Unifatos 2015 - 5º Edição

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Espaço Cultural

Constelação familiar A técnica é um método psicoterápico que trabalha principalmente as emoções e energias inconscientes as quais influenciam p. 11 comportamentos.

O projeto Espaço Cultural Univel realiza exposições em diferentes pontos da faculdade, as quais estarão disponíveis todos os meses, com cronograma fechado até dezembro. p. 13

Voluntários em ação!

Cascavelenses se unem para ajudar pessoas com câncer, idosos e famílias carentes em diversas instituições. Confira algumas histórias e se inspire para ajudar também! p. 15

Jornal-laboratório elaborado pelo 3º ano do curso de Jornalismo da Univel - ano XIV - edição 70 - setembro de 2015

Desde 2001, o agricultor Altevir Lira, 57, de Guaraniaçu, produz cachaça artesanal. Esta, que era para ser apenas para consumo próprio, hoje implementa a renda familiar e ganha admiradores. Todos os processos de produção são feitos dentro da propriedade da família Lira, desde o plantio da cana até a colheita. Dois tipos da cachaça são produzidos pelos Lira: a clarinha, que é armazenada em dornas de inox e a outra com adição de anis estrelado ao líquido, que repousa dentro do barril de carvalho, e, por esse motivo, tem coloração e sabor diferentes e mais forte. O produto é comercializado apenas em Guaraniaçu, mas passa a ser conhecido por toda a região, com a divulgação de amigos e conhecidos dos Lira.

cacheado, sim!

Os padrões de beleza existem e vão se moldando conforme o tempo vai passando. Poderia o Brasil, com sua diversidade de raças, ter apenas um padrão de beleza? Seria o cabelo liso um desses padrões? É evidente que os cabelos cacheados e crespos, normalmente, são sinônimos de inferioridade em relação ao liso.

p. 6 e 7 p. 4 e 5 “Em todo esse tempo de produção, mais ou menos 80 mil litros já passaram pelas dornas. Ela [a cachaça produzida aqui] é diferente da industrializada, é mais forte, pois não há mistura de outros componentes, tornando-a mais natural”, conta o agricultor.

Alienação parental ADILSON ANDERLE JUNIOR

EVELYN ANTONIO

implementa renda familiar

Cabelo crespo ou

LOHANA LARISSA

Cachaça artesanal

Por meio do livro Alienação parental: uma interface do Direito e da Psicologia, a psicóloga, mestre em Direito, professora e coordenadora do curso de Direito da Univel, Caroline Buosi, orienta e relata sobre a síndrome que prejudica a saúde mental de tantas crianças que vivem esse conflito. p. 10


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OPINIÃO

setembro de 2015

Debaixo dos caracóis...

Brasil: um país órfão

Pamella Santos

Pamella Santos

Aceitar e valorizar o que somos. Isso não existe somente na questão sexual – discussão tão em alta contemporaneamente. Quando falamos em aceitação podemos relacionar isso a jeito, costumes, gostos, estilos e cabelos, sim, você entendeu bem, CABELOS! E para assumi-los precisa ter estilo, personalidade e coragem de enfrentar olhos maldosos. Ao ler a matéria dos colegas Lohana e Renan, na editoria Cotidiano, nas páginas quatro e cinco, identifiquei-me rapidamente. Refletindo um pouco sobre o assunto, recordei-me de algumas cenas que se passaram comigo e que estavam escondidas em meu inconsciente. Quando pequena eu sofri muito preconceito por ter cabelos cacheados. Se não bastasse os risos e chacotas fora de casa por ter “cabelo ruim”, com apenas oito anos tinha que ouvir de entes queridos frases como: “Alisa esse cabelo!”, “Nossa, minha neta, alisa! Olha tuas tias todas com cabelos lisos, é tão bonito...”, “Quer alisar ou fazer definitiva? A vó paga para você”... Essas e tantas outras frases me atormentaram por anos. A infância passou e veio a adolescência – uma fase da minha vida, que particularmente, queria voltar o tempo e mudar – onde eu, influenciada por tudo e todos, alisava-os com a famosa chapinha. Quando não podia ou não tinha tempo, alisava ao menos a franja e amarrava o cabelo fortemente. Vivia com ele – que era cacheado – liso, trançado, em coque ou em “rabo de cavalo”. Ver-me com as madeixas soltas? Jamais! Há pouco tempo me assumi de fato. Foi apenas recentemente que o encanto da mulher negra ficou em alta. As novelas, por exemplo, começaram a exibir várias atrizes negras em seu elenco, como Taís Araújo e Camila Pitanga, as quais esbanjam beleza com cabelos crespos ou cacheados, sempre em evidência. Nesse ponto, a mídia contribuiu essencialmente para que eu me aceitasse e valorizasse. A partir disso, aprendi a aceitar que nem todos são iguais e que eu também sou linda assim, desse jeitinho, com minha “jubinha” cacheada. O cabelo enrolado agora virou moda, como diz Sandra de Sá na canção Olhos Coloridos: “Meu cabelo enrolado todos querem imitar...”. Com a maturidade, vem sempre o entendimento e com ele o desejo e a ânsia de aprender mais dicas para deixar “meus queridinhos” ainda mais bonitos. Após juntar um quebra-cabeça de dicas hoje sigo o que chamo de dez mandamentos do cabelo enrolado: 1. Não me lavarás todos os dias, 2. Me deixarás secar naturalmente, 3. Terás paciência para me arrumar, 4. Gastará muito condicionador, creme para pentear, creme de tratamento, óleos e outros afins, 5. No salão sempre falará “corte somente as pontinhas” ou cortará seu próprio cabelo, 6. Fará uma hidratação semanal, 7. Evitará lavar os cabelos em dias chuvosos, 8. Arrumará os cabelos sempre em camadas, 9. Usará e testará todos os produtos possíveis, 10. Penteará com pente de madeira porque tira o frizz. Hoje, já não me preocupo com discriminação nenhuma. Só perco o meu tempo para deixar minhas madeixas ainda mais lindas. Assim, a autoestima está cada vez mais em alta! Ah! Só para não esquecer: acha feio? Então pega o seu preconceito e transforme-o em cremes com fórmulas mágicas para aumentar o tamanho, hidratar e diminuir o frizz. Obrigada!

Desde seu descobrimento o Brasil é um país órfão em vários aspectos. Órfão de pais (aqueles que cuidam e zelam para você crescer e se desenvolver), de amigos (aqueles que torcem pelo seu bem e estão sempre ao seu lado para lhe ajudar), muitas vezes órfão de dinheiro (aquele que é necessário para sua sobrevivência) e de infraestrutura (aquela capaz por trazer a beleza e a ordem para o ambiente). Fomos explorados, não povoados e isso faz toda a diferença. Só se via riqueza saindo e nada entrando, a não ser escravos e mais escravos. De “terra à vista”, à terra do “ouro branco”. Abastecemos boa parte do mundo com nosso precioso açúcar e logo após encantamos o mundo com o “pretinho forte”. Após alcançarmos a “maior idade”, tivemos várias conquistas: abolição da escravatura, proclamação da república, crescimento econômico, político, cultural e tantos outros. Passamos sempre por momentos difíceis, mas como bons brasileiros, não desistimos nunca e sempre damos o nosso “jeitinho” para contornar a situação e sair sambando para os problemas. Voltando os olhos para a atualidade percebemos as marcas do passado principalmente na vida politica e econômica do país. “Governo tem índice baixo de aprovação”, “Operação Lava Jato prende deputados”, “País vive uma das maiores crises econômicas”... Essas são apenas algumas das manchetes que estampam nossos jornais. É uma lástima. São tantos desastres que a população evita assistir, ler ou ouvir jornais por medo de “encarar” a realidade. “Desliga essa TV menina, o mundo já tem tragédia demais”, diz minha avó quando estou assistindo ao noticiário. Diria eu que hoje somos órfãos, não de um governante – o Manda-Chuva do pedaço – mas sim de alguém que seja visto pelas BOAS ATITUDES e não pelo status, que saiba guiar o povo, alguém que seja capaz de RESOLVER os problemas em conjunto, que procure a IGUALDADE, que busque sempre o BEM da população, enfim, NECESSITAMOS de um líder. Talvez se lá, no nosso passado tão sórdido, tivéssemos sido povoados e não explorados, se tivéssemos tido um líder e não um governante, se tivéssemos investido em nosso país e não no país vizinho, se não tivéssemos matado nossos índios, se não tivéssemos maltratado e escravizado nosso povo, se não tivéssemos errado tanto, nós não seríamos o Brasil, mas sim um EUA melhorado. Mas vamos deixar o “se” de lado... Importamos comida, roupa, calçados, tendências, modas, costumes, jeitos, manias, educação, música, esporte, trabalho... Nossa, somos uma cópia? Após tantas idas e voltas, talvez já não sejamos tão “órfãos”, conseguimos ser “adotados”!

