Terra Boa Agronegócios - Ed 11 Dez/Jan 2014 - Fernando Penteado Cardoso

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agronegócios ano 2 | edição 11 | Dezembro /Janeiro 2014

Fernando Penteado Cardoso Gestão Modelo para a Agropecuária

Pecuária de Corte Senepol atrai novos investidores

Pecuária de Elite Linhagem Lemgruber na Fazenda Mundo Novo

Eventos ACNB premia os melhores de 2013


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Parceiros e Colaboradores


Prepare-se! O novo ano vislumbra boas perspectivas para o agronegócio com a recuperação do mercado da pecuária de corte, a estabilização da pecuária leiteira, a boa safra de cereais, entre muitas outras importantes conquistas do setor que devem marcar o próximo ano. Entre as muitas comemorações de 2014, duas das grandes associações do País, a ABCZ e a ACNB, comemorarão os seus muitos anos de existência e luta pela pecuária de corte nacional: 80 anos da ABCZ e 60 anos da ACNB. O ano promete ser de muitas ações, comemorações e decisões que entremearão o nosso dia a dia, desde o início do ano. A pensar na velocidade em que tudo acontece, 2014 promete ser um ano muito intenso, de muito trabalho. Para entrar nesse novo tempo, não podemos deixar de olhar para trás e reconhecer todos aqueles que estiveram conosco ao longo de 2013. Na página ao lado, uma pequena mostra de colaboradores e parceiros, entre muitos outros anunciantes, que participam do projeto Terra Boa Agronegócios. A todos vocês que acreditam em nosso trabalho, o nosso verdadeiro agradecimento. Nesta edição especial, em que nos despedimos de 2013 e brindamos 2014, buscamos alguns exemplos de vida para refletirmos sobre os nossos desafios e vitórias, balanço oportuno para esta época do ano. Nas páginas desta edição, a trajetória de Fernando Penteado Cardoso, o fundador da Manah, que, aos 99 anos, nos motiva a acreditar, crescer, trabalhar, a continuar sempre em frente. E ainda os companheiros, Alexandre e Marcos, dois técnicos agrícolas arrojados que fazem a Triângulo Agro crescer solidamente cada dia mais. A todos vocês que acompanham a nossa publicação, queremos dizer que 2014 promete ser um ano de belas histórias e boas conquistas. Estamos juntos! Bolivar Filho

Nas capas desta edição, o fundador da Manah, Fernando Penteado Cardoso, por Zzn Peres, e Marcos Pollo e Alexandre Silva da Triângulo Agro, por Filipe Andrade.

Você sabia que a Terra Boa também pode ser acessada na internet para leitura virtual? É no endereço abaixo:

http://issuu.com/terraboa Tenha uma boa leitura!


Leia na Terra Boa agronegócios

EXPEDIENTE Terra Boa Agronegócios é uma publicação bimestral da Editora Doce Mar ano 2 | edição 11 | dezembro/janeiro 2014 Direção executiva Bolivar Filho contato@terraboaagro.com.br Conselho editorial Bolivar Filho, Denise Bueno Edição Bolivar Filho Denise Bueno Projeto gráfico Edição de imagens e DTP Multimarketing Comunicação Dalton Filho / Thiago Ometto contato@multimarketing.ppg.br daltonfilho@multimarketing.ppg.br Jornalista Responsável Denise Bueno – DRT/MG 6173 terraboaminas@hotmail.com Redação Adriana Dias Denise Bueno Revisão Ruller Rodrigues rullerrodrigues@hotmail.com Fotos Reginaldo Faria reginaldofaria@outlook.com Capa Fernando Penteado Cardoso Nelore do Brasil/Zzn Peres

12 CAPA A coragem e o dinamismo do fundador da Manah

PROFISSÃO Zootecnista, na prática e no coração

18 PECUÁRIA DE ELITE Fazenda Mundo Novo

Impressão 3 Pinti Editora e Gráfica Tiragem 10 mil exemplares A Revista Terra Boa Agronegócios não tem responsabilidade editorial pelos conceitos emitidos nos artigos assinados e informes publicitários. Revista Terra Boa Agronegócios Av. Com. Francisco Avelino Maia, 3866 Passos/MG - 37902-138 - Fone: (35) 3522-6252

Envie a sua história ou curiosidade relacionada ao campo para a Terra Boa Agronegócios!

36 GASTRONOMIA Pescoço de Peru à moda Terra Boa

22 ARTIGO A taxa de desfrute e sua importância na lucratividade da fazenda

38 EVENTOS ACNB premia os melhores do ano

www.facebook.com/terraboa.agro Publicidade: publicidade@terraboaagro.com.br

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26 PECUÁRIA DE CORTE Senepol conquista novos criadores


Leitores da TB

Mônika Bergamaschi, Secretária de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, e Cibele Franzese, Secretária Adjunta da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional de São Paulo, no Parque Fernando Cruz Pimentel, em Avaré/SP, durante a Interláctea, Feira Internacional da Cadeia Produtiva do Leite realizada de 11 a 16 de novembro/2013, recebem a 10ª edição da Revista Terra Boa Agronegócios, depois de uma série de entrevistas. Segundo Cibele, o Parque Fernando Cruz Pimentel deverá ser mais utilizado para outros eventos do setor agropecuário devido a sua excelente estrutura. A Interláctea foi considerada um sucesso pelos diretores das secretarias da Agricultura e Planejamento.


Ao leitor Foram muitas as estradas percorridas em 2013, porteiras abertas para a passagem da Terra Boa. Histórias registradas, boas novas e conquistas, ah, muitas conquistas! Desafios. E para equilibrar a vida, as dificuldades. Não vivemos sem esses ingredientes de vida e emoção.

Ao longo da estrada a imagem do homem do campo, aquele do passado, ficou para trás. Encontramos tecnologia de ponta, ciência, pesquisa e um Brasil que poucos

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ainda conhecem.

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Entre tanto chão batido, asfalto e muitas plantações, a história de homens, mulheres e animais, traduzidas em muita paixão pela atividade de produzir alimentos com qualidade, muita qualidade!

E quando terminados um ano de trabalho, o outro já desponta com os anseios de novos caminhos a serem percorridos. Além da certeza de que, muitos outros causos precisam ser contados. Que venha 2014. Aqui vamos nós!

