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Publicação da Fraternidade de Aliança Toca de Assis - Dezembro de 2013

Manjedoura,

um lugar para o Menino Deus!

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ÍNDICE

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CORAÇÃO DA TOCA

TOCA EM AÇÃO

QUALIDADE DE VIDA

TOCARTE

Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ: 02019254/0001-87 www.tocadeassis.org.br Escritório São José Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 benfeitoria@tocadeassis.org.br Fone: (19) 3886-7086 SAV- Serviço de Animação Vocavional vocacionalmasc@fpss.org.br sav.vocacional@filhasdapobreza.org.br Revista Toca de Assis Publicação mensal e interna da Fraternidade Presidente: Ir. Maria dos Anjos do Mistério da Cruz Departamento Comunicação Ir. Tarcísio de Jesus, Leonardo de Souza. Editor chefe: Ir. Tarcísio de Jesus Projeto gráfico: Gabriela Saldanha Diagramação: Irmão Tarcísio e Leonardo de S. Revisão ortográfica: Ismael Pontes. Impressão e tiragem: 10.000 exemplares Colaboradores nesta edição: Dom Henrique Soares da Costa; Site Vaticano; Leonardo de Souza; Sr. Iracy Honorino e Srª.Eliza A.Baldasso Ir. Irmão Joaquim M. do Preciosíssimo Sangue; Edmilson dos Santos; Site Fetilidade Inteligente Ir. Tarcíso de Jesus; Ir. Francisco da Pobreza; Ir. Maria Clara do Amor Misericordioso de Deus; Ir. Mateus da Pobreza de Jesus Crucificado.

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EDITORIAL

az e Bem! Chegou o Natal! E com ele chega também a esperança do novo em nossas vidas: Jesus Cristo, o Filho de Deus. Em Toca para a Igreja, Dom Henrique Soares da Costa, nos convida a olhar para a manjedoura e contemplar a salvação e ver que Deus veio até nós. Na Formação, o nosso amado Papa Francisco chama nossa atenção para escutar o que a Igreja, nossa mãe nos diz. No Toca em Palavras a comemoração dos 10 anos da missão em Dourados/MS. Na coluna Coração da Toca, Irmão Joaquim conta um pouco da sua história de vida. Já na Toca em Retalhos, você confere o testemunho de Edmilson, um dos nossos ex-acolhidos. O Artigo Especial é a belíssima história do primeiro Presépio, feito por São Francisco de Assis, descrito pelo seu biógrafo Tomás de Celano. Na coluna Qualidade de Vida, falaremos sobre Síndrome dos Ovários Policísticos, o que é e o que fazer para se ter uma vida saudável. Em Atualidade, uma lei da anti-conversão aprovada na India. A editoria Tocarte traz uma retrospectiva do trabalho que a Toca desenvolveu esse ano para a JMJ. Em Diário do Peregrino, o relato dos irmãos que estiveram em missão pela Itália e visitaram a cidade de Assis. Desejamos a todos uma ótima leitura. Fiquem com o Menino Deus e que a Virgem Maria e São José os abençoem! Equipe: Central São José

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Olhem o presépio

TOCA PARA A IGREJA

Hoje, cumpriu-se as Escrituras: o Dia tão esperado brilhou no meio da noite. Hoje, “o povo, que andava nas trevas”, a humanidade perdida e confusa, “viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte”, para nós, que temos sempre de lutar contra tantas e tantas mortes, “uma luz resplandeceu!”. Nesta Noite, podemos comemorar, alegrarmo-nos como os que colhem depois do trabalho e do suor do plantio, porque algo inacreditável, algo que parece um sonho, um conto de fadas, nos aconteceu! Escutai, escutai: “Nasceu para nós um Menino, foi-nos dado um Filho; ele traz nos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: Conselheiro Admirável, Deus Forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da Paz. Grande será o seu reino e a paz não há de ter fim… a partir de agora e por todo sempre!” Eis a graça, a glória, o mistério desta Noite! Por isso a alegria: o Deus fiel cumpriu o que prometera e ultrapassou toda promessa. Nesta Noite tão santa, tão única, tão cheia de frescor, como são comoventes as palavras do Apóstolo na segunda leitura. Olhem o presépio, e escutem, olhem a manjedoura e prestem atenção: “A graça de Deus se manifestou trazendo salvação

