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EDIÇÃO 04 ABRIL DE 2016

VALQUÍRIA JEAN

SUMÁRIO

REDAÇÃO Karoline Bertotto CRIAÇÃO / DIAGRAMAÇÃO Artur Mendes de Oliveira DESIGN / PUBLICIDADE / ANÚNCIOS Artur Mendes de Oliveira

• 06 - CICLO TURISMO, bem estar e sustentabilidade • 16 - EMPREENDER: O empreendimento que realiza sonhos • 22 - Fisio Saúde

• 24 - EDITORIAL: Elegância com atitude • 50 - CAPA: Anjos de patas e mãos • 62 - MULHER: Daniela Tombini • 70 - ARTE DA GENTE: Joseane Sorgatto • 72 - Camarim • 74 - Reino Animália

DEPARTAMENTO COMERCIAL Thiago Cavalett Helton Ferreira FOTOGRAFIA Karoline Bertotto Oliveira Fotografias Todas as matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores. A opinião das pessoas que publicam nessa revista, não refletem necessáriamente a opinião da revista. Todas as publicidades são de inteira responsabilidade de seus anunciantes

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Vista de Rio das Antas

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VIAGEM

“QUEREMOS MUDAR O MUNDO”, DIZEM OS LÍDERES DO FUTURO POR KAROLINE BERTOTTO

FOTOGRAFIA ARTUR OLIVEIRA E DIVULGAÇÃO

Um grupo com aproximadamente vinte jovens. Cada um deles com dezenas de ideias e projetos fervilhando na mente. O resultado não poderia ser outro: a Alcateia Empreendedora é o núcleo mais atuante da Associação Empresarial de Caçador (Acic). Os jovens se uniram, justamente, para dar vida às ideias e ter com quem compartilhar dúvidas e informações sobre o mundo empresarial e empreendedor. “Quando iniciamos, queríamos mobilizar a sociedade para fazer eventos, palestras, workshops, tudo que fosse em prol do empreendedorismo. Mas tudo isso exige um capital de giro e nós tivemos que fazer muitos contatos para começar a ter uma reserva e movimentar a cidade”, afirma Eduardo Tombini. Com a missão de fomentar o empreendedorismo no município, os jovens arregaçaram as mangas e foram ao trabalho. “Há um planejamento bem coerente. Todas as ações que o núcleo faz são com base no planejamento. Aqui as ideias borbulham, mas aí a gente volta e tenta focar no planejamento”, comenta Giselli Spessatto. Todos mês há pelo menos uma ação do núcleo na cidade. “Todas elas são pensadas e discutidas, desde o objetivo, os benefícios, não é apenas para arrecadar dinheiro, mas para atingir efetivamente o público alvo”, ressalta Fernanda Padilha Piran. A coordenação dos projetos é totalmente voluntária e varia entre os membros. Como existe uma heterogeneidade no grupo e cada membro possui habilidades diferentes, cada um se dispõe a auxiliar na ação e área que mais se identifica. “Dividimos as tarefas por áreas, geralmente, as pessoas vão se encaixando nas suas áreas. Sempre tem um líder que coordena as tarefas para todo mundo”, explica Douglas Vitto Gomes.

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PRINCIPAIS AÇÕES Conforme explicam os membros, o Núcleo Alcateia Empreendedora sempre busca eventos com temas diferentes e que ajudem no dia a dia da população em geral. “Procuramos entender os problemas que as pessoas têm e de que forma poderíamos ajudar, a primeira forma é trazendo conhecimento, por meio das palestras que a gente faz”, comenta Giselli. Entre as principais ações, destacam-se as palestras com profissionais conceituados e que trazem temas atuais e relevantes. “Esse ano, nós trouxemos uma palestra com o Gustavo Cerbasi, que focou bastante na situação financeira do país e esse período de recessão”, comenta Eduardo. Os jovens também trouxeram um empreendedor de Fraiburgo, que produz energético de chá de erva-mate e comercializa no Rio de Janei8

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ro. “Trouxemos com o objetivo de mostrar que o sucesso não é exclusivo para algumas pessoas, qualquer um pode ter, mas é preciso querer e buscar, não dá pra esperar as oportunidades. Não é porque estamos em uma cidade do interior, que é menos desenvolvida, que as pessoas não têm chance de crescer, todo mundo tem essa oportunidade”, destaca Fernanda. Conforme Douglas, o interessante dessas palestras é que elas mostram todas as partes difíceis por onde os empreendedores passaram. “Elas são muito realistas, pois é realmente difícil, mas se você trabalhar duro e honestamente, é possível”. Outra importante ação desenvolvida pelo núcleo é o Feirão do Imposto. A iniciativa tem como objetivo conscientizar e mobilizar a população no que se refere à alta carga tributária paga no país e o pouco retorno desses valores. “É uma maneira de chamar a atenção para a quantidade de tributos que o consumidor paga em cada produto adAgosto 2016


quirido. Esse ano, fechamos parceria com vários estabelecimentos demonstrando a incidência de imposto em diversos produtos. Além disso, fizemos o recolhimento de assinaturas buscando pleitear a fomentação da nova legislação tributária e questionar o baixo retorno à população”, comenta Fabieli Spessatto. A Sessão de Negócios é mais um evento da Alcateia, organizado em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O objetivo das sessões é que as empresas participantes apresentem para outras empresas suas demandas, ofertas de produtos ou serviços em um determinado espaço de tempo. O evento utiliza um sistema que gerencia a apresentação de cada empresa, de modo que todos os participantes possam interagir e com isso, viabilizar a prospecção de novos negócios. Todo o valor arrecadado com os eventos é utilizado para capacitação interna do núcleo. Agosto 2016

TRABALHO DURO, OUSADIA E DETERMINAÇÃO Essas, de acordo com os membros da Alcateia Empreendedora são as palavras chaves para o sucesso de um jovem empreendedor. “Um jovem empreendedor precisa ter curiosidade, ir atrás, não ter medo, arriscar, criar uma boa rede de contatos, analisar as oportunidades, observar as tendências, pensar em inovação, não pode ter preguiça, tem que ser audacioso”, listam rapidamente as características as quais já tinham ou tiveram de aprender. O que os jovens mais gostam de ressaltar é que muito diferente do que o senso comum acredita, o empresário não é quem menos trabalha. “As pessoas acham que empreender é não ter horário, trabalhar a hora que quer, na verdade é bem o contrário. É mais intenso do que você ser funcionário”, afirma Fernanda. www.revistariodopeixe.com

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A jovem exemplifica que, quando um funcionário tem algum problema que não consegue resolver, ele pode recorrer ao seu superior e o problema vai passando até chegar ao presidente. “Essa pessoa que está no topo não tem a quem recorrer, a decisão final é dela e as consequências também”. Outro fato ressaltado pelos jovens é que até chegar ao topo, com raríssimas exceções, o empresário derramou muito suor e dedicou-se intensamente aos estudos. “Nenhum dos grandes só coordenaram e não tiveram de trabalhar. Todos começam trabalhando e fazendo acontecer. Depois de algum tempo, quando conseguem conquistar o seu espaço, começam a delegar e gerenciar, mas o início sempre depende de muito trabalho do empreendedor”, afirma Douglas. Para eles, a maioria das pessoas veem apenas a cereja do bolo, não imaginam o árduo caminho que o empresário percorreu para chegar até lá. “E às vezes ele ainda não atingiu o sucesso. Mas as pessoas olham para o empreendedor como alguém que só teve o lado bom. Um pouco do nosso trabalho é para mudar essa visão de carrasco, pois com todas as dificuldades e empecilhos que existem hoje, o empreendedor, na verdade, é um herói”.

PEDRAS NO CAMINHO Até que as pedras no caminho virem flores, o empreendedor vai precisar de muita força e dedicação, pois as pedras, muitas vezes, são mais pesadas do que ele conseguiria suportar. Dessa forma, um trabalho em equipe pode ser essencial para alcançar a chegada. E é nesse viés que a Alcateia Empreendedora funciona. “Nós mesmos nos ajudamos no próprio negócio, somos um alicerce”, afirma Douglas. Para eles, a burocracia e o sistema fiscal tributário são os maiores empecilhos para o jovem empreendedor atualmente. “O jovem tem muitas ideias novas, mas ele se vê paralisado com questões burocráticas, até ele conseguir colocar em prática, a ideia foi por água abaixo. Perde o pique, o entusiasmo, por causa da burocracia e do sistema tributário”, afirmam. O imediatismo, característica marcante da Geração Y (nascidos no início da década de 1980 até meados da década de 1990) comprova isso. Pesquisadores afirmam que essa geração precisa lidar com a ansiedade excessiva em ascender na carreira. “O fato da nossa geração querer tudo pra ontem, que tudo se resolva já, se demora demais a gente perde o pique e isso vai afetando”, atesta André Henrique Dotta. Para Dotta, além do imediatismo, os jovens também têm que saber lidar com a desconfiança. “Geralmente, não confiam na credibilidade dos jovens”. Samantha endossa a questão. Para ela, muitas vezes, por não ter um histórico dentro da empresa, os jovens e suas ideias não são muito ouvidas. Gisele vê a concorrência desleal como a pedra mais importuna no meio empresarial. “A fiscalização é feita em algumas empresas e não em outras. A que precisa estar com tudo correto tem um custo muito maior que será repassado de alguma forma para o consumidor, o que diminui o lucro da empresa e deixa de ser competitiva”. Douglas aponta uma dificuldade que existe já na base. “O sistema educacional é engessado, não aprimora as habilidades individuais. Nossa cultura no Brasil não é empreender, mas estudar e passar em um concurso público para ter estabilidade, é bem ao contrário do empreendedor que precisa assumir riscos”. E não são apenas as escolas que pecam. Segundo ele, as universidades brasileiras também não preparam os jovens para o empreendedorismo. Como se não bastasse ter o próprio sistema contra, as famílias, geralmente, não apoiam os jovens por medo que ele seja mal sucedido. A cultura do “não empreender” se reflete na atitudes dos próprios jovens, que mostram total desinteresse em buscar conhecimento. “Às vezes trazemos uma palestra e depois fazemos um bate-papo muito legal com o palestrante, mas os estudantes já saem. É uma pequena fatia que mostra interesse”, afirma. E não é sempre que os obstáculos conseguem ser transpassados. Como qualquer ser humano, os jovens também erram, mas para eles, o 10

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segredo é não se vitimizar. “A gente não se vitimiza por algo que não deu certo, dá um jeito de fazer acontecer. Pegar o erro e tentar aprender com ele”. Os jovens acreditam que o fracasso tem de ser visto como um aprendizado. “No Brasil é motivo de zombaria, vergonha. Mas são erros que não serão mais cometidos”.