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Publicidade p RM NE

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pรกgina dupla

ELORE

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A coragem e o

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do fundador

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foto arquivo pessoal


dinamismo

da Manah Chegar aos 99 anos, trabalhando, não é para qualquer um. Mas este feito, entre outros, é um dos méritos do senhor Fernando Penteado Cardoso, engenheiro agrônomo graduado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, turma de 1936, fundador da Manah e criador do slogan conhecido em todo País: Com Manah, adubando dá. A inspiração do slogan veio de um dos livros de Monteiro Lobato e lhe garantiu a conquista de Marca Notória pelo reconhecimento público. Mas antes de se dedicar à fertilização de solos enfrentou muitos desafios. Foi funcionário público, Secretário da Agricultura e administrador de fazendas. Venceu todos eles, até se dedicar de corpo e alma, como ele mesmo afirma, à direção da Manah.

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No dia 12 de dezembro Dr. Fernando foi homenageado como Criador Modelo, durante a Nelore Fest, evento realizado pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil, pela sua dedicação e empenho na criação da linhagem Lemgruber. Não por acaso, a raça Nelore e a agronomia são as suas paixões. Embora feliz com a homenagem, Dr. Fernando como é chamado por muitos, se diz representante de todos aqueles que se dedicam ao melhoramento do nelore, entre eles, seus filhos Eduardo e Fernando, também engenheiros agrônomos, que administram a Fazenda Mundo Novo, em Uberaba/MG, dedicada à linhagem Lemgruber. A agronomia é uma das paixões do Dr. Fernando. É por meio dela que ele pontua a sua vida dividida em diferentes facetas: o agrônomo dedicado ao serviço público, o agrônomo administrador de fazenda e o agrônomo da Manah. Incluímos mais duas: o agrônomo da Fundação AGRISUS e o pecuarista. Dr. Fernando recebeu a equipe da Revista Terra Boa em uma sexta-feira chuvosa do mês de novembro, em sua Fazenda Aparecida, no município de Mogi Mirim/SP. O local é o seu refúgio nos finais de semana. Durante a semana, ele mantém expediente em São Paulo, na Fundação AGRISUS, criada por ele. A instituição financia pesquisas sobre a fertilidade do

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Nelore do Brasil/Zzn Peres

Gilson Katayama, diretor da ACNB, entrega troféu ao homenageado Fernando Cardoso

Filhos, noras e netos acompanharam o homenageado da ACNB em noite do Nelore Fest, Dr. Fernando Penteado Cardoso. Em pé, da esquerda para a direita: Maria Carolina, Eduardo Cardoso, Anna Lucia, Eduardo Filho, Cláudia. Sentados, da esquerda para a direita: Marina, Dr. Fernando e Maria Estela.

solo, uma das suas grandes preocupações. “Sempre me preocupei com a fertilidade do solo, desde a minha juventude quando ouvia meus tios discutirem sobre a terra cansada. Na faculdade, minha preocupação se intensificou e sempre tive a intenção de criar uma fundação para esta causa. Juntamente com o apoio dos meus filhos, ela se tornou uma realidade”. É na fundação que o Dr. Fernando passa as suas tardes, cumprindo seu tempo de trabalho na instituição. Embora seja reconhecido em todo País pela sua atuação na Manah, sua vida é repleta de experiências diversificadas. Formou-se em agronomia e tornou-se funcionário público pela Secretaria de Agricultura de São Paulo. Foi subinspetor de fruticultura e ficou um ano nos Estados Unidos estudando as condições da laranja após colheita. Não viu futuro para ele no serviço público, uma vez que seus relatórios não condiziam com as ações implantadas. Permaneceu por quatro anos na atividade e, ao optar por deixar o cargo público, foi gerenciar uma fazenda decadente de café que pertencia a sua família, onde trabalhou com afinco por oito anos. O tempo era de muita dificuldade. A guerra impedia a importação de adubo e o café não tinha preço. A famosa frase “faça do seu limão uma limonada” é uma realidade na vida do Dr. Fernando. Por não ter adubo convencional para a fertilização das lavouras, utilizou as cinzas dos grãos de café queimados por falta de preço, um dos marcos na história da cafeicultura brasileira, e mais cinza do farelo de caroço de algodão, criando, assim, um composto para adubação. O resultado foi surpreendente. Com o acúmulo do seu adubo, chegou a ter estoque para dois anos, começou a vender para os vizinhos. O que seria apenas um experimento, transformou-se em uma grande indústria de fertilizantes do Brasil. Quando o controle acionário da Manah foi vendido para uma multinacional, ela era a segunda maior empresa do segmento no País.


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A pesquisa, a informação de ponta sempre foram as molas mestras do seu trabalho. Sempre procurou se associar a quem detinha o maior conhecimento e, assim, alavancar os seus projetos. “Nunca deixei de usar a melhor tecnologia disponível, sempre procurei me manter atualizado com a evolução da ciência”.

O administrador Como administrador de fazendas, o agrônomo Fernando Cardoso viveu experiências ímpares. A recuperação de fazendas abandonadas ou novas marca a sua história. A primeira delas foi uma fazenda de café da família. A seguir, no Estado do Paraná, viveu toda a emoção de desbravar a mata, após escolher as melhores áreas para o plantio do café, começando do zero. Experiência que o enche de orgulho por ter vivenciado a mesma emoção que seus avós. A terceira delas a fazenda Aparecida, onde atualmente cria seus bezerros e planta 300 hectares de cana. A fazenda, que também era de café, foi toda recuperada, tendo boa parte das instalações preservadas, incluindo a área de pastagens que era imprópria para cana. Os últimos problemas enfrentados na preservação do solo foram corrigidos com o plantio direto; uma das técnicas defendidas ferrenhamente pelo agrônomo. O resultado todos conferem a olhos vistos: a fazenda é linda, os pastos totalmente recuperados e a área destinada à cana tem resultados excelentes. Além dessas fazendas, outras pertencentes à Manah pontuam a sua história, como a fazenda em Brotas/SP, onde formou pastagens em terras fracas de cerrado e iniciou a sua criação de Nelore; e a fazenda do Sul do Pará, para onde levou a expansão da pecuária de corte atendendo a uma proposta do Governo brasileiro na década de 1970 para desenvolver a Amazônia.

