Terra Boa Agronegócios - Ed 13 Mai/Jun 2014 - Projeto Adir e Parceiros

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agronegócios ano 3 | edição 13 | Maio /Junho 2014

Projeto Adir e Parceiros Fazenda Nova Piratininga

Tradição A Queima do Alho de Nova Resende

Especial ExpoZebu 80 anos em fatos e fotos

Pecuária O bom momento da raça Sindi


LEILÕES OFICIAIS NELORE: um grande negócio para quem vende, melhor ainda para quem compra.

6º LEILÃO GENÉTICA BALUARTE 01 DE JUNHO – 13H – CANAL RURAL

52º LEILÃO NELORE MOCHO CV

FAZENDA BALUARTE

14 DE JUNHO – 14H – CANAL DO BOI

LAGOA DOS PATOS/MG

CARLOS VIACAVA

(37) 2101-5566

SINOP/MT (11) 3168-8001

7º LEILÃO VIRTUAL ELITE CARPA DE PRENHEZES E DOADORAS 02 DE JUNHO – 21H – CANAL RURAL VIRTUAL

I LEILÃO EAO MÃES DE OURO

(16) 3987-9003

16 DE JUNHO – 21H – CANAL RURAL

CARPA SERRANA

EAO EMPREENDIMENTOS VIRTUAL C/ PONTO DE ENCONTRO

LEILÃO SABIÁ SUPER SPECIAL PRENHEZES

SALVADOR/BA (71) 2107-6169

06 DE JUNHO – 20H – CANAL RURAL FAZENDA DO SABIÁ CAPITÓLIO/MG (31) 3281-5255 / 8791-4561

LEILÃO BRUMADO 21 DE JUNHO – 13H – CANAL RURAL

LEILÃO DA SABIÁ

ANTONIO JOSÉ PRATA CARVALHO E

07 DE JUNHO – 12H30 – CANAL RURAL

JOSÉ RUBENS CARVALHO

FAZENDA DO SABIÁ, FAZENDA MATA VELHA

BARRETOS/SP

E FAZENDA TERRA BOA

(17) 3322-0166 / 3329-1188

CAPITÓLIO/MG (31) 3281-5255 / 8791-4561

LEILÃO DE PRODUÇÃO NELORE CS EDIÇÃO 2014

LEILÃO MONTE VERDE 30 ANOS

08 DE JUNHO – 14H – CANAL RURAL

26 DE JUNHO – 21H – CANAL RURAL

CLÁUDIO TOTÓ GARCIA DE SOUZA

GRUPO MONTE VERDE

TRÊS LAGOAS/MS

VIRTUAL

(67) 3521-2347

(34) 9676-8700 / (34) 9676-9100


LEILÃO TOUROS TERRA BOA

LEILÃO CAMARGO

06 DE JULHO – 14H – CANAL RURAL

04 DE AGOSTO – 20H – CANAL RURAL

JOSE LUIZ NIEMEYER DOS SANTOS E

GRUPO CAMARGO

OUTRO – FAZENDA TERRA BOA

CUIABÁ/MT

GUARARAPES – SP

(65) 3642-6396

(18) 3606-1132

53º LEILÃO NELORE MOCHO CV 27 DE JULHO – 13H – CANAL DO BOI

12º LEILÃO VIRTUAL FAZENDA VALÔNIA

CARLOS VIACAVA

21 DE AGOSTO – 21H – CANAL RURAL

PAULíNIA/SP

JOÃO AGUIAR ALVAREZ

(11) 3168-8001

VIRTUAL (14) 3532-6158 / (43) 3373-7077

GUADALUPE EAO LEILÃO 2014

LEILÃO GUADALUPE & EAO PRENHEZES 01 DE AGOSTO – 20H – CANAL RURAL

35º LEILÃO ANUAL CARPA

FAZENDA GUADALUPE E EAO

23 DE AGOSTO – 14H – CANAL RURAL

SANTO ANTONIO DO ARACANGUÁ/SP

CARPA SERRANA

(18) 3303-7200

SERRANA/SP (16) 3987-9003

GUADALUPE EAO LEILÃO 2014

LEILÃO GUADALUPE & EAO PRENHEZES E ANIMAIS 02 DE AGOSTO – 13H – CANAL RURAL FAZENDA GUADALUPE E EAO SANTO ANTONIO DO ARACANGUÁ/SP (18) 3303-7200

GUADALUPE EAO LEILÃO 2014

LEILÃO GUADALUPE & EAO TOUROS 03 DE AGOSTO – 13H – CANAL RURAL FAZENDA GUADALUPE E EAO

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EXPEDIENTE EXPEDIENTE

Terra Boa Agronegócios é uma publicação bimestral da Editora Doce Mar ano 3 | edição 13 | maio/junho 2014 Direção executiva Bolivar Filho Conselho editorial Bolivar Filho Denise Bueno Edição Bolivar Filho Denise Bueno Projeto gráfico Edição de imagens e DTP Multimarketing Comunicação Dalton Filho / Thiago Ometto contato@multimarketing.ppg.br daltonfilho@multimarketing.ppg.br Jornalista Responsável Denise Bueno – DRT/MG 6173 terraboaminas@hotmail.com Redação Denise Bueno Marcela Muzzeti Mônica Cussi

08 CAPA Pojeto Adir e Parceiros

EQUINOCULTURA Conformação e trabalho

18 ARTIGO O lucro está no rendimento de carcaça

Atendimento Isis Oliveira Revisão Ruller Rodrigues rullerrodrigues@hotmail.com Fotos Reginaldo Faria reginaldofaria@outlook.com Fábio Fatori fabiofatori@yahoo.com.br Impressão 3 Pinti Editora e Gráfica Tiragem 10 mil exemplares A Revista Terra Boa Agronegócios não tem responsabilidade editorial pelos conceitos emitidos nos artigos assinados e informes publicitários. Revista Terra Boa Agronegócios Av. Com. Francisco Avelino Maia, 3866 Passos/MG - 37902-138 - Fone: (35) 3522-6252 www.facebook.com/terraboa.agro www.issuu.com/terraboa Publicidade: terraboaminas@hotmail.com Envie a sua história ou curiosidade relacionada ao campo para a Terra Boa Agronegócios!

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20 PECUÁRIA O bom momento do Sindi

50 EVENTO Agrishow mantém faturamento de 2013

52 GASTRONOMIA Medalão de Nelore

24 ESPECIAL 80 anos da ExpoZebu

54 TRADIÇÃO Queima do alho em Nova Resende

42 PROFISSÃO Execultiva da comunicação


Homenagem Ricardo Goulart de Carvalho 1949 - 2014 O selecionador da raça Nelore, Ricardo Goulart de Carvalho faleceu no dia 08 de maio em Dourados/MS. Natural de Uberaba/MG, começou a trabalhar com a pecuária aos 16 anos, atuando junto com o pai, João Humberto de Carvalho. No final dos anos 60 mudou-se para o Mato Grosso, onde se estabeleceu. Trabalhava nas fazendas Caarapó e Bonito, onde dedicava-se a pecuária seletiva com a marca Ribalta. Também selecionava Nelore Mocho com a marca JHC, uma das primeiras a ter animais registrados na ABCZ. Outras de suas paixões eram a raça Guzerá e Jumento Pêga. Atuante, foi um dos primeiros a utilizar da inseminação artificial e a transferência de embriões. Um dos mais importantes remates da raça no Mato Grosso era promovido e realizado por ele. Integrou a diretoria de várias entidades como a ABCZ, Associação de Criadores Sul-mato-grossense (Acrissul), Sindicato Rural de Dourados, Nelore MS, Associação de Criadores de Jumento Pêga. Durante a abertura oficial da Expozebu foi homenageado pelos serviços prestados à pecuária nacional. Ricardo deixa a esposa Marina Rocha Carvalho, os filhos Ricardo Filho, Rafael e três netas.

Minoro Helio Mauricio Yamamoto Júnior 1983 - 2014 O criador da raça Girolando mais conhecido por Minorinho faleceu em Uberaba/MG, em decorrência de um infarto, na noite do dia 09 de maio, quando participava de um leilão de animais. Filho de Monoro Yamamoto, ex-presidente da Girolando, sempre vivenciou o universo da pecuária leiteira, o que o levou a trabalhar e gostar das raças Gir e Girolando. Formado em medicina veterinária era apaixonado por torneios leiteiros e criava animais da raça Girolando com a marca Myto. Trabalhava acasalamentos visando vacas de alta produção. Aos 31 anos era um especialista desse segmento.

agronegócios


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Ao leitor

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80 anos de muita história Dos pioneiros Mascates Criadores Importadores de animais e de genética Vencedores de grandes campeonatos e de Torneios Leiteiros Associações e Instituições Políticos Diretores Juízes Parceiros Imprensa Colaboradores Funcionários Gente que fez e faz a história das raças zebuínas no Brasil Nos 80 anos da ExpoZebu

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Capa | maio/junho 2014

8 Gustavo Ribeiro Foto

Genética Adir promove negociação histórica entre criadores


Desde 1960, o filho e neto de pecuaristas, Adir do Carmo Leonel, seleciona animais Nelore para compor um plantel de produção, criado a pasto. Os animais adquiridos, naquela época, das linhagens Brumado, VR e Dr. Cintra, foram para sua propriedade em Ribeirão Preto, a Estância 2L, atualmente referência na pecuária de corte nacional.