para todos os homens. Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas e a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade”. Olhem o presépio! Olhem o presépio: a graça de Deus é uma Criança, o Menino que nos foi dado! A graça de Deus está “envolvida em faixas e deitada numa manjedoura”. Que graça pequeninha; que graça tão grande! Que graça tão frágil; que graça tão forte! Quem é tão duro de coração, que não se comova? Quem é tão desumano, que não se emocione? Quem é tão pecador, que não queira aproximar-se de Deus? Quem é tão insensível, que não sinta, nesta Noite, o desejo de amar, o desejo de ser bom, o desejo de paz, o desejo de se deixar abraçar por Deus? “Não tenhais medo!” Quem quer que sejas tu: não temas! Não tenhas receio pelos teus pecados, não te afastes da graça desta Noite por causa das tuas infidelidades! Compreende: hoje, teu Deus vem a ti! Vem a ti a Paz, vem a ti o Perdão, vem a ti a Misericórdia, vem a ti a Plenitude do teu coração e o sonho da tua vida! Hoje nasceu para ti, para nós, um Dom Henrique Soares da Costa Salvador! Bispo Auxiliar de Aracajú /SE http://www.padrehenrique.com

Nossa Senhora de Guadalupe

MÃE DA IGREJA

Perfeita, sempre Virgem Santa Maria, Mãe do Verdadeiro Deus, por quem se vive. Tu que na verdade és nossa Mãe Compassiva, te buscamos e te clamamos. Escuta com piedade nosso pranto, nossas tristezas.Cura nossas penas, nossas misérias e dores. Tu que és nossa doce e amorosa Mãe, acolhe-nos no aconchego do teu manto, no carinho de teus braços.

Que nada nos aflija nem perturbe nosso coração. Mostra-nos e manifesta-nos a teu amado Filho, para que Nele e com Ele encontremos wnossa salvação e a salvação do mundo. Santíssima Virgem Maria de Guadalupe, Faz-nos mensageiros teus, mensageiros da Palavra e da vontade de Deus. Amém.

Comemoração: dia 12 de dezembro Revista TOCA Dezembro CS6 2013.indd 3

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FORMAÇÃO

Igreja

Mãe dos cristãos

Nos primeiros séculos da Igreja, era bem clara uma realidade: a Igreja, enquanto é mãe dos cristãos, enquanto “forma” os cristãos, é também “formada” por eles. A Igreja não é algo diferente de nós mesmos, mas é vista como a totalidade dos crentes, como o “nós” dos cristãos: eu, você, todos nós somos parte da Igreja. São Jerônimo escrevia: “A Igreja de Cristo outra coisa não é se não as almas daqueles que acreditam em Cristo” (Tract. Ps 86: PL 26,1084). Então, todos, pastores e fiéis, vivemos a maternidade da Igreja. Às vezes ouço: “Eu creio em Deus, mas não na Igreja… Ouvi que a Igreja diz…os padres dizem…”. Mas uma coisa são os padres, mas a Igreja não é formada somente de padres, a Igreja somos todos! E se você diz que crê em Deus e não crê na Igreja, está dizendo que não acredita em si mesmo; e isto é uma contradição. A Igreja somos todos: da criança recentemente batizada aos Bispos, ao Papa; todos somos Igreja e todos somos iguais aos olhos de Deus! Todos somos chamados a colaborar ao nascimento à fé de novos cristãos, todos somos chamados a ser educadores na fé, a anunciar o Evangelho. Cada um de nós se pergunte: o que faço eu para que o outro possa partilhar a fé cristã? Sou fecundo na minha fé ou sou fechado? Quando repito que amo uma Igreja não fechada em seu recinto, mas capaz de sair, de mover-se, mesmo com qualquer risco, para levar Cristo a todos, penso em todos, em mim, em você, em cada cristão. Participemos todos da maternidade da Igreja, a fim de que a luz de Cristo alcance os extremos confins da terra. E viva à santa mãe Igreja!

“A Igreja somos todos!”

