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Comida e Arte DA PRÉ-HISTÓRIA AOS INFLUENCIADORES Storytelling A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS PELA MÃO DE 3 MAGNÍFICAS FOTÓGRAFAS Fine Art QUANDO A FOTOGRAFIA TORNA-SE UMA OBRA DE ARTE Convidados Especiais 11 CONVIDADOS QUE VOCÊ NÃO PODE PERDER! ... e muito mais

Editorial

Com entusiasmo voltamos nesta terceira edição com um ingrediente especial que harmoniza com todas as nossas reportagens: ARTE Como conceito, evoluiu ao longo dos séculos e dificilmente poderia ser enquadrado em palavras concretas A velha definição de criar beleza mudou para o lado oposto, ou seja, realçar a beleza do cotidiano, pois a beleza está presente globalmente, não apenas na natureza ou nos objetos criados pelo ser humano Nesta edição abordamos a Fine Food Art Photography ou a fotografia artística gastronômica com um estilo inovador, mas sobretudo com uma visão pessoal, única e profunda do mundo gastronômico que envolve o fotógrafo. As imagens artísticas gastronômicas carregam um componente de sensibilidade, sensações e emoções Estas fotografias podem ser uma história ou um conceito, não necessariamente uma narração, podem ser apenas uma imagem poderosa que não precisa ser contada em palavras, pode ser um storytelling que transmite uma história gastronômica através da fotografia artística e conecta o espectador com suas emoções.

Pode ser uma imagem espontânea, mas, simultaneamente, consciente e deliberada porque as referências à arte, história, antropologia, botânica, artesanato ou natureza fazem parte do processo criativo anterior. Imagem, beleza, arte e cultura também devem implicar na responsabilidade social do artista, pois na gastronomia, o produto, o processo e a elaboração até o resultado no prato envolvem histórias humanas, culturais, econômicas e sustentáveis

Reforçar e realçar artisticamente a imagem do produto faz-nos viajar às suas origens, às culturas, mares, campos, fogões e à NOBREZA DO PRODUTO. Só compreendendo esta jornada é que podemos aprender a desfrutar, alimentando-nos sem transformar o saudável, o natural e o belo em algo processado e artificial. Proponho trabalharmos a beleza, a arte de fazer o nosso trabalho na gastronomia e no dia a dia em algo consciente

Sandra Jiménez Osorio
Í n d i c e Escaneie e aprecie esta lista de músicas especialmente selecionadas para acompanhar você ao
este número Especial receitas natalinas José Iskandar Célio Cruz Lucrecia Quesada Camila Seraceni Camila Macedo Escola de cozinha Jul's Kitchen Restaurantes Coquetelarias Arte Kit King Danny Bittencourt Fine Art Sandra Jiménez Storytelling Stella Andronikou Lili Fujiy Aimee Twigger Luz e sombra Zaira Zarotti Jullianne Medeiros Técnica Como fazer natureza-morta Props vintage Guia Gastronômico Ecologia e saúde Ultraprocessados 4 14 28 38 42 52 54 60 66 72 76 84 94 102 132 134 136 140 144 150 156 158 164 172 184
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COMIDA Arte e

A comida e a arte são os protagonistas desta edição O vínculo entre os dois elementos é tão forte que com eles poderíamos contar a história da humanidade. Há épocas e lugares marcados pela abundância, basta lembrar os murais romanos que representavam grandes banquetes estrelados por deliciosas iguarias Em contraste, se falamos de ausência, fotografias de nossa época encolhem nossos estômagos com imagens de crianças com barrigas inchadas, que gritam de fome extrema O que colocamos em nossas mesas é tão crucial que não só aparece em obras de arte, mas também ocupa lugar importante nos discursos políticos Não devemos esquecer que as decisões de nossos líderes influenciam o que comemos e nossas escolhas, ao comprar alguns alimentos e rejeitar outros, são atos políticos, mesmo que não percebamos conscientemente

De pinturas rupestres, encontradas em cavernas em todos os continentes, exceto na Antártida, ao conteúdo de influenciadores no Instagram e às exposições, os temas culinários, no campo estético, estão mais relacionados ao desejo do que à objetividade Humanos, desde os primórdios da história até os dias atuais, tem procurado, através da representação dos alimentos, satisfazer necessidades além da fome.

Não só o excesso e a ausência inspiram o artista: os adereços, o espaço onde se come, o espaço onde se cozinha, como cozinhamos e até os gestos que articulamos enquanto degustamos, são elementos estudados e representados por artistas.

A pesquisadora Caroline Cavalcanti de Oliveira vai além e diz que a midiatização amplifica esteticamente o processo culinário, sua percepção, as formas de compartilhamento e os modos de expressão.

Como prova de tudo isso, fizemos uma compilação de obras, além das telas, onde a comida é a protagonista com letras maiúsculas Algumas têm sido tão inspiradores para nós que tomamos licença para recriá-las a partir de nossa perspectiva. Esperamos que gostem e/ou despertem sua curiosidade criativa

O b r a o r i g i n a l

Natureza-morta com uma caveira de Paul Cézanne (1898) Obra impresionista que se encontra na Fundação Barnes, Philadelphia

Texto e fotografias por Marta Sarrate, Sylvie Pabion e Zaclis Veiga

DE PINTOR DE CAVERNAS A INFLUENCIADOR

Sem ter certeza do significado das representações que o homem primitivo fazia nas rochas, a teoria é que eram cenas mágicas ou religiosas que buscavam atrair boa sorte em dias de caça ou coleta, entre outras coisas. Em nossa época, não pegamos um apetitoso espeto de legumes esperando que caiam tomates e pimentas em cima de nós, mas buscamos aprovação ou “curtidas”, a medida atual de reconhecimento social. Embora seja outro, o propósito ainda está lá.

Se formos mais longe, descobrimos que os egípcios, que acreditavam na vida após a morte, decoravam o interior das tumbas com hieróglifos que continham oferendas funerárias nas quais não podiam faltar alimentos básicos como pão, cerveja e cebola. No entanto, os primeiros a tentar representar fielmente os elementos da natureza foram os gregos

Segundo o historiador Plínio, o Velho, a história da natureza morta começou naquela civilização e como exemplo temos o pintor Zeuxis (século V a.C.), uma lenda diz que suas uvas eram tão realistas que os pássaros vinham bicá-las Para os romanos, as naturezas-mortas destinavam-se a decorar casas e palácios, como exemplo, temos os murais encontrados nas casas de Pompeia e Herculano.

Naquela época, eles usavam pintura a fresco e mosaicos As flores e os frutos faziam parte das composições artísticas, mas a natureza-morta, enquanto gênero pictórico independente, nasceu no século XVII, quando viveu o seu máximo esplendor.

O b r a o r i g i n a l

O Prato de Pêssegos e Folhas de Videira, de Ambrogio Figino, é a primeira natureza-morta da história da arte italiana, produzida cinco anos antes do Cesto, de Caravaggio

Nos países católicos, como na Espanha, fazia-se referência às riquezas terrenas e à expiração da vida No entanto, em países protestantes, como a Holanda, eles se concentraram mais na parte alegre e materialista da vida. Antes desses pintores, devemos destacar a obra de Caravaggio e sua Cesta de Frutas, considerada a primeira natureza-morta pura e por isso ele conhecido como o pai da natureza-morta O gênero continuou a avançar e no século XIX, com o surgimento das academias de arte, foi usado para estudar técnicas pictóricas. Os autores dessa época, incluindo Van Gogh, deram um passo adiante e transformaram essas composições em expressões artísticas No final do século XIX, a natureza-morta tornou-se minimalista, não se procurou mais o mimetismo, o que significou uma aproximação à arte abstrata. Neste ponto, não podemos deixar de mencionar a obra de Cézanne que influenciou as naturezas-mortas cubistas de Picasso do século XX O cubismo europeu saltou sobre a lagoa e começou a se misturar com o realismo americano nas pinturas de Georgia O'Keeffe ou nas fotografias de Edward Weston.

O surrealismo da época também chega a países como o México, onde temos as naturezas-mortas com comida nativa de Frida Kahlo. E das melancias rachadas vermelhas de Frida passamos às sopas Campbell's de Andy Warhol, representante, com Roy Lichtenstein, do movimento pop art. Esses famosos barcos, mais do que naturezas-mortas, são ícones de uma geração Pegando um atalho, chegamos aos nossos dias em que as redes sociais se tornaram uma vitrine divertida (na maioria das vezes) onde se pode ser consumidor de conteúdo inspirador ou até mesmo se tornar um embaixador da marca Qual será o próximo?

O b r a o r i g i n a l

Limões, laranjas e rosas, obra do pintor espanhol do Século de Ouro, Francisco de Zurbarán Uma das poucas naturezas-mortas assinadas pelo autor Está localizado no Norton Simon Museum, Pasadena, EUA

O b r a o r i g i n a l

Natureza-morta com maçãs e laranjas, obra pintada por Paul Cézanne entre 1895 e 1900 Óleo pós-impressionista sobre tela Atualmente está no Musée d'Orsay em Paris

O SIMBOLISMO SECRETO DOS ALIMENTOS

EÀs vezes, certos alimentos têm sido usados por sua simbologia Vamos lhe apresentar alguns exemplos que ajudam a encontrar esses segredos escondidos nas obras:

Limões: dependendo do contexto, podem representar tristeza, amargura e até morte e a laranja a fertilidade Uvas: estão relacionadas ao sacrifício, fertilidade e pensamentos impuros.

Vinho: especialmente o tinto, representa o sacrifício e a vida eterna Maçãs: representam o pecado, o desejo, o amor carnal, a juventude e o frescor. Trigo e pão: são símbolos de fertilidade Repolho: associado à sexualidade feminina Romã: fecundidade, pois é uma das frutas que contém mais sementes, também realeza, pois é encimada por um cálice em forma de coroa Pêssego: virtude e honra. Morangos: símbolo de Vênus. Devido a seu formato de coração, eles simbolizam pureza, paixão e cura

NOSSAS RECOMENDAÇÕES

A comida não só preenche as telas, como também inspira escritores, roteiristas e músicos, ocupando lugares importantes nas páginas, na celuloide e nas letras das músicas.

Compilamos nossos livros, filmes e músicas favoritos que ativam nossos sentidos e abrem o apetite de qualquer um.

C i n e m a

- Chocolate: não dá para pensar em cinema e comida sem que esse filme venha à mente e lembrarse daquela loja de chocolates maravilhosa que Juliette Binoche abre em uma cidade da França e do estrago que vai causar. A mãe solteira e trabalhadora disposta surpreenderá e mudará a mentalidade de seus vizinhos conservadores com o golpe de um chocolate.

- Delicioso: um filme recente que conta a história do primeiro restaurante do mundo Linda encenação com naturezas-mortas que dão vontade de sair e fotografar ingredientes sob a luz da janela da sua cozinha.

- A festa de Babette: vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1987 Se o destacarmos, não é pelo prêmio, sendo merecido, mas pela presença de um dos maiores e mais suculentos cardápios da tela grande. É tão importante que ocupa mais de um terço de sua metragem. A comida se torna uma ferramenta de gratidão

- El guateque: e se tivermos que destacar uma comédia, sem dúvida nosso top seria esse filme louco e engraçado onde um jantar de gala chato se transforma em uma festa louca com a presença de um garçom bêbado, uma galinha voadora, um loro. Uma daquelas obras que nunca saem de moda

- Maria Antonieta (de Sofía Coppola): neste filme biográfico, sobre a última rainha da França, os bolos e o grande capricho da rainha e dos parisienses, os macarons, são os protagonistas. Um perigo para os gulosos Te aguça o apetite mesmo que tenha acabado de comer

M ú s i c a

- Cheesecake de Louis Armstrong. Quem não ama um cheesecake? Louis Armstrong repete mais de 50 vezes a palavra nessa música que amo de ver e ouvir.

- Chocolate de Tim Maia A letra não deixa dúvida: “Não adianta vir com guaraná, é chocolate que eu quero beber”

- Feijoada completa de Chico Buarque A música fala de uma feijoada que será preparada para amigos Torresmo, água no feijão, cerveja gelada deixam a gente com vontade de comer uma boa feijoada brasileira

- Morena Tropicana de Alceu Valença Essa música é quase um tratado sobre frutas brasileiras. Dez espécies típicas são apresentadas em uma mistura de sensualidade e ritmo

- Savouy Truffle dos Beatles. Uma ode ao doce, principalmente às trufas “Creme de cereja, torta de maçã, leite de coco, hummm A trufa de Saboya!

- La canción del café de Frank Sinatra Nessa música, não há lugar para chá ou suco de tomate O que é bom? Café!

L i t e r a t u r a

- Dom Quixote de Miguel de Cervantes, história repleta de referências culinárias da Espanha nos séculos XVI e XVII. Obra-prima que conta as aventuras vividas pelo engenhoso nobre Dom Quixote e seu escudeiro Sancho Pança pelas terras de Castela

- Como água para chocolate: romance escrito por Laura Esquive, publicado em 1989 Uma história de amor proibido devido a uma antiga tradição que obriga Tita, a protagonista, a permanecer solteira e cuidar de sua mãe Tem uma forte ligação com a gastronomia, a comida é a ferramenta que Tita usa para expressar seus sentimentos.

- Fisiologia do paladar é um título abreviado (Brillat-Savarin, J. Anthelme. (1825): livro cheio de anedotas e observações sobre os prazeres da mesa, como a natureza dos alimentos, tipos de apetites, gula, sede, digestão, entre outros.

KING K I T

Artista contemporânea, criadora de obras intimistas, sensíveis e emocionais. A sua procura constante pelo equilíbrio entre a criatividade e a realidade levou-a a desenvolver uma flexibilidade que lhe permite adaptar as suas obras durante o processo criativo. Graças à sua maestria no manejo da luz e da sombra, ela domina a arte de direcionar o olhar do espectador para a parte que deseja e visa destacar A pintura nas mãos de Kit torna-se uma poderosa ferramenta de expressão que ela usa para expressar seus sentimentos e opiniões sobre as questões que mais a preocupam: injustiça e identidade. A força da pintura dessa artista canadense nos leva à reflexão e estimula o pensamento crítico

Entrevista de Marta Sarrate, Sylvie Pabion e Zaclis Veiga e Fotografias de Kit King A

Existe uma força vital e intensa em seu trabalho, como é seu processo criativo? Qual é o ponto de partida?

Geralmente, o que posso criar é limitado pelas demandas do mercado, colecionadores ou galerias, então meu ponto de partida é o assunto, um retrato ou figuração, pois na maioria dos casos dá uma boa tela Neutro para comentários Em seguida, procuro o que quero expressar, algo que agrade aos colecionadores e, simultaneamente, sacie meu espírito criativo Pode ser um sentimento, uma emoção, uma atmosfera, uma narrativa completa ou uma pergunta. Uma vez claro o que quero comunicar, reflito sobre como expressá-lo nos limites de um retrato Sem me afastar muito no escuro, a ponto de não ser mais comercializável (por mais feia que seja, a realidade de que este é o meu trabalho é apenas isso: realidade), então muitas vezes penso nisso enquanto caminho, tomo banho ou deito na cama (os momentos em que a criatividade dispara para mim) e anoto minhas ideias. Após reunir alguns, pondero a logística de criar cada um: o que é viável? O que é mais vantajoso do ponto de vista econômico? Algumas das minhas peças podem ser caras para criar, então tenho que avaliar o valor de retorno potencial Quanto tempo cada uma vai me levar? Feita a lista pragmática, passo para a emocional, para não afetar a parte racional da seleção, e eu me pergunto o que é mais importante criar.

O que quero transmitir mais? Qual será mais fácil de transmitir? Qual é provável de ressoar? Qual é melhor articulada por meio de imagens visuais? Depois peso os prós e os contras de cada uma e tento encontrar um equilíbrio Nunca me preocupo em fazer esboços, rascunhos ou modelos Depois que a ideia sai de mim e é criada, não adianta recriá-la, então prefiro pular direto. Percebi que a qualidade do meu trabalho diminui se eu fizer maquetes preliminares Embora o trabalho tenha 2,5 metros de comprimento, prefiro bagunçar a tela e aprender a corrigir à medida que avança Acho que uma obra nunca deve ser descartada Tenho a regra de não abandonar um trabalho, aconteça o que acontecer Acho que isso leva à estagnação. Se você se forçar a enfrentar o erro ou o obstáculo, você se tranca nessa caixa de maneiras limitadas de se recuperar e descobri que isso gera uma criatividade insana! É como estar encurralado: essa ferocidade aparece. Alguns dos meus melhores trabalhos nasceram de peças que não deram certo e onde tive que ir em uma direção completamente diferente que eu nunca teria pensado se não estivesse preso naquele lugar. Tornou-se uma parte vital da minha prática deleitar-me com os erros Alegre-se com a merda e torne-se companheiro de cama dos erros Quando eu era novata, ficava muito chateada se estragasse tudo. Especialmente se levava 100 horas trabalhando em uma obra

Isso pode alimentar o bloqueio do artista Isso pode desencadear sentimentos de inadequação e fazer você questionar por que está fazendo isso Mas aprendi que, se você valoriza esses momentos e tira todo deles, o efeito oposto é produzido: isso o alimenta e o impulsiona como uma pessoa criativa As pessoas têm a impressão de que o hiper-realismo é tão rígido e inflexível, e para a maioria é verdade: eles se apegam à sua referência fotográfica e nunca se desviam até que tenham uma cópia da realidade Uma foto tem a capacidade única de congelar um momento no tempo e suspendê-lo para a eternidade Isso pode forçá-lo a perceber coisas que você não veria de outra forma Uma oportunidade de ver a vida pelos olhos do outro: o fotógrafo Mas copiar isso? Qual é o ponto além de exibir habilidade técnica? Depois que comecei a aperfeiçoar o lado técnico, deixou de fazer sentido para mim, mas minha carreira evoluiu no caminho do hiper-realismo Assim, meu processo tornou-se muito mais contínuo Tenho uma ideia geral do que gostaria de criar, e se não sair como planejado, vou adaptando e mudando de rumo Embora eu frequentemente trabalhe com fotos, nunca tento replicá-las Com a pintura, você tem a possibilidade de manipular a luz de maneiras que não são possíveis na realidade ou na fotografia Você pode usar calor e frio para empurrar e puxar o assunto. Você pode mudar as perspectivas. Uso essas micro-mudanças calculadas para guiar o espectador através da tela para onde quero que ele olhe e sinta o que quero que ele sinta. Você pode levar o espectador em uma jornada, calculando metodicamente cada passo que seu olho dá Ajustes sutis que podem passar despercebidos se você não souber procurá-los, mas que têm um efeito poderoso na resposta do espectador à obra Por exemplo, o olho é naturalmente inclinado para o contraste, é uma questão evolutiva de sobrevivência Quando o branco mais branco encontra o preto mais preto, o olho o segue Em uma

foto, a pupila não é realmente preta porque a luz projetada na lente brilhante do olho a torna mais clara. E os reflexos de um olho não são tão reflexivos quanto, digamos, de algo metálico A suavidade não capta a luz da mesma forma que algo irregular e saliente, então, na realidade e em uma foto, a menos que você tenha editado, não se obtém uma verdadeira pupila negra com os realces especulares mais vibrantes. Coisas como acessórios tendem a se destacar mais Quando pinto, quase sempre quero que o olhar do sujeito capte o do observador. Para chamar sua atenção para o olho que olha e sente, costumo tornar a parte mais negra do meu trabalho a pupila, e o único destaque especular branco verdadeiro é um pequeno destaque que se conecta a esse preto para contraste máximo

Para torná-lo mais eficaz, o preto é sempre a parte mais plana da pintura e o reflexo especular é criado com um meio texturizado em uma saliência irregular na superfície para captar também a luz da sala e torná-la ainda mais brilhante e proeminente “Brilham” quando vistos pessoalmente, criando a ilusão de que o sujeito está vivo e olhando para você Brinco com a profundidade de campo de uma forma que foge das regras da fotografia ou da vida. Eu me afasto dos tons para criar meu próprio mundo na atmosfera que crio. Quando

termino um trabalho, já se afastou bastante da minha referência fotográfica. No entanto, tem o efeito de se parecer muito com uma foto

Suas pinturas são tão realistas que parecem fotografias, como você consegue esse nível de precisão com o pincel?

