Revista Tela Viva - 144 - Novembro 2004

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televisão, cinema e mídias eletrônicas

ano 13_#144_novembro2004

Apagão no set Se não houver investimentos, pode faltar equipamento de produção em 2005

Cinema Distribuidoras brasileiras se unem para brigar pelo filme nacional

Profissão Os desafios no dia-a-dia de quem faz produção de locação


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(editorial ) por André Mermelstein

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Rubens Glasberg André Mermelstein Samuel Possebon Manoel Fernandez Otavio Jardanovski Gislaine Gaspar Vilma Pereira (Gerente), Gilberto Taques (Assistente Financeiro)

Sandra Regina da Silva Fernando Lauterjung Edianez Parente, Fernando Paiva (Rio de Janeiro) e Lizandra de Almeida (Colaboradoras) Carlos Eduardo Zanatta (Chefe da Sucursal) Clau­dia G.I.P. (Edi­ção de Arte) Carlos Edmur Cason (Projeto Gráfico, Arte) Rubens Jar­dim (Pro­du­ção Grá­fi­ca) Geral­do José Noguei­ra (Edi­to­ra­ção Ele­trô­ni­ca) Almir Lopes (Geren­te), Iva­ne­ti Longo (Assis­ten­te) Marcelo Pressi Claudia G.I.P. 0800 145022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

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Sala e cozinha

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ntre entendimentos e desentendimentos, o projeto de lei do Ministério da Cultura que cria a Ancinav e propõe a regulamentação do setor de produção e distribuição audiovisual no Brasil tem pelo menos um mérito garantido: trouxe à tona um debate aberto sobre esta indústria, sua estrutura, seus mecanismos. Muitas vezes, no entanto, olhamos a cereja e esquecemos do bolo. Enquanto se discutem as diferentes formas possíveis de fomentar a produção, abrir espaço para fontes de criação e informação diversas, entender e regular as novas mídias e outras causas nobres, esquecem-se muitas vezes de coisas básicas, sem as quais todo este mundo maravilhoso que se preconiza não poderá acontecer. Uma delas está na matéria de capa desta edição, que faz um alerta: a precariedade da infra-estrutura de produção no País. É claro que o Brasil tem equipamentos e tecnologias de ponta em produção, os mesmos usados em outros países. Mas os prestadores de serviços, locadoras de equipamentos, finalizadoras e outros já sentem o gargalo criado pelo desejado aumento de demanda. Nossa produção interna e internacional vem efetivamente aumentando em todas as áreas, cinema, publicidade e TV. Sem que se facilitem os investimentos na infra-estrutura, basicamente através da compra de novos equipamentos, começaremos a perder oportunidades de competir, interna e externamente. Se o governo enxerga a produção audiovisual como estratégica, como afirma com freqüência, tem que estar disposto a fazer algumas concessões em nome da indústria, e a mais premente é o relaxamento da carga tributária sobre as importações de equipamentos. Não há similar nacional, o impacto na arrecadação seria mínimo. E a receita “perdida” seria facilmente recuperada com o aumento nos serviços. Se vamos reformar a sala, temos que olhar também para a cozinha.

ilustração de capa: Carlos Fernandes / Gilmar

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(índice)

(cartas) Sublinhar o trabalho editorial e a importância da Tela Viva é por si só redundante, pois a própria assinatura da revista, não por acaso, encerra os predicados mais superlativos. Mas, como surpreender é verbo do dia na gramática dos precursores, nos chega com inesperada satisfação o novo projeto gráfico e editorial da revista. Que primor, que zelo, que prazer em ler, tocar e encantar-se com um material tão bem preparado. Seja no conteúdo, que já é praxe da Tela Viva, seja no acabamento, estética e diagramação. A nós assinantes, que sempre apostamos no profissionalismo deste time, só nos cabe agradecer. Agradecer pela Vida, que seu trabalho adiciona, em nosso trabalho na Tela, cada vez mais Viva, graças a vocês. Parabéns, a indústria audiovisual tem algo a celebrar. Mais uma vez vindo de quem sempre esteve na ponta. Vianney Riller Vision Televisão e Cinema

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Sou assinante da revista e gostaria de saber se vocês conhecem algum curso de direção e criação de comerciais. Gostaria de participar de cursos deste tipo e enviar alguém. Jurani Parente

Demanda aquecida 14 Prestadores de serviço prevêem falta de equipamento para atender o mercado

scanner figuras cinema

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política

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making of artigo

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Distribuidoras independentes se unem pelo filme nacional

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Jurani, na seção Treinamento e Cursos do Guia Tela Viva você encontra os contatos de dezenas de empresas que oferecem cursos técnicos e teóricos em todas as áreas da produção. O Guia pode ser consultado na Internet (www.telaviva.com.br) ou pode ser adquirido junto a nosso departamento de assinaturas, pelo telefone 0800-145022.

TCU põe em xeque procedimentos da Ancine

O mercado internacional, por Beth Carmona

carreiras

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upgrade agenda

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O dia-a-dia do produtor de locação

Tela Viva edita as cartas recebidas, para adequá-las a este espaço, procurando manter a máxima fidelidade ao seu conteúdo. Envie suas críticas, comentários e sugestões para cartas@ telaviva.com.br.

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( scanner ) Lama na tela

Seriado na USP

Começou a ser veiculado em novembro o comercial “Flanelinha”, parte da campanha da nova Yamaha XTZ 125. No filme vemos a motocicleta em situações on e off road. Enquanto o filme mostra a performance da moto em uma trilha cheia de lama, a lente da câmera vai se sujando até ficar completamente tomada pelo barro. De repente, o público é surpreendido por um flanelinha que “limpa” a lente e revela a moto circulando pela cidade. A idéia é mostrar a versatilidade da XTZ 125 nos mais diversos terrenos. O barro, que foi todo aplicado na pós-produção, representou um grande desafio. A equipe de produção mesclou lama real (atirada contra a lente e recortada), com computação gráfica 2D e 3D. A campanha é da agência FAM, com direção de criação de Fábio Siqueira, que também assina a criação ao lado de Danilo Scatigno e Fabiano Paixão. A produção é da Canvas 24p Filmes, com direção e montagem de Wiland Pinsdorf, fotografia de Felipe Palazzo, produção-executiva de Simone Esser Pinsdorf, e a trilha é de Felipe Vassão.

Em busca de patro­ci­na­do­res Para cap­tar patro­ci­na­do­res para a pro­gra­ma­ção da TV Cultura atra­vés de leis de incen­ti­vo, a E|Ou Marketing de Relacionamento está rea­li­zan­do uma cam­pa­nha coor­de­na­ da de mar­ke­ ting dire­to. Foram pro­du­zi­das peças para três dife­ren­tes públi­cos, todos envol­vi­dos no pro­ces­so de deci­são de inves­ti­men­tos em mar­ke­ting cul­tu­ral: os dire­to­res finan­cei­ ros e de mar­ke­ting de gran­des anun­cian­tes e pro­fis­sio­nais de mídia de suas res­pec­ti­vas agên­cias. A ação con­sis­te em três peças de um que­bra-cabe­ça, entre­gue em três dias con­se­cu­ti­vos. A idéia é mos­trar como uma ação de patro­cí­nio com leis de incen­ti­vo, apa­ren­te­men­te com­pli­ca­da, pode­ria ser muito sim­ples de mon­tar com a ajuda da asses­so­ria da TV Cultura. Para os dire­to­res de mar­ke­ting e os pro­fis­sio­nais de mídia estão sendo envia­das infor­ma­ções adi­cio­nais, que os auxi­lia­rão na ela­bo­ra­ção de um plano de incen­ti­vo. Para as secre­tá­rias dos exe­cu­ti­vos, tam­bém foram envia­das peças inte­ra­ti­vas.

Varejo sobretaxado As produtoras especializadas em varejo estão preocupadas com a Instrução Normativa nº 33 da Ancine, que estabelece o pagamento da Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica) sobre cada uma das versões de filmes publicitários de ofertas. Para as produtoras, a área de varejo será muito prejudicada, já que esses filmes têm como característica a filmagem de uma cabeça e uma assinatura comuns, com a troca das ofertas de produtos. Como alguns filmes têm dezenas de versões, os custos do pagamento individual podem inviabilizar esse mercado. É o que alega um comunicado da produtora Mixer, especializada nesse tipo de filme.

Anti-guia de roteiros Saiu em novembro, pela editora Conrad, o “Manual de Roteiro”, de Newton Cannito e Leandro Saraiva, roteiristas da série “Cidade dos Homens”. O subtítulo dá uma idéia da intenção dos autores: “Manuel, o primo pobre dos manuais de cinema e TV”. Segundo eles, o livro não traz “receitas de bolo”, e parte do princípio que não há regras absolutas para o desenvolvimento de um roteiro. O prefácio é do cineasta Fernando Meirelles. Informações pelo site www.conradeditora.com.br.

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fotos: Divulgação

Desde agosto de 2003, um grupo de profissionais formados, graduandos e mestrandos da Escola de Comunicações e Artes da USP vem desenvolvendo propostas de um novo seriado de TV, o “Ou Não”. O projeto cresceu e abriu espaço para profissionais de outras unidades da USP e de outras faculdades. Agora a equipe de 20 pessoas começa a oferecer às emissoras abertas, anunciantes e agências de publicidade um material de divulgação sobre o seriado com apresentação do projeto, vídeo-demonstrativo, vídeo de apresentação dos protagonistas, site, roteiro do primeiro episódio e sinopses de episódios. O seriado tem como protagonistas cinco jovens que moram em um mesmo prédio e aborda, ao longo dos episódios de 30 minutos, temas relacionados ao universo adolescente. O material está disponível em www. seriado.kit.net.


Ajuda musical Foram três meses de batalha, mas o diretor Sergio Glasberg conseguiu a façanha de obter, sem custos, os direitos da musica “Why Does my Heart Feel so Bad”, do DJ Moby, para o institucional da ADD (Associação Desportiva para Deficientes). Apresentado ao agente do músico por um DJ norte-americano, Sergio entrou em contato diretamente com Moby, apresentou o projeto e conseguiu inicialmente apenas os direitos autorais da composição. Chegou a produzir uma versão no Brasil, mas logo depois a gravadora cedeu os direitos do fonograma original, que acabou sendo usado na gravação. No filme, atletas mirins deficientes (foram usadas as crianças reais, não atores) tentam “driblar” o fantasma da falta de recursos. O comercial foi veiculado no final de novembro. A produção é da SFilmes.

Carreira internacional A Lux Filmes começa a entrar no mercado de produções internacionais de filmes publicitários, finalizando sua segunda campanha. O primeiro filme foi “Samba”, para uma indústria portuguesa de calçados. Agora foi a vez dos temperos Spice Island, dos Estados Unidos. A direção é de Howie Cohen, profissional norte-americano exclusivo da produtora.