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Trecho da Catequese do Papa Francisco de 11 de setembro de 2013

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CORAÇÃO DA TOCA

LITURGIA

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eu nome é Irmão Joaquim Maria do Preciosíssimo Sangue e sou natural do estado do Ceará. Meus pais migraram para São Paulo quando eu tinha quatro anos em busca de trabalho, para garantir o futuro dos seus filhos. Na época, éramos todos pequenos e eu sou o quinto dos treze filhos. Desde quando era menor idade, eu e meus irmãos já trabalhávamos para ajudar nossos pais na renda da família. O meu pai era pedreiro e minha mãe costureira e aprendi com a sua simplicidade a valorizar a vida, ser honesto e trabalhador. Em meio ao sofrimento pela saudade da terra natal e por morar numa casa de dois cômodos com filhos pequenos passando necessidades, eles nos ensinaram a buscar a dignidade sem perder o valor moral e nos incentivaram aos estudos, para que não vivêssemos o que eles viveram. Eu fui como todos os jovens da minha idade que tiveram uma vida normal: trabalhando, estudando, me divertindo e namorando, mas nunca perdendo a referência familiar. Percebi que faltava algo em minha vida e foi quando eu descobri Deus pelo convite de um amigo que me levou a um grupo de oração. A partir daí, tive um encontro pessoal com Jesus e senti o desejo de receber o sacramento da igreja e me tornar um cristão autêntico comprometido com a obra de Deus em minha paróquia como catequista, ministro da Eucaristia e como animador dos jovens do grupo de oração do qual eu participava já há oito anos. Com a minha conversão, toda a minha família teve este encontro com Deus e o meu pai deixou o ví-

O Pai-Nosso

“Todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta”. (Lc 11,9-10)

cio do álcool . Aos vinte cinco anos, senti uma inquietação em meu coração, com esta passagem bíblica: “lançai as redes para águas mais profundas”. Com isto, fui buscando discernir a minha vocação participando dosencontros da comunidade da aliança de misericórdia, frequentando o mosteiro de São Geraldo e o encontro vocacional diocesano. A inquietação não passava, então a deixei um pouco de lado e fui à procura de um novo trabalho. Nas minhas horas de almoço, eu e minha amiga de trabalho íamos à igreja adorar Jesus no sacrário, porém, já estava desanimado na minha busca vocacional, então pedi a nossa Senhora que se tivesse um lugar para mim, que o seu filho Jesus mostrasse porque eu não conseguia encontrar-me nos lugares em que tinha ido. Um casal amigo chamou-me para levar roupas em uma casa da toca e foi aí que eu senti que eram estas as águas mais profundas que o Senhor me chamava a mergulhar: o carisma da toca. No natal de 2001, fui acolhido para minha experiência vocacional. Se eu fosse contar a experiência da minha vida consagrada com Jesus e os pobres, não caberia nestas linhas. Hoje, sou irmão de votos perpétuos, me sinto realizado e feliz neste carisma que me leva à santidade, de servir Jesus no pobre e reencontrarme com ele em cada adoração.

O Pai-Nosso é a oração cristã tão antiga quanto ao próprio Cristianismo, visto que foi o próprio Senhor Jesus quem a ensinou a seus discípulos. E já dizia Santo Agostinho “Percorrei todas as orações que existem na Sagrada Escritura; não creio que possais encontrar uma só que não esteja incluída e compendiada nesta oração dominical”. Nesta oração temos os pedidos que fazemos ao Pai amoroso que o Senhor nos mostrou. Aquele Pai que não olha os nossos pecados, mas sim a fé nos move no caminho do bem e no auxilio do próximo. É costume antigo recitar esta oração com as mãos erguidas pedindo a Deus por nós, pela Igreja e por todo o mundo. E um detalhe importante que ela, além de pedimos graça e proteção a Deus, sempre nos leva ao perdão do próximo que deve sempre ser praticado pelos cristãos autênticos. Infelizmente é comum também recitarmos este colóquio com Deus de forma desatenta e mecânica, o que nos faz perder a graça de contemplar toda a manifestação do amor do Pai que é derramado em nossos corações. Esforcemo-nos e vigiemos para não cairmos na mesmice de falar esta bela oração da boca pra fora e que possamos sempre receber seus frutos. Dezembro/2013

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ORAÇÃO

TOCA EM PALAVRAS

“O Bom exemplo é o melhor sermão”

Do sol nascente ao poente cantai, fiéis, neste dia, ao Cristo Rei que, por nós, nasceu da Virgem Maria. Autor feliz deste mundo, tomou um corpo mortal. A nossa carne assumindo, livrou a carne do mal. No seio puro da Virgem entrou a graça dos céus. Em si carrega um segredo sabido apenas por Deus. O casto seio da Virgem se faz o templo de Deus. Gerou sem homem um Filho,o Autor da terra e dos céus.

