Revista Tela Viva - 144 - Novembro 2004

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( artigo )

por Beth Carmona*

Oportunidade internacional foto: arquivo

Momento é propício para o Brasil marcar uma presença maior no cenário mundial do audiovisual para televisão.

* Beth Carmona é diretora presidente da TVE Brasil

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á mais de 25 anos o mercado mundial que alimenta as televisões abertas e fechadas se reúne pelo menos quatro a cinco vezes ao ano, principalmente na França e nos EUA, para fazer negócios. O alto movimento dessas feiras se resume na aquisição (compra e licenciamento), venda e co-produção de programas que se dividem entre documentários, séries de animação, shows, telefilmes, telenovelas, programas de culinária, decoração, ciência e tecnologia, e tudo mais que se possa imaginar, sem contar a cada vez mais procurada venda de formatos, em que idéias e conceitos são comprados e adaptados ao gosto do freguês, em geral canais de televisão. Canais abertos, TVs por assinatura, produtoras, distribuidoras, casas de áudio especializadas em dublagens e adaptações e produtoras de computação gráfica especializadas freqüentam vorazmente este mercado competitivo, que movimenta milhões de dólares que circulam entre os quatro cantos do mundo. Os mercados MIP, Mipdoc, Mipcom e Mipcom Jr., Natpe, LA Screenings, Sunny Side of the Doc, que se realizam anualmente em Cannes, Marselha, Las Vegas e Los Angeles, apenas para citar os mais concorridos, chegam a reunir, em cada jornada de quatro a cinco dias, representantes de 96 países, mais de 10 mil participantes e 3,5 mil empresas para troca de informações, em reuniões bastante objetivas que buscam alimentar de novidades suas programações na meta de alcançar os maiores e mais qualificados e ávidos públicos telespectadores. Em 2004, o Mipcom bateu um recorde, passando em 30% os números de 2003. O Brasil há anos freqüenta as feiras, porém em pequena escala, representado em •

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geral por grandes grupos como Globo, SBT e Record, e algumas distribuidoras independentes, em geral na posição de “buyer” (comprador). Buscamos alimento, já que temos uma indústria interna de TV desenvolvida, somos altos consumidores de televisão e temos um número de domicílios com TV invejável. Alias, desde a entrada da TV por assinatura na América Latina, os grandes grupos internacionais chegaram com toda força para ocupar um espaço continental que fala basicamente duas línguas, o espanhol e o português. Convenhamos, que numa escala industrial, isso facilita demais as coisas. Uma mesma produção feita nos Estados Unidos ou na Inglaterra pode ter um ganho enorme se distribuída pelos vários mercados compradores, incluindo aí o importante mercado latino e seus mais de 30 países. Canais internacionais foram criados especialmente para nós, “customizados”, ou aquilo que se imagina seja o gosto e a aceitação latina. O People+Arts foi criado pelo grupo Discovery para a América Latina, assim como o Discovery Kids, que opera 24 horas num canal exclusivo para essa audiência. Presença Mas voltando às feiras, a primeira pergunta que nos fazemos, ao chegar neste mercado que mais parece um formigueiro em ação, é: por que o Brasil participa de forma tão tímida neste universo? Por que países tão menores e até aqueles perdidos pela Europa do Leste ou mesmo longínquos como a Austrália, se impuseram e se impõem mais fortemente neste espaço? Acho que as respostas são várias e não seria


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