O fundador da Manah Ele nunca imaginou que uma mistura de cinzas do café e do algodão o levaria a criar a Manah, a segunda maior empresa de fertilizantes do País, muito menos que ela seria reconhecida em todo Brasil. Mas a atividade o levou a ser um dos grandes conhecedores do Brasil pujan-

te, onde a pecuária e a agricultura crescia e avançava por todos os estados. Assim, conheceu de perto as dificuldades de plantio em terras “fracas” , bem como a expansão do milho, do trigo, da soja. O desenvolvimento do Paraná, do Mato Grosso, Santa Catarina. “Eles queriam plantar e eu vender adubo. Eu não estava brincando. Naquela época o Brasil era heroico, depois ficou importante”, disse Fernando. Com a expansão da empresa, enveredou por outros caminhos e foi em uma dessas oportunidades de expansão da pecuária de corte e de reflorestamento que a empresa investiu na pecuária de corte no Pará e em Brotas/SP. O investimento na raça Nelore começou nesse período. Produziam tourinhos em Brotas para serem levados para o Pará. De pesquisa em pesquisa chegaram até o criatório do Sr. Geraldo Soares de Paula, em Curvelo/MG, onde havia um gado Nelore original, descendente das primeiras importações feitas por Manuel Lemgruber. Assim começou o seu investimento na linhagem com o touro Mistério e com a consultoria do engenheiro agrônomo Fausto Pereira Lima. Foi através da Manah, também, que levou o plantio direto para muitas regiões do País. Eram muitos técnicos divulgando a nova técnica que preserva o solo. Aliás, a pesquisa e a informação de ponta sempre foram as molas mestras do seu trabalho. Sempre procurou se associar a quem detinha o maior conhecimento e, assim, alavancar os seus projetos. “Nunca deixei de usar a melhor tecnologia disponível, sempre procurei me manter atualizado com a evolução da ciência”.

A pecuária de corte Aos 99 anos de vida, diz que enquanto tiver gás vai tocando em frente. É na Fazenda Aparecida que ele cria os seus Nelores para corte. “Bezerro é feito para fazer carne. Se a raça não é boa para fazer carne, não é boa para a pista”, enfatiza. O processo é criterioso diante da capacidade de produção da propriedade. O restante da área é destinado ao plantio de cana. “O Nelore enche meus olhos e a cana cuida do meu bolso”, brinca Dr. Fernando. O seu dinamismo é tamanho que, em plena tarde de chuva, percorreu toda a propriedade com a nossa equipe, mostrando as pastagens, os animais, o tipo de alimentação e os resultados obtidos na antiga fazenda de café, bem preservada por ele. Por uma planilha confere e acompanha toda a evolução da criação: nascimentos, mortes, vendas e reclassificações. A criação do seu rebanho é a pasto com suplementação no período da seca com cana. A fazenda é também o ponto de encontro da sua grande família, 83 pessoas entre filhos, netos, bisnetos e os consortes. A esposa Magdalena, lembrada em cada detalhe da casa, faleceu em 2012. Em novembro, ele já falava da reunião programada para o Natal na Fazenda Aparecida: confraternização, festa e a reunião da sua grande família.

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Pecuária de Elite

Lemgruber

A linhagem da Mundo Novo

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Quando se fala em linhagem Lemgruber, se fala em seleção genética de 135 anos. Tempo de avaliação séria e criteriosa de uma linhagem que hoje se destaca no ranking da raça Nelore, mas que no passado sofreu resistência de muitos criadores devido à caracterização dos animais.


Preconceito vencido, hoje as qualidades da linhagem podem ser encontradas em diversos touros nas Centrais e nas fêmeas de criatórios consagrados como o da Fazenda Mundo Novo de Eduardo e Fernando Penteado Cardoso Filho. A Fazenda localizada em Uberaba/MG tem muita história para contar. Conhecida pelo seu criatório a pasto, é reconhecida também pelos programas de seleção e qualidade que mantém em parceria com universidades e instituições e pelos belos animais que forma a cada ano, sempre preservando a linhagem Lemgruber, oriunda de um dos criatórios mais tradicionais da raça, o do Sr. Geraldo Soares de Paula, de Curvelo/MG. A história da Mundo Novo começou em 1969 quando a empresa de fertilizantes Manah, criada pelo pai de Eduardo e Fernando Filho, Fernando Penteado Cardoso (conheça a sua trajetória na página 12 desta edição), optou por investir em pecuária de corte seletiva. A raça Nelore crescia naquele período, incentivos do governo para a pecuária e reflorestamento também. A empresa optou pela seleção de animais e sob a orientação do engenheiro agrônomo e juiz de pista, Dr. Fausto Pereira Lima, em 1974, chegou até o criatório do Sr. Geraldo. Fausto promoveu reunião com a diretoria da ABCZ na época,

onde pontuou as características próprias das várias linhagens da raça Nelore como a Lemgruber, do Karvad, do Golias entre outras, facilitando assim, a partir desse momento, o registro dessas linhagens pela ABCZ. “Toda a vacada da Fazenda Mundo Novo foi inseminada com sêmen de um touro adquirido em Curvelo, o touro Mistério, que havia conquistado o título de campeão da raça Nelore na exposição de 1972. Esse touro com 2,5 anos de idade pesou 1.016 quilos. Peso raro na época, em qualquer exposição deste país. O que nos chamou mais a atenção foi a facilidade daquele animal em transformar as forrageiras de uma terra fértil, porém muito seca, em carne, beleza, saúde, etc. Novos touros e matrizes foram adquiridos em Curvelo e o trabalho seletivo prossegue até hoje com muita facilidade e tecnologia”, disse Fausto. Como consultor, Fausto afirma que buscou sempre manter as características inerentes à linhagem procurando dar ênfase à fertilidade, tanto nos machos como nas fêmeas, à habilidade materna, à libido dos touros, à disposição de caminhar em busca de água e de alimentos, à melhora nos índices de ganho de peso, à conformação frigorífica, à docilidade e à repe-

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lência a ectoparasitas, o que era o foco de produção da Manah naquela época. Com o uso da inseminação, o criatório cresceu na fazenda da empresa em Brotas/SP chegando a 3.700 cabeças. A preocupação de manter a linhagem fechada foi uma das metas da empresa, que sempre buscou a informação para se especializar cada vez mais na criação desta linhagem. A partir de 1980 adotou métodos científicos de avaliação genética, sendo um dos primeiros rebanhos a ter mensurações testiculares e a adotar provas de desempenho individual e a pasto. Quando a empresa foi vendida em 2001, os animais continuaram com a família, agora sob a tutela de Eduardo e Fernando, na fazenda Mundo Novo. Com uma boa e grande base de animais, que chega a três mil cabeças, os irmãos conseguem produzir e selecionar animais melhores a cada ano. O resultado está nos números. Em 2013 conquista-

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ram a Palheta de Ouro, prêmio concedido pela CRV Lagoa ao touro Jamanta, pelas mais de 250 mil doses de sêmen produzidas. Com esse título, a Fazenda Mundo Novo entra para o seleto grupo dos criadores que detém este título. Para Eduardo, o sucesso do Jamanta reflete a sua versatilidade, pois é um touro que é bem aceito em vários rebanhos. “Um touro eclético e muito bem cotado para a produção de carne, sendo um dos cinco primeiros da Central na indicação de área de olho de lombo”, ressaltou o criador. Além desta conquista, Eduardo contabiliza o crescimento ascendente da linhagem Lemgruber nos animais de pista, entre aqueles que lideram o ranking da raça Nelore.

