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Publicação da Fraternidade de Aliança Toca de Assis - Outubro de 2013

O desejo de Francisco: uma Igreja em missão


ÍNDICE

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VOLUNTARIADO

TOCA EM AÇÃO

QUALIDADE DE VIDA

TOCARTE

Fraternidade de Aliança Toca de Assis CNPJ: 02019254/0001-87 www.tocadeassis.org.br Escritório São José Rua Amador Bueno, 45, Vila Industrial Campinas/SP. CEP: 13035-030 benfeitoria@tocadeassis.org.br Fone: (19) 3886-7086 SAV- Serviço de Animação Vocavional vocacionalmasc@tocadeassis.org.br vocacionalfem@tocadeassis.org.br Revista Toca de Assis Publicação mensal e interna da Fraternidade Presidente: Ir. Paulo do P. Sangue de Cristo Vice: Ir. Maria dos Anjos do Mistério da Cruz Departamento Comunicação Ir. Tarcísio de Jesus, Leonardo de Souza e Gabriela Saldanha Editor chefe: Ir. Tarcísio de Jesus Projeto gráfico: Gabriela Saldanha Diagramação: Gabriela Saldanha Revisão ortográfica: Luciana Marcolino Impressão e tiragem: 10.000 exemplares Colaboradores nesta edição: Rômulo Argento; Pe. Paulo Ricardo; Carmem Silvia; Irmão Rafael; Rubens F. Banos; Leonardo de Souza; Irmã Maria da Misericórdia; Irmão Tarcísio; Irmão Francisco.

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EDITORIAL

az e Bem! Outubro é o mês das missões e esta edição ressalta a importância do papel do cristão na sociedade como missionário do Evangelho de Cristo! Em Toca para a Igreja, nosso amigo, o seminarista Rômulo Argento, mostra como a caridade é essencial na vida comunitária. Em Formação, Pe. Paulo Ricardo nos ensina a Terapia para a cura da Gastrimargia. Carmem Silvia é nossa amiga há tempos... Conheça um pouco de sua história na editoria Voluntariado. Na coluna Coração da Toca, Irmão Rafael conta sua história de vida na editoria. Já na Toca em Retalhos, você confere o testemunho de Rubens, um dos nossos acolhidos. Ambos vivem na Missão Vila de Assis (em São Paulo), apresentada na Toca em Ação. O Artigo Especial traz uma reflexão feita a partir da Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões! A coluna Qualidade de Vida mostra os “novos” transtornos da beleza. Em Atualidade, Irmã Maria da Misericórdia conta como foi sua viagem até Assis, na Itália. A editoria Tocarte levanta uma questão desafiadora: levar o Evangelho também aos que possuem necessidades especiais. Em Diário do Peregrino, Irmão Francisco relata sua estadia em Arica, Chile! Desejamos a todos uma ótima leitura. Fiquem com Deus e que a Virgem Maria os abençoe! Equipe: Central São José

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Vede como se amam

TOCA PARA A IGREJA

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aqueles que partem da consciência feliz de serem filhos de Deus deve sempre brotar a necessidade de manterem-se em paz com todos. A filiação, nossa condição essencial, revela-nos que o outro não é um inferno, como concluía um afamado filósofo, mas confirma que o nosso Céu passa necessariamente pela pessoa do outro, do próximo. É neste outro que os mandamentos da lei de Deus se realizam um a um: No Outro, Divino, que é o próprio Deus; e no outro, meu próximo, meu irmão. O Mandamento Novo só encontra eco e finalidade na pessoa do outro. O outro é um Paraíso, é a possibilidade do Céu, e, quando superamos as barreiras causadas pelas nossas atitudes no tempo, projetamo-nos, juntos, para a eternidade. O outro não é um inferno. Quando nos damos conta de que a universalidade do cristianismo nos impulsiona na caridade a ir ao encontro do outro, seja lá como este se encontra em sua vida pessoal, vencemos os nossos preconceitos, alargamos as nossas vias, e o amor de Deus flui como torrencial rio por meio da alma que assim se propõe a viver. Acolher! Acolher o outro como outro, ou seja, sabendo-o diferente de mim, passar da fase do suportar para a fase do amar: fase do desejar o outro; se amamos somente os que se encaixam em nossos padrões, não estamos amando outra coisa que a nós mesmos – é, portanto, um amor egoísta, narcisista, que só pode amar a projeção de si mesmo, é um amor pequenino que se encontra prisioneiro em uma sala de espelhos, ama somente o próprio reflexo, a própria imagem reconstituída, repetida, nauseante. Jesus, a imagem do Pai, o mais belo entre os filhos dos homens, é Ele quem se encontra escondido no olhar, na vida do outro. Quando Ele diz que poderíamos alcançar o Céu por termos feito o bem a Ele aqui na terra coloca-se na pele do necessitado, do punido, do desgraçado. Ah Jesus, vos escondestes muito bem – poderíamos dizer-lhe -, por exemplo: quem vos iria procurar entre os condenados de crimes para fazer-lhes o bem se o Senhor não tivesse nos revelado este seu modo de estar presente? (cf. Mt. 25,34-41). Por Rômulo Argento Dá-nos, Senhor Jesus, olhos e coração afinados com o teu Evangelho, para Seminarista da Arquidiocese que não te deixemos escapar por entre nossos dedos, da nossa vida, do Rio de Janeiro www.lumengentium.com.br do nosso coração.