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O trabalho com a genética estendeu-se também para a Fazenda Barreiro Grande, em Nova Crixás, Goiás. Com as duas propriedades, os animais PO e POI estão distribuídos em aproximadamente 2.500 hectares. O gado sustentável da marca Adir tem algumas características imprescindíveis para a seleção, como alta habilidade materna, rusticidade, precocidade de acabamento e maior rendimento de carcaça. Não por acaso, Adir possui em seu rebanho algumas das linhagens mais puras do Nelore, como Golias, Kavardi e Godavari. Mesmo assim, o pecuarista atento a todas as mudanças e novidades do mercado, buscava a garantia de um plantel padronizado com bons resultados. A parceria com o Centro Técnico de Avaliação Genética (CTAG) seria

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o grande passo para se alcançar a meta de ter animais adaptados, criados a pasto, sem quaisquer artificialismos, e prontos para elevar os níveis de produtividade da pecuária extensiva brasileira. É o gado sustentável apresentado pelos pesquisadores Raysildo Lôbo e Fausto Pereira Lima. O Programa Nelore Adir de Seleção feito com o CTAG é um trabalho de aprimoramento genético de linhagens indianas que são testadas e avaliadas com técnicas de seleção, genética molecular e bioinformática, para identificar indivíduos e famílias com alta probabilidade de transmissão de valores genéticos, para atender aos objetivos de seleção 2L, sempre aliando o olho do criador com os números e a ciência. A ideia era de produzir em escala, aumentando a produtivida-

de e atendendo a requisitos para a pecuária extensiva. Assim, as diversas qualidades do rebanho de Adir começaram a chamar a atenção de criadores como Aderbal Ramos Caiado, diretor de pecuária da Fazenda Nova Piratininga, de São Miguel do Araguaia/GO que , em 2012, fez uma parceria com a Estância 2L e comprou 90 mil doses de sêmen de touros para a formação de gado comercial de alta qualidade em seis anos. É a maior negociação mundial de compra e venda de material genético direta entre dois criadores, da qual já nasceram cerca de oito mil bezerros, que são criados ao pé. “Quando o Adir adquiriu a Fazenda Barreiro Grande, uma extensão da 2L, ele difundiu o criatório lá, fiquei conhecendo um gado diferenciado. A ideia do projeto era de resgatar o padrão

Fotos arquivo Nova Piratininga

Aderbal Ramos Caiado


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Touro Jallad FIV da 2L, um dos grandes reprodutores da Estância 2L

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genético daquele plantel. Era a oportunidade, com a bagagem que ele tinha no Nelore e com a tradição dos importadores. Ele adaptou o animal para o que nos queremos hoje”, comenta. Aderbal visualizou no gado de Adir a possibilidade da produtividade que ele tanto procurava, com animais bem acabados, rústicos que tinham consistência e

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precocidade e com alto grau de resposta, caso fosse desejada a suplementação. “Eu não entendo de gado de elite, acredito na produtividade e na adaptabilidade, na padronização que a genética Adir transmite para o rebanho e, também na mãe com habilidades maternas, preparada para produzir carne”. Para ele, Adir é um exímio conhecedor do Nelore e, aos

75 anos, continua indo à fazenda, e ensinando o pessoal a observar o animal. Como ele cita, “Adir pulou para dentro do curral com a idade que tem. Só acontece para as pessoas que acreditam. Ele não se interessou somente pela parte comercial”, pondera. O índice de aproveitamento de inseminação na fazenda, com apenas uma dose, que antes do início da parceria era de 37%, após dois anos de andamento do projeto, já chegou a 52% e a expectativa é que na temporada 2014/2015 atinja 55%. Considerando-se, o alto volume de animais inseminados, são feitas mais de 30 mil IATF´s por ano, obtendo-se esse índice na primeira inseminação. O pecuarista da Fazenda Nova Piratininga afirma que o rebanho tem que ser impecável. “O animal que não deu conta, tem que ser descartado. Temos uma preocu-


Apresentação do Projeto Adir e Parceiros da Fazenda Nova Piratininga, durante ExpoZebu/2014.

O índice de aproveitamento de inseminação na fazenda, com apenas uma dose, que antes do início da parceria era de 37%, após dois anos de andamento

Aderbal e Paulo Leonel na Casa do Zebu, no Parque Fernando Costa

do projeto, já chegou a 52% e a expectativa é que na temporada 2014/2015 atinja 55%.

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pação com a utilização do espaço, a fazenda tem que funcionar como um relógio. Acredito que estamos no caminho certo, pois a terra tem que ser produtiva, tem que ser aproveitada. Não estamos fazendo milagre, nem inventando nada com a produção. É um trabalho árduo que vai desde a genética até o cuidado com o meio ambiente e o social”, pondera. Durante esses seis anos, a Fazenda Nova Piratininga fará uso exclusivo de genética da marca Adir. Todo o processo de inseminação apartação, acasalamento

e nascimento dos bezerros está sendo acompanhado pessoalmente por Adir e seu filho Paulo Leonel, que considera ser esta a genética de que o Brasil precisa. "Esta é uma nova forma de se pensar a pecuária extensiva. O boi verde é capaz de se adaptar e viver nas condições que o Centro-Oeste brasileiro tem a oferecer. Isso maximiza os ganhos do criador em harmonia com o meio ambiente", analisa Paulo Leonel. "São os animais puros, os únicos responsáveis por transformar e criar plantéis de altíssima qualida-

de genética.” E essa base é reforçada com a consistência do rebanho, apresentada pelo diferencial das mães dos touros da Estância 2L, de altíssima produtividade. Uma fórmula imbatível quando aliada ao conhecimento e experiência dos criadores. Ele explica que tem em andamento, nos mesmos moldes, mais 12 projetos, com proporções diferentes. Um deles com o criador Álvaro Costa Silva, de Arapiraca/AL, que tem propriedade em Goiás, em que serão feitas 15 mil inseminações. “O volume desses


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Foto Gustavo Ribeiro

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Projeto Adir Nova Piratininga

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Durante a ExpoZebu, na Casa do Zebu, a equipe da Fazenda Nova Piratininga, Adir e Paulo Leonel apresentaram o resultado de dois anos do Projeto Adir, em desenvolvimento na Nova Piratininga, com foco na formação de plantel, padronização do rebanho para a produção em alta escala. Na primeira etapa do projeto, iniciado em 2012, foram selecionados 30 mil animais por Adir Leonel e efetuadas 22.500 IATFs na estação de monta daquele ano. Em 2013, as IATFs chegaram a 31.650 IATFs, a projeção para 2014 é de 45 mil. A meta é chegar a 100 mil vacas inseminadas. Para dar suporte a genética, várias frentes de trabalho foram criadas. Entre elas o Projeto Cercas e o Projeto Água, por meio dos quais foram construídos mais 1.400 km de cerca e implantados mais 350 km de rede de água para abastecimento dos 350 bebedouros de 25 mil litros usados pelos animais. Segundo Aderbal Ramos Caiado, diretor de pecuária, o projeto busca a padronização em rebanho adaptado para criação a pasto. Ele afirma que a escolha da genética selecionada de Adir Leonel veio da necessidade de ter animais adaptados, testados, com consistência genética forte e pureza racial. “A padronização do rebanho só acontece com a utilização de reprodutores de linhagem pura e POI, pois estão no Brasil há mais de 100 anos e são adaptados às mais diversas condições de produção do Brasil. A bezerrada da Nova Piratinga, fruto desse trabalho, já se igualou no dorso, na musculatura, nos aprumos”. Aderbal destaca a base genética do criatório do Adir com as linhagens Golias, Karvadi, Godavari. Para ele os animais dessas linhagens imprimem regularidade no rebanho e mostram que é através da pureza racial que se chega a padronização. “Nós conhecemos os reprodutores do Adir no pasto. Eu vejo animais que nascem nas baias, crescem nas baias, vão para a pista e se transformam em touros de reprodução. O animal nunca foi testado, nunca andou atrás de uma vaca, nunca atravessou um brejo, nunca enfrentou um calor como o do São Miguel do Araguaia. Nós buscamos animais para conviver com essa natureza, para fazer o boi verde, o boi que come capim e produz a melhor carne. Esta é a busca da Fazenda Piratininga, animais adaptados que convivam em harmonia com a natureza. Genética não se faz com rapidez, é preciso de tempo e observação. Nós estamos alcançando o que programamos, transformando o gado da Nova Piratininga com o Nelore Adir.

projetos são menores, mas bastante representativos”, diz. Paulo garante que este projeto com a Nova Piratininga é grandioso, o maior do mundo e o acompanha constantemente, assim como todos os outros, para que a escolha do gado seja assertiva. “A vitória é o que aconteceu: temos um gado puro, que dá resultado, que não oscila na produção”, comemora. Adir Leonel afirma que a equação é simples. O resultado positivo é a soma de vontades. “Eles queriam e eu queria. Encontramos um caminho. Eles já vinham à procura de animais adaptados. Chegamos a uma conclusão e, aí, como os dois queriam, ficou muito fácil. Não tem nada difícil quando você quer alguma coisa. Encontrei uma equipe de trabalho muito boa lá, a direção muito boa, o pessoal de campo, bem como proprietários que acreditaram no projeto”, finaliza. Fazenda Adir (16) 3637-3698 www.adirleonel.com.br


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Artigo

O Lucro está no

rendimento de carcaça

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A utilização de touros de qualidade é imprescindível em qualquer projeto que busque maiores margens de lucro. O valor genético do reprodutor é ponto determinante no incremento de produtividade em um rebanho. Quando o “boi ponta de boiada” ou o “touro comum” são substituídos por reprodutores de alta avaliação genética, o pecuarista passa a ter grandes chances de sucesso na atividade. Nos últimos anos, temos observado enorme oferta de touros ao mercado, principalmente, através de leilões. Tais vendas ocorrem com facilitações de pagamento, logística bonificada e assessorias de diversos perfis. A aquisição de touros tornou-se tarefa fácil, mas o comprador deve ser atento a dois pontos que poderão fazer toda a diferença. Primeiro é importante buscar reprodutores e matrizes realmente selecionados, ou seja, re-

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banhos que disponibilizam apenas indivíduos melhoradores. Segundo, apenas adquirir animais com avaliação genética, entre estes, os de maior valor genético. Em tempos de custos altos e margens de lucro apertadas, a utilização de animais sem informação seria prejuízo certo. As DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie – valores estatísticos que indicam o patrimônio genético de um animal) são a certeza de que o touro será produtivo. A DEP’s e as avaliações intra rebanho são informações que garantem qualidade aos animais adquiridos. Termos técnicos como área de olho de lombo e musculosidade, tornaram-se comum aos ouvidos daqueles mais atentos às tecnologias inerentes à pecuária moderna. Com a busca por animais jovens que forneçam carcaças de qualidade (rendimento), a inclusão de características de carcaça em programas de melhora-


mento genético tornou-se necessária e, com isso, o uso da ultrassonografia tornou-se fundamental. Através desta tecnologia, geneticistas determinam quais animais são melhoradores para as características de carcaça, os quais serão usados na produção de animais mais adequados para a produção de carne. Na seleção para qualidade de carcaça, não se trata apenas de selecionar aqueles animais que apresentem fenótipos que acreditamos ser relacionados com uma carcaça de melhor qualidade. Da mesma forma que para selecionar para maior crescimento é necessário pesar os animais, para selecionar para qualidade de carcaça é necessário medir esta qualidade. A Área de Olho de Lombo representa maior musculosidade, portanto maior rendimento de carcaça, garantindo ao produtor melhor retorno econômico ao abate de seus animais. Um exemplo prático e real é o de comparar progênies de 2 touros, sendo touro A (melhorador) com DEP para Área de Olho de Lombo de 4 cm2 e o touro B (touro comum) sem qualquer informação genética para tal característica econômica. As progênies foram confinadas em lotes diferentes e foram abatidas com peso vivo 515 kg. Ao abate a progênie A alcançou rendimento de carcaça de 55,% contra 52% da progênie B. A arroba com valor de mercado de R$120,00 obteve R$124,00 por animal a favor da progênie do touro A, o que significa aproximadamente 6% de incremento na margem de lucro. Se contabilizarmos a diferença de ganho médio diário entre as progênies e dias de confinamentos necessários para atingir peso de abate de 515 kg, certamente teríamos a margem de lucro ampliada. São cálculos simples que nos possibilitam visualizar de forma clara a importância de utilizar reprodutores produzidos de maneira profissional, e que, utilizar apenas o pedigree como critério de escolha, é prática que coloca atividade em risco.