EMPREENDEDORISMO SOCIAL Apesar dos jovens de hoje terem crescido ouvindo constantemente as palavras “Sustentabilidade” e “Responsabilidade Social”, a maioria não se atinou que elas também podem ser nichos de mercado. Na última palestra que promoveram, o núcleo Alcateia Empreendedora realizou uma pesquisa com os participantes para saber quais assuntos mais despertam o interesse e poder direcionar suas ações. “Tinha vários assuntos ligados ao empreendedorismo, e o social era um dos tópicos, ele foi o menos escolhido, com menor interesse entre os demais. Temas mais padronizados como planejamento estratégico, assunto forte na faculdade, foi o mais escolhido”, conta Douglas. A pesquisa reforça que os jovens ainda estão muito dentro da teoria Agosto 2016


e fora das novas tendências. Mas, diferente da maioria, os jovens nucleados sabem que o empreendedorismo social tem um mercado enorme, que ainda é muito pouco explorado. “Se tem poucas pessoas atentas a isso, poucas estarão fazendo e sairão na frente”, ressalta Dotta. De acordo com ele, ao contrário do que as pessoas pensam, o empreendedorismo social não precisa ser filantrópico e sem fins lucrativos. “Tem muitos negócios que tanto ajudam a sociedade como geram lucro”, enfatiza. Além dos negócios que geram lucro, há também que se ressaltar a importância de uma gestão comprometida com o mundo, o país ou a comunidade onde se insere. “O empreendedor não pode ter uma empresa pensando apenas nele e no seu lucro, mas no que vai ela gerar para a sociedade. Eu preciso contribuir com a minha cidade”, destaca Gisele.

SER ALCATEIA Quando foi reativado em janeiro de 2014, o Núcleo Jovem Empreendedor foi totalmente reformulado, começando pelo nome. “Núcleo Jovem da Acic, ou Acic Jovem é uma ideia muito formal, que todos os núcleos jovens das outras cidades já utilizam, nós buscamos uma outra marca, para chamar mais atenção e ser única”, explica Douglas. A palavra Alcateia, que, resumidamente, significa o coletivo de lobo, traz a essência do que os jovens buscam enquanto núcleo. Assim como os lobos, que dividem-se em tarefas e funções, os jovens da Alcateia Empreendedora também procuram ter as suas funções bem definidas. É por isso que o grupo desenvolveu um plano de seleção de pessoas. “Desenvolvemos esse plano, porque a entrada e saída de novos membros

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atrapalha na execução dos nossos projetos. Normalmente, ocupamos a equipe inteira nos projetos e precisamos de pessoas prontas para trabalharem. O principal objetivo do plano é integrar o membro o mais rápido possível, fazê-lo entrar no clima da equipe”, explica Fernanda. Sem restrição de escolaridade, a equipe exige apenas dois requisitos: disponibilidade e vontade de empreender. “Nosso trabalho é voluntário, recebemos benefícios, mas é preciso gostar de estar aqui, pois é bastante trabalho e precisa estar engajado, não pode ser uma obrigação”. Ligado ao Conselho Estadual de Jovens Empreendedores de Santa Catarina (CEJESC), o núcleo proporciona aos membros ampliarem sua rede de contatos. “Todo mês há uma assembleia ordinária em que conhecemos jovens empreendedores de outras cidades”, afirma Samantha. Nessas assembleias, além de aumentar o networking, os nucleados têm a possibilidade de desenvolverem suas habilidades e liderança. E para quem pensa que ser empreendedor é apenas criar uma nova empresa, os jovens afirmam que não. “A gente não precisa necessariamente ter uma empresa para ser empreendedor. Eu não sou dona de uma empresa, mas ganho muito estando aqui, pois vejo oportunidade, troca de ideias, e me desenvolvo”, afirma Samantha. No fim, o grupo se torna um apoio, e é onde os jovens podem compartilhar suas angústias e alegrias sem medo de não serem entendidos. “Antes de entrar para a Alcateia, eu sentia falta de conhecer pessoas que pensam como eu penso. Meus amigos não são empreendedores. O Núcleo te empurra para frente, não somos loucos sozinhos”. Além do apoio, o núcleo também gera oportunidade. “Estando aqui eu já cresci profissionalmente dentro da empresa em que eu trabalho, já tenho parceria para empreender e até um futuro cliente aqui dentro”.

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SEC

SEC CAÇADOR REALIZA POSSE DA NOVA DIRETORIA Foi realizado na noite do sábado, dia 23 de julho, na Churrascaria das Bochas, a solenidade de posse da nova diretoria do Sindicato dos Empregados no Comércio de Caçador (SEC) - gestão 2016/2020. Vilmar Zollner foi reconduzido por unanimidade ao cargo de presidente da entidade. O evento contou com a presença de representantes dos trabalhos em nível estadual, entre eles: Ana Júlia Rodrigues – presidente

estadual da Central Única dos Trabalhadores (Cut); Ivo Castanheira – diretor da Federação dos Comerciários de Santa Catarina (Fecesc) e coordenador sindical do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos de Santa Catarina (Dieese); e Nadir Cardozo dos Santos – advogado e diretor executivo da Fecesc. Após a solenidade a entidade ofereceu um jantar de confraternização para os convidados.

Membros da Nova diretoria

Vilmar Zollner - Ivo Castanheira - José Zamprônio e Nadir Cardozo dos Santos 12

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ENTRELINHAS DA PSIQUE Debora Cunha de Almeida

Graduada em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná, Mestranda em Desenvolvimento e Sociedade na UNIARP. Psicóloga Clínica - Harmonia Consultório de Psicologia e Consultoria, Docente na UNIARP.

Estamos numa fase social, onde questionamos os rumos que a nossa sociedade brasileira vai tomar. Em todos os meios de comunicação, há defesa e acusação, acontecem debates, discussões, conversas acaloradas, sobre a política atual. Mas ainda, dentro deste universo, temos que pensar onde e como estamos, o que queremos para o nosso futuro em relação a crise econômica, saúde, lazer e educação. Queremos a inclusão ou exclusão, queremos conhecer a história ou fantasiar o que nos foi ensinado e repassado através das nossas famílias, leituras, filmes. Quando pensamos nisso ou aquilo, nossos anseios mais íntimos, nossas lembranças são descortinadas e acabamos tendo que compreender, analisar e refletir; pois nossas condutas e (re)ações são fruto deste contexto de informações recebidas, digeridas e postas nas ações, nas palavras,

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nos gestos, no posicionamento que vêm carregado com a nossa vontade, com o nosso desejo, com a nossa vivência e responsabilidade. Pois a criticidade da minha postura perante a minha vida e dos meus familiares, amigos, alunos..., tem reflexos profundos em nossas vidas, que muitas vezes não compreendemos as razões do porquê acontece isso ou aquilo, porque reagiram assim ou assado. Mas no fundo do nosso ser sabemos que fomos nós que tomamos decisões, sem reflexão ou sem pensar nas consequências dos nossos atos, tão simples, tão inconsequentes, mas que nos marcam para sempre. Por isso, repense, analise, questione-se o que vou acrescentar com esta atitude, o que vou agregar, valorizar e disseminar com este meu ato, são situações e ações positivas. Se a resposta for não e negativa, as vezes o silêncio e o respeito ao pensamento do outro são as melhores escolhas, pense nisso. Até a próxima edição.

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VOCÊ PODE NÃO LEMBRAR TUDO QUE ELE FEZ. MAS PODE RECONHECER.

Caçador Av. Barão do Rio Branco. 767 - Centro Av. Barão do Rio Branco, 462 - Centro

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EMPREENDER

SEGREDO DO SUCESSO: FAZER O QUE GOSTA OU GOSTAR DO QUE FAZ Para Junith Ueda cozinhar sempre foi um hobby, porém, de uma maneira despretensiosa e inesperada, o hobby tornou-se coisa séria e hoje é um dos empreendimentos mais frequentados e bem-sucedidos do ramo gastronômico em Caçador. Maemuki é uma expressão japonesa que significa olhar para frente, no sentido de prosperidade. E é isso que o jovem empreendedor espera: sempre seguir em frente. Na entrevista, o designer, que já possui uma agência, conta as principais diferenças e dificuldades encontradas para investir em um negócio, que aposta, principalmente, na culinária japonesa. Confira! Qual foi o seu primeiro emprego? Meu primeiro emprego foi de garçom em uma pastelaria, dos 15 aos 16 anos trabalhei lá. Com quase 17 anos entrei na Daniela Tombini onde trabalhei até os 25 anos. Entrei trabalhando na expedição, depois fui convidado a fazer parte do desenvolvimento de produtos, aí fiquei nesse setor o restante do tempo. Fiz faculdade de Design, trabalhei como designer um bom tempo até montar a minha agência. Como e porque escolheu o ramo da gastronomia? A tendência ao ramo da gastronomia vem de família, minha mãe sempre trabalhou com comida, ela faz salgadinhos para eventos e festas. Eu já tinha uma vocação, é um ramo que eu teria seguido se não tivesse feito design, talvez a circunstância da época não permitiu, acabei indo para o design. Mas as duas coisas que eu mais gosto de fazer na vida são design e gastronomia. Sempre foi hobby para mim cozinhar, minha mãe sempre incentivou. E vim evoluindo nesse hobby, aprendi a fazer sushi, pois sou de família japonesa e esse tipo de comida sempre teve na minha família. Cozinhava para os amigos e assim a coisa foi tomando corpo. A partir de que momento decidiu montar o próprio negócio? Quando estávamos fazendo a parte visual e de divulgação do Bar do Dudo, nessa época eu cuidava das contas da agência e tinha um contato muito próximo com o Dudo, sempre estávamos conversando. Um dia eu fiz sushi para alguns amigos na minha casa, algumas fotos foram publicadas no Facebook e o Dudo viu. 16