“O outro é um Paraíso, é a possibilidade do Céu!”

MÃE DA IGREJA

Nossa Senhora do Rosário

Nossa Senhora do Rosário, dai a todos os cristãos a graça de compreender a grandiosidade da devoção do santo rosário, na qual, à recitação da Ave Maria se junta a profunda meditação dos santos mistérios da vida, morte e ressurreição de Jesus, vosso Filho e nosso Redentor. São Domingos, apóstolo do rosário, acompanhai-nos com a vossa bênção, na recitação do terço, para que, por meio desta devoção a Maria, cheguemos mais depressa a Jesus,e como na batalha de Lepanto, Nossa Senhora do Rosário nos leve a vitóriaem todas as lutas da vida; por seu Filho, Jesus Cristo, na unidade do Pai e do Espírito Santo.

Comemoração: dia 7 de outubro.

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Terapia da Gastrimargia

FORMAÇÃO

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primeira coisa que devemos entender: comida não é coisa ruim e que comer não é pecado. A Gastrimargia é uma doença espiritual, embora ela esteja ligada ao corpo e às necessidades físicas. O problema está em nosso espírito, ou seja, com a nossa forma de nos relacionarmos com os alimentos. Nós acharmos que, através do prazer que os alimentos proporcionam, nós seremos felizes. Os Santos Padres nos dizem com clareza que a Gastrimargia é a porta de entrada de muitos outros males. Por isso, logo no início de nossa caminhada espiritual, devemos começar o combate através desta paixão (que é uma das mais grosseiras). É evidente que o jejum é a terapia própria da Gula, o que não quer dizer necessariamente passar fome, mas, sim, ter a atitude espiritual de comer para viver e não viver para comer! São João Cassiano escreveu uma obra chamada Instituições Cenobíticas e diz :“O monge – e, portanto, nós também, pois estes conselhos são para todos – não deve nem comer e nem beber até a saciedade.”

Série sobre as Doenças Espirituais

Conselho prático: sempre se levante da mesa com um pouco de fome; Esse conselho, que é espiritual, se consultarmos os médicos, vemos que a medicina, hoje, confirma exatamente aquilo que os Santos Padres sempre ensinaram. Existe um problema de atraso de comunicação entre o estômago e o cérebro. O cérebro só notará que o estômago está “cheio” minutos depois que ele já encheu. Fique atento! Não é para passar fome! Este conselho prático e espiritual pede que não nos alimentemos até nos “empanturrar”. Isso também vale no caso das bebidas. Não só as que nos saciam (como a água, por exemplo), mas, em especial, as bebidas alcoólicas e as que apetecem o paladar. Saiba parar antes de seu limite! A função desta prática é a de enfraquecer o nosso pensamento obsessivo de que “eu preciso comer para ser feliz e alcançar a minha realização!”. Ao nos levantarmos da mesa com um pouco de fome, estaremos fazendo o bem para o nosso corpo e educando o nosso espírito. Conselho prático: escolha os alimentos pela utilidade;

Estes também auxiliam no combate a Gula pois vão de encontro à preguiça e à vontade de não fazer nada, causadas, muitas vezes, pelo excesso de comida. Não queremos fazer esforço nenhum, pois temos uma atitude de idolatria com nosso próprio corpo. Conselho prático: a leitura da Sagrada Escritura e a meditação sobre a morte; São, por fim, práticas terapêuticas para a cura da Gula, pois atingem o âmbito espiritual. É a atitude diante da comida e da vida que precisa mudar. São Paulo nos diz claramente: “Quer comais, quer bebais, em tudo dai Graças a Deus!”. Essa é a atitude de Ação de Graças, de ver na alimentação um dom de Deus e não a de transformar a comida, e o prazer que ela proporciona num deus. A atitude idolátrica diante da comida deve ser substituída pelo Deus verdadeiro. O jejum; a abstinência; sobriedade; são importântes, mas, sobretudo, é a atitude espiritual que precisa ser mudada. Precisamos lutar! Não se trata de rejeitar os alimentos, trata-se de uma atitude saudável diante dos deles.

Diante dos alimentos, nós temos escolhas. Podemos escolher um alimento porque ele é mais nutritivo ou porque ele é mais saboroso. A segunda atitude espiritual para combatermos a Gastrimargia é, justamente, escolher os alimentos em virtude de sua função nutricional e, não, pelo prazer. Praticando esses conselhos, nossa alimentação adquire sua razão de ser, pois Deus não nos criou para comer, mas nos deu o alimento como um meio para o nosso sustento. Isso terá consequências importantíssimas na próxima doença que estudaremos: a Luxúria. A gula e a desordem sexual estão intimamente ligadas porque possuem a mesma atitude mental/ espiritual. Elas tratam o corpo como fonte de prazer, com a esperança de que este prazer traga a felicidade. O prazer vem, mas a felicidade, não. São realidades diferentes. O prazer é do corpo e a felicidade é da alma. O prazer pode acontecer, mas ele não é fonte de felicidade.