Aconteceu no último dia 22, Durante a entrevista coletiva, em São Paulo, a primeira reunião Farias mencionou diversas vezes do FAC, Fórum do Audiovisual e a posição do Fórum contra uma do Cinema, entidade que reúne 17 eventual interferência do governo nos associações ligadas ao cinema e à conteúdos produzidos pelo cinema e TV, de produtores a distribuidores e pela TV. “Na medida em que (o setor) exibidores. O ato marca o rompimento é cerceado, o Estado interfere na definitivo de entidades insatisfeitas produção. Isso deixa com a adesão incondicional do CBC todo o mundo de cabelo em pé”, (Congresso Brasileiro de Cinema) disse. “O que queremos evitar é o ao projeto de lei do MinC que cria a dirigismo e a censura”, completou. Ancinav. No dia seguinte, a entidade Ainda assim, Farias disse que não publicou anúncio nos jornais é objetivo da entidade combater o enunciando seus princípios, com projeto, mas sim “contribuir, com ênfase na questão da liberdade, tanto dados e pesquisas que ajudem o editorial quanto empresarial. governo a entender melhor o setor”. Segundo o cineasta Roberto Duas ausências chamaram a Farias, designado como porta-voz da atenção entre os associados do associação, o objetivo é FAC: as emissoras de “fortalecer o audiovisual TV que não estão na e levar a cultura a Abert (Record, SBT, toda a população”. Bandeirantes e Rede Ele nega que a criação TV!), representadas pela do Fórum seja uma Abra, e as operadoras resposta à Ancinav. “Esta de telecomunicações. organização já vinha “Achamos que telecom se desenhando antes não deve ser tratada mesmo do projeto”, pela Ancinav”, explicou afirmou. Mas deixou Farias, “até porque a claro que o projeto de abrangência do projeto lei será a principal frente acaba legitimando de batalha da entidade. coisas que não são “Somos a favor de legais, como a produção Farias: rompimento aconteceu quando o CBC apoiou uma Ancinav, mas não de conteúdo incondicionalmente o projeto esta que está no MinC. por empresas de do MinC que cria a Ancinav. Achamos que o governo telecomunicações. deve compreender e estimular o setor, Quando você regulamenta isso, sem regras e punições. Já existem está legitimando”. Em relação às órgãos e leis que fiscalizam bastante emissoras, Farias disse que o FAC a comunicação, como o Ministério da “está esperando”. “Os outros virão”, Justiça, a Lei de Imprensa, o Estatuto concluiu. do Menor etc”, afirmou. Está claro que o FAC será o Quanto ao racha entre o interlocutor das empresas que exploram cinema dito “industrial” e o CBC o segmento audiovisual e o Congresso (representando os independentes), no próximo ano, quando o projeto da Farias disse que “o CBC se esvaziou na Ancinav estará no Congresso. Fazem medida em que tomou um partido, parte do FAC a Abap, ABC, Abeica, era para ser um fórum de discussão, Abele, Abert, ABPTA, Abracine, respeitando a opinião de todos. Abradi, Abraplex, ABTA, AESP, APP, Apoiou a Ancinav contra grande parte Feneec, Sicav, Sicesp, sindicato das das entidades que faziam parte”. distribuidoras do RJ e UBV. foto: gerson gargalaka

foto: divulgação

Bloco unido

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( scanner ) Exibição em debate O diretor de relações institucionais do Grupo Severiano Ribeiro, Luiz Gonzaga Assis de Luca, lançou pela Editora Imprensa Oficial o livro “Cinema Digital - Um novo cinema?”. Trata-se de uma versão adaptada da tese de doutorado defendida na ECA-USP por Gonzaga. O autor aborda as questões tecnológicas e mercadológicas levantadas pelo advento da exibição digital de cinema. Para Gonzaga a viabilidade das salas de cinema digital depende das respostas a dois pontos fundamentais: em primeiro lugar, a tecnologia digital precisa garantir uma qualidade de imagem semelhante à da projeção em 35 mm; em segundo, é necessário buscar a viabilidade econômica e chegar a um consenso sobre “quem vai pagar a conta” dessa transição. Esse segundo ponto tem sido a discórdia entre estúdios e exibidores. O livro, que faz parte da Coleção Aplauso/Cinema & Tecnologia, custa R$ 9,00 e pode ser comprado no site lojavirtual.imprensaoficial.com.br/livraria3.

Cabo digital

Chico, vida e obra

Duas das maiores operadoras ao serviço, igualmente, a Net fornece o setde TV a cabo do Brasil, Net Serviços top box (conversor digital) sem subsídios, e TVA, anunciaram em a um preço de R$ 349 para novembro seus pacotes assinantes e R$ 499 para de canais para o serviço não-assinantes. “Ainda assim de cabo digital, baseado é mais barato que o decoder em plataforma aberta do DTH, e oferecemos um DVB-C em São Paulo pacote mais completo e e no Rio de Janeiro. A com outros recursos, como Vivax, segunda maior a interatividade em tempo operadora (resultante real”, explica Ciro Kawamura, da fusão entre Horizon diretor de marketing da Net. e Canbras) já anunciou a A TVA optou por subsidiar digitalização para 2005 o set-top, que custa às de sua rede em Manaus. Ciro Kawamura, da Net operadoras cerca de US$ A escolha do padrão 125. A adesão ao serviço digital das operadoras de cabo não tem digital da operadora oscila entre R$ 149, qualquer relação com o debate sobre para clientes mais antigos que assinam TV digital terrestre, que refere-se apenas pacotes completos, e R$ 329, para quem às transmissões broadcast, abertas. assinar agora. Mas a digitalização do cabo reforça a Dentre as novidades incluídas nos experiência brasileira com canais digitais serviços, além de novos canais como e interativos, inaugurada pelos serviços o pacote HBO Digital, na TVA, e novos de TV por assinatura via satélite (DTH), canais da MTV, como o VH1 Soul e o MTV como Sky, DirecTV e Tecsat. Hits. Também há canais de áudio, com As operadoras partiram para qualidade de CD. Dependendo do canal, caminhos opostos em suas estratégias. estão disponíveis recursos como áudio Enquanto a Net formatou um pacote Dolby Digital 5.1 e seleção de idioma e digital premium, de alto valor, legenda, como nos DVDs. Na TVA, a Abril visando aumentar a receita média por fornecerá sinopses diárias das novelas de assinantes, a TVA lançou uma série de todos os canais abertos. Assim, quem estiver pacotes flexíveis, com valores iniciais assistindo a um capítulo, pode abrir na até mais baixos que o da TV a cabo própria tela um quadro com as informações analógica em alguns casos. Na adesão daquele dia. foto: gerson gargalaka

A DirecTV exibe em janeiro de 2005 uma série inicial de três programas sobre a vida e obra de Chico Buarque de Hollanda. Os programas estão sendo produzidos por Roberto de Oliveira, através de sua produtora RWR, sob a direção geral do diretor de programação da operadora, Rogério Brandão. Os especiais sobre Chico Buarque somam-se ao projeto “7 x Bossa”, série sobre bossa nova que está sendo produzida pela Giros. Em ambos os casos, foram mobilizados recursos via Artigo 39 da MP 2.2281, num orçamento total de R$ 3,1 milhões. Luiz Eduardo Baptista, gerente geral da DirecTV no Brasil, diz que as produções serão veiculadas também nos demais países da América Latina e onde mais houver demanda e terão lançamento posterior em DVD. A DirecTV pôde usar o mecanismo do Artigo 39 (tipicamente usado por programadores) pois constituiu uma empresa local para compra de programação internacional, fazendo depósitos regulares na conta específica indicada pela Ancine até outubro de 2003. São estes os recursos hoje mobilizados para os projetos de música da operadora.

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Ataque aos piratas A MPAA (Motion Picture Association of America), que reúne os sete maiores estúdios cinematográficos norte-americanos, anunciou nos EUA que tem planos de processar internautas suspeitos de distribuir filmes ilegalmente pela rede. As empresas associadas da MPAA iniciaram vários processos no dia 16 de novembro, com o intuito de acabar com o compartilhamento de arquivos de filmes na Internet, exigindo indenizações de até US$ 30 mil por filme.

Animation Now! O festival Anima Mundi e a editora Taschen estão lançando o livro de arte “Animation Now!”. A publicação traça um panorama mundial dos últimos dez anos da animação. O livro chega às lojas em dezembro e traz um DVD de 150 minutos com filmes, making of, trechos de animações e portifólio de artistas. Em 576 páginas, Animation Now! traz mais de 1,3 mil ilustrações, com artes das animações, storyboards e estudos de personagens. Traz ainda a filmografia, biografia, os prêmios e os endereços de contato dos mais representativos autores, estúdios e escolas de animação do mundo.

Volta do clássico O filme mais polêmico de Glauber Rocha e um dos precursores do Cinema Novo e do movimento tropicalista, “Terra em Transe”, acaba de ser restaurado em alta definição. A nova cópia, em 35 mm, estava prevista para ser exibida pela primeira vez durante o Festival de Brasília. A recuperação da obra-prima de Glauber foi feita pelo EstudiosMega, com patrocínio da Petrobras. Serão recuperados ainda “Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, “Barravento” e “Idade da Terra”. O projeto é conduzido pelo Grupo Novo de Cinema e TV. Como o negativo original foi destruído por um incêndio num laboratório francês, “Terra em Transe” foi recuperado a partir de uma cópia preservada em Berlim. A restauração foi toda feita em alta definição. Originalmente montado por Eduardo Escorel, na época com 21 anos, o projeto contou dessa vez com sua supervisão.

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( scanner ) Produção internacional A TGD Filmes rodou uma campanha para a agência McCann /Israel. O comercial foi rodado em Porto Alegre durante um fim de semana e contou com a participação de 260 pessoas: 190 figurantes, dez atores e mais 60 profissionais envolvidos. O elenco foi treinado para dançar e cantar um jingle em hebraico. O israelense Shahar Segal, da Ulpanot Productions, responde pela direção de cena do filme. A produtora gaúcha, que faz parte do projeto Film Brazil, prevê outras produções encomendadas do exterior ainda para esse ano.

Financiamento na exibição

O GNT estreou no mês de novembro duas produções contratadas em um pitching realizado em janeiro deste ano. Primeiro o canal começou a exibir a série “Nós e Eles”, produzida pela produtora carioca Panorâmica com a paulistana Cinema 8 Filmes. O GNT vem realizando pitchings nos mesmos moldes das feiras e festivais internacionais de documentários. Além do realizado em janeiro — que resultou também na contratação de produtoras para produzir as séries “Gente Pop”, “Beleza Comprada” e “Contemporâneo”, que também estreou em novembro — o GNT já fez outro em setembro deste ano para a escolha de programas para a grade do canal em 2005. A série “Nós e Eles” discute o relacionamento entre homens e mulheres, sempre com uma celebridade convidada, como as atrizes Lavínia Vlasak e Julia Lemmertz. Já “Contemporâneo” é um programa para o público masculino com dicas e tendências em beleza, comportamento e hábitos de consumo para homens. A apresentação é de Christiano Cochrane. 10

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A Ancine espera fechar o ano com algo perto dos R$ 20 milhões em depósitos das programadoras internacionais correspondentes aos recursos angariados via artigo 39 da MP 2.228-1. Esses recursos podem ser revertidos para produções audiovisuais locais. De acordo com Carlos Eduardo Azevedo Guimarães, superintendente de desenvolvimento financeiro da Ancine, o volume deve ser 35% maior do que o acumulado em 2003 (no ano passado foram depositados R$ 14,3 milhões).

foto: Divulgação

Pitching no GNT

Investimento em co-produção

foto: Paulo Márcio França/Divulgação

O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou no início de novembro a criação de um programa de financiamento para a construção, ampliação e reforma de salas de exibição cinematográfica. Uma série de vantagens será oferecida aos exibidores, em “uma demonstração de que o setor de cinema é uma das prioridades do banco”, afirmou o ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa. O valor mínimo para pedidos de financiamento nesse programa será de R$ 1 milhão, enquanto para os outros setores da economia é de R$ 10 milhões. Solicitações de empréstimos menores que R$ 1 milhão terão que ser feitas através de bancos terceirizados pelo BNDES. O financiamento pode chegar a até 90% do valor do investimento. Outra proposta que pretende ser favorável aos exibidores é a extensão de seis para doze meses do prazo de carência para o início da quitação do empréstimo. Os juros anuais irão variar de 1% a 4%, mais TJLP (9,75%), conforme o porte da empresa financiada e sua área de atuação. O empréstimo, segundo o Ministério da Cultura, poderá ser usado também na compra de equipamentos de projeção digital, para aluguel ou leasing. Além disso, o BNDES abrirá uma excessão aos exibidores permitindo que o financiamento inclua a compra de máquinas importadas que não tenham similares nacionais. As empresas exibidoras devem solicitar aproximadamente R$ 100 milhões em empréstimos diretamente ao BNDES em 2005. Essa é a previsão de Ricardo Difini, presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras de Cinema (Feneec). Ele espera que o novo programa de financiamento oferecido pelo banco ao setor faça duplicar a velocidade de crescimento do número de salas de cinema no Brasil.