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Na reunião seguinte ele comentou, porque ele e a esposa sempre que viajavam iam comer comida japonesa. Um dia ele foi para praia e ligou de lá dizendo que traria um peixe pra eu fazer sushi para eles. Depois da janta, ele me disse que aquele sushi tinha que ser comercializado. Me pediu se eu nunca tinha pensado em abrir um restaurante, eu disse que sim, que já tinha pensando em abrir o Maemuki, mas não tinha nem verba, nem coragem de meter a cara. Depois desse jantar, o Dudo me ligou pedindo uma reunião, mas isso era comum, achei que iríamos tratar sobre coisas do bar e da agência. Quando eu entrei na sala, ele me perguntou se eu tinha interesse em abrir um restaurante japonês com ele, porque ele não tinha mais conseguido dormir depois do sushi, daí eu que fiquei sem dormir. Amadurecemos o projeto e hoje está aí. A culinária japonesa é uma tendência mundial, esse tipo de comida está crescendo muito. Em outras épocas, que eu tive vontade de fazer, eu não tinha segurança, porque não era uma tendência, a resistência era muito maior para provar esse tipo de comida. Mas hoje virou sinônimo de comida mais saudável e o pessoal está querendo provar. Qual a importância o curso superior teve na tua carreira e empreendimento? Bem, eu sou graduado em Design Gráfico e pós-graduado em Design Multimídias. A parte de estratégia, divulgação, apresentação estética, todos esses conceitos que aprendemos no design eu pude aplicar aqui. Não só nos cardápios e apresentação do restaurante, mas também na harmonização dos pratos, me ajuda bastante. Todo visual foi feito com base no que eu aprendi na faculdade. Grande parte da imagem que o Maemuki tem é graças ao curso superior que eu fiz. Não bastava eu colocar um sushi saboroso, se a apresentação do lugar não fosse tão boa quanto a de um restaurante de fora. Boa parte do movimento que temos se deve a imagem que conseguimos construir. Qual a principal dificuldade para conseguir se manter em alta no mercado? No nosso caso é a matéria-prima. Estamos deslocados de qualquer lugar que tenha frutos do mar frescos. Para manter o estoque, a logística é a pior parte. Além de estarmos longe, temos poucas alternativas de acesso e transporte. Em Caçador,

eu consigo comprar 10 % da matéria-prima que usamos para produzir nossos pratos, o restante vem de importadores. A maior dificuldade é manter a matéria-prima, primeiro pela distância dos distribuidores, depois pela oscilação do mercado, o peixe e os insumos japoneses são em dólar, e por último, como é uma cidade de interior não temos tanto giro de clientes, então, precisamos nos reinventar constantemente, não posso deixar o cardápio muito tempo sem mexer ou trazer alguma novidade. Qual a principal dica que daria para alguém que pretende montar o próprio negócio? Planejar. Sempre analisar bem o que vai fazer. O que vimos é que as pessoas abrem seus negócios sem pensar muito, acreditando mais no sonho do que na realidade e daí acabam dando com a cara na parede. Tomamos muito cuidado com isso desde que inauguramos. A melhor dica é olhar o que está acontecendo no mundo e planejar bem para ter certeza de que o que você quer fazer é compatível com a realidade do lugar onde você quer aplicar. Como ter sucesso no ramo escolhido? Trabalhando muito e prestando atenção aos indicadores. Hoje em dia, sem uma administração bem técnica você não consegue crescer. O gestor para conseguir se manter, principalmente, no cenário em que estamos agora, precisa analisar números. Estamos o tempo inteiro vendo o que vende e o que não vende, margens, treinamentos... É preciso investir em qualidade para superar a crise. Quais são seus objetivos e ambições futuras enquanto empreendedor? Queremos transformar o Maemuki em uma referência regional, um restaurante que mesmo sendo no interior vire referência em qualidade e atendimento. Temos uma visão bem clara de que queremos expandir o Maemuki não apenas em tamanho, mas para outros lugares também, porque recebemos muitas pessoas da região e sempre estamos conversando, continuamos percebendo a carência de um restaurante oriental de qualidade. Nosso objetivo para o futuro é deixar o Maemuki aqui 100 % e depois replicar o modelo na região, enxergamos um potencial muito grande na região e queremos investir aqui. Agosto 2016


FOTO: ARQUIVO RIO DO PEIXE

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CIDADES

CADERNO ESPECIAL

TREZE TÍLIAS

UMA GRANDE CIDADE DISFARÇADA DE PEQUENO MUNICÍPIO Além de ser uma cidade turística, Treze Tílias apresenta grandes empresas e com isso um alto desenvolvimento econômico. POR ANA PAULA MACIEL RIBEIRO FOTOGRAFIA REPRODUÇÃO

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Para ser uma grande cidade ĂŠ preciso ter uma grande histĂłria. Venha com a Revista Rio do Peixe nesse caderno especial conhecer um pouco mais dessa cidade que abriga um povo batalhador e que faz todo dia o seu melhor...

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I

magine uma cidade onde tudo é organizado. No centro é possível encontrar a prefeitura, a Igreja e as escolas, próximas umas das outras. Localiza-se também todo o comércio em uma única rua, com supermercados, padarias, farmácias e bancos, todos também pertos um do outro. Na escola ao invés do inglês os alunos aprendem alemão e nos portais é possível conferir frases de “Seja bem-vindo!” e “Volte sempre!” escritas em alemão. As casas são todas com telhados “diferentes” parecidas com aquelas de filmes, sem muros e com um lindo jardim. Além disso, também é fácil se relacionar com os moradores, pois nesse município as pessoas se cumprimentam com simpatia e carinho. Imaginou? Esse município se chama Treze Tílias. Localizada no meio-oeste de Santa Catarina, Treze Tílias é famosa por sua cultura austríaca que encanta todos que a conhecem. Descrita por muitos como uma cidade bonita e organizada, Treze Tílias esconde por trás de seus 7 mil habitantes muitas histórias culturais, atrações turísticas e um desenvolvimento econômico semelhante a de grandes centros. Treze Tílias tem em sua essência o agronegócio que abriu portas para o desenvolvimento de grandes empresas, que hoje são reconhecidas nacionalmente e internacionalmente pelo seu destaque econômico. A gastronomia, o ramo cervejeiro, a bacia leiteira, a titulação de capital da escultura na madeira com escultores renomados internacionalmente e, juntamente com tudo isso, um ramo hoteleiro e turístico de alta categoria.

A HISTÓRIA Treze Tílias foi fundada em 13 de outubro de 1933, pelo Ministro da Agricultura da Áustria, Andreas Thaler, que mudou-se para o Brasil trazendo outros 82 imigrantes austríacos. Thaler então fundou a colônia Dreizehnlínden ou Treze Tílias, que significa uma árvore que possui uma flor de cor branca (chamada Edelweiss) bastante comum na Áustria. Naquela época cada família de 22

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imigrante recebeu um terreno para iniciar as atividades agropecuárias em terras brasileiras. Aos poucos a localidade foi crescendo e se tornando uma cidade. Apesar do passar dos anos e das novas gerações, Treze Tílias desenvolve diversos trabalhos que mantém viva a cultura austríaca. Com um consulado austríaco no município (o único fora de grandes centros) muitos filhos de imigrantes viajam à Áustria para conhecer e trabalhar, com o principal objetivo de não perder as raízes e conhecer o país de seus ancestrais.

A ESSÊNCIA DE TREZE TÍLIAS A pequena cidade que contou, no início de sua história, com diversos líderes hoje carrega com cada um de seus cidadãos o orgulho da imigração austríaca. É comum ouvir nas histórias das famílias que os filhos vão para a Áustria estudar e trabalhar, afinal eles acham importante apresentar a eles a sua essência e além disso, preservá-la para que ela nunca acabe. O rápido desenvolvimento de Treze Tílias a tornou muito atrativa para turistas e também trabalhadores, afinal o crescimento empreendedor fez com que o município se tornasse um atrativo para representantes e fornecedores. Cláudia Felder Stary é proprietária do Hotel Alpenrose de Treze Tílias. Neta e filha de imigrantes austríacos, ela relata que o número de turistas tem crescido tanto, quanto o número de pessoas que vem ao município a trabalho. Presente na atividade hoteleira há 22 anos, Cláudia conta que é bastante nítido o crescimento do seu município. “Recebo em meu hotel desde turistas até representantes e vendedores e isso faz com que eu possa notar o quanto Treze Tílias está crescendo na parte da gastronomia, do comércio, do entretenimento e das festas, afinal, hoje não temos somente um atrativo, mas sim vários que se destacam em todos os períodos do ano”. Por acompanhar e conhecer bastante as atividades turísticas do município Cláudia afirma que as principais características de Treze Tílias estão no acolhimento, na simpatia, na segurança e nas festas que ela proporciona. “Recebo diariamente relatos de turistas que se impressionam com a beleza do município e com a educação das pessoas. Eles se sentem felizes por serem cumprimentados na rua, pelas casas não terem muros e pela organização, pois muitos vêm de grandes centros onde essa proximidade não acontece e isso é tão bom de se ouvir”, afirma.

OS EMPREENDIMENTOS DIFERENCIADOS Além das indústrias e da representação que Treze Tílias tem no estado de Santa Catarina e também fora dele. O município

também possui empreendimentos inovadores que uniram a gastronomia com a cultura austríaca e a vontade de ampliar o seu diferencial aos turistas que o visitam. O restaurante Edelweiss e a marca de cerveja Bierbaum possuem uma ligação maior do que somente os proprietários. Recentemente a marca de cerveja foi premiada como a melhor cerveja da América do Sul e seu reconhecimento deixou de ser somente local para se tornar internacional. Markus Bierbaum, um dos proprietários da cervejaria e do restaurante, conta que a cervejaria se originou em função da estrutura e do conjunto que Treze Tílias representa. “A cervejaria nasceu porque já havia o restaurante Edelweiss e a ideia foi fazer igual a Europa que

tem junto dos restaurantes pequenas cervejaria que atendem a clientela do restaurante local. Após isso ela começou a crescer, pois tinha uma novidade no mercado da cervejaria e ele ainda era pequeno. Dessa forma, criamos um conceito novo de cerveja, mais encorpada, com malte, com sabores diferentes, com uma rotulagem atrativa e com um trabalho de degustação e experimentação para que as pessoas passassem a entender o que é cerveja”, explica. Combinando a gastronomia com a cervejaria criou-se e estendeu-se um empreendimento. “Criamos uma cultura de degustação em Treze Tílias, unindo a cultura austríaca de cervejarias e a combinando com Agosto 2016


a gastronomia, pois a cerveja isolada é um empreendimento mais complicado, porém quando apoiada na gastronomia ela tem um grande desenvolvimento. Então trabalhamos os sabores dos pratos e a combinação com a cerveja”, afirma. Com 12 anos de história, a marca Bierbaum foi sendo construída com pequenas ações todos os dias, para conquistar a credibilidade e confiança dos consumidores, além dos cidadãos trezetilienses que fazem questão de consumir o produto. “Cervejarias como a Bierbaum não produzem volume, elas trabalham mais com qualidade do que quantidade, pois esse é o objetivo, apresentar qualidade ao consumidor. Dessa forma é preciso conquistar premiações para mostrar aos degustadores esse nosso diferencial. Por isso, possuímos as marcas tradicionais como Pilsen e também cervejas sazonais, buscando o diferencial e o atrativo”, completa.