Analogia (de acordo com o Projeto de Deus): *Comida: finalidade = nutrir | Consequência = prazer *Sexo: finalidade = união/reprodução | Consequência = prazer 4

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A perversão é a mesma. A consequência se transforma em finalidade. É por isso que os antigos, quando falavam de pecado, usavam a mesma palavra usada para “errar o alvo”. Pecar é errar o alvo! Deus é sábio em sua pedagogia, e criou o prazer do alimento. Entretanto, o prazer é um estímulo e, não, a finalidade última. Conselho prático: esportes ou trabalhos manuais em geral;

Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Jr; Licenciado em Filosofia, bacharel em Teologia e mestre em direito canônico; Vigário Paroquial da Paróquia Cristo Rei, em Várzea Grande – MT.


VOLUNTARIADO

LITURGIA Doxologia “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois a ele eternamente. Amém.” (Rm 11,36)

Juntos podemos mais!

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eu nome é Carmen Silvia e não sei se é providência ou coincidência, mas fui apelidada como a “mãe da Toca”. Em janeiro do ano 2000, eu e algumas amigas (Leila, Ilza, Adriana e Jurema) começamos o nosso trabalho voluntário na Fraternidade. Era um sonho que se realizava! Assim, nasceu a ABTT – Associação Beneficente Turma da Toca. Até então, nosso trabalho era dedicado somente aos orfanatos, casas de idosos e casas de apoio. Na época, fui convidada pelos Irmãos(ãs) para fazer uma nova experiência de ajuda aos moradores de rua também. Posso dizer que foi uma experiência muito gratificante. Após esse período, conheci a Fraternidade Toca de Assis, localizada na Rua Cuiabá – Mooca -– SP. Tornei-me leiga nesta Missão. Em pouco tempo, ocorreu a nossa transferência para a Rua Largo São Rafael – Mooca – SP. Iniciei, “oficialmente”, meu trabalho na Toca em 2003. Digo que não faço nada sozinha... Nosso trabalho é todo realizado em equipe. Sinto-me honrada ao recordar pessoas muito importantes: Izabel, Maria Cristina, Maria Aparecida (Cida), Maria Alice, Mirna, Fátima, Leila, Ariadne, Dna Juraci, Andréa, Ângela, Vanessa, Ilza, Jô, Samira... Além de muitos outros que oferecem sua contribuição para que a Toca cresça! Diante da realidade da reestruturação, em 2008, a Casa São Pio precisou ser fechada. Passamos a realizar nosso trabalho na Vila de Assis. A nossa equipe continua firme e forte! Trabalhamos nos bazares, bingos e outros eventos. Na Toca, meu conhecimento de vida só aumenta assim como o número de leigos! Nós nos reunimos para partilhar as necessidades da Casa e angariamos fundos através de chás beneficentes, bazares, as famosas “sacolinhas de Natal” (que são distribuídas para acolhidos e religiosos). Como a ajuda é grande, atualmente e, além da Vila, conseguimos fazer as “sacolinhas” para as missões de São Paulo, Campinas e Vinhedo. É muito bom conviver com moradores de rua. Aprendo mais a cada dia que passo com eles. São pessoas inteligentes e que, por algum motivo, perderam sua identidade. Felizmente, são acolhidos pela Toca de Assis e estão em processo de reabilitação. Tenho um carinho muito grande pela Fraternidade Toca de Assis. Em minhas orações, peço a intercessão da Virgem Maria por todos(as) os(as) religiosos(as). Rogo para que sejam perseverantes e possam declarar sempre: “JESUS SACRAMENTADO NOSSO DEUS AMADO”. A Toca de Assis faz parte da minha vida, e, com certeza, juntos podemos mais!!!

Derivado da língua grega, a palavra doxologia é uma fórmula usada desde os primórdios da Igreja assim como também o é o “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Amém.” para exaltar e glorificar a Deus. Após a Oração Eucarística, o sacerdote toma o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo e eleva aos céus, dizendo: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo / A vós Deus Pai todo poderoso / Na unidade do Espírito Santo, / Toda honra e toda a glória / Agora e para sempre.”. Esta é uma doxologia estritamente sacerdotal, ou seja, somente o sacerdote deve proclamá-la. Esta oração é a resposta a todo sacrifício de Nosso Senhor, e o reconhecimento diante do Pai, que é por Ele, com Ele e Nele que somos salvos e temos a vida plena! Por que “Ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas chagas fomos sarados.” (Is 53,5) Nunca deixemos de render graças a Deus por tão grande dom que recebemos através do Corpo e do Sangue de Cristo Nosso Senhor e Deus. Peçamos esta graça sempre à Virgem Maria! Outubro/2013

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ORAÇÃO À Nossa Senhora Aparecida Ó Mãe, fazei que esta Igreja, a exemplo de Cristo, servindo constantemente ao homem, seja a defensora de todos, em particular dos pobres e necessitados, dos socialmente marginalizados e espoliados. Fazei que a Igreja do Brasil esteja sempre a serviço da justiça entre os homens e contribua ao mesmo tempo para o bem comum de todos e para a paz social. Ó Mãe, abri os corações dos homens, e dai a todos a compreensão de que, somente no espírito do Evangelho e seguindo os mandamentos do Amor e das Bem Aventuranças do sermão da montanha será possível construir um mundo mais humano, no qual será valorizada verdadeiramente a dignidade de todos os homens. Ó Mãe, concedei à Igreja do Brasil numerosas vocações sacerdotais e religiosas. Acolhei em vosso coração todas as famílias brasileiras. Acolhei os adultos e os anciãos, os jovens e as crianças. Acolhei os trabalhadores do campo e da indústria, os intelectuais das escolas e universidades, os funcionários de todas as instituições. Não cesseis, ó Virgem Aparecida, pela vossa mesma presença, de manifestar nesta terra que o Amor é mais forte que a Morte, mais poderoso que o Pecado. Não cesseis de mostrar-nos Deus, que amou tanto o mundo, a ponto de entregar o Seu Filho Unigênito, para que nenhum de nós pereça, mas tenha a Vida Eterna. Amém. Bento XVI Beato João Paulo II 6 Outubro/2013