“Nós e Eles”.

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“Contemporâneo”.


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Foto: gerson gargalaka

(figuras)

Bia brunetti

As imagens do aroma

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á 20 anos, poucos saberiam conciliar o talento para a produção e as habilidades culinárias em uma só profissão. Bia Brunetti — produtora culinária — conseguiu. Comecei trabalhando com produção e na época a gente fazia um pouco de tudo — até comida. Hoje esse trabalho é conhecido como food styling e lá fora existe até faculdade, tem muitos livros e material de pesquisa. Na época, quando decidi que queria me dedicar mesmo a isso, tinha que importar livros. Também não era fácil encontrar os ingredientes, cheguei a ir pessoalmente colher morangos em Atibaia. Hoje, com as importações, ficou tudo mais fácil. Bia cursou desenho técnico no lendário IAD — Instituto de Arte e Decoração, uma das primeiras escolas de arte e design brasileiras. Logo se casou com um publicitário, que hoje é diretor de cinema em Portugal, e começou a trocar a prancheta pela produção. Passava horas debruçada na prancheta, fazendo plantas e desenhos para arquitetos. Aí uns amigos começaram a dizer que eu tinha tudo a ver com produção. Sempre vivi nesse meio, na verdade. Meu irmão,

o César, é compositor de trilhas na MCR. Fui trabalhar com a Márcia Nesti, que depois virou minha sócia. Lembro da gente até rejuntando azulejo em cenário de banheiro naquela época. Foi quando se deu conta de que havia uma falta de profissionais especializados em culinária no mercado. Abriu com Márcia uma empresa de produção de

um pouco o ritmo alucinado de trabalho em produções. Durante dois anos, trabalhou na TV produzindo os pratos de um programa de receitas patrocinado pela Nestlé, veiculado no feminino “Note & Anote”, da Band. Hoje continua fazendo o que gosta, mas sem tanto estresse. Gostaria de voltar a ter a locadora, era muito legal poder produzir toda a cena. O grande segredo do trabalho, ela explica, é justamente o fato de que seu olho para a produção vem antes de seu talento na cozinha. Mesmo que não soubesse nada de cozinha, já sabia como aquilo apareceria para a câmera. Com o passar do tempo, a experiência adquirida na prática se transformou em uma bagagem incrível — e histórias deliciosas. Para os mais gulosos, os truques de Bia podem ser um pouco frustrantes. Sabe aquele frango assado maravilhoso, douradinho? Pois é, seu recheio é de estopa e, para adquirir aquela cor, é regado a um preparado que leva mel, shoyu e até Coca-Cola. Por baixo, o prato recebe uma verdadeira cirurgia plástica: é todo costurado, para que a pele fique esticadinha. O mais complicado é que nunca precisamos fazer um só, mas vários. Saio para fazer compras com uma fita métrica. Na hora de assar os frangos, sento na frente do forno e fico observando. Conforme uma

“o frango assado é recheado com estopa e coberto de shoyu, mel e coca-cola.” alimentos para filmagem e também uma locadora de objetos de mesa. Sabíamos como era difícil produzir esse tipo de objeto — baixelas, louças, cristais. Por isso, achamos que seria bom fornecer a comida e também o cenário da cozinha, do jantar... A empresa durou cerca de oito anos, mas as sócias acabaram tomando rumos diferentes. Márcia continuou por um tempo com a locadora e depois se mudou para uma fazenda. Bia continuou com a culinária e durante um certo tempo manteve uma equipe fixa de seis pessoas. Minha cunhada aprendeu comigo e hoje trabalha com isso em Portugal, foi uma das minhas melhores alunas. Depois, Bia se casou novamente, teve uma filha e decidiu diminuir

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parte ou outra vão ficando mais douradas, vou cobrindo com papel alumínio, pedacinho por pedacinho. Na hora da sobremesa, a decepção é a mesma: chantilly, em geral, é espuma de barba, sorvete é feito de banha, o bolo inteiro é uma peça de isopor. Os mock-ups, como o bolo, são poucos. Em geral, a comida é verdadeira, assada, cozida, decorada. O que muda muitas vezes é o ponto de cozimento e os truques para que dure e resista à temperatura do estúdio. Como a televisão não mostra o cheiro, temos que trocá-lo pelo visual. O importante é criar o appetite appeal. (Lizandra de Almeida)


Fotos: divulgaçÃo

Novo diretor de arte

mentários, videoclipes, programas de TV e campanhas publicitárias. Entre os principais, estão o programa “Fox Fashion”, vei­culado no Canal Fox, e a transmissão ao vivo dos desfiles do “Fashion Rio”.

David Tabalipa é o novo diretor de arte da sede carioca da Publicis Salles Norton. Ele vem da F/ Nazca, onde atuou por dois anos. Também traz no currículo passagens por agências como D+, Fischer América e Young & Rubicam.

Reforço na publicidade

Carreira na Band

Tuffy Habib foi promovido a diretor comercial da Band Rio, onde trabalha há sete anos. Sua carreira foi iniciada na Rede Globo e, em 1997, foi contratado pela Band Rio como executivo de contas. Em 2000 foi promovido a gerente comercial. Na nova posição, ele vai comandar uma equipe de dez pessoas.

Em busca dos dólares

A Academia de Filmes contratou Greg Jenkins para reforçar a equipe de atendimento internacional. O executivo americano radicado no Brasil há cinco anos chega à produtora com a missão de ampliar o potencial exportador da empresa, que, assim como outras grandes produtoras brasileiras, busca por negócios no exterior. Jenkins acumula em seu currículo 14 anos de experiência na área de comunicação, com passagens na Advertic.com, Gazeta Mercantil e Channel One - do grupo Time Warner.

A dupla de diretores Homero Olivetto e Marcus Baldini deixou a SFilmes para reforçar a equipe da TV Zero em São Paulo. A produtora carioca está investindo em suas operações em São Paulo, onde deve concentrar seus negócios de publicidade - desde a chegada do novo sócio, Carlos Righi, há cinco meses. Os projetos cinematográficos continuam a todo vapor na sede do Rio. Segundo Renato Pereira, um dos sócios da TV Zero, a decisão foi tomada tendo em vista as perspectivas de melhoria do mercado. “Cerca de 40% do nosso faturamento com publicidade já vem de São Paulo”, afirma, ao adiantar que o plano da empresa é dobrar de tamanho nos próximos três anos.

Diretor internacional

O diretor do cinema publicitário inglês Tony Kaye esteve no Brasil filmando com a O2 Filmes. O comercial, das fraldas Pampers, foi feito para a agência Saatchi & Saatchi e para a produtora Supply and Demand, ambas norteamericanas. Trata-se de um investimento da produtora paulistana no mercado internacional. A O2 já realizou filmes para agências dos Estados Unidos, Alemanha, Austrália, Inglaterra, Coréia do Sul e Itália. Além das filmagens, Kaye aproveitou sua passagem pelo Brasil para fazer uma exibição fechada, no HSBC Belas Artes, de seu novo documentário, “Lake of Fire”, que trata do aborto.

Nova sócia

Após três anos trabalhando como produtora executiva na BL Productions, Paola Canella agora se tornou sócia de Betty Lago e Patty Lago na produtora Multifuncional. A empresa vem trabalhando na realização de docu-

Prêmios globais Na ter­cei­ra edi­ção do Prêmio Inte (que esco­lhe os melho­res da TV da América Latina), a TV Globo con­quis­tou sete cate­go­rias da pre­mia­ção, incluin­ do ­melhor pro­du­to­ra de tele­no­ve­las, ­melhor dis­tri­bui­do­ra de pro­gra­ma­ção (para a Globo Internacional) e ­melhor minis­sé­rie, para “A Casa das Sete Mulheres”. Além disso, qua­tro pro­fis­sio­nais da emis­so­ra foram pre­mia­dos: Thiago Lacerda levou o prê­mio de ­melhor ator; Bruna Marquezine ­ganhou como talen­to infan­til; Jayme Monjardim, como ­melhor dire­tor; e Benedito Ruy Barbosa rece­beu o prê­mio de ­melhor autor. Participaram da ceri­mô­nia de pre­mia­ção, rea­li­za­da em Miami no dia 19 de

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outu­bro, Thiago Lacerda (no centro da foto), Maria Adelaide Amaral (auto­ra da minis­sé­rie “Um Só Coração”) e Jayme Monjardim (à direita). Ainda na emis­so­ra do Jardim Botânico, o dire­tor da TV Globo Nova York, Amauri Soares, rece­beu da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos da Califórnia o títu­lo de “Homem do Ano” de 2004. A home­na­gem foi em reco­nhe­ci­men­to à inten­si­fi­ ca­ção da atua­ção da Globo naque­le país, com des­ ta­que para o lan­ça­men­to do pro­gra­ma “Planeta Brasil”, lan­ça­do pelo Canal Internacional no últi­ mo ano, e da par­ce­ria na rea­li­za­ção do Brazilian Day in New York.

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por André Mermelstein

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Refletor no fim do túnel

Infra-estrutura para produção está chegando ao limite, mas projeto pode incentivar renovação do parque de equipamentos.

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infra-estrutura para a produção audiovisual no Brasil está no limite da ocupação e, se houver, como se espera, um aumento na produção, não haverá equipamentos disponíveis. Quem faz o alerta (e não é de hoje), é Edina Fujii, gerente geral da Quanta, uma das principais locadoras de equipamentos do País, e também vice-presidente da Abeica (Associação Brasileira das Empresas de Infra-estrutura Cinematográfica e do Audiovisual) e membro do Conselho Superior do Cinema (CSC).