Mundo Novo O criador Eduardo Cardoso recebeu a equipe Terra Boa, no início de novembro, quando preparava o seu leilão anual realizado no dia 20 de novembro. Conhecemos a fazenda e os vários lotes de animais separados por idade, para o leilão, ou por programas, como um deles em parceria com a UFMG (Universidade

Federal de Minas Gerais), no qual não se aplica o vermífugo. O resultado tem sido surpreendente segundo o criador, com a seleção de animais mais resistentes a parasitoses e com menor custo de produção. Desde o início da criação da linhagem Lemgruber, a família Cardoso aposta na tecnologia e na informação para criar excelentes animais através das normas de seleção, o que foi intensificado com as orientações do professor Jan Bonsma, em 1982, quando esteve no Brasil a convite da Manah. Até os dias atuais suas recomendações são adotadas na fazenda. Entre seus quesitos de seleção estão a adaptabilidade ao pasto e a fertilidade. No terceiro quesito está a aptidão econômica com destaque para ganho de peso, carcaça, conversão alimentar e temperamento dócil. Somente depois dessas análises entra a caracterização racial. “Quem entende de raça é a ABCZ. O registro dos animais é muito importante para nós. Se seus técnicos afirmam que estamos no padrão, está tudo certo”, disse Eduardo. Entre as características da linhagem, Eduardo destaca o couro do animal,


pois quanto mais couro, mais pele, mais mecanismo termo-regulador do calor, o rabo mais longo para espantar as moscas e ossatura mais grossa, mais resistente a quebraduras. “Se tem mais osso, tem condições de ter mais carne, suporta mais peso”, ressalta Eduardo. Na Fazenda Mundo Novo a meta é produzir animais rústicos e de muita qualidade com o menor custo. “Uma de nossas metas é produzir animais de baixo custo. Nossa pesquisa em parceria com a UFMG, em cujo lote não aplicamos vermífugo, reflete essa realidade. Buscamos criar animais bons, com menor custo e mais resistentes”, disse o criador. Outro fator que impulsionou a utilização da linhagem Lemgruber nos cruzamentos, segundo Eduardo, foi a necessidade de encontrar uma boa estrutura óssea, uma das características da linhagem somada à profundidade de costela e habilidade materna. “A vaca Nelore produz leite, ela não armazena leite. Seu úbere é menor o que facilita a locomoção pelos pastos sem se machucar, além das tetas menores o que é mais prático e fácil para o bezerro mamar”, explicou Eduardo sobre habilidade materna.

Adequar os animais para as exigências do mercado não é uma tarefa fácil, mas as provas de avaliação vieram para exemplificar o processo e ajudar na seleção dos melhores animais. Na Mundo Novo, o cruzamento tem como base as pesquisas científicas, as provas de desempenho, proporcionando uma nova geração de filhos e filhas de animais cuja genética foi devidamente comprovada. A opção dos criadores desde o início foi a de manter a linhagem fechada. “Preparamos os animais para o mercado e os criadores, dependendo da sua necessidade, usam os nossos animais para provocar o choque de sangue. Eu destaco como uma das qualidades do Nelore a rusticidade. O animal consegue explorar grandes áreas de pastagens e transforma o capim na melhor carne”, ressaltou. Hoje a Mundo Novo tem como compradores criadores do Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Tocantins. Criadores da Índia também passam pela Fazenda para relembrarem a linhagem Ongole, que originou o Nelore no Brasil, mas que está desaparecendo no seu País de origem. Segundo esses cria-

dores, os animais da Fazenda Mundo Novo são dos únicos que mantiveram as características do Ongole.

Lemgruber Manoel Lemgruber, o Manduca, fazendeiro no Rio de Janeiro, encomendou os primeiros exemplares de bovinos Ongole, da Índia, em 1878. Eles eram exóticos, brancos e acinzentados, altos e encorpados, com bastante couro e uma corcova proeminente acima da paleta. Ele e seus familiares disseminaram o rebanho por todo País. Em 1940 Geraldo Soares de Paula, pecuarista mineiro, passou a adquirir animais da família Lemgruber convicto de que a linhagem não deveria se misturar com as importações de 1960/1962. A partir de 1974 a Manah passou a criar a linhagem. O nome Lemgruber é uma homenagem ao primeiro importador dos animais Ongole. A marca é registrada e pertence à família Cardoso.

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Artigo | dezembro/janeiro 2014

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A taxa de desfrute e sua importância na lucratividade da fazenda Com a mudança do valor da terra e o aumento dos custos dos bens materiais, custos empregatícios, reforma de pastagem, depreciações de cercas, infraestrutura e maquinários, o lucro na pecuária foi literalmente dilapidado, levando muitos colegas pecuaristas a arrendar suas terras ao invés de tentar modernizar seu sistema pecuário. Parte desse insucesso é resultado da resistência às mudanças. Não há mais espaço para o empirismo, devemos ser racionais, analisando os números com critério. Existem diversas maneiras de se medir a produtividade de uma fazenda de corte, tais como kg de carne produzido por ha, kg de bezerro desmamado, kg de vaca por ha e a taxa de desfrute. Esta é a mais simples de calcular e aplicável a qualquer fazen-

da independente da lotação da terra, respeitando os recursos naturais e limites de cada solo e clima. A taxa de desfrute, ou de extração, mede a capacidade do rebanho de produzir animais excedentes para venda, sem comprometer seu efetivo básico. O excedente é constituído de novilhos em idade de abate, de touros e vacas descartados do rebanho e das novilhas não reservadas para reprodução. Na prática se o produtor possuir no rebanho estabilizado 3000 U.A. e vender 660 U.A. em doze meses, mantendo ainda as 3000 U.A. de estoque na fazenda, conseguirá um desfrute de 22% (a taxa média do Brasil). Esse é o desfrute obtido quando se trabalha com cria/recria/engorda, a pasto, de um rebanho zebuíno (entre 22

a 25%). Para se obter lucros brutos maiores (desfrutes maiores) devemos ser pragmáticos e racionais, tendo a coragem e ousadia suficiente para libertar-se do passado e das correntes que, porventura, nos prendem às ideologias retrógradas e definitivamente lançar mão do cruzamento entre raças, como ocorre a um século com suínos e aves. Nas andanças que venho fazendo de Norte a Sul do País, orientando clientes de gado de corte, tenho me deparado com produtores de todo tipo. Desde radicais e entorpecidos com a precocidade e fertilidade que o cruzamento proporciona, não querendo mais usar raças zebuínas e, portanto, usando apenas compostos ou raças taurinas adaptadas, a semianalfabetos, sem compromisso com