A CAPITAL DA ESCULTURA NA MADEIRA O filho mais velho do fundador de Treze Tílias, André Thaler, trouxe para o município a arte de esculpir na madeira, uma atividade

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bastante corriqueira na Europa, devido ao longo período de frio. André Thaler foi o primeiro escultor do município e como primeira obra esculpiu um presépio para que todas as famílias pudessem comemorar o primeiro Natal em Treze Tílias juntos. Suzy Thaler Perondi, neta de André Thaler, seguiu os passos de seu avô e de seu pai, e começou a esculpir aos 16 anos, auxiliando o seu pai. Ela fez especialização no norte da Itália e depois voltou para Treze Tílias para montar seu próprio ateliê e repassar aos turistas e cidadãos o seu amor pela arte. Assim como na época de seu avô, hoje a grande demanda de esculturas é para fora do estado. Em 2015 Suzy expôs suas obras na Bienal de Florença, na Itália, através da Unesco, onde tinha mais de 400 artistas do mundo todo. “A arte é a expressão de sentimentos, então desde o início até agora meus trabalhos sofreram muitas mutações, pois eles estão ligados ao gosto das pessoas, as tendências a moda e, tudo isso, vai se alterando com o tempo. E como é um sentimento, a gente como artista, cansa de fazer sempre a mesma coisa e por isso, criamos outras tendências, outras misturas de materiais para dar um diferencial nas texturas, isso tudo é a explicação de nunca ter uma peça igual a outra, pois elas se modificam conforme o sentimento do artista”, explica Suzy. Mesmo tendo seguido os passos de seu avô e de seu pai Suzy afirma que a questão da arte é algo que se precisa ter dentro de você. “A arte não é algo que você semeia dentro de um filho, ou seja, se meus filhos tiverem dentro deles esse amor pela arte isso vai florescer de qualquer forma, por isso não posso afirmar 100% se um deles vai ser escultor, mas garanto que eles sabem apreciar a arte”, afirma. Além da família Thaler também há outras famílias em Treze Tílias que trabalham com esculturas. Suzy afirma que o fato de ter vários escultores os tornam mais felizes, pois não há concorrência, afinal cada um tem sua característica, e cada pessoa vai comprar aquela escultura que se identificar melhor. “Os turistas precisam se identificar com a escultura, então caso um turista não goste das minhas obras é importante ele saber que tem outras pessoas que também trabalham com isso, pois com certeza ele irá gostar de outra. O importante é que a pessoa saia satisfeita de Treze Tílias, não importa em qual ateliê ele vá, o que importa é que ele encontre o que procura”, destaca Suzy.

A família de Cláudia há 22 anos investiu no ramo hoteleiro e hoje tem orgulho em contar a sua história, mas tem medo que um dia tudo isso se perca. “Eu tenho medo que as nossas raízes sejam perdidas, afinal, hoje em dia temos grupos de dança, o alemão nas escolas e outras ligações culturais que fazem com que Treze Tílias seja o eterno pedaço da Áustria no Brasil. Meu sonho é que tudo isso dure para sempre, para que todas as gerações tenham dentro do coração a cultura austríaca, que consigam contar nossa história com a mesma paixão que meus avós, que meus pais e que eu conto”, afirma. Markus apesar de ter nascido na Áustria, tem Treze Tílias em seu coração e destaca que o município é muito mais do que parece ser. “Pelo nome que a cidade leva e pela representação que ela tem lá fora as pessoas acham que Treze Tílias é uma cidade grande. E de certa forma somos, pois temos uma eco-

A LUTA PELA PRESERVAÇÃO DAS RAÍZES Claúdia, Markus e Suzy são gerações que lutam pela preservação das raízes do município. Cada um, em sua atividade empreendedora e cultural, trabalha a cultura austríaca e o orgulho de fazer parte de Treze Tílias. 24

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nomia bastante diversificada com agronegócio, com as indústrias, com o turismo e, além disso, com toda a sua beleza, toda bonitinha, bem acabada e acolhedora, com tudo isso não tem como não gostar daqui”. E Suzy ressalta que todas as cidades têm uma história, porém elas precisam de líderes que mantenham e fortifiquem essa história. “Treze Tílias deu certo porque vieram muitos líderes juntos e essas lideranças formaram o município e mantiveram a cultura austríaca, não deixando a essência da imigração se perder. E nós lutamos por isso, continuamos a própria tradição, não temos vergonha da nossa cultura, dos valores, dos princípios, nós amamos tudo isso, e quando vem do coração só dá certo e Treze Tílias deu certo por isso, pelo amor que todos sentem de tudo que aconteceu aqui”, acredita.

MUSEU MUNICIPAL ANDREAS THALER Em 1934 o organizador da colonização de Treze Tílias, Andreas Thaler mudou-se definitivamente para a colônia no Brasil e entre os anos de 1934 e 1936 foi construída a sua residência, que passou a ser chamada de “Castelinho”, referência ao seu tamanho e imponência para a época. Projetado pelo arquiteto Bruno Kracher, o Castelinho abriga hoje o Museu Municipal Andreas Thaler, que conta com vários objetos da colonização, peças de arte, fotografias, documentos, utensílios de trabalho e ambientes que mostram como era o município na época da colonização. Um dos cartões postais mais conhecidos do município, o castelinho foi a residência do fundador da cidade, Andreas Thaler. Construído em 1937, atualmente o prédio abriga o Museu da Imigração Austríaca, onde são conservados objetos, fotografias e documentos sobre os imigrantes.

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ATRAÇÕES TURÍSTICAS EM

TREZE TÍLIAS PRAÇA ANDREAS THALER É a praça central da cidade, onde foi construída uma pequena cascata. Está localizada em frente à Igreja Matriz, do outro lado da rua está a Prefeitura Municipal.

PARQUE LINDENDORF - MINICIDADE Com lindos jardins, o Parque Lindendorf convida o visitante a passear por suas trilhas ao longo de um terreno de 45.000 m² onde podem ser vistos alguns animais como capivaras, ovelhas e um avestruz. O Parque possui um Restaurante com comidas típicas onde é possível ouvir boa música e apreciar um lago com muitos peixes coloridos. Um dos destaques do local é a Minicidade, onde foram reproduzidas as principais construções de Treze Tílias e não foram poupados detalhes como a iluminação, rios e arborização.

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ATRAÇÕES TURÍSTICAS EM TREZE TÍLIAS PISTA DE PATINAÇÃO NO GELO PARQUE ÁGUAS TIROLESAS Em uma área de aproximadamente 170m², a Pista de Patinação no Gelo do Parque Águas Tirolesas é diversão garantida para todas as idades. Com instrutores qualificados, que visam proporcionar o máximo em entretenimento e segurança aos usuários, o objetivo é fazer história no turismo da região, com a primeira e exclusiva pista de gelo do oeste catarinense, em momentos de adrenalina e muita atividade física.

MINI GOLFE TREZE TÍLIAS O mini golfe é uma versão miniatura do golfe, utilizando-se de um campo menor de jogo. É um esporte divertido, apreciado por famílias, casais e grupos de amigos que procuram entretenimento, mas é também levado muito a sério como esporte competitivo. ​A estrutura do Mini Golfe Treze Tílias é única no Brasil. ​Para a construção das 18 pistas, foram seguidas fielmente as diretrizes da World Mini Golf Federation (Federação Mundial de Minigolfe), abrindo as portas para o futuro, serão realizadas competições e torneios nacionais e internacionais neste empreendimento.

PARQUE ÁGUAS TIROLESAS Inaugurado em 2003 com o nome de Termas Treze Tílias, o complexo turístico Águas Tirolesas adota esta nova marca e posicionamento de mercado através de sua nova administração, que assumiu o controle operacional e gestão da empresa em 2015. Além das diversas atrações de entretenimento e lazer, o Parque conta com Loja de Conveniência, amplos banheiros/vestiários centrais masculino e feminino, diversos sanitários individuais em todos os ambientes, quatro pontos de alimentação entre bares e lanchonetes, inclusive dentro de piscinas com espaçosas praças de alimentação cobertas, belos jardins, amplas áreas de circulação, wi-fi em todos os ambientes, grande estacionamento e muito mais. Todos os espaços do Parque garantem acessibilidade para deficientes físicos, com capacidade de atender aproximadamente 5 mil visitantes por dia.

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ATRAÇÕES TURÍSTICAS EM TREZE TÍLIAS PARQUE DO IMIGRANTE Parque Municipal, conta com um lago que tem uma ilha no formato da Áustria e que faz referência aos 9 estados da Áustria, Via Crucis esculpida em madeira, academia ao ar livre e um monumento em homenagem à passagem do milênio e aos 2000 anos de Jesus Cristo.

MUNDO TIROLÊS A maior loja austríaca do Brasil. Quem conhece o Mundo Tirolês, se encanta com o trabalho realizado pela Família Ungericht e Astner. Uma loja temática, feita com muito carinho para seus visitantes, mostrando que a cultura austríaca ainda está presente entre os descendentes. O Mundo Tirolês tem uma grande variedade de souvenirs e trajes, chapéus e acessórios típicos da Áustria e Alemanha, como também, colares e molduras com a flor Edelweiss, artesanato local e malharia.

FESTAS E EXPOSIÇÕES Tirolerfest A Tirolerfest – Festa da Imigração Austríaca – foi realizada pela primeira vez em outubro de 1934, com o objetivo de comemorar a chegada dos primeiros imigrantes no município. O evento que inicialmente era promovido em dois dias no mês de outubro foi ampliado e a cada ano ganha mais e mais destaque seja na mídia regional, estadual ou nacional. A festa conta com a apresentação de danças típicas da Áustria e também o sabor incomparável da gastronomia. Expotílias Realizada no mês de abril a ExpoTílias- Exposição de Gado Leiteiro e Feira Agropecuária e Industrial tem como objetivo promover o agronegócio no município e região. Conta com a participação de vários microempreendedores que participam do agronegócio. Além disso, conta apresentações culturais, gastronomia e shows nacionais.