Na verdade, é uma ilusão de precisão. De longe, o olho distingue um assunto muito realista Mas quando você vê meus trabalhos pessoalmente e se aproxima deles, ou me vê criando um trabalho nas redes sociais, você vê camadas de rabiscos e rabiscos caóticos Crio a aparência de pele texturizada rabiscando círculos sobrepostos apressadamente. Eu também faço isso como se estivesse esculpindo as formas e começo minha base com milhares de linhas curvas direcionais confusas que criam a base da forma Cada camada confusa se junta para dar a ilusão de um retrato preciso e bem detalhado

A maioria dos pintores hiper-realistas pinta uma pequena seção de cada vez, com pincéis minúsculos e detalhes precisos Sempre pensei que não sou um verdadeiro pintor hiper-realista, pois raramente me sento para trabalhar em uma área pequena, porque costumo estar sempre de pé, dançando com os maiores pincéis que encontro na tela Eu até uso pincéis grandes para detalhes. As enormes pinceladas que cobrem toda a extensão do meu braço vão construir uma bochecha Pinto rápida e severamente Não há muito de delicado e preciso nele Mesmo em detalhes como a íris, olhe de perto e você verá as camadas de caos Quer saber um segredo? Meus súditos nem mesmo são bem proporcionados Noto que certos aspectos de uma foto não se traduzem bem na pintura, então propositadamente os proporciono para não serem reais, mas tenham a ilusão de serem precisos, eles parecem mais corretos na pintura, apesar de serem tecnicamente imprecisos. Acho que a precisão é superestimada Se vou pintar algo representativo, prefiro ver a mão do artista.

Ao nos dar a impressão de reorganizar seu trabalho a partir de recortes e colagens, parecenos que você quer se aproximar do caos que a arte pode proporcionar e estimular o pensamento crítico Estamos certos?

Eu disseco e reorganizo como forma de criar uma representação visual desse processo de navegação Tento dissecar a condição humana ou a resposta de como tratamos as pessoas neste mundo. As pessoas reagem fortemente ao corte de um quadro, mas não compartilham a mesma reação ao ver um ser humano sendo cortado A sociedade valoriza mais o objeto da realidade do que a própria realidade, essa mercantilização constante da realidade, como se não fôssemos mais capazes de vivenciá-la Eu não entendo e me sinto perdida nesta sociedade, então muitos desses autorretratos distorcidos são uma representação visual disso, tentando descobrir meu lugar em tudo isso Como parece? Este caos Essa injustiça Essa transfiguração, à medida que passamos de humanos em contato com nossa humanidade, para algo... outro... uma cacofonia de peças humanas. Criando a ilusão de humanidade A questão da identidade esteve no centro das atenções durante vários anos e a política era inevitável Por exemplo, política de gênero. Há alguns anos criei uma obra que catalogava minha luta contra a divisão do mundo em termos de gênero e identidade Me pintei como homem, usando meu pai como ponto de referência, aumentei a testa, masculinizei o maxilar e o osso da sobrancelha, reformulei o nariz, acrescentei barba já estava com a cabeça raspada Depois cortei a pintura em um monte de pedacinhos, e coloco esses pedacinhos em invólucros plásticos individuais. Reorganizei o retrato antes de fixá-lo em um painel em seu novo estado caótico Eu não sabia como colocar em palavras meus sentimentos e minha posição sobre isso, então pintei. Seja qual for a intenção de uma obra, uma perspectiva completa nunca pode ser imposta ao espectador Sempre há interpretações No entanto, faço o possível para usar as ferramentas à minha disposição não apenas para abrir o discurso, mas também para provocar pensamentos e emoções que podem não ser meus ao olhar para a obra

O que você acha de novas ferramentas de inteligência artificial como DALL-E 2 que geram imagens e fotos em tempo real, você acha que elas ajudam ou são uma ameaça? Como artista, você pensa no futuro, em deixar seu legado para a posteridade ou é algo que não lhe diz respeito?

Acho não haver nada mais ameaçador para a

sociedade do que os milhões de artistas que sacrificam o que querem fazer pelo que a sociedade lhes diz para fazer. Já temos uma abundância de obras de arte sem alma, e a IA não mudará isso Os colecionadores que anseiam pela coisa real continuarão procurando por ela No mínimo, talvez seja apenas o empurrão de que precisamos, já que nenhum ser humano pode competir com a IA na produção do jargão vazio que a sociedade deseja para mera decoração Pode haver mais oportunidades no futuro para os artistas finalmente criarem as obras que seus corações lhes pedem para criar e que o mundo, até agora, rejeitou Em qualquer caso, pode-se esperar. Imagino-o com tímido otimismo. Quanto ao legado, é algo em que penso. Acredito que a arte pode ser uma ferramenta poderosa para provocar mudanças e contribuir para uma mudança de consciência, e muitas vezes me pergunto se um dia criarei obras que possam contribuir para isso de alguma forma significativa Ainda estou encontrando minha voz como artista e espero um dia poder usar minhas obras para transmitir minha mensagem. Não imagino que seja devastador, mesmo que seja um pequeno grupo de pessoas se conectando e se relacionando, só um sussurro Se eu conseguir criar um choque suave, é o que espero da minha arte.

Quais são seus planos para o futuro?

Estou construindo a casa e o estúdio dos meus sonhos na Nova Escócia em 76 acres com meu marido, também artista Planejamos preencher o terreno com grandes esculturas criadas por nós Quando a construção do ateliê estiver concluída, espero estar num local onde já não tenha de pintar o que me pedem ou esperam de mim e possa esconder-me e pintar completamente livre, a sério, e encontrar a minha autêntica voz de artista. Chega de sacrifícios e o equilíbrio entre a mente profissional e empresarial e a criativa Meu objetivo é morrer cercado por centenas de obras não vendidas, porque assim saberei que dediquei meu tempo para criar algo real. O que significa muito mais para mim do que uma carreira em obras esgotadas Sem face plástica, com traços mecânicos Sem compromissos Apenas arte real, feia e honesta. Começando com meu plano de 5 anos, movendo-se lentamente em direção a peças que me alimentam, em vez de peças que crio para o trabalho Movendo lentamente minha carreira na direção que eu queria ver e nos próximos 5 anos estarei terminando o último dos compromissos No entanto, dizer isso pode acabar com minha carreira e acelerar meu plano, então veremos Hahaha!

Para te conhecer um pouco mais, tem algum livro que tenha tocado seu coração, uma música que tenha deixado os seus cabelos em pé, um filme que tenha te marcado? A força do teu olhar... artistas que você admira.

Há um livro que me marcou profundamente, é a primeira vez que me vejo refletida em outro, no qual senti o vínculo da humanidade. “Náusea”, do filósofo existencialista Jean-Paul Sartre Não apenas a jornada desse personagem é dolorosamente real e familiar para mim, mas as imagens que Sartre projeta carregam a mesma essência que espero um dia transmitir por meio de meu trabalho As raízes nodosas de um castanheiro penetrando na terra escura O destacamento da casca. A escuridão da água. O absurdo de uma cadeira. Tem um ar sombrio, mas é dolorosamente bonito, como um soco no estômago que lembra que você está vivo e o anima. É visceral e estranhamente reconfortante. Nunca me senti tão completa como quando li esse livro Mais conectada com a minha humanidade É só o que eu poderia sonhar em aspirar um dia

Provocar outras pessoas através do meu próprio trabalho Quanto a uma música, não importa quantas vezes ouço Moonlight Sonata, meu corpo treme, de repente muito consciente de que estou envolta em pele. Acho que amarei essa música até o dia da minha morte Cada vez que a ouço é como se a ouvisse pela primeira vez, apesar de quantas vezes a toco Outros que me fazem parar e refletir Satie Trois Gymnopédie No.1.

Debussy: Clair de Luna Charms- Abel Korzeniowski Pevan, Op 50 Muitos bons, difíceis de restringir Eu poderia facilmente continuar A música é provavelmente minha forma de arte mais responsiva A música foi meu primeiro amor, não as artes visuais As peças clássicas/instrumentais mais “escuras” me afetam diferentemente Elas chegam à raiz da condição humana. Ouço muito poucos músicos modernos, pois a música moderna tende a negar isso, no entanto, há alguns que não têm medo de mostrar a beleza da dor da vida ou expressar vulnerabilidade. Verde Dallas & Colour é um bom exemplo de músico contemporâneo, que não romantiza o desgosto ou o torna angustiante, mas usa sua música para passar por

essa parte da vida de uma forma que é simplesmente real. Honesta. “Hope For Now” é o exemplo perfeito de um ser humano tentando navegar nas águas turvas da vida, tirando a dor e transformando-a em beleza com as ferramentas à sua disposição: a música Criando sua própria esperança de um lugar sem esperança Ouço sua música há duas décadas e tenho todos os álbuns Coloco toda vez que pinto Ela canta sobre a vida no mundano, no doloroso, no belo, nunca no artificial, que aprecio muito. Eu também descobri Kalandra recentemente, há uma conexão com a terra que realmente ressoa “Borders” é severo da maneira mais branda Como se você pudesse ver a alma nua de quem o escreveu.

Quero que os livros, a música, os filmes e a arte que experimento me alimentem Luto para encontrar um lugar neste mundo. Estou tão desconectada. Sinto-me como um satélite humano suspenso, fora de alcance, observando e retransmitindo para este mundo Há tanta falsidade Simulação Não entendo a obsessão com o tema É como se o mundo se contentasse com a vida pela metade. As pessoas agem como se tivessem medo de experimentar o “mal”, como se a dor, a angústia e o sofrimento não tivessem mérito ou valor Como se não fossem o resultado direto de algumas das coisas mais sublimes que este mundo tem para oferecer 50% conectado resultando nesses espectros corporais Carregando os corpos de sua humanidade, mas num vazio retumbante Presos no superficial e trivial enquanto o mundo queima ao seu redor. Todo o potencial inexplorado da tribulação, desperdiçado. O mundo fecha os olhos para tantas coisas Bloqueando cada vez mais Apenas a superfície permanece Então anseio por essa conexão mais profunda. Quero que minha música tenha carne. Que meus filmes tenham osso Que minha arte tenha sangue Quero experimentar o pulsar da humanidade por meio das criações vulneráveis dos outros Quero ser real Emoções reais. Testes reais. Quero ver alguém bagunçando seu caminho por este mundo Quero ouvir alguém navegar no peso de sua consciência Veja-os saindo do absurdo Detalhe como elas abafam a dor do desespero. Quero ver como eles lutam para sair das profundezas do poço em que todos nós nos encontramos Não como um roteiro para mim, mas para me lembrar de que não sou um satélite em órbita. Mas amarrado aqui a esta terra. Com eles. Juntos. Conectada. E real em nossa nudez crua e feia.

www kitkingart com @kit king

D A N N Y

BITTENCOURT

Técnica e estéticas elaboradas são marcas da fotógrafa brasileira Danny Bittencourt. Sensível ao que acontece ao seu redor e também o que lhe leva a alma, ela promove temas que são essenciais para seu próprio conhecimento e para estabelecer um discurso visual crítico e denso Nascida em Porto Alegre, no sul do país, morou em vários lugares do mundo até fazer de Portugal seu porto, onde faz doutorado. Autora de quatro livros, prepara o quinto no qual vai falar sobre a relação entre a fotografia e a poesia visual e tratar do tema da vulnerabilidade como uma contravisualidade. Aguardamos ansiosos.

Entrevista de Jullianne Medeiros, Samira Rodrigues e Zaclis Veiga Texto de Zaclis Veiga e Fotografias de Danny Bittencourt

Como você classifica a sua fotografia?

Eu me considero uma artista de fronteira. Eu tento unir tanto a parte estética, técnica e comunicativa da fotografia a uma proposta de pensamento crítico, de possibilidade de expressão, de materialização de modos de sentir e de construção de conceitos que vão vir num campo mais artístico Então o que eu tento fazer é um encontro desses lugares

Eu encontro minha fotografia em um lugar muito leve e profundo. Abordo várias estratégias visuais que me ajudam a materializar as minhas questões emocionais

O conceito mais difundido da fine art é que ela é feita por um impulso artístico e estético. Isso poderia nos fazer pensar que não há um conceito construído por traz de cada imagem O que acha disso?

Acho que existem várias linhas de pensamento para categorizar a fotografia fine art e todas elas são legítimas e cada uma vai se apoiar em determinadas teorias e pesquisas.

Existe essa noção do termo de fine art vai ser mais estética/técnica Mas aquela que eu aplico vai aliar essa técnica e essa harmonia a um processo de significação pessoal.

Isso quer dizer que as imagens consideradas fine art partiriam de uma questão de seu autor, e é por isso que acredito que existe um ponto de partida onde operam juntos o conceito e a estética.

Outra forma mistura o controle e o intuitivo que resulta o processo de fotografia híbrida, onde tenho uma identificação das minhas emoções, daquilo que está transbordando e a partir da identificação do ponto de partida, largo o controle e dou espaço para o processo para que dentro dele eu consiga elaborar novas emoções. É um processo misto que tem bastante controle no início depois deixo o processo me levar e guiar minhas reflexões

Também tenho um processo criativo mais controlador, embora também me devolva muitas reflexões dentro da fotografia fine art onde também parto desse princípio de identificação de questões emocionais que quero materializar e vou buscando soluções visuais que vão me ajudar a construir essa visualidade de algo que é sensível e invisível. Normalmente esse processo é bem controlador. Eu desenho antes e tenho a direção de como ele vai ser Dessa forma todo o processo criativo começa antes do ato de fotografar e enquanto eu estou pensando abro espaço para que os erros me guiem para outros caminhos e outras reflexões que acabam por ser mais profundas do que as que deram início ao processo

Como surgiram seus livros? Como está o mercado editorial atualmente?

"ABORDO VÁRIAS ESTRATÉGIAS VISUAIS QUE ME AJUDAM A MATERIALIZAR MEUS PROBLEMAS

EMOCIONAIS"

O feminino está muito presente em seus trabalhos. É a tua marca pessoal?

Eu me identifico como uma mulher feminista e essas pautas acabam atravessando o meu trabalho de diversas formas, não só na parte visual. Além disso, trabalho com autorretrato, por isso eu, mulher, acabo sempre por utilizar meu corpo para falar sobre alguma coisa específica que pode ser emocional ou subjetiva. Falar das pautas feministas acaba sendo uma forma de dar visibilidade, palco e destaque para esse tema

Qual é a tua forma de trabalho?

É bem amplo. Uso várias formas. Há imagens que vão surgir a partir de uma pesquisa intelectual e aí vou elaborar as imagens de tal forma que me ajudem a construir uma reflexão, e estarão mais presentes nos projetos de fotografia contemporânea

Os livros surgiram como uma outra parte de mim que atravessa todo o meu fazer, que são o compartilhar e dar acesso ao meu conteúdo. Sempre gostei de compartilhar minhas pesquisas e aquilo que sei e, por isso é que grande parte do meu trabalho acaba pousando na área da educação, com o sentido de compartilhar e construir um conteúdo acessível para que as pessoas possam se apropriar e pensar na fotografia a partir de suas próprias bases Eu tenho uma escrita super poética e acessível Minha linguagem é simples e informal e isso ajuda, aproxima as pessoas que fotografam e que gostariam de pensar sobre a fotografia e faz com que se sintam estimuladas a ocupar esse espaço A escrita dos livros é uma parte muito importante de minha carreira é uma realização muito grande enquanto profissional Sobre o mercado editorial, existe um enfraquecimento do consumo dos livros de forma geral, mas também há uma grande resistência das editoras e livrarias de mostrar que o livro é um caminho de conhecimento e expansão Acreditando nisso abri minha própria editora, a entrelinha, que é focada em livros para pensar a fotografia com uma linguagem acessível Comecei publicando dois livros: fotografia Híbrida e Fotografia Fine Arte, ambos revisitados

A partir do ano que vem começarei a publicar outros autores que possuem conhecimento em áreas diversas que tratam de temas da fotografia

que acho importantes como fotografia contemporânea, leitura imagética, narrativa visual, antropologia na fotografia Temas que circulam na academia, mas que o grande público não tem acesso

Estou fazendo esses livros para contribuir para que o ambiente da fotografia se fortaleça Porque mais do que o mercado editorial, o ecossistema da fotografia está enfraquecido.

A fotografia é atravessada pela tecnologia desde seu surgimento E agora quando vivemos em plena era da cultura visual há um enfraquecimento enorme da fotografia como prática. Acredito que a editora vai ajudar e fortalecer essa área.

A fotografia é tudo para mim e me deu várias possibilidades de compartilhar, pesquisar, me expressar par o mundo, ocupar várias funções dentro de uma grande minha carreira Poder devolver para esse mundo algo para esse meio é muito significativo

O mercado editorial é um desafio, mas acho que quando se faz algo com propósito, esse desafio se justifica

Você tem vários cursos (alguns gratuitos) como está esse mercado atualmente?

Meus cursos surgiram para dar espaço para que meus processos possam inspirar outros processos Como falei anteriormente, para mim é importante facilitar o acesso e por isso tenho cursos que são gratuitos para que as pessoas possam utilizar meu conhecimento em seus trabalhos Mesmo os cursos que são pagos, são baratos e de muita qualidade. São poucos os cursos de fotografia nas universidades que estão se mantendo. E esses, originalmente, são os lugares que vão além da técnica e abrem espaço para o pensar sobre questões importantes da fotografia e que são transformadores no processo fotográfico. Sendo assim, acho importante que as pessoas que querem fazer diferença nesse mercado, tenham acesso a elementos, pesquisas e processos fotográficos.

Qual conselho daria para quem quer começar na fine art?

Acho que tem duas bases que precisam ser construídas: uma delas é a técnica, uma identificação visual. Com o que eu me identifico visualmente, em termos de cor, estrutura, estilo, etc E paralelamente, junto a isso, um entendimento do que eu quero expressar Aqui estamos falando de utilizar a fotografia como uma ferramenta de expressão É necessário ter bem desenvolvido o meu propósito

Ter com bastante clareza dessa parte conceitual te fortalece enquanto artista e o teu caminho.

Gosto também do trabalho da Deborah Sheedy, uma fotógrafa irlandesa que trabalha muito a fotografia nesse lugar mais subjetivo e interpretativo, expondo a sua vulnerabilidade Na gestão tem uma fotógrafa norte-americana, Jamie Beck, que tem uma capacidade incrível de gerir e vender seu trabalho artístico Ela vende o seu lifestyle e o faz muito bem-feito e isso viabiliza todo o seu trabalho como fotógrafa

Você tem uma frase: “o significado de uma fotografia não está nela mesma, mas na relação com o seu espectador” ao falar sobre isso, qual deve ser o sentido (ou significado) da fotografia para o fotógrafo?

Essa fala foi construída para rebater a ideia de que a fotografia congela o momento, o que dá a sensação de que a fotografia é algo fixo. A fotografia está viva O significado dela não está nela mesma a priori A leitura daquela imagem vai acontecer a partir da bagagem conceitual e significativa do autor e do leitor que podem mudar conforme se vai adicionando camadas de vivência Ela vai se mover com quem a lê Para mim essa é uma das coisas mais bonitas: a fotografia nunca será uma coisa só, ela está sempre em um lugar de movimento

Não existe um único significado porque vai depender daquele que a lê, embora ela parta de um lugar inicial.

Outras frases: “quem é raso, não lê profundo”.... “edição não é corretiva, é construtiva” Fiquei curiosa com essas afirmações. Pode falar sobre elas?

