Devotos 20 anos

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Entrevista Devotos 20 anos

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era o vinil pra pegar uma caixinha desse tamanho que é o CD. Eu sou muito frustrado porque não consegui fazer uma capa de vinil. Quando a gente começou a gravar já era CD. Eu lembro que eu fiz uma capa gigante para colocar uma fitinha demo. Só pra ter uma capa grande. E o lance todo é esse. Eu sou fã da tecnologia, mas eu sou fã da gente explorar a tecnologia até o seu limite. Não dá pra gente pagar sempre pra alguém ficar produzindo e inventando novas tecnologias enquanto ainda não usufruímos o bastante do que temos à nossa disposição. A sonoridade do vinil era melhor. O CD fodeu tudo. O MP3 está fodendo mais ainda. Guilherme – A história toda é o formato. Ainda existe aquela coisa de ter que fechar um CD com 12 músicas? Na Internet, raramente você escuta dez músicas de uma banda. E a gurizada vai baixando a esmo. Hoje em dia, é muito melhor você ter três, quatro músicas boas, que ter 12 meia boca, precisar fazer “coxinha” pra preencher um CD, de ter que colocar remix. E a Fresno, por exemplo, lança uma música por mês na Internet. E você vai nos shows e vê a gurizada cantando tudo. De repente, eles encontraram o formato deles. Neilton – O mais doido dessa história é que a gente está indo para o lado de deteriorar as coisas. Esse lance da Fresno realmente funciona pra eles porque a gurizada tá a fim de consumir rápido. Mas também é uma coisa descartável. E a gente pensa numa coisa mais duradoura. Quem me dera se a gente tivesse a possibilidade de voltar a usar vinil single. A qualidade de áudio seria outra. É isso que se perdeu. A galera está mais interessada em consumir do que propriamente em curtir. A curtição virou outra situação. É um chiclete. Você mastiga e joga fora. Tanto que a gente fica pensando nas possibilidades de não desvincular o CD do encarte. Como a gente estava


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