Yuri Baldini Farjalla Zootecnista pela Universidade Estadual de Londrina (UEL); Mestre em Produção Animal pela ESALQ/USP e Técnico da Aval Serviços Tecnológicos yfarjalla@aval-online.com.br

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PecuĂĄria

O bom momento

do Sindi Na Expozebu, os criadores mostraram os resultados dos trabalhos desenvolvidos nos criatĂłrios, no Ăşltimo ano,

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e surpreenderam

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Fotos Arquivo Pessoal\Reunidas Castilho

O desempenho do SINDI na Expozebu 2014 mostra não só a força deste zebuíno, mas também o seu crescimento nos últimos anos. Forte como a sua própria história, a raça paquistanesa de mais de cinco mil anos resistiu a todos os percalços e diversidades ambientais e se manteve em crescimento no País, fortalecendo o mercado de carne no momento certo, quando o Brasil comemora o título de maior exportador do mundo. A raça, que também tem dupla aptidão e que tão bem se integrou a produção nos trópicos, conquista cada dia mais novos investidores. No Brasil, o Sindi chegou há 84 anos e seus registros marcam importações nas décadas de 1930 e 1950 com criatórios nos Estados de São Paulo e Pará, inicialmente. Hoje, é encontrada em todos os estados. Na ABCZ, a raça foi registrada até 1974. Depois desse período, a maioria dos criadores deixou de fazê-lo. A família Castilho, referência nacional na criação do Sindi, com criatório em Novo Horizonte/SP, com quase 80 anos de experiência, manteve a seleção genética e seus registros. Em 2005, através de seu empenho, os animais voltaram a ser registrados pela ABCZ. O trabalho sério realizado nas Fazendas Reunidas Castilho trouxe o Sindi novamente ao cenário nacional, mostrando o verdadeiro potencial da raça em suas duas aptidões. Os resultados estão no Controle Leiteiro realizado pela ABCZ, mensalmente, e nos abates técnicos, que são efetuados, desde 2007, por Adaldio José de Castilho Filho, e mostram a capacidade de produção dos animais, sua eficiência biológica, rendimento de carcaça, peso e acabamento. Os resultados médios são de 58%, índice superior à média de bois abatidos no País.

Grande Campeão ExpoZebu 2014 - Buldogue AJCF

Bicampeão da ExpoZebu 2007 e 2009. Carcaça Top Mix pela CRV Lagoa - Indio da Estiva

Criador Adaldio Castilho, além de tradicional criador, sempre foi defensor da raça. Como ele mesmo diz, cresceu vendo o Sindi e acreditando nele. Nesse mês de junho, celebra as vitórias nos campeonatos da Expozebu. Em Uberaba, seus animais conquistaram vários títulos. No Campeonato de Fêmeas, destacaram-se Dana FIV AJCF na categoria Novilha Maior e Pérola Da AJCF, que conquistou o título de Melhor Progênie. No Campeonato de Machos, Buldogue AJCF foi o Grande Campeão e Belo AJCF o Reserva-

Grande Campeão 2006 - Irapuru da Estiva

do. Demétrio AJCF foi Reservado na categoria Júnior Maior e Uruguai da Estiva ficou como o terceiro melhor na categoria Touro Jovem. Buldogue e Belo também levaram o título na categoria Touro Sênior. Os resultados refletem o bom desempenho de seus animais, desde que voltaram à pista de julgamento da Expozebu em 2005. De lá até os dias atuais, conquistou vários títulos importantes como o Bi-Campeonato com Índio da Estiva, animal que passa a sua descendência rendimento de carcaça, velocidade em ganho de peso

e precocidade de terminação e reprodutiva. Touro na Central com mais de 20 mil doses de sêmen comercializadas pela CRV Lagoa. Outro destaque da raça, também na CRV Lagoa, é Irapuru da Estiva campeão de 2006 em Uberaba e Leal da Estiva, o campeão de 2008 que superou a marca em peso de mais de uma tonelada. Além dos campeonatos, os animais da raça mostraram a sua dupla aptidão no Torneio Leiteiro. A resposta veio diretamente dos baldes, que marcaram a produção surpreendente. As médias foram de

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Os resultados refletem o bom desempenho de seus animais, desde que voltaram à pista de julgamento da Expozebu em 2005. De lá até os dias atuais, conquistou vários títulos importantes

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38,39 litros. A campeã Vaca Jovem, Bissetriz AJCF de Adaldio Castilho produziu 115,16 litros durante o evento. O índice é muito significativo em comparação a outras raças somente com aptidão para o leite. A raça também surpreendeu e foi a única a mostrar superação, fazendo a campeã na categoria Persistência, nova classificação da ABCZ para animais com parição há mais de 180 dias e cuja produção se mantém em alta. A campeã e recordista é Paz FIV da Estiva, propriedade de Adaldio Castilho que manteve média de 25 kg durante o Torneio. Seus números são ainda mais expressivos com o animal

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a oito meses de parida e seis de gestação. Desde 2012, com foco na dupla aptidão da raça, Adaldio leva seus animais em Torneio Leiteiros e participa do Controle Leiteiro da ABCZ. Paz da Estiva é uma campeã da Fazenda. Em 2013, durante a Interláctea registrou média de 32,62 kg em 10 ordenhas. Adaldio mantém a seleção genética iniciada por seu pai com foco na seleção de animais cada vez mais precoces, resistentes, rústicos para criação a pasto e com muita habilidade materna. A docilidade da raça é um dos pontos fortes que facilita o manejo dos animais.

O resultado do trabalho realizado na Reunidas Castilho tem sempre comprovação através dos novos programas realizados pelas Associações. Entre eles, o Programa de Melhoramento Genético da ABCZ, que pontuou 21 touros da Fazenda entre os 45 touros com maior avaliação pelo Programa.

Julgamentos Segundo Márcio Diniz, juiz de pista na Expozebu, as principais características observadas no julgamento deste ano foram a qualidade da musculatura (quanto

Momentos da ExpoZebu 2014 com a consagração nos campeonatos de Machos e de Fêmeas


mais comprida e convexa melhor), qualidade dos aprumos, (posteriores e anteriores de bom direcionamento) racial, (a cabeça, o pescoço, a pelagem, a forma do cupim) tudo isso aliado a um bom ponderal. “Hoje os criadores têm se empenhado em selecionar animas cada vez mais adaptados ao regime a pasto, porém sem perder o porte, a capacidade de conversão alimentar e a beleza plástica. Já tive oportunidade de julgar animais em exposições e, depois de alguns dias, encontrá-los em suas fazendas de origem, no regime a pasto, com as mesmas condições físicas que se encontravam na pista”, afirmou Márcio. Para o juiz, a maior virtude da raça Sindi é a sua capacidade de adaptação a ambientes mais rústicos, o que pode ser considerado seu maior ganho genético, tudo isso sem perder o escore e a beleza plástica.

Corte e Leite A capacidade de produção leiteira da raça é uma realidade destacada pelo criador José Humberto Vilela Martins, que mantém propriedade em Cárceres/MS. Representando a 5ª geração de uma família de pecuaristas, conheceu o Sindi há dois anos e começou a investir na raça.

Com foco a pecuária de corte, ele diz que a produção leiteira da raça é muito maior do que o bezerro precisa, o que leva a necessidade de ordenhar os animais. Como o seu trabalho é direcionado a pecuária de corte, busca cruzamentos com animais de linhagens de menor produção de leite, para evitar a ordenha. “Conheci o Sindi há dois anos quando estava em busca de fêmeas Nelore, na região de Jataí/GO. Apesar da seca daquele período, os animais da raça Sindi estavam vistosos, produzindo, parindo mesmo com a falta de pasto. As demais raças não apresentavam o mesmo viço. Encantei-me com o que vi, pois conhecia a raça somente de exposições, onde os animais estão preparados. A partir daquele momento, comecei a comprar animais. Não tenho nada contra a raça, só vejo pontos positivos como o desempenho, o acabamento de carcaça, a rusticidade e fertilidade, com ciclo de parição 20 dias menor que a raça Nelore, o que gera a condição de um cio a mais em uma estação de monta mais curta”, exemplificou. Para formar o seu rebanho adquiriu animais de criatórios de São Paulo, entre eles, alguns de Adaldio Castilho, e de criadores do Nordeste. Prepara-se para no final

desse ano vender os seus primeiros tourinhos. As fêmeas ainda ficam na fazenda para a formação do seu plantel. No entanto, os criadores de Goiás já o descobriram e a procura por seus animais já começaram. “Isso mostra o bom momento da raça, em ascensão”, concluiu. Embora seja adepto da criação de animais puros, quer preparar alguns cruzamentos com Nelore e Red Angus para amostragem. O cruzamento do Sindi com zebuínos ou taurinos é uma realidade já comprovada por Adaldio Castilho. Em 2013, abateu 20 animais ½ sangue resultados do cruzamento com o Nelore. Na entrada do confinamento pesavam 15, 3 arrobas, depois de 92 dias saíram com 24,6 arrobas. O ganho líquido por animal foi de 1. 516 kg/dia e rendimento médio de 59,64%, o melhor resultado dos abates técnicos realizados por Adaldio no primeiro semestre de 2014.

Paixão de pai para filho, Adaldio e seu filho Adaldio José Delsim de Castilho

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Especial

Uma grande festa

para comemorar os 80 anos da ExpoZebu Reconhecendo as dificuldades vencidas e as grandes conquistas, em oito décadas de muito trabalho, a ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) organizou uma grande festa que homenageou centenas de pessoas, de diversos segmentos, que colaboraram para que as raças zebuínas conquistassem todo País, conforme a característica de cada estado,

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e tornasse o Brasil grande produtor mundial de carne e de leite.