Expediente Univel (União Educacional de Cascavel) - Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Avenida Tito Muffato, 2317 - Bairro Santa Cruz. CEP: 85.806080 - Cascavel - Paraná. Telefone: (45) 3036-3636. Diretor-geral: Adriano Coelho. Unifatos. Jornal-laboratório elaborado na disciplina de Técnicas de Reportagem, Entrevista e Pesquisa III do curso de Jornalismo. Coordenadora: Patrícia Duarte. Professora orientadora: Wânia Beloni. Acadêmicos (textos, fotos, diagramação e paginação): Adilson Anderle Junior, Alice de Oliveira, Aline Libera Mayer Arriola, Amanda Valeska Cieslak, Ana Claudia Dembinski Kaminski, Ana Talita da Rosa Bonadimann, Anderson Leal da Silva, Andressa Barbon Gimenez, Beatriz Helena da Silva, Camila Juviak dos Santos, Deisy Antoniele Guedes Mayer, Diego Ubiratan Caetano, Ellen Bruna dos Santos, Evelyn Rafaeli de Oliveira Antonio, Graziele Rodrigues de Oliveira da Silva, Juliana Aparecida de Jesus Gregozewski, Lohana Larissa Mariano Civiero, Matheus Vieira Rocha, Pamella Dayani dos Santos, Patrícia Cordeiro da Silva, Rafaela Ghelfond Bacaltcuk, Renan Cesar Alves, Renan Fabrício Lorenzatto da Silva e Wellen Fernanda Reinhold. Tiragem: 1 mil exemplares. Impressão: Jornal O Paraná. E-mail para contato: unifatos@univel.br


EDUCAÇÃO

setembro de 2015

Cursos preparatórios: um sonho a ser alcançado

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Disciplina nos estudos é a parte fundamental para uma aprovação

Beatriz Helena

BEATRIZ HELENA

Os cursos preparatórios têm como principal objetivo habilitar os candidatos a realizar provas, tanto para os que procuram um cargo público, quanto para os que almejam passar em vestibulares. A trajetória desses alunos envolve persistência e disciplina. Dependendo do objetivo de cada um, o ingresso no setor público ou na carreira acadêmica pode demandar anos de estudo e empenho. Além de dedicação, o estudante Felipe Patricky de Andrade, 20, busca a cada dia superar os próprios limites, ainda que isso exija sacrifícios e renúncias. “Só quem vem de uma escola pública sabe a dificuldade de ser aprovado em um vestibular concorrido”, afirma Felipe, que já prestou dez vezes concursos para tentar ingressar na carreira de Medicina. Entrar em uma universidade pública é um desafio até mesmo para quem estuda em colégios bem conceituados e voltados para o vestibular. Para muitos alunos que estudaram a vida toda na rede pública, o sonho parece ser um pouco ainda mais distante. Muitos deles não puderam contar com um ensino de qualidade, mas mesmo diante de múltiplas dificuldades, alguns superam os empecilhos para alcançar um sonho aparentemente impossível. Felipe Patricky, 20, e Júlia Gabrielli Valdomeri, 21, são guiados por um único desejo, o de se tornar médico. Os dois estudantes investiram no curso preparatório para aumentar as chances e poder realizar seus propósitos. Eles relatam que no cursinho começaram a obter informações sobre como deveriam se preparar para os processos seletivos. “Na minha escola, os professores nunca comentaram sobre faculdade, cursos e vestibular”, revela Júlia. “É fato: quem veio de uma escola que não deu preparo suficiente para a aprovação no vestibular precisa se esforçar mais do que os outros. Mas trata-se mais de uma questão de quantidade de estudo do que de qualidade do aluno”, diz Sumara de Mattos Bubna, professora de um colégio e cursinho de Cascavel, que recebe muitos alunos de escola pública. Ela explica: “Um aluno que tem essa consciência e quer entrar em uma universidade pública ou até mesmo prestar um concurso público já tem qualidade. O problema é que ele não teve tempo de estudo das matérias que caem nas provas e para compensar é preciso estudar muito em casa, fazendo cursinho ou não”. Para auxiliar no estudo, a professora recomenda a utilização de apostilas e livros, além de ler jornais e as obras literárias exigidas, caso haja uma lista obrigatória (o Enem, por exemplo, não pede nenhuma específica). O estudante pode conseguir isso na biblioteca de sua cidade, com amigos que tenham feito cursinho, em lojas de livros usados e, no caso das listas de exercícios, na internet. O

importante é não medir esforços na hora do estudo. E é isso o que Felipe faz. Ele conta que dedica muitas horas à leitura. “Adoro ler, pois assim atinjo vários objetivos. Um deles é manter-me atualizado. Para tanto, leio jornais como a Gazeta do Povo, Estadão, revistas Veja, Super Interessante. Outra fonte de atualização são sites de notícias. Leio também livros para aprimorar a visão holística de cultura e, de sobremaneira, óticas das quais o meio em que estou inserido não oferecem. Acredito que ler é algo que transpõe os limites em que estamos condicionados na vivência diária. A leitura clássica é base de esferas e análises sociais das quais não substituo por outro tipo de leitura. Costumo também ler os materiais das disciplinas e artigos relacionados, o que compõe o leque de informações que procuro assimilar.” A estudante de Direito Alessandra Santa Helena, 24, também está enfrentando diversos desafios, pois além de trabalhar em tempo integral, ela faz faculdade à noite, e ainda tenta conciliar essa dupla jornada estudando para o concurso da Cettrans (Companhia de Engenharia de Transporte e Trânsito). “Preciso realizar bem meu trabalho de dia, deixando meu chefe satisfeito, e, simultaneamente, estudar com alto grau de rendimento, tanto para a faculdade, quanto para o meu concurso público”, conta a estudante. De acordo com a psicóloga Inês Sobutka, a vida de quem se prepara tanto para um concurso, quanto para um vestibular, tem que ser equilibrada. Principalmente para quem trabalha e estuda. “Trata-se de uma vida dupla que exige motivação e garra para ser levada adiante”. Ela acrescenta ainda que tentar manter o autocontrole é imprescindível. “Se o aluno se desespera com a pressão que lhe está sendo exposta, acaba perdendo o controle e pensa que é incompetente, fica até mesmo desmotivado a continuar. Desejamos várias coisas e muitas vezes não somos capazes de alcançá-las, mas isso não significa que seja o fim”, conclui a psicóloga. Segundo a professora Sumara, além de fazer pesquisas complementares, o aluno precisa também conhecer bem as provas que realizará, pesquisando o tempo de duração de cada uma, baixando e resolvendo edições antigas para saber como os assuntos costumam ser abordados. A psicóloga destaca que os alunos devem se esforçar na rotina de estudos, porém, cuidar para levar um ritmo menos estressante. Praticar outras atividades, como exercícios físicos, ajudam aliviar as tensões, recorrentes em tal fase. “Acredito que uma mente descansada é melhor para aprender. É melhor você dividir o seu tempo com você mesmo do que tentar repor tudo depois que passar”, aconselha Inês Sobutka.

“Só quem vem de uma escola pública sabe a dificuldade de ser aprovado em um vestibular concorrido”

Felipe de Andrade e Júlia Valdomeri investem em cursos preparatórios para ingressar na carreira de medicina

EducAÇÃO

Mãe, mas é chato!

Camila Juviak*

“Eu não gosto, não quero e não sei fazer, mãe!”. Oh! Pobres mães, obrigadas a escutar reclamações de seus filhos desde o início do ingresso na escola, quando avançam na graduação e claro, por toda a vida, aquele blá blá blá, mesmo! Falando nisso, em que as mães e pais acompanham o desempenho escolar de seus filhos, cobram, ficam em cima, te fazem ler livros chatos, compreender a disciplina mais do que entediante, complicada. E aí, se você chegar com uma nota baixa teria bronca, com certeza. Mas pensando bem, em meu terceiro ano de graduação da faculdade vejo, e sim, reconheço que eles não estiveram errados em um só momento de cobrar mais de mim, aliás, isso fortalece e faz com que você se torne uma pessoa melhor e mais responsável por suas obrigações. Não estou dizendo que os alunos que não tiveram cobrança não são responsáveis, mas são diferentes daqueles que querem mostrar cada vez mais que podem se superar, e essa superação não precisa ser apenas na escola, na faculdade, mas sim em qualquer parte da vida. Li essa semana que a Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Ceará votou um projeto de lei, em que prevê que os pais que não acompanharem o desempenho escolar de seus filhos, sofrerão punições. É evidente que está certo, mas foi preciso criar uma lei para que os pais tomassem uma posição quanto a isso? Pais que policiam, cobram mais de seus filhos, são formadores de advogados, engenheiros, médicos, jornalistas, administradores e professores. Esses que também são mães e pais em dobro, formam um profissional, cobram dele para que os ganhos sejam melhores. Filhos no sucesso, resultado de pais pulso firme! *Camila Juviak é acadêmica do terceiro ano de Jornalismo e apaixonada pela escrita.


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COTIDIANO

Cabelo , cabelo meu...

setembro de 2015

“Eu aprendi a gostar dele assim. Esse é o que Deus me deu, entende?”

