Revista Tela Viva 164 - setembro 2006

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( exportação)

Daniele Frederico

d a n i e l e @ t e l a v i v a . c o m . b r

Cada uma à sua maneira

Com força de vontade, mas pouca organização, as film commissions brasileiras surgem � e se desenvolvem sem qualquer regulamentação central.

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foto: andres acera/divulgação

em um órgão centralizador que possa delimitar diretrizes de criação e atuação e também trabalhar para que as unidades já existentes possam interagir entre si, as film commissions brasileiras nascem de maneiras diferentes e criam, cada uma, a sua própria forma de atuação. Até o momento, pode-se garantir apenas um ponto em comum entre as FCs existentes no Brasil: a sua função principal é atrair, apoiar e facilitar as produções audiovisuais em suas regiões de origem. É isso que fazem as centenas de film commissions mundo afora. São órgãos, geralmente ligados a governos locais, que visam promover e facilitar a vinda de produções para a sua região. Pode-se dizer que cada FC atua de forma diferente e com abrangência distinta. Há FCs com atuações em nível municipal (caso da Riofilme Commission, que atua no município do Rio de Janeiro), estaduais (como a Santa Catarina Film Commission) e regionais (caso da Brasil Central Film Commission, que compreende os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e o Distrito Federal). Além dessas, contam com FCs atuantes ou em processo de implantação os estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Amazonas e Bahia. A falta de parâmetros para a criação de uma FC fez com que as existentes hoje no Brasil tivessem origens totalmente diferentes. Algu­mas são públicas, outras são organiza­ções nãogovernamentais, e outras surgiram de parceria público-privada (PPP), como é a Brasil Central FC. A São Paulo Film Commission nasceu a partir da Ribeirão Film Commission, que inicialmente

Paulo Markun, da Santa Catarina FC; Anna Flávia Dias Salles, da Minas FC; Sérgio Andrade, então da Amazonas FC; Ana Cristina Costa e Silva, da Brasil Central FC; Cícero Aragon, da Rio Grande do Sul FC; Paulo Schmidt, da Film Brazil; e Edgard de Castro, da São Paulo FC, durante o Fiicav.

atuava apenas na região de Ribeirão Preto, no interior paulista. A São Paulo Film Commission é uma ONG e, ao contrário de outras FCs, que contam com verba concedida pelo município ou pelo Estado para funcionar, tem procurado a sua autonomia financeira e de atuação. “Uma das dificuldades é convencer o próprio meio cinematográfico e audiovisual de que as film commissions podem ser autônomas, não devendo necessariamente estar ligadas a instâncias governamentais, embora o apoio dessas seja de suma importância” diz o coordenador da São Paulo Film Commission, Edgard de Castro. “Como o cinema é um negócio, nada mais natural que as FCs também busquem independência, dinamismo e autosustentabilidade”. Ele conta que a FC é mantida por meio de patrocínio para a realização de eventos e projetos, que geram receitas para a ONG. E manter uma FC não é barato. Cícero Aragon, que no momento está envolvido na formação de uma FC no Rio Grande do Sul, diz serem necessários R$ 100 mil para a implantação de uma FC e no mínimo R$ 20 mil mensais para o seu funcionamento. 38

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Com uma origem diferente, a Minas Film Commission, em atuação no âmbito do Estado de Minas Gerais, pode ser considerada uma das FCs mais sólidas implantadas até o momento, já que a sua formação contou com um decreto governamental. Este define, entre outras diretrizes, que essa FC trabalhará em rede, seja no âmbito da administração do Estado, ou por meio dos gestores de circuitos turísticos e representantes de instituições culturais em geral e do audiovisual. “O que fizemos foi aliar a FC aos 51 circuitos turísticos de Minas Gerais, criando uma capilaridade na atuação”, diz Anna Flávia Dias Salles, diretora de fomento à produção audiovisual da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais. Já a Riofilme Commission, estruturada a partir da Riofilme, uma sociedade anônima de capital 100% da Prefeitura do Rio de Janeiro, é um exemplo de FC que funciona basicamente com dinheiro público. Segundo Antonio Urano, diretor


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