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TIRAGEM 1000 EXEMPLARES - CNPJ 25.830.058/0001-93 - R$ 250,00 - CNPJ 13.854.219/0001-08

TIRAGEM 1000 EXEMPLARES - CNPJ 25.855.144/0001-50 - R$ 250,00 - CNPJ 13.854.219/0001-08

TIRAGEM 1000 EXEMPLARES - CNPJ 25.631.203/0001-07 - R$ 250,00 - IMPRESSÃO CNPJ 13.854.219/0001-08

15222 FLAVINHO

VEREADOR

R A D I A L I S TA

15650

NERI VEREADOR

VEZARO

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CTKO

NOVO ESTILO, PARA MELHOR ATENDER VOCÊ. Englobando as artes marciais como Jiu Jitsu, Boxe, Muay Thai, uma nova modalidade de treino chega a Caçador, em um formato diferente. Com duração de 45 minutos o MMA CARDIO é limitado a no máximo oito participantes, por aula. O treino tem como objetivo trazer a vivencia de um atleta profissional, mais sem contato, sem o aluno precisar lutar. A novidade criada pela academia CTKombate é voltada a homens e mulheres e pode ser iniciada a partir dos 5 anos de idade. Melhorando a condição física, a modalidade auxilia na diminuição do estresse, desenvolvendo agilidade, força, resistência e velocidade, como conta o professor Fernando Scariot. “Este novo treino deverá melhorar a qualidade do sono, ajudando no equilíbrio da composição corporal e consequentemente atribuindo ao participante, melhor qualidade de vida”, explica. Michel Cavalett também professor, diz que a modalidade será desenvolvida com o auxilio de dois profissionais por turma, e competições serão realizadas para estimular os alunos. “A cada três meses realizaremos competições internas onde o vencedor poderá conquista o cinturão, por ter realizado todas as atividades do circuito, que exige agilidade, força, condicionamento físico e acima de tudo resistência”, completa. Em estilo Motion Master, o Cardio MMA deverá auxiliar não só o corpo, mas também a mente. “Muitos alunos que já praticam alguma atividade marcial, confessam que conseguem esquecer um pouco dos problemas quando estão aqui. Melhoram de 70 a 80% o estresse diário”, afirmam os professores. 32

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FOTO DIEGO CAMARGO

Já pensou em aliar os seus treinos a uma aula mais personalizada, mas não soube em qual investir? Uma novidade que promete te ajudar a queimar calorias e (ainda) ganhar mais condicionamento físico: o Cardio MMA da CTKO, tem isso e muito mais.

CARDIO MMA CTKO · Capacidade máxima: 8 pessoas aula · Professores : 2 por turma · Tempo Aula : 45 min Benefícios · Melhora a condição física; · Diminui o estresse; · Desenvolve agilidade, força, resistência e velocidade; · Melhora a qualidade do sono; · Ajuda no equilíbrio da composição corporal. Agosto 2016


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C A PA

VOCÊ SABE O QUE ACONTECE QUANDO A

MAIORIDADE

DESCOBRE A VIDA? Você tem uma lição para aprender com Claudio, Nadir, Alda e Gelci POR CARINA MENDES

FOTOGRAFIA ARTUR OLIVEIRA E CARINA MENDES

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O percentual de pessoas maiores de 60 anos que se matriculam em academias e praticam alguma atividade física nesses lugares, passou de menos de 5% no início da década passada, para 30% em fevereiro deste ano. Os dados são da Acad Brasil (Associação Brasileira de Academias), de acordo com uma pesquisa feita em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC RJ) e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP (Pontífice), em 2010. Claudio Gioppo, 66, faz parte dos 30% que estão inseridos em uma academia. Graças ao longo histórico no futebol de salão, conseguiu dar conta do recado quando seu médico ordenou a prática de atividades físicas por motivos de saúde. Operante nos esportes desde menino, hoje o aposentado conta com serenidade e orgulho sobre os dez anos de prática de exercícios, que foram significantes não somente para a saúde do corpo. Arritmia cardíaca e depressão são duas coisas que não existem mais na rotina de Claudio. Após dois anos dedicados ao pilates, uma técnica reconhecida para tratamento e prevenção de problemas na coluna vertebral, sua estrutura continua elástica e ele conta que faz até três quilômetros em 30 minutos. “A prática de exercícios na academia se tornou tão parte de mim que se fico um dia sem praticar meu corpo sente falta, algo não fica bem. Antes tinha muita fadiga e cansaço, hoje tudo isso desapareceu”, afirma Claudio, explicando ainda que sua rotina mudou e para melhor. “Tenho mais disposição para fazer as coisas, durmo melhor e me sinto bem no dia-a-dia”. O apoio da família foi a ponte entre a doença e a melhora de Claudio. “Quando se faz parte de um novo grupo de pessoas temos maior disposição, pois fazemos novas amizades, seja com pessoas que frequentam o local e até mesmo com os proprietários. Este vínculo é essencial, ainda mais para quem já sofreu com depressão. O incentivo da família para que você não desista também é de suma importância nestes momentos”, enfatiza.

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De acordo com o instrutor de musculação e ginástica, André Vatrim, a iniciação em atividades físicas é de extrema necessidade, ainda mais na terceira idade. “Nesta idade, toda a questão de problemas cardiovasculares e de pressão estão sujeitos a sumirem a partir da prática de exercícios. O indivíduo melhora seu condicionamento físico, adquire mais força e resistência e em muitos casos, deixa de tomar remédios, pois já não precisa mais deles. O corpo de qualquer pessoa tem de ter uma válvula de escape para o estresse do dia-a-dia e praticar alguma atividade é essencial para isso acontecer. A pessoa se sente melhor para praticar atividades que antes dependia de terceiros para realizar e isso contribui significativamente com a autoestima”. Assim como Claudio, Alda Armela Berger, 79, também é um dos casos que chamam a atenção quando o assunto é condicionamento físico. Há exatos 30 anos a caçadorense frequenta a mesma academia, a primeira do município. Com destreza e facilidade, Alda conhece cada equipamento. “Fazia aeróbica, musculação e localizada. Parei agora, pois não posso emagrecer mais do que estou. Os exercícios me ajudaram muito em relação à síndrome do pânico. Fiz meus exames no mês passado e os médicos me elogiaram pelo meu desempenho”, conta. Praticante de Yoga durante três anos, Alda dispõe de vitalidade suficiente para fazer tudo movida apenas pelos próprios pés. “Há nove anos meu marido teve AVC hemorrágico, que o paralisou o lado direito do corpo, impedindo que uma cirurgia fosse feita e culminando em um infarto. Quando ele faleceu, eu tive reumatismo e depressão também. Emagreci muito, foi difícil passar por aquilo”, relembra. Para conseguir superar a perda, Alda continuou seus afazeres rotineiros e não desanimou. “Frequento a academia três vezes por semana. Vou e volto a pé e depois que meu marido se foi, vendi o carro. Se preciso ir a algum lugar mais distante Agosto 2016


CLAUDIO GIOPPO, 66 ANOS

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meus filhos me levam. Presto serviço voluntário na Catedral e também no bazar do Lions Clube, além de sempre lidar com a jardinagem, uma coisa que adoro”, conta. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a tendência na demanda de idosos dentro de academias é de crescimento contínuo. O grupo de pessoas maiores de 60 anos ocupava 9,7% da população em 2004 e passou a 13,7% em 2014. Até 2030 chegarão a 18,6%, com aumento na expectativa de vida de 75,2 para 78,6 anos, daqui a 15 anos.

A GRAÇA DA INTERNET DESCOBERTA NA TERCEIRA IDADE No dia 21 de agosto de 2015 Nadir Teresinha da Silva Lima completou 61 anos, bem no ápice das redes sociais, que angariaram muitos adeptos da maioridade de 2013 para cá, segundo um levantamento do Centro de Pesquisas Pew, divulgado em 2014. O que esses dois fatos têm em comum é que Nadir decidiu se presentear com um smartphone, objeto hoje tão comum, que fez e continua fazendo a diferença no seu dia-a-dia. Seja porque os telefones celulares de atualmente possuem diversas funções ou porque com ele, agora é possível ligar quase que “gratuitamente” para sua irmã, que mora em Minas Gerais. Graças aos aplicativos online, ela revolucionou a forma com a qual costumava se comunicar com outras pessoas. Nadir conhecia, então, a internet. Adepta há dois anos da técnica conhecida por patchwork, que consiste na união de peças de tecido de várias cores, padrões e formas costuradas entre si, formando desenhos geométricos, as dúvidas que antes ficavam somente na sala de aula, uma vez por semana, já não precisam esperar. “São dois cliques e a pergunta vai parar no YouTube”, conta. “Por meio dos vídeos comecei a ver mais explicações. Aprendi vários macetes e a melhor parte é que você pode pausar, recomeçar e ver tudo de novo, sem pressa, além de aprender coisas novas”. A atividade, além de hobbie, foi ponto chave na melhora da sua autoestima. “Me sentia muito deprimida, aborrecida e hoje sou mais feliz. Com o artesanato exercito minha mente, não fico ociosa, essa é a melhor parte. Fico radiante e me sinto realizada quando termino um trabalho”, explica, revelando que as encomendas das confecções se reservam para a família e para a própria casa.

ALDA BERGER, 79 ANOS

“O CORPO DE QUALQUER PESSOA TEM DE TER UMA VÁLVULA DE ESCAPE PARA O ESTRESSE DO DIA-A-DIA E PRATICAR ALGUMA ATIVIDADE É ESSENCIAL PARA ISSO” André Vatrim, instrutor de musculação e ginástica.

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NADIR DA SILVA 61 ANOS

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“SINTO QUE SOU ÚTIL. TENHO O SENTIMENTO DE QUE VOCÊ TEM QUE FAZER ALGUMA COISA ALÉM DE FICAR ESPERANDO A MORTE. NÃO CONSIGO FICAR PARADA” Gelci Bassegio Sorgatto, 69 anos.

GELCI BASSEGIO, 69 ANOS

QUESTÃO DE “EMPREENDEDORISMO” Depois que suas vistas ficaram cansadas e fracas para a costura, Gelci Bassegio Sorgatto, 69, foi registrada na empresa Sulca como tarefeira, onde trabalhou por cinco anos. A década de 1970 foi a que marcou a história da cozinheira, que hoje se dedica a fazer a vida das outras pessoas um tanto quanto mais saborosa, depois que decidiu empreender no ramo da gastronomia. “Meu ex genro foi quem me incentivou a vender comida para fora, pois dizia que minha comida era muito boa. Eu vendia roupa na época e acabei largando, pois não estava mais dando certo. Larguei tudo para vender alguns dos meus pratos como agnoline e lasanha. Meu marido havia saído de casa e eu precisava ter um ganho. Depois aumentei o cardápio e acrescentei bucho e tortei. De início era tudo artesanal e a brincadeira virou coisa séria. Em 1993 investi na cozinha e hoje vivo razoavelmente bem”, conta. Atualmente, Gelci fornece suas massas prontas para cinco mercados da cidade de Caçador. As maiores vendas são diretas e cobrir a demanda em épocas de muitos pedidos é um desa40

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fio. “Minha filha é quem me ajuda nessa empreitada agora que estou mais cansada para fazer tudo sozinha. Temos cerca de 40 clientes diretos e assíduos”, explica.