CORAÇÃO DA TOCA

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eu nome é Irmão Rafael, tenho 27 anos e sou natural de Praia Grande, litoral paulista e cresci em um povoado chamado Capão da Volta, no sul da Bahia. Tive a graça de ser educado desde criança nos ensinamentos da Santa Igreja. A catequista do meu grupo era minha própria mãe. Em 1998, meu pai, que foi um exemplo para mim, faleceu vítima de um câncer pulmonar. Deixou como legado os seus bons exemplos. Na adolescência, comecei a me distanciar de Deus. Sentia dificuldade de viver os Seus ensinamentos. Nesta época, eu era o que chamo, atualmente, de católico “morno”. Aquele tipo que quer conciliar as coisas de Deus de acordo com suas vontades pessoais e com as coisas do o mundo. Quando tinha uns 15 anos, começou a brotar em mim a semente do Carisma. Lembro-me que quando via algum indigente sentia vontade de ajudá-lo, mas não sabia como. Também despertou em mim o amor pela Eucaristia. Sempre que possível, permanecia em Adoração. Certa vez, fiquei preso em uma igreja.Estava diante do Santíssimo e não percebi que a igreja já havia fechado. Os responsáveis pelas últimas atividades também não me viram em oração. Com o pensamento de que tinha vocação para o Sacerdócio, fiz um ano de acompanhamento na Diocese de Nossa Senhora de Fátima, norte da Bahia. Os meus orientadores neste período foram o Padre Mauro e Dom Esmeraldo. Eles nos incentivavam para que servíssemos a Deus e nos ajudava com o discernimento vocacional. Estava muito confuso, pois não sabia o que Deus queria de mim.

Deus tudo torna possível Contudo, eu queria descobrir. Esta descoberta me causava muito medo, porque sentia que um grande compromisso estava a ser assumido. Depois que recebi o sacramento do Crisma, conheci mais sobre a Fraternidade Toca de Assis. Já tinha visto na TV sobre a Toca, mas não me despertava o interesse. Eu percebi que aquilo que sentia pelos pobres e pela Eucaristia, se identificava com o que viviam os irmãos e as irmãs viviam. Depois de muito relutar, e hesitar em responder ao chamado, decidi fazer uma experiência vocacional. Ingressei na Fraternidade e fui, aos poucos, amadurecendo e dando os passos rumo à Consagração. A cada etapa vivida, eu me identificava mais e também percebia que aumentavam as dificuldades. As dúvidas iam e retornavam... Refletia bastante sobre o porquê de eu estar ali e o como seria me tornar um consagrado a Deus. Atualmente, como consagrado do Instituto Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento, desejo servir a Deus e à Santa Igreja naquilo que me é confiado. Sei que a graça de Deus tudo torna possível e que o auxílio da Virgem Maria é essencial para que eu permaneça fiel aos compromissos assumidos. Testemunho doIrmão Rafael, da Missão Vila de Assis/SP

Missão Vila de Assis: Uma cidade, um desafio

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ão Paulo é hoje um grande desafio. A maior cidade da América do Sul, possui mais de 11 milhões de de habitantes. Se contarmos com a região metropolitana, são 17 milhões de habitantes. O último censo concluiu que existem nas ruas de São Paulo cerca de 13 mil pessoas em situação de rua. Esse cálculo está bem longe daquele realizado pelas organizações que trabalham com essa população. Essas organizações estimam um número de 30 mil pessoas em situação de rua. Se treze ou trinta, o que temos certeza é que são milhares de pessoas desprovidas de recursos básicos de sobrevivência.


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“A Toca é minha família!”