(Thomas Fuller)

Ao doarmos esse terreno, tínhamos o desejo que este fosse para a ajuda dos menos favorecidos e moradores de rua, uma Obra Social. Esta obra é uma forma de agradecimento a Deus, por tudo o que Ele já nos deu e fez por nós, como família! “Todas as vezes que fazemos um trabalho voluntário, voltamos plenos de Deus, Deus dentro de nós.” Obra de Deus que age... Sentimo-nos felizes em ver todos os acolhidos felizes e amados, pela dedicação plena de cada uma das irmãs, que trás para nós e para todos, essa plenitude e alegria Divina, de que é dando que se recebe. Sr°.Iracy Honorino e Srª.Eliza A.Agrizzoli Baldasso

Nasceu da Virgem o Filho que Gabriel anunciou, em quem no seio materno João, o Batista, exultou. Não recusou o presépio, foi sobre o feno deitado; quem mesmo as aves sustentacom leite foi sustentado. Do céu os coros se alegram,os anjos louvam a Deus. Pastor se mostra aos pastores quem fez a terra e os céus. Louvor a vós, ó Jesus, que duma Virgem nascestes. Louvor ao Pai e ao Espíritono azul dos paços celestes. Fonte: Liturgia das Horas Laudes – Natal do Senhor.

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O valor da vida!

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TOCA EM RETALHOS

eu nome é Edmilson dos Santos (ex-acolhido e hoje voluntário), tenho 64 anos e sou natural de Propriá, Sergipe. Antes de ir para as ruas, eu trabalhava numa fábrica de postes pré-moldados e morava no bairro Santos Dumont com minha ex-esposa. Após a separação, motivado pelo vício do álcool e da maconha passei a morar na rua, onde passei nove anos nesta situação. Fui acolhido pelos irmãos no dia 23 de janeiro de 2008. Quando já estava na casa, consegui tirar meus documentos e depois conquistei minha aposentadoria. Tinha um problema de saúde que não me permitia ficar em pé (por conta da bebida) e tinha que tomar vários me

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TOCA EM AÇÃO

“Nao devemos ter medo da bondade e ternura de Deus”

Papa Francisco

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estes 10 anos de missão em Dourados, temos muito a agradecer! Louvamos a Deus por essa Diocese, sacerdotes, diáconos, seminaristas e religiosos. De um modo especial ao nosso Bispo Dom Redovino Rizzardo, que nos trouxe para essa cidade e que sempre nos apoiou, mesmo em meio às dificuldades, foi sempre um Pastor a nos encorajar e a nos mover com novas esperanças. Nosso agradecimento a todos os nossos leigos, amigos, voluntários, benfeitores e funcionários, que no decorrer destes 10 anos foram canais da providência e do cuidado de Deus para conosco. De um modo particular a família Baldasso que nos doaram o terreno e que ainda hoje continuam a colaborar, proporcionando o crescimento desta obra e concretização de nossos sonhos e projetos. Realmente é Deus quem faz crescer, porém como nos ensina Madre Teresa de Calcutá: “Somos lápis em Suas mãos, isto é, instrumentos nas mãos de Deus.” Agradecemos a todos vocês, que têm se deixado ser esse lápis nas mãos de Deus diante desta missão. O nosso muito obrigado! Precisamos sempre da sua ajuda! Continue a colaborar conosco! Paz e Bem!

Ir Karine Maria,FPSS

dicamentos para as dores. Hoje, tomo apenas um, uma vez por mês.Os religiosos me ensinaram a redescobrir o amor de Deus. Depois que passei a frequentar as aulas de catequese, passei a ir para a capela adorar Jesus na eucaristia e vivenciar os sacramentos da igreja participando da missa numa profunda gratidão a Deus que me fez recomeçar a minha vida. Hoje, como prova de amor a Jesus, me ofereço como voluntário e benfeitor na Toca oferecendo o meu tempo para servir os meus irmãos nos finais de semana cozinhando. O amor de Deus me levou a descobrir o valor da vida. Gratidão aos leigos e religiosos que acreditaram em mim. Testemunho do ex-acolhido da Missão de Aracaju, Edmilson dos Santos