FALTA TEMPO NA SUA VIDA? Sextas e domingos são dias reservados para o lazer de Gelci, que reúne as amigas em uma rodada de canastra que vai das 13 às 18 horas, além disso, sobra tempo para estudar e relaxar na universidade da maioridade e também para evangelizar. “Sou catequista há mais de 20 anos e trabalho na comunidade, em pasteladas e diversas outras ações da paróquia, como almoço de Dia das Mães, além disso, também participo do Coral Italiano Aurora, já faz 36 anos. Na Universidade da Melhor Idade (Uami) aprendi coisas que fazem a vida mais simples como saber dizer não, a sorrir e a cuidar da minha saúde, como faço há 13 anos na hidroginástica. Não posso me queixar de problemas de saúde, não sofro disso. Tenho hipertensão, mas a controlo com remédios e é só”, contou. Agosto 2016


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ARTE DA GENTE

CERÂMICA:

A ARTE QUE TRABALHA COM OS QUATRO ELEMENTOS DA NATUREZA Nessa edição, a Rio do Peixe traz uma entrevista com a ceramista, Márcia Cury. A caçadorense especializou-se em uma técnica pouco difundida na região. Na reportagem, Márcia conta como é trabalhar com uma técnica que envolve terra, água, fogo e ar e porque optou trabalhá-la nas máscaras, um objeto que carrega centenas de simbologias e significados. A arte sempre esteve presente na vida de Márcia Cury. Ainda na escola, a ceramista afirma que já gostava muito de desenhar. Quando terminou os estudos, relutou à vontade de fazer o Curso de Belas Artes, pela desconfiança com relação a estabilidade financeira que a área trazia. Dessa forma, seguiu os estudos no ramo da Biologia, o qual sempre gostou muito também. “Usei muito desenho na Biologia, tínhamos que desenhar muito no microscópio”, recorda. Em Curitiba, enquanto fazia a faculdade de Biologia, Márcia também frequentava o Museu Alfredo Andersen, onde aprimorou as suas técnicas de desenho. Nessa época, a artista nem imaginava trabalhar com cerâmica. Foi apenas em 1999, que o artesanato em cerâmica entrou em sua vida. “Eu estava em uma pousada em Bombinhas (SC), quando vi as peças de Edmundo Campos, que é um ceramista de Itajaí, bem conhecido em Santa Catarina. Eu me apaixonei pelo trabalho, fui no ateliê dele conhecer e quis aprender”, conta. Apesar da identificação com o artista catarinense, foi com a paranaense de origem japonesa, Alice Yamamura, que Márcia aprendeu tudo o que sabe da técnica. “Eu ia, ficava uma semana lá, passava o dia todo no ateliê, aprendendo as técnicas. Ia de ônibus, trazia barro molhado, carregava dez quilos de argila, aí fazia as peças aqui, deixava secar e levava nas caixinhas com todo o cuidado, sem queimar, para queimar no forno dela, lá em Curitiba”, relembra. A dedicação da aluna fez Alice a incentivar a comprar o próprio forno. “Então, eu comprei um forno, que vai até 1330 graus. Optei por trabalhar com cerâmica de alta temperatura, pois ela fica mais impermeável, mais resistente e não tem problema nenhum em ser usada na cozinha, porque toda a parte química perigosa vai embora”, explica. Foi Alice também, que ensinou à Márcia a importância em fabricar as próprias tintas. “Essa 42

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minha professora me ensinou as fórmulas das tintas. É muito difícil, dá mais trabalho, mas você cria uma característica muito especial no teu trabalho, porque essa tinta ninguém tem, só você”. Como bióloga, Márcia se sente muito à vontade com a cerâmica, que conforme afirma é pura alquimia. “Para cada temperatura é uma argila diferente. É muito legal porque você tem que ter um certo controle, mas às vezes acontecem surpresas, algumas muito agradáveis, outras nem tanto. É preciso anotar tudo o que você faz, porque depois que está no forno não tem mais o que fazer”, explica. De acordo com ela, nem todo mundo está pronto para trabalhar com cerâmica, pois é uma arte que exige muito de quem faz. “Às vezes você perde a peça, quando ela já está pronta. Ela te trabalha como pessoa, trabalha a paciência, a aceitação, porque você quer fazer uma coisa, mas a argila é viva, ela reage. É um processo de troca com o material, você trabalha com a água, fogo, terra e ar, os quatro elementos, é um procedimento muito forte”, avalia. Com as tintas, o trabalho é ainda mais intenso e minucioso, pois as tintas para cerâmica não têm cor, elas são todas brancas e tons de cinza, a peça só ganha cores após a queima. “Na hora de pintar, você não vê o vermelho, amarelo, ou outra cor que seja, mas tem que saber a cor que vai ser. O brilho e as cores têm que ser resolvidas na hora de pintar e no cinza, eu só vou ver o resultado real depois de umas seis horas de queima e mais seis horas para esperar esfriar e poder abrir o forno”, explica.

AS MÁSCARAS A marca registrada da ceramista são, com certeza, as máscaras. O motivo que a levou a produzi-las, Márcia ainda não sabe muito bem. “Sempre gostei muito de máscaras, porque elas têm seu lado positivo, de proteção, rituais das tribos indígenas, africanas, foram muito utili-

zadas pelos povos primitivos, e tem também as máscaras do teatro, que representam, exatamente, as nossas máscaras como seres humanos. Essa é a parte mais forte quando eu trabalho com máscaras, porque vêm as minhas máscaras”, conta. Desde que iniciou sua produção, a artista acredita que já tenha mais de 150 máscaras. Nenhum de seus trabalhos tem repetição, cada máscara é diferente da outra. “A máscara é utilizada como um escudo, uma proteção. Minha professora sempre me perguntava porque tinha escolhido trabalhar com elas e eu ainda estou pesquisando”, revela. Sobre os significados de seus trabalhos, Márcia acredita, que sejam vivências, que vão saindo. “Fases de vida, dores, perdas, ganhos, alegrias, tudo é manifestado nas máscaras”, conta. Além disso, a artista também faz máscaras personalizadas. “Pego uma série de informações da pessoa, e depois eu esqueço e vou trabalhar a máscara, o que vai sair eu não sei, não é nada programado”, afirma. Conforme revela, sua maior fonte de inspiração é a natureza. “Por isso, eu acho que a biologia e a cerâmica estão muito juntas. Porém, quando faço uma máscara, eu não penso em seguir uma linha. Eu começo o trabalho e deixo acontecer, a gente tem muita informação e muita coisa vai saindo”, explica. A ceramista caçadorense já participou de diversos encontros e capacitações no Brasil inteiro. Em abril, Márcia recebeu homenagem do grupo Cerâmica Brasil, no facebook. A caçadorense foi homenageada por Tasto Fernandes, ceramista que viaja o mundo inteiro, faz pesquisas de cerâmica e traz essas informações no Encontro Anual de Ceramistas, que acontece em Paraty (RJ). “Foi uma grande surpresa, não imaginei que receberia a homenagem estando entre tantos ceramistas conceituadíssimos de todo o Brasil”, admite. Agosto 2016


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CADERNO ESPECIAL

HOSPITAL

MAICE Um hospital que renasceu para fazer renascer POR KAROLINE BERTOTTO

FOTOGRAFIA KAROLINE BERTOTTO E DIVULGAÇÃO

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O Maicé uniu os caçadorenses. Da possibilidade de perder o hospital, que surgiram tantos grupos voluntários, tantas ações, tanto carinho e dedicação com o velho e conhecido hospital de Caçador. Como o próprio presidente do Conselho afirmou, as pessoas sabiam que precisavam ajudá-lo, só lhes faltava um norte, pessoas que organizassem a solidariedade de outras. Nem o caçadorense sabia que era tão generoso e solidário assim, o Maicé mostrou isso. Aflorou nas pessoas sentimentos que por vezes não se apresentam, como a empatia, a compaixão, a amizade. Todos sabem que precisam do hospital e agora sabem que o hospital também precisa de todos. Merecidamente, a Revista Rio do Peixe resolveu fazer um apanhado dessa história e incentivar àqueles que ainda desconhecem as dificuldades e conquistas dessa instituição, para que sejam parte dessa história e que ajudem, da forma que puderem, a fazer do Hospital Maicé, um hospital de referência na região e no Estado. Nem todos que fazem parte dessa história estão nesse especial, pois não conseguiríamos citar todos nessas poucas páginas. Porém, a importância e a gratidão pelo que fizeram ou fazem é exatamente igual.

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ESPECIAL - HOSPITAL MAICÉ - REVISTA RIO DO PEIXE

HOSPITAL DO BEM

UM HOSPITAL COM A MISSÃO DE FAZER AMIGOS E CUIDAR DA VIDA Na década de 1970, surgiu a possibilidade de as irmãs da Congregação Santos Anjos, que tem sede no Rio de Janeiro, fundarem uma nova instituição hospitalar dentro do seu carisma. “Já tínhamos o hospital em Rio das Antas e veio a possibilidade de criar um novo hospital, aqui havia o Jonas, que não conseguia atender a toda a demanda da época, segundo é narrado”, conta a atual diretora do Hospital Maicé, Irmã Elizabeth de Lima. Conforme Irmã Elizabeth, a congregação recebeu pedidos de vários municípios do Brasil, incluindo Caçador. Na análise dos que tinham solicitado, a região era a mais carente, existia muita pobreza. “Como a congregação tem a vocação de trabalhar em locais mais necessitados, decidiu-se, então, que seria escolhido Caçador”. A partir dali, criou-se uma comissão, que envolveu a comunidade de Caçador, pois a Congregação não tinha todo o dinheiro para a obra. “Fizemos um financiamento na Caixa Econômica, as comunidades da congregação todas ajudaram, os colégios, principalmente, e também a comunidade empresarial ajudou a bancar a construção do prédio”, recorda. Maicé, ao contrário do que muitos acreditam, não é uma palavra de origem francesa, mas tupi-guarani. “Foi sugerida por um padre, pois na época da construção envolveu muitas pessoas e significa “fazer amigos”, tem muito a ver com a solidariedade e as amizades que surgiram em prol do hospital”. Em março de 1979, recém inaugurado, o Maicé atendia gratuitamente, não tinha nenhuma receita e nem suporte do governo. “Como naquela época não existia o SUS, desde que ele nasceu foi custeado pela congregação e sempre teve a ajuda da comunidade em momentos mais cruciais”, explica. Nas duas primeiras décadas de existência, o hospital fazia um serviço de média complexidade, como cirurgias, internações, hospital geral, sem especialização. Apenas em 1990, que passou a funcionar no Maicé uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Já no ano 2000, o hospital conseguiu credenciamento em neurocirurgia. Mas, por atender quase 90% de seus pacientes pelo SUS, o Maicé acumulou uma dívida, que não dava mais para sustentar. “Em Caçador sempre foi muito pouco convênio, até hoje é assim, mas na época, a Unimed assumiu o Jonas e todos os convênios passaram para lá, o que complicou mais ainda o Maicé”. Porém, a Unimed não conseguiu recuperar o Jonas e decidiu fazer uma parceria com o Maicé. “A congregação assumiu o Maicé e o Jonas, dividimos as especialidades. No Jonas passou a funcionar a maternidade e a psiquiatria. Isso durou dez anos, mas também não demos conta de manter os dois, em junho de 2010 fechamos o Jonas, porque vimos que estávamos quebrando os dois hospitais”, conta Irmã Elizabeth. Dois anos antes, a congregação já havia fechado o Hospital de Rio das Antas por causa de dificuldades financeiras. “Em 2010 conseguimos pagar a rescisão dos funcionários do Jonas e tivemos um respiro para pensar no que fazer com o Hospital Divino Espírito Santo de Fraiburgo e com o Maicé”, conta. 46