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tradições, gerando desfrutes de 30% a pasto. Há um fato em comum em todos esses, não abrem mão da utilização da inseminação aliada ao cruzamento, usando sêmen de touros provados. O abate de seus bois a pasto, com suplementação é na média aos 24 meses com 17@ e suas novilhas entram em cio entre 14 e 20 meses (100% delas) a pasto. No modelo de produção de carne, utilizando, por exemplo, o cruzamento terminal, inseminando 70% das matrizes zebuínas (multíparas) com Europeu e repassando com touros tropicais, o produtor aumentará seu lucro em 25%, saltando de 22% para 27%. Se inseminar 100% das vacas adultas zebuínas com sêmen de Europeu, repassando com touros tropicais, obterá um desfrute de 28% a 30%. O produtor que lançar mão do sistema rotacional, sempre repondo suas matrizes com novilhas de cruzamento e confinar seu

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rebanho de novilhos cruzados aos 20 meses, abatendo suas novilhas aos 20 meses com 14@ e abatendo suas vacas vazias, terá um lucro bruto médio de 33%. Esses 33% vão pagar os custos fixos (60% dos custos totais), os custos variáveis (40% dos custos totais) e ainda deixarão o lucro que o pecuarista necessita para investir numa aliança mercadológica e marca de carne própria, pensando sim em um lucro pósporteira. Se seus bois são abatidos acima de 2,5 anos (30 meses), ele leva praticamente 2,5 vezes os custos fixos anuais que você tem na fazenda, se seu boi é abatido com 24 meses ele carrega nas costas apenas 2,0 vezes os custos fixos anuais da fazenda. E esse é o sistema mais rentável atualmente para o Brasil: produzir um boi de 20 a 24 meses, a pasto, com suplementação em regiões com menor disponibilidade de grãos baratos; e um boi de 18

a 20 meses com 70 dias de cocho em regiões de alta disponibilidade de ração barata. Basta o criador soltar as amarras da tradição e aproveitar os quase US$ 50.00 pagos pela arroba para investir em nutrição e genética, lançando mão do sistema de cruzamento entre raças a fim de fazer um boi que já vem sendo abatido em regiões de muito grão com 12 meses e 16 a 17@.

Alexandre Zadra 16 8181-5753 zadra@crigenetica.com.br


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Pecuária de Corte | dezembro/janeiro 2014

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Senepol novos

Os amigos de infância, o engenheiro agrônomo, Vinicius Augusto Jacomini e o médico veterinário, Wellson Abdala, uniram-se


conquista criadores

em torno da pecuรกria de corte e juntos trabalham no novo criatรณrio Senepol da Mata, formado hรก pouco mais de um ano.

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Eles são novos criadores de Senepol, mas dão mostra de que não vieram para brincar. Encantados pelas qualidades da raça e com o foco na seleção genética trabalham na formação do plantel do Senepol da Mata, com sede em Batatais/SP, buscando formar uma base sólida com a aquisição dos melhores animais ofertados pelo mercado. Na estação de monta de 2013, outubro/fevereiro, preparam os animais para os próximos anos. A meta é criar 300 cabeças até 2015, para isso utilizam a técnica da fertilização in vitro. Em médio e longo prazo os animais deverão ser inseminados e utilizada a monta natural. A pecuária é uma velha conhecida de Vinicius e Wellson que já utilizaram outras raças para a produção de tricross. De experiência em experiência, chegaram até o Senepol e se encantaram pela adaptabilidade do animal em terras brasileiras, sobretudo, por sua

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docilidade e precocidade. Era tudo o que procuravam para a atividade, que tem como foco a seleção genética e a pecuária de corte em grande escala. O conhecimento da raça ocorreu meio que por acaso durante uma palestra na sede da CRV Lagoa, em Sertãozinho/SP, onde Vinicius comprou doses de sêmen Senepol e foi sorteado com outras mais. O criatório deles começou assim, descobrindo a raça, tateando no novo, mas acreditando no potencial dos taurinos. Os resultados das primeiras crias e a adaptabilidade dos animais ao clima incentivam cada vez mais os criadores a se dedicarem a pecuária de corte, com metas bem arrojadas para resultados em médio prazo. Para isso, não medem esforços na aquisição de novas matrizes, na pesquisa de novos touros, no estudo acurado das características da raça, bem como na sondagem do trabalho dos demais criadores.

As primeiras matrizes do Senepol da Mata, adquiridas com prenhezes, foram avaliadas este ano no programa da CRV Lagoa e obtiveram bons resultados. Em 2014, outros animais serão enviados para a Prova de Avaliação. Focado em uma produção de muita qualidade, eles levarão para o mercado os melhores resultados do seu criatório, observando sempre a seleção genética e procurando melhorar cada vez mais os animais que nascem em terras brasileiras. “Se estamos trabalhando com seleção genética e temos resultados surpreendentes de um touro, cujo pai é destaque em Central de Inseminação, usaremos o filho no As primeiras matrizes do Senepol da Mata, foram avaliadas este ano no programa da CRV Lagoa


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cruzamento, pois acreditamos que ele terá melhor desempenho do que o pai. Se estamos fazendo seleção genética, não podemos retroagir, mas seguir em frente. A não ser nos casos que tenhamos que usar características específicas de um touro para imprimi-las no rebanho, conforme demanda do mercado”, disse Vinicius. Segundo os criadores, os resultados do Senepol são muito bons, muito além do esperado por eles diante das experiências já vivenciadas com outras raças.

O plantel O foco do criatório, além da seleção genética, é a precocidade. Para isso, formam o plantel com a consciência de que é melhor ter matrizes de excelente qualidade do que muitas matrizes de médio desempenho. Com este propósito conheceram criadores tradicionais da raça e com a troca de experiência encontraram as matrizes da Senepol da Mata, sempre buscando a precocidade sexual e de produção. “A precocidade é totalmente o nosso foco. E os resultados do Senepol são absurdos. A história da raça no Brasil é muito nova e embora tenha resultados fantásticos, tem muito ainda a crescer.