Lohana Larissa e Renan Lorenzatto

Neguinha, neguinha suja, preta encardida, macaca, milk shake, café, palha de aço, cabelo de Bombril. Afrontamentos, insultos e olhares preconceituosos são comuns sob pessoas que assumem as madeixas cacheadas ou crespas. A intolerância e a aversão a outras raças podem fazer com que xingamentos e/ou brincadeiras de mau gosto interfiram na vida de uma criança a tal ponto que a design e cantora Tays Villaca, 26, quando criança, pegou um compasso e cortou o pescoço de um colega da escola. Sim, foi essa uma das soluções que usou com um garoto da escola que estava fazendo brincadeiras maldosas com ela. “Foi assim que eu ganhei respeito, pela agressividade. Foi essa a arma que eu tive para poder me defender antigamente”, revela. O cabelo de Tays é crespo e, por essa razão, o escondia debaixo de um boné, o prendia fortemente ou fazia uma trança. Depois, com as inovações no mundo dos cosméticos, começou a usar química e tirou todos os vestígios de cachos do cabelo. “Minha mãe queria me incluir num padrão de beleza estipulado. Eu comecei a crescer com aquilo. De certa forma, ela também sofreu muito com isso e eu não posso colocar a culpa nela, pois ela tentou me defender!”, analisa, lembrando que alisou os cabelos até 2012. “Foram 15 anos alisando o cabelo... Sofrendo!”, desaba. Os padrões de beleza existem há muito tempo e vão se moldando conforme o tempo vai passando. Por exemplo, na época da renascença o padrão de beleza era a mulher com uns quilos a mais. Atualmente, na maioria dos países, o padrão é a mulher magra. Mas poderia o Brasil, com sua diversidade de raças, ter apenas um padrão de beleza? Seria o cabelo liso um desses padrões? É evidente que os cabelos cacheados e crespos, normalmente, são sinônimo de inferioridade em relação ao liso. Tays só parou de alisar seu cabelo após ter conhecimento sobre a cultura e qualidades do negro. “Eu vi que realmente eu iria me sentir mais bonita me aceitando de uma forma natural. O racismo existe,

mas quando a gente quer se esconder, as pessoas que oprimem têm mais força, porque elas olham uma pessoa querendo se enquadrar no padrão branco. Quando elas se batem com uma negra, forte, empoderada, ficam acuadas, ou seja, o visual é a primeira força que a gente tem”, diz convicta. Depois de usar química alisante para voltar a ter o cabelo natural de volta, a pessoa precisa passar pelo processo da transição capilar, que consiste basicamente em parar com a química do relaxamento/alisamento e esperar o cabelo crescer tal como ele é. A duração desse processo depende de cada pessoa. Após essa etapa, acontece o BC (Big Chop), que significa “grande corte”, em que a pessoa corta toda a parte de química ainda presente no cabelo. O processo de transição capilar de Tays foi rápido e regado de muitos estilos diferentes: undercut (corte de cabelo, onde só as laterais são raspadas, deixando a parte de cima com bastante cabelo); moicano; undercut com franja. Em junho de 2012, ela fez o BC. Seu cabelo ficou bem curtinho e os cachinhos puderam ser rapidamente vislumbrados. “Fui deixando crescer, fui hidratando, conhecendo o meu cabelo. Fui me acostumando com ele. No ano passado, foi o ano do black. E se for para fazer alguma coisa no meu cabelo, vai ter alguma ligação com os meus ancestrais”, valoriza-se sorridente. Parece loucura, mas têm pessoas que não recebem nenhum apoio da família nesse processo de transição, o que não foi diferente na família de Tays. “A minha mãe se incomodou. Ela demorou para se acostumar com meu estilo”, relata, apontando que atualmente todos estão acostumados, o que faz com que reflitamos sobre como a sociedade impõe conceitos, regras e imposições sobre o que é bonito ou feio, bom ou ruim. Agora, em 2015, por onde passa vai recebendo elogios. Elogios que não eram tão comuns como anteriormente. Sobre voltar ao liso, Tays afirma que nunca mais.

Transição capilar de Tays Villaca

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

“Você vem falar do meu cabelo enrolado, mas enroladas são suas ideias”, Tays Villaca

Rumo ao natural

LOHANA LARISSA

Quem vê a confiante administradora, Daiane de Brito Kaefer, 28, nunca diria que ela sofria um complexo de inferioridade quando criança. Diferentemente de suas duas irmãs que têm o cabelo liso, ela tem cacheado. Para arrumar o cabelo de suas irmãs, sua mãe apenas passava o pente e estava pronto. Mas para arrumar o cabelo de Daiane, era feito coque, trança... “Era uma tristeza. Não gosto nem de lembrar. Sério, sofri demais com meu cabelo. Muito mesmo!”, lamenta. Começou com o relaxamento - química que “solta” os cachos - quando tinha 17 anos. Com esse tipo de química, o cabelo não fica liso e nem enrolado e é por isso que Daiane sempre tinha que passar o secador e em seguida a prancha de cabelo. Durante um processo de relaxamento caseiro, Daiane conta o que aconteceu: “Quebrou inteiro! Eu só senti o cabelo fazendo “tiiiiiiiiiii” e meu cabelo foi caindo na mão. Só senti aquilo queimando. Mesmo assim não aprendi a lição: continuei alisando”. Daiane decidiu parar de usar a química nos seus fios só após perceber que estava ficando careca. Quando começou a alisar, tinha o cabelo na cintura. Porém, de tantas vezes fazer chapinha, foi perdendo o volume e as pontas duplas surgiam, exigindo cortes. “Quando eu vi o meu cabelo estava na nuca e sem volume. Não dava para prender, não dava para fazer nada. Então falei para mim mesma: ‘ou para, ou para!’”. A moça lembra ainda de como era difícil manter o cabelo alisado. Ela enfatiza que era uma escravidão tamanha ter de lavar, secar, pranchar. Daiane conta que o procedimento levava aproximadamente duas horas. “Não adianta, não é minha natureza. Credo, só de pensar, eu duas horas na chapinha, é triste demais. O dia que eu tiver a minha filha, ela vai ser muito estimulada para ter o cabelo dela. Se for enrolado, vai cuidar dele enrolado”, frisa e brinca dando risada: “Entra com o cabelo alisado em casa para ver!”. A administradora conta que está há dois anos na terceira transição capilar. Para passar por esse processo, ela está utilizando o mega hair (técnica utilizada para alongar o cabelo) “O meu cabelo mesmo é o debaixo. Não vejo a hora de o meu cabelo crescer para que eu possa tirar o mega, porque tem horas que me dá um estresse. Como é um cacho aberto, é igualzinho o meu cabelo”, conta.


COTIDIANO

setembro de 2015

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LOHANA LARISSA

Cacheadas nas redes sociais

RENAN LORENZATTO

“As pessoas dizem que o cabelo crespo está na moda, então eu nasci na moda”, Maria Cristina Mariano

“A vida é muito curta para ficar pensando no que os outros vão achar”, Jaelma Ramos

Atitude radical! Radical. Essa palavra definiria perfeitamente a atitude da maquiadora e cabeleireira Jaelma Izidio Ramos, 25, que resolveu não passar pela transição capilar e fazer o grande corte. Jaelma teve a ousadia que muitos definiram como “loucura”. “Eu pensei: ‘Vamos parar! Vamos começar do zero’. Então eu raspei, deixei ele crescer, o natural mesmo”, relata sobre a atitude radical. Após esse ato, a família de Jaelma ficou em choque, pois não foi um progresso. Ela conta que

Maria Cristina Mariano, 33, formada em Artes pela Univel, também passou por momentos constrangedores e teve que ouvir piadas maldosas quando pequena. Ela conta que certo dia estava com um grupo de amigos na frente de uma igreja, a missa havia acabado e quando estava conversando com eles, de repente, um garoto apareceu e gritou: “Menina mais rica do Brasil, carrega na cabeça, uma fábrica de Bombril”. “Eu fiquei bem mal e triste, pois todo mundo ficou rindo. Foi bem constrangedor”, lembra. Obrigada a ouvir essas coisas com frequência, chegou um momento em que Maria não aguentou mais. Aos 20 anos, decidiu que queria alisar os cabelos, pois achava que com os cabelos alisados se sentiria melhor e mais bonita. Durante 12 anos Maria alisou os cabelos, sofrendo, assim, vários cortes químicos. “Quanto mais eu alisava, mais ele quebrava. Toda vez que começava a crescer, ele quebrava também. O meu cabelo nunca aumentava, pois toda vez que crescia, ele caia e ficava mais fraco ainda”, relata. Maria, assim como Daiane, percebeu que isso tinha que parar, afinal, em algum momento iria ficar careca, pois sofria muitos danos no cabelo. Decidiu começar a transição capilar. Os grupos de cacheadas em redes sociais na internet - tais como Cacheadíssimas, Cacheadas.com, entre outros foram o principal incentivo para que a moça tomasse essa decisão. “Acaba sendo uma aceitação mesmo. Essa coisa que os grupos fazem nas redes sociais é legal, pois eles incentivam. O cabelo é sua marca, cada mudança que você faz no seu cabelo, acaba sendo visível para as outras pessoas”, observa. São diversos os tipos de grupos nas mídias sociais, os quais incentivam as mulheres que querem voltar a ter seu cabelo natural. Nesses grupos ocorrem sempre muita interação por parte dos participantes. Sempre há as mais variadas dicas, desabafos, testemunhos sobre o processo de transição capilar, etc. Elas contam como se sentem