TOCA EM RETALHOS

eu nome é Rubens, tenho 53 anos, sou natural de Santa Mariana no estado do Paraná. Quando era criança, trabalhava na lavoura para sobreviver. Minha mãe faleceu quando eu tinha apenas 3 anos de idade. Nesta época, meu pai foi embora e fui criado pelos meus avós e tios. Aos doze anos, comecei a trabalhar em restaurantes e churrascarias. Trabalhei nestes estabelecimentos até completar uns 20 anos. Neste período, prestei serviço militar no Exército. Depois de servir no Exército, trabalhei em uma empresa por sete anos. Abri meu próprio comércio. Ele durou cinco anos. Tinha mulher e duas filhas. Perdi o meu restaurante e, tempos depois, minha mulher foi embora com as nossas filhas. Ela se foi porque eu me encontrava num estágio avançado de alcoolismo. Em um estado de total dependência do álcool, virei morador de rua e trabalhava com material reciclável. Meu estado de alcoolismo se agravou e já não tinha mais condições físicas e psicológicas para trabalhar. Sobrevivi, por aproximadamente três anos, através da caridade das pessoas. Elas levavam alimentos, roupas e cobertores para nós, os moradores de rua. Conheci a Toca através de uma das suas Pastorais de Rua, em Osasco. Eles fizeram o convite para que eu fosse à Casa deles receber atendimento. Achava interessante ir à Toca, pois tinha medo de morrer e ser enterrado como indigente. Já havia escutado que os irmãos preparavam com o amor o sepultamento dos acolhidos que faleciam. Nesta mesma época, um médico me alertou, dizendo que eu teria pouco tempo de vida se continuasse no alcoolismo. Outro morador de rua também tinha vontade de à Casa da cidade de Cotia. Ele era cadeirante e não conseguia ir até lá. Depois de umas trinta horas de caminhada, levando esse irmão em sua cadeira de rodas, chegamos à Casa da Toca em Cotia. E, a partir deste dia, quis me tornar um acolhido. Após um ano de acolhimento na Toca, me livrei completamente do álcool e estava totalmente reabilitado. Comecei a trabalhar com artesanato e nas obras de manutenção da Casa. Fui transferido para uma chácara em Poços de Caldas, onde permaneci dois anos e meio. Passei pela Casa Grande Mãe de Deus, em Embu das Artes. Atualmente, moro na Vila de Assis. A Toca de Assis hoje é minha casa, minha família. Testemunho do acolhido Rubens F. Banos, da Missão Vila de Assis/SP

A Toca e a Vila de Assis estão na região central de São Paulo desde 2002 e 2004, respectivamente. A Vila de Assis foi fruto de um acordo entre o Governo do Estado e os movimentos das pastorais de rua, como uma resposta à chacina que ocorreu em 2004, na Praça da Sé. Nesta praça, vários moradores de rua foram assassinados pela polícia. Na época, um ato concreto do governador Geraldo Alkimim, como forma de reparação ao fato, foi a concessão de um espaço para que alguma entidade desenvolvesse um trabalho que fosse capaz de atender à população de rua desta região. A Toca de Assis assumiu esse espaço, que antigamente abrigava o prédio da Secretaria de Saúde do Estado, e ali surgiu a Vila de Assis. Por muito tempo, a Vila acolheu dezenas de moradores de rua, além dos trabalhos de Pastoral de Rua e atendimento diário de itinerantes. Por se tratar de um casarão histórico (construído no final do século XIX), os reparos não foram permitidos. Com isso, fomos obrigados a a cessar o atendimento. Não havia segurança na estrutura predial e o fornecimento de água estava cortado em 80% do imóvel. Nosso maior desafio é desenvolvermos a melhor forma para a manutenção de um Apostolado que trabalhe de acordo com as condições oferecidas pela casa e que, também, atenda às necessidades da população de rua dessa região. Outra barreira que encontramos, são os processos e movimentos da Associação de Moradores que tenta limitar o nosso trabalho. Atualmente, temos alguns Apostolados pelas ruas de São Paulo pelo qual realizamos atendimento aos itinerantes. Os moradores de rua possuem a oportunidade de tomar um banho, trocar de roupa e fazer uma refeição. Entretanto, tudo deve ser feito sem chamar a atenção da vizinhança.

TOCA EM AÇÃO São Paulo é um grande desafio, mas é uma terra de Missão. É um lugar no qual a Toca de Assis tem o desejo e a vontade de permanecer. Para isso, a Toca conta com a ajuda e doação daqueles que estiverem dispostos a trabalhar por essa obra. É uma forma de garantirmos que a nossa Missão nesta cidade não chegue ao fim devido à falta de estrutura física ou quaisquer outros motivos. Ajude-nos a manter essa Obra!

Contatos Vila de Assis: (11) 3225 9338 | 33618439 saopaulo@fpss.org.br Outubro/2013

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ARTIGO ESPECIAL

O desejo de Francisco: Com sua mensagem para o Dia Mundial das Missões, Papa Francisco encoraja a Igreja a anunciar o Evangelho a todos os povos e culturas

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mensagem do Papa Francisco para o próximo Dia Mundial das Missões (dia 20 de outubro) revela uma preocupação que, contrariando as análises fantasiosas de alguns, conforma-se totalmente aos ensinamentos de seus predecessores: a missionariedade cristã. E neste aspecto, foi taxativo: “não se pode anunciar Jesus sem a Igreja”. Um golpe certeiro na mentalidade moderna que corrói alguns ambientes católicos e prega que é possível professar a fé na sua integridade sem pertencer ao Corpo de Cristo. Esse ponto da espiritualidade cristã, sobre o qual Francisco tem se debruçado insistentemente, surge em boa hora, ainda mais quando se constata uma profunda confusão a respeito do significado de evangelizar. A confusão nasce daquela atitude denunciada por Bento XVI na Carta Apostólica Porta Fidei: “Sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto óbvio da sua vida diária. Ora um tal pressuposto não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negado”. E isso se vê na prática, sobretudo em certas propostas missionárias que, em nome de uma errônea concepção de respeito, esvaziam a mensagem cristã de seu conteúdo, às vezes até mitigando alguns de seus ensinamentos, e em seu lugar propõem soluções políticas e ideológicas, sendo muitas delas contrárias à Doutrina Social da Igreja. Tal ativismo não só já foi rejeitado pelos Papas, como também condenado:


uma Igreja em missão

“Devem ser chamados a melhores sentimentos quantos presumam que se possa salvar o mundo por meio daquela que foi justamente designada como a “heresia da ação”: daquela ação que não tem os seus fundamentos nos auxílios da graça, e não se serve constantemente dos meios necessários a obtenção da santidade, que Cristo nos proporciona”. (Pio XII, Exortação apostólica sobre a santidade da vida sacerdotal Menti nostræ, 58, 27 de setembro de 1950).