Quais são suas referências?

De vários lugares, mas principalmente, conceituais, visuais e de gestão Uma das minhas áreas de atuação é a área de gestão do fotógrafo e artista autônomo, porque isso viabiliza nosso trabalho, faz com que consigamos, de fato, transformar esse trabalho em uma carreira, sem romantizar

Na área conceitual posso citar a Sophie Calle, artista francesa, que vai trabalhar muito com a fotografia como ferramenta, como meio A fotógrafa Roni Horn que vai trabalhar com a fotografia como relação, o que está presente em meu trabalho.

Visualmente tenho, hoje, como referência uma artista que não é fotógrafa, a canadense Kit King, que trabalha em diversos processos com unidade sentimental.

É uma forma de gerenciar as frustrações e expectativas quando a gente produz uma imagem Às vezes fazemos imagens bastante complexas e repletas de significados e alguns leitores não têm recursos para absorver e entender E é muito provável que essa pessoa faça uma leitura descritiva do que interpretativa. Entender isso ajusta a nossa expectativa enquanto artista A segunda frase vai alertar sobre o quanto a edição pode ser uma ferramenta de construção narrativa. Se o fotógrafo não tem informação e qualificação suficiente para criar uma imagem bem exposta, do ponto de vista técnico da iluminação, por exemplo, a edição vai ser corretiva Mas quando utiliza ferramentas de edição para construir algo a mais, que não consegue fazer com a câmera, está construindo, criando algo para além da edição técnica do que a câmera consegue nos dar

www.dannybittencourt.com @dannybbittencourt

H O T O Fine A t

A
F O T O
G
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T
R A N S P O R T AN O S P A R A O U T R A R E A L I D A D E ,

Este tipo de fotografia requer organização Precisa pensar no que quer transmitir, no local onde decorrerá a sessão, nos adereços que vão servir de apoio, no tipo de luz que usará. Tem que procurar inspiração e deixar-se levar pela criatividade sem esquecer do planejamento

Outro fator fundamental na criação dessas peças é a edição, já que a imagem não aspira ser fiel à realidade, as cores podem ficar saturadas, pode-se brincar com a luz e desfocar aquelas áreas que não nos interessam São muitos recursos que podem ser usados para elevar nossa imagem inicial a outro patamar e transformar algo cotidiano em algo enigmático ou onírico.

Dado o nível artístico a que estas obras atingem, muitas delas são comercializadas e podem ser adquiridas impressas Nesses casos, são utilizados papéis que atendem a determinados critérios de qualidade Esses papéis devem ser compostos de fibras naturais, como o algodão. Além disso, costuma ser um papel que não é branqueado com cloro, garantindo a durabilidade e conservação das obras.

E n t r e v i s t a d a E s p e c i a l SANDRA

JIMÉNEZ

Entrevista de Jullianne Medeiros e Mónica Molina Fotografias de Sandra Jiménez

Nos conectamos com Sandra Jiménez graças a um de nossos leitores. Desde o início percebemos que falávamos a mesma língua e por isso nos oferecemos para escrever o editorial. Sabíamos que ele encontraria as palavras exatas para apresentar esse número, e assim foi. Em sua obra, pode-se apreciar sua enorme bagagem cultural e o manejo magistral da luz natural. Convidamo-lo a apreciar a beleza e delicadeza das fotografias desta mulher renascentista.

Conte-nos quem é Sandra Jimenez Osorio. Profissionalmente já me instalei há alguns anos no mundo da fotografia e styling culinário Sempre foi difícil me definir com um título específico, definindo o meu mundo pessoal, necessariamente ligado ao profissional, é a procura do equilíbrio e da estética Sou estilista gastronômica, fotógrafa por intuição, confeiteira por paixão e amante da história. E acrescento, amante da botânica, mas da botânica dentro da gastronomia

O que veio primeiro, gastronomia ou arte? A arte veio primeiro, ou a necessidade de viver diariamente rodeado de beleza. Beleza entendida como o equilíbrio das formas, cores e sensações dos acontecimentos e objetos que me cercam Aliás, a minha formação acadêmica começou com a licenciatura em Belas Artes

Durante minha adolescência tive uma luta intensa com a comida. Sempre gostei muito de massas e doces e isso na adolescência e isso criou um desequilíbrio entre o que comia e como queria me sentir O doce, na forma de sobremesas e bolos de milho, bolos de banana, pão, estava presente quase diariamente na minha casa na Colômbia. Então, aos 18 anos, decidi ser uma vegetariana convicta, estudando a fundo as receitas, os cardápios e os componentes nutricionais Naquela época eu achava chato e isso também significava falta de equilíbrio e diversidade na minha alimentação, limitação das coisas que eu gostava Já vivendo na Espanha, com a enorme e rica variedade de mariscos, frutos secos, presunto ibérico, azeite, a que no início resisti, vinhos, e com a sazonalidade tão marcada na despensa, que não tinha na Colômbia, entendi que o melhor era tentar comer quase tudo conscientemente Resolvi começar a fazer meus próprios bolos. O pão era de péssima qualidade e não havia padarias como a que temos agora Comecei a minha formação como autodidata, com resultados desastrosos no início, mas com aprendizagem firme depois

Você já morou em vários lugares e fez cursos em diversas áreas. O que essas experiências lhe proporcionaram?

Quando você passa por vários tipos de aprendizagem é quando você consegue escolher e simplificar o seu caminho, pois ao somar experiências, você se desfaz ou libera o peso daquilo que te distrai e não permite que você seja você mesmo e alcance seus objetivos Sou de objetivos de médio prazo que serão ligados aos seguintes e definirão o próximo passo a dar. E foi isso que viver em duas culturas me deu Viver em duas latitudes tão diferentes e crescer num país de enorme biodiversidade, com tanta luz exuberante, cheiros, texturas e vegetação e fauna, torna os estímulos visuais muito potentes e desperta, se for uma pessoa “sensível”, um processo de quase aprendizado inconsciente e ê fl t id diá i

a necessidade de recuperar na Espanha os aromas do bolo e do pão acabados de assar, para me ligar de alguma forma à cozinha familiar, iniciei a minha formação autodidata em confeitaria Até que um dia me pediram para preparar um lanche, para o qual também fui convidada, para uma pessoa especial do mundo da gastronomia, Clara María González de Amezcua, “A grande dama da gastronomia”, e então (entre outras coisas) diretora do Alambique loja e escola. Preparei algo arriscado: umas tortinhas Rose Petal Dulce Após experimentar as tortinhas do lanche, ela me ofereceu para dar aulas de confeitaria em sua escola.

Ali, comecei e continuei, durante 15 anos, a dar aulas de confeitaria A formação e a especialização pelo conhecimento são importantes e me inscrevi num curso de alta confeitaria com Pierre Hermé em Paris. Enquanto isso, minha facilidade, dom ou h bilid d f

Você dá muita importância aos produtos, às suas raízes. O fato de você ter imigrado fez com que você valorizasse mais suas origens ou você acha que teria sido diferente se você tivesse ficado lá?

A falta de alguns produtos ou pratos de lá sem dúvida me fez apreciá-los muito mais, porque não os tenho à mão quando tenho desejo por eles. Mas ser de lá, crescer lá e estar aqui me permitiu ter um interesse especial pelos produtos de cada lugar Nas minhas viagens, museus, arte e mercados são os locais de maior interesse para mim. Os produtos que eram novos quando chegaram à Espanha ainda me surpreendem Tenho uma ligação especial com o campo, meu pai, que era médico, gostava muito de ir para sua fazenda nos fins de semana, passear pelos pastos, ver as vacas, trazer açúcar mascavo, sal e até mesmo vaciná-las Depois havia o queijo que era feito com o leite das vacas da fazenda e as frutas, batata ou milho Este saber, experimentando em primeira mão a sementeira, o cultivo, a colheita, os ovos, os patos As trutas do rio para os saborear depois defumados ou poder saborear um pedaço de queijo que uma camponesa maravilhosa, Dona Herminia, fez com o leite que eu ordenhava das vacas da fazenda. Tudo isso fez com que um grande respeito, admiração e valorização pelas coisas que vêm do campo tomassem conta de minhas experiências

Não sei se teria sido diferente ter ficado por lá, diria que não, porque entre outros estudos que fiz (arqueologia e antropologia) e que me definiram ao que sou hoje, existe o interesse pela cultura gastronômica.

Como você entrou na fotografia?

Enquanto estudei Belas Artes, a disciplina de fotografia não era a que eu melhor dominava, nem a que eu queria desenvolver. Talvez porque o processo de desenvolvimento químico não me entusiasmou muito, pelos próprios químicos e pelo cheiro, mas lembro-me, dos 10 colegas que éramos da minha turma, um exseminarista, simples e muito tranquilo, que carregava uma câmera antiga e tirou as fotos mais bonitas da aula.

Descobri algo em que me reafirmo agora: que a alta tecnologia em equipamentos fotográficos ajuda muito, mas não realizam uma boa fotografia Naquela época era apenas mais um assunto e eu me entusiasmava mais com o desenho e a escultura, embora a fotografia como espectadora sempre tenha me cativado Para mim, fotografia é pintar na luz Trabalho como estilista há mais de 20 anos, simultaneamente me formando primeiro como autodidata quando os tutoriais na internet mal existiam Então, trabalhando há alguns anos em styling, o Blackberry entrou em cena, tenho família na Arábia Saudita, EUA, Canadá e Colômbia e a forma mais rápida e imediata de compartilhar imagens com eles naquela época eram telefones como o Blackberry e via IG há 12 anos. Comecei a dividir um lanche ou jantar em casa, nunca compartilhei meu trabalho de estúdio ou filmagem comercial, também não costumo compartilhar agora e, para minha surpresa, recebi curtidas até da Rússia.

Eu já trabalhava como estilista há alguns anos com fotógrafos profissionais, com diretores de fotografia e a maioria deles em sets, mas a fotografia comercial, pela qual tenho muito respeito, não quis compartilhar como meu trabalho Não era, e alguns não pareciam tão “bonitos” ou artísticos, ou parecia que a luz não gostava de mim, mesmo que fossem as diretrizes da equipe criativa da agência e do cliente

O processo criativo de cada fotografia gastronômica vai nos marcando e começa com o produto, as suas origens, de onde vem, que raízes culturais e humanas tem, enfim, é a sua história que contaremos através da imagem.

Como você define sua fotografia e como você se define como artista?

Já ouvi muitas definições do estilo da minha fotografia, e cada uma delas converge em uma grande palavra com muito significado, ARTE “São quadros pintados na luz” No editorial, partilho desse conceito, Art Food Photography, mas como disse no início, é difícil para mim me definir com um título. A minha fotografia é puramente intuitiva, não uso Photoshop, não uso filtros, faço configurações básicas, mas não retoco ou mudo a luz ou tom das fotos. Uso luz natural, e isso representa um grande desafio, que aceito com muita emoção Aquele claro-escuro que define algumas das minhas fotografias me deixa confortável e é como se eu realmente visse e percebesse os elementos e o todo da fotografia

É o contraste de luz e sombra que define os objetos para mim. Eu não preciso ver um objeto completamente iluminado, só quero realçar a beleza das formas, texturas, cores e, às vezes, esses conceitos estão coexistindo em um pequeno espaço do(s) objeto(s) e em algum lugar na sombra um contorno marcado por alguma luz é delineado, não preciso de mais Gosto do contraste marcado, gosto das sombras projetadas, as quais são mais um elemento na composição

Você nos disse que só trabalha com luz natural. Por que é tão especial para você?

Eu organizava visitas pessoais aos mercados, como quem organiza uma aventura no campo, para ver que produtos frescos, raros ou sazonais encontrava Eu comprava, pesquisava bastante, se não fosse familiar para mim e aí com tudo que eu sabia sobre o produto, montava meu set em casa (nos dias de folga ou final de semana), perto de uma janela e pronto assim começou minha relação com a fotografia

Gosto muito de poder captar nas fotografias um único momento do dia com uma única luz, que no minuto seguinte pode variar drasticamente ou gradativamente porque é a luz natural que determina as configurações da câmera. Sei que poderia jogar da mesma forma com a luz artificial, mas neste caso não é a luz que direciona a fotografia, mas você mesmo

"USO LUZ NATURAL, E ISSO REPRESENTA UM GRANDE DESAFIO, QUE ACEITO COM MUITA EMOÇÃO."

Cada fotografia é única ne quiséssemos replicar a luz natu fotografia no ano seguinte, na mesma data, certamente não Também tem suas limitações, “boa” luz natural ao longo do ano as estações e o clima De fato, mudar de casa, um dos aspect pormenor é a orientação, o taman cor dos elementos arquitetônic outro lado das janelas

Você é uma mulher renascentista

Se analisarmos os elementos Renascimento, diria que sim, e minha intenção. Se me sinto trabalhar e dirigir o meu próprio diretrizes de moda e tendênci RRSS

Dentro da sua carreira, qual é o s você ainda não realizou? Existe a quem você gostaria de trabalhar?

Sim! Trabalhar e desenvolv divulgação da HISTÓRIA GASTRONÔMICA Tenho aproximar de forma tímida em Biblioteca Nacional no proje digitalização de antigos livros d pesquisas no Google Arts & Cu desenvolver o styling de algum primeiro projeto de Gastronom Google em conjunto com a R Gastronomy e o Alembic Madrid em particular, a experiência e trabalho em equipe multidiscip propósitos são comuns, o result muito enriquecedor.

Que livro você recomendaria?

"A invenção da natureza, o novo mundo de Alexander Von Humboldt" de Andrea Wulf. Naturalista, cientista, diplomata, viajante incansável, amigo de Goethe, Simon Bolivar, Thomas Jefferson, Charles Darwin ou Henry David Thoreau. Sem seus escritos, a viagem no Beagle não teria sido possível no caso de Darwin Humboldt foi um viajante incansável e um dos primeiros, no início do século XIX, a alertar para as alterações climáticas devido à intervenção do homem Um excelente livro para aprender e desfrutar para quem iniciou um caminho de reconhecimento e respeito pela natureza.

Você teve uma experiência ou uma pessoa que marcou uma virada em sua vida?

Clara Maria Gonzalez de Amezua, a pessoa que apostou, acreditou na minha capacidade e habilidade quando iniciei na confeitaria. Meu ponto de virada no mundo da gastronomia e da fotografia. Não só foi generosa comigo, durante muitos anos e enquanto foi a embaixadora dos azeites em todo o mundo junto do Conselho Oleícola Espanhol, como também apostou em muitos jovens chefs, levou-os consigo, apoiou-os e agora são grandes chefs, muitos com estrelas Michelin

O que você está fazendo agora? Conte-nos mais sobre o seu projeto e o que o torna tão especial

Simultaneamente ao meu trabalho como estilista e fotógrafa, sou uma das três Delegadas do MEG-Madri há algumas semanas Associação de Mulheres na Gastronomia, onde tenho a responsabilidade, que assumo com entusiasmo, de valorizar o trabalho das mulheres, sem esquecer também os homens. É um trabalho que ainda precisa ser feito, porque especialmente no mundo rural e no das mulheres empresárias rurais, existem múltiplas limitações em termos de ajuda financeira, visibilidade, suporte informático, relações institucionais, comunicação Desde Madrid ou as delegações provinciais podem contribuir muito desde que as pessoas, homens e mulheres que pertencem ao MEG se desenvolvam profissionalmente nos múltiplos campos da gastronomia, desde a restauração, agricultura, informática, pecuária, hotelaria, publicidade, comunicação, etc.

STORY t e l l i n g

Uma bela fotografia será lembrada por um tempo, mas se uma imagem consegue comover, despertar memórias que estavam latentes em nós ou de despertar sentimentos, então ela ficará para sempre em nossa memória Isso é uma arte e chama-se “Storytelling”, que em português poderia ser traduzido como “narrativa” Contar histórias é uma forma de comunicação muito poderosa: elas fazem parte de nós, passadas de geração em geração desde o início dos tempos Essa habilidade, tão importante para o ser humano, tem um profundo impacto cultural e emocional, podendo formar crenças, ideias e criar um entendimento coletivo. As histórias são universais Elas nos lembram que somos todos iguais

Quando contamos histórias em fotografias, damos uma perspetiva ao olhar, podem mudar a forma de pensar, agir, sentir e conseguem transportar o espectador para outros tempos e lugares, fomentando empatia, identificação e emoções profundas

A vertente cultural está muito presente nos relatos gastronômicos, com memórias, vivências, hábitos, legados, que fazem parte de quem somos e influenciam como os representamos nas nossas fotografias

O ambiente e o local onde vivemos também influenciam diretamente na forma como contamos essas histórias As cores, os objetos, a arquitetura que nos rodeia, o comportamento social, a gastronomia local e tantos outros aspectos definem a nossa visão. Conseguir entender como esses aspectos estão presentes em nosso trabalho e como podem dar sentido a outras pessoas com sentimentos como os nossos. Será o que definirá o impacto de nossas imagens

Com certeza você já conseguiu deduzir que o Storytelling é especialmente importante na fotografia de comida e gastronomia e que com um bom uso desse recurso podemos criar um grande impacto em quem contempla a fotografia, fazendo com que queira preparar aquele alimento ou comprar esse ingrediente.

Como fazê-lo? Bem, não há como Mas o essencial é ter claro o que queremos dizer antes de começar a fotografar. O fundo, a superfície, os adereços, a própria luz Todos devem contribuir, apoiar e reforçar a história que contamos

Também podemos contar nossa história em uma série de fotos, o que nos permitirá expandi-la, mas alguns cuidados devem ser tomados para não quebrar a narrativa. Como cuidar das mudanças de luz (isso pode ser resolvido com o uso de luz artificial), mudanças repentinas de superfícies, fundos e adereços que podem confundir o espectador, etc.

Em um mundo saturado de imagens que lutam nas diversas mídias digitais para conquistar um lugar na memória dos telespectadores, saber narrar suas histórias é o que fará você ser lembrado Abaixo apresentamos três artistas: Aimee Twigger, Lili Fujiy e Stella Andronikou, referências na fotografia de Storytelling.

ANDRONIKOU STELLA

Entrevista de Ana Cristina Jurado Fotografias de Stella Andronikou

Stella Andronikou é uma fotógrafa cipriota radicada em Girona que nos faz sonhar com castelos medievais, cavaleiros e sobretudo natureza encantada. Através de sua arte e fotos, ele consegue mostrar mundos de fantasia e sonhos

A predominância do verde nos conecta com a natureza, florestas e rios A figura feminina é uma constante em sua fotografia, sempre poética e delicada.

Suas fotos, principalmente as culinárias, são de pura elegância e possuem um grande fio condutor, o já citado verde, que une o exterior ao interior

A proximidade com a alta gastronomia e o sabor refinado fazem com que suas criações esbanjem criatividade e sejam um presente para os olhos Levamos você pela mão para descobrir mais sobre esta grande artista

Conte-nos, quem é Stella Andronikou e como a fotografia de alimentos entrou na sua vida?

Estudei como chef e depois como designer gráfico em Chipre, meu país natal, onde trabalhei como editora de fotografia na maior editora do país Paralelamente, tinha uma coluna chamada “comida e estilo” na revista Taste, publicada pela mesma organização. Ao longo dos anos desenvolvi diferentes colaborações com vários sites e organizações que me permitiram visitar, para fotos e críticas, vários restaurantes com estrelas Michelin de todo o mundo.

Sempre tive um forte senso de busca criativa e aventura em minha vida, então, alguns anos atrás, deixei meu emprego em Chipre e co-fundei a Not So Big Fish, uma organização líder que cria publicações digitais interativas com clientes da Europa, Ásia e América.