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A festa dos 80 anos da ExpoZebu envolveu pecuaristas, políticos e as muitas histórias dessa trajetória entre os dias 03 a 10 de maio, em Uberaba/MG, a capital do zebu. As homenagens foram extensivas a pecuaristas de outros países, que mantém laços estreitos com o Brasil, seja pela busca de material genético, como por profissionais especializados na pecuária. O boliviano Ciro Añez Ruiz e o venezuelano Alejo Hernández, foram homenageados na categoria Mérito Internacional. Os políticos que contribuíram para a evolução do segmento e funcionários da casa, além de muitos outros elos que formam este grande setor de produção que é a pecuária brasileira, tiveram seu trabalho reconhecido. Na categoria Nacional receberam homenagens Felipe Carneiro Monteiro Picciani, Haroldo Brunow Fontenelle da Silveira, José Coelho Vitor, Luiz Antonio Felippe, Manoel Dantas Vilar Filho, Patrícia Zancaner Caro, Ricardo Goulart Carvalho, Udelson Nunes Franco, Vicente Rodrigues da Cunha. Na política José Aldo Rebelo Figueiredo, Marcos Montes Cordeiro, Paulo Piau Nogueira, Ronaldo Ramos Caiado e representan-


do os funcionários da casa, Jerônimo Pio. Na abertura oficial da festa, 1.800 convidados foram homenageados pela contribuição à pecuária zebuína nos últimos 80 anos, entre eles a Revista Terra Boa Agronegócios. No ano em que celebra tantas décadas de trabalho, a ABCZ lançou uma nova feira, a ExpoZebu Dinâmica, que tem como propósito informar toda a tecnologia e ciência disponível para a pecuária. A feira já nasceu grande. Na sua primeira versão, atraiu 38 empresas do setor e 12 mil pessoas.

Convergência A primeira semana de maio foi tempo de encontrar velhos e novos amigos, comemorar e relembrar os bons momentos vividos na ExpoZebu. Para os criadores de Indubrasil, o período foi importante e marcou a história da raça que inaugurou a sua sede no Parque Fernando Costa. O momento também foi oportuno para firmar parcerias, comercialização e eleição da diretoria para o mandato 2014/2017. “Durante a 80ª Expozebu vários momentos ficarão para sempre na memória e na história da Associação Brasileira dos Criadores de Indubrasil (ABCI), entre alegrias e lágrimas de saudade, ouso dizer que a ABCI não é apenas uma associação promotora da raça, mas sim uma família, nas palavras sábias do criador, Dr. Cláudio Resende: “Somos um grupo de selecionadores e amantes da raça Indubrasil. Amizade forte, construída à sombra das orelhas deste grande zebuíno, que tem o Brasil até no nome”, ressaltou a advogada e criadora Paty Sibin. A exposição é um marco durante o ano na vida dos pecuaristas, pois é uma balizadora do mercado de produção e de comercialização, como também de debate político em busca de melhorias para as questões que envolvem a classe. No evento deste ano, que coincidentemente é um ano eleitoral, passaram pelo parque os três pré-candidatos à presidência da república, a presidente Dilma Roussef, que participou da abertura oficial e anunciou a publicação do CAR, Cadastro Ambiental Rural, o senador Aécio Neves e o ex-governador Eduardo Campos. Todos ouviram reivindicações do setor. A ABCZ também sediou uma reunião da Assembleia Legislativa de Minas Gerais ( ALEMG) que discutiu com entidades de classes e pecuaristas as questões que envolvem o Código Florestal. A reunião foi liderada pelo deputado estadual, Antônio Carlos Arantes.

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“A presença dos três principais pré-candidatos à Presidência da República na ExpoZebu 80 anos primeiro nos enche de orgulho por terem escolhido o evento como grande palanque para exposições de propostas e recebimento de demandas e depois nos mostra a importância que a cadeia produtiva da pecuária tem para o futuro político e econômico do nosso País”, ressaltou o presidente da ABCZ, Luiz Claudio Paranhos que ainda no mês de maio teve novo encontro com a presidente, desta vez em Brasília, quando foram discutidos os principais desafios a serem vencidos pelo setor mais dinâmico da economia.

Arte e cultura

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Ao longo dessas oito décadas, a história do Zebu no País se entrelaçou às muitas outras histórias de vidas, de dedicação às raças, de conquistas. O próprio Parque Fernando Costa é uma grande conquista para a cidade de Uberaba e, também, para os pecuaristas de todo País que ali se sentem em casa. Os 80 anos da exposição foram revividos em marcos espalhados pelo Parque. Um Museu a Céu Aberto garantiu o acesso a esta retrospectiva, com informações das raças, de criadores, políticos e de comercialização. Outras ações culturais pon-

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tuaram a festa como o lançamento dos livros “ História contada pelo vovô”, “ Zebu, Visionários e Pioneiros”, do professor Hugo Prata e a cartilha pedagógica “ A turma do Zebuzinho”. O cartilha é um trabalho da jornalista Larissa Vieira, assessora de comunicação da ABCZ. Em linguagem direta, a cartilha mostra o histórico das raças zebuínas e a história da ABCZ. “Existe um grande distanciamento entre o campo e a maioria das crianças brasileiras que infelizmente compromete a compreensão do público infantil sobre a real importância do agronegócio para a sociedade, tanto em relação à parte econômica quanto à parte alimentar. O campo não integra o material pedagógico das escolas e nem é tema de livros infantis. A ideia de criar a

Turma do Zebuzinho foi justamente para minimizar essa escassez por informações sobre a pecuária brasileira. Foi um desafio porque nunca tinha feito algo para o público infantil, mas era um sonho que vinha adiando. Apesar de já trabalhar há mais de 10 anos no setor, foi preciso fazer uma pesquisa profunda da história da pecuária no mundo, na Índia e no Brasil e também do padrão racial das raças zebuínas. Os textos ganharam o reforço das ilustrações do artista Ney Braga, que contaram essa história de forma bem humorada. Não queremos parar por aí. Nas próximas edições queremos enfocar outros temas relacionados ao agronegócio”. Boa música, artes circenses, grafitismo e gincana ainda marcaram a agenda cultural da exposição.

Números da Expozebu Crescimento de 10% 240.107 pessoas passaram pelo Parque Fernando Costa R$ 150 milhões foram comercializados entre equipamentos e animais Comitivas de 34 países visitaram a Exposição 12 mil pessoas passaram pela Expozebu Dinâmica 120 empresas participaram do evento 68 animais das raças Gir Leiteiro, Sindi e Guzerá participaram do Torneio Leiteiro 31 países acompanharam a transmissão ao vivo da Exposição


Foto: JM Matos

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Leilões Tradicionalmente a ExpoZebu vem sendo o palco dos grandes eventos e de grandiosos leilões, afinal, não é todo dia que se consegue reunir, em Uberaba, criadores de todos os estados que apostam na pecuária, em momento único de disputar a genética de ponta selecionada por

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diversos criadores.

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Promotores do Leilão Noite dos Campeões no final do evento

Durante a exposição, foram comercializados nos 36 leilões oficiais R$ 46.821.551,60, com a venda de 1.540 animais em 1.275 lotes. A média por animais ficou em R$30.403,60; e por lote, R$36.722,79. A maior comercialização de animais da ExpoZebu 2014 aconteceu no 30º Leilão Noite dos Campeões, quando a fêmea Nelore Beluga TE da Sabiá teve 50% de sua posse comprada por Aguinaldo Ramos e família pelo valor de R$1.160.000,00. A raça Guzerá mostrou a sua força durante a Expozebu e também o seu crescimento. O Leilão Rainhas do Guzerá, promovido por Antônio Pitangui de Salvo e convidados, comercializou 20 lotes da raça e registrou faturamento de R$ 1.024.500,00 com média de R$ 51.255,00. “ Os resultados comerciais da Expozebu foram muito bons. Tivemos quatro leilões com mais de R$ 4,5 milhões de reais em vendas. Destaque para a Heloise FIV TIR vaca nova recordista de preço da raça adquirida por R$ 420 mil

reais. Além disso, registramos uma procura muito grande por animais Guzerá de países como Colômbia, Venezuela, México e Paraguai”, disse Antônio Pitangui. A raça Tabapuã no leilão Peso Pesado registrou média de R$ 17.751,72. A raça Sindi, no leilão Essência da Raça Sindi movimentou R$1.011.360,00 com a venda de 38 lotes e média/lote de R$26.614,74. Para José Coelho Vitor, criador de Tabapuã, o leilão foi muito bom. “Hoje nós temos bons animais, bem selecionados, para participação em todas as exposições e leilões”, disse. A raça Gir Leiteiro registrou bons arremates. No leilão Caminho das Índias os 32 lotes foram comercializados por R$ 832.800,00 com média de R$ 26.025,00. No Leilão Melhor que a Encomenda, uma parceria das Fazendas do Basa e da Shoppingen, foram comercializados 40 lotes por R$ 792.000,00 com média de R$ 19.800,00. A raça Gir Leiteiro atraiu compradores do Brasil e de outros países.


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Torneio Leiteiro

registra novos recordes No 36º Torneio Leiteiro da ExpoZebu recordes foram quebrados e novas regras pontuaram a competição, que reuniu 68 animais das raças Gir Leiteiro, Guzerá e Sindi

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foto Jadir Bison

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Entre as novas regras estava a categoria Persistência, que valorizou as fêmeas paridas há mais de 180 dias e que mantiveram o pico de produção e a classificação dos animais por idade, independente de serem PO ou LA. Este ano, a produção média diária mínima para que a matriz pudesse receber a premiação no Concurso Leiteiro passou de 08 para 10 kg para fêmeas jovens e de 12 para 15 kg para matrizes vaca adulta. Entre os recordes quebrados, a raça Gir Leiteiro superou os números conquistados na Expozebu. A Grande Campeã, Artemiza FIV do expositor Carlos Eduardo de A. Bezerra, produziu 185,74 litros de leite com média de 61,91 litros, sagrando-se a nova recordista da categoria Vaca Adulta.

A vitória na Expozebu foi um marco para o criador. Segundo Carlos Eduardo, o Dudu Bezerra, Artemiza segue os caminhos da mãe, Palas, hoje propriedade de Winston Drumond. Mãe e filha são recordistas mundiais e estão classificadas nas 10 maiores lactações de torneios oficiais. “A Artemiza é uma fêmea muito forte. Está na sua segunda cria e vamos buscar o seu ápice de produção na sua terceira cria”. A genética de Artemiza deverá ser multiplicada no criatório da fazenda Ponte Alta, em Goiás. Na categoria Fêmea Jovem, o novo recorde pertence à Oquema FIV Vila Rica, da expositora Maria do Carmo Oliveira Menezes, cuja produção total foi de 146,70 litros de leite e a média de 48,90 litros.