e por qual motivo estão optando pelo cabelo natural, seja ele crespo ou enrolado. Maria ficou seis meses no processo de transição. Logo após esse tempo, ela fez o BC. “Eu me sinto bem, eu gosto do meu cabelo. Quando eu assumi, eu aprendi a gostar dele assim. Esse é o que Deus me deu, entende?”, orgulha-se. Quando questionada sobre a habitual associação do cabelo crespo com um cabelo ruim, Maria desabafa: “O cabelo de negro não é ruim! Se você não tiver um cuidado com ele, ele acaba sendo ruim, se você não cuida, ele fica ruim mesmo! Isso acontece também com um cabelo liso! Nosso cabelo não é ruim!”, argumenta. No ponto de vista do cabeleireiro Dick Stier, 27, o cabelo crespo é “a coroa da mulher. O cabelo cacheado e crespo são coroas de diamante, se lapidados, seu brilho ofusca qualquer liso”, salienta o profissional. Dick conta que na região de Cascavel são poucos os profissionais voltados para o cabelo afro e que a maioria dos cursos de cabelereiro seguem um padrão imposto. Em seu caso, teve que buscar conhecimento longe para cuidar desse tipo da textura crespa e cacheada. “Minha primeira mestra de cabelo foi uma negra de 55 anos com um black de fazer qualquer alisamento se curvar. Foi ela que me ensinou tudo que sei. Ela mostra para as pessoas que o cabelo dela é lindo. Então devo tudo a ela!”, revela. Em vez de falar para as mulheres alisarem, o cabelereiro faz exatamente o contrário, incentivando-as o uso do cabelo natural, principalmente pela questão da saúde. Além disso, a mulher que alisa os cabelos perde a identidade e até mesmo um pouco da sua história. Dick diz para as pessoas assumirem seus cabelos, pois no momento que isso acontece, o cabelo conta a história da pessoa e dos antepassados. “Mude o corte, a cor, mas não a estrutura, pois além de autêntica a pessoa fica mais bonita e natural”, defende sabiamente.

o único que apoiou foi seu marido. “Acho que se eu raspasse de novo a cabeça, as pessoas não teriam o choque que tiveram na primeira vez. Para elas, a aceitação será melhor”. Jaelma, logo depois do corte, se sentiu livre. “Não me arrependo em momento algum. Eu me sinto mais leve, mais livre!”, salienta e conta que há pouco tempo decidiu mudar novamente o visual, sendo intitulada mais uma vez de radical. “As pessoas ficavam dizendo: ‘Ah, isso aí não é para você’; ‘você é negra, você não combina com

o cabelo branco’. Se fosse assim, os brancos não poderiam fazer babyliss, pois é algo dos negros”, brinca e contesta ao mesmo tempo. Após receber “vários nãos”, dos diversos cabelereiros que consultou, recebeu um sim. O processo para deixar o cabelo cinza, durou vários dias, foi uma graduação de cores: primeiro bem amarelo. Depois, ficou bem branco. E só no último passo conseguiu chegar na tonalidade desejada. A maquiadora pensa em mudar, só não sabe ao certo o que fará no futuro.


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AGRONEGÓCIO

setembro de 2015

Um gole para o santo! No início do ano de 2001, há 70 quilômetros de Cascavel, mais precisamente em Guaraniaçu, a família Lira começou a fabricar cachaça artesanal, a qual, hoje, complementa a renda familiar. O amor por produzir a bebida mais famosa do Brasil, surgiu quando o agricultor Altevir Lira, 57, assistiu a uma reportagem sobre a exportação da bebida. O que era para ser apenas para consumo próprio e até como a prática de um hobby, tornou-se parte da renda da família. No início Altevir investiu apenas seis mil reais, aproximadamente. Após 14 anos, no entanto, mais de 500 mil reais foram investidos na propriedade para que a cachaça continuasse a ser produzida. “Em todo esse tempo de produção, mais ou menos 80 mil litros já passaram pelas dornas ou chamados barris de armazenagem. Ela é diferente da industrializada, é mais forte, pois não há mistura de outros componentes, tornando-a mais natural”, conta o agricultor. Todos os processos de produção são feitos dentro da propriedade da família Lira, desde o plantio da cana até a colheita. São utilizados equipamentos para a moagem, para a separação do bagaço e do líquido da cana. O líquido é transferido para um decantador, este que irá reter e remover as impurezas presente na garapa, favorecendo assim, a produção com melhor qualidade aos consumidores. Após esse processo, o líquido vai para tanques que servem para armazenar e lá permanecem por oito

ou dez dias, para que a fermentação aconteça. Depois disso, a bebida novamente volta ao processo de decantação e assim se dá início à destilação, em que o álcool é separado no alambique e o líquido será aquecido a 70ºC graus para passar pelo processo de resfriamento e envelhecimento. Nós temos seis dornas de armazenagem com capacidade de 2,5 mil litros cada. Nem todas estão cheias, o que totalizaria em 15 mil litros de cachaça para envelhecimento. Nossa meta esse ano é chegarmos aos 10 mil litros de produção”, explica Altevir. Dois tipos da cachaça são produzidos pelos Lira, a clarinha, que é armazenada em dornas de inox e a outra com a adição de anis estrelado ao líquido e que repousa dentro do barril de carvalho, a qual por esse motivo tem coloração e sabor diferentes e mais forte. Senhor Altevir ainda ressalta que quanto mais tempo repousar no carvalho, melhor a cachaça será. Samuel Carvalho, 53, autônomo, diz que o diferencial da cachaça Lira é o modo de produção, já que é artesanal. “O gosto é muito melhor e nem é comparável à industrializada”, salienta. O produto, que é comercializado apenas em Guaraniaçu, passa a ser conhecido por toda a região, com a divulgação de amigos e conhecidos da família Lira. O arquiteto Felipe Picinini, 28, é um deles. “Eu morava na cidade e vinha para a faculdade com o filho de seu Altevir, em meados de 2007. Ele apresentou a cachaça para a turma. Hoje moro em Toledo, mas praticamente todos os meus familiares e amigos conhecem a bebida”, diz.

Produzida desde o período colonial, a cachaça serve como renda para pequenos agricultores

Histórico

FOTOS: EVELYN ANTONIO

Camila Juviak

Engana-se quem acha que a produção da “marvada” seja recente. A bebida cada vez mais tem a fabricação aprimorada e, claro, atrai consumidores desde quando o Brasil era uma colônia. “A história do surgimento da cachaça está relacionada com a história do país. Ainda que a cana-de-açúcar seja uma planta de origem asiática, e as técnicas para destilar sejam de origem árabe, o produto é de origem brasileira. Há a especulação de que a primeira cachaça foi destilada por volta do ano de 1532 em São Vicente, no nordeste brasileiro”, afirma Rodrigo Taboas, 34, professor do curso de Gastronomia da Univel. Há uma segunda versão. Conta-se que quando um escravo de engenho experimentou a chamada “cagaça”, um caldo verde escuro, formado durante a fervura da cana, a destilação desse caldo daria origem à cachaça conhecida hoje. A bebida também representou uma atividade econômica na colônia. Como as outras bebidas não eram tão compradas, principalmente os vinhos portugueses, por serem muito caro e inviável, a cachaça ganhou espaço no mercado já naquela época. Os portugueses, então, enviaram uma Carta Real à metrópole no dia 13 de setembro de 1649, com o intuito de proibir o consumo da bebida em todo o território brasileiro. Esse dia, então, ficou marcado como Dia Nacional da Cachaça. Com a proibição de tomar o líquido, os comerciantes criaram sinônimos para despistar os fiscais, assim poderiam vender normalmente e os nomes eram os mais criativos possíveis: água que passarinho não bebe, caiana, marvada, água de cana, boa pra tudo, camarada, martelinho, a bendita, entre outros.


AGRONEGÓCIO

setembro de 2015

Curiosidades

Sabor requintado Assim como outras bebidas mundialmente conhecidas e apreciadas, como o uísque, a tequila e o rum que são exclusivamente envelhecidos na madeira de carvalho, a cachaça tem a opção de ser envelhecida em diversas espécies de madeiras nativas, tais como o bálsamo, umburana, jequitibá, ipê e muitas outras, tudo isso para conceder uma coloração diferente e ainda trazer um sabor mais requintado, diversificado e característico da bebida brasileira.

O preconceito Segundo o professor de Gastronomia, Rodrigo Taboas, a bebida trouxe um preconceito desde o início, porque os primeiros apreciadores eram os escravos negros e em consequência a isso, as pessoas tinham receio de tomar.

Alambique O alambique mais antigo, fundado pelo irmão mais velho de Tiradentes, ainda está em atividade no Brasil. Ele nunca parou desde 1755 e fica em Coronel Xavier Chaves, interior de Minas Gerais, onde há o maior número de alambiques de cachaça artesanal do país.

Museu da Cachaça

No interior de São Paulo, em Tupã, existe o Museu da Cachaça. Lá é possível vislumbrar, no primeiro ambiente, a história da cachaça, em que há painéis, fotos,reportagens e peças de engenhos. Na segunda sala, os visitantes poderão encontrar coleções da bebida. No terceiro está a história da Água Doce, Sabores de nossa Terra e por fim as paixões do brasileiro: futebol, samba e cachaça.