TELA VIVA teve acesso a um estudo coordenado por ela junto à Abeica e à Abele (Associação Brasileira das Empresas Locadoras de Equipamentos Cinema­ tográficos) à pedido do MinC, em que se elenca pela primeira vez o parque de equipamentos, laboratórios e estúdios disponíveis para locação no País. Só não entram na relação equipamentos próprios das produtoras, apenas aqueles das prestadoras de serviços. O estudo foi feito com certa informalidade, consultando as empresas sobre seus volumes de receita com a locação de equipamentos ou prestação de serviços. Mas pode ser considerado 14

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um primeiro passo importante para se dimensionar a indústria do audiovisual. Afinal, foram ouvidas mais de 50 empresas do setor, entre locadoras de câmeras, iluminação, movimento, estúdios, laboratórios, pré e pós-produção e projeção. Há alguns buracos. Duas das maiores empresas do setor, por exemplo, não quiseram revelar seus dados, que acabaram tendo que ser estimados pelo levantamento. Em relação à capacidade de atender o mercado, Edina ressalta que há hoje um gargalo, que será agravado caso nada seja feito. O estudo aponta que hoje podemse produzir simultaneamente no País, em uma situação hipotética, dois longas-metragens de grande porte, três de médio porte e quatro produções de baixo orçamento, além da produção média de publicidade e TV, considerando apenas Rio e São Paulo. Se a demanda aumentar, diz a coordenadora do estudo, não haverá equipamento para todos. Segundo Paulo Ribeiro, da Loc. All, já em 2004 houve picos de demanda que as empresas quase não conseguiram atender. Em setembro, por exemplo, houve, segundo ele, um acúmulo de produções internacionais de grande porte, somadas às campanhas eleitorais e a um aquecimento da publicidade. “Algumas equipes acabaram filmando com menos equipamentos do que queriam, ou com equipamentos diferentes. Houve ocasião em que tivemos que trabalhar três dias e noites seguidos, tirando refletores ainda quentes de um caminhão para outro, para atender a demanda”, conta Ribeiro. Na parte de serviços, a história


FOTO: ARQUIVO

se repete. “O mercado sempre teve sazonalidade, períodos de alta e baixa, mas ultimamente a demanda aumentou, principalmente por conta do cinema, longas, curtas e documentários, e a agenda ficou mais apertada. No pico, perco trabalhos por não conseguir atender”, conta Ricardo Rozzino, diretor dos EstudiosMega, que presta serviços de pós-produção e laboratório. Além do cinema, o barateamento da produção com a digitalização também fez crescer a demanda por serviços de pós-produção, explica.

co-produções, devidamente registradas junto à agência reguladora, seriam convertidas em bônus, para serem então abatidos dos impostos de importação e IPI. “Não pedimos isenção total, mas uma contrapartida ao que já é investido nas produções”, explica Edina. Outro problema, enfrentado especialmente pelas locadoras, é o do financiamento. As empresas não conseguem “Se a demanda aumentar como se espera, em adquirir equipamentos novos 2005 já não haverá equipamento suficiente” ou de reposição na velocidade Edina Fujii, do CSC necessária, pois os valores são altos e os agentes financeiros Imposto não entendem o setor ou não Outra questão importante dispõem de linhas específicas. abordada pelo estudo, e que já foi típicos do Brasil quanto as jabuticabas: “Para se ter uma idéia, há três anos tema de matéria de capa em TELA “o IPI é cobrado sobre o valor do produto não se compra uma câmera nova VIVA (agosto de 2003), é a carga mais o frete. Ou seja, paga-se IPI sobre de 35 mm no País”, conta Edina. tributária sobre os equipamentos transporte”, exclama Ribeiro, da Loc.All. Pior ainda, lembra, acontece em importados, que respondem por A solução proposta pelo estudo, e segmentos como o de áudio, em que 80% a 100% dos insumos do setor, que foi incorporada à versão do projeto o próprio técnico, pessoa física, é dependendo do caso. O estudo de lei da Ancinav aprovada pelo CSC, obrigado a comprar o equipamento. das associações levanta a carga vem sendo preconizada por Edina há As locadoras, lembra Paulo que incide sobre cada tipo de algum tempo. Parte do princípio que as Ribeiro, são empresas pequenas, equipamento, e as conclusões são prestadoras de serviços já participam sem o apoio de grandes grupos assustadoras. Uma lâmpada de como co-produtoras dos filmes (no financeiros. “Não conseguimos nem refletor, por exemplo, que não tem caso do cinema), entrando com uma fazer um leasing, porque o banco similar nacional, chega ao Brasil com parte dos equipamentos ou serviços não sabe o que é um HMI, não aceita um custo 191,97% acima de seu país em troca de participação na produção. como garantia, como faz com um de origem. Para câmeras, a diferença Esta participação acaba, na maioria das carro ou trator.” O BNDES também é ainda mais gritante, 201,77%. Sem vezes, não sendo remunerada. Pela se revela uma alternativa frustrante. falar nos pequenos absurdos, tão proposta apresentada ao MinC, estas “Você leva dois anos só

O tamanho do setor de infra-estrutura Segmento Número de empresas Áudio e vídeo Câmera de cinema Estúdio Gerador Iluminação Laboratório Movimento Pré/pós-produção Projeção Teleprompter TOTAL

Funcionários

Faturamento bruto médio (R$ milhões)

206 43 68 149 229 311 67 129 12 15 1229

13,237 7,5 7,5 8,125 27,156 29,5 5,75 6,861 0,25 0,5 106,379

22 8 10 13 20 4 5 11 1 2 96

Fonte: Abele e Abeica. Obs.: Este levantamento não é preciso. É uma estimativa do mercado das empresas de infra-estrutura de base.

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(capa ) para ser atendido, e aí descobre que o seu equipamento não é considerado bem de capital. Além disso, o banco estatal não financia equipamento importado, e praticamente tudo o que usamos vem de fora”, explica Ribeiro. Esta questão também foi abordada dentro do CSC, e o setor conseguiu acrescentar ao projeto de lei a criação de um programa de fomento à infra-estrutura, batizado provisoriamente de Pro-Infra, que receberá recursos do Funcinav para o financiamento de bens. Na estimativa de Paulo Ribeiro, o parque de equipamentos deveria pelo menos dobrar no próximo ano, para atender a demanda com conforto. “Mesmo nós, que conseguimos investir nos últimos dois anos, teríamos que aumentar pelo menos 50% nosso parque já em 2005, caso contrário acabaremos

projeto apresentado ao minc prevê isenção de imposto de importação a quem investir em co-produções.

perdendo trabalho por não conseguir atender”, alerta. Segundo Rozzino, do Mega, o laboratório ainda trabalha com certa folga, mas a pósprodução eletrônica (edição, efeitos, 3D etc.) precisaria de um aumento de capacidade de cerca de 30 % para comportar a demanda dos próximos 18 meses. Felizmente, com o projeto da Ancinav,

a questão da infra-estrutura começa a ser tratada. “É muito boa a abertura que o governo está dando, pela primeira vez os segmentos podem se manifestar, se colocar dentro do projeto”, elogia Edina. Se não for assim, dizem as empresas, todo o crescimento previsto pode ser frustrado pela falta de equipamentos. Ou como diz Ribeiro, da Loc.All, “estão arrumando o salão, colocando toalhas de linho, mas se esquecem da cozinha. Os convidados virão para o jantar, mas não haverá comida”.


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( cinema )

por Fernando Lauterjung

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Independentes entram na briga pelo filme nacional Com a criação da Abradi, distribuidoras nacionais buscam maior isonomia frente aos incentivos dados às estrangeiras.

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retomada na produção cinematográfica brasileira levou um tempo para mostrar resultados também no setor de exibição. Já na distribuição, encontrou um gargalo difícil de ser superado. Os distribuidores estrangeiros chegaram próximos ao limite

de distribuição, essa interlocução era feita com o sindicato dos distribuidores, que reúne tanto os distribuidores americanos quanto os independentes. Em muitas questões, os interesses dos independentes conflitam com os interesses dos americanos”, explica o presidente da associação, Bruno Wainer, da Lumière. “Essa nova entidade marcará a diferença dos independentes em relação aos americanos”, completa. Não se trata de um rompimento dentro do setor de distribuição cinematográfica. Wainer garante que os distribuidores internacionais apóiam vários pontos defendidos pelos independentes. O modelo, segundo o presidente da associação, é o mesmo seguido pelos exibidores, que têm uma série de entidades, mas tudo sob o guarda-chuva de um mesmo sindicato. A Abradi já conta com sete associados, a Lumière, Filmes do Estação, Mais Filmes, Immovision, Pandora, Paris Filmes e PlayArte. “Mas outras importantes, como a Europa, Copacabana, Arte Filmes e Videofilmes, ainda estão de fora e já estamos chamando-as para se juntarem à associação”, diz Wainer. São duas grandes divergências entre os distribuidores independentes e os norteamericanos, na opinião de Bruno Wainer. A primeira é a defesa da diversidade cultural. “Já que o discurso do governo é pelo estímulo à diversidade cultural, a gente quer deixar bem claro quem é responsável pela difusão da diversidade cultural mundial no Brasil, que são as distribuidoras brasileiras.” Isso porque são elas que compram filmes de várias nacionalidades

de sua capacidade de distribuição do filme nacional. Os independentes, por sua vez, não têm capacidade de investir na aquisição do direito de distribuição dos grandes filmes nacionais. Essa falta de isonomia criada pelo Artigo 3º da Lei do Audiovisual (que dá um incentivo fiscal às empresas que exploram o conteúdo audiovisual internacional no Brasil para investirem em co-produção no País) deve ser atacada pelos independentes, que se juntaram no mês de novembro na Abradi - Associação Brasileira dos Distribuidores Independentes. A associação chega para defender os interesses dos distribuidores independentes divergentes dos distribuidores internacionais atuantes no Brasil. “Toda vez em que é preciso haver uma interlocução com o setor 18

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e “de linguagens que fogem ao padrão imposto pela indústria norteamericana” e distribuem esse acervo no País. A segunda divergência é em relação à política de distribuição do filme brasileiro. “Não existe nos mecanismos atuais, e nem conseguimos enxergar na proposta do governo de criação da Ancinav, uma política de distribuição de filmes brasileiros que contemple a distribuição brasileira independente”, diz Wainer. “Os grandes geradores de Artigo 3º são as empresas

americanas. Esse mecanismo não atende aos distribuidores, ao cinema e à indústria brasileiras. É importante que o governo acorde para esse elo fundamental na indústria brasileira que é a distribuição e, na proposta da Ancinav, essa questão continua não sendo tratada com a devida profundidade e seriedade.” Segundo Wainer, a arrecadação das independentes através do Artigo 3º não ultrapassa 15% do total arrecadado. “Proporcional à ocupação do distribuidor independente no mercado nacional.”

