No olho do furacão

Page 189

188

No olho do furacão

Club. Tempos depois ele voltaria a ser em Irajá, mas, dessa vez, no Coleginho. O baile do Boêmio, como chamávamos, era lindo demais. Devo ter me apaixonado por umas cem garotas naqueles domingos de sol, e para mim foi só vantagem terem mudado o baile para Jacarepaguá. Pelo menos, o problema da distância estava resolvido, já que a CDD é em Jacarepaguá. No Boêmio cada um ia por sua conta para o baile, o que se transformou em um problema para os organizadores, e para a cidade, que começou a ser assaltada para tudo que era lado aos domingos. Um pouco antes do baile, bastava ter uma galera indo para lá que era registrado um assalto no local e, como éramos muitos, vindos de muitos lugares, não era nada difícil bater de frente com uma dessas galeras e ser assaltado. O que é lamentável, porque muita gente ia para o baile e pouquíssimos eram aqueles que roubavam, só que todos os funkeiros acabaram no mesmo pacote como “um bando de marginais”, entre outros xingamentos. É fato que havia alguns que nem mesmo entravam no baile, roubavam para lá e para cá e isso, simplesmente, caía na conta de todos nós do funk. Já outros roubavam só para entrar no baile. Imagina, o sujeito dá 300 contos no relógio, é assaltado e o relógio é entregue ao segurança de um baile, cuja entrada é 8 contos. Um absurdo, mas os seguranças incentivaram muito o roubo com essa atitude, infelizmente. Nesse tempo do Boêmio, os bailes já tinham proliferado em todo o Rio e Grande Rio: Cassino Bangu, em Bangu, Vilage, em São Gonçalo, Heliópolis, em Belford Roxo, Recreativo Caxiense, em Caxias, Mesquitão, em Mesquita, Pavunense, na Pavuna, e tantos outros bailes pelo Rio. Além do baile no Country ser mais perto, ele passou a ser à noite e aos sábados, e a organização dos bailes passou a enviar ônibus para as galeras. Cada galera


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.