Conheça mais sobre a cachaça em: www.mapadacachaca.com.br

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MODA

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Outros tons

Wellen Reinhold e Ana Bonadimann

FOTOS: GUILHERME VIEIRA

Todas as manifestações de arte que conhecemos hoje já passaram por alguma mudança na história, o que quer dizer que nem tudo foi sempre da maneira que percebemos. Obras de arte como as de Picaso ou Salvador Dali são únicas e não há como copiá-las. Essas, porém, servem como inspiração ou base para novos pintores criarem seus próprios quadros, com novos traços, novas personalidades e novas maneiras, o que faz com que a arte esteja em constante evolução e seja capaz de retratar cada momento histórico. A maquiagem feita com pincel é uma técnica realizada há 3 mil anos antes de cristo. Muitas pessoas a reconhecem como uma forma de expressão artística, pois assim como as técnicas de pintores famosos, ainda continua passando por mudanças ao longo dos anos. Novas técnicas vão surgindo a fim de sempre valorizar a beleza da mulher. Um novo jeito de fazer maquiagem, criado por um maquiador cascavelense, chama a atenção, pois descontrói uma velha forma que é usada há anos pelos mais renomados maquiadores. A técnica se chama Strobe e foi desenvolvida pelo maquiador André Cezar, que teve seu talento reconhecido em todo o Brasil depois de sua participação na temporada de 2014 do reality show Desafio da Beleza, transmitido no canal GNT.

A maquiagem como uma forma de arte: a técnica do contorno invertido é a mais pedida e indicada

12 POSES

Leiliane Hageman nM curso de Pedagogia ar tins, do ttos,

Mariza Ma

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de Jornalis

Juliana Claudino da Silva, do segundo ano de Pedagogia

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Beatriz Rafael Marcelino, de Recursos Humanos

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Dieckson dos Santos, de Artes


MODA

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O profissional cascavelense ficou entre os quatro melhores maquiadores do país. A Strobe consiste em iluminar os pontos altos do rosto para realçá-los. É uma maneira diferente de fazer o contorno e ao invés de escurecer os pontos baixos, usa-se apenas o iluminador para reforçar os pontos altos. “A maquiagem Strobe é uma make com efeito mais natural, com uma pele mais iluminada, mas para essa maquiagem ficar boa na pele, ela exige que seu rosto esteja tonificado. É ideal para uma pele lisa e hidratada e não é recomendada para mulheres que possuem muita acne no rosto”, explica o maquiador André Cezar, que destaca a ideia principal dessa técnica: evidenciar os pontos fortes do rosto da mulher. Inspirada nas passarelas internacionais mais renomadas, a técnica promete revolucionar o meio e está fazendo grande sucesso em Cascavel. Segundo André, para mulheres que preferem uma maquiagem mais clean, a técnica do contorno invertido é a mais pedida e indicada. “O Strobe faz sucesso, principalmente entre francesas, que preferem reforçar seus traços naturais ao invés de criarem um novo contorno”, conta. Esssa pode ser considerada uma importante evolução na maquiagem e como todas as outras artes, pode se tornar história.

A Strobe foi desenvolvida pelo maquiador cascavelense André Cezar, que teve seu talento reconhecido no reality show Desafio da Beleza, no canal GNT, em 2014 André Cesar finalizando maquiagem

Por Ana Claudia Kaminski

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Bruna Franciosi Costa, de Jornalismo

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Contá

12 POSES

Cleonice Rodrigues, de Pedagogia

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Fabriziela Vargas da Silva, secretária administrativo

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o de Lojís tica

Caroline Pereira, de Publicidade e Propaganda

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PERSONALIDADE

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Alienação parental:

a síndrome da modernidade Rafaela Ghelfond Bacacltchuk

Quando a Síndrome foi identificada?

Ela foi definida pela primeira vez por um psiquiatra norte-americano nos anos 80 e começou a ser abordada no Brasil há aproximadamente dez anos.

Por que resolveu falar sobre a Síndrome da Alienação Parental?

Eu escolhi esse tema em 2009, quando o assunto ainda era novidade. Eu fazia mestrado em Direito e já tinha formação em Psicologia, então eu optei por um tema que abordasse as duas áreas. Também fiz uma pesquisa para saber o que tinha de mais novo no país, para destrinchar o assunto. Decidi deixar o tema mais acessível para a sociedade, até como forma de alertar os pais para que cometam menos a alienação. Por tudo isso lancei o livro em 2012.

O tema já foi abordado em telenovelas como Salve Jorge. É importante que a mídia aborde esse assunto? Achei excelente! Para mim foi maravilhoso, pois na época o número de vendas do meu livro dobrou. As pessoas me convidaram para dar palestras, mas principalmente foi bom para a população, que começou a ficar alerta sobre isso.

Quais são as consequências da alienação?

A criança pode se tornar muito insegura, ter depressão, ansiedade, autoestima baixa e até reproduzir essa alienação no futuro. Isso ocorre, pois a criança tem uma relação primordial de confiança com os pais, que são as pessoas mais importantes na vida dele. Quando um dos pais começa a fazer a alienação parental, falando coisas do tipo: “Seu pai/ mãe te abandonou. Ele/a é agressivo/a. Olha o que ele/a fez com a nossa família...”. A criança entende

Psicóloga e mestre em Direito, Caroline Buosi, afirma que na maioria dos casos, quem aliena não sabe o mal que está causando ao próprio filho

que aquela relação que deveria ser de segurança e amor, é frágil.

O filho se sente culpado no meio das brigas? Sim, pois é comum ele acreditar que os problemas são por causa dele e começar a ter um sentimento de culpa. Ele começa a internalizar aquele sentimento negativo e vive aquilo como se fosse uma rejeição verdadeira. Ele pensa que quem mais deveria amá-lo, não ama.

A terapia ameniza as consequências?

Sim, mas o melhor é que o trauma não aconteça, como todo problema psicológico. Porém, se acontecer, trabalhamos isso com terapia, lidando como se a rejeição fosse verdade, porque a criança acredita que é. Mas tudo que a criança passou, não pode ser “arrancado”. Se para um adulto é uma grande dor ser rejeitado pelo parceiro, imagine para uma criança.

Como foi a criação da Lei 12.318/2010?

A Lei da Alienação Parental só veio atender um problema que já estava acontecendo. Muitos pais estavam indo para a justiça cobrar os direitos sobre o alienador. Por consequência de tanta demanda judicial, a lei foi criada em 2010.

Com a lei, o número de casos diminuiu?

Sim, a lei ajudou a divulgar a síndrome na sociedade e trazer mais racionalidade, alertando para um problema que já estava acontecendo.

Quais são as punições que o juiz determina para o alienador?

A punição vai desde multa, atendimento psicológico,

ADILSON ANDERLE JUNIOR

Por meio do livro Alienação parental: uma interface do Direito e da Psicologia, a psicóloga, mestre em Direito, professora e coordenadora do curso de Direito da Univel, Caroline Buosi, orienta e relata sobre a Síndrome da Alienação Parental. “É um conflito que ocorre principalmente entre filhos de pais separados, onde um deles começa a utilizar a criança para atingir o outro, falando coisas que denigra a imagem do antigo parceiro”, explica a psicóloga, observando que a intenção do alienador é que a criança crie pelo outro genitor “uma imagem aversiva, uma opinião negativa, como uma maneira de vingar-se pela separação”, lamenta. Caroline fala também sobre a lei que caracteriza esse tipo de crime e as consequências desse problema ainda pouco discutido no Brasil.

visita acompanhada de um mediador e até alteração da guarda do genitor que aliena para o que estava sendo afastado do filho.

Quem está alienando tem noção do mal que está causando ao próprio filho? Cada caso é um caso. No próprio livro eu percebi que havia pessoas que tinham a clara noção do mal que estavam causando e faziam de propósito. Outras já não tinham essa noção, pois estavam com o sentimento de raiva do parceiro e, com o sentimento muito aflorado, agimos impulsivamente. Quando alertadas do mal que estavam causando, elas agiam mais racionalmente.

De que maneira o juiz e a psicóloga podem perceber a alienação?

Sempre vai para a perícia. Se existiu a suspeita, a gente determina uma perícia, assim a criança e toda a família vão para o tratamento psicológico. Ocorre uma investigação e com acompanhamento se pode comprovar se aquela imagem que existe é verdadeira ou falsa.

Existe alguma ONG que dá apoio a famílias que sofreram com a alienação?

Existem, mas a maioria fica em São Paulo e outras capitais. Para a nossa região a possibilidade são as ONGs virtuais. Em 2012 (quando lancei o livro) existiam sete, em que famílias que passaram ou estavam passando por esse problema davam o seu relato. Eu ressalto que o mais recomendado é o tratamento psicológico particularizado, pois cada situação é diferente. A busca do tratamento é fundamental, para que a criança e a família voltem à vida com normalidade.