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seu território de origem, já conta com um perfil do público traçado. Já o filme nacional precisa ser estudado. “Cabe ao distribuidor descobrir qual é o público potencial, o caminho correto para o filme”, explica. Para ele o distribuidor independente tem um potencial maior nesse estudo de mercado. “Uma companhia que tenha 40 filmes por ano para lançar (volume médio lançado pelas majors) não pode destinar aos filmes nacionais o tempo necessário. Nenhuma major consegue distribuir ‘corretamente’ mais do que dois ou três filmes brasileiros por ano. Existe um teto máximo para a distribuição de grandes filmes nacionais.” Já os distribuidores independentes, segundo Wainer, têm um volume de lançamentos

Não apenas os pequenos No último ano, cerca de R$ 10 milhões foram investidos pelas mais de dez independentes através desse mecanismo, cerca de 14% do total investido. Vale lembrar que esse mecanismo não é usado pelas distribuidoras na comercialização de filmes, mas no financiamento da produção. Através desse financiamento, adquirem o direito de distribuição dos filmes. A solução encontrada por Wainer, na sua distribuidora Lumière, e por outros distribuidores nacionais é se associarem na aquisição de filmes. Assim, uma distribuidora especializada na distribuição para cinema acaba se associando a outra especializada na distribuição de homevideo e “dividem” o filme. “Os filmes brasileiros que disputam o mercado nacional ‘de igual pra igual’ com os filmes norteamericanos exigem do distribuidor um investimento mínimo de R$ 2 milhões”, explica. “Cada vez mais o investimento mínimo é o máximo permitido pela lei (R$ 3 milhões)”, explica. Fazendo associações, a Lumière, por exemplo, conseguiu investir em filmes grandes como “Olga”, “Os Normais” e “Cidade de Deus”, mesmo tendo uma capacidade de investimento anual que varia de R$ 1,5 milhão a R$ 2 milhões. “E ainda dá para colocar ‘um pouquinho’ de dinheiro nos filmes menores”, explica. É essa sina de distribuir pequenos filmes que deve ser combatida pelos independentes da Abradi, que defende que os nacionais têm que disputar os filmes maiores com as empresas norteamericanas. “Não podemos relegar às distribuidoras nacionais o papel de cuidar dos filmes menores se cada vez mais o melhor da produção mundial está nas mãos das distribuidoras norte-americanas.” Para Wainer o lançamento de filmes nacionais exige do distribuidor um “cuidado muito maior”. “O filme estrangeiro é como uma pizza semipronta, basta botar no forno e aquecer”, defende. Isso porque, como já foi explorado em T e l a

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distribuidoras brasileiras têm condição de lançar adequadamente dez filmes nacionais por ano, contra dois ou três das majors, afirma a associação menor, podendo se dedicar a até dez grandes filmes brasileiros por ano. “É por isso que o distribuidor brasileiro precisa distribuir também os filmes capazes de disputar o mercado com os filmes americanos”, argumenta. Comercialização Segundo Wainer, não é necessário um grande investimento para capitalizar as independentes para que tenham como bancar a comercialização dos filmes. “A contrapartida do distribuidor é avaliar o potencial do filme e investir o montante necessário”, diz. Mesmo assim, Wainer acredita que seria necessário um investimento na comercialização para a “faixa do filme médio”. “É uma faixa que precisa ser desbravada. O cinema brasileiro, desde a sua retomada, já aprendeu a lançar o ‘filme evento’ e o ‘filme de autor’, mas não o de ‘faixa média’. Para esse filme seria interessante um investimento institucional sem um retorno garantido, que seria o investimento do desbravamento. Mas teria que ser um investimento com prazo para •

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( cinema ) acabar e com uma análise detalhada para saber por que o filme deu certo ou não”. Nova política A área de atuação nesse momento para a Abradi deve ser o Ministério da Cultura e o seu projeto da Ancinav. “O governo está propondo uma reformulação de todos os mecanismos da política cinematográfica muito polêmica e ousada, sugerindo taxações sobre o ingresso e número de cópias do filme estrangeiro, da publicidade e do mercado de vídeo. Achamos que a estratégia deveria ser outra, mais cautelosa”, defende Wainer. Para ele, criar mecanismos para que as distribuidoras independentes possam

Os grandes geradores de Artigo 3º são as empresas americanas. Esse mecanismo não atende aos distribuidores, ao cinema e à indústria brasileiras. Bruno Wainer, da Abradi

investir na produção já é o suficiente para aumentar a bilheteria dos filmes brasileiros (leia artigo em Tela Viva 143). “No último ano, os R$ 40 milhões investidos bancaram os sete filmes responsáveis por 95% da bilheteria do filme brasileiro. Se as distribuidoras nacionais tivessem também esse montante para disputar a produção brasileira forte com as americanas, dobraríamos a capacidade de produção de grandes filmes e também o número de ingressos revertidos para o produtor nacional. Se essa política desse certo, haveria argumentos para no ano seguinte aumentar um pouco a

arrecadação”, diz. Além disso, a Abradi defende que as distribuidoras nacionais permitem uma melhor distribuição do filme nacional no exterior, além da possibilidade dos produtores buscarem financiamentos internacionais. Isso porque, segundo Wainer, ao fechar com um distribuidor estrangeiro atuante no Brasil, o produtor assina um contrato dando preferência a esse distribuidor para lançar o filme internacionalmente, mas sem garantias desse lançamento externo. Ao garantir a preferência a um único distribuidor, o produtor não pode se comprometer com outros distribuidores internacionais e nem buscar financiamento junto a eles.


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( política audiovisual )

Da redação

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Ataque à Ancine Auditoria feita na agência pelo Tribunal de Contas da União questiona mecanismos de incentivo no cinema.

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o final do mês de outubro o o voto do relator não considerou algumas das Tribunal de Contas da União conclusões explicitadas pelos analistas. (TCU) publicou no Diário Oficial Se o ministro Cavalcanti, do TCU, feriu da União o Acórdão nº 1.630/2004, com moralmente a agência com seu voto, relatório de auditoria feita na Ancine. acabou se ferindo com declarações de A instrução dos analistas Sérgio Braga várias instâncias do governo dizendo que Machado e Alexandre Giovanini Fuscaldi faltaram subsídios para que o TCU pudesse e adotados como Relatório de Auditoria realmente compreender o meio audiovisual. de Conformidade pelo ministro relator, O secretário do Audiovisual do Ministério da Augusto Sherman Cavalcanti, causou Cultura, Orlando Senna, lembrou que um furor no meio cinematográfico e dentro grupo de cineastas já estava se mobilizando do governo. O documento traz duras para reunir-se com os ministros do Tribunal críticas à Ancine feitas pelo relator. de Contas e apresentar o que é a atividade Em seu voto, Cavalcanti foi duro cinematográfica na visão deles. O ministro com a agência, dizendo que “como José Dirceu, inclusive, se comprometeu se vê, a atuação da em articular esta visita ao Ancine é gravemente TCU. Senna prepara uma precária. Avalia mal os nota técnica para o TCU. projetos, não orienta “Infelizmente, ainda não os proponentes, não foi possível terminá-la, por controla consistente­ absoluta falta de mãos”, mente a captação e afirmou. a movimentação dos Segundo o ministro recursos, e não acom­ Augusto Sherman panha a execução Cavalcanti, a posição do dos projetos. É tribunal não é arbitrária e situação, no mínimo, nem significa ignorância constrangedora e técnica ou artística. O TCU dá merece a atenção destaque em sua auditoria à A Ancine, de Gustavo necessidade de viabilidade das autoridades responsáveis.” técnica para a realização Dahl, enviou ao TCU A Ancine, apesar do um pedido de de um filme e é justamente ataque, preferiu, até o reexame do relatório. esse o ponto em que, fecha­mento desta edição, segundo o governo, precisa não se pronunciar publicamente em de um maior conhecimento da atividade relação às críticas. Mas enviou ao TCU, audiovisual. Segundo Sherman, a necessidade no dia 16 de novembro, um pedido de de viabilidade técnica está prevista num reexame do relatório, ao qual TELA VIVA decreto de 93, que regulamenta a Lei do teve acesso. O documento acata várias Audiovisual, e que a exigência não foi criada determinações, defende-se e qualifica pelo TCU. Para ele, se há críticas, o esfor­ço tem o trabalho desenvolvido pelos analistas que ser feito para se mudar o decreto. como “oportuno como contribuição, em O diretor e produtor Alain Fresnot acre­ especial no momento de estruturação dita que o fato de vários filmes produzidos da autarquia”. Mas a Ancine repudia não serem lançados comercialmente é um várias colocações do relator e pede que problema que se resolverá sozinho. “Há o tribunal não as aceite. A Ancine diz que um fomento para a retomada da produção 22

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cinematográfica sem um viés na distribuição e na exibição. Essas áreas devem demorar uma pouco mais para responder ao crescimento”, diz. Senna diz que os filmes feitos com dinheiro público devem de alguma forma “retornar” ao seu financiador, a população. Na sua opinião, o sucesso comercial não depende apenas de um trabalho perfeito do produtor,, equipe técnica e atores. “A questão do sucesso é imponderável”, diz Orlando Senna. A opinião do secretário é compartilhada pela Ancine, que se defende no documento enviado ao TCU usando como exemplo o documentário “Janela da Alma” e o longa “Cidade de Deus”. Segundo a Ancine, pelos critérios subjetivos de viabilidade comercial, o primeiro nunca seria produzido com recursos das leis de incentivo, já que provavelmente não encontraria espaço de exibição. “No entanto este filme, além de ter obtido diversos prêmios em festivais nacionais e internacionais, permaneceu em cartaz por muitos meses e teve um público de 133 mil espectadores, um recorde para filmes documentários”, explica a agência no documento. Já “Cidade de Deus”, com diretor e atores desconhecidos do grande público, pelos estudos de viabilidade comercial, jamais chegaria a mais de 4 milhões de espectadores. Sem distribuição O TCU ataca ainda o grande número de filmes produzidos que não chegaram a ser distribuídos, cerca de 30%, segundo o relatório. Sherman diz que o tribunal não entende que os filmes tenham que ser necessariamente lucrativos. Mas que “a finalidade da utilização de recursos públicos é gerar um benefício público. Se um filme é produzido e não é exibido, o

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( política audiovisual ) benefício que ele gera é pequeno.” de um filme com o distribuidor após a Senna concorda com a tese e diz que finalização é sempre mais vantajosa. esta é uma questão a ser estudada “porque é o mínimo que se espera de Comissões um filme que usou recursos públicos é Os analistas da auditoria realizada na que ele obtenha condições de exibição”. Ancine atacam também a cobrança de O secretário diz que “talvez fosse percentuais de agenciamento da captação necessário incluir alguma garantia na de recursos incentivados através do Artigo 3º legislação para isso”. da Lei do Audiovisual. Segundo os analistas, O advogado Marcos Alberto a cobrança percentual só tem amparo legal Sant’Anna Bitelli, especializado na para os recursos oriundos da Lei Rouanet área de comunicação social, concorda e do Artigo 1º da Lei do Audiovisual. O fato com essa visão do TCU. Para ele “os é que, no caso do Artigo 3º, teoricamente, filmes deveriam ser pensados desde são os patrocinadores que escolhem quais o desenvolvimento do projeto, são os produtos nos quais eles aplicarão os em conjunto entre o produtor e o recursos que têm disponível para patrocínio. distribuidor”. Essa seria a única maneira A iniciativa é dos próprios patrocinadores. de garantir a mais correta distribuição A Ancine diz no documento enviado dos filmes. Cada filme tem o seu como resposta ao tribunal que já está mercado potencial, e muitas vezes o sendo realizada a revisão dos projetos lançamento em cinema ativos aprovados, com não é vantajoso. O o objetivo de sanear Brasil acha que o aqueles que apresentaram produto nacional não agenciamento. precisa seguir uma O MinC, por sua vez, lógica de mercado. É apóia o pagamento das dessa visão que vem a comissões. O secretário idéia de que 100% dos Senna diz que é uma filmes devem ir para o simples divisão de tarefas cinema”, defende. no projeto: “antigamente, Alain Fresnot o produtor, diretor e até os argumenta que atores se mobilizavam para exigir um contrato buscar este dinheiro. Hoje do produtor com um eles transferiram esta função exibidor desde o início “O Brasil acha que o produto nacional não é “perverso”. Segundo precisa seguir uma lógica de mercado.” o diretor, a negociação Marcos Bitelli, advogado