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Equipe responsável pelas reformas

Leonir Tesser, presidente do Conselho Consultivo do Hospital Maicé

No ano seguinte iniciou-se um processo de auditoria nos dois hospitais, que levou quase dois anos para dar um diagnóstico preciso. “Na metade de 2012 chegamos à conclusão que devíamos fechar primeiro o Divino, que era menor e tinha menos funcionários, pois a congregação não podia colocar 150 reais mil todo mês para fechar as contas”. Enquanto isso, o Hospital Maicé passou em “banho-maria”. “Já tínhamos o diagnóstico, mas não tínhamos nem o dinheiro para fazer o encerramento, aqui seria muito mais complicado fechar pelo número de funcionários e pelo nível de complexidade que oferecia a uma população bem grande”. Assustadas com a situação pela qual se viam, as irmãs da congregação Santos Anjos não tiveram outra escolha. “Pensamos: Ou a comunidade vai abraçar ou vamos entregar para o Estado, pois o diagnóstico nos apresentou isso”. Em conversa com o recém empossado prefeito de Caçador, Beto Comazzetto, ele mostrou-se assustado com o fato de que o Maicé pudesse ser entregue ao Estado e sugeriu à congregação que envolvesse a Associação Empresarial de Caçador (Acic). Na época, o empresário Henrique Basso havia assumido a associação e Beto o considerava uma pessoa desbravadora e que poderia contribuir efetivamente. Então, a congregação procurou a Acic e começou a fazer as primeiras reuniões, até que em junho de 2013, foi realizada a primeira assembleia de eleições do conselho consultivo do Hospital Maicé. “Estávamos bastante assustadas, vivendo um momento difícil, mas decidimos acreditar, até pelo significado do nome, estavam surgindo novos amigos, e esses amigos iriam ajudar a recuperar essa instituição”, lembra. Trinta e quatro anos após ser batizado, o “Maicé” vem à tona novamente para mostrar que o nome continua vivo e muito presente na história. Conforme Irmã Elizabeth, hoje, a congregação não manteria o hospital sozinha, assim como o conselho também não conseguiria fazer, porque o hospital precisa de histórico para ter o SUS. “Somos uma simbiose, fizemos esse encontro de coração, o conselho chegou, entendeu a situação e abraçou a causa. Tanto conselho, quanto congregação tem essa missão de cuidar da vida”.

A CRIAÇÃO DO CONSELHO CONSULTIVO

Henrique Basso, Irmã Elizabeth, Henrique Prata e Leonir Tesser em maio de 2015

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A partir do momento em que a Acic foi solicitada a dar uma contribuição para evitar o fechamento do Hospital Maicé veio a ideia de criar um conselho para que se pudesse identificar quais as dificuldades e necessidades que o hospital tinha. “Verificamos que a estrutura estava sucateada, pois foi inaugurada em 1979 e de lá pra cá não houve nenhuma intervenção importante para modernizar ou até mesmo em termos de equipamentos. O desenho era mais ou menos assim: O hospital nunca investiu porque não teve resultado, e não conseguiu ter resultado porque não tinha investido”, relembra Leonir Tesser, presidente do Conselho Consultivo do hospital. www.revistariodopeixe.com

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ESPECIAL - HOSPITAL MAICÉ - REVISTA RIO DO PEIXE De acordo com Tesser, nesse desenho também foi identificado que o Maicé não poderia continuar prestando o mesmo serviço que prestava. “Tínhamos que pensar em algo maior, e isso devia contemplar a necessidade do hospital em ter uma receita diferenciada e também contemplar a necessidade da saúde da região”. A ideia foi transformar o Maicé em um hospital de referência, que pudesse prestar serviços de alta complexidade em algumas áreas específicas. “Isso ajudaria a reduzir pacientes se deslocando para outras cidades da região e os profissionais médicos passariam a receber diferenciado em virtude de fazer serviços de alta complexidade”, explica. São mais de 130 leitos disponíveis e a taxa de ocupação é de cerca de 60% no geral. “Existe uma ociosidade, ele precisa fazer atendimento mais complexo para dar uma lotação, aumentar a receita, diminuir o custo e atender mais pessoas”. Dessa forma, uma equipe de arquitetos e engenheiros foi contratada para desenvolver a adequação dos projetos dentro do hospital. “Em um primeiro momento construímos três novos leitos e o Maicé passou a operar com dez, agora inauguramos mais dez leitos de UTI. Somado a isso, vai vir ainda a reforma ampla e geral do hospital, começamos a reforma no centro cirúrgico e nos leitos do 3°andar, que atendem os pacientes do SUS. Já está rodando a construção da nova urgência e emergência e implantação da hemodinâmica”, conta. Segundo Tesser, todos esses são serviços que poderão ser feitos em Caçador, darão ao Maicé um status de hospital de nível mais elevado, com equipamentos de ponta e instalações que preconizam o que dá de mais moderno em termos de legislação. A proposta do conselho é transformar o Maicé referência em traumato-ortopedia, em urgência e emergência para toda a região, e na rede cegonha, para ser referência no atendimento a parto normal. “O Conselho está trabalhando primeiro para dar condições ao hospital de oferecer um atendimento diferenciado e acabar com aquele conceito que o Maicé era um postão de saúde. O Maicé é um hospital de referência e o atendimento é priorizado àquele paciente que realmente necessita do atendimento de um hospital”. De acordo com o presidente do conselho, o que está programado para fazer com recursos já

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garantidos supera os 15 milhões de reais. Porém, Tesser salienta que nenhuma melhoria foi feita de forma individual. “Ninguém consegue fazer nada sozinho, buscamos o engajamento de outras entidades na criação do conselho e a receptividade foi fantástica, prova disso são os resultados”.

Envolvimento da comunidade foi essencial “Como é bom fazer o bem às pessoas e a quem está em um momento dependente. Como é bom ver um paciente que entrou no leito da UTI com mais de 95% de risco de óbito ter alta, ver um menino vir para o hospital doar o cofrinho com todas as moedinhas que ele economizou, um grupo fazendo campanha para doar alimentos ao Maicé. Só o grupo de mulheres ultrapassa cem pessoas que estão desenvolvendo várias ações diariamente”, lista Tesser sobre o envolvimento e carinho com que boa parte da comunidade acolheu a responsabilidade de salvar o hospital da falência.

O empresário conta que foram agradavelmente surpreendidos com a quantidade de pessoas que se mobilizaram para ajudar o hospital. “Acho que fomos apenas os agentes que mostraram para a comunidade essa necessidade, porque no fundo a comunidade sabia que precisava ajudar o hospital, mas não tinha um grupo capitaneando”. Tesser conta que o sentimento de responsabilidade para com o hospital foi ainda mais exacerbado após conhecer a história de Henrique Prata, do Hospital do Câncer de Barretos. “Sempre tive por hábito entrar pela emergência, e em um desses momentos, o Dr. Francisco Ogibowski me emprestou o livro que havia ganhado da filha. Era justamente o livro que contava a história do Hospital do Câncer de Barretos. Eu estava de viagem para o exterior e durante o voo eu li a história que o Henrique Prata narrava”. De acordo com o empresário, houve um momento que ele e Henrique Basso pensaram em desistir. “Inclusive, alguns colegas nos orien-

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tavam a abandonar, pois não teria jeito, dada a complexidade que é o modelo de saúde no Brasil, mas depois de conhecer a história do hospital de Barretos vi que o norte que precisávamos para o nosso trabalho estava naquele livro”. Tesser conta que comprou 30 exemplares do livro e distribuiu entre os membros do conselho. Fez mais, conseguiu o contato de Henrique Prata e o chamou para palestrar em Caçador. “Ele foi a pessoa que veio aqui e mostrou que é possível a gente fazer algo diferente. O grande impulso que precisávamos aconteceu com a vinda dele em maio de 2015. Estamos replicando de forma menor tudo o que o Henrique Prata fez lá, esse é o caminho que estamos seguindo”.

“TODOS NÓS IREMOS PRECISAR DO HOSPITAL” Na alegria ou na dor, todos um dia precisarão do hospital. Tesser ressalta que o hospital é um bem de todos e que precisa ser cuidado por todos. “O projeto é bonito, o Maicé já deu certo, mas os desafios continuam grandes porque mais de 80 % do atendimento é feito para o SUS, a cada 100 reais que o Maicé tem de custo, o SUS só reembolsa 68 reais, falta sempre um terço”, explica. Para o empresário é preciso mostrar para a comunidade que hoje todos estão ajudando para Agosto 2016

dar ao hospital uma estrutura, que possa proporcionar um atendimento de primeira qualidade, mas que o projeto não pode parar depois que as obras terminarem. “A comunidade precisa continuar ajudando, porque o hospital continuará tendo prejuízo, será uma parceria permanente”, ressalta. Conforme explica o presidente do conselho, em um primeiro momento, serão aproveitados os recursos disponíveis para investimentos e modernização, depois será necessário correr atrás de recursos para custeio. “Nessas andanças, identificamos que existem recursos para compra de equipamentos, mas não para custear o dia a dia do hospital, é uma contradição. Por isso, vamos precisar do apoio da comu-

nidade. O hospital ainda é deficitário e sempre será, pois o modelo está voltado a maior parte para atendimento do SUS”. Para os membros do conselho consultivo, irmãs da congregação Santos Anjos, grupos de benfeitoras e comunidade em geral, as melhorias no Maicé são um sonho, que está se tornando realidade. “É a prova de que se as pessoas de fato se unirem e tiverem boa vontade, é possível conquistar”. Muito além dos concretos das paredes e equipamentos de última geração, o principal objetivo dos gestores é humanizar e melhorar o atendimento. “Essa transformação é uma travessia que tem muitas barreiras para serem transpostas, mas a gente vai conseguir”. www.revistariodopeixe.com