SAÚDE

setembro de 2015

Constelação soluciona

marcas de gerações Diego Caetano

Todos em algum momento já fizeram questionamentos sobre a sua existência ou aos problemas que nos cercam na rotina diária. É fácil notar como muitos filhos reproduzem comportamentos dos pais. Muitas vezes, imaginamos que isso acontece simplesmente pela criação ou influenciados pelas experiências de vida. No entanto, a teoria que estuda a Constelação Sistêmica explica como somos influenciados por essas relações, tanto na família, no trabalho ou com os amigos. A técnica foi desenvolvida pelo filósofo e psicoterapeuta alemão Bert Hellinger nos anos 70, inspirado nos trabalhos de Virgínia Satir, Jacob Moreno, Eric Berne, Milton Erickson, entre outros. A técnica promete solucionar problemas pessoais, como doenças, dificuldades de relacionamento e comportamentos que não são explicados pela ciência, podendo auxiliar também na cura de doenças diagnosticadas pela medicina tradicional, pois o tratamento ajuda a trazer entendimento e resolver dificuldades. Ou seja, constelação é um método psicoterápico que trabalha principalmente as emoções e energias inconscientes que influenciam comportamentos. Ela pode ser usada tanto em tratamentos terapêuticos diversos, como também na busca de soluções profissionais e empresariais. Fernando Eing, terapeuta com formação em Reprogramação Biológica, Constelação Sistêmica Familiar e PNL, reside em Cascavel e trabalha na Clínica Unoclin, um ambiente pensado para reunir técnicas terapêuticas e profissionais das mais variadas áreas, com o objetivo de ajudar as pessoas. Ele constatou, por meio da análise das histórias de mais de mil famílias, que muitos comportamentos se repetem de geração em geração e que situações ocorridas há até dez gerações, embora seja mais raro, ainda podem influenciar em quem somos e como agimos. “Todos somos leais a nossa família de alguma forma e fazemos qualquer coisa para continuar pertencendo ao sistema familiar, nem que para isso precisemos adoecer, falir a empresa, ser infeliz no relacionamento amoroso e assim por diante. Quanto mais uma história se repete na família, maior é a tendência que o indivíduo faça igual. Entretanto, não é preciso que todos tenham repetido a história, basta que um ancestral tenha feito algo significativo e tenha sido excluído pelos demais familiares. É aí que começam as repetições. Inconscientemente passamos a ter um comportamento igual ou parecido com o da pessoa que foi excluída. A intenção por trás disso é a de “trazer” essa pessoa de volta, como se ao repetir a história, disséssemos 'agora você tem um lugar novamente”. Resumindo, constelação é um método psicoterapêutico que identifica padrões

de comportamento que vêm sendo repetidos há várias gerações, pelo que é chamado de “lealdade familiar”. Fernando vê o papel de terapeuta como inspirador e se compara a um frentista de posto de combustível: "Quando alguém está perdido, para num posto e pergunta o destino, mas não vai com você. O papel do terapeuta é mostrar o caminho, mas chegar até o objetivo é função do paciente". A constelação sistêmica pode ser aplicada tanto num contexto terapeuta e paciente (atendimento sem a presença de mais pessoas) ou o modo em grupo, em que várias pessoas se reúnem para assistir a sessão, podendo ser eleita para interpretar os papéis dos personagens envolvidos no conflito da pessoa que está constelando. A estudante Ana Paula Rodrigues buscou a técnica para ajudar a resolver um conflito de relacionamento com sua mãe. Segundo ela, a dificuldade veio desde a adolescência e isso causou uma série de enfrentamentos. "Não existia situação que me fizesse entender os motivos por eu detestar ficar perto de minha mãe". Ela explica que encontrou na busca dos antepassados episódios de dificuldades entre a avó e a mãe dela. Essa relação influenciava em como a mãe de Ana Paula a tratava. Após conhecimento dessa dificuldade e entendimento dos motivos da mãe, ela considera ter superado o problema e viver uma vida mais tranquila. O terapeuta diz que cada sessão pode ser destinada a resolver um conflito, "basta que a pessoa apresente um problema para que possamos juntos encontrar a solução". O profissional retrata um caso vivido por ele durante o período que estagiava como fisioterapeuta em uma clínica. Ele aplicou a técnica em uma paciente que há mais de três anos fazia sessões semanais de fisioterapia por uma dor no joelho que nenhum profissional identificava a causa. “Esse caso foi um dos primeiros contatos que tive e pude comprovar a melhora da paciente que sofria com aquilo. Ela recebeu alta, duas semanas após a sessão. Mas nesse tempo de trabalho já auxiliei na cura de simples dores nas articulações até a cura de câncer em alguns pacientes”, relata. O tratamento pode ter eficácia imediata ou levar alguns dias. A realização das atividades propostas pelo terapeuta, aliada à leitura de alguns materiais indicados e à vontade de superar resumem o caminho a ser alcançado. Eing garante e confia totalmente em seu trabalho. “Acredito que se a pessoa veio até mim é porque ela quer resolver algum problema e eu vou mostrar o caminho para ela. Já são anos e anos melhorando a vida dos pacientes e também formando novos terapeutas”, ressalta ele que faz formação para novos profissionais em várias cidades do Brasil.

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A técnica é um método psicoterápico que trabalha principalmente as emoções e energias inconscientes que influenciam comportamentos

REPRODUÇÃO

Fernando Eing, terapeuta adepto da constelação


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CULTURA

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Cascavel também

tem Broadway O musical “O rei leão” ganhou vida em Cascavel, na igreja Nova Batista, com 20 apresentações de maio a julho Rafaela Bacaltchuk

A mensagem

E quem foi que disse que a cidade de Cascavel não se interessa por cultura ? Será mesmo que as peças que são realizadas aqui são acessíveis, com uma boa publicidade, capaz de fazê-las serem sucesso e lotar, em todas as apresentações o salão? Chegamos aproximadamente às dezoito horas da tarde, na antepenúltima apresentação da temporada que seria às vinte horas e quase não havia local para estacionar nem lugares para sentar. Muitas pessoas estavam ansiosas para o início da peça... Lá, na sexta fila da última coluna, avistei dois lugares, mas distantes e assim tive que assistir a peça separadamente de meu colega. Os atores deixam claro que atrás da produção o que é mais gratificante é conseguir transmitir a mensagem da igreja, de esperança e fé para o público, para crianças até senhores. Priscila Santiago é professora e atriz da peça. Ela interpreta Sarabi, par romântico do Rei Leão. Priscila nos conta que a peça é uma adaptação da Broadway junto a uma mensagem da igreja. “Quando Simba, filho do rei leão, erra, ele se sente culpado e entende que existe o perdão, o recomeço e que ele pode reescrever uma nova história”, afirma.

Vida de atriz

E quem disse que vida de atriz é fácil? Lia Isabel, 18, teve o desafio de interpretar uma hiena. “Minha personagem era a hiena shenze. Tive que fazer uma preparação física intensa para que na peça meu corpo se assemelhasse ao de um animal. Fico curvada e é complicado falar, mas tudo isso vale a pena pelo resultado final”, relata Lia.

Grupo de voluntários

Os bastidores já estavam a mil. A preparação estava a todo vapor, o que nos impressionou foi a cumplicidade entre os atores, cantores e voluntários, todos trabalhando em muita harmonia. E quem os auxiliavam? Eram membros da igreja e voluntários. Desde abril de 2015 o grupo de teatro da Nova Igreja Batista de Cascavel se reunia para confeccionar figurinos, treinar falas e cantos. Era nítida a emoção dos atores, que mesmo na sua décima sétima apresentação não disfarçavam a alegria e emoção em participar da peça. Maria Vitoria Fontolan, 18, estudante de Direito e atriz da peça se emocionou até na última apresentação. “Estou no final da temporada, mesmo assim, quando vejo a reação do público sinto gratidão e me emociono por ter essa oportunidade de levar uma mensagem para as pessoas por meio da peça”, conta. Mais de cinco mil pessoas tinham prestigiado o espetáculo antes mesmo de terminar a temporada, pois faltavam mais três apresentações para ocorrer ainda naquele dia. Valdirene de Souza chegou às 17h30 na igreja e trouxe a filha de sete anos. “Eu já assisti outros espetáculos da igreja e já sabia dessa qualidade. Minha filha adora o desenho do rei leão e está animada para vê-los no palco”. Um dos fatores do sucesso do espetáculo foi a divulgação, sem falar também da preparação que todo o elenco e os voluntários tiveram, durante os meses anteriores. Quem ganhou com tudo isso foi a população de Cascavel, pois crianças e adultos tiveram a oportunidade de prestigiar um musical de qualidade. A cultura cascavelense agradece!