para pessoas contratadas. Se não for assim não tem como captar o dinheiro”. Mas o que causou maior discussão no meio foi a taxa administrativa incluída pelas produtoras no orçamento do projeto, no valor de até 10% do total do orçamento. Segundo o TCU é evidente que a taxa está relacionada “com despesas sem vínculo direto com o projeto, referentes à remuneração do quadro fixo da empresa proponente e pagamento de suas contas (como condomínio e aluguel)”. Ainda segundo o relatório do TCU, na legislação que trata de incentivos fiscais para projetos cinematográficos, não há nenhuma referência à taxa de administração. A única menção explícita às despesas com administração está no § 1º do Art. 28 do Decreto 1494/95 , que limita esse tipo de dispêndio a 15% dos orçamentos dos planos anuais e plurianuais de atividades de sociedades civis filantrópicas de natureza cultural. “Nesse caso, esse tipo de despesa parece ser justificável por se tratar de plano de atividades e não de projeto”, explicam os analistas no documento. Mas, no caso de projetos individuais, as leis de incentivo deveriam bancar os custos apenas do projeto, jamais do produtor. Isso porque o produtor não é um prestador de serviços para o governo, visto que mantém para si os direitos do filme e, futuramente, deveria ser remunerado pela comercialização desses direitos. A Ancine argumenta que a


empresa proponente é também a responsável jurídica, fiscal, legal e administrativa pelo projeto audiovisual, perante os seus coprodutores, investidores, patrocinadores e, sobretudo, os órgãos públicos. “Por vários anos, antes e após a realização do projeto, as empresas proponentes incorrem em obrigações e custos do mesmo, tais como: o desenvolvimento de roteiros, as preparações de cronogramas, análises técnicas e orçamentos diversos, o envio de relatórios de captação e andamento do projeto e, depois: a administração da comercialização, o envio de seus relatórios (ainda que não tenha havido resultado financeiro algum) para investidores e CVM, a coleta, apuração e distribuição dos resultados da comercialização das obras, a participação em festivais nacionais e internacionais, etc”, explica a agência. Concorrência Outro problema apresentado pelos analistas do TCU é a concorrência de funções da Ancine com a Secretaria do Audiovisual. No documento enviado ao TCU, a Ancine não teceu nenhuma defesa em relação a este ponto. Mas o secretário do Audiovisual, Orlando Senna, reconhece que sobreposição

“O mínimo que se espera de um filme que usou recursos públicos é que ele obtenha condições de exibição.” Orlando Senna, secretário do Audiovisual

de funções entre a Ancine e a SAV realmente existe. “Ao estruturar a Secretaria do Audiovisual, nós o fizemos como se a Ancinav já existisse, e acreditamos que vai existir, e por isso acabamos deixando algumas funções concorrentes”, explica. “Isso inclusive está sendo discutido pelo Conselho Superior de Cinema ao analisar a proposta de criação da Ancinav”, explica. Senna lembra ainda que algumas das funções da SAV, por questões práticas, estão sendo delegadas à Ancine. Infra-estrutura A Ancine diz ter problemas de infraestrutura ao responder alguns dos questionamentos do TCU. O próprio relatório dos analistas aponta o problema de infra-estrutura como justificativa. Em suas conclusões, os analistas apontam “os obstáculos que a Ancine vem enfrentando. A sua recente criação, a tumultuada vinculação ministerial, o estoque de processos encaminhados pela Secretaria de Audiovisual do MinC, a ausência de quadro próprio de servidores, a expectativa da sua extinção para a criação da Ancinav formam o cenário em que os dirigentes da entidade tiveram que conviver desde a sua existência”.

E ainda enaltece várias ações tomadas pela agência, como algumas instruções normativas que “foram editadas regulamentando procedimentos e critérios importantes para a organização e funcionamento dos mecanismos de incentivo. Buscouse nomear para os cargos estratégicos pessoas com vivência em cinema que vêm prestando importante contribuição nesses primeiros anos”. Todavia, o voto do ministro relator não foi tão compreensivo em relação aos problemas enfrentados pela agência e apontado pelos analistas. É justamente a contradição entre o voto e o relatório que serve como argumentação da agência para pedir o reexame do acórdão publicado pelo TCU. A Ancine afirma: “com os seus dois anos e dez meses de vida administrativa, não deveria ser categoricamente reprovada nos termos em que foi”. E completa argumentando que “o voto (...) não considerou algumas das conclusões explicitadas pelos Senhores Analistas Externos dessa Corte de Contas”. De uma maneira ou de outra, é o primeiro momento de avaliação da Ancine, o que não deixa de ser oportuno em um momento em que se pensa em transformá-la em Ancinav.


( making of )

por Lizandra de Almeida

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Para mostrar na prática o conceito de surreal, nome do produto, a bibliotecária voa e faz piruetas para alcançar um livro. As acrobacias foram feitas por uma artista circense, que executou as manobras na locação, sem fundo azul. Entretido com o chocolate, o menino nem percebe as manobras.

Universos paralelos E

nquanto um garoto come um bombom calmamente, uma garota solicita um livro à bibliotecária, numa biblioteca imensa. Mais do que depressa, a senhora escala as colunas da biblioteca como um macaco, caminha sobre os balaústres e dá uma pirueta final para entregar o livro. O menino, de tão entretido com o bombom, nem se dá conta do espanto da menina, que comenta: “Surreal!” Claro, o nome do bombom também é Surreal. “Os atores são fundamentais nesse filme, porque sem eles nada seria tão surreal. São três universos distintos: o menino só come o bombom, a menina vê a bibliotecária e a bibliotecária faz o que sempre fez, não tem nada de novo. O cruzamento desses três mundos é que dá a graça

do filme”, explica o diretor de criação Rui Branquinho. Para contar essa história, a produtora usou como locação o Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro, construído em 1837. “A referência para a locação era a biblioteca de Washington ou de Nova York, então sugerimos o Real Gabinete. Aproveitamos as entradas de luz naturais, e completamos conforme a necessidade, mas em uma filmagem noturna precisamos reproduzir a iluminação natural e isso foi mais difícil”, explica o diretor Marcus Vinicius Baldini. Além da preocupação com a luz e a direção de atores, os efeitos da saltitante bibliotecária é que exigiram muito planejamento e cuidado. Para as cenas de acrobacias, a produção contou com uma dublê que pertence à trupe dos Irmãos Fratelli. 26

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Todos os movimentos foram ensaiados no local e filmados no próprio cenário - na pós-produção usou-se a composição em layers, mas nada foi rodado em fundo azul. “Usamos no máximo um cabo de proteção, mas tudo foi feito com muito ensaio, até que a dublê se sentisse confortável e conseguisse realizar para a câmera os movimentos necessários”, diz Baldini. ficha técnica Cliente Chocolates Garoto Produto Bombom Surreal Agência W/Brasil Dir. de criação Washington Olivetto e Gabriel Zellmeister Criação Rui Branquinho e Celso Alfieri Produtora S Filmes Direção Marcus Vinícius Baldini e Homero Olivetto Fotografia Hebling Jr. Maquiagem e caracterização Ana Van Steen Trilha Sam


Viagem pelo cabo

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m cara em uma festa vê o decodificador da Net Digital e dá uma puxadinha de leve no cabo. Nesse instante o cabo começa a arrastá-lo através da programação da TV por assinatura. Ao ser arrastado, ele destrói a parede e se vê em uma sala de cirurgia, como se estivesse em um seriado. Sai pela porta e entra em uma cena do filme “O Senhor dos Anéis”, passa por um show do Skank, entra em uma savana e é observado por um guepardo, atravessa um jogo de futebol e chega ao fundo do mar, mergulhando ao lado de tubarões, até que volta à festa de onde saiu, todo molhado e carregando um peixe vivo no bolso. A viagem do espectador pela programação da Net exigiu da produção e da pós-produção o uso de diversas técnicas. O filme foi uma verdadeira superprodução. Algumas imagens de fundo são da própria programação da emissora, outras foram totalmente recriadas em estúdio. É o caso da festa, além da cena do centro cirúrgico e da partida de futebol. O primeiro grande desafio foi fazer o ator atravessar a parede da festa. O efeito exigiu até um perito em explosivos. A princípio, seria mais fácil usar uma câmera fixa em vez de acompanhar a trajetória do ator. Mas o diretor João Daniel preferiu usar a câmera em movimento e o motion control, para acompanhar o movimento do ator com mais realismo. “Fizemos primeiro os atores da festa em primeiro plano, no cenário da festa. Depois os objetos em primeiríssimo plano com o uso de um carrinho. Depois o ator em estúdio. Aí um dublê do ator já do outro lado da parede, saindo da explosão. E por fim a explosão da parede completa, sem atores, que foi feita com explosivos mesmo. Tudo isso então foi composto pela equipe da Tribbo”, explica. “Para integrar melhor a cena,

O filme da Net Digital é uma superprodução. O ator é arrastado por cenários que vão de uma savana ao fundo do mar. Na composição, foram mescladas imagens da programação de TV com cenas de estúdio.

explica Pulcino. “Entramos em contato com a distribuidora e compramos uma cena. Então podíamos escolher de qualquer um dos três filmes, mas esta realmente foi a que deu o melhor efeito”, diz o diretor João Daniel. Essa situação foi reproduzida em outras cenas - o ator atravessa o palco de um show do Skank, enquanto um dos músicos salta por cima dele, na savana o guepardo acompanha o ator com o olhar e no jogo de futebol ele é arrastado pelo meio da barreira. Nesse caso, o jogo foi filmado e a torcida formada por cerca de cem pessoas - foi multiplicada em computação gráfica. O ator principal do comercial também foi filmado em estúdio, em fundo chroma, com uma précomposição no próprio set para que a luz do material filmado e os ângulos de câmera fossem reproduzidos corretamente.

criamos partículas de fumaça para o chão e a parede, além de pedaços da parede que se desprenderam quando o cabo passou, tudo em 3D”, diz André Pulcino, atendimento da Tribbo. Além das cenas produzidas em estúdio, a produtora também se debruçou em uma ampla pesquisa de imagens da própria programadora para selecionar cenas que foram compostas com a imagem do ator sendo puxado. A mais interessante é a do filme “O Senhor dos Anéis”: o personagem Frodo parece olhar diretamente para o ator do comercial, que enquanto é arrastado pelo cabo levanta um monte de folhas e as espalha para todos os lados. “Decidimos criar folhas como as do filme saindo por baixo do personagem enquanto ele é arrastado. Também criamos partículas de poeira que acompanham o ator e o cabo”, T e l a

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ficha técnica Cliente Net Produto Net Digital Agência Loducca Dir. de criação Celso Loducca Criação Benjamin Yung e Bruno Souto Produtora Jodaf Mixer Direção João Daniel Tikhomiroff Fotografia Adrian Teijido Ass. de direção Luiza Nazareth Montagem Jair Trilha Tentáculo Finalização Tribbo Post

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( artigo )

por Beth Carmona*

Oportunidade internacional foto: arquivo

Momento é propício para o Brasil marcar uma presença maior no cenário mundial do audiovisual para televisão.