Desde o primeiro momento que a gastronomia me trouxe para Girona, uma cidade na Espanha, a sua magia, a sua energia serena e os seus habitantes

sorridentes fizeram-me sentir que pertencia a este lugar. E ficou claro para mim que lar não é o lugar onde você mora, mas o lugar que permite que você seja você mesmo A transição deixou claro que este lugar me oferece equilíbrio e um terreno fértil para a expressão criativa

Sinto-me completa e inteira, abençoada por minha jornada ter me trazido a este lugar que agora chamo de lar Vivo e crio meu próprio conto de fadas

A narração desempenha um papel muito importante em seu trabalho. Como você usa esse poderoso recurso para criar as histórias que vemos em suas fotografias?

Atrás de cada imagem há uma série de gatilhos que estimulam meus sentidos e me fazem buscar sua dinâmica sintética, através de um enquadramento Sem dúvida, a composição do quadro pressupõe todo um processo de pensamento e experimentação criativa, processo que, no entanto, é difícil de explicar e descrever em palavras

A história nasce na minha mente, então, a preparação, a ambientação, o espaço, o jogo de luz, os adereços, a magia da natureza, a criação instintiva até a finalização e a impressão do micro-momento, tudo isso é uma viagem agradável

Existe um elemento comum que podemos observar em muitas das suas fotografias, tanto naquelas paisagens naturais oníricas, em cenas de campo, como em cenas de interiores que poderíamos definir como a sua marca pessoal, e é a cor verde presente em quase todas elas. A natureza é uma das suas fontes de inspiração? O que mais te inspira?

Minhas imagens são românticas e góticas Não é nada que eu procurava, surgiu por conta própria e estou muito feliz Vivendo num ambiente medieval com castelos e catedrais, rodeado de rios e florestas, a minha forma de me expressar não poderia ser alheia à paisagem Sem dúvida, esse ambiente encantador que “invade” minha personalidade diariamente me faz viver em harmonia com ele e evoluir através das influências que me dizem

Sua fotografia é muito artística. Você tira esse tipo de foto por prazer ou também tem um aspecto comercial? É este o estilo de fotografia que seus clientes exigem?

A ideia das fotos para o meu Instagram surgiu a pedido da minha filha e tornou-se o local onde registro a minha arte e o traço imaginário da minha evolução através de imagens do quotidiano como um diário pessoal

Tenho clientes que preferem meu estilo pessoal, mas também tenho clientes que querem que meu foco esteja em sua própria expressão Neste caso posso adaptar meu trabalho às suas necessidades pessoais, sim, inconscientemente, sempre acrescentando um toque meu

Que conselho você daria para aqueles que querem melhorar suas habilidades de storytelling? Você pode nos dar 3 dicas para começar?

Experimente diferentes estilos até encontrar o seu, aquele que combina com você e grita com você. Prática e trabalho são as palavras mágicas Olhe ao seu redor para encontrar sua inspiração ou crie sua própria fantasia

Preste atenção aos detalhes ao planejar sua história e não se esqueça de fazer uma pausa porque nem sempre sai como planejado.

Mesmo que eu tenha uma cena em mente ou no papel, às vezes preciso dar um passo atrás, repensar ou reprogramar. Dê a si mesmo tempo para voltar com uma visão clara e provavelmente uma nova configuração até chegar a essa resolução que o deixará feliz.

@stellaand

L I L I

F U J I Y

A fotógrafa brasileira Lili Fujiy é uma contadora de histórias culinárias. Apaixonada pela fotografia, suas composições são repletas de poesia e frescor. A calma e tranquilidade da vida entre as montanhas da Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, transparece em suas narrativas Em seu blog “Dona de Casa!”, o cotidiano familiar se mistura às receitas, aulas e fotografias repletas de afetos e simplicidade e beleza.

Gostaríamos de saber mais sobre você e sua trajetória. Vi em seu blog que é formada em design e economia. Chegou a atuar nessas áreas?

Sim, tenho formação em economia e trabalhei por 9 anos nessa área Larguei tudo na época, eu era economista de um banco de investimentos e fui estudar design Trabalhei indiretamente nessa área criando sites, identidades visuais e criando conteúdo para mídias sociais Paralelamente, diante das incertezas do que fazer profissionalmente, criei o blog que era para ser uma via de escape da criatividade e para compartilhar minha nova paixão que, na época, era aprender a cozinhar A fotografia veio junto, por acaso

Em que momento da sua vida decidiu se mudar para o campo e seguir fotografando e contando histórias de comida?

Durante a transição de carreira, eu já almejava uma vida mais tranquila, de preferência no meio da natureza, e em que eu pudesse me dedicar à fotografia Depois de 4 anos, buscando e estudando essa possibilidade, a oportunidade surgiu Não pensamos duas vezes e nos preparamos para realizar essa mudança

Esse contexto com certeza fez com que eu pudesse consolidar meu trabalho com a fotografia para o blog e me dedicar ainda mais a ele Essa vida mais desacelerada e bucólica se tornou o norte das minhas fotos: contemplar a calmaria, as pausas e os silêncios, durante o preparo das receitas

Sua fotografia tem uma linguagem única Retrata o cotidiano de uma cozinha familiar com afeto, aconchego e suas receitas também transmitem essa atmosfera. O que te inspira a criar essas narrativas?

Quando criei o blog para compartilhar as receitas que eu tinha aprendido, eu queria transmitir justamente esse amor em torno da comida, do preparo, da história, da nostalgia, dos afetos. A comida passa a ser um pretexto para criar momentos de acolhimento e de conexões com as pessoas Então, eu entendi que a fotografia não deveria ser uma mera reprodução de um prato, mas uma forma de comunicar esse contexto de afeto e aconchego Teria que ser uma fotografia para inspirar (como outras que já estavam sendo criadas pelos blogs afora), se atentando à luz/sombra e cenários com um olhar novo

Ao observar as fotos e vídeos de algumas de suas receitas, conseguimos identificar uma narrativa muito bem construída, mas, ao mesmo tempo, sem rigidez, muito natural. Ao decidir por uma receita, você tem algumas etapas já prédefinidas, um roteiro a seguir ou deixa as coisas irem fluindo intuitivamente?

Um pouco dos dois Aprendi que se a gente não se planeja, a chance de ter trabalho dobrado depois é muito grande. Então, hoje, ter um roteiro de antemão é fundamental Mas, simultaneamente, deixar a intuição acontecer durante o trabalho, deixar fluir, experimentar e testar é essencial para mim. Se eu não me sinto inspirada, dificilmente, o resultado será tão bom, não importa o quanto eu tenha me planejado

Para outros fotógrafos que se inspiram em seu trabalho, que conselho daria para aqueles que queiram se tornar bons “contadores de histórias” com a comida?

Estudar fotografia, luz e diferentes referências, sempre E ter algo para se inspirar constantemente, em termos de criatividade. Mas tem outra coisa também. Amo fotografia, amo fotografar, amo todo o processo desde o planejamento, criação, produção e tratamento Sinceramente, não sei se o resultado do meu trabalho teria evoluído da maneira que evoluiu se eu não amasse tanto assim Pode ser que para outras pessoas funcionem dessa forma, mas para mim, acredito que esse amor pela fotografia na totalidade foi fundamental. www.donadacasa.blog

@lilifujiy

A I M E E

T W I G G E R

Entramos no passado com as fotos de Aimee Twigger. A sua obra transporta-nos para tempos remotos no interior da Inglaterra, uma das regiões mais pitorescas e mágicas do Reino Unido Viajamos para esse mundo poético e romântico cheio de criatividade e originalidade

A sua fotografia mostra-nos paisagens bucólicas, prados verdes onde Aimee recolhe desde prímulas e narcisos até violetas e pétalas de rosa Flores comestíveis de um lindo jardim que enfeitam suas criações: massas artesanais, bolos salgados, pães caseiros

Aimee é uma especialista em storytelling Suas fotos nos contam grandes histórias, tudo envolto naquele ideal romântico da vida no campo

A sua fotografia tem um estilo muito particular. Quais competências teve que desenvolver para criar o tipo de imagens que faz?

Quando comecei a experimentar a fotografia, o estilo sombrio era o que mais me atraía, então trabalhei para explorá-lo Adoro tentar capturar a luz em uma foto e fazer parte da história Eu não tinha muitos equipamentos nem luzes artificiais, então aprendi a ver e manipular a luz natural As habilidades que acho que desenvolvi trabalhando com luz natural foram, entre outras, aprender a criar sombras e uma atmosfera, que mais tarde pude usar também ao trabalhar com luz artificial Procuro usar apenas luz natural porque acho que tem algo muito bonito, mas agora pode ser difícil usar com vídeo

Nos últimos anos, só tive uma lente 50 mm Acho que usar uma distância focal fixa me ajudou a aprender a compor e enquadrar. Agora tenho uma lente zoom, mas acho que os anos em que tive que me mover em torno do meu assunto para obter o quadro certo, em vez de apenas aumentar o zoom com uma lente, me ensinaram muito.

Vemos muitos elementos naturais e inspiração vintage em suas imagens, como isso está conectado à sua história e personalidade?

Sempre gostei da natureza e ela tem um papel muito importante naquilo que me inspira Adoro criar inspirada nas estações e passar o máximo de tempo possível ao ar livre Também gosto muito de coisas antigas e vintage. Sempre há algo de especial em peças que já existem há muito tempo, imagino quem as teve antes de mim

Quando se trata de narrativa visual, qual é o processo criativo por trás das histórias que você conta através de suas fotos/vídeos? Você planeja ou vem espontaneamente?

Na maioria das vezes são espontâneos Tenho uma ideia e a crio imediatamente, mas às vezes, eu planejo. Isso é o que eu menos gosto nos vídeos, tenho que planejar mais as coisas e isso me tira um pouco da criatividade Percebi que não estou tão inspirada e criativa como antes, passo muito tempo pensando em como planejar um vídeo e me sinto sobrecarregada. Gosto de fazer vídeos, mas adoro ser espontânea quando estou inspirada e, às vezes, parece haver muito em que pensar

Como suas fotografias são muito artísticas, isso é algo que sempre a limitou ao trabalhar com determinados clientes? Qual é o melhor conselho que você daria para alguém que deseja criar imagens como as suas e desenvolver seu próprio estilo?

Sim e não. Felizmente, a maioria dos clientes que querem trabalhar comigo, gostam das minhas ideias artísticas, mas às vezes eles têm um briefing estabelecido e querem as coisas de uma certa maneira. Acho importante poder fazer o que o cliente quer e poder demonstrar estilos diferentes Não sei se é sempre bom ter um estilo tão reconhecível quanto o meu, pois descobri que isso afastou algumas marcas Acho que depende do tipo de trabalho fotográfico que você quer fazer Se você quer um trabalho mais comercial, acho melhor mostrar seu trabalho em uma variedade de estilos

Você tem algum plano ou meta que gostaria de alcançar em 2023? Gostaria de compartilhar conosco?

Meu objetivo este ano era começar a aprender a fazer vídeo, nunca havia feito isso antes, então fui gradualmente conforme vou avançando Tenho um longo caminho a percorrer, então acho que continuarei com isso no próximo ano. A indústria é muito diferente do que era há alguns anos, estou tentando encontrar meu lugar nela Sinto que me perdi um pouco ultimamente e espero reencontrar minhas paixões. Nunca tive ambições Comecei a cozinhar e tirar fotos por passatempo porque adorava Nunca imaginei que se tornaria uma carreira, sempre foi difícil para mim, imaginar as coisas que quero alcançar, mas tenho sido grata por tudo Adoro poder me conectar com outras pessoas que possuem paixões semelhantes Espero realizar alguns workshops pela primeira vez no próximo ano. Sinto um misto de nervosismo e empolgação com isso, não estou acostumada a ficar na frente da câmera

www.twiggstudios.com @twiggstudios

LUZ E Sombra L U Z E S O M B R A É U M A T É C N I C A Q U E O S A R T I S T A S U S A M P A R A A D I C I O N A R L U Z E S O M B R A A U M O B J E T O E S T A S , C R I A M F O R T E S C O N T R A S T E S , C O N S E G U I N D O R E A L Ç A R A L G U N S E L E M E N T O S E D A RL H E S U M A T E R C E I R A D I M E N S Ã O . Texto de Marta Sarrate Fotografias de Jullianne Medeiros

Esta técnica aplicada ao desenho e à pintura, foi inicialmente desenvolvida no século XVI pelos pintores flamengos e italianos do Cinquecento, amadureceu no Barroco com especial destaque para a obra de Caravaggio. Eles usam luz intensa para criar drama e força Com origem nessa técnica, surgiu posteriormente o chamado tenebrismo.

Ao contrário da pintura, na escultura esta técnica também é aplicada através da luz externa. Aqui a luz é criada pelo próprio escultor trabalhando nos planos do volume com entradas e saídas e, por outro lado, através da luz exterior que incide sobre a obra, destacando algumas áreas sobre outras A escultura adquire assim volumes que não existem na própria peça

No cinema, o claro-escuro tornou-se popular na primeira metade do século XX É usado para produzir uma sensação de profundidade e dinamismo cênico É uma técnica utilizada para produzir uma atmosfera sombria e misteriosa, criar uma sensação tridimensional na cena e dar profundidade aos personagens Vale destacar o expressionismo alemão, cinema caracterizado pela iluminação artificial com alto contraste de luzes e sombras, no qual se destacam decorações irreais, maquiagem exagerada e planos estáticos. Também está no film noir, gênero cinematográfico desenvolvido nos Estados Unidos, caracterizado pelo uso do claroescuro As sombras, presentes em inúmeras cenas noturnas, são o veículo para trazer drama e profundidade à história, além de destacar a psicologia dos personagens.

O C L A R O - E S C U R O F U N C I O N A M U I T O B E M E M F O T O G R A F I A D E R E T R A T O E E S P E C I A L M E N T E E M F O T O G R A F I A E M P R E T O E B R A N C O . A J U D A A B R I N C A R C O M A S S I L H U E T A S E A C R I A R M I S T É R I O

Na música, o claro-escuro referese a uma técnica de canto clássico originária da Itália, caracterizada por misturar um som claro com um escuro O som resultante é quente e profundo

Na fotografia também é uma técnica muito utilizada. É conseguida iluminando uma parte do trabalho e deixando o resto na escuridão. Isso alcança um efeito dramático, além de direcionar o olhar do espectador

Z A I R A

Z A R O T T I

Zaira exala arte pelos quatro lados e é indiscutível que seu talento foi nutrido pelo ar de uma cidade mágica, sua Veneza natal

Artista de gosto apurado, dedica especial atenção aos detalhes e esmero em suas delicadas composições, alcançando grande equilíbrio. Outro fator comum em seu trabalho é a luz, sempre natural e com tendência ao claroescuro. O terceiro ponto-chave no trabalho desta fotógrafa veneziana é o uso de uma paleta de cores pouco saturada, mas muito rica em nuances, com a qual consegue tal profundidade que as suas fotografias podem ser confundidas com pinturas

Entrevista de Marta Sarrate Fotografias de Zaira Zarotti

Sabemos que você nasceu em Veneza, em uma família de artistas, como isso te influenciou?

Nasci em uma família de artistas, a arte sempre foi uma parte importante da minha vida Sou muito grata aos meus pais por me darem a oportunidade de abordar o mundo da arte de uma forma leve e aberta, desde muito cedo Explorar esse mundo inspirador só aumentou minha consciência inicial de pertencer às pessoas que precisam se expressar por meio das artes visuais.

Um artista nasce ou se faz? O que você acha?

Acredito que se fazem artistas, mas também que cada um de nós tem predisposições relativamente evidentes desde cedo

no que diz respeito a determinadas áreas O que realmente faz a diferença é o caminho que cada um faz No meu caso, por exemplo, além de uma predisposição natural para as disciplinas artísticas, o que tem sido fundamental, ainda mais do que os estudos que realizei, foram as experiências que tive, as coisas que vi, as pessoas que conheci, os artistas que me inspiraram.

Como estimular a criatividade? Conte-nos sobre suas fontes de inspiração.

Acredito serem as pessoas ao nosso redor que devem estimular nossa criatividade, principalmente no começo Receber a apreciação das pessoas que valorizamos pode fazer a diferença

Nesse sentido, acho que sempre me incentivaram muito, seja qual for a minha ideia, mesmo e sobretudo independentemente do sucesso da concretização Isso sempre me deu uma grande motivação para continuar, melhorar e ter confiança em minhas ideias e habilidades. Estudei Belas Artes antes da fotografia, e é para onde sempre volto, e onde tiro maior inspiração

Há muitos artistas, antigos e contemporâneos, de quem gosto e cujo trabalho me inspira, mesmo que o mundo deles pareça distante do meu No mundo da arte, qualquer coisa, qualquer estímulo, qualquer ideia, qualquer detalhe podem ter uma influência significativa na minha pesquisa

Acredito que pessoas criativas são pessoas muito receptivas e que podem se inspirar nas coisas mais inesperadas O campo mais inspirador, para mim, é a arte, em qualquer uma de suas linguagens

Quando e como a fotografia entrou na sua vida, ela te escolheu ou você a escolheu?

Sempre fui fascinada pela ideia da encenação, de contar histórias através da arte. Desde pequena eu costumava criar histórias visuais em casa

Definitivamente, escolhi a fotografia como meu meio favorito quando tinha cerca de 18 anos.

Comecei com a ideia de criar pequenas cenas onde o tempo é suspenso, inspirando meu público a imaginar um mundo além das fronteiras da imagem

Qualquer assunto na fotografia pode ser um pretexto para investigação visual, mas pessoalmente nunca me interessei em encontrar o enquadramento perfeito na realidade que me rodeia, como as ruas ou a paisagem

Prefiro imaginar uma cena e criá-la do zero, controlando cada aspecto dela, da composição à iluminação. Eu diria que minha fotografia é como uma ilusão Uma pequena janela para a estética da vida cotidiana, ou melhor, um processo de estetização com referências intencionalmente pictóricas daquelas pequenas coisas que pertencem ao cotidiano de todos, como a comida

A fotografia permite-me satisfazer uma necessidade minha, a de partilhar a minha visão pessoal com todos os interessados É um veículo de comunicação para mim, através do qual sinto que posso me expressar sem limites.

Sua fotografia é muito artística, com que tipo de cliente você trabalha?

Nos últimos anos tenho trabalhado em muitos projetos diferentes, por exemplo, criei uma série de naturezas-mortas florais inspiradas na pintura flamenga que mais tarde se tornaram parte do design de cozinhas e componentes de móveis de luxo (que ainda estão no mercado).

Atualmente, estou trabalhando em uma série de sessões de fotos para uma conhecida designer de joias italiana, que serão apresentadas em uma exposição em seu ateliê em Milão, mas, simultaneamente, também trabalho em projetos editoriais, como sessões de fotos com temas gastronômicos e de viagens, bem como para clientes do mundo do vinho, já que a demanda na Itália é muito grande!

Uma lembrança que te faz sorrir e que você gostaria de compartilhar conosco

Meu parceiro e eu, como verdadeiros venezianos, temos um barco com o qual costumamos sair para a lagoa Certa vez propus a um importante cliente uma sessão de fotos na lagoa, na qual deveria ser montada uma linda mesa de jantar

Levei dois dias para preparar tudo: da louça aos lustres e cadeiras, sem falar na comida, que eu mesma cozinhei No dia da sessão de fotos carregamos o barco com tudo (pensando que provavelmente iríamos afundar de tão carregados que estávamos!), e após 40 minutos de navegação chegamos ao local, uma pequena ilha no meio do nada na Lagoa Sul

Apesar de tudo, estava com um vestido de linho muito elegante porque iria aparecer nas fotos Só após descarregar tudo do barco e arrumar a mesa é que percebi dramaticamente que esquecera as duas caixas mais importantes: as que continham a comida! A energia já estava falhando, então decidi rapidamente que esperaria nesta pequena ilha enquanto meu parceiro Francesco voltava de barco para pegar as caixas perdidas.

Na próxima hora de espera, encontrei-me sentada nesta linda mesa, com meu lindo vestido, esperando meu salvador voltar, enquanto alguns pescadores locais que navegavam em seus barcos olhavam para mim com espanto O melhor foi quando começou a chover.

