Boletim UAEM Brasil: edição de Setembro/16

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EDITORIAL A lei nº 8.080/1990, que marca a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), irá completar 26 anos no próximo dia 19. Os diferentes períodos históricos das políticas de saúde representaram toda a trajetória de consolidação do SUS, suas dificuldades, e sua relação com o contexto político, social e econômico do país. O período que antecede a criação do SUS é marcado por um contexto de saúde assistencialista, individual e curativo, em detrimento de medidas de caráter preventivo e de interesse coletivo. As classes dominantes pagavam por assistência médica e o restante da população dependia de atendimento filantrópico. Com a industrialização, o modelo de saúde passa a ser marcado pelo domínio da indústria farmacêutica e de equipamentos médicos, e a construção de grandes hospitais, que marca um modelo hospitalocêntrico e curativo, reforçando um modelo de saúde individual e excludente.

Com a industrialização, o modelo de saúde passa a ser marcado pelo domínio da indústria farmacêutica e de equipamentos médicos, e a construção de grandes hospitais, que marca um modelo hospitalocêntrico e curativo, reforçando um modelo de saúde individual e excludente. Na década de 80, após o fim da ditadura militar, se inicia um movimento contra-hegemônico por profissionais de saúde e sociedade civil organizada, que viria a culminar com o projeto da Reforma Sanitária. A 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), aberta para a sociedade, realizada em 1986, foi um marco para a criação do SUS por aprovar o conceito de saúde como um direito do cidadão. As

propostas discutidas na CNS resultaram nas bases para a seção “Da Saúde” da Constituição Brasileira de 1998.

O SUS se propõe a promover uma atenção à saúde abrangente e universal, preventiva e curativa, com a participação da comunidade e controle social. O SUS é um sistema de saúde jovem, construído a partir de uma longa trajetória de formulações e lutas de diferentes atores sociais, que perpassa a necessidade da modificação da concepção de saúde como ausência de doença. Desde 1988, o Brasil tem estabelecido um sistema de saúde dinâmico e complexo, baseado nos princípios da saúde como um direito do cidadão e um dever do Estado. Baseado nos princípios da universalidade, integralidade, equidade, descentralização político-administrativa, hierarquização e regionalização, o SUS se propõe a promover uma atenção à saúde abrangente e universal, preventiva e curativa, com a participação da comunidade e controle social. Do SUS fazem parte os centros e postos de saúde, hospitais (incluindo os universitários, que realizam procedimentos de alta complexidade), laboratórios, hemocentros (bancos de sangue), rede de tratamento e a atenção à aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), os serviços de Vi g i l â n c i a S a n i t á r i a , Vi g i l â n c i a Epidemiológica, Vigilância Ambiental, além de fundações e institutos de pesquisa, como a Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Vital Brasil. Isso significa que todos nós utilizamos o SUS, todos os dias. Comprar um medicamento, utilizar um cosmético, comer em um restaurante, participar de campanhas de vacinação, utilizar diretamente um serviço da rede de atenção à saúde, são apenas alguns exemplos de situações em que estamos


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