A raça Guzerá quebrou recorde mundial na categoria Vaca Adulta. A Grande Campeã Manaca JF, do expositor José Transfiguração Figueiredo, atingiu produção total de 137,18 litros de leite e média de 45,73. Na categoria Fêmea Jovem, a vencedora foi Abelia FIV Taboquinha, do expositor Sinval Martins de Melo, que bateu o recorde da Feileite 2012 com a produção de 90,70 litros de leite e média de 30,23. Na raça Sindi, o novo recorde foi estabelecido na categoria Vaca Jovem pela fêmea Bissetriz AJCF, do expositor Adaldio José de Castilho Filho. Ela produziu 115,16 litros de leite e média de 38,39 litros. A Grande Campeã da raça foi Aroeira JNB, do mesmo expositor, com produção total de 98,18 litros de leite e média de 32,73. Todas as raças participaram do concurso de qualidade do leite para gordura e proteína. Na categoria Persistência a premiação ficou com a raça Sindi. A campeã é Paz FIV da Estiva, do expositor Adaldio José de Castilho Filho.


Galeria dos Grandes Campeões agronegócios

O Grande Campeonato da ExpoZebu, o mais esperado do ano, pois contempla as raças zebuínas em produção no Brasil, confirmou os melhores animais em pista e que serão referência para a comercialização de genética. A genealogia desses animais, associada ao desempenho das futuras gerações, serão referência para a seleção genética nos próximos anos. Confira abaixo o resultado do Grande Campeonato. Resultado completo com todas as categorias no site da ABCZ www.abcz.com.br

GRANDE CAMPEÃ NELORE MOCHO: Oferenda Da Car

GRANDE CAMPEÃO NELORE MOCHO: Onix Da Car

GRANDE CAMPEÃO INDUBRASIL: Skank da NP

GRANDE CAMPEÃ INDUBRASIL: Assucena da Natureza

GRANDE CAMPEÃO NELORE: Kayak TE Mafra

GRANDE CAMPEÃ NELORE: ESPN Javanesa

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GRANDE CAMPEÃO GUZERA: Faroeste SMPF

GRANDE CAMPEÃ GUZERA: Ganda S

GRANDE CAMPEÃO GUZERA LEITEIRO: Escoteiro FIV Uniube

GRANDE CAMPEÃ GUZERA LEITEIRO: Havana FIV

GRANDE CAMPEÃO BRAHMAN: MR 1661 Portobello

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GRANDE CAMPEÃ BRAHMAN: MISS Lince Vida IV

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GRANDE CAMPEÃ SINDI: Babalu Porangaba


Galeria dos Grandes Campeões agronegócios

GRANDE CAMPEÃO TAPUÃ: Pascal FIV de Tabapuã

GRANDE CAMPEÃ TABAPUÃ: Oiana FIV de Tabapuã

GRANDE CAMPEÃO GIR: Gaiato BI

GRANDE CAMPEÃ GIR: Historiadora BI

GRANDE CAMPEÃO GIR LEITEIRO: Folião Kubera

GRANDE CAMPEÃ GIR LEITEIRO: Inércia FIV F. Mutum

GRANDE CAMPEÃO SINDI: Buldogue AJCF

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As Raças Nesse contexto de festas e realizações, a grande família de zebuzeiros, composta das mais diversas raças, tem, nesse período, momentos únicos para o direcionamento de seus trabalhos. Para a raça Brahman, que elegeu nova diretoria há poucos meses, a exposição foi um marco para o realinhamento das atividades e da seleção do Brahman, com foco direcionado para o desenvolvimento funcional e como excelente opção para o cruzamento industrial. “Durante a exposição, tivemos um Workshop que discutiu estratégias e programas de melhoramento genético em rebanhos Brahman, com dados muito interessantes, que levaram a uma ampla discussão do assunto entre os associados. Além disso, lançamos a ExpoBrahman 2014, que, neste ano, será feita em conjunto com a Expoinel e a Nacional do Guzerá, em setembro. Na ExpoBrahman, acontecerá a grande novidade do ano com o julgamento do Brahman

a campo. A nova proposta foi amplamente apoiada pelos criadores e que com certeza trará um grande número de animais para a Exposição”, disse o presidente da ACBB- Alexandre Ferreira. Para o homenageado da ABCZ na categoria Nacional, José Coelho Vitor, criador de Tabapuã, a exposição é importante, pois reúne amigos, proporciona a troca de ideias e o conhecimento de mais pessoas. “Observamos também o julgamento, o que os juízes estão avaliando, para criarmos um campeão. É gratificante e estimula o aprendizado se perdemos ou ganhamos”. A visão dos criadores se diversifica conforme cada raça e o seu foco sobre a exposição. Para Léo Machado, da Fazenda Mutum, que conquistou o tricampeonato com a Grande Campeã da raça Gir Leiteiro, o bem-estar dos funcionários marcaram esta Expozebu. “A Exposição foi maravilhosa com a valorização dos funcionários. Os novos dormitórios em busca do bem-estar desses profissionais marcam esta exposição. Quanto aos animais, a qualidade está cada vez melhor. Não foi a feira com o

maior número de animais, mas com certeza a melhor representada”, afirmou. Para o gerente da RM Nelore, Fernando Oliveira, o lado comercial sobressai na sua avaliação. “A Expozebu é, sem dúvida, o acontecimento mais importante das raças zebuínas. Ela baliza o mercado e faz dos leilões um recorde a ser batido. A raça Nelore fez mais uma vez as recordistas de preço e mostrou ser a base da genética de corte do País. Parabéns à ABCZ e todos os envolvidos nesse grande evento e nos grandes leilões”.

Fernando Oliveira

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Léo Machado

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Na Mídia De 03 a 07 de maio, a Expozebu foi notícia para toda a mídia nacional, mas com tantos acontecimentos diversos, ao mesmo tempo, reportar tudo isso não foi uma missão das mais fáceis.

Para o criador da raça Sindi, Arthur Targino, a Expozebu se supera a cada ano. “As matérias e coberturas jornalísticas não dão a real dimensão da grandiosidade da exposição. Somente estando lá é que entendemos o porquê de Uberaba ser chamada de a Meca do Zebu”, disse. Mas os jornalistas não se cansam e buscam mostrar essa grandiosidade em várias coberturas para TV, sites, revistas e jornais. Para Daniel Bilk Costa, da Revista Nelore, as exposições ficam a cada ano mais duras, mais difíceis para os criadores, não só pela disputa, mas por uma questão econômica, o que reflete no público da festa. “Uberaba é uma cidade cara no período das exposições, o que dificulta a vida de muitas pessoas que gostariam de vir à exposição. A cada ano que passa, diminuiu um pouco o número de criadores, mas a Expozebu é referência. Quem está nesse meio, quem seleciona as raças zebuínas, e até mesmo o criador de outras raças têm que passar pela exposição. Eu acredito que a

ExpoZebu sempre terá este caráter, esta importância. Um ponto importante que gostaria de deixar registrado é o glamour que conseguiram dar a cerimônia de abertura, normalmente distante do associado. A abertura foi muito bonita. Um ponto alto da Expozebu 2014”. Jornalistas que acompanhavam comitivas de vários países também gravaram vários programas entre os registros dos julgamentos, análise de juízes e muitas visitas a fazendas da região de Uberaba. Cesar Kearling, pela primeira vez no Brasil, gravou programas para a TV do Paraguay, ficou impressionado ao conhecer outras raças que não são referência no seu país como a Sindi e o Guzerá. Levaria para a TV informações técnicas para a difusão do potencial dessas raças em seu País. Repórteres da TV panamenha buscavam informações de pastagem a genética com foco na pecuária de leite e de corte em uma série especial que será apresentada no mês de junho.

Para o jornalista Daniel de Paula, do SBA, a Expozebu é o maior congraçamento entre empresários rurais do mundo. “Um encontro de vários patrões com vários peões e várias raças, misturando cores e morfologias diferentes em pistas e pelas alamedas do Parque. Tenho muito orgulho de transmitir isso tudo há nove anos com tanta dedicação. E fico ainda mais orgulhoso quando ouço alguém me dizer que sentiu a exposição dentro da sua sala, porque viu a nossa cobertura. Isso paga qualquer cansaço”, disse. No Salão Internacional, onde as comitivas são assessoradas pelos integrantes do Brazilian Cattle, as intenções dos estrangeiros são traduzidas pelos intérpretes. Segundo Rodrigo de Moraes Rodrigues, a busca por biotecnologia, por sêmens e embriões é crescente com o número de visitantes voltados para a parte comercial. O número de países que visitam a exposição se mantém entre 23 a 32 países. Em 2014 no Salão Internacional passaram comitivas de 34 países.

Da esquerda para a direita, Cesar Kearling, Daniel Bilk, Rodrigo Rodrigues e Daniel de Paula

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O importante trabalho dos

mascates de tourinhos As estradas eram longas, cansativas. Eles rodavam o país, sem comunicação, com dificuldades no caminho e distantes da família. Mas nada disso foi impedimento para aqueles que até hoje são reconhecidos como mascates de tourinhos e que, de fazenda em fazenda, de estado em estado, comercializavam animais e difundiam as raças. Assim era a vida desses homens apaixonados pela pecuária nacional. Eles sabiam vender o seu peixe – melhor dizendo, o seu gado - e desbravaram muitos lugares deste país, que mais tarde se tornaria o maior exportador de carne do mundo. Apesar das facilidades conquistadas com rodovias melhores e até a contribuição da tecnologia, com a compra a distância de animais, a profissão se mantém fir-

me, sólida e sadia como explica um de seus representantes, Antônio Brandão. Natural de Passos/MG, cidade reconhecida pelo seu grande reduto de mascates, a sua história é um dos casos de sucesso do ofício de vender, mascatear animais, como ele mesmo afirma. Comerciante de tourinhos há 65 anos, o tempo o fez um grande conhecedor das raças, bem como grande e inteligente contador de histórias.