Eu estava muito desesperado na época, mas agora lembrar daquele momento me faz sorrir de tão surreal que foi. Porém, essa história tem um final feliz: Francesco voltou com comida, a tempestade acabou e apareceu um pôr do sol incrível Consegui tirar ótimas fotos e jantamos no lugar mais bonito e remoto que existe.

www.zairazarotti.com

@thefreakytable

J U L L I A N N E M E D E I R O S

Jullianne Medeiros é uma fotógrafa brasileira radicada em Barcelona há alguns anos Desde muito jovem decidiu fincar raízes na cidade, viajou e conheceu muitos países, o que lhe deu uma visão pessoal do mundo que a rodeia.

Embora seja conhecida principalmente por seu trabalho como fotógrafa de alimentos, ela também deixa sua marca pessoal em outros gêneros fotográficos pelos quais trabalha, sendo apaixonada

A gama de Jullianne é bastante ampla, mas em todas as suas obras há dois fios comuns que unem seu trabalho: o amor pela luz natural e a narrativa.

Não há dúvida de que ela é especialista em contar histórias por meio de suas imagens. Consegue sempre transportar-nos e convidar-nos para o seu mundo. Um mundo delicado e requintado, graças ao seu talento para compreender e controlar a luz natural tanto nas ruas e exteriores como nas cenas interiores.

Para esta edição, Jullianne compartilhou algumas fotos do projeto "DES-OCULTAS", no qual trabalha com curadoria de Zaclis Veiga

Textos de Mónica Molina e Zaclis Veiga Fotografias de Jullianne Medeiros

"DES-OCULTAS"

O projeto “Des-ocultas” nasce da imersão da artista e o encontro entre suas raízes culturais, a força das tradições da cultura espanhola e seu desejo de dar voz ao feminino. As mulheres retratadas no projeto demonstram a força alicerçada nas contravenções da sociedade e seu papel no início do século XIX.

Zaclis Veiga, curadora
D I E G O M E J Í A O C O N F E I T E I R O D O S B O L O S D O S S O N H O S Q U E C O N Q U I S T O U O S F A M O S O S

A vida é um sonho e os sonhos, às vezes, se tornam realidade Assim aconteceu com Diego Mejía, que passou grande parte de sua infância na cozinha, sua grande vocação e paixão, cozinhando com sua mãe e sua avó Em casa, na Colômbia, era costume fazer deliciosos bolos e era comum encontrar Diego por lá, ajudando entre os cremes e utensílios

Na Espanha, encontrou o lugar onde pôde se formar e aprender o ofício de confeiteiro Depois de muito esforço e dedicação, conseguiu abrir sua própria confeitaria no bairro de Gracia, em Barcelona.

Trabalhador incansável, a chave do seu negócio é a inovação Todas as suas criações são únicas, sempre em busca do design perfeito. Suas obras conquistaram personagens como Neymar, Valentina Feres, Zion ou Lennox Mas seus bolos não são somente preferidos por atletas, estilistas ou cantores, eles também podem ser apreciados em muitos dos eventos e comemorações mais importantes de Barcelona.

Nesta edição, temos uma das criações de Diego Um bolo maravilhoso e requintado que você pode ver e apreciar através das imagens que Jullianne Medeiros fotografou

Para conhecer mais sobre seu trabalho, convidamos você a visitar o perfil @diegomejiabcn.

Travesera de gracia, 88 Barcelona

Técnica: Como fazer

Natureza-morta

Texto de Ana Cristina Jurado e Fotografias de Ana Cristina Jurado e Mónica Molina

Desde tempos imemoriais, comida e cultura estão ligadas, e os seres humanos registraram isso ao longo da história com naturezas-mortas Dos mosaicos com representações de alimentos que os romanos colocavam no chão das salas onde comiam (sinal de que a comida que caía no chão pertencia ao reino dos mortos) à fotografia atual de naturezas-mortas gastronômicas, nossa protagonista.

Antes de entrar no assunto, é essencial definir o que é uma natureza-morta Sua definição geral seria “representação artística de animais, flores e/ou elementos, naturais ou não, em um espaço específico” Vamos nos concentrar nas naturezas-mortas gastronômicas, ou seja, aquelas que incluem alimentos, seja qual for sua natureza e, acima de tudo, mostraremos como conseguir naturezas-mortas bonitas e atraentes ao olho humano

A luz: Luz: é sempre a essência da fotografia. Nas naturezas-mortas, usamos para criar uma atmosfera de bem-estar, harmonia, drama e decadência Muito condizente com as cenas nelas apresentadas.

Equipamentos: Equipamentos: grandes aliados nas nossas sessões fotográficas Um tripé não pode faltar, pois permite trabalhar em baixas velocidades sem qualquer trepidação, algo essencial

Em relação às objetivas, adoro as fixas, muito brilhantes. Funciona muito bem com 50 mm, embora 35 mm também seja uma boa opção

E, claro, ter um fundo fotográfico de qualidade fará com que suas naturezasmortas subam de nível Escolha um conforme o “mood" que você escolheu para sua cena e terá ótimos resultados, como este fundo com ótima textura e cores lindas da YDBackdrops e que você pode comprar com 15% de desconto por ser um leitor da About.

Ângulo e plano: estamos acostumados a ver naturezas-mortas de um ângulo frontal, mas hoje isso mudou, e belas composições podem ser feitas de um ângulo superior, por exemplo O plano escolhido para sua natureza morta também é uma decisão importante, pois determinará a quantidade de elementos que cabem em sua cena e o quão saturada ela pode ser vista, além de poder mostrar esses elementos com mais ou menos detalhes. Estude sempre o produto e os objetos que você tem para escolher a melhor opção (Foto 4 Texto da legenda: natureza-morta com marmelos e nozes de um ângulo superior)

Cor: as cores são ferramentas poderosas na fotografia e a fotografia de naturezamorta não é exceção Planeje quais produtos você fotografará e a atmosfera que deseja em sua imagem. Isso permitirá que você escolha corretamente as cores dos outros elementos da cena Brinque com fotografias de cores quentes ou crie um contraste. Existem toneladas de possibilidades! (Foto 6 Texto da legenda: O laranja quente da abóbora contrasta com o verde frio das peras e uvas).

Marmelos e bellotas

Equinócio de outono

Composição: nas naturezas-mortas o jogo com as alturas dos elementos assume especial importância. Isso dá dinamismo à imagem e direciona o olhar do espectador por onde passa O uso de diferentes elementos de várias alturas (por exemplo, copos e uma garrafa), livros, mesas, etc., para construir plataformas sobre as quais colocar os elementos, pode ser útil (Foto 11 Texto da legenda da foto 11: Utilizo os ramos de nêspera para criar uma boa altura e conseguir uma composição triangular)

Texturas: quando você vê pinturas ou fotografias de natureza-morta, já percebeu a grande variedade de produtos e objetos que podem ser encontrados nelas Esta variedade oferece diferentes texturas que enriquecem a sua fotografia: o metal de alguns talheres, os têxteis, a frescura da fruta, o vime de um cesto (foto 5 Legenda do texto: a compota mole, o metal velho, o pano de saco, madeira, frutas frescas, vime variedade de texturas)

Elemento floral: é muito comum ver flores, galhos ou folhas como parte de naturezasmortas É um elemento que adoro, porque ajuda a compor a fotografia e reforça tanto a comida como o que queremos transmitir com a imagem (por exemplo, se houver uvas, adicione algumas folhas de videira)

Mas cuidado, seja coerente com suas escolhas e conheça bem as flores ou plantas, pois nem todas ficam frescas simultaneamente. Um ramo de nêspera pode permanecer fresco por vários dias, mas um ramo de videira murcha em poucas horas (Foto 9 Texto da legenda da foto 9: as folhas e gavinhas da videira acompanham as uvas e reforçam a ideia do vinho da foto)

O produto: fotografar o produto em seu estado natural é bom, mas brincar com as possibilidades que ele nos oferece abre as portas para fotos mais impressionantes Abra algumas frutas para mostrar o interior, descasque algumas nozes e use a casca e a fruta separadamente. As possibilidades são infinitas (foto natureza-morta cadeira)

A natureza-morta, também a gastronômica, evoluiu muito ao longo do tempo e hoje é comum encontrar naturezas-mortas que desafiam o classicismo e nos parecem igualmente belas (Foto natureza morta Mónica Legenda do texto: aqui uma natureza morta que rompe com o clássico)

Uma natureza-morta brilhante e colorida? Sim, claro Lembremos que as naturezas-mortas sempre foram o gênero onde os pintores se sentiram livres para criar suas obras.

Verão Da horta para a mesa Vinho, uvas e ameêndoas Amigos

B A C K D R O P S Y D

P O R Y E S S I C A D U Q U E

Na fotografia de alimentos e produtos, uma boa superfície, o fundo fotográfico, é definitivamente a espinha dorsal de uma composição

Texturas básicas, como madeira, mármore ou ardósias de cerâmica, adicionam personalidade e estilo à sua foto, tornando-a especial e destacando a história que você está tentando capturar

*YD Backdrops.com, é especializado em criar cenários para fotografia de alimentos e produtos *

Com uma variedade de cenários de vinil de alta qualidade que atendem aos critérios de qualquer fotógrafo, como: ser levemente impermeável, acabamento fosco que não fornece brilho ou reflexos indesejados, fácil de limpar, transportar e enrolar

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Fotografias de Ana Cristina Jurado
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Texto de Ana Cristina Jurado e Fotografias de Jullianne Medeiros PropsVintage A H H , O S A D E R E Ç O S ! A Q U E L E S E L E M E N T O S Q U E N O S A J U D A M A C O N T A R A H I S T Ó R I A Q U E Q U E R E M O S N A S N O S S A S F O T O G R A F I A S E D O S Q U A I S N U N C A T E M O S O B A S T A N T E , A I N D A M A I S S E T I V E R E M O E N C A N T O D O S A D E R E Ç O S V I N T A G E A P Á T I N A Q U E O M E T A L A D Q U I R E C O M O P A S S A R D O S A N O S , A C O R E A T E X T U R A Q U E A S P Á G I N A S D O S L I V R O S A D Q U I R E M A O P A S S A R D O T E M P O , C O B E R T A S D E D E L I C A D O S E N T A L H E S T U D O I S S O T E M U M A A U R A Q U E O S T O R N A Ú N I C O S Q U E R S A B E R O N D E E N C O N T R Á - L O S ? A Q U I L H E C O N T A M O S T U D O

Comece olhando de perto: muitas vezes, temos bons adereços bem debaixo do nariz, mas não reconhecemos isso Você não pode imaginar os tesouros que podem estar escondidos no sótão da casa de seus avós, pais ou outros parentes Procure, pois com certeza uma surpresa te espera.

Mercados de antiguidades ou usados: aqui você pode encontrar desde pequenos adereços, como colheres de chá, até grandes adereços como mesas, cadeiras, etc. Pechinchar sobre o preço é geralmente permitido, então maravilhas podem ser alcançadas sem gastar muito

Antiquários: muito popular na França e em algumas áreas da Espanha e do Brasil Se tiver oportunidade, não hesite, entre Você encontrará joias de verdade, embora a preços mais altos do que nos mercados. Negociar também é possível.

Lojas online especializadas: se você não tem acesso aos locais anteriores, uma ótima opção é ir a lojas online especializadas em adereços vintages. Eles se dedicam a procurar essas maravilhas escondidas por você

Adereços novos/velhos: existem lojas que oferecem adereços recém-fabricados, mas eles têm a aparência e o charme de seus irmãos mais velhos Um exemplo disso é o Foodory com, que possui uma grande variedade de adereços e envia para qualquer lugar do mundo

Antigocastiçalcompradoemum mercadodeantiguidades.
S E J A O N D E F O R , S A I R E M B U S C A D A Q U E L E O B J E T O D E S E J A D O N O S F A Z S E N T I R C O M O A C R I A N Ç A Q U E V A I À C O N F E I T A R I A .

Fodory

Texto e fotografias de Jullianne Medeiros

Na arte, e principalmente na fotografia, assistimos a um renascimento do mundo vintage e isso levou à criação e surgimento de empresas especializadas no assunto, é o caso da Fodory

A Fodory é uma loja de Lifestyle, com produtos para casa e cotidiano, com uma grande variedade de produtos, tanto para decoração de casa como para acessórios de cozinha, peças que vão nos ajudar a dar vida às nossas próprias histórias Eles também têm uma seção exclusiva de adereço vintage

“COMEÇAMOS A FODORY PORQUE, COMO FOTÓGRAFA, DESCOBRI ESTAR SEMPRE PROCURANDO ACESSÓRIOS PARA FOTOGRAFIA NÃO HAVIA UM LUGAR ONDE EU PUDESSE ENCONTRAR TODAS AQUELAS PEÇAS ESPECIAIS E ÚNICAS ENTÃO FUNDAMOS A FODORY PARA FORNECER ACESSÓRIOS FOTOGRÁFICOS VINTAGE PARA FOTÓGRAFOS, BLOGUEIROS E CRIADORES EM NOSSAS COLEÇÕES VOCÊ ENCONTRARÁ UMA VARIEDADE DE ESTILOS PERFEITOS PARA QUALQUER TIPO DE DECORAÇÃO, DESDE UMA DECORAÇÃO RÚSTICA CLÁSSICA ATÉ UMA DECORAÇÃO BOÊMIA MODERNA ”

A Fodory é atualmente uma das marcas de maior sucesso nas redes sociais Tem uma equipe de várias pessoas e patrocina diversos concursos.

É por isso que nesta edição especial preparamos uma surpresa para você. Faremos 3 concursos com o Fodory para que você possa dar vida às suas próprias histórias

Confira as regras do concurso na página 188.

www fodory com @fodory.com

DURALEX Texto e Fotografias de DURALEX D E S D E 1 9 4 5

No mundo do vidro, Duralex destaca-se pelo seu caráter forte e pelo apego incontornável que os franceses têm por ela. "Um produto Duralex" é um objeto único, resistente, universal e atemporal Desde a sua criação em 1945, a Duralex é pioneira na tecnologia do vidro temperado: a fábrica localizada em La Chapelle-SaintMesmin foi a primeira no mundo a produzir utensílios de mesa com esta tecnologia

VISTO NO CINEMA

A marca entrou no coração de dois coletivos franceses e imaginários graças a produtos icônicos como Picardie ou Gigogne, com seu mítico “E você, quantos anos você tem?” que está na moda nas escolas, uma verdadeira Madeleine de Proust para muitos Há também produtos de design espalhados pelo mundo que nos deixam mais trendy: da loja do MoMa em Nova Iorque, ao Museu de Artes Decorativas ou à concept store Merci em Paris, à Duralex é unanimidade

Um novo capítulo em sua história se abre em 2021 com a aquisição da Duralex pela International Cookware (licenciada da marca Pyrex® na Europa, Oriente Médio e África) Esta aquisição é o resultado de uma fusão lógica e complementar entre duas marcas icônicas do conhecimento vidreiro francês, com a criação definitiva de um poste de vidro com ambições globais Fabricado na França e mais precisamente na região Central Val-deLoire, graças você as fortes sinergias entre as duas empresas e seus respectivos parques industriais.

* Em cada caso de um Duralex existe um número Nas cantinas escolares, os copos são principalmente Duralex, sendo costume entre as crianças francesas fazer duas coisas: ou esse número simplesmente representa sua idade, ou aquele que levantar da mesa com o menor número é aquele que irá limpar a mesa naquele dia Embora na realidade esse número indique algo muito mais mundano: uma máquina do que fez

www.duralex.com
VISTO EM LUGARES EMBLEMÁTICOS

VOILÀ!

L O U Ç A S V I N T A G E

Antigas louças francesas, toalhas de linho, velhos guardanapos de Damasco feitos a mão, pequenos objetos "vintage" como espelhos, lustres ou pequenos quadros E se você for até a loja poderá comprar cristais que são entregues em mãos para evitar quebras em viagens). Todos estes tesouros, e muitos mais, envolvem o visitante de Voilà e transportam-no para tempos idos, em que o requinte e o 'savoir être' eram um modo de vida.

Uma vida que Beatriz Tobaruela adora, uma barcelonesa que em 2018 decidiu com o marido se estabelecer na cidade francesa de Saint Briac, onde seus sogros passavam o verão.

A ideia inicial, conta Beatriz, era vender coisas bonitas para casa: "Têxteis para o lar, cerâmicas artesanais ou pequenos móveis, tudo de marcas francesas e espanholas novas " Mas, como quase sempre acontece, algo inesperado cruzou seu caminho e mudou sua forma de encarar o negócio

Na Bretanha, ela descobriu aquele adorável e estabelecido costume francês de vender itens que não são mais necessários em mercados improvisados (e não tão improvisados) “Para mim, era um mundo novo e excitante Antiquários, particulares que vendem coisas que não usam. Até as crianças vendem os seus brinquedos na rua para os outros aproveitarem!

Na França existe uma verdadeira cultura vintage, e eu adorei”, explica, sorrindo.

Assim, Beatriz, que na sua Barcelona natal era responsável pelo Controlo de Gestão na ESADE mas que também estudou pintura, design de interiores e fotografia, decidiu que na sua conversão profissional deixaria fluir toda a sua veia criativa

Ele se concentrou em criar mesas visualmente bonitas, mas ao mesmo tempo aconchegantes e confortáveis, daquelas que convidam à boa comida, à melhor conversa e tudo em companhia agradável. “Comecei comprando pratos 'Sarreguemines' pintados à mão em lindos tons de vermelho e os compartilhei no Instagram sem pensar muito Duas horas depois, já tinha três pessoas querendo comprar!”, conta.

Então começou a procurar mercados de pulgas para resgatar velhas louças "abandonadas, às vezes empilhadas e com toneladas de poeira em cima". Percebi que estas peças são tesouros únicos, esquecidos numa casa ou num sótão que podem ter uma segunda vida E não há dois iguais! Eles são irrepetíveis e suas pequenas cicatrizes nos contam sua história Isso fez sentido para mim, para que eu pudesse ajudar mais levando aquelas peças tão especiais para novas casas e dando uma segunda chance a elas”, revela.

O que eu mais gosto no meu trabalho? Sem dúvida, “o momento incrível em que alguém me escreve e me diz que está feliz por ter uma peça tão bonita em suas mãos Também o processo de procurar e procurar, tirando esses tesouros do pó Eu poderia fazer isso por horas sem me cansar!” Diga isso àquela cliente que certa vez pediu um prato igual ao que tinha da avó e que havia quebrado, um tesouro insubstituível para ela que ela gostava muito e que Beatriz conseguiu substituir por outro do mesmo tipo e desenho Ou aquela outra cliente que procurava uma composição de 24 placas irregulares e que lhe custou um mês de laborioso “e ao mesmo tempo emocionante” trabalho de campo No final, os pratos ficaram lindos, bem personalizados, e a cliente, muito feliz.

Beatriz sabe onde procurar, como naquela lojinha em Finisterre (Bretanha, França) cujo dono coleciona pratos antigos e que para ela é como a caverna de Ali Baba.

Embora, às vezes, os artigos venham dos lugares mais inesperados “Certa vez, uma vizinha me ligou porque tinha ficado viúva e os filhos não moravam mais com ela, e ela queria deixar a cristaleira mais leve Para ela eram lixo, mas ela tinha coisas preciosas do século 18, guardadas dos avós Pratos em 'Terre de Fer' para crianças, porcelana fina para adultos " Como eu disse, tesouros

Embora nem sempre encontre o que procura, ou tenha dificuldade em encontrar, como os guardanapos de Damasco com as próprias iniciais bordadas, às vezes coincidem, mas é uma questão de sorte Você ainda está procurando um serviço de chá com xícaras maiores do que o normal, uma manteigueira de Limoges, quadradinhos de velhas flores secas, pratos roxos etc Carrega sempre consigo a lista de encomendas pessoais e quando encontra uma delas a felicidade é máxima. Ele sabe que essa peça já tem um lar

EM CASA TROCAMOS MUITA LOUÇA! GUARDAR PORCELANA FINA PARA O NATAL OU PARA UMA OCASIÃO ESPECIAL NÃO ME AGRADA NADA."