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ARTIGO ESPECIAL

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ua maior intenção, seu desejo principal e plano supremo era observar o Evangelho em tudo e por tudo, imitando com perfeição, atenção, esforço, dedicação e fervor os “passos de Nosso Senhor Jesus Cristo no seguimento de sua doutrina”. Estava sempre meditando em suas palavras e recordava seus atos com muita inteligência. Gostava tanto de lembrar a humildade de sua encarnação e o amor de sua paixão, que nem queria pensar em outras coisas. Precisamos recordar com todo respeito e admiração o que fez no dia de Natal, no povoado de Greccio, três anos antes de sua gloriosa morte. Havia nesse lugar um homem chamado João, de boa fama e vida ainda melhor, a quem São Francisco tinha especial amizade porque, sendo muito nobre e honrado em sua terra, desprezava a nobreza humana para seguir a nobreza de espírito. Uns quinze dias antes do Natal, São Francisco mandou chamá-lo, como costumava, e disse: “Se você quiser que nós celebremos o Natal de Greccio, é bom começar a preparar diligentemente e desde já o que vou dizer. Quero lembrar o menino que nasceu em Belém, os apertos que passou, como foi posto num presépio, e ver com os próprios olhos como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro”. Ouvindo isso, o homem bom e fiel correu imediatamente e preparou o que o santo tinha dito, no lugar indicado. Aproximou-se o dia da alegria e chegou o tempo da exultação. De muitos lugares foram chamados os irmãos: homens e mulheres do lugar, de acordo com suas posses, prepararam cheios de alegria tochas e archotes para iluminar a noite que tinha iluminado todos os dias e anos com sua brilhante estrela. Por fim, chegou o santo e, vendo tudo preparado, ficou satisfeito. Fizeram um presépio, trouxeram palha, um boi e um burro. Greccio tornou-se uma nova Belém, honrando a simplicidade, louvando a pobreza e recomendando a humildade. A noite ficou iluminada como o dia e estava deliciosa para os homens e para os animais. O povo foi chegando e se alegrou com o mistério renovado em sua alegria toda nova. O bosque ressoava com as vozes que ecoavam nos morros. Os frades cantavam, dando os devidos louvores ao Senhor e a noite inteira se rejubilava. O santo parou diante do presépio e suspirou, cheio de piedade e de alegria. A missa foi celebrada ali mesmo no presépio, e o sacerdote que a celebrou sentiu uma piedade que jamais experimentara até então. O santo vestiu dalmática, porque era diácono, e cantou com voz sonora o santo Evangelho. De fato, era “uma voz forte, doce, clara e sonora”, convidando a todos às alegrias eternas.

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A manjedoura de Francisco Depois pregou ao povo presente, dizendo coisas maravilhosas sobre o nascimento do Rei pobre e sobre a pequena cidade de Belém. Muitas vezes,-quando queria chamar o Cristo* de Jesus, chamava-o também com muito amor de “menino de Belém”, e pronunciava a palavra “Belém” como o balido de uma ovelha, enchendo a boca com a voz e mais ainda com a doce afeição. Também estalava a língua quando falava “menino de Belém” ou “Jesus”, saboreando a doçura dessas palavras. Multiplicaram-se nesse lugar os favores do Todo-Poderoso, e um homem de virtude teve uma visão admirável. Pareceu-lhe ver deitado no presépio um bebê dormindo, que acordou quando o santo chegou perto. E essa visão veio muito a propósito, porque o menino Jesus estava de fato dormindo no esquecimento de muitos corações, nos quais, por sua graça e por intermédio de São Francisco, ele ressuscitou e deixou a marca de sua lembrança. Quando terminou a vigília solene, todos voltaram contentes para casa. Guardaram a palha usada no presépio para que o Senhor curasse os animais, da mesma maneira que tinha multiplicado sua santa misericórdia. De fato, muitos animais que padeciam das mais diversas doenças naquela região comeram daquela palha e tiveram um resultado feliz. Da mesma sorte, homens e mulheres conseguiram a cura das mais variadas doenças. O lugar do presépio foi consagrado a um templo do Senhor e no próprio lugar da manjedoura construíram um altar em honra de nosso pai Francisco e dedicaram uma igreja, para que, onde os animais já tinham comido o feno, passassem os homens a se alimentar, para salvação do corpo e da alma, com a carne do cordeiro imaculado e não contaminado, Jesus Cristo Nosso Senhor, que se ofereceu por nós com todo o seu inefável amor e vive com o Pai e o Espírito Santo eternamente glorioso por todos os séculos dos séculos. Amém. Aleluia, Aleluia.