Começou na atividade aos 17 anos, ajudando o seu pai.  Mas, depois de dois anos, passou a negociar por ele mesmo. Criativo e comunicativo percebeu que teria a necessidade de conversar mais com os criadores da época. Por isso aprendeu algumas mágicas e fazia apresentações nas muitas das fazendas nas quais pernoitava. O que era uma brincadeira acabou o aproximando de muitas pessoas e conquistan-

Fotos Museu do Zebu e arquivo pessoal Antônio Brandão

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Marcelo e Antônio Brandão

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do muitos amigos, além de facilitar a negociação dos animais. “Naquele tempo não existia leilão. Era olho no olho. Eu acostumei. Eu gosto de ver o freguês. Vende pra um, vende pra outro e vai levando a vida assim. Vivi bem, eduquei meus filhos, conquistei muitos amigos. Tive uma vida boa. Valeu a pena”, descreve seu Antônio que adora a profissão e, aos 82 anos, continua na ativa.  “Eu não paro, porque adoro o que faço. Conquistei muitos amigos e construí a minha vida sendo mascate de tourinhos”. Casado com Margarida e pai de três filhos, passou a tradição da família que começou com o seu avô para o filho, Marcelo. Mascate da raça Gir, sempre atuou nas regiões leiteiras dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Goiás, Espírito Santo. “Hoje, algumas vezes, meu filho leva Guzerá e Nelore, mas sempre por encomenda”. Apesar da quantidade de leilões e das mudanças no formato da comercialização, o seu negócio ainda está em alta. “Se sairmos todo mês, vendemos uma média de 20 tourinhos”, garante. Com tantos anos de experiência sempre compra  animais selecionados. “Hoje olhamos muito a genética”. Entre os destaques ele cita o touro Gir Krishna, importado por Celso Garcia Cid. “Era um animal positivo que deixou, na sua descendência, uma boa produção para leite”. Foi Antônio quem mostrou ao Celso Garcia parte da região do Sul de Minas e apresentou criadores de Gir. Integrado no mundo dos giristas, chegou a reunir em sua propriedade, em encontro de amigos, 70 criadores de várias regiões do país, entre eles muitos conhecidos na raça como Maurício Andrade, Arnaldo Machado Borges, João Machado Prata, Olavo Andrade, Vicentinho Araújo e José Sales. Ainda nas Minas Gerais, mais precisamente na Capital do Zebu, Uberaba, mora o mascate Heli Caetano Ribeiro, hoje com 75 anos. Com esta profissão, a bordo de um Chevrolet Brasil (caminhão a gasolina), ele conseguiu dar educação a cinco filhos. O destino era qualquer lugar do país em que se quisesse comprar um exemplar de gado zebuíno. Bahia, Ceará, Mato Grosso. Onde tivesse um criador, lá estava ele oferecendo os animais, já adquiridos de selecionadores como Claudio Sabino, Torres Homem e Rubico Carvalho. “Fomos nós que introduzimos o Zebu nos estados. Comprávamos a produção deles e tratávamos nas cocheiras,

Heli Caetano Ribeiro

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as chácaras de mascates. Depois saíamos de caminhão vendendo sem destino e, depois, nas exposições”, lembra. Para ele, os mascates são pessoas determinadas. Eram comerciantes que viviam da vontade de prosperar, pois ele afirma que era um negócio muito rentável: “senão não teria sido mascate por 20 anos”. Entre suas histórias está uma das exposições realizadas em Salvador. Chegou sem ter feito a inscrição, mas com o seu poder de convencimento, conseguiu deixar os animais nas baias dos cavalos. Entre um papo e outro, foi fazendo amizade e os exemplares foram para o pavilhão. A audácia valeu a pena: “tirei naquela exposição o Reservado Campeão Indubrasil”. Na carroceria do caminhão ele e um funcionário se revezavam na direção. As raças, principalmente Nelore, Indubrasil e Gir Leiteiro, eram a bola da vez daquela época. A sua história começou com uma parceria com o tio-avô Nenê Gomes, falecido aos 99 anos e muito conhecido no Brasil. Os animais comprados eram do criatório VR. Eles compravam, engordavam e vendiam nas exposições. “Um dia fomos a um dos primeiros leilões do Noite dos Campeões. Tínhamos umas três cocheiras com uns 400 bezerros. E meu tio falou assim: vamos acabar com esse negócio, porque está vindo aí uma tal de inseminação e isso vai acabar com o mascate!” Assim, eles foram pensando no futuro e Heli comprou terras no Mato Grosso, onde hoje compra, recria e engorda o seu Nelore. “Chegou a tal da inseminação, que já está defasada com a evolução. Eu nunca imaginava que ia chegar a ver essa tecnologia”, conta. A dupla não vendeu somente no Brasil. Venezuela, Bolívia e Paraguai também receberam os zebuínos dos mascates. “Os venezuelanos vieram conhecer os animais e fizemos contato. Para entrar com o gado lá, tinha que fazer uma quarentena. Era muito rigoroso como é até hoje. Então, compramos uma filmadora Bolex alemã, e um projetor Super 8, e filmamos o gado com uma lente zoom que mostrava todos os ângulos do garrote. Passamos o filme no quarto do hotel e, assim, vendemos o gado”, concluiu. Da criatividade dos mascates foi construída a grande nação zebuína, que já alcançou a mesma marca da população humana, cerca de 200 milhões de cabeças espalhadas pelo Brasil afora.


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Estrangeiros

buscam genética brasileira

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A expectativa de negociações de US$ 300 milhões em exportações de produtos da genética brasileira em 2014 não é nada alarmante para um país como o Brasil, com aproximadamente 200 milhões de cabeças de gado e que obtém no campo e nas indústrias resultados diferenciados na produção de carne e de leite

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A estimativa é do Brazillian Cattle, consórcio que promove a pecuária nacional no exterior e, há sete anos, vem consolidando este cenário, firmando parcerias, principalmente, durante a ExpoZebu. Para Icce Garbellini, gerente internacional da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), um visitante estrangeiro ir a ExpoZebu é, sem dúvida, uma atitude de total interesse na genética e tecnologia brasileira. “Sabemos da dificuldade para se chegar até aqui, mas temos a certeza também do quanto o trabalho dos criadores brasileiros, capitaneados pela ABCZ, é referência mundial”, diz. Os números comprovam: 365 pessoas de 34 países são os responsáveis pela comemoração da equipe do Brazillian Cattle, que os recebeu no Salão Internacional. O aumento do interesse, durante a maior feira do setor, foi de 20% em relação ao ano anterior. Mesmo assim, os desafios continuam: “temos um vasto mercado em expansão, já atingimos praticamente todos os países tropicais da América Latina e, através do projeto internacional da ABCZ, o Brazilian Cattle, alçamos voos mais distantes. Estamos promovendo abertura de mercado em vários países africanos e prospectando o sudeste asiático”. Um dos objetivos mais importantes do Brazillian Cattle, como cita Icce, é articular a abertura de protocolos sanitários para que se possa levar genética, produtos e tecnologias nacionais ao maior número possível de países. “Precisamos também promover o Zebu, criadores, associações e empresas in-

tegrantes do projeto, auxiliando assim todo o mundo tropical no processo de produzir alimento de qualidade, a baixo custo, de maneira sustentável”, finaliza. E é exatamente este ponto de abertura de protocolos que incomoda o sul-africano Diederic Johannes Ludwig Ferreira. Em visita ao Brasil, pela quinta vez, ele tem na tradição familiar a marca de primeiro importador de Brahman para o seu país. Audácia realizada por seu pai, em 1957, quando importou dos Estados Unidos. No Brasil ele tem 20 animais, que ficam nas suas fazendas de origem, pois o governo brasileiro não liberou a exportação de material genético para a África. O criador explica que já procurou as embaixadas de ambos os países e não tem respostas aos pedidos. “Começamos o processo do protocolo com a Argentina bem depois e lá já está tudo resolvido. A burocracia entre Brasil e África está atrapalhando os nossos negócios”, garante. O interesse dele no Brahman é porque na região de Joannesburgo, onde vive, a raça é a mais produtiva. “Nada se compara ao Brahman na África do Sul. É a maior raça. Não existe Nelore, nem Guzerá, somente um pouco de Gir”, comenta. Sílvio Castro Cunha Júnior, diretor da Agro Export, empresa que exporta animais vivos, embriões, sêmen e equipamentos, atendendo aos acordos sanitários internacionais aprovados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), afirma que hoje o principal país receptor dos produtos é a Venezuela, que importa do Brasil animais e material genético das raças

Gir, Guzerá e Girolando. “Está começando a procura por Nelore, mas os campeões são os búfalos e o Girolando, já somando 10 mil animais por ano”, conta. Entre um embarque e outro, o país vizinho adquire somente bois por enquanto, com grande interesse em fêmeas, o que garante negociações durante todo o ano para a empresa Agro Export. “Os demais países compram mais sêmen e embrião. Fizemos menos negócios na África este ano. A Venezuela continua sendo o nosso maior mercado.”

Os visitantes Ladeados por intérpretes contratados pelo Brazillian Cattle, os visitantes da Venezuela, Paraguai, Colômbia, África, Estados Unidos, entre tantos outros, buscaram na ExpoZebu 80 anos novidades técnicas e materiais apropriados para o desenvolvimento dos zebuínos, um novo referencial, para levar aos seus países. O norte americano Jay Mattison, administrador da National Dairy Herd Information Association, na região de Whashington/ EUA, veio ao Brasil, especificamente à ExpoZebu e Expozebu Dinâmica, para conhecer sistemas novos para a produção leiteira, o forte da pecuária em que atua. O interesse dele foi direcionado a informações tecnológicas. “Viemos ver como são colhidas as informações nas fazendas, os dados de produção e de manejo. Queremos saber como o Brasil trabalha e com certeza levarei alguma coisa daqui.” Ele admite que viu ideias dife-


rentes que poderão ser aplicadas no seu trabalho, mesmo a tecnologia americana sendo considerada mais avançada. Já Mário Pereira, presidente da Associação do Brahman, no Paraguai, acredita na genética brasileira e mantém, com o apoio da Alta Genetics, as exportações de sêmen para o seu país. Há alguns anos frequenta a ExpoZebu e leva para os produtores de lá as novas opções de linhas de sangue Brahman, tentando introduzir a raça a custos menores do que os apresentados pelas importações via Estados Unidos. No seu país a produção de carne prevalece. São dez milhões de cabeças para este segmento e três milhões para a pecuária leiteira. “Somente uma cooperativa tem 400 mil cabeças. Fizemos uma parceria técnica e vamos levar 15 embriões sexados machos para o Paraguai, para introduzir a genética lá e consolidar essa união entre a cooperativa e a Associação do Brahman do Brasil”, ressalta.

O papel da imprensa Não foram somente criadores que visitaram a ExpoZebu. A imprensa estrangeira também marcou presença no Parque Fernando Costa e na ExpoZebu Dinâmica, buscando divulgar nos seus respectivos países o que há de melhor sobre a genética zebuína. Os programas de televisão e impressos de países como Venezuela, Colômbia, Bolívia, Paraguai, Panamá, México, entre

outros receberam, durante os dias de feira, muitas informações sobre o gado brasileiro, que serão veiculadas nos próximos meses. O mexicano Polo Rocha, que tem um programa na Televisa, visitou pela primeira vez a cidade de Uberaba/MG, e ficou fascinado pela organização e a atenção aos jornalistas. “Visitamos fazendas importantes e gravamos imagens e comentários dos criadores. Temos muito material para exibir nos próximos programas”. Já Manoel A. Gonzales Cano, da Agro TV, do Panamá, acredita que a Expozebu é uma vitrine de oportunidades para todo o mundo. E pretende levar para o seu país muitas novidades para os produtores, confiando no excelente material visto em Uberaba. Para ele, a imprensa tem o papel fundamental para abrir caminhos de protocolos sanitários, que beneficiariam a economia de cada país. Além da busca pela genética, os agropecuaristas do Panamá também se interessam pelas sementes de pastagens. Para ele, o intercâmbio da imprensa estrangeira, assim como dos criadores de vários países aumentam as chances do Zebu se alastrar pelo mundo. “Queremos levar a genética brasileira do Girolando, do Nelore e do Brahman para fortalecer o produtor panamenho. Mostraremos também o material agrícola, provando que o relacionamento entre os países é uma relação político-comercial que tem dado muitos frutos para todos nós”, concluiu.