Quando lhe pergunto sobre as louças de sua casa, ele me diz que: “Lá em casa trocamos muita louça! Guardar porcelana fina para o Natal ou para uma ocasião especial não me agrada nada. Todos os dias usamos pratos ‘Terre de Fer’ antigos e incompatíveis e pratos menores de ‘Marie Luoisey Bluets’ e ‘Sarreguemines’ de flores. Gosto de misturas e que frequentemente tudo saia do armário.

Uma louça especial que uso diariamente são os pratos da Cartuja da minha avó, só tenho 4 mas são o meu maior tesouro porque me fazem lembrar dela”.

Se quer fazer ou presentear-se e ter uma mesa espetacular, a Beatriz é a pessoa que procura Ela encontrará esse tesouro para você.

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“LÁ

CADIVÓ

Texto e fotografias de Samira Rodrigues

Conheci a Dani Garavello através do Instagram quando procurava por objetos vintage, únicos, com suas marcas que nos trazem memórias, muitas vezes afetivas, que fazem nosso imaginário viajar no tempo e, por muitas vezes, querer descobrir qual a história por trás daquela peça

Sempre que me deparo com uma bela peça antiga fico imaginando quem a utilizava. Quais comidas e bebidas foram preparadas e servidas nela? Em quantas reuniões familiares e confraternizações entre amigos elas estiveram presentes? Quem as guardou durante todo esse tempo e por quantas mãos elas passaram? Acredito que todas essas indagações passam pela cabeça de quem aprecia objetos vintages, permeados de histórias

A Dani me contou que é exatamente isso que a atrai para esse mundo Respeitar a história da peça!

Não se incomodar com uma trinca ou pequenas marcas, pois a beleza do objeto está naquele detalhe, que faz parte da sua história e quando ela vende uma dessas peças para quem pensa da mesma forma, isso a deixa muito feliz.

Sua história com os objetos vintage é muito interessante Antes de ponderar fazer disso um negócio, ela sempre adquiria peças para seu uso pessoal Gosta de dar um novo uso a algo convencional e isso era como uma espécie de terapia Foi aí que surgiu a ideia de transformar o que tanto gostava de fazer em um negócio de antiguidades.

Sua família possui algumas lojas de roupas e ela trabalhou no negócio por vários anos, até que no final da pandemia ela se viu tendo crises de ansiedade decorrentes de uma insatisfação com o que estava fazendo

Com o apoio dos irmãos, ela resolveu criar o próprio negócio, que a princípio não estava muito claro como seria, mas ela sabia que teria de ser algo voltado para o lar Assim, ela teve a ideia de transformar sua paixão por antiguidades, o gosto pela busca por peças vintage em seu próprio negócio “Percebi que durante a pandemia as pessoas voltaram sua atenção para o interior das próprias casas Por muitas vezes, um lugar, que era utilizado somente para “dormir e tomar banho”, passou a ser um lar com espaço para plantas, com a cozinha e o ato de cozinhar funcionando como uma terapia As pessoas passaram a se preocupar e se interessar mais com a decoração da casa e de tornar o ambiente mais aconchegante. Esse universo de peças antigas remete muito à memória afetiva e a esse aconchego Quer memória mais afetiva que a casa da nossa avó? O nome “Cadivó” veio daí. Conheci uma pequena produtora de doces na cidade de Lavras Novas há alguns anos e ela atendia por esse nome Achei super criativo e ele permaneceu na minha cabeça ao longo desse tempo.”

Hoje a Dani se dedica integralmente ao seu negócio de antiguidades e quando perguntei o que ela mais gosta em todo o processo, ela me disse que “pela primeira vez na vida sente que está “produzindo bem” atuando nessa atividade Cada etapa do processo é feita exatamente do meu jeito, me dedicando cem por cento a isso. Quando recebo uma mensagem indicando que essa entrega foi sentida do outro lado, mesmo sem o cliente nunca ter me visto, é muito prazeroso É claro que o lado financeiro conta, mas fazer a pessoa sentir todo esse carinho, seja no atendimento, nos detalhes perfumados da embalagem, no cartão de agradecimento escrito à mão, na preocupação após a venda, é um prêmio pessoal Realmente achei meu lugar no mundo com a Cadivó”.

Tive o prazer de conhecer a Dani pessoalmente e fotografar algumas das maravilhosas peças que ela possui no acervo da Cadivó, que fica em sua própria casa, mas em um cômodo dedicado a esse estoque Fiquei impressionada com a variedade de xícaras, de talheres antigos, pratos em diferentes tamanhos e produzidos em épocas e locais variados, louças com tantas marcas e memórias, taças com lapidações únicas Ela negocia as peças através da sua conta do Instagram (@cadivo garimpoafetivo) e WhatsApp, onde envia as fotos e a descrição de cada uma delas Para quem se interessar, ela também envia para todo o Brasil e se estiver à procura de um item específico você também pode pedir para que ela verifique em seu acervo ou separe quando encontrar em seus garimpos por aí

@cadivo garimpoafetivo

EL RASTRO

A par do guisado, nada mais madrilenho do que passar uma manhã de domingo a passear e a tagarelar nas bancas do Rastro Nele você encontra roupas de segunda mão, livros, quadrinhos, bijuterias, antiguidades e a coisa mais louca que lhe vier à cabeça. Este famoso mercado de pulgas, que acontece aos domingos e feriados no tradicional bairro de La Latina, tornou-se um símbolo da capital espanhola

Quem vai ao Rastro sabe que não é só uma questão de comprar, é um autêntico ritual que envolve caminhar por ruas movimentadas, viver o clima, deixar-se envolver pelo mundo barulhento de vendedores peculiares, compradores que tentam pechinchar e música da rua que vai e vem O segredo é se perder na maré humana que se forma ao redor da Plaza de Cascorro, Ribera de Curtidores, Calle Embajadores e Ronda de Toledo. A experiência não fica completa enquanto não recuperar as forças com tapas ou sandes acompanhadas por uma cerveja, ou um pouco de vinho nos bares e esplanadas do bairro

Barracas de rua nas principais ruas do Rastro de Madrid

O conceito do Rastro, conforme conhecido hoje, está documentado desde 1740, mas para encontrar sua origem, devemos voltar a 1497, quando o primeiro matadouro municipal de Madri foi instalado no bairro, em torno do qual começaram a se instalar curtidores e outros artesãos como sapateiros Desta forma, a atividade comercial na área começou a crescer Ao mesmo tempo, por volta do século XV, surgiram os trapeiros que compravam e vendiam roupas, bijuterias e objetos usados. Eles se instalaram no que hoje é conhecido como centro da cidade, Sol e Plaza Mayor, em busca de oportunidades comerciais até que uma ordem municipal os expulsou e decidiram se mudar para o bairro dos matadouros, a nova área comercial da época Foi a partir do século XIX que a feira começou a funcionar como a conhecemos hoje. Local de venda, troca e trato de objetos em segunda mão.

Continuando com a história e procurando a origem do seu nome, temos que explicar que por questões logísticas, a associação dos curtidores se instalou perto do matadouro Após sacrificar os animais no matadouro, a carne e as peles eram transportadas para as oficinas e barracas ao longo das ruas, deixando um rasto (ou rastro) de sangue que deu nome à zona e ao mercado

Foi esta associação, a dos curtidores, que deu nome ao eixo central do mercado, a rua Ribera de Curtidores.

Para apreciar plenamente o ambiente do lugar, recomendamos subir esta rua e olhar para baixo quando chegar à Plaza de Cascorro, onde se encontra a escultura de Eloy Gonzalo, o herói de Madrid

Como amantes da arte, não podemos deixar de citar outro ponto muito recomendado do bairro, o Centro Cultural Alternativo, no antigo prédio da Tabacalera que você encontra na Praça dos Embajadores

Se você está em Madri, já sabe como aproveitar as manhãs de domingo

BIXIGA P O N T O D E E N C O N T R O C U L T U R A L E H I S T Ó R I C O N O C E N T R O D E S Ã O P A U L O FEIRA DE ANTIGUIDADES
Texto de Zaclis Veiga e fotografias de Eduardo Krajan

São Paulo, uma das mais populosas cidades do mundo, abriga uma tradicional feira de antiguidade do país: a Feira de Antiguidades do Bixiga O bairro do Bixiga, formado por imigrantes italianos, foi fundado em 1878, considerado um dos mais cool da cidade Entre as diversas casas em estilo colonial pintadas em cores alegres, que abrigam boa parte da gastronomia do bairro, está a praça Don Orione que, há quase quarenta anos, é tomada, aos domingos, por mais de 300 barracas que vendem objetos repletos de história O casal Lilian e Eduardo Borges possuem uma

Como estava muito velhinho, sempre alguém da família estava junto. O amor pela feira se estabeleceu e a barraca continuou mesmo depois da morte do tio Além dos relógios, começaram a vender louças e outros objetos A barraca vende toalhas da ilha da Madeira e louças de mesa “que combinem com as toalhas” Lilian percebe haver um crescimento de procura por louças para composição de cenas para gastronomia “É comum vender somente um copo, um par de talheres e um prato”, diz.

As árvores frondosas fazem sombra pelo caminho e refrescam o dia quente de primavera A luz fica ainda mais bonita quando atravessa os cristais coloridos da barraca do casal José Renato e Soraia. Com um sorriso no rosto, José conta que a peça mais cara que vendeu veio de um ferro-velho: uma balança, restaurada por ele

Passear entre as peças antigas e conversar com os vendedores nos permite imaginar histórias se desenrolando ao redor daquelas peças É a vida que faz.

É um ponto de encontro das famílias, de referência intelectual e cultural da cidade

A feira funciona todos os domingos das 9h às 16h na Praça Dom Orione, esquina com as ruas 13 de maio e Rui Barbosa. São Paulo, Brasil.

G U I A A B O U T GASTRONÔMICO

ESTAMOS LANÇANDO UMA NOVA SEÇÃO TANTO NA REVISTA QUANTO NA WEB, É O GUIA ABOUT, ONDE REUNIMOS DELICIOSAS RECEITAS E OS MELHORES LUGARES DO MUNDO PARA PALADARES CONHECEDORES E EXIGENTES ACEITAMOS SUGESTÕES!

Especial

RECEITAS NATALINAS J O S É I S K A N D A R Rolo Folhado de Bacalhau, Espinafres e Broa Arroz natalino C E L I O S W E E T Bolo Vitoria "Mulherzinhas" Flan de Café com Calda de Caramelo e Pistaches C A M I L A S A R A C E N I L U C R E C I A Q U E S A D A Leite dourado Coquetel de tangerina com álcool C A M I L A M A C E D O S Y L V I E P A B I O N

ARROZNatalino

Texto e fotografias de Jose Iskandar

Jose Iskandar é um fotógrafo que cria conteúdo digital. Da Colômbia, ele nos encanta com suas receitas, feitas com ingredientes humildes e cotidianos, cheias de sabor, cor e amor Amor, sim, porque o carinho e a paixão pela gastronomia e arredores que o José nos transmite quando vemos as fotografias das suas criações, leva-nos a sentir a alegria que ele sente quando está na sua cozinha.

I N G R E D I E N T E S

Para 6-8 porções

3 1/2 colheres (sopa) de azeite (separadas em 3 e 1/2)

1 cebola branca picada (ou cubos pequenos)

2 xícaras de arroz branco (pode ser parboilizado)

1 colher (chá) de sal

3 taças de espumante (brut ou extra brut champanhe)

2 xícaras de água

1 xícara de cranberry secas ou passas 1 xícara de damascos secos ou frescos picados

1 pimentão vermelho cortado em cubos (se for pequeno use dois)

½ xícara de salsa picada

1 xícara de amêndoas fatiadas cruas ou torradas

E L A B O R A Ç Ã O

Corte as cebolas em cubos pequenos, o pimentão em pedaços pequenos, os damascos em 4 ou 5 pedaços e a salsinha bem picadinha

Em uma panela em fogo médio, frite a cebola no azeite até dourar e acrescente o arroz e misture.

Adicione o sal e em seguida o espumante Deixe cozinhar por 3 minutos e despeje dois copos de água, leve ao fogo até ferver, baixe o fogo e tampe Cozinhe por 15 – 20 minutos ou até que a água seja reduzida Não tenha medo de deixar o arroz cozinhar por mais tempo até começar a grudar no fundo da panela.

Desligue o fogo e deixe esfriar por 2-3 minutos Transfira o arroz para uma tigela.

Paralelamente, numa frigideira em fogo médio, toste as amêndoas durante 1 minuto, virando Retire e coloque meia colher de sopa de azeite na frigideira e refogue o pimentão picado por 3 minutos Retire e reserve

Na tigela com arroz, adicione o pimentão, cranberry ou passas, damascos, amêndoas e salsa Misture muito bem

Sirva em uma tigela ou prato grande e coloque sobre a mesa. Desfrute dessa delícia com os seus pratos natalinos preferidos

ROLO FOLHADO de Bacalhau, Espinafres e Broa

Fotografias e receita de Célio Cruz

Militar de profissão, cozinheiro e fotógrafo por paixão Este é Célio Cruz, um Chef português que nos traz a deliciosa receita de Rolo de Bacalhau

Três mulheres foram sua inspiração e o guiaram pelos caminhos perfumados da cozinha: a mãe, a madrinha e a irmã, todas excelentes cozinheiras. Cozinhar e fotografar suas próprias receitas lhe dá uma unidade visual cheia de beleza e história

“Em Portugal, quando falamos em receitas salgadas para o Natal, é praticamente impossível não pensar no bacalhau. Ele é o rei da festa na maioria das mesas dos portugueses, nesta quadra natalícia Confeccionado das mais variadas formas, a receita mais típica e consensual, servida na na véspera de Natal

é simplesmente bacalhau cozido, com legumes e bem regado com azeite Mas há outras receitas, como o tradicional bacalhau com broa A broa de milho é um pão típico e muito tradicional em Portugal, que apresenta um miolo denso e uma casca espessa e estaladiça É feito com uma mistura de farinha de milho e trigo, ou farinha de milho, trigo e centeio, à qual se adiciona água e fermento

Peguei a tradicional receita de Bacalhau com Broa e decidi inovar, transformando-a num delicioso Rolo Folhado de Bacalhau, Espinafres e Broa Esta é uma forma de contornar as receitas mais tradicionais e assim criei uma receita diferente, muito simples e fácil de preparar, que agradará ao paladar de todos É a receita ideal para servir neste Natal!”

I N G R E D I E N T E S

500 g de bacalhau 400 g de broa de milho 20 g de coentros frescos

1 cebola Azeite

3 dentes de alho Sal Pimenta

400 ml de molho bechamel 150 g de espinafres 2 placas de massa folhada 1 ovo

E L A B O R A Ç Ã O

1 Leve uma panela ao fogo com os pedaços de bacalhau Cubra com água e deixe levantar fervura, deixando cozinhar por 5 minutos Descarte a pele e as espinhas do bacalhau, desfaça-o em lascas e reserve

2 Em um processador de alimentos coloque a broa em pedaços com os coentros Triture a broa durante alguns segundos e reserve.

3 Leve uma frigideira ao fogo com a cebola picada e um fio de azeite Deixe dourar e junte os dentes de alho picados Salteie mais um pouco.

4. Adicione as lascas de bacalhau, tempere com sal e pimenta e deixe cozinhar cerca de 5 minutos, mexendo ocasionalmente

5. Adicione a broa triturada ao bacalhau e envolva. Junte o molho bechamel e volte a envolver até formar uma pasta

6 Adicione os espinafres e envolva até que murchem Deixe esfriar por completo

7. Após o bacalhau estar frio, forme um rolo e envolva-o com uma das placas de massa folhada Corte a segunda placa de massa folhada em tiras com a mesma largura e sobreponha-as, formando um entrelaçado.

8 Pincele o rolo com ovo batido e leve ao forno pré-aquecido a 200 °C, durante cerca de 20 – 25 minutos

9. Retire o rolo folhado do forno e sirva com uma salada de folhas verdes e tomate.

Bolo Victoria Mulherzinhas

Fotografias e receita de Lucrecia Quesada

A fotógrafa gastronômica Lucrecia Quesada nos inspira com suas magníficas receitas de doces O seu acabamento primoroso, as suas texturas perfeitas falam-nos da sua experiência como confeiteira De Miami nos apaixonamos por suas fotografias e looks que tornam cada uma de suas criações irresistíveis.

Este bolo é inspirado na cena do último café da manhã de Natal do filme “Mulherzinhas” dirigido por Greta Gerwig Nessa cena, você pode observar uma mesa preparada com muita comida e sobremesas, incluindo um Bolo Victoria, o qual é um bolo muito clássico da época feito com geleia de baunilha e morango É uma cena bonita e impressionante, não apenas pelo significado daquela comida, mas devido a quão bem decorada a mesa está.

Quanto à nspirado na forma como os bolos eram elaborados no século XIX. Este é um bolo com sabores clássicos de Natal Tem canela, cravinho, noz-moscada, gengibre, mas também tem compota de morango A decoração é simples e elegante como as senhoras fariam naquela época.

I N G R E D I E N T E S

Para o bolo

330 g de manteiga em temperatura ambiente 300 g açúcar

6 ovos 230g de farinha

23 g fermento em pó

½ colher de sopa de sal

½ colher de sopa de canela

½ colher de chá de cravo

1 colher de chá de noz-moscada

1 colher de chá de gengibre em pó

180g de leite

½ colher de sopa de raspas de limão 100g de nozes

Para o buttercream

60g de farinha 250 g de açúcar refinado 400g de leite 350g de manteiga 1 colher de sopa de baunilha

Para a decoração

Mirtilos 1 clara de ovo Folhas de cipreste ou ramos de alecrim

Prepare 3 formas de 20 cm de diâmetro Unte com manteiga e coloque um círculo de papel manteiga no fundo de cada forma e depois forre as laterais com tiras do mesmo papel. Isso ajudará o bolo a sair mais fácil das formas Pré-aqueça o forno a 180 °C

Coloque todos os ingredientes secos em uma tigela grande e misture com uma colher até ficarem bem integrados

Coloque a manteiga no recipiente da batedeira e bata até ficar clara

Adicione o açúcar e bata mais um pouco até que se integrem

Adicione os ovos e bata por 1 minuto até a mistura espumar Esta etapa é muito importante para que o bolo tenha boa textura. Adicione todos os ingredientes secos à mistura de ovos e bata por 30 segundos até que estejam integrados Por fim, despeje o leite e misture por mais 30 segundos.

Divida a mistura em 3 partes e distribua nas formas por igual Asse por 25 minutos ou até inserir um palito e sair limpo Quando o bolo estiver assado, retire as formas do forno e deixe esfriar por 10 minutos, depois retire os bolos das formas e deixe esfriar sobre uma grade

Coloque a farinha, o açúcar, o sal e o leite em uma panela. Misture muito bem até que todos os pedaços de farinha desapareçam. Leve a panela ao fogo e cozinhe até ferver Esta etapa deve ser feita mexendo constantemente com um fouet para que a mistura não queime. Depois que começar a ferver, continue cozinhando por mais 2 minutos, até a mistura engrossar Assim que este pudim estiver pronto, despeje-o em um recipiente e cubra com filme plástico aderido ao pudim Isso é feito para que não se forme crosta ou condensação no pudim e para obter uma textura homogênea Deixe esfriar Coloque a manteiga na batedeira e bata até ficar clara Adicione o pudim de colher por colher de sopa e continue batendo Finalmente incorpore a baunilha e bata até que tudo esteja bem integrado, apenas alguns segundos.