O público

Cultura cascavelense


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Espaço Cultural expõe

artistas da Univel

CULTURA

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Iniciativa do curso de Artes deixa a instituição mais bela e abre espaço para novos talentos FOTOS: MATHEUS ROCH

Alice Oliveira e Matheus Roch

Começo a rabiscar a tela em branco. É como que temos aqui, dentro da Univel, esse projeto abre um paraíso, pois tenho controle de absolutamente as portas para os artistas da cidade também, ou tudo e posso deixar meus sentimentos fluírem. É seja, é o encontro da academia com os artistas da isso que acontece, deixo meu coração falar mais comunidade, para fortalecer a cultura e as artes alto e então as formas de repente surgem. É a contemporâneas que produzimos”, enaltece Antônio. minha percepção. Minhas emoções. Minhas ideias Como artista, a acadêmica do segundo ano de expostas de maneira a estimular o interesse do Artes, Thayse Kiel Truffa, garante que a experiência máximo de pessoas possíveis. É o meu significado e é incrível. “É muito divertido e satisfatório ver as isso ninguém poderá tirar de mim, pois está aqui: no pessoas admirando seu trabalho, aquele em que meu coração e na minha tela! você se dedicou, fez, refez e fez de novo”, afirma Um quadro que deixa uma sala mais bonita a estudante que reforça a importância de pôr em era branco. Da mesma forma, o projeto Espaço prática a teoria aprendida em sala de aula. Cultural Univel nasceu a partir de uma ideia bruta, Com a fotografia chamada Pandora (última que com o tempo foi lapidada resultando em uma imagem), Thayse e seu grupo representaram a exposição com aproximadamente mitologia que narra a chegada da primeira 40 obras, entre elas desenhos, Projeto promove mulher criada por ordem de Zeus à terra fotografias e aquarelas produzidas e com ela a origem de todas as tragédias intercâmbio entre pelos acadêmicos do curso de humanas. “Apesar de Pandora ter sido a a faculdade e a mulher prometida, na foto em que eu mesma graduação em Artes. comunidade representei a personagem, nós decidimos “Toda a manifestação artística promovida na faculdade retratar a pureza da mulher”, explica a aluna. faz parte de um projeto de extensão, iniciativa da Assim como Thayse, muitos outros alunos coordenação do curso de Artes, que procura envolver tiveram a experiência de ver seu trabalho exposto a comunidade acadêmica e expor os talentos e a arte para diversos olhares. A atração conquistou que temos aqui”, salienta o professor Antônio Carlos muitas pessoas, garantindo o sucesso do projeto Machado, responsável pelo projeto. de extensão. Para as próximas edições, os Exposições diferentes estarão disponíveis todos interessados terão que participar de um edital, os meses, com cronograma fechado até dezembro para ter suas obras como parte desse processo de 2015, em diferentes pontos da faculdade. Seja cultural promovido na Univel. na cantina, um dos locais mais frequentados para Assim como uma tela que é finalizada com a confraternização entre alunos, no hall do Anfiteatro assinatura do artista, o professor Antônio assinala da faculdade ou até mesmo em um dos corredores, a a importância dessa nova prática na faculdade. arte estará exposta para apreciação de todos. “É válido destacar que essa proposta de difusão O objetivo do projeto é incentivar a produção e fomento incentiva e dá destaque para toda a artística, além de evidenciar a cultura produzida comunidade acadêmica, valorizando e promovendo na faculdade e em Cascavel. “Além dos talentos um contágio de emoções”.

*O próximo edital de seleção será divulgado em novembro e os interessados já podem reunir suas obras para fazer parte do Espaço Cultural Univel.


BRASILDEFATO.COM.BR

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ECOLOGIA

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Seu lixo, meu sustento

Graziele Rodrigues

Profissão: catador de materiais recicláveis. Direitos na profissão:vender o que conseguiu coletar pelo preço que conseguir no mercado. Deveres na profissão: coletar o máximo que conseguir e vender pelo preço que oferecerem no mercado. Esta é a profissão do senhor Francisco da Silva, que vive da coleta há 15 anos. Ele sai de casa por volta das oito horas da manhã, organiza os materiais coletados em casa e revela sua preocupação com o mosquito da dengue. “Deixo tudo bem organizadinho. Não pode deixar acumular água e é bom que os agentes da dengue visitem a casa da gente pra ver que está tudo certinho, mas deveria ter um barracão pra gente levar a coleta. Tem alguns por aí, mas ficam muito longe e é pesado pra carregar”, lamenta o profissional. O carrinho de Francisco é bem organizado, de um lado coleta ferros e de outro papelões e sacolas. Vende o ferro por 0,18 centavos o quilo e o papelão também, pois houve, segundo ele, uma queda no preço, de 0,20 centavos para 0,18 centavos. Ele lamenta a baixa do preço e explica que a garrafa pet é o item de maior valor, sai por 1,20 o quilo. Com esta média de preços o catador teria que pegar em média 150 quilos de papelão por dia para somar uma diária de 30 reais, que se multiplicado por 26 dias de trabalho sem imprevistos de chuva e quatro dias de folgas no mês, o catador somaria 780 reais, um pouco mais de um salário mínimo. Quando chove Francisco tem que cuidar para não molhar os materiais e se molhar. Tem que esperar todo o material secar antes de vender, para não interferir no peso, pois o papel fica mais pesado. ”Seria muito bom que regulamentasse nossa profissão. Consegui meu sustento por tanto tempo e é muito bom o trabalho que faço, mas os caras aí só falam, fazem reuniões, mas não fazem nada pra gente não”, reclama Francisco. Enquanto conversamos, parte do seu carrinho na calçada e

outra na rua, escuto o som de buzinas, automóveis movidos a motor flex (gasolina e álcool) trafegam, buzinam e desviam do carrinho movido a motor humano. Neste momento, o profissional catador revela-se invisível aos olhos da sociedade. Eram 8h30 da manhã e de longe vejo um catador escolhendo alguns materiais na lixeira de uma panificadora. Era o carrinho de Sebastião Albuquerque que neste horário já estava com transporte coletor cheio. Sebastião também reclama dos pontos de coleta, pois acredita que deveria ter um em cada bairro, para facilitar o transporte. “É pesado né?!”. Ele conta que, muitas vezes acaba vendendo para compradores particulares, ainda que por um preço menor. Sebastião comenta, ainda, que cada depósito cobra um preço e que alguns conseguem vender por R$ 0,30 centavos o quilo do papel e da sacolinha. A garrafa pet chega a valer R$ 1,20 o quilo, mas os depósitos que pagam melhor ficam longe e muitas vezes ele entrega no mais perto, que pesa tudo com um único preço. “Fazer o quê. Eles ganham em cima da gente”, revela Sebastião.

Dinheiro no lixo Márcia Regina de Oliveira, presidente da Cooperativa de Materiais Recicláveis da Caremel (Cooperativa de Ação e Reciclagem de Materiais de Cascavel e Região) conta sua frustração ao ver materiais recicláveis desperdiçados que vão parar no aterro sanitário, resultado gerado pela população que não fez a separação correta do lixo e da falta de organização principalmente na coleta dos condomínios, pois os containers não possuem divisórias, o que dificulta a separação de lixo orgânico do reciclável. Segundo Márcia, alguns condomínios ligam para buscar o lixo ou fazem uma espécie de “adoção ao catador”, mas informalmente. Ela explica que

Catador de materiais recicláveis: o meio ambiente precisa de você alguns responsáveis por condomínios conhecem um catador e combinam com ele de sempre buscar os materiais. O catador fica encarregado de fazer a coleta e levar até a cooperativa, mas em alguns condomínios não é permitido entrar sem crachá ou uniformes por questões de segurança. Outro problema é o ponto de entrega dos materiais, pois é muito distante para o catador levar empurrando até a cooperativa.“Se você soubesse o tanto de dinheiro que é desperdiçado com o lixo, daria para melhorar a vida de muita gente e ajudar o meio ambiente”, afirma Márcia. A gerente da secretaria de assistência social de Cascavel comenta que o município não tem nenhum programa específico de auxílio aos catadores de materiais recicláveis. O que existe são os programas assistencialistas para as pessoas que se encontram em condições vulneráveis, em situações de pobreza como o programa bolsa família. Em Foz do Iguaçu existe a Coaafi (Cooperativa dos Agentes Ambientais de Foz do Iguaçú) que em parceria com a Itaipu e o Governo Federal, por meio do Ministério do Trabalho e Emprego, realiza o projeto Resgatando Esperança que atende 29 municípios da região oeste, inclusive Cascavel. O Ministério do Trabalho e Emprego destinou o recurso de um milhão de reais para, entre outras ações, fazer um levantamento sobre o número de catadores no país, para quem sabe um dia regularizar a profissão e trazer melhorias. Segundo Vinícius Ortiz, gestor do projeto Coleta Solidária da Itaipu, existe uma dificuldade para definir o número certo de pessoas que vivem da coleta, pois muitos não se veem como catadores, acham que não é uma profissão, se veem como desempregados. Em Cascavel existem 153 catadores cadastrados. Destes, 58 trabalham em cooperativas e 85 são autônomos, coletam e vendem para compradores particulares. Mas segundo Ortiz este número não representa nem 80% da realidade da cidade, pois muitos não fizeram o cadastro. Os objetivos do projeto Coleta Solidária da Itaipu é organizar associações e cooperativas de catadores a fim de melhorar as condições de trabalho, melhorar os preços de venda dos materiais no mercado e oferecem cursos de capacitação para os catadores. E em Cascavel, quando será feito algo pra desenvolver esta área? A profissão é de futuro e o tema é do século: meio ambiente sustentável, o assunto como vimos, é abordado em empresas, ONGs, instituições e até o Papa Francisco fez uma prece: “Peço a todos aqueles que ocupam papel de responsabilidade nos meios econômico, político e social, a todos homens e mulheres de boa vontade, para que cuidem da criação. Do desenho de Deus na Natureza. Cuidem um do outro, do meio ambiente”.