Eu acredito que o Senepol é a raça do futuro”, disse Wellson. Entre seus animais destaque, estão as campeãs de 2012 do Centro de Performance da CRV Lagoa, da Alta Embryo , da Tufubarina e as melhores classificadas nas provas de 2013. Suas matrizes tem filhos com genética comprovada como a SBR Asap Akati 69 l, mãe do touro Mehum, que está em central de coleta, e a Numa da Soledade. No criatório também são destaque Buone Verita FIV da Tufubarina e Dreamgirl FIV da Tufubarina (campeãs em 2012) e Mata 007, filha da SBR Asap Akati 69L, que com um ano de idade produziu 83 oócitos na sua última coleta. No total o criatório coletou 739 oócitos viáveis de 20 doadoras. “Isto é que é produtividade. Estou mesmo impressionado”, disse Vinicius. Segundo ele, é difícil falar de apenas um animal, pois cada um deles tem características excelentes e se destacam por algum motivo, como a Campy Soledade que quase bateu o recorde de produção da raça com 105 oócitos. Além desta produção, suas quatro filhas nascidas em 2013, no criatório, já mostram a genética da mãe. Para alavancar o projeto eles já possuem uma boa base de receptoras de cruzamentos anteriores entre Angus e Senepol, essas fêmeas receberão as FIVs

preparadas pela In Vitro e darão sustentabilidade ao processo. Em 2014 a meta é ter 100 animais crias da Senepol da Mata e chegar em 2015 com 300 animais. “A intenção é emprenhar todas as nossas receptoras, cerca de 600 animais. Os touros serão destinados apenas ao repasse”, enfatizou Vinicius.

Rusticidade A alimentação do rebanho na Senepol da Mata segue uma nutrição simplificada com resultados surpreendentes. “Esses animais são mesmo diferenciados. Mesmo só com a alimentação no pasto eles mostram resultados que nos encantam a cada dia”, disse Vinicius. Para a nutrição do rebanho é utilizado além do pasto a silagem e mais sal mineral. Como a pastagem está em excelente estado, após recuperação das áreas, os animais estão se alimentando exclusivamente no pasto. “As matrizes não podem engordar muito, pois pode dificultar a aspiração dos óocitos. Mesmo só no pasto, os animais não perderam peso, ao contrário ganharam ainda mais,” ressaltou Vinicius. “No Brasil, a capacidade de produção a pasto está diminuindo. Diante desta realidade temos que focar na precocidade dos animais”, disse o criador enfatizando um dos focos do seu criatório.

Contato 16 3663-4231

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vinijacomini@hotmail.com

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Profissão

Zootecnista

na prática e no coração Yuri Baldini Farjalla é zootecnista da Aval Serviços Tecnológicos, empresa pela qual atua em todo País e lhe proporciona acompanhar de perto a evolução da pecuária de corte brasileira.

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O segmento não lhe é estranho, corre nas suas veias. Suas avós são de tradicionais famílias de pecuaristas de Passos/MG. Cresceu na Fazenda Belém, onde aprendeu a gostar do gado, paixão que o levou para a área de produção animal. Junto com o pai percorreu leilões, exposições, fazendas de amigos, o que fez aumentar o seu interesse pela pecuária e o levou à Zootecnia. É graduado nessa área pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em produção animal pela ESALQ/USP. Ao longo de 2013, Yuri foi colaborador da Revista Terra Boa e nos trouxe informações importantes para o segmento da pecuária de corte. Acompanhe abaixo a sua análise sobre vários pontos da cadeia de produção da carne no Brasil e as tendências para os próximos anos.

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TB - Entre os seus trabalhos já realizados, qual deles você destaca e por quê? YBF - Destaco o meu trabalho no mestrado. Sabíamos que o fornecimento de alimentos é o input de maior custo nos empreendimentos pecuários, mas a seleção para eficiência alimentar em bovinos de corte foi ignorada, principalmente, pela dificuldade e custo de mensurar o consumo individual. Além disso, assumiu-se por décadas que a eficiência estaria altamente correlacionada com a taxa de ganho. Um índice alternativo para medir a eficiência alimentar, não associado ao aumento do tamanho adulto, é o Consumo Alimentar Residual (CAR). Além de avaliar a variabilidade genética dentro da raça

Nelore para CAR, o objetivo do nosso trabalho foi investigar as consequências da seleção para este parâmetro de eficiência sobre as características de carcaça e a qualidade da carne em novilhos Nelore terminados em confinamento. A partir do momento em que sinalizamos a viabilidade da seleção para CAR, outras pesquisas seguiram na mesma linha e rebanhos/centros de performance adotaram tal característica como critério de seleção. O trabalho envolveu o rebanho Nelore Mocho OB, Universidade da Califórnia – Davis e a Esalq/USP. TB - Como zootecnista e mestre em produção, nesse ano de 2013, você foi um colaborador da revista Terra Boa Agronegócios trazendo informações importantes sobre como produ-

zir mais e melhor. Nesse final de 2013, com a falta de bezerros nos plantéis, decorrente do descarte de fêmeas, o que esperar para o mercado do boi gordo nos próximos anos? YBF - O mercado do boi gordo caminha para a próxima década com foco na competitividade, modernidade e sustentabilidade. As projeções realizadas em 2012 tinham como cenário preços agrícolas crescentes e crise em economias europeias, especialmente. Com esta projeção, especialistas apontaram para 2013 uma possibilidade da atividade econômica acomodar-se à sua tendência de crescimento de longo prazo, acompanhado pelo menor risco de eventos extremos. O cenário de preços em elevação deve permanecer em 2014. As projeções de carnes para


o Brasil mostram que esse setor deve apresentar intenso crescimento nos próximos anos; de 2% ao ano no período de 2013 a 2023. As projeções do consumo mostram a preferência dos consumidores brasileiros pela carne bovina. O crescimento projetado para o consumo da carne é de 3,6% a.a. no mesmo período. Isso significa um aumento de 42,8% no consumo nos próximos 10 anos. Quanto às exportações, as projeções indicam elevadas taxas de crescimento para 2,5 % anuais. São expectativas favoráveis ao setor. TB - Com este cenário, o criador manteve seus investimentos em produzir com qualidade utilizando programas de desempenho e avaliações genéticas? YBF - Atualmente, investimentos como a utilização das avaliações genéticas e participação em testes de performance são fundamentais para o sucesso do criador seletivo na atividade. São ferramentas que geram informações que possibilitam tomadas de decisão precisas e seguras no trabalho de seleção. Proporcionam maiores ganhos genéticos ao rebanho, possibilitando que este selecionador melhore seu rebanho e ofereça ao mercado, reprodutores e matrizes de qualidade. Há alguns anos, bastava o animal ser registrado por alguma associação de raça para ter garan-