de pessoas, animadas pela ação do Espírito Santo, que viveram e vivem a maravilha do encontro com Jesus Cristo”. Por isso, não faz sentido a ação social se ela não estiver enraizada no Evangelho, uma vez que “sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo” (Cf. Caritas in veritate, n. 3).Desse modo - lembra o Santo Padre - o anúncio da Palavra de Deus, feito a partir da Igreja, é “um princípio fundamental para todo o evangelizador”.

Com o nosso testemunho de amor, levemos a este mundo a esperança que nos dá a fé!

É exatamente contra essa “heresia da ação” que Francisco se levanta na sua mensagem: “A Igreja – repito mais uma vez – não é uma organização assistencial, uma empresa, uma ONG, mas uma comunidade

Papa Francisco

Além disso, “a solidez da nossa fé, a nível pessoal e comunitário, mede-se também pela capacidade de a comunicarmos a outros, de a espalharmos, de a vivermos na caridade, de a testemunharmos a quantos nos

encontram e partilham conosco o caminho da vida”. Ou seja, quem não anuncia Cristo em comunhão com a sua Igreja demonstra que não está convencido da mensagem que Ele deixou. E não se diga que a evangelização dos povos e culturas é uma violência à liberdade de consciência, muito pelo contrário. “Propor a essa consciência a verdade evangélica e a salvação em Jesus Cristo, com absoluta clareza e com todo o respeito pelas opções livres que essa consciência fará (...), é uma homenagem a essa liberdade” (Cf. Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 80). Portanto, ensina Francisco, “a missionariedade não é questão apenas de territórios geográficos, mas de povos, culturas e indivíduos, precisamente porque os «confins» da fé não atravessam apenas lugares e tradições humanas, mas o coração de cada homem e mulher”. Por isso, muito oportunamente, o Papa Francisco lembrou o Beato José de Anchieta, durante a Jornada Mundial da Juventude, como “um grande apóstolo do Brasil”. Num terreno marcado pelo preconceito e contra a evangelização de outras culturas, como a indígena, trazer à memória dos jovens o exemplo do missionário jesuíta é uma afronta ao politicamente correto e um convite sincero à desejada “Nova Evangelização”. Resumindo, a mensagem de Francisco nada mais é que a mensagem de Cristo: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19). Fonte: Equipe Christo Nihil Praeponere http://padrepauloricardo.org


QUALIDADE DE VIDA

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Os transtornos da beleza

specialistas da área de saúde mental se preocupam com um fator social que desencadeia a doença, sobretudo, entre jovens. São os chamados padrões de beleza corporal da modernidade; para ser mais claro, as chamadas “mulheres cabides” que aparecem na mídia com todo glamour, fama e dinheiro, ou seja, a carreira tão desejada pelas jovens quanto o futebol pelos rapazes. Com resultado disso, a anorexia é apenas uma das muitas enfermidades que surgem dentro da busca por um corpo “perfeito” e “rentável”. Hoje, com a cultura do corpo ideal aparecem novas doenças, frutos desta sociedade moderna e seu estilo de vida. “Nós temos aí a bulimia e a anorexia que são mais conhecidas pelos casos que vemos na mídia, mas já começam a surgir novas doenças como a ortorexia, que é uma busca incontrolável por comida saudável. A pessoa come algo e fica sempre preocupada em quantas calorias consumiu, quantas calorias tem isso ou aquilo”, revela o psicólogo Élisson Santos. Segundo o psicólogo, os padrões de beleza da modernidade vão fazendo com que muitos jovens desenvolvam certos tipos de patologia em busca de um físico perfeito. “Nós temos o caso de outra doença que é a vigorexia, a busca compulsiva por exercícios físicos. Muitos jovens estão chegando ao consultório médico com este tipo de doença”, afirma Santos.

vigorexia

ortorexia

Os transtornos alimentares têm sua origem geralmente na fase púbere e juvenil (adolescência), pois os jovens enfrentam, nesta etapa, as mudanças corporais e alterações psíquicas. Além disso, o adolescente se preocupa de forma particular com a sua imagem estética, porque está exposto num certo grupo e tem necessidade de aceitação. A maioria dos casos de bulimia e anorexia, segundo pesquisas, tem início nessa fase (dos 13 aos 25 anos). Com o apelo midiático de um corpo supermagro ou escultural é preciso ficar atento quando parentes, amigos e familiares começam a tender para o exagero, a fim de atender este estímulo da ditadura da beleza. Os “transtornos” alimentares são patologias psíquicas e merecem ser tratados com especialistas da área (psiquiatras e psicólogos). É importante salientar que, como toda enfermidade, a pessoa precisa ser acolhida, compreendida e amada, nunca julgada e condenada. Um outro transtorno que vai ao extremo no cuidado com o corpo é a vigorexia. Apesar de não ser considerada um transtorno alimentício, a vigorexia está relacionada com alguns sintomas da anorexia como baixa autoestima, dificuldade de se integrar à sociedade e de aceitar a própria imagem corporal. Esse transtorno começa a ser mais comum entre os homens que, em nome de um corpo escultural, se submetem à compulsão por musculação e outras atividades do chamado “Body (corpo) Designer”. 10