Para decorar, faça alguns mirtilos glaceados. Para isso, coloque ¼ da clara em um recipiente pequeno e acrescente os mirtilos Gire constantemente o recipiente para que cada mirtilo fique muito bem coberto com a clara. Coloque em uma bandeja uma pequena cama de açúcar e coloque os mirtilos sobre ela Pulverize com mais açúcar e faça movimentos circulares até cobrir bem cada mirtilo.

Deixe descansar por pelo menos 2 horas para secar É melhor usar açúcar normal e não refinado, para ter boa textura

E L A B O R A
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1 2 3 4 5. 6 7. 8. 9 10. Para
buttercream 1 2 3 4.
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D E C O R A Ç Ã O D I C A S

Coloque uma camada de bolo em um prato. Cubra com um quinto do creme de manteiga, espalhe com ajuda de uma espátula Espalhe uma camada de geleia de morango.

Repita a operação mais duas vezes até acabar o bolo Cubra o bolo com o creme de manteiga restante, deixando-o o mais liso possível.

Decore com mirtilos e folhas de cipreste ou ramos de alecrim

Use folhas de cipreste ou alecrim orgânicas, lave e seque antes de decorar o bolo Pode ser preparado com um dia de antecedência e guardado na geladeira.

Sirva em temperatura ambiente. Se sobrar, fatie e embrulhe em filme plástico para mantê-lo fresco. Também pode ser congelado, utilizando sacos de plástico

Introdução Samira Rodrigues Receita e fotografias de Camila Seraceni
FLAN com calda de caramelo e pistaches DE CAFÉ

Convidamos a fotógrafa e food stylist Camila Seraceni a colaborar conosco nesta edição, onde ela preparou e disponibilizou essa receita delicada, de fácil preparo, que pode ser uma boa escolha para a sua sobremesa de Natal Camila é brasileira, mora em Itajaí, Santa Catarina, e tem uma linguagem única em suas fotografias, da qual se dedica há seis anos. De acordo com ela, essa é “uma receita deliciosa com toque sofisticado, perfeita para finalizar um almoço ou um jantar de Natal em grande estilo. Gelada, refrescante e cremosa, ela traz leveza e, ao mesmo tempo, intensidade ao paladar. É como se você pudesse em uma só colherada desfrutar de um doce com uma xícara de café.” Com ingredientes marcantes, essa sobremesa não passa despercebida em sua confraternização

I N G R E D I E N T E S

400 gramas de leite de amêndoas frio 55 gramas de açúcar 1,8 gramas de agar-agar / 1 colher de chá 125 gramas de café passado 200 gramas de leite de amêndoas quente 200 gramas de açúcar 15 gramas de manteiga comum ou vegana 100 gramas de pistaches

Pitada de sal

E L A B O R A Ç

à O

Para o flan: Em uma panela pequena, coloque o leite, o agar-agar e misture bem Adicione o açúcar e misture Leve ao fogo médio-alto e mexa até começar a ferver. Baixe o fogo, continue mexendo por 2 minutos Desligue o fogo, acrescente o café e misture Lave a parte interna de 3 ou 4 potinhos/ramequins, dependendo do tamanho que você escolher, com água filtrada, mas não seque o seu interior Isso facilitará desenformar os pudins depois. Coloque a mistura líquida nos potinhos e leve à geladeira por 1 hora para firmar

Para a calda de caramelo: Em uma panela média, coloque o açúcar e leve ao fogo médio. Deixe derreter até formar um caramelo dourado e liso Mexa ocasionalmente com uma espátula para não queimar, com cuidado para não cristalizar Desligue o fogo e acrescente o leite quente, mexendo bem, tomando cuidado, pois o leite pode borbulhar Adicione a manteiga e misture Deixe a calda esfriar na geladeira.

Para os pistaches: Pré-aqueça o forno a 180º. Coloque os pistaches em uma assadeira com uma pitada de sal Asse por 2 minutos Corte-os em pedaços pequenos.

Montagem: Desenforme os pudins e coloque-os em pratos pequenos Coloque a calda de caramelo por cima e decore com os pistaches. Sirva gelado.

Bebida quente LEITE DOURADO

Texto e fotografias de Sylvie Pabion

Esta bebida de cor dourada intensa e brilhante tem origem na Ayurveda, a antiga medicina tradicional da Índia Seus inúmeros benefícios a tornaram moda nos últimos anos e não é surpreendente, já que se diz que é antiinflamatória, analgésica e antioxidante. Pode ser tomado a qualquer hora do dia, pois não contém cafeína. Recomendamos antes de dormir, seus ingredientes ajudam a adormecer

I N G R E D I E N T E S

2 copos de leite vegetal ou de vaca orgânicos

1 colher de chá de açafrão

1 colher de chá de manteiga ghee ou óleo de coco

1/4 colher de chá de gengibre em pó

1/2 colher de chá de canela

Uma pitada de pimenta-preta

2 sementes de cravo

2 sementes de cardamomo

Mel ou xarope de agave

E L A B O R A Ç Ã O

Começamos derretendo a manteiga ghee ou o óleo de coco em uma panela. Em seguida adicionamos a cúrcuma e os demais temperos (canela, cravo, cardamomo, gengibre e pimenta) e por fim o leite de sua preferência. Deixe cozinhar cerca de 5 minutos para que o leite infunda bem Apagamos o fogo e coamos Adoçamos a gosto

Servimos e apreciamos o aroma e o sabor desta saborosa e reconfortante bebida

Adicionar pimenta ajuda na absorção e biodisponibilidade da curcumina presente no açafrão

No Ayurveda, é aconselhável adicionar mel quando a temperatura da bebida cair, pois com o calor perde propriedades e gera substâncias tóxicas

A cúrcuma não deve ser consumida se você tiver doença hepática, estiver tomando anticoagulantes ou estiver grávida

C u r i o s i d a d e s

Coquetel com álcool Tangerina

Texto e fotografias de Camila Macedo

I N G R E D I E N T E S

200ml de suco natural de tangerina coado 250ml vinho rosé seco gelado 1 colher de chá de essência de flor de laranjeira 40 ml de rum ouro 1 laranja para decorar Gelo a gosto

E L A B O R A Ç Ã O

Esprema o suco das tangerinas no espremedor e passe pelo coador Misture os outros ingredientes

Se desejar acrescente uma pedra de gelo e decore com a casca de laranja conforme instruções

D E C O R A Ç Ã O

Com um descascador, tire um pedaço da casca da laranja em posição vertical, indo do topo até a parte inferior Corte as laterais formando uma linha reta dos dois lados mais compridos. Nas extremidades faça um corte diagonal como na figura abaixo.

Torça as duas pontas para lados opostos para criar uma espécie de espiral Coloque na borda do copo ou dentro da bebida para decorar.

Jul's Kitchen

Cozinha

ESCOLA de NA TOSCANA

Texto e fotografias de Julianne Medeiros e Mónica Molina

Se existe uma região que nos faz sonhar na Itália é a Toscana. Suas suaves colinas verdes e ocres, seus vinhedos e ciprestes são um deleite para os olhos Se juntar a sua gastronomia a estas paisagens sublimes, terá um resultado que beira a perfeição

Com um destino tão atraente, sabíamos que esta região merecia um lugar de destaque na ABOUT e sem pensar muito, viajamos para Lano-Colle di Val d'Elsa entre Siena e Florença

Em Colle di Val d'Elsa descobrimos seu maravilhoso centro histórico localizado no topo de uma colina, que contrasta com a parte baixa muito mais moderna. Um lugar maravilhoso para se perder no meio da natureza e do campo

A 15 km de distância e no coração da zona rural da Toscana fica Lano, nosso destino era lá, a escola de culinária de Giulia Scarpaleggia e Tommaso Galli

Foi em 2009 que ela abriu seu blog de culinária, conta a própria Giulia durante um café O objetivo do blog era compartilhar pratos tradicionais da Toscana, seguindo fielmente as receitas de sua avó e sempre utilizando produtos típicos locais e sazonais

Em 2012 o blog (www julskitchen com) tornou-se o seu trabalho e um ano depois conheceu o Tommaso e, graças aos seus conhecimentos de comunicação digital, o blog tornou-se um projeto de vida partilhado

O trabalho de Giulia vai além do blog, até o momento, ela escreveu cinco livros de receitas, em 2019 ela ganhou o prestigiado prêmio de Melhor Blog de Cultura Alimentar @saveurmag Ela também tem um podcast e uma newsletter

Porém, para quem busca uma imersão total na culinária toscana, existe uma escola que oferece um leque de possibilidades Entre as oficinas, você pode escolher entre: Market to Table Cooking Class, que inclui a escapada e compras no mercado local ou a Tuscan Country Cooking Class, onde você cozinha diretamente com produtos locais e sazonais Se você procura algo diferente, ela se adapta

É uma experiência única em que Giulia vai te ensinar a preparar um cardápio com entrada, prato principal e sobremesa, um cardápio completo Depois do preparo vem o bom, a degustação dos pratos com esse casal profissional e charmoso.

Cozinhamos Pici cacio et peppe, uma massa que confeccionamos à mão acompanhada por um molho de queijo pecorino romano e pimenta-preta É um prato incluído no que se chama de cucina povera ou cozinha pobre A filosofia destes pratos: obter o máximo sabor com poucos ingredientes São pratos muito simples, mas muito saborosos

Resumindo, uma aula supercompleta, cheia de truques para alcançar o sucesso Você quer conhecer alguém? Bem, aqui vai uma: passe os grãos de pimenta-doreino pela panela antes de moê-los à mão com o almofariz Desta forma é possível extrair mais aroma da pimenta. Anote!

Após curtir aquela bela experiência e antes de seguir viagem para Florença, resolvemos diminuir a refeição dando um passeio pela Diane Lane sob o sol da Toscana. Apesar de nos ter apanhado no inverno, o tempo estava bom e é a cereja do bolo para um dia perfeito se você visitar a Toscana ou tiver a sorte de viver por perto, recomendamos

@julskitchen @tommyonweb www.julskitchen.com

ECHAURREN

A S D U A S E S T R E L A S D E E Z C A R A Y

Texto

e fotografias cedidas pelo Echaurren

O HOTEL ECHAURREN E SUA HISTÓRIA

Em 1898, Pedro Echaurren e Andrea García decidiram remodelar a sua antiga casa dos correios que servia de paragem e abastecimento de carruagens A chegada iminente da estrada-de-ferro os obrigou a antecipar o futuro, a reorientar os seus negócios e onde antes ficavam as cavalariças e as carruagens, decidiram montar uma sala de jantar, aproveitando as virtudes culinárias da tia Andrea. Com eles começava uma tradição gastronômica e hoteleira que durou cinco gerações

Já os filhos Francis, José Félix e Marisa, a quinta geração da família, abordam a transição para o século XXI, alargando a oferta gastronômica e experiencial do estabelecimento Além do hotel recentemente renovado e do restaurante Echaurren Tradición, o negócio familiar inclui o bistrô El Cuartito, o gastrobar e-Tapas e um restaurante de cozinha de autor, o El Portal, o primeiro restaurante a receber uma estrela Michelin da história da Comunidade de La Rioja Desde novembro de 2013 detém duas estrelas Michelin, o que o coloca entre os melhores restaurantes gastronômicos da Espanha

ECHAURREN TRADICIÓN

A origem da casa

“Echaurren Tradición faz parte da história da cozinha tradicional riojana e esse mérito pertence à nossa mãe, Marisa Sánchez. Ela soube reunir e transmitir para a ementa deste restaurante um conjunto de receitas inesquecíveis, que representam o melhor legado que uma mãe pode deixar aos seus filhos Os croquetes, a caldeirada de grão-de-bico, o feijão, o puré ou a caldeirada de legumes, a sopa de peixe, as pernas de borrego, as almôndegas ou o borrego em molho fazem voltar sempre um grande número de fiéis clientes à sua cozinha de sabor e memória

Atualmente, o cardápio do restaurante Echaurren Tradición é alimentado por todas aquelas receitas inesquecíveis que acabamos de mencionar, mas também alguns pratos do nosso restaurante El Portal, que se misturam naturalmente com os clássicos do livro de receitas da nossa mãe Isso nos permitiu fazer receitas duradouras que nasceram como vanguarda, mas conseguiram se consolidar Só chegarão ao nosso restaurante Tradición os pratos que merecem a honra e o direito de se tornarem clássicos e constarem do cardápio do Echaurren.”

O PORTAL DE ECHAURREN

A cozinha criativa de Echaurren

“Em 2001 a cozinha criativa de Echaurren já havia conquistado um nicho importante na estrutura da casa Foi então que pensamos em criar um novo elemento para dar forma às nossas inquietações e assim, em 2002, nasceu El Portal de Echaurren Nos seus primórdios, locais e estrangeiros tiveram de ser convencidos de que o El Portal não era apenas um sonho de juventude, mas que vinha complementar uma magnífica oferta gastronômica no próprio hotel Tinha de ser um espaço novo, à sombra do mesmo edifício que alberga o Echaurren Tradición e pensado por e para saborear a cozinha mais criativa.”

Um espaço ambicioso onde Francis Paniego poderia liberar sua criatividade A aposta em uma pequena cidade de apenas 2.000 habitantes não foi fácil, mas hoje se orgulha de ter sido o primeiro restaurante da história de La Rioja a obter uma estrela Michelin Em novembro de 2012, Francis ganhou, 25 anos depois de sua mãe, o prestigioso Prêmio Nacional de Gastronomia de Melhor Chef e em novembro de 2013, voltou a quebrar o teto de vidro da comunidade riojana ao obter a segunda estrela Michelin para o restaurante.

Casqueria Seso Lacado imitando um fígado de pato

@somos_echaurren @francispaniego www.echaurren.com
Sobremesa Cameritos

Francis Paniego Sánchez

Nascido em 1968, formou-se nos melhores restaurantes do nosso país, mas sempre manteve uma relação estreita com a cozinha tradicional e os produtos da sua terra, La Rioja

Francis se orgulha de ter recebido suas primeiras influências e seu DNA de chef de sua mãe, Marisa Sánchez, uma referência da boa cozinha tradicional riojana Seguramente influenciados por esta vontade de mergulhar na tradição, os seus últimos trabalhos pretendem evidenciar e atualizar a tradição mais profunda da região

Francis dirige as cozinhas dos restaurantes El Portal de Echaurren, (duas estrelas Michelin e três sóis Repsol) e Echaurren Tradición (um sol Repsol) Ambos estão no Hotel Echaurren, uma empresa familiar há 5 gerações, recentemente remodelado e associado ao clube de qualidade Relais & Chateaux, na bela cidade de Ezcaray

Ele também é responsável pela consultoria gastronômica do Hotel Marqués de Riscal em Elciego (Álava), onde obteve uma estrela Michelin em 2012 E desde 2019 também assessora o Hotel Hermitage em Andorra, onde obteve a primeira estrela Michelin na edição de 2022, a primeira também para o pequeno país dos Pirenéus após 18 anos

Francis, Marisa, Cheffe Paniego Cogumelos em conserva

RECONHECIMENTOS

Prêmio Nacional de Gastronomia ao Melhor Chef de Cozinha da Espanha em 2011, pela Academia Espanhola de Gastronomia.

Duas Estrelas Michelin no restaurante El Portal de Echaurren

Uma Estrela Michelin no restaurante Marqués de Riscal.

Uma Estrela Michelin no restaurante Ibaya de Andorra.

Prêmio ao Chef de L’Avenir 2015 pela Academia Internacional de Gastronomia.

Batatas à moda da Riojana ECHAURREN-Gastrobar ECHAURREN-Terraza Espaço de eventos da Arboleda del Sur Rusos

RESTAURANTE Salmuera

A m s t e r d ã , H o l a n d a

De pratos tradicionais a saborosas fusões, Salmuera oferece uma experiência que abraça a essência da cozinha latino-americana e seus ingredientes, além de ser a primeira mezcaleria de Amsterdam!

O Restaurante nasceu em 2015, fundado por 2 irmãos, Vincent e Thomas, com suas origens argentinas por parte de pai. Eles foram influenciados pelos assados que aconteciam na casa da família nas Pipinas e a paixão pela comida latino-americana

COZINHA, TRADUZIMOS NOSSAS HISTÓRIAS E MOMENTOS PRECIOSOS EM PRATOS CHEIOS DE SABOR E QUALIDADE.” (THOMAS)

Por quase 500 anos, a América Latina é um caldeirão de culturas, raças, religiões e, acima de tudo, culinárias É o lar de crioulos, mestiços e imigrantes descendentes de espanhóis, italianos, portugueses, africanos e asiáticos todos unidos como latinos

Fotografias de Silja summanen Bebidas de Martin Eisma Pratos de Yuri Noordenbos e texto de Camila Macedo
“NA

“COMPARTILHAR NOSSA HERANÇA CULTURAL POR MEIO DA COMIDA É UMA NECESSIDADE VITAL.”

(VINCENT)

Apesar de sua herança argentina, não havia fronteiras para Sal Inspirado nas escuras praças de bairros mexicanos e no romantismo rústico da Argentina, Salmuera reside em um belo edifício histórico em Amsterdam, datado de 1600, com dois andares, um pátio aconchegante e a primeira mezcaleria da cidade!

O local costumava ser a casa e a taverna de um ícone da bebida holandesa na Era de Ouro: Lucas Bols Tomar uma bebida neste bar é o mesmo há mais de 300 anos nos últimos tempos, com mais mezcal. O balcão de bar original e o piso ficam sob o olhar atento do espírito do velho Lucas!

O tesouro de conhecimento, histórias e garrafas do Salmuera se expandiu para uma das maiores coleções da Europa Aqui o cliente pode explorar as muitas faces do mezcal dos terroirs de Oaxaca a solos mais incomuns e descobrir como ele se manifesta em diferentes agaves.

Além do mezcal, também há uma seleção de bebidas mexicanas mais desconhecidas e raras, como a raicilla e o sotol.

Para ajudar o consumidor a desvendar as maravilhas do mezcal, há uma combinação especial de mezcal disponível para cada prato desde as primeiras mordidas até os belos cortes nobres servidos no restaurante

www.sal-amsterdam.nl @sal ams
COQUETEL BAR Mother T o r o n t o , C a n a d á Entrevista de Marta Sarrate Fotografías de Mother

A arte da mixologia em forma de copo: uma história contada através do paladar

O mundo dos coquetéis deixou de ser um pano de fundo para se tornar a última tendência, não só nos bares e bares de coquetéis, mas também nos restaurantes Um coquetel deixou de ser uma simples bebida, uma mistura de diversos ingredientes, para se tornar uma experiência sensorial repleta de aromas, sabores, texturas e cores Cada coquetel é uma obra de arte, por trás de cada taça existe muita técnica, trabalho e criatividade.

Hoje viajamos até o centro de Toronto, abrimos as portas Que comece a magia!

Conversamos com Massimo Zitti, bartender e coproprietário do Mother Cocktail Bar,

Apresente-nos ao Mother bar, quanta energia e paixão há por trás deste projeto?

Ótima pergunta! A energia é literalmente tudo, e acredite em mim quando digo que realmente precisávamos dela, especialmente durante os momentos mais sombrios que nossa indústria passou. A energia sempre vem da mentalidade e sua própria energia positiva (ou negativa) sempre é refletida pelas pessoas ao seu redor Tínhamos muita energia quando começamos, mas temos muito mais agora que encontramos nossa natureza. É um processo que nós realmente gostamos

Todo grande projeto requer uma grande equipe para fazê-lo funcionar. Quem está por trás do bar Mother?

Todo mundo está atrás do Mother Como sempre digo a todos os meus colegas, cada departamento é essencial para a máquina girar. Do investidor, passando pelo capitão, até a nova pessoa, TODOS SÃO IMPORTANTES Não há segredos, apenas muito trabalho, respeito e dedicação

Um bom bartender nasce ou se faz?

