnologia de informação de um hospital e dar aulas de krav maga em uma das poucas academias que oferece a modalidade em Cascavel: “Os alunos aprendem a se defender com socos, chutes, agressões mais leves até mesmo chave, mata leão, faca e armas de fogo”, relata. Marcelo nos explica que os golpes ensinados têm diferentes potencialidades: “Os alunos aprendem golpes que podem quebrar o nariz, por exemplo, até golpes fatais. Cada situação é estudada e os movimentos deferidos conforme a necessidade”, complementa o professor. Ele ainda ressalta que a luta baseia-se em movimentos deferidos no quadril e o oponente perde o centro de equilíbrio e cai. Assim como nas demais artes marciais, no krav maga existe uma hierarquização que é determinada pelas faixas. A faixa branca é utilizada por quem está iniciando na atividade, a amarela para aqueles que praticam há um ano e a vermelha

é utilizada por grandes mestres. A estudante e praticante de krav maga, Luciana Lago, 15, relata por qual motivo escolheu essa atividade: “Eu procurei sobre defesa pessoal. Por eu ser baixa, jovem e mulher, acabo sendo considerada vulnerável pela sociedade. Com o krav maga eu posso me defender de situações que, sem a arte marcial, eu não conseguiria”. Detentora da faixa amarela, Luciana pratica a modalidade há mais de um ano, quatro vezes na semana, e se diz apta a utilizar as técnicas aprendidas nas aulas: “ Me sinto segura, pois tenho um treinamento intenso com o nosso instrutor. Nas aulas o objetivo é treinar métodos de defesa aliado ao psicológico, ou seja, manter a calma.” As artes marciais não distinguem homens e mulheres, em especial o krav maga, pois diante das técnicas, é possível que uma mulher – considerada ainda hoje um “sexo frágil” – também consiga se defender de ataques de homens. Luciana Lago nunca precisou utilizar as técnicas para se defender, porém acredita estar preparada caso precise. Além da defesa contra ataques desarmados, os alunos se tornam capazes de se livrar de situações com armas de fogo e armas brancas (faca, canivete, tesoura), entre outros materiais que possam feri-los. Aliás, os alunos aprendem a utilizar ferramentas que possam ajudá-los a sair dessas situações, como chave de carro, ferramentas, bastões. A prática do krav maga é livre para qualquer pessoa, qualquer idade, qualquer profissão. Marcelo nos conta que em uma das turmas que ele dá aula existem pessoas de diversas profissões: “Nas turmas de quinta-feira temos médico, policial, estudante, filósofo, bancário” e finaliza enfatizando que: “o krav maga é uma arte marcial que é acessível para qualquer pessoa”. Lembrando que reagir a situações de perigo é sempre arriscado e que a polícia não aconselha o embate. As técnicas devem ser utilizadas quando você se sentir seguro e não houver outra opção para sair do estado de perigo.

ESPORTE

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A técnica de defesa pessoal que alia movimentos precisos e pensamento ágil está ganhando novos adeptos na cidade


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MARCA PÁGINA

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#inDICA

APARTAMENTO 111 O pão que o diabo amassou

Corre, Lola,

corre

Matheus Roch*

DIVULGAÇÃO

Dirigido por Tom Tykwer, “Corre, Lola, corre” é um filme alemão de 1998. O longa, que possui três versões, desenrola a história de Manni. Manni esquece uma sacola com 100 mil marcos alemães dentro do metrô e tem o tempo de 20 minutos para recuperar o dinheiro, já que este pertence a um perigoso contrabandista para o qual ele trabalha. Afoito, Mani pede ajuda de sua namorada Lola para recuperar o dinheiro. Sem hesitar, Lola sai correndo pelas ruas a fim de ajudá-lo. Os três desfechos tornam o filme extremamente instigante, pois possibilitam uma série de interpretações. Cada versão mostra que pequenos atos cotidianos causam uma cadeia de acontecimentos devido a alterações mínimas em determinados episódios. Por meio do roteiro nada convencional, o diretor transmite a ideia de que não há nenhuma força que comanda a nossa existência a não ser os nossos desígnios. A teoria existencialista de Jean Paul Sartre é um interessante respaldo analítico para o filme. Para Sartre, somos tão livres que embora o meio em que nascemos, crescemos e vivemos nos leve a uma trajetória existencial, somos nós que optamos por trilhá-la ou não. Assim como cada hipótese do filme, na nossa vida não existem contingências, somos completamente responsáveis por nós e pelos aspectos da nossa existência.

Marca página

Deisy Mayer

A meleca escorrega pela concha e cai no meu prato. A ânsia me ataca imediatamente, tão rápida quanto o cheiro azedo da comida. A fatia de pão jogada por cima da mistura de arroz empapado e feijão velho está dura, quase como um pedaço de tijolo comestível. Assim que saio da fila do refeitório sinto vontade de jogar esse lixo fora, mas estou faminta. Lembro de quando meu ódio pela falecida surgiu... Eu era adolescente ainda e enfrentava os problemas comuns a minha idade: revolta, romances, inveja entre amigas e drogas. Isso tudo não passava de bobeira perto do verdadeiro problema. Eu odiava ir para a aula, mas odiava ainda mais não ter que ir. Odiava minha casa e odiava meu pai por ter partido tão cedo, me

Varal cultural

deixando com ela... (No julgamento) - Eu sei que estou aqui, nessa cadeia fétida por acreditar que minha mãe mereceu a morte, mas eu realmente não a matei - afirmo entre soluços de choro. - Ela não era nenhum exemplo de mãe a ser seguido, pelo contrário. A vizinha que me acusou me encara da plateia. - Minha mãe era abusiva e me fez comer o pão que o diabo amassou, então sim ela mereceu! Meu advogado faz sinal negativo com a cabeça. Acabei de me ferrar! CONTINUA...

*Matheus Roch, estudante do 3º ano de Jornalismo, é apaixonado por moda e literatura

Tradição regional do oeste paranaense

Direção: Tom Tykwer Gênero: ação Duração: 1h22min.

Tradição na cidade de Cascavel, a Festa das Colônias é realizada anualmente no calçadão da Avenida Brasil, em frente à Catedral Nossa Senhora Aparecida. Além da gastronomia, o evento reúne celebrações religiosas, apresentações artísticas, shows e parque de diversões. A primeira edição da festa aconteceu no ano de 1993. A festa, promovida pela arquidiocese de Cascavel, tem parceria com a prefeitura do Municipio. O evento, neste ano, vai do dia 7 ao dia 12 deste mês de outubro e tem entrada franca.


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