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Outro transtorno decorrente da ditadura da beleza é o consumismo compulsivo (oneiomania). A pessoa precisa comprar, comprar e comprar para ficar feliz. Especialistas comparam o prazer que a pessoa sente ao adquirir um bem com o de pessoas viciadas em álcool, nicotina e até mesmo cocaína. A pessoa que sofre desse tipo de compulsão apresenta quadros de ansiedade, depressão, frustração, além de arruinar o orçamento familiar. Estima-se que de 2 a 8% da população mundial sofra deste mal, tudo pelo estímulo exagerado da cultura do material e em nome da beleza. Mas quando detectar estes exageros? “A pessoa sabe que não está bem, mas precisa atender aos apelos da mídia. Geralmente, ela se isola do convívio social, deixa os relacionamentos de lado, torna-se uma pessoa intolerante com os outros e gasta mais dinheiro com a beleza do que com a vida social”, declara o psicólogo. Fonte: http://destrave.cancaonova.com


Visita à Terra de Francisco

ACONTECEU

E

m 2012, Deus me presenteou com uma peregrinação pela Itália na qual tive a oportunidade de conhecer Assis, Roma e outras cidades. Foram dias de muita graça e gostaria de partilhar com vocês algumas experiências e fotos que registraram estes momentos. Assis é apaixonante! Uma cidade que parece ter parado no tempo de São Francisco e Santa Clara, mantendo a estrutura medieval e que nos convida à oração e à conversão. Impressionante como São Francisco atrai peregrinos do mundo inteiro, em sua maioria jovens! Como andar por Assis e não meditar a história de São Francisco e seus companheiros, de Santa Clara? E, também, não refletirmos sobre a nossa própria vida! Com certeza, a Espiritualidade Franciscana e Clariana estão vivas em Assis, chamando todos à conversão e convidando à pobreza! Pobreza evangélica! “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5,3). Em um mundo tão materialista e consumista como o nosso, os testemunhos de São Francisco e Santa Clara são atuais e necessários! Parafraseando o Beato João Paulo II: “Francisco, o mundo tem saudades de ti...”

O Crucifixo de São Damião Os hábitos de São Francisco e Santa Clara

Túmulo de São Francisco

Local no Monte Alverne onde São Francisco recebeu os estigmas

Eu no Mosteiro de São Damião Na Basílica inferior de São Francisco, em Assis, está o túmulo de pedra deste Santo e, ao seu redor, estão enterrados os corpos de seus primeiros companheiros. Na Basílica de Santa Clara, encontramos o original do Crucifixo de São Damião. O mesmo crucifixo que falou:“Vai, Francisco, e reconstrói a minha casa que, como vês, cai em ruínas”. Ali também encontramos os hábitos utilizados por São Francisco e Santa Clara. Além disso, é possível ver o cabelo de Clara, que foi cortado por Francisco como sinal de consagração total a Deus. E, finalizando, somos agraciados com outros objetos que foram usados por estes dois Santos. No Mosteiro de São Damião, fora dos muros da cidade de Assis, um testemunho da pobreza em que viviam Santa Clara e suas irmãs. Foi São Francisco quem reconstruiu, juntamente com seus primeiros companheiros, a Igreja de São Damião que estava em ruínas. Em São Damião, Santa Clara viveu e faleceu. No Santuário della Verna, localizado no Monte La Verna (ou Monte Alverne), temos local em que São Francisco recebeu os estigmas de Jesus (as marcas da Paixão de Cristo em seu corpo). Neste local prevalece a espiritualidade da Cruz, um lugar belíssimo de silêncio e oração, propício para meditarmos no profundo Amor de Jesus por cada um de nós. Amor esse que foi testemunhado na Cruz. Que a experiência de meditar a Vida e o testemunho dos Santos possa nos remeter sempre à Santidade e ao desejo do Céu! Essa vida passa muito rápido! Procuremos os bens eternos! Jesus é o nosso verdadeiro tesouro! Paz e bem! Irmã Maria da Misericórdia do Espírito Santo, FPSS

Outubro/2013

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TOCARTE

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“A todos, pregai o Evangelho.”

emos a compreensão do quanto a palavra “todos” é abrangente? Como comunicar o Evangelho para pessoas de outras línguas? Como comunicar o Evangelho para pessoas de outras culturas? Aos índios? Aos mendigos? Aos surdos? Neste mês, em que lembramos as missões, quero partilhar um pouco sobre a arte de comunicar, independentemente do público. Soube de um espetáculo que estava em cartaz, no Rio de Janeiro, que foi realizado para cegos e para os que não eram cegos, mas eram levados a fazer a experiência da cegueira. Infelizmente, não consegui assistir à peça e não me recordo o seu nome. A pessoa, ao entrar no teatro, já não via nada. Era conduzido por alguém até o seu lugar e, no escuro, acompanhava o espetáculo, que explorava os outros sentidos, por meio de sons e cheiros. Aos poucos, o espectador ia criando, em sua mente, as dimensões do espaço. Ele experimentava toda a percepção de um cego. Achei a ideia incrível e, isso, me levou a pensar em quantos artifícios temos para comunicar a boa nova de Cristo. Aliás, quantos são os públicos distintos à nossa frente, e como nossa arte deve estar livre para entender o quanto precisamos nos adaptar a cada realidade. Este mês, minha dica é o filme “Honra e Coragem”. Uma história de amizade, perdão e mudança de vida. Vale a pena reunir a família na sala e conferir essa bela produção.