De cima para baixo, Jay Mattison, Manuel Gonzales, Polo Rocha, Mário Pereira e Sílvio Júnior

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Profiss達o


Andréa Florentino executiva da comunicação

e do agronegócio É uma apaixonada pelo seu ofício. Essa é a impressão que a identifica, desde o primeiro momento  em que a vemos. Ela respira e transpira comunicação, o que reflete em seu trabalho realizado na Nativa Propaganda, agência especializada no agronegócio, há 25 anos no mercado. Ela chegou à empresa há exatos 23 anos. Começou como telefonista, passou por vários setores e se tornou proprietária há um ano, resultado de toda a sua dedicação e paixão pelo que faz e pela Nativa. Entrevistar uma profissional do marketing, responsável pela conta da ABCZ, em plena ExpoZebu, não é uma missão fácil. Mas o nosso bate-papo aconteceu em pleno Parque Fernando Costa, na sede da ABCZ, entre um intervalo e outro dos muitos compromissos da primeira semana de maio, quando leilões, julgamentos e comemorações marcaram à exposição. Nada mais oportuno para a profissional que conhece esse palco, desde a sua infância, quando acompanhava o seu pai, mascate de tourinhos, nas suas idas a ABCZ e aos leilões de domingo. Andréa estava em casa. Gestora de marketing especializado, e comunicativa naturalmente, começou a sua vida profissional em um escritório de advocacia. Mas no seu destino, a comunicação sobressairia e, por isso, ela foi parar na Nativa. Na agência, especializou-se e cresceu conhecendo cada um dos departamentos da casa, além, é cla-

ro, do mundo do agronegócio e as pessoas que o fazem acontecer. Para atuar em uma agência especializada no agronegócio, é necessário conhecer o meio, o mercado em que atua. Andréa carrega essa experiência no sangue. A pecuária marcou a sua trajetória. Além das experiências da família, que trabalhou com o universo da pecuária, as vivências da fundadora da agência, Cristiana Musa, neta de Torres Homem, grande criador da raça Nelore, promoveram o seu conhecimento com o meio, seus investidores e suas necessidades. A especialização aconteceu com o tempo. Hoje a Nativa é considerada uma das melhores agências segmentadas do agronegócio no País. Tanto que, recentemente, concorreu com agências de São Paulo e conquistou uma das contas da JBS, referente à campanha direcionada ao pecuarista. “Eles buscavam uma agência que conversasse com o pecuarista e nós fomos a escolhida”, ressaltou. Concorrer com agências e ganhar uma conta significativa como esta enche de orgulho qualquer profissional. E com Andréa não foi diferente, prova do reconhecimento pelo trabalho efetuado. Outro momento

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importante para a publicitária foi a campanha dos 80 anos da ABCZ. Data importante e que marca a sua carreira, por ser a primeira campanha como sócia-proprietária da agência. Comunicativa e transbordando confiança, Andréa ressalta que uma das grandes conquistas da Nativa ao longo dos seus 25 anos é a relação de transparência com os seus clientes. “Nosso papel é colocar em uma campanha tudo que nosso cliente faz da porteira pra dentro, aquilo que ele nos informa nas reuniões de briefing. Mas nenhuma campanha se sustenta se ela não for verdadeira. E o contrário também é verdade, nenhum negócio se perpetua, se é bem feito, mas o cliente não comunica”, destacou. Essa parceria e confiança são observadas nas contas atendidas pela agência como a ABCZ, a maior associação do mundo, e outras grandes empresas como a ABS Pecplan, JBS e grandes criatórios como Fazenda do Sabiá, Grupo VR, Brumado, Claudio Toto, Fazenda Baluarte, Naviraí, Matinha, Nelore Vera Cruz entre tantos outros que deveriam ser citados. Contas que foram motivos de comemoração durante a ExpoZebu pelas boas comercializações concretizas durante a Exposição, batendo recorde como a da Fazenda do Sabiá com a venda de Beluga TE da Sabiá e da Chácara Naviraí, com a venda do touro Funcionário de Naviraí. O relacionamento com o cliente há anos fez com que conhecesse o perfil de cada um deles, o que facilita o processo de criação da equipe. “Eu gosto de estar com o cliente, conhecer o seu mundo, a sua realidade, para poder transmitir o que realmente ele quer”, ressaltou. Motivar a equipe é seu um grande desafio, além de fazer dos designers e redatores profissionais conhecedores das raças, do mercado agropecuário. Os desafios atuais estão na especialização da equipe, em mostrar a grandiosidade do agronegócio, e o quanto desafiador e bom é atuar nesse segmento. Para gerenciar uma equipe de 15 profissionais, Andréa conta com a parceria de Leandro Lima, seu sócio, que direciona a área do designer. Na casa da ABCZ, Andréa terminou a entrevista mostrando a sua gratidão pela campanha dos 80 anos da ABCZ e afirmando as suas metas para daqui 20 anos, quando espera estar desenvolvendo as peças para os 100 anos da ABCZ. “Eu vou chegar lá”.


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Equinocultura

Conformação

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Esporte, comercialização, parcerias, sanidade e bem- estar animal foram os temas que promoveram o 24º Congresso Brasileiro da ABQM, tradicional palco de encontro dos quartistas e apaixonados pela equinocultura, realizado de 21 a 27 de abril, no Parque Fernando Cruz Pimentel, em Avaré/SP.

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O grande evento oficial de conformação e trabalho também reuniu a 30ª Prova Oficial AQHA e pela terceira vez consecutiva, o 3º Latin American Championships (LAC). Foram distribuídos mais de R$ 1 milhão em prêmios. O crescimento do esporte no Brasil é uma realidade e o fomento do comércio de animais também, o que ficou evidente durante o evento com o número de inscrições (5.150) e resultado dos cinco importan-

tes leilões da raça, que comercializaram 208 animais com média de R$ 46, 8 mil e faturamento de R$ 9.737.280,00. O Bem-Estar Animal foi discutido durante o Congresso. A presença de um inspetor de Bem-Estar Animal circulando entre as baias de animais e nos arredores das pistas de competição chamou a atenção. Pela primeira vez em um evento oficial a entidade adota a prática de manter, em tempo integral, um profissional dedicado a fiscalizar o

cumprimento das regras descritas no regulamento do Bem-Estar Animal que rege as competições envolvendo animais da raça Quarto de Milha. “O Bem-Estar Animal é uma preocupação da ABQM. Tanto que temos conduzido várias mudanças nas regras nas competições que realizamos e apoiamos, visando a preservar tanto a integridade física dos cavalos, quanto dos bovinos participantes de algumas modalidades”,


e Trabalho

destaca o presidente da ABQM, Marcelo Waldemaria Alves Ferreira.

Competidores O Haras Laucin conquistou os principais títulos das competições com o macho de dois anos Obvious Chance (Classical Chance x Obvious Asset), que deu um show de performance nas pistas. Na LINCC Obvious Chance apresentado por Willian Luiz

Iared foi o Grande Campeão Amador, com julgamento unânime pelos juízes. Já no Congresso ABQM, o animal foi além e sua bela conformação o levou ao pódio como Grande Campeão da Categoria Aberta. Obvious também se consagrou como Grande Campeão AQHA e Campeão do Latin American Championship, destacando-se entre outros animais apresentados, nas três competições. O animal é de criação e propriedade do Haras São Matheus, sendo a sua cam-

panha em pista feita pelo Haras Laucin, de Calil e Neli Iared. Outro destaque ficou com Almeida dos Santos, 51, um dos mais antigos competidores da Apartação, que participou pela categoria Aberta Júnior. Esbanjando vitalidade participa da competição há 27 anos, sempre na mesma modalidade. Pela ABQM, ostenta os títulos de bicampeão Potro do Futuro e do Congresso e tricampeão do Campeonato Nacional. Mas em sua car-

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reira vitoriosa nunca se esquece do ano de 1998, quando conquistou a nota 78 no Campeonato Derby, promovido pela Anca, em Minas Gerais. Montando Son Ofa Jay, na categoria Aberta Júnior, conseguiu a maior nota da história da modalidade no Brasil, 78 pontos. “Nos últimos cinco anos, o nível dos animais melhorou muito com a importação de grandes produtos. Contudo, até hoje, essa nota ainda não foi superada”, orgulha-se.

Pistas internacionais Os conjuntos que passaram pela pista de provas durante as disputas do Ranch Sorting causaram boa impressão aos olhos apurados do presidente da Ranch Sorting National Championship (RSNC), Dave Wolf, que, das arquibancadas, acompanhou todas as disputas da modalidade no dia 23/04.

“A qualidade dos cavalos e dos competidores é impressionante. Vi disputas de alto nível, tal qual temos nos Estados Unidos”, comentou o dirigente da maior organização do mundo na modalidade, que reúne nos Estados Unidos mais de 22 mil competidores e organiza mais de 400 provas por ano. Ao lado presidente Marcelo Ferreira, Wolf também se disse impressionado com a organização da prova realizada pela ABQM e salientou o potencial de crescimento do Brasil na modalidade. “O cenário que vejo aqui é similar ao que tínhamos nos Estados Unidos, sete anos atrás. No nosso último evento tivemos mais de 6,5 mil duplas inscritas. E creio que no Brasil o Ranch Sorting

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Da esquerda para direita, Dave Wolf, presidente da RSNC (Ranch Sorting National Championships) e Marcelo Waldemarin Alves Ferreira, presidente da ABQM.

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também pode ter competições com essa escala”, afirmou. A visita de Wolf ao Brasil se deu para acelerar o processo de criação da RSNC Brazil, subsidiária da organização nos Estados Unidos, que irá fomentar ainda mais o esporte no País. Com a criação dessa nova organização, os competidores mais bem classificados no Brasil poderão disputar a final mundial da RSNC nos Estados Unidos. “Esperamos que esse intercâmbio de conhecimento possa ajudar o acelerar ainda mais o crescimento do Ranch Sorting no Brasil”.