* Beth Carmona é diretora presidente da TVE Brasil

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á mais de 25 anos o mercado mundial que alimenta as televisões abertas e fechadas se reúne pelo menos quatro a cinco vezes ao ano, principalmente na França e nos EUA, para fazer negócios. O alto movimento dessas feiras se resume na aquisição (compra e licenciamento), venda e co-produção de programas que se dividem entre documentários, séries de animação, shows, telefilmes, telenovelas, programas de culinária, decoração, ciência e tecnologia, e tudo mais que se possa imaginar, sem contar a cada vez mais procurada venda de formatos, em que idéias e conceitos são comprados e adaptados ao gosto do freguês, em geral canais de televisão. Canais abertos, TVs por assinatura, produtoras, distribuidoras, casas de áudio especializadas em dublagens e adaptações e produtoras de computação gráfica especializadas freqüentam vorazmente este mercado competitivo, que movimenta milhões de dólares que circulam entre os quatro cantos do mundo. Os mercados MIP, Mipdoc, Mipcom e Mipcom Jr., Natpe, LA Screenings, Sunny Side of the Doc, que se realizam anualmente em Cannes, Marselha, Las Vegas e Los Angeles, apenas para citar os mais concorridos, chegam a reunir, em cada jornada de quatro a cinco dias, representantes de 96 países, mais de 10 mil participantes e 3,5 mil empresas para troca de informações, em reuniões bastante objetivas que buscam alimentar de novidades suas programações na meta de alcançar os maiores e mais qualificados e ávidos públicos telespectadores. Em 2004, o Mipcom bateu um recorde, passando em 30% os números de 2003. O Brasil há anos freqüenta as feiras, porém em pequena escala, representado em •

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geral por grandes grupos como Globo, SBT e Record, e algumas distribuidoras independentes, em geral na posição de “buyer” (comprador). Buscamos alimento, já que temos uma indústria interna de TV desenvolvida, somos altos consumidores de televisão e temos um número de domicílios com TV invejável. Alias, desde a entrada da TV por assinatura na América Latina, os grandes grupos internacionais chegaram com toda força para ocupar um espaço continental que fala basicamente duas línguas, o espanhol e o português. Convenhamos, que numa escala industrial, isso facilita demais as coisas. Uma mesma produção feita nos Estados Unidos ou na Inglaterra pode ter um ganho enorme se distribuída pelos vários mercados compradores, incluindo aí o importante mercado latino e seus mais de 30 países. Canais internacionais foram criados especialmente para nós, “customizados”, ou aquilo que se imagina seja o gosto e a aceitação latina. O People+Arts foi criado pelo grupo Discovery para a América Latina, assim como o Discovery Kids, que opera 24 horas num canal exclusivo para essa audiência. Presença Mas voltando às feiras, a primeira pergunta que nos fazemos, ao chegar neste mercado que mais parece um formigueiro em ação, é: por que o Brasil participa de forma tão tímida neste universo? Por que países tão menores e até aqueles perdidos pela Europa do Leste ou mesmo longínquos como a Austrália, se impuseram e se impõem mais fortemente neste espaço? Acho que as respostas são várias e não seria


fácil explicar numa análise tão rápida. competitivos. Mas vale lembrar aqui alguns pontos para É por isso que, talvez agora, esteja se reflexão. Por exemplo, as telenovelas, talvez apresentando uma oportunidade de não só nosso único produto genuíno e forte em poder mostrar ao mundo nossos diferenciais termos de mercado internacional, compete criativos, ou nosso olhar renovador, mas com certa dificuldade com a Colômbia, também nossa potencialidade como produtor Venezuela e México, que em função do preço e fornecedor. ou talvez pelo apelo mais universal de suas Aliás, nada como as imagens sobre histórias ingênuas, consegue penetrar na o País circulando mundialmente, para a Europa e Ásia com mais facilidade. venda das potencialidades brasileiras nas Com certeza a própria forma como mais diversas áreas. se organizou a TV no Brasil pode explicar Nesse sentido, Índia e China, por exemplo, essa situação. Em função da concentração, começam a despontar como grandes centros o monopólio exercido por grupos de de produção de animação, por exemplo, comunicação impediu a existência de uma procuradas tanto pelos Estados Unidos como indústria variada e ágil neste setor. O próprio pelo Canadá. País, até muito pouco tempo atrás, se mostrou Mas tudo indica que começamos bem. praticamente auto-suficiente em termos de Uma das primeiras ações da parceria entre produção local e original, não precisando a Agência de Promoção de Exportações da ajuda do investimento externo para seus do Brasil (Apex-Brasil), ligada ao Ministério produtos, conseguindo todo o do Desenvolvimento, A globalização lucro que necessitava dentro de Indústria e Comércio começa a forçar a casa. De uma certa forma, isso Exterior, Ministério da abertura dos também acontece com a nossa Cultura, Sebrae, ABPImúsica popular, reconhecida TV e a Brazilian Cinema portos. é a internacionalmente em termos de oportunidade de Promotion (BCP), em qualidade, mas com um potencial mostrar nossos composição com as TVs industrial internacional ainda públicas — TVE Brasil e TV diferenciais tímido para seu alto e reconhecido criativos e nosso Cultura SP —, realizada valor. potencial produtor. no último Mipcom em Apesar de estarmos num Cannes (outubro de 2004), momento que busca a valorização no sentido de apoiar a e a auto-estima interna, a verdade é que tanto abertura deste mercado para produtores e a nossa música quanto as telenovelas foram distribuidores brasileiros, teve vários pontos e são altamente consumidas pelos brasileiros positivos. Alem de ter reunido no estande e, portanto, valorizadas internamente. A Brasil mais de 17 produtoras, mostrou e deu nossa forma de criar e produzir jamais se reforço a este grupo, que, de forma solitária preocupou ou talvez teve anseios de se e pouco organizada, já vinha conseguindo lançar por outros mares, o que muitas vezes, realizar alguns trabalhos de produção, dentro de um ponto de vista mais industrial, co-produção e pós-produção, para muitos dificulte o entendimento de como devemos clientes estrangeiros. Grupos como Fox e nos apresentar mundialmente, na busca de National Geographic, Turner, Discovery, outros mercados ou mesmo na parceria de France 2, Arte entre outros já contrataram investimentos, seja em filmes ou mesmo produtoras brasileiras para a realização de documentários e séries de programas. Temos diferentes serviços, da dublagem à produção muito a avançar e aprender nessa área. e/ou adaptação, a bons preços, com resultados bem positivos. Abertura As valiosas leis de incentivo que se Mas a famosa globalização, que tanto faz apresentam no cenário audiovisual brasileiro, circular produtos das mais diferentes origens, aliadas ao apoio de uma emissora de televisão, a preços rentáveis, pelo mundo, e que facilitou são sinalizações mais do que atraentes, a entrada de muitos filmes e programas para um mercado mundial que vislumbra estrangeiros no Brasil, começa a forçar a um futuro digital onde conteúdo, idéias e abertura dos portos, já que a indústria busca produtos audiovisuais passam a ter cada vez novidade e criatividade a preços cada vez mais mais um grande valor. T e l a

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( carreiras)

Agulha no palheiro

Com uma boa dose de cara-de-pau, alguns reais no bolso e muita responsabilidade, os produtores de locação encontram o cenário que a produtora quiser para seus filmes.

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osto muito do que faço porque considero um privilégio poder bater na porta da casa de alguém para oferecer dinheiro.” Quem ouve o comentário da produtora de locação Bel Aquino até acha que seu trabalho é fácil. Mas assim como qualquer tipo de trabalho em produção, ser produtor de locação não é mole. Com mais de 20 anos de experiência na área, Bel Aquino, ao lado de Letícia Costa e Gabriel do Amaral Arantes, hoje é sócia da Primeira Produtora de Locação, empresa que se especializou nesse segmento.A empresa mantém uma estrutura com dez funcionários para atender principalmente o mercado publicitário. De forma geral, o trabalho de produção de locação é feito por profissionais free-lancers, mas muitos estão se agrupando, formando pools ou pequenos escritórios, para assim conseguir atender mais filmes ao mesmo tempo. Como na maioria das áreas, nesta os cachês também diminuíram e os prazos estão cada vez mais apertados. “A vantagem de ter uma estrutura é ganhar agilidade. Conseguimos fazer um trabalho de qualidade em menos tempo e hoje o prazo é o carro-chefe”, explica Gabriel. Um nicho de mercado que vem se abrindo para o produtor de locação atualmente são os filmes produzidos no Brasil por produtoras estrangeiras. Muito mais do que praias paradisíacas, samba, suor e ouriço, hoje o Brasil é uma boa opção em termos de custo de produção aliado à qualidade dos equipamentos. Alexandre Rocha, que tem 15 anos de experiência, tem se especializado nesse tipo de produção. “Já trabalhei em várias produtoras e sempre gostei de locação. Aos poucos, foram surgindo vários filmes internacionais e abri o site www.

brazillocations.com.br, com imagens do Brasil para os estrangeiros.” Ferramenta indispensável para o produtor de locação, foi a fotografia que levou Fabio Castilho à profissão, há 17 anos. “Sempre fotografei e trabalhava para a revista Fluir, fotografando e viajando. Comecei a trabalhar em produtoras fazendo teste de VT e, como tinha essa experiência anterior, acabei indo para a produção e daí para as locações”, conta. Fabio também trabalha principalmente para filmes comerciais, sendo que 25% são estrangeiros. Já trabalhou em dois longasmetragens — mas sua experiência demonstra porque a função ainda é rara em cinema: a verba para locações é pequena, tanto

empatia e olho clÍnico A partir das dicas dos produtores de locação, traçamos um perfil das características exigidas de um bom profissional da área: n Ter olho clínico e conseguir enxergar as possibilidades fotográficas do lugar, com um olhar estético e de produção. Ou seja, não adianta achar uma praia paradisíaca se a equipe tem 70 pessoas e o acesso só existe de helicóptero. n Ser bom de papo e saber abordar as pessoas, disponibilizando um bom tempo para isso, sem pressa. n Gostar de fotografia e fotografar bem. n Gostar de brincar de gincana. n Ter bons relacionamentos. n Ter alguma noção de arquitetura e urbanismo e estabelecer boas parcerias com arquitetos e construtoras. n Gostar da cidade e de passear por ela. n Saber montar uma boa apresentação para a produtora.

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para quem produz como para quem loca seu imóvel. Em muitos casos, principalmente nos filmes de baixo orçamento, ainda vale pedir a casa da tia ou do amigo emprestada. No cinema, na maior parte dos casos, alguém da equipe de produção ou de arte se dedica a procurar as locações na pré-produção, e os cuidados durante a filmagem ficam a cargo da produção de set ou platô. “Achei muito interessante trabalhar em longa, principalmente porque o briefing é totalmente diferente. Enquanto no comercial a gente recebe uma descrição precisa do que o diretor quer e tem que achar aquilo, no longa a gente lê o roteiro e tem mais liberdade para sugerir, para criar e propor alternativas à equipe. A gente ajuda o diretor e o diretor de arte a criar a casa do personagem. E ainda tem todo o desafio do cronograma, que é uma verdadeira batalha. Se uma locação cai, isso afeta todas as outras. Administrar o cronograma é insano. Tem que ter plano B, C, D, E, F...”, diz Fabio. “Mas o longa dura meses, e paga o que ganhamos às vezes com uma locação para publicidade.” De porta em porta Mas o que exatamente faz um produtor de locação? Bem, nem sempre é possível montar um cenário

