Acorda Hip Hop!

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Acorda hip-hop!

“Sobre a união dos elementos, eu acredito que cada um tá fazendo o seu papel. É lógico que cada artista tem um direcionamento pra um trabalho. Vira e mexe você vê um artista querendo trazer de volta a cultura, o passado; quando você vê aqueles caras dizendo: ‘back in the days!’. Aqui as pessoas tão entendendo melhor o que é o rap! E que ele tem vários gêneros diferenciados. Muitos deles falam do b-boy, mas não existe ainda uma música assim que pegou na veia. Vale um recado: que as pessoas também poderiam conhecer os b-boys que tão fazendo música de break, e tem muita coisa interessante, que, daqui a pouco, muitas delas vão virar hits no meio do rap tradicional do Brasil.”

Para Nino Brown, a causa principal desse conflito é a ausência do quinto elemento entre os membros do hip-hop: “Quando eu conheci o hip-hop, ele ainda tinha quatro elementos. Agora são cinco. Além dos outros, tem o ‘conhecimento ou sabedoria’. Essa briga entre o rap, o break e o grafite é uma coisa banal. Se você não tem conhecimento sobre a cultura da qual faz parte, por que vai brigar? Eu não consigo ver o hip-hop separado dos outros elementos. Não existe isso! Se ele chegou pra unir todos os elementos, então, por que a divisão? Eu não consigo me ver num debate em que as pessoas dizem: ‘o meu elemento é melhor que o seu!’ O que é isso?”, ressalta. “Então, tem muita estrela pra pouco sol.”

Bad não esconde seu desafeto em relação ao rap, considerando-o o único elemento causador da desunião e alheio à cultura hip-hop: “Apesar de acreditar que muitos grafiteiros não pertençam à cultura hip-hop, por exemplo, tenho alunos que são roqueiros e fazem grafite, como também nem todo breaker faça parte, mas a palavra rap eu já associo a muita violência. É mais fácil abrir o campo pros grafiteiros. Os grafiteiros, querendo ou não, estão buscando a arte. Tirando o throw-up e a pichação, de resto eles fazem arte”, alega. “Os b-boys são os pais da cultura hip-hop. São os únicos que seguram mesmo. Já o rap, não. Ele é simplesmente um mercado, e o interesse dele é só o mercado fonográfico, que dá dinheiro. Não existe mercado pra b-boy e nem pro grafite no


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