tia de mercado, mas, hoje, o cliente de genética (produtor de bezerros) tem buscado com frequência, animais com alto valor genético, mais produtivos. TB - O produtor, cada vez mais especializado, tem como ganhar mais, mesmo quando o mercado conjuntural não está em um momento oportuno? YBF - O produtor que utiliza tecnologias e, sabe utilizá-las, certamente obtém um incremento significativo em produtividade. E através deste incremento, ele consegue diluir melhor seus custos de produção, situação que o favorece em momentos de mercado menos interessantes. A utilização de tecnologias é um caminho sem volta em qualquer setor. Em uma visão mais ampla, segundo a FAO, nos próximos 50 anos, a produção de alimentos deverá ser aumentada em 100%, e desses, 70% serão oriundos de tecnologias de produtividade. TB - Os programas de melhoramento genético do País têm contribuído, efetivamente, para o alavancar da nova pecuária de corte no Brasil? YBF - A melhoria nos índices de produtividade da pecuária nacional nos últimos anos deve-se sim à democratização e qualidade do melhoramento genético, mas também às

modernas tecnologias de nutrição, instalações de qualidade (bem-estar animal) e aos eficientes protocolos sanitários. A genética é um fator fundamental para alavancar a produtividade, e isso ocorre através dos Programas de Melhoramento que proporcionam melhorias das principais características econômicas de um rebanho, como: fertilidade, desempenho, habilidade materna e qualidade de carcaça. Em prática, o melhoramento genético visa mudar a composição genética dos animais, identificando e multiplicando os melhores genótipos. E isso tem acontecido. TB - Como você pontua a evolução do rebanho nacional, no que se refere ao acabamento de carcaça, uma de suas especialidades na Aval Serviços Tecnológicos? YBF - Estamos conseguindo sim, incrementar precocidade de acabamento ao rebanho nacional, principalmente o zebuíno. Alguns produtores já conseguem valores/@ diferenciados, quando oferecem ao mercado animais oriundos dessa “genética melhorada” (novos, pesados e bem acabados). O problema é que o número de animais que têm suas carcaças bonificadas nesses programas de qualidade ainda é baixo, considerando o volume total de abates. A pecuária de corte ainda tem muito tra-

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balho pela frente. TB - Como profissional da AVAL você trabalha com diferentes raças, em muitos estados. De uma forma geral, pode-se observar o alavancar da pecuária de corte, que investe em qualidade e precocidade, em todos os estados brasileiros? YBF - Sim. Esses investimentos têm sido generalizados, mas o que muda de uma região para outra é a velocidade de assimilação dessas tecnologias de produtividade. Na atual conjuntura, o produtor que não assumir algum tipo de tecnologia estará comprometendo sua eficiência e, consequentemente, sua permanência na atividade. TB - Desde o início da sua carreira até os dias atuais, o que melhorou consideravelmente no segmento da pecuária de corte no País? YBF - Sem dúvida alguma, houve melhoria em todos os pontos do segmento, devido à exigência do mercado consumidor por qualidade a preços acessíveis. O produtor de genética investiu mais em melhoramento e, com isso, passou a disponibilizar animais com informação de qualidade. O pecuarista comercial assimilou melhor tecnologias como IATF, utilização de touros provados, manejo de pastagens e

em muitos casos passou a integrar lavoura com pecuária. A terminação de bovinos em confinamento tem aumentado a cada ano, proporcionando carcaças de alta qualidade à indústria e melhores margens de lucro ao produtor. A relação entre produtor e indústria, embora ainda antiquada, sinalizou alguma evolução nos últimos anos através das ferramentas de comercialização, como boi a termo, entre outras. Somadas, essas melhorias contribuíram para que a nossa pecuária integrasse o setor (agronegócio) que representa 1/3 do PIB brasileiro. TB - O que precisa ser mudado com urgência? YBF - Precisamos de uma política agrícola moderna e eficaz, que vá ao encontro das necessidades do produtor brasileiro deste inicio de século XXI. Há a necessidade imediata de investimentos maciços em infraestrutura, como construção de novos portos e modernização dos já existentes; aumento da malha ferroviária; melhorias nas precárias estradas federais, estaduais e municipais, etc. Em algumas regiões o produtor rural se encontra sem segurança jurídica, com a propriedade sendo invadida e isso deve ser resolvido já. Nossas lideranças precisam se atentar mais a

esses e vários outros gargalos que travam um crescimento ainda maior do nosso agronegócio pujante. TB - O Brasil é um grande produtor de carne bovina; tem condições de produzir ainda mais com a qualidade que o mercado exige? YBF - A bovinocultura de corte representa a principal fonte de proteína animal do país, com grande potencial de crescimento. Em 2009 o consumo de carne bovina por habitante foi de 39,7 kg/ano/habitante, ao passo que em 1999 este consumo era de 35,6 kg/ano/habitante e em 1990 era de 23,1 kg/ano/habitante. O aumento da eficiência produtiva passou a ter uma demanda exacerbada, especialmente, como resultado das pressões impostas pela globalização da economia. Nesse cenário, a competitividade tornou-se elemento fundamental dessa atividade e, com ela, surgiu a necessidade de se disponibilizarem para o mercado consumidor produtos que sejam de qualidade e apresentem baixos custos. Embora enorme seja o desafio, nossa pecuária de corte está passando por importantes transformações. As fazendas estão se tornando empresas, contando com assessorias nas áreas de melhoramento genético, nutrição, manejo e sistemas de criação.

Yuri Baldini Farjalla

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yfarjalla@aval-online.com.br

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fotos arquivo pessoal


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Gastronomia

Pescoço de Peru à moda Terra Boa Foi uma difícil missão a escolha da receita para esta edição, quando todo o País se envolve em uma série de festas comemorativas em torno do Natal e do Ano Novo. O tempo é de muitas festas, propício para confraternizar com a família e amigos. Diante dessa missão, que envolve cultura popular, gosto pessoal e tradição, optamos por trazer uma receita simples e fácil, mas que une sabores da terra em um prato que pode se tornar uma grande festa, já que nesse imenso

Brasil, pratos especiais não faltam nessa época, e cada região tem o seu. O nosso mestre cuca foi o amigo Júnior Ferreira de Carvalho, mais conhecido por Macarrão, que adora os caminhos da culinária, e que cedeu o seu tempo e a sua receita para os amigos da Terra Boa Agronegócios. O prato fez sucesso com a nossa equipe. Agora é a sua vez. Delicie-se também com esta opção fácil e prática para o período das muitas festas de natal e ano novo! Bom apetite!