Tomás de Celano - Primeiro Livro (Fontes Franciscanas)

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QUALIDADE DE VIDA

Síndrome dos ovários policísticos

Caracterizada pela falta de ovulação e também pelo excesso de hormônios masculinos (principalmente a testosterona) no organismo, a doença tem sintomas decorrentes dessas duas disfunções. A mulher menstrua de forma irregular ou, em alguns casos, não menstrua, sendo essa a principal queixa que a leva ao consultório médico. Sem ovular, ela pode ter dificuldade para engravidar. A síndrome é responsável por 30% dos casos de infertilidade feminina. Além disso, é comum apresentar excesso de pelos no corpo, alterações na pele – como aumento da oleosidade, espinhas e cravos – e ovários de volume aumentado por causa da presença de cistos na superfície desse órgão. Outra característica importante da doença é o aumento de peso. “O sobrepeso é um sintoma, mas também uma causa” destaca o Dr. Mariano Tamura, ginecologista do Einstein. “As alterações hormonais por si só podem levar ao sobrepeso, mas ele também pode estar relacionado à resistência de insulina e, dessa forma, levar à síndrome”, explica. Quando um cisto aparece no ovário pode representar um tumor (benigno ou maligno), endometriose ou outros problemas, como a síndrome dos ovários policísticos. Porém, uma mulher cujo exame tenha identificado cistos no ovário não necessariamente terá a síndrome. “Algumas mulheres podem ter a síndrome dos ovários policísticos sem ter alterações no órgão. Nesse caso, ela tem todas as variações hormonais decorrentes da doença, menos o problema no ovário”, revela o Dr. Waldyr Oliva Filho, também ginecologista do Einstein. Da mesma forma “existem mulheres que apresentam cistos nos ovários, mas que não têm a síndrome” completa o Dr. Mariano. O diagnóstico da síndrome é feito por meio de análise clínica (queixas da paciente com relação aos sintomas mais perceptíveis, como menstruação irregular e acnes) e também por exames de ultrassonografia e de sangue. Este último mede os níveis dos hormônios luteinizantes (LH) e folículo estimulante (FSH), que atuam no amadurecimento dos folículos que contém os óvulos; de prolactina, hormônio que estimula a produção de leite e a ausência de menstruação; de testosterona, o hormônio masculino; e de estradiol, o hormônio feminino produzido pelos folículos ovarianos. “É importante pedir também o exame de curva glicêmica e de resistência à insulina. Ambos devem ser investigados para identificar uma possível síndrome metabólica”, alerta o Dr. Waldyr. Quando o corpo não consegue utilizar de maneira eficiente a insulina produzida (a chamada resistência à insulina, principal característica da síndrome metabólica), descompensa todo o funcionamento hormonal e leva os ovários a um funcionamento errôneo, trazendo como consequência a síndrome dos ovários policísticos. Vale ressaltar que a síndrome metabólica aumenta também o risco de problemas cardiovasculares e do desenvolvimento de diabetes e de hipertensão arterial.

Tratamento

•Exercícios físicos e alimentação balanceada; •Evitar gorduras e açúcares; •Para aquelas que estão tentando engravidar, o médico pode indicar um remédio para estimular a ovulação. Mulheres com resistência à insulina poderão fazer uso da metformina, que ajuda a corrigir distúrbios metabólicos envolvidos Porém, seja qual for à intenção, o acompanhamento médico é essencial. Logo após o diagnóstico as consultas devem ser semestrais. Com o passar do tempo, elas podem passar a ser anuais. Fonte: Hospital Albert Einstein Site: Fertilidade Inteligente http://fertilidadeinteligente.blogspot.com/