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( carreiras) completo em estúdio para uma filmagem — seja pela complexidade ou por falta de verba mesmo. Outras vezes, é preciso encontrar locais muito específicos nas ruas de uma cidade, numa praia ou no interior. É aí que entra o produtor de locação. Sua rotina começa com a pesquisa de locação: ele seleciona locais onde as filmagens podem acontecer, de acordo com o briefing passado pela produtora. Os detalhes do trabalho e a verba existente para a produção são definidos em uma reunião com o diretor, o fotógrafo e o diretor de arte. Então o produtor sai a campo para a pesquisa, com a máquina fotográfica em punho. Muitas vezes, os produtores já têm um amplo banco de dados, com uma grande quantidade de locações já visitadas. Esse pode ser um ponto de partida para o trabalho. Em seu banco de dados, Alexandre tem cerca de 70 mil imagens de todo o Brasil, além de bares, restaurantes e

até mesmo plantações. Em produções de prazo muito apertado, às vezes a produtora já solicita uma pesquisa de arquivo e então aciona vários fornecedores. Quem tiver sua locação escolhida, leva o cachê. Em seguida, o produtor de locação apresenta sua escolha ao diretor, ao fotógrafo e ao diretor de arte, que muitas vezes vão visitar alguns locais para avaliar melhor as condições de filmagem. Quando definidos, os produtores acertam o contrato com o proprietário do local. “Quando fazemos comerciais, sempre pagamos as casas, gostamos de tratar o trabalho como um contrato, não como um favor ou uma ajuda. De graça só quando o filme é filantrópico”, diz Bel Aquino. Caso as filmagens sejam na rua, também cabe à produção de locação providenciar todas as autorizações necessárias. Isso às vezes envolve a companhia de trânsito, a Prefeitura, a polícia e outras repartições públicas. Com a experiência e o aprofundamento das relações, os produtores

de locação acabam se aproximando dos funcionários e, como tudo no Brasil, a amizade abre muitas portas. “Hoje consigo liberar uma filmagem para 70 pessoas em pleno centro de São Paulo em cerca de 30 horas”, afirma Fabio Castilho. Na hora da filmagem, o produtor de locação vai abrir o set e só sai depois que o lugar for desocupado pela equipe. “Somos os primeiros a chegar e os últimos a sair”, diz Gabriel. “Precisamos tanto zelar pelo patrimônio da pessoa que está locando seu espaço quanto garantir que a filmagem transcorrerá sem problemas”, continua. “Vendemos esse zelo e temos que manter um relacionamento estreito com as pessoas. Hoje temos várias locações exclusivas, em casas muito boas, que só deixam a filmagem acontecer se nós estivermos à frente”, diz Bel Aquino. Lizandra de Almeira


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( upgrade )

HD para todos

Sony apresenta no Brasil sua primeira câmera no formato HDV 1080i. O equipamento, que alia o baixo custo à alta definição, começa a ser distribuído em fevereiro de 2005.

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Sony apresentou aos seus dealers no Brasil em primeira mão no final de novembro a primeira linha para o País no formato HDV, desenvolvido em consórcio com a JVC, Sharp, Canon e outros fabricantes. A câmera e o VT têm lançamento previsto para fevereiro de 2005. O formato permite gravações em alta definição (HD) em fitas DV comuns, mantendo o mesmo tempo de duração. A câmera será lançada primeiramente no Brasil apenas na versão profissional. A versão “consumer” só deve chegar em 2006. A HVR-Z1 é a primeira câmera HDV a gravar em formato 1080i, mas também capta em DV e DVCam. O modelo profissional pode ser chaveado para trabalhar em 1080/60i ou 1080/50i, sendo portanto adaptável tanto ao sistema americano quanto ao europeu. A lente, fixa, com 72 mm de diâmetro, foi desenvolvida pela Carl Zeiss no aspecto 16:9 e tem zoom de 12x, variando de 32,5 mm a 390 mm, com estabilizador óptico de imagem. O zoom pode ser controlado tanto pelos botões no corpo da câmera quanto pelo controle remoto ou pelo anel da lente. Dentre as inovações tecnológicas incorporadas ao equipamento destacam-se o novo CCD Super HAD, de 1/3”, com sensibilidade mínima de 3 lux, podendo trabalhar com até 0,75 lux no modo Hyper Gain. O chip, com resolução de 1,12 milhões de pixels, foi desenvolvido especialmente para as câmeras HDV e já vem no aspecto

colocados sobre fundos escuros, uma vez que esses ficam “chapados” quando o gamma adicional é acionado. Outro dispositivo interessante é formado por seis botões préprogramáveis no corpo da camcorder, que permitem a automação das tarefas mais usadas pelo usuário. Podem ser programados, por exemplo, para inserir o color bar (a câmera vem com duas opções), fading, steady shot, algum efeito ou qualquer outra função do menu.

fotos: Divulgação

A HVR-Z1 grava em fitas Mini DV regulares, com o mesmo tempo de gravação do DV, mas em alta definição. Abaixo, o VT HVR-M10, que funciona também com baterias.

16:9, não havendo portanto cortes ou perdas na captação neste formato. O processador trabalha em tempo real, com processamento 14 bit HD DXP. A câmera também incorpora duas tecnologias que prometem dar uma aparência de película às imagens. Com a tecnologia Cinematone, são acrescentados dois gammas adicionais à câmera, que “achatam” as cores. Já a tecnologia Cinemaframe faz a conversão estatística dos frames de vídeo para os 24 fps do cinema de forma suave, simulando uma imagem “film like”. Dentro dos gammas adicionais, é também possível utilizar a função “black stretch”, que ressalta detalhes 34

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Workflow Segundo a fabricante japonesa, o novo equipamento permite que se trabalhe em cima do equipamento DVCam existente hoje, mesmo que a captação seja feita em HDTV, porque a própria câmera tem um downconverter que dá a saída do sinal em padrão DVCam ou DV. Além disso, outros fabricantes, como a Miranda, produzem caixas que funcionam como pontes no sistema, recebendo, por exemplo, o sinal HDV por uma porta i.Link (IEEE 1394) e dando saída em outros formatos, como HDSDI ou até 720p. Com a câmera, chega o VT HDV HVR-M10, que também grava e lê nos formatos 1080i, DVCam e DV. Bastante compacto, o player vem com monitor LCD de 3,5” e medidor de nível de áudio. Tem entrada e saída de vídeo composto e SVídeo, saída de vídeo componente, porta i.Link e pode ser alimentado por bateria. A câmera deve chegar ao mercado com preço FOB de aproximadamente US$ 6 mil.

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( upgrade ) Velocidade gráfica A Absolut Technologies lançou no Brasil uma linha de placas gráficas

Liquid Edition Pro 6: entradas e saídas analógicas e digitais.

Nova versão

A Pinnacle Systems já começou a distribuir o software de edição Pinnacle Liquid Edition Pro 6. O software vem com novas ferramentas e agora permite editar múltiplos streams do conteúdo em alta definição com efeitos em tempo real, sem a necessidade de hardwares proprietários. O pacote vem acompanhado ainda de uma caixa com entradas e saídas analógicas e digitais (vídeo composto, componente, S-Video, entrada de áudio estéreo, saída surround e USB 2). A solução da Pinnacle permite a edição em HDV, mesmo quando usado em um laptop, desde que este tenha uma entrada FireWire para capturar o conteúdo da câmera. Além disso, vem com codecs para vários formatos, como o DV25 e vários padrões MPEG-2. Além disso, suporta som surround e vem com um encoder Dolby Digital aprovado pelos laboratórios Dolby. Graças ao suporte a multicâmeras, é possível editar facilmente até 16 diferentes ângulos de uma cena. O pacote da Pinnacle custa nos EUA US$ 999.

PCI Express, da PNY Technologies, baseadas em tecnologia NVidia Quadro FX. A principal característica da nova linha é que as placas dobram a capacidade de largura de banda em relação à geração AGP 8X, garantindo mais precisão gráfica para usuários que utilizam softwares de CAD e animação, tanto em aplicações 2D quanto 3D. Além disso, usam Arquitetura de Driver Unificada (UDA), que tem a certificação de todos os aplicativos CAD/CAM/CAE/GIS e DCC.Entre os novos modelos está a FX 3400 PCI Express, que conta com memória DDR3 de 256 Mb, dupla saída DVI e sistema SLI que permite a conexão de duas placas deste modelo numa estação de trabalho. Além disso é compatível com OpenGL 1.5 e DirectX 9,0, precisão de sub-pixel 12 bits. O modelo custa cerca de US$ 2 mil FOB. A linha de placas de vídeo Quadro FX dobra a capacidade da geração AGP 8X.

Cinema digital A Sony apresentou na convenção Show East deste ano, que aconteceu no final de outubro em Orlando, nos EUA, protótipos dos novos projetores de cinema digital 4K. Foram apresentados dois modelos, ambos com resolução de 4096 x 2160 pixels e baseados na tecnologia SRXD (Silicon X-tal Reflective Display), já usada no projetor 2K QUALIA 004. O modelo SRX-R110 proporciona uma imagem de 10 mil ANSI lúmen, já o SRX-R105 proporciona metade da iluminação. Os equipamentos demonstrados estão mais evoluídos que a versão mostrada aos exibidores norte-americanos em junho deste ano, que operava com cerca de 50% da funcionalidade proposta pela Sony para o projetor 4K. Os projetores têm várias placas opcionais que permitem usar diferentes fontes de vídeo (como RGB analógico ou SMPTE 292M e SMPTE 372M), além de lentes que permitem projetar em telas de vários tamanhos. A Sony espera lançar o equipamento, que será o primeiro no mundo a operar nos padrões propostos pela DCI (grupo de desenvolvimento de um padrão de cinema digital criado pelas majors), em fevereiro do próximo ano.

O SRX-R110 e o SRX-R105 são os primeiros projetores a operar nos padrões propostos pela DCI.

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( agenda ) > DEZEMBRO 4a6 A Apaci (Associação Paulista de Cineastas) e a Abraci (Associação Brasileira de Cineastas) promovem o I Seminário Internacional do Audiovisual: Legislação e Mercado. O evento contará com representantes da produção audiovisual e de governos de quatro continentes, que debaterão em torno da criação da Ancinav. Durante os três dias do seminário, seis mesas abordarão os diferentes modelos de atuação estatal na área; as recentes experiências latinoamericanas e a tradição européia no fomento à produção; as respostas legislativas já existentes ao desafio imposto pelas novas tecnologias; e o novo papel da televisão diante da convergência digital. Já estão confirmadas as participações de representantes da África do Sul, Chile, Coréia do Sul, Argentina, Espanha, Venezuela, México, França e Brasil. O evento acontece no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo. 6e7 A Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU), a Fundação Fórum Campinas e a PUC Campinas realizam em Campinas o seminário Os desafios da TV digital no Brasil. O evento deve debater o projeto governamental do Sistema Brasileiro de TV Digital. O seminário é gratuito e as inscrições devem ser feitas no site www.tv.puc-campinas.edu.br. Mais informações pelo telefone (19) 3756-7325.

10 Encerra o prazo de inscrições para a Mostra do Filme Livre, que acontece de 15 a 27 de fevereiro de 2005, no Rio de Janeiro. A mostra conta com várias categorias competitivas e promove debates sob variados temas relacionados ao ambiente alternativo de produção, distribuição e exibição de filmes. As inscrições podem ser feitas no site www.curtaocurta.com.br. Mais informações pelo e-mail mostradofilmelivre@curtaocurta. com.br ou através do telefone (21) 2539-7016.

> JANEIRO 2005 20 Encerram-se as inscrições para o É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários, que acontece entre 29 de março a 10 de abril em São Paulo e no Rio de Janeiro. Podem participar filmes e vídeos documentais de qualquer duração concluídos após junho de 2003. Paralelamente ao festival acontece, em São Paulo e no Rio de Janeiro, a quinta Conferência Internacional do Documentário, realizada em parceria com o Cinusp. As inscrições podem ser feitas através do website www.etudoverdade.com.br. 25 a 27 Acontece no hotel Mandalay Bay, em Las Vegas (EUA), a feira internacional de programação de TV NATPE 2005. Mais informações pelo telefone (1-310) 453-4440, pelo e-mail info@natpe.org ou no site www.natpe.org.


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