Em uma viagem, fiquei hospedado na casa da Congregação da Pequena Missão para os Surdos. Lá, conheci um pouco de sua história e tudo o que fazem para evangelizar os surdos, valendo-se apenas de sinais. Um dos padres disse uma coisa que me marcou: “A língua dos sinais é mais que uma língua, é uma arte!”. Fiquei observando os gestos que faziam e, realmente, é uma arte! Na Santa Missa, tudo era feito com sinais. Aquela “dança” de movimentos singulares, fazia a celebração ter um aspecto também singular. Mais uma vez, pensei no quanto Deus é generoso em nos capacitar de dons para comunicar a todos o Seu Amor. Comunicar o Evangelho para todos os homens é nossa missão. e Devemos estar abertos ao Espírito que nos capa cita e conduz. Nossa arte pode atingir lugares inimagináveis. Só existe uma coisa capaz de impedir isso: nosso orgulho. Quando nos sentimos completos, é porque nos falta muito ainda. Quando nos achamos bons, é preciso ouvir de Jesus: “Só Deus é bom!”. Quando nos achamos melhores que as outras pessoas, é porque nos falta humildade para reconhecer que cada pessoa tem muito a nos oferecer e ensinar. Por isso, vale ainda aquela regra de ouro: “Supere-se a si mesmo. Seja melhor do que tem sido até agora.” Nossa arte pode alcançar lugares inimagináveis movida pelo combustível que é a graça de Deus. Lembremo-nos do exemplo dos primeiros missionários que vieram ao Brasil evangelizar os índios. Como dizemos em Minas Gerais: “Só com a cara e a coragem”.Que nós estejamos abertos à graça para alimentar, render, fazer crescer nossos dons, para comunicar a boa nova a todos. Irmão Tarcísio, FPSS ministrosp@fpss.org.br


Arica,2013

DIÁRIO DO PEREGRINO

“Nas cidades ou aldeias que entrardes, informe-vos se há alguém ali digno de receber; ficai ali até a vossa partida” (Mateus 10,11). Agora já são 06:15 da manhã e começa a preparação para rezarmos as laudes. Assim, podemos participar plenamente e dignamente da participarmos da Santa Missa e seguirmos com o nosso caminho. Desejamos chegar à fronteira do Chile. Ao meio-dia, saímos do Peru e iniciaremos nossa missão rumo ao Chile. Antes de chegarmos à fronteira, ficamos muito tempo com uma família, que pediu que abençoássemos o seu comércio recém inaugurado. Fiquei preocupado com o passar das horas... A família sempre nos oferecia algo para comer ou pediam para que ficássemos mais um pouco. Também nos solicitou que conhecêssemos e abençoássemos todas as famílias que ali estavam. Deixei a preocupação de lado e pensei: “Ah! Deixa o tempo pra lá! A missão é pra isso mesmo! Para rezar, evangelizar, ser presença de Deus nos lares. Deus cuida do tempo”. Chegamos em Arica às 14:10. Já estávamos no Chile, e tínhamos tempo para continuarmos a nossa caminhada. Entretanto, quando olhamos o relógio do terminal de ônibus, estávamos duas horas atrasados (devido ao fuso horário). Era 16:10 e achamos melhor procurarmos um lugar para ficar. Chegamos a uma igreja, que estava fechada. Andamos ao redor dela com o intuito de procurarmos uma outra entrada. Quando chegamos à frente da igreja novamente, havia dois homens, cada um com o seu carro. Eles nos perguntaram se estávamos procurando o padre. Respondemos que sim, pois queríamos passar a noite. Um deles nos disse que teria um lugar. Respondi que não tínhamos dinheiro para pagar a hospedagem. Um deles respondeu que era a sua própria casa e que não deveríamos nos preocupar com o pagamento. “Nossa, como a caridade constrange!” Rumamos com um deles em direção à casa. Quando chegamos, a filha que estava no balcão da padaria, disse com muita alegria: “Você os encontrou, pai!”. O senhor Pedro nos levou até a sala e ali tinha um pequeno altar. Então se ajoelhou e iniciou uma oração espontânea:“Senhor, eu te louvo e agradeço, porque o Senhor me concede muito mais que eu mereço”. E logo nos disse: “Irmãos, não sou eu quem está fazendo um favor, uma caridade a vocês, mas são vocês, que fazem uma caridade e um favor.” Ele nos falou isso com lágrimas nos olhos. Pernoitamos na casa do senhor Pedro e partimos no dia seguinte. Deus seja louvado em tudo aquilo que faz, pois Sua Santíssima Providência é infalível. O Senhor jamais se esquece dos que “trabalham” em Seu nome.

“A

!”

ange r t s n o c e car idad

IrmãoFrancisco FPSS


Mural da

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Outubro/2013


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Outubro/2013

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Foto: Leonardo de Souza

“A falta de amor é a maior de todas as pobrezas.” Madre Teresa de Calcutá

“É maior alegria dar que receber.” Atos 20,35


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