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ATUALIDADE

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Índia: Lei anti-conversão

egundo país mais populoso do mundo, com mais de um bilhão de habitantes, a Índia é majoritariamente hinduísta. Agora, uma nova lei anticonversão pode marcar definitivamente a história da nação milenar. Desde 1968 há uma luta jurídica em relação ao Ato de Liberdade Religiosa de Madhya Pradesh, um dos Estados indianos mais populosos. A denúncia do Conselho Global de Cristãos da Índia anunciou que Shri Ram Naresh Yadav, governador do Estado, assinou a emenda que proíbe as pessoas de mudarem de religião sem autorização do governo. Ironicamente, a lei implica em seu nome a liberdade de culto. A pressão dos extremistas hindus é para que ocorra o mesmo com os muçulmanos, onde desde o nascimento a religião vem impressa nos documentos do cidadão. O país chega a essa decisão antidemocrática em meio às comemorações do 67º aniversário da independência da Índia do domínio inglês. Sajan George, presidente do Conselho Global, diz que “A democracia leiga da Índia está em perigo por causa da lei anticonversão”. A modificação de 2013, altera o 5º parágrafo da lei estadual e impõe aos sacerdotes que apresentem às autoridades locais todos os detalhes relativos à pessoa que decidiu mudar de religião, pelo menos 30 dias antes da cerimônia. Além disso, precisa fornecer uma lista com os nomes e endereços daqueles que desejam a conversão. Caso isso não seja feito, explica o líder cristão, “corre-se o risco de uma multa de 50 mil rupias (cerca de R$ 1.700) e até três anos de cadeia; ou 100 mil rupias (R$ 3.500) e até quatro anos de cadeia quando forem menores de idade ou pessoas sem castas ou de povos tribais”. George explica que “o governo tentou impor esta lei muito severa para agradar a maioria hindu, antes das próximas eleições”. No Estado de Madhya Pradesh fica a sede do Bharatiya Janata, partido ultranacionalista hindu que apoia grupos extremistas acusados de violência e perseguição contra as minorias étnicas, sociais e religiosas em toda a Índia. O temor dos cristãos é a medida seja ampliada para todo o país, o que causaria uma modificação na Constituição indiana, que assegura a liberdade religiosa. A Federação Evangélica da Índia apelou ao Supremo Tribunal, que reconhece que existe uma violação ao direito fundamental à privacidade previsto na Constituição da Índia. “A crença ou religião de uma pessoa é algo muito pessoal”, afirmou o tribunal em nota. “O Estado não tem o direito de pedir uma pessoa para divulgue qual é a sua crença pessoal… no caso de uma pessoa decidir mudar sua religião ao dar um aviso prévio aumentam as chances de o convertido ser submetido a tortura física e psicológica”. Até o momento o governo da capital Nova Deli não se manifestou sobre o assunto. Historicamente, hindus convivem com budistas, siques, jainistas, muçulmanos e cristãos. Por diferenças religiosas, a Índia perdeu território e viu surgirem dois países independentes: o Paquistão (1947) e Bangladesh (1971). Fonte: G Prime Dezembro/2013

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TOCARTE

Retrospectiva Chegamos ao fim de 2013. Quantas coisas boas vivemos neste ano? Ano de Jornada Mundial da Juventude no Brasil. Ano da visita do Papa Francisco ao nosso país. Temos tanto a agradecer. Desde janeiro, você acompanhou comigo a construção de um belo projeto: Realizar na Jornada Mundial da Juventude um novo musical da Toca de Assis. Desde os primeiros passos, mês a mês, fomos partilhando aqui a construção de um espetáculo que pretendia levar o público a uma verdadeira reflexão sobre o valor da Santa Missa e o ideal de conversão que devemos ter a todo o momento diante de nós. A remontagem do musical “A Missa da Minha Vida” para mim foi como que o encerramento de um ciclo. Em 2005 quando idealizei e escrevi a primeira versão deste musical, sonhava grande e queria que as pessoas entendessem minha proposta de meditação sem a necessidade de muitas legendas. Uma arte mais aberta, onde o espectador sai do teatro com material para pensar em casa e refletir nos textos e cenas. Depois de 2005, acredito eu, a Toca cresceu muito neste conceito, realizando alguns trabalhos muito bons nesta área. Mas para mim faltava algo: Um musical que fizesse realmente pensar, ultrapassando o encantamento com os efeitos, figurinos e músicas. Iniciei a construção deste novo roteiro com o propósito de que mesmo que as pessoas não entendessem todo o texto e a montagem das cenas, pudessem sair do teatro com esta semente de questionamento. Para as pessoas que conseguiram em São Paulo, Campinas ou no Rio de Janeiro assistir ao musical, com certeza entendem bem o que estou dizendo. Eu mesmo já li e reli os textos centenas de vezes. Já vi as cenas e repensei os conceitos. AcrediVersão de 2005 te, ainda tenho muito a meditar. Agradeço a Deus pela possibilidade deste musical, pedindo que ele nos possibilite reapresentar mais algumas vezes para que mais pessoas compartilhem deste mesmo sentimento. Agradeço a todos os que se empenharam na construção deste musical: atores, músicos , cantores, bailarinos, equipe técnica. Vocês foram um presente neste ano. Para 2014, muitos sonhos, muitos projetos mais uma só esperança: A graça de Deus!