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Eventos

Feira mantém

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faturamento de 2013

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Tudo que o produtor rural precisa para aumentar a sua produção, reunido em um só local. Tecnologia, ciência, inovações para o Brasil e o mundo foram apresentadas durante a AGRISHOW 2014, – 21ª Feria Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, a maior feira tecnológica do País, realizada entre os dias 28 de abril e 02 de maio, em Ribeirão Preto/SP.

Foram utilizados para a demonstração de máquinas, equipamentos, culturas e serviços 440 mil m2 de área de exposição, onde o visitante encontrou desde aviões até sofisticadas soluções para agricultura de precisão, passando por ferramentas, montadoras de veículos, fabricante de pneus, acessórios, entre outros produtos. A feira ainda estendeu sua atuação para outros setores como armazenagem, corretivos, fertilizantes, defensivos, equipamentos de segurança (EPI), equipamentos de irrigação, sacarias e embalagens, autopeças e pneus, produtos e serviços para produção de biodiesel, sementes em geral, além de serviços de seguro e financeiros. Com público de mais de 160 mil pessoas em cinco dias do evento, a feira registrou movimentação financeira de R$ 2,7 bilhões, pouco mais do que os R$ 2,6 bilhões de 2013. O resultado pode ser decorrente da estiagem e da crise do setor sucroalcooleiro. Embora os números não tenham mostrado o crescimento previsto pelos organizadores, a venda de produtos é diferenciada entre fabricantes, mostrando estagnação para alguns, mas crescimento para outros. A Feira também foi palco de homenagens e comemorações. O Estado

do Mato Grosso recebeu homenagem em reconhecimento ao expressivo crescimento do agronegócio e por ser o maior produtor de grãos do Brasil. O Ano Internacional da Agricultura Familiar também foi comemorado por meio de um tributo ao produtor rural Fernando Kubota, primeiro agricultor a receber recursos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). A formação de mão de obra especializada foi outro foco do evento. O presidente da Fiesp e Senai, Paulo Skaf, inaugurou na feira a primeira Escola Móvel de Simulação de colhedoras de cana de açúcar do País. Com investimento de R$ 1,8 milhão, o projeto faz parte de ações da entidade para ampliar a competitividade do setor, que deve atender Protocolo Agroambiental, previsto para entrar em vigor nesta safra, proibindo a queima da cana e priorizando a colheita mecanizada da cana crua. O presidente da Agrishow, Maurílio Biagi, ressaltou a contribuição do SESI para o Brasil, lembrando que o País precisa melhorar a sua educação, pois sem ela não progredirá. “Este projeto do SESI vem somar na área de educação”, disse Biagi.


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Gastronomia


Medalhão de Nelore com Molho de Vinho do Porto

No lançamento da ExpoZebu para jornalistas, em São Paulo,no mês de março, no restaurante Varanda Grill, o chefe Fábio Lazarrini preparou o Medalhão de Nelore com Molho de Vinho do Porto, com a legítima carne Nelore Natural. A receita chamou a atenção de nossa equipe e fomos buscá-la para dividir com os nossos leitores. O sabor inigualável da carne do Nelore Natural se mistura ao do Vinho do Porto, presente no molho. Uma delícia para servir aos amigos e a família em almoços especiais. O preparo é fácil. Vale a pena conferir a receita do chef.

Ingredientes Filé Mignon de Nelore Manteiga Açúcar Cebola

0,360 kg 0,075 kg 0,350 kg 0,125 kg

Sal 0,003 kg Vinho do Porto 0,750 ml Vinho tinto 0,750 ml

Receita molho de Vinho do Porto Modo de preparo Refogue a cebola na manteiga. Acrescente os vinhos após a manteiga derreter, em seguida, coloque o açúcar e o sal. Abaixe o fogo quando o preparo entrar em fervura. Cozinhe por 15 minutos e em seguida coe. Retorne ao fogo até que o volume inicial diminua ¼. Caso necessário, engrossar com maisena diluída em água. Leve o molho ao liquidificador e bata rapidamente até obter a consistência desejada. Ajuste o tempero de acordo com o paladar e sirva.

Carne Temperar a carne com sal. Em uma frigideira dourar os lados do medalhão de Nelore. Acomodar em uma assadeira e finalizar no forno a 180ºC por 10 minutos. Assim que retirar do forno acrescente o molho e sirva!

Fábio Lazarrini É chef executivo no Varanda Grill em São Paulo. Graduado em gastronomia fez estágios em vários restaurantes no Brasil. Na Europa, especializou-se na Escola Italian Culinary Institute for Foreigners, em Costiglione d´ Asti, na Itália.

Colaborou Danyella Ferreira

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Tradição

Tradicional Queima do Alho atrai 15 mil pessoas

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Realizada em Nova Resende/MG, a festa promoveu o encontro de muitas comitivas. Os pratos típicos foram preparados pelos tropeiros

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No final de semana de 30/05 a 01/06, a acolhedora Nova Rezende, de manhãs, tardes e noites geladas, durante o outono, conseguiu ficar aquecida com a chegada das comitivas de Minas Gerais e São Paulo, mais moradores e visitantes, que se reuniram na 6ª Queima do Alho. A festa, organizada pela Associação dos Cavaleiros de Nova Resende, reuniu 15 mil pessoas, que lotaram o parque de exposições para saborear, gratuitamente, a culinária dos tropeiros. Crianças, adolescentes, adultos, idosos, todos com trajes típicos, (chapéu, camisa, bota e botinas) participaram do evento. A festa, criada por Emídio Madeira, o Emidinho, tem como uma de suas marcas a solidariedade. Os hospitais do Câncer e Otto Krakauer, da cidade de Passos/ MG, divulgaram suas campanhas durante o evento. A festa, que hoje é uma tradição, surgiu da vontade de pai e filho de participarem do mesmo evento em Barretos/SP. Segundo Emidinho, ele e seu pai estavam em Barretos e não conseguiram participar da festa, que era apenas para convidados. Decidiram então criar uma em Nova Resende, onde residem. “A semente bem plantada e cultivada trouxe frutos, a Queima do Alho é hoje um evento regional”, disse.

Gastronomia O ponto forte da festa é a gastronomia, com suas particularidades e regionalismo. Os pratos preparados com amor e dedicação atraem visitantes de vários estados. A proposta da festa é manter viva a tradição dos tropeiros, por isso os pratos são preparados de forma simples, nos fogões à lenha improvisados no chão, como os tropeiros faziam durante as comitivas. O cardápio é legitimamente de tropeiro. Foram preparados 27 pratos diferentes, pelas 50 comitivas do estado de Minas e São Paulo: porco assado, churrasco, arroz carreteiro, feijão tropeiro, molho de abóbora, feijão gordo, porco à paraguaia, carne seca, torresmo, entre outros. Para alcançar o melhor sabor, a farofa foi preparada no pilão. Além da gastronomia, as comitivas lembram o modo de vida dos tropeiros. Na ornamentação das barracas, galos como mascotes, ficam pendurados e viajam para todas as etapas do Circuito Queima do Alho, realizado em 24 etapas entre cidades do Sul de Minas. Na festa de 2014 não houve julgamento das comitivas. “Decidimos por bem não fazer o julgamento. A Queima do Alho é uma festa muito boa. O pessoal participa e estamos satisfeitos”, disse o coordenador da festa e patrono da Queima do Alho, Emidinho.


Na versão de 2014 a festa foi realizada em três dias com a acolhida das comitivas no dia 30 de maio e a festa no dia 31. No encerramento, dia 01 de junho, uma prova de marcha, foi apresentada para os visitantes. Além da comida típica, shows animaram milhares de pessoas que passaram pelo local. A administração pública apoia a festa, que mantém o resgate de tradições de uma região predominantemente agropecuária. A importância da tradição e do resgate cultural é ressaltado por Odair Alves da Silva, do Departamento de Cultura e Turismo. “A prefeitura, cada vez mais, vai incentivar esse evento, pois faz parte da nossa história”, disse o secretário. A administração pública contribui como toda população. O foco está no resgate cultural, para que os mais jovens não se esqueçam das tradições. “Quando vemos um trabalho bem feito, colaboramos. Essa festa é importante para a nossa cidade. Não há diferenças, todos são tratados da mesma forma”, disse o prefeito, Celso José de Oliveira

Tropeiros O encontro das comitivas é uma grande festa que mantém milhares de pessoas reunidas em torno de uma boa gastronomia, muitas histórias e música. Entre elas, representantes que acompanham a festa de Nova Resende desde o seu início, como a comitiva de Monte Santo de Minas, “O Trem Bão”, que participa há cinco anos. Presente em todos os eventos da Queima do Alho, o produtor rural Deusmar Miguel Martins, mais conhecido como Deusinho, 52, serve o prato: feijão

tropeiro, arroz com galinha. “Fazemos com carinho para o pessoal.Um feijão bem caprichado com bacon, que eu mesmo faço. Gosto do evento porque é o meu estilo de viver”, disse. O empresário Dermival dos Reis Madeira, 53, participa da comitiva “Vô Tião” que há três anos foi criada.Tião é seu sogro e originou o nome da comitiva. Serviram feijão tropeiro, paçoca de carne seca socada no pilão e mandioquinha frita. “A procura é grande e a turma come mesmo. Recordam experiências do passado de parentes ou amigos e nós recordamos o que meu sogro viveu,” conta Dermival. Já a comitiva “Celeiro”, de Nova Rezende, há quatro anos participa da festa em parceria com a cidade de Juruaia. Tarcísio Alves dos Santos, mais conhecido como “Calango”, conta que serviu porco à paraguaia, arroz e feijão frito. “Conseguimos dez porcos, graças a Deus deu tudo certo. A turma é muito unida. Se não fosse não daríamos conta. Esta festa faz lembrar a cultura do mineiro.” Representando a cidade de Carmo do Rio Claro, que finalizará a etapa da Queima do Alho, o vendedor agrícola Matheus Andrade Lima, 18, faz parte da comitiva “Os PéVertidos”. Para ele a festa de Nova Resende é uma das melhores do Sul de Minas. “Já participei de outras, mas nada se compara a Nova Rezende.” O evento também atrai apreciadores da cultura popular como a empresária Nelma Guerra da Silva, 41, da cidade de Santo André/SP. “Acho que a fama da festa está correndo Brasil afora. Fiquei curiosa para ver os elementos típicos da festa, a simplicidade e o aconchego. Evento maravilhoso, muito bonito e bem organizado,” concluiu.

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Galeria Queima do Alho agroneg贸cios

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agronegócios Edição especial capa dupla!

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Leia aqui também a edição especial primeira capa disponível no Issuu.

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