Um bom bartender são ambos Você nasce com uma queda pelas coisas que gosta de fazer e vai subindo A cada turno Crie, complete, repita Muito mais fácil dizer do que fazer, mas isso é um bom bartender aos meus olhos

Massimo, dê-nos a honra de nos apresentar o menu de coquetéis.

Todo o cardápio é baseado na vida de um organismo Quando abrimos, nossa primeira inspiração foi o TEMPO, já que o tempo é a primeira coisa que enfrentamos. Então o menu atual é chamado de Conexões, pois imagino ser a segunda coisa que enfrentamos quando nascemos Nos conectamos com as pessoas, os sentidos e muito mais. A terceira é muito mais baseada em pensamentos internos No momento, as seções são baseadas em:

Memórias de Sabores, onde cada um da equipe deu um mapa de ingredientes e sabores que lembram da infância

Diversidade Realmente focada em refletir a diversidade de nossa equipe, da Coreia ao Canadá, do Japão, à Europa, do México e às Filipinas. É por isso que amo tanto Toronto!

Por último, mas não menos importante, a nossa secção Simbiose, na qual todos os meses damos três ingredientes baseados no nosso ambiente visando criar sempre algo diferente para os nossos hóspedes Esta é, na minha opinião, A MELHOR seção, pois realmente mostra a criatividade de nossa equipe.

O que um coquetel precisa ter para ser perfeito?

Eu realmente acredito que não se trata do Coquetel, mas sim da felicidade Somos anfitriões e criadores de experiências e noites alheias

A bebida é fundamental para mostrar o que, tecnicamente, conseguimos fazer e, claro, a boa arte é sempre respeitada, mas um bartender arrogante não pode fazer um coquetel perfeito, o sorriso, sim.

Conte-nos sobre os clientes do Mother bar, eles sabem o que querem ou estão dispostos a ser surpreendidos?

Os frequentadores do Mother são em sua maioria ótimos, eles entendem o ambiente e o lugar em que estão, mas nem sempre Dito isto, estamos aqui para criar e educar quem quer ser educado Além disso, no mundo de hoje os clientes têm muito mais poder do que antes, o que, na minha opinião, é uma coisa boa, então se você quer estar no “mundo do atendimento ao cliente” algo em que você definitivamente tem que ser bom é na educação!

A indicação do bartender é fundamental para que o cliente se sinta estimulado a experimentar novos sabores. Qual é o seu coquetel favorito? E aquele que você mais gosta de preparar?

Meu coquetel favorito é o NEXT Sempre gosto de tratar nossos clientes regulares com coisas em que estamos trabalhando e novos clientes com bebidas das quais temos muito orgulho, como nossa Piña Colada, Claire De Lune, Honey + e muito mais

Em 2022 o Mother alcançou a posição 38 na lista dos 50 melhores bares da América do Norte e 17 na lista dos 50 melhores bares do Canadá, para que servem esses reconhecimentos? O ranking, querido ranking Tantos pensamentos bons e ruins sobre ele Colocarei desta forma: ser classificado é ótimo, pois o torna parte de uma comunidade de GRANDES PROFISSIONAIS que inspiram você e seus colegas de equipe. Também não acho que a classificação deve entrar em conflito ou mudar sua filosofia Muitas grandes empresas por aí não estão classificadas e estão indo muito bem Sua comunicação é a chave e seu envolvimento com sua própria comunidade o tornará conhecido.

Si quieres reservar o conocer más de Mother bar: reservations@motherdrinks co https://motherdrinks.co/ https://www.instagram.com/mothercocktailbar/ https://www facebook com/MotherCocktailBar

SANTIAGO ORTIZ JÁCOME

O S A M U R A I D A C O Q U E T E L A R I A

Texto cedido por Santiago Ortiz Jácome fotografias de Jullianne Medeiros

Santiago Ortiz Jácome (34 anos, Barcelona) tem 13 anos de carreira atrás de um balcão de bar O seu interesse pelos coquetéis surgiu por acaso, quando começou a aliar os seus estudos em design gráfico e moda com aquelas que seriam as suas primeiras experiências como bartender Em Ibiza conheceu aquele que seria seu professor, um japonês com quem aprendeu a preparar coquetéis com a calma e harmoniosa arte de um sushiman Foi então que decidiu iniciar a formação profissional na arte da coquetelaria e começou a viajar para conhecer diferentes cidades e países visando crescer cultural e profissionalmente Isso o levou a trabalhar nos melhores clubes de Nova York, Paris ou Amsterdã, até que decidiu retornar a Barcelona e aplicar toda a sua experiência em seu próprio projeto

Sua filosofia: gerar experiências inesquecíveis através de cada uma de suas criações.

Santi Ortiz passou anos colaborando para diferentes marcas no setor de coquetéis. Ele oferece não apenas sua imagem moderna, cuidada e atual, mas também seus valiosos conhecimentos de design gráfico, fotografia e geração de conteúdo, além de um interessante portfólio de seguidores e contatos para bartenders, distribuidores e donos de restaurantes

Santi dirige atualmente o KYOUDAY33, um conceito próprio em que funde um bom café e uma carta de coquetéis diferente e original Faz parte da equipe de gestão do bar Bad Company 1920, Love company en Madrid e do Lilith&Sons em Barcelona . Por outro lado, oferece master classes de produtos e escultura profissional em gelo para bartenders

L I L I T H & S O N S

U M L U G A R P A R A I R , A L É M D E B E B E R

Calle del Fontrodona, 23 Barcelona

Texto cedido por Lilith & Sons fotografias de Jullianne Medeiros

Lilith & Sons, idealizado por três velhos amigos e companheiros de profissão que se reencontraram no espaço-tempo para iniciar o projeto de suas vidas, abre suas portas como um bar de coquetéis de assinatura, com um pequeno cardápio slow street food bem apresentado Combinando coquetéis criativos com a paixão pelos clássicos e as suas reinterpretações, pretendem oferecer um novo espaço onde possam experimentar os seus sentidos

A construção deste prisma, e o posterior desenvolvimento, torna o L&S, além de um bar inovador, atrativo e “trendy”, um espaço polivalente onde ocorrem uma variedade de eventos temáticos com diferentes estilos musicais, pequenos concertos acústicos, stand-up shows, exposições de arte e pintura ao vivo, lojas de roupa

Tomando como bandeira conceitos como irreverência, atrevimento, transparência e empoderamento pessoal, o objetivo de longo prazo do L&S é criar, reunindo seus familiares, amigos e clientes, uma comunidade de pessoas liberais, modernas e ativas na vida de Barcelona que buscam fazer e experimentar as coisas de um ângulo diferente:

“Community over competition” ou o que é o mesmo, a comunidade é mais forte que a competição

Um refúgio para pessoas inquietas, pessoas de mente aberta, interessadas no mundo das artes gráficas, da música, da moda, da cultura street e underground, da cultura da tatuagem.

O bar tem uma presença audiovisual muito cuidada e significativa, onde o mesmo cliente recebe toda a sua atitude e sente os seus valores durante a sua experiência no bar, para além de ter toda a informação atualizada através do contato via redes sociais onde são muito ativos.

A C A R T A D A N O V A T E M P O R A D A D E L I L I T H & S O N S É U M A H O M E N A G E M A M U L H E R E S I M P O R T A N T E S D A H I S T Ó R I A D A M E D I C I N A P E R S O N A G E N S P O U C O C O N H E C I D O S , M A S Q U E F O R A M D E E X T R E M A I M P O R T Â N C I A E S T E É U M Ó T I M O M O T I V O P A R A V I S I T A R O L O C A L E C O N H E C E R S U A S H I S T Ó R I A S

Bar de drinks Madame Geneva

B e l o H o r i z o n t e , B r a s i l

Fotografias dos drinks cedidas por Madame Geneva Texto e fotografia de interiores de Samira Rodrigues

Madame Geneva é um bar localizado no bairro Luxemburgo, na cidade de Belo Horizonte O bairro é pouco conhecido por sua vida boêmia, mas foi o local escolhido por Isabel Leite, sua idealizadora, aproveitando um espaço anexo e que não estava sendo utilizado na propriedade de sua mãe.

Isabel, que é pós-doutora em história, não escolheu o nome do bar de forma aleatória Em suas pesquisas, descobriu que o nome Geneva vem da palavra “jenever”, uma bebida criada na Holanda em meados do século XVI, que tem em sua base o zimbro. Na Inglaterra, no período conhecido como “febre do gim”, por volta do século XVIII, surgiu uma figura mítica chamada Madame Geneva A essa mulher atribuía-se a responsabilidade pela decadência e o comportamento excessivo daqueles que consumiam a bebida exageradamente

Como o bar tem o gim como o destilado de destaque em seus drinks, ela resolveu ressignificar essa imagem deteriorada da Madame Geneva, vinculando a ela momentos prazerosos de compartilhamento e alegria Foi assim que surgiram os nomes dos drinks de maior destaque, sendo eles o Meretriz, um drink Sour de cachaça com toque herbal da Amarogutta uma mistura nacional de 19 ervas infusionadas. O Bailarina que leva filetes especiais de morangos frescos, acompanhados de Gim Beefeater Pink e finalizado com soda de limão e um toque de limão siciliano

O Esclarecida, um drink composto pela fusão de Whisky, Vermute rosso, licor de tamarindo e Angostura Esses e outros drinks fazem parte da carta criada pela reconhecida mixologista Jezebel (Cibele Guimarães).

O bar possui um ambiente acolhedor, uma decoração marcante e intimista, que faz referência aos antigos cabarés, assinada pelo arquiteto Cristiano Sá Motta Conta com espaços como o bar, o living room, o salão das Madames e um teatro de bolso que serve de espaço para pequenas apresentações e eventos. Também possui um cardápio mais enxuto com opções de acompanhamentos que se harmonizam com os drinks. Um local perfeito para tomar bons drinks, sem pressa e ao lado de boas companhias

Se você deseja reservar ou saber mais sobre o Madame Geneva: @madamegeneva

Efeito

Texto e fotografias

de Sylvie Pabion e Zaclis Veiga

A falta de tempo, seu sabor suculento, sua embalagem marcante e sua acessibilidade colocaram os alimentos ultraprocessados em um lugar importante nos armários e geladeiras de muitas cozinhas.

RETRATO DE UM ULTRAPROCESSADO

Para diferenciar um produto ultraprocessado de um produto saudável, a Universidade de São Paulo criou a escala Nova com quatro níveis: o primeiro nível inclui alimentos in natura ou minimamente processados, como a maçã; no segundo nível estão os ingredientes como sal, açúcar, vinagre, etc ; no terceiro nível encontramos os processados com os ingredientes do nível dois, como peixes enlatados ou defumados e, por último, o quarto nível onde se encontram os ultraprocessados, sendo aqueles que contém mais de cinco ingredientes e passaram por processos como hidrogenação Eis os vilões desta história: os pastéis, os embutidos, os preparados A nossa alimentação deve basear-se nos primeiros e consumir os segundos esporadicamente.

Se você ainda tem dúvidas, para saber se o que come se trata de um produto ultraprocessado, vire-o, olhe o rótulo e verifique se estes requisitos são atendidos:

- Abundância de açúcar adicionado Às vezes, o açúcar está escondido sob nomes como glicose, frutose, xaropes, dextrose, etc

- Contêm ainda uma elevada quantidade de sal utilizado como conservante, tornando os alimentos mais saborosos e palatáveis

- Contêm gorduras hidrogenadas ou trans que foram submetidas a altas temperaturas e pressões para realçar o sabor e prolongar a durabilidade dos produtos.

- Farinhas e óleos refinados submetidos a processos nos quais são eliminadas fibras, vitaminas e minerais.

- Alto teor de calorias normalmente vazias, ou seja, são calóricas e não fornecem nutrientes essenciais. Assim como outras substâncias viciantes, quando consumimos esses alimentos ricos em gordura, sal e açúcar, nosso cérebro libera dopamina e sentimos prazer, daí o problema, ficamos viciados neles, gerando dependência

EXEMPLOS A SEGUIR

Nos Estados Unidos, o FDA estabeleceu critérios científicos que devem ser usados para rotular um alimento como saudável Entre essas medidas está o fato de não poderem ultrapassar certos limites quanto à quantidade de sal, açúcar adicionado ou gordura saturada Por exemplo, o limite de sal é de 10% da ingestão diária recomendada Como a ingestão diária máxima é de 2300 mg, o produto não pode conter mais de 230 mg por porção São medidas que ajudarão os consumidores a tomar melhores decisões

É difícil controlar tudo o que comemos e a obsessão também não é saudável O ideal é que ao menos 80% do que consumimos seja saudável e possamos ter uma exceção ocasionalmente

CONSEQUÊNCIAS DO EXCESSO

O consumo regular de alimentos ultraprocessados pode causar grandes estragos à nossa saúde, pois aumentam o risco de doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes mellitus tipo 2 e diversos tipos de câncer Quanto mais saudável for a nossa dieta, menor a probabilidade de desenvolvermos essas doenças.

ALÉM DA SAÚDE, O MEIO AMBIENTE

Os ultraprocessados são um atentado à nossa saúde e ao planeta Quem não encontrou uma lata de refrigerante no campo ou um saco de salgadinhos na praia? É algo habitual A contaminação causada por todos esses recipientes que jogamos fora é uma verdadeira ameaça global. Para colocar em números, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a cada ano cerca de 8 milhões de toneladas de plástico são despejadas no oceano, equivalente a despejar um caminhão de lixo a cada minuto A porcentagem de plástico que acaba no mar é preocupante, se não desacelerarmos, até o ano de 2050 poderá haver mais plástico nos oceanos do que peixes. Nós da About, aplaudimos iniciativas como a campanha #DesnudaLaFruta que foi realizada na Espanha, que deixou claro que por mais conveniente e prático que seja laminar e embalar frutas e legumes, muitas vezes beiram o absurdo e até prejudicam a matéria-prima Encorajamos você a refletir na próxima vez que colocar uma bandeja de isopor com bananas plastificadas na cesta Tem sentido?

Até onde conseguimos chegar?

RECOMENDAÇÕES

Para que a compra não se torne uma tortura, apresentamos algumas dicas simples e benéficas tanto para a saúde quanto para o planeta:

Quando um alimento não tem rótulo de ingrediente, é um bom sinal É um alimento não modificado. Você pode colocá-lo com segurança na cesta. Seria o caso de uma maçã ou abacate, por exemplo Luz verde!

Se detectarmos mais de 4 ou 5 ingredientes no rótulo e você não entender um deles, desconfie, é melhor procurar uma alternativa

Lembre-se que o açúcar pode ser disfarçado com outros nomes. Para tirar dúvidas, o melhor é olhar a quantidade de açúcar que tem por 100 gramas ou porção Como regra geral, um alimento é considerado rico em açúcar quando excede 5 gramas por 100 gramas, no caso de sólidos, ou 2,5 gramas por 100 ml, no caso de líquidos

Sempre que possível, opte por comprar a granel, embalagens de papel ou madeira em vez de embalagens de plástico, ou de poliestireno.

Não se trata apenas de viver muitos anos, queremos que você, nosso leitor, tenha uma boa qualidade de vida para aproveitá-la até o fim e por isso devemos estar atentos ao que ingerimos

CONCURSO Três packs perfeitos para os amantes da fotografia e da boa gastronomia. Participe e comece o ano com boa energia e motivação! 3Lotes REQUISITOS Seguir @oberonlibros Seguir @ydbackdrops Seguir @fodory Seguir a @theaboutmagazine y etiquetar a dos personas que puedan estar interesadas. Muito simples, você só precisa: Las Recetas de Koldo Royo. Foodie. El festín de la fotografía y el estilismo gastronómico de Raquel Carmona Ticket presente 25€ no ydbackdrops Ticket presente no Fodory Las Recetas de Koldo Royo. Foodie. El festín de la fotografía y el estilismo gastronómico de Raquel Carmona Ticket presente em Fodory 2 LOTES SILVER 1 LOTE GOLD *Pode consultar as bases legais em theaboutmagazine.com Fiquem muito atentos ao nosso perfil do Instagram, lá podemos mais informações.

GALERIA3D 3D 3D a r t e v i v o

Na ABOUT gostamos de alargar os nossos horizontes e lhe oferecer novidades a cada edição. Nesta ocasião, temos o prazer de apresentar a exposição 3D das melhores fotografias desta edição de forma a valorizar a qualidade e o trabalho das nossas fotografias e dos nossos artistas convidados.

É uma galeria virtual onde você pode encontrar informações valiosas e ver cada obra em detalhes Como sempre, procuramos fazer de você parte da nossa paixão, a fotografia! A sua inauguração terá lugar no final de Dezembro. Quer saber como acessá-lo? Basta clicar no seguinte link e será um dos primeiros a passar pelas suas portas (virtuais) Nós esperamos por você!

Este projeto é feito em colaboração com Sergi Marcó Uriarte.

Sergi Marcó Uriarte, arquiteto e 3D Designer sergimarcouriarte@gmail.com www. sg-digital.cat

About us @ g Diretora de arte @sylviepabionmartin PABION MARTÍN @memoriasdeunames MEDEIROS Diretora-chefe @ ll d MÓNICA MOLINA Chefe de redação @monicamolina.photos SARRATE Chefe de redação @makea3

Número 3 – Dezembro 2022 Espanha - Brasil - Canadá - França

Diretora: Jullianne Medeiros

Equipe Editorial: Ana Cristina Jurado, Marta Sarrate, Mónica Molina, Samira Rodrigues, Sylvie Pabion Martín, Zaclis Veiga Participação especial de Camila Macedo Redatora Chefe: Marta Sarrate e Mónica Molina

Projeto Editorial: Ana Cristina Jurado, Marta Sarrate, Mónica Molina, Samira Rodrigues, Sylvie Pabion Martín

Diretora de arte: Sylvie Pabion Martín Disenho: Sylvie Pabion Martín, Jullianne Medeiros, Mónica Molina e Samira Rodrigues

Publicidade: Ana Cristina Jurado, Jullianne Medeiros, Samira Rodrigues, Sylvie Pabion Martín Fotografia de capa: Ana Cristina Jurado Revisão espanhol: Ana Cristina Jurado e Marta Sarrate Tradução Português: Camila Macedo, Jullianne Medeiros, Samira Rodrigues e Zaclis Veiga Tradução inglês: Marta Sarrate, Camila Macedo e Rebekah E. Henderson Revisão em inglês: Rebekah E. Henderson e Vaya Zata

Contribuíram para esta edição: Camila Macedo, Sandra Jiménez, Kit King, Danny Bittencourt, Stella Andronikou, Lili Fujiy, Aimee Twigger, Zaira Zarotti, José Iskandar, Célio Cruz, Lucrecia Quesada, Camila Seraceni, Giulia Scarpaleggia y Tommaso Gaslli de Julskitchen, Rebekah E. Henderson, Yessica Duque (YDBackdrops), Diego Mejía, Fernanda Vilela, Scarleth Josohamy, Erika Vanessa Garcia Becerra, Eduardo Krajan, Fodory, Duralex, Voilà, Cadivó Garimpo Afetivo, Restaurante Echaurren - Ezcaray, Restaurante Salmuera, Mother Cocktail Bar, Santiago Ortiz, Lilith&Sons, Madame Geneva, Oberon Libros e Curadoria de Ideas. Exposição 3D: Sergi Marcó Uriarte *Agradecemos a todos os colaboradores que tornaram esta edição da Revista ABOUT tão especial Contato: info@theaboutmagazine.com ISBN: 9798356006128

About é uma publicação eletrônica trimestral da The About Magazine, com sede no Brasil, Canadá, Espanha e França. A revista é traduzida para o espanhol, português e inglês. A revista não se responsabiliza pelos conceitos expressos nos artigos assinados Somente pessoas autorizadas por escrito pela administração da About Magazine podem falar em nome da publicação É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo desta revista sem a autorização expressa da equipe editorial.

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