“42: a história de uma lenda”. 1946. Jackie Robinson é um jogador de baseball que disputa a liga nacional dos negros até ser recrutado por Branch Rickey, o executivo de um time que disputa a maior competição do esporte nos Estados Unidos. Rickey quer que Robinson seja o primeiro negro a disputar a Major League na era moderna, o que faz com que ambos tenham que enfrentar o racismo existente não apenas da torcida e da diretoria, mas também dentro dos campos.

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Irmão Tarcísio, FPSS ministrosp@fpss.org.br

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Assis,2013

DIÁRIO DO PEREGRINO

Chegamos a Assis (Itália), Irmão Giovanni e eu (Irmão Tarcísio), no dia 11 de agosto. De trem, saindo de Roma são cerca de quatro horas. Chegamos à estação de Assis e logo nos dirigimos à Igreja de Santa Maria dos Anjos. Fizemos o trajeto da Igreja até a cidade caminhando pelo meio de uns sítios que têm na beira da estrada. Era dia de Santa Clara, e nossa intenção era visitar a Igreja de Santa Clara e participar da missa lá. Visitamos primeiro o túmulo de São Francisco e depois seguimos para a Igreja de Santa Clara. Visitamos o túmulo de Santa Clara e suas relíquias e depois participamos da missa. Quando saímos da Igreja, já era noite, e não tínhamos um lugar para dormir e comer. Saímos em busca de algum lugar, mas, acredite, Assis é o lugar mais difícil do mundo para se contar com a caridade do povo. Depois de andar por algumas ruas, chegamos a uma hospedaria cuidada pela Ordem Terceira Franciscana. Entramos com a intenção de pedir informação a respeito de algum albergue público. Uma Consagrada nos recebeu, dizendo que não haviam albergues públicos em Assis e nos convidou para passar a noite ali ao preço de sessenta euros cada um (valor equivalente a cento e setenta e oito reais). “Impossível” respondi à Irmã. Foi então que ela fez uma pergunta inesperada: “tu sei il Toca de Assis?” (Vocês são da Toca de Assis?). Sim! Respondi espantado. Então ela nos contou de uma vez que esteve no Brasil e que conheceu a Toca de Assis, numa missão que tínhamos em Itabuna, BA. Ela nos abriu a porta de uma sala e pediu que esperássemos um pouco ali que ela queria conversar conosco. Um tempo depois ela voltou e nos conduziu a um quarto da hospedaria sem dizer nada. Passamos ali a noite com a preocupação que ela não tivesse nos entendido e que fosse cobrar pela pernoite no outro dia. Quando nos levantamos pela manhã uma outra irmã nos disse que havia uma mesa preparada para nós, de café da manhã. Tomamos o café e só depois nos encontramos com a irmã que havia nos acolhido. Ela se despediu de nós agradecendo pela visita e nós ficamos muito gratos pela providência de Deus naquela noite. Encerramos nossa visita a Assis indo à Igreja de São Damião. Assis, o berço do franciscanismo, para muitos hoje não passa de um parque temático. Uma cidade medieval muito bem conservada, atrai milhares de turistas para se encontrar com o pobrezinho de Assis. Questionávamo-nos se é possível ser sinal de Deus para as pessoas ali, onde todos nos veem como “mais um franciscano rico”. A resposta: “Se o Evangélho não nos muda por dentro, o hábito não é mais que uma fantasia”.

Irmão Tarcísio FPSS

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