GASTRONOMIA

setembro de 2015

Voluntários em ação

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Cascavelenses se unem para ajudar pessoas em diversas instituições

Andressa Gimenez e Amanda Cieslak

Albertina preparando o café para levar à Uopeccan

A dona de casa convida todos para comer

Pessoas que escolheram fazer o bem se unem para levar alegria e incentivo a quem precisa, por meio de ações voluntárias. Esse é o caso de dona Albertina Sartori Voig, 60, dona de casa, e que todas as segundas-feiras faz uma visita a pacientes do hospital Uopeccan (União Oeste Paranaense de Estudos e Combate ao Câncer), levando café da manhã para eles, para os acompanhantes e trabalhadores do local. Albertina conta que a ideia surgiu com um grupo de mulheres do Rotary Internacional Harmonia. "É uma função muito gratificante. O trabalho voluntário proporciona momentos de muita emoção e realização para quem o faz", destaca a dona de casa. Dona Albertina acrescenta que levar o café a esses pacientes é uma atividade para quem realmente gosta, pois o esforço não é pequeno. Todas manhãs de segunda-feira, Albertina e o marido acordam às seis horas da manhã. Enquanto ela prepara os cinco litros de café, leite e chá, o esposo vai até a panificadora para comprar os pães. Às 7 horas deve estar tudo pronto para que às 7h30 o casal já esteja no hospital distribuindo o café preparado com muito carinho. Ela se emociona ao contar o quanto os pacientes lhe agradecem e ainda destaca que acha pouco o que faz para aquelas pessoas. “Continuarei o trabalho até

quando precisarem de apoio”, relata. Laurina Boreli é uma das muitas pacientes que aguardam para ser atendida na Uopeccan. Ela mora em Marechal Cândido Rondon, por isso precisa acordar bem cedo para ir até o hospital e muitas vezes não tem tempo de se alimentar. “Muitas vezes saio de casa atrasada e não dá tempo de comer, chego aqui com fome”, relata. Da mesma forma, Maria Laudice de Oliveira, moradora de Cruzeiro do Oeste, também diz gostar desse ato de solidariedade. Outro exemplo de trabalho voluntário é a dona de casa Michelle Oliveira, 36, que vai para a Uopeccan todos os dias. Quando o próprio filho, Nathan, de 8 anos, foi diagnosticado com leucemia, Michelle decidiu ajudar não apenas seu filho, mas todos que estavam no hospital. Ela participa do programa Mc Dia Feliz, que se tornou a maior campanha do país em prol de adolescentes e crianças com câncer, e que ocorre anualmente, sendo que neste ano de 2015 ocorreu no mês de agosto. Toda a arrecadação obtida com a venda do Big Mac é revertida a projetos de instituições que trabalham em benefício de adolescentes e crianças com câncer. Em diversas ações realizadas, os pacientes participaram e, junto a eles, os voluntários levam diversão e alegria.

Claudete Solidária Outro projeto desenvolvido para ajudar pessoas carentes é o trabalho feito pela associação de moradores do Bairro Jardim Claudete. O presidente da associação, Clóvis Petroceli, 48, explica que a ação é feita anualmente e recebe o nome de Claudete Solidária. O projeto foi criado pela comunidade que visa arrecadar mantimentos e utensílios para beneficiar quem precisa. “Quando sabemos que alguma família carente ou instituição está precisando de ajuda, logo nos mobilizamos para arrecadar o que necessita. Anunciamos nos veículos de comunicação e, consequentemente, outras pessoas se prontificam a ajudar. É dessa forma que arrecadamos o que precisa e entregamos aos destinatários”, explica Clóvis. A associação está sempre pronta para ajudar a comunidade. No local são oferecidas diversas aulas como de taekwondo, ginástica e capoeira - por um preço acessível a toda a população. “O projeto mais recente realizado pela comunidade foi o Festi Pizza, onde os voluntários montaram pizzas para vender e arrecadar dinheiro para os projetos desenvolvidos em prol da comunidade do bairro.

Valores Humanos na Univel

A nutricionista da Uopeccan, Raquel Goreti Eckert Dreher, a coordenadora do projeto Geração da Univel, Ódina Silva, e a professora Deise Rosa, coordenadora do projeto Valores Humanos, entregando suplementos alimentares especiais destinados a crianças carentes que lutam contra o câncer

O projeto de extensão Valores Humanos: um olhar diferente para a vida, criado pela Univel, está vinculado a todos os cursos da instituição. O objetivo é promover a reflexão sobre a boa convivência social e o respeito à vida por meio de ações multidisciplinares desenvolvidas por alunos, professores, equipe pedagógica e colaboradores. Discussões sobre respeito, cuidado, cidadania, solidariedade e meio ambiente são os temas centrais. Este projeto existe desde 2013 e algumas das ações realizadas foram exposição de fotos com temáticas de valorização da vida e sensibilização para os problemas sociais, seleção de frases e banners que foram alocados na faculdade com temas sobre valores humanos, campanha de conscientização para doação de sangue no Hemocentro, distribuição de cestas de páscoa para as crianças vítimas de câncer e distribuição de alimentos para famílias carentes. Neste ano, as ações estão voltadas para a arrecadação de cestas básicas para os catadores de materiais recicláveis. A ideia é valorizar e mostrar a importância do trabalho desses profissionais para a sociedade e para o meio ambiente. “Este projeto é a oportunidade que temos de despertar em nossos alunos o espírito crítico sobre a vida, bem como despertar o senso de solidariedade, que está tão em falta no mundo atual”, salienta a professora e coordenadora do projeto Deise Rosa.


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setembro de 2015

#inDICA

APARTAMENTO 111

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Colchão fino

Ana Cláudia D. Kaminski

Do mesmo produtor de American Pie, com a comédia A Hora do Rango você já pode se preparar pra dar muuuita risada. A história se passa em um restaurante da cadeia ShenaniganZ, onde trabalham vários jovens frustrados, com fracas gorjetas e pratos pra lá de estranhos. O “cabeça fria” é Monty (Ryan Reynolds), encarregado de treinar o novo funcionário. Sua ex-namorada, Serena (Anna Farris), também trabalha no restaurante como garçonete e usa o que a natureza lhe deu para atrair a clientela. O dedicado Dean (Justin Long) nunca pensou em fazer coisa melhor até o dia em que descobre que Chett, um amigo da escola, está lucrando no ramo de engenharia elétrica. Prestes a ganhar uma promoção, passa por uma fase em que está confuso com o que quer da vida. Os jovens empregados do restaurante Shenanigan decidem lidar com as dificuldades em que vivem, valendo tudo contra o tédio: todo tempo conversam sobre sexo, fazem competições estranhas entre os funcionários e, também, encaram a idade adulta chegando. Enquanto isso na cozinha, Arrrggh! É bom ter estômago forte, pois usam os piores truques para se vingarem dos clientes abusados: não insulte quem faz sua comida! A Hora do Rango é um filme que faz uma homenagem carinhosa e caótica sobre os atrapalhados dias da juventude. Direção/Roteiro: Rob McKittrick Gênero: comédia Duração: 94 minutos Ano de lançamento: 2005

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Matheus Roch*

Esperar um julgamento é uma tarefa complicada, principalemente quando se divide a cela com uma mulher de 250kg que mais parece um touro tatuado e com uma senhora que ronca o tempo todo (mesmo quando não está dormindo. O medo é o principal companheiro. Ele permanece ao meu encalço onde quer que eu vá: seja aqui, deitada nesse colchão mais fino que meus fios de cabelo, ou no refeitório esperando aquele arroz embatumado que mais parece um pudim gosmento. No entanto nada é mais apavorante que a hora do banho. Em casa eu assistia filmes e até mesmo seriados como Orange is The New Black e imaginava que poderia pelo menos ter a privacidade de me lavar sozinha, mesmo que em poucos segundos. Eu estava enganada! A hora do banho é um pesadelo: todas as detentas - e maioria delas parece um imã para sujeira - são postas juntas em uma grande sala amarelada. Quando o primeiro jato de água me atacou, pensei que estava sonhando. Quem dera! Esse é o banho aqui no presídio. Somos tratadas como animais

Varal cultural

que precisam de um jato de água para limpar o corpo e se alguém pisca, logo acaba e você fica suja! Mas o que realmente me apavora são as mulheres. Algumas delas são tão intimidadoras que só de olhar eu já fico assustada. E muitas aqui já foram abusadas. Eu não sei quanto tempo aguentarei esperar aqui. Sinto que estou enlouquecendo, pois nem consigo mais dormir. Não durmo porque o medo me persegue e torna tudo ainda mais perturbador. E é tudo tão injusto! Eu não matei minha mãe, mesmo tendo motivos de sobra. Não fui eu! Mas eles acreditaram naquela mulher, na vizinha impostora. - Hora de dormir - grita o policial de olhos verdes. Minhas mãos escorregam nas grades e lentamente volto ao meu colchão que é mais fino que a coberta que me cobre. Deito e volto a esperar... CONTINUA... *Matheus Roch, estudante do 3º ano de Jornalismo, é apaixonado por moda e litaratura

Detonautas

A banda brasileira de rock Detonautas Roque Clube, ou simplesmente Detonautas, formada em 1997, no Rio de Janeiro, realizará show em Cascavel no primeiro sábado de setembro, dia 5, no Cowboy Saloon. Os Detonautas, que teve auge de sucesso no começo dos anos 2000, geralmente retratam nas canções o amor, violência e corrupção. Os ingressos podem ser adquiridos na Ok Ingressos. Mais informações pelo telefone (45) 3035-2443.


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