Ingredientes 2 kg de pescoço de peru 200 grs de bacon 1 pimentão verde 1 pimentão amarelo 1 pimentão vermelho 3 cebolas 1 cabeça de alho 300 grs de tomate cereja 8 copos de arroz Cheiro verde e sal a gosto

Modo de Fazer Frite o bacon, acrescente parte da cebola e o alho; refogue o pescoço de peru. Acrescente o sal. Deixe fritar até que a carne esteja pré-cozida. Depois deste processo, leve a carne para a panela de pressão. Acrescente água suficiente e deixe cozinhar por cerca de 40 minutos.

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Preparo

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Júnior Ferreira 35 9176-3080

Corte os pimentões em quadradinhas maiores e o tomate cereja ao meio. Refogue o tomate e os pimentões, sem óleo. Quando estiverem já cozidos na água do tomate, acrescente o arroz e mexa bem até que a mistura do tomate e dos pimentões se incorpore ao arroz. Deixe esta mistura bem seca. Nesse ponto, acrescente o pescoço de peru com a água do seu cozimento. Mexa bem e deixe cozinhar o arroz. Quando estiver finalizando, cubra a mistura com cebola e cheiro verde. Para decorar o prato pode usar pimentões.


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fotos Dalton Filho


Eventos

ACNB premia

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os melhores do ano em noite de festa

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O tradicional evento Nelore Fest chega ao seu décimo quarto ano com sucesso. A festa promovida pela ACNB (Associação de Criadores de Nelore do Brasil) e conhecida como Oscar da Pecuária reuniu, no dia 12 de dezembro, no Leopoldo Itaim, na capital paulista, os principais representantes de um dos setores de maior importância para a economia nacional: a pecuária - que movimenta 29,6% do PIB nacional, segundo dados do Ministério da Agricultura. A cadeia produtiva da carne bovina foi representada por selecionadores de genética, criadores, recriadores, invernistas, confinadores, frigoríficos, assessores pecuários, consultores de campo, técnicos e pesquisadores. Também participaram do evento personalidades, grandes empresários e investidores do mercado agropecuário e de capitais. A festa, que valoriza os criadores, profissionais e personalidades que se destacaram ao longo do ano, marca o encerramento do calendário anual de atividades da

raça Nelore em diversas categorias. O evento começou com a assinatura do protocolo de intenções para a expansão do trabalho do Programa Nelore Natural para todas as unidades Marfrig do País. O documento foi assinado pelo presidente da ACNB, Pedro Gustavo Novis e pelo presidente da Marfrig , Marcos Molina. O compromisso assinado na abertura da cerimônia, visa a expansão do trabalho e fortalecer ainda mais a raça Nelore e seus criadores. A Rima Agropecuária foi o grande destaque da noite e grande campeã do Ranking Nacional Nelore 2012/2013 como Melhor Criador da Raça Nelore. Algumas homenagens internacionais aconteceram durante o evento. Osvaldo Monastério Rék foi o melhor expositor de Nelore e Nelore mocho do Ranking Nacional das raças zebuínas da Bolívia, que tem utilizado em larga escala a genética do Nelore brasileiro. A homenagem para o melhor criador de Nelore Mocho boliviano ficou com Osvaldo Monastério Nieme. O

melhor criador de Nelore em 2013 na Bolívia foi Mario Ignacio Anglarill Serrate. Tradicionalmente é sorteada uma viagem com destino internacional entre os convidados do evento. Além disso, a edição de 2013 presenteou os amantes do Nelore com o livro “Sinal Verde para a carne vermelha”, do Dr. Wilson Rondó Júnior, que aborda a alimentação saudável. E também foi entregue aos convidados um vale-presente para o livro “Nelore, a raça forte”, exclusivamente dedicado à raça Nelore e aos criadores. O livro do autor José Otávio Lemos, zootecnista, jurado e conselheiro técnico da ABCZ (Associação Brasileira de Criadores de Zebu) é comemorativo aos 80 anos da ABCZ e 60 anos da ACNB. O exemplar deverá ser retirado durante a ExpoZebu 2014. O criador de Nelore da linhagem Lemgruber, Fernando Penteado Cardoso foi homenageado na categoria “Criador Modelo” e aplaudido de pé pelos participantes da festa. Dr. Fernando é um dos entrevistados desta edição.


Homenageados pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil Excelência no Agronegócio - Marca Socil Nova Geração - Paulo Afonso Frias Trindade Júnior Incentivador da Raça - Jonas Barcellos Correa Filho Criador Modelo - Dr. Fernando Penteado Cardoso 20 anos do Ranking Nacional - Aprigio Lopes Xavier Família Nelorista - Família Terra Boa Amigo do Nelore - Deputado Estadual Mauro Savi Compromisso com o Nelore - Marcos Molina dos Santos Destaques do ano - Décio Garcia Nascimento, Oclair Aparecido Rosseto e Outro e José Mirandola Filho Medalha de Ouro - Rima Agropecuária, Agropecuária Vila dos Pinheiros Ltda e Dalila Cleopath C.B.M. Toledo Ranking Nacional Nelore e Nelore Mocho - Agropecuária Naviraí Ltda, Agropecuária Vila dos Pinheiros Ltda, Arrossensal Agropecuária e Indústria S/A, Dalila Cleopath C. B. M. Toledo, Dorival Antônio Bianchi, Fazenda Brumado, Fazenda do Sabiá, Walter Egídio da Costa e Dr. Jonas Barcellos, Jatobá Agricultura e Pecuária Ltda., José Pedro de Souza Budib, Limirio Antônio da Costa Filho, Luiz Antônio Xavier Porto, Márcio de Resende Andrade, Agropecuária Modelo, Paulo Pereira Cunha e Rima Agropecuária 11º Circuito Boi Verde - Fazenda Nossa Senhora das Graças, Fazenda Nossa Senhora de Fátima, São João do Papaiz e Equipe Marfrig

Nelore

de Ouro

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agronegócios Edição especial capa dupla!

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Leia aqui também a edição especial primeira capa disponível no Issuu.

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