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MARISA

“TUDO O QUE EU SOU, EU DEVO AO HOSPITAL E ÀS IRMÃS QUE FORAM AS MINHAS MÃES” Com dezoito anos, recém completos, a jovem Marisa da Costa, saiu de uma cidadezinha com pouco mais de mil habitantes em busca de emprego em Caçador. “Eu vim pra cá porque aqui na época tinha trabalho para escolher”, conta. Com pensamento otimista, Marisa teve sorte. Assim que chegou aqui, em 20 de maio de 1995, já começou a trabalhar no Hospital Maicé, onde uma amiga trabalhava e a indicou para a vaga de copeira. Nessa época, Marisa foi convidada pelas irmãs da Congregação Santos Anjos a seguir na vida religiosa, mas relatou a vontade que tinha em casar e ter filhos. Algum tempo depois, Marisa casou. E foi no hospital que ela conheceu aquele que seria o seu filho. “Eu já estava na fila da adoção, pois meu primeiro marido não podia ter filhos, e eu conheci meu filho aqui no hospital, ele tinha bronquite e dava crises convulsivas, estava seguido aqui”, lembra. Marisa resolveu externar o desejo que tinha para sua coordenadora, a Irmã Terezinha. “A partir do momento que eu adotasse eu teria que ficar afastada do hospital, e eu me senti na obrigação de contar isso a ela. Ela olhou bem pra mim e perguntou porque eu não adotava o Jorge. Mas eu sabia que não seria fácil. O juiz ainda não havia liberado e eu me senti um grão de areia no oceano. Ela me disse para lutar por ele, disse que o Jorge precisava de uma mãe como eu, aquilo me plantou uma esperança e eu percebi que era capaz”, lembra. Para o alívio de Marisa, não demorou muito para que a adoção fosse concretizada. “Conversei com a assistente social do fórum sobre o meu desejo em adotar o Jorge e ela disse que poderíamos levá-lo para conhecer. Quando decidimos que era isso mesmo que queríamos, ela disse que éramos os primeiros da fila. Ele é uma criança que foi destituída da família com 6 meses e eu o adotei com um ano e meio”, conta. Na copa do hospital, Marisa permaneceu por sete anos, quando passou para a cozinha, onde coordenava o serviço das outras colaboradoras. Quatro anos depois, Marisa passou para a coordenação da limpeza. Em 2012, ela decidiu ir embora com o novo marido para Jaraguá do Sul. “Eu casei novamente. Conheci meu marido aqui no hospital e fui embora com ele para Jaraguá do Sul, onde morei por três anos”. No ano passado, Marisa percebeu que precisava voltar. “Caçador fica mais próximo dos meus pais. Eles estão bem idosos e eu quero ficar perto deles, eu sempre fui muito família e com o meu trabalho aqui já vi muitas coisas e com isso a gente vai valorizando a vida, as pessoas”. Assim que voltou para Caçador, Marisa sabia que as portas do hospital ainda estavam abertas para ela e procurou as irmãs para reatar o emprego. 50

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Para sua sorte, em menos de uma semana, o marido, o qual conheceu dentro do hospital também foi empregado ali.

Sobre as mudanças Entre 2012 a 2015, o Hospital Maicé passou por uma verdadeira revolução estrutural e humana. “Do jeito que estava quando eu sai há três anos mudou bastante, todo dia se vê mudanças e melhorias. Eu fico muito feliz e torcendo para as coisas acontecerem e darem certo”, afirma. Atualmente, Marisa é coordenadora do serviço de higienização e processamento de roupa. “Aqui foi sempre minha paixão, eu faço algo que me dá prazer e que eu gosto mesmo, se precisar ficar noite e dia aqui eu fico, pois me sinto em casa, me sinto bem no que eu faço, faço com amor”, afirma emocionada. Na lavanderia, o serviço é sério e minucioso, além de produtos específicos para linha hospitalar, a lavagem também é feita em alta temperatura para eliminar fungos, vírus e bactérias. “Tem que ter consciência do trabalho em si, pois dele dependem vidas. O que vem, nós temos que eliminar. A roupa deve voltar totalmente limpa e descontaminada, é da lavanderia que depende também a recuperação dos pacientes, pois se tiver qualquer bactéria em um forro de cama isso pode se propagar”, ressalta. E sob a coordenação da Marisa, de lá, as roupas saem impecavelmente limpas. “É uma média de 550 quilos de roupas lavados por dia, além da lavagem e secagem, também fazemos a passagem das roupas e costura”, conta. Além de coordenar as mais de 20 colaboradoras da limpeza e lavanderia, é responsabilidade dela também acompanhar a utilização de enxovais e roupas e comprá-los, quando necessário. Hoje com 39 anos, a mulher que entrou no hospital aos 18 agradece ao emprego que teve e o considera como a parte mais importante de sua vida. “Foi meu primeiro emprego e tudo o que eu sei, eu aprendi aqui. Hoje tudo o que eu sou eu devo ao hospital e as irmãs que foram as minhas mães”. Para Marisa, ver o hospital em que trabalha há mais de vinte anos se tornar referência na região é um sonho que compartilha com os demais colaboradores e toda a comunidade. “Sempre vai existir os momentos de preocupação, porque se você é um colaborador que veste a camisa, você vai se preocupar com os gastos e as dívidas. Mas fico feliz, pois vejo que as coisas mudaram e estão mudando. Ainda há muito pela frente, mas as coisas estão mudando para melhor”, acredita.

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DOUTORES DA ALEGRIA

DOUTOR SALVADOR E DOUTORA ESPERANÇA: BOM HUMOR, BRINCADEIRAS E ACONCHEGO O bom humor, já dizem as pesquisas, é a expressão de que o corpo está bem, quando ele não está, porém, é necessário saber trabalhá-lo. Um abraço, uma palavra ou simplesmente um olhar podem ter resultado tão ou mais eficaz que o riso As mudanças no Hospital Maicé não são apenas visíveis e literalmente concretas, elas perpassam ao que os olhos podem ver e brotam dentro dos corações dos colaboradores, pacientes e comunidade. São dezenas de voluntários que doam tempo, serviço, bens e valores que funcionam como o combustível, ou, melhor dizendo, a injeção que anima o paciente e o revigora. No meio de centenas de voluntários, um grupo de mulheres resolveu dar um presente especial ao hospital. Elas contrataram os serviços de Cristiane Zimmer e Kleber Ribeiro. Ambos são de Videira (SC) e trabalham com teatro há cerca de vinte anos. Kleber formou-se em artes cênicas em São Paulo e trouxe o trabalho dos Doutores da Alegria para Santa Catarina. “Quando falamos do trabalho dos Doutores da Alegria as pessoas têm uma imagem de voluntariado, em que é utilizada a figura do palhaço, mas não é um trabalho voluntário, é um trabalho artístico”, ressalta. Conforme explica, para ser um Doutor da Alegria e trabalhar em um hospital, é necessário ter alguma formação de ator ou de palhaço para poder atuar. “É diferente de grupos que se formam e querem ser os palhaços do hospital, temos uma certa bronca com isso porque ser palhaço de um hospital não é fácil. É preciso saber como abordar o paciente, como se vestir, tipo de maquiagem que pode usar, se a pessoa não tiver o mínimo de conhecimento ela vai fazer tudo errado e colocar o paciente em risco”, adverte Kleber. Os Doutores da Alegria atuam junto aos pacientes hospitalizados, acompanhantes e profissionais da saúde, colaborando para a transformação do ambiente onde se inserem. O principal objetivo do trabalho deles é humanização. “O levar a alegria faz parte. Quando somos recepcionados pelo paciente ou familiar, eles já saem daquele momento de dor, de apreensão, pois alguma coisa boa o palhaço transmite para eles”, afirma Cris. Há quase um ano, todas as terças e quintas-feiras o Hospital Maicé é contagiado com a alegria e bom-humor de Kleber e Cris. Quando o Doutor Salvador e a Doutora Esperança iniciam as visitas pelo hospital, o riso é involuntário e a felicidade espontânea. “Fazer uma brincadeira, contar uma piada, cantar uma música e fazer com que todos eles participem com a gente, para que possamos proporcionar esse amor e conforto para eles por alguns minutos”, descreve Doutora Esperança. Não é apenas os pacientes e acompanhantes que são abordados. “O trabalho dos Doutores da Alegria engloba um todo. Entendemos que o hospital é desde a recepção, enfermeiros, pessoal da limpeza, médicos, setor administrativo até os pacientes. Quando a gente começou o trabalho, os pa52

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ESPECIAL - HOSPITAL MAICÉ - REVISTA RIO DO PEIXE lhaços eram um corpo estranho dentro do hospital, por isso, começamos pelos funcionários, e eles nos adotaram. Hoje, quando a gente chega, eles já estão nos esperando”, conta Kleber. Conforme o ator, ser um palhaço é trabalhar as próprias fragilidades e mostrar aquilo que todo mundo tenta esconder. “Nós sabemos que não vamos tirar a dor do paciente. Queremos por alguns minutos colocar ele em um outro lugar. Tem momentos que não são de graça, mas nós estamos ali oferecendo um apoio”, ressalta. Nos momentos em que a graça não é bem-vinda, Cris e Kleber oferecem um abraço, uma palavra. “O palhaço também é muito olhar, ouvir e sentir. Hoje, aqui no hospital, eles sabem que não estamos aqui apenas para fazer piadinhas, mas que queremos transformar um pouco o ambiente e fazer o tempo passar mais leve”. Os atores afirmam que trabalhar diretamente com a vida e a morte os faz seres humanos melhores. “Eu me torno e sou melhor a cada dia em relação a vida. Ás vezes a gente chega aqui muito doído para passar alegria, mas sai mais revigorado do que entrou”, afirma Cris. A rotina da Doutora Esperança e Doutor Salvador inicia cedinho, às 6h. A caracterização exige tempo e dedicação dos atores. Todos os detalhes têm um significado e um porquê. “O branco que temos nos olhos é o que a gente ressalta dentro do trabalho”. Devidamente caracterizados, os doutores percorrem um trajeto de 36km até Caçador. Quando chegam ao hospital, o primeiro setor que visitam é a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em que encontram pacientes em estado grave e crítico. A escolha também não é feita por acaso. “Quando a gente entra lá e vê as pessoas lutando pela vida é que a gente se coloca com os pés no chão. É uma inspiração para irmos em todos os outros setores, pois ali vêmos como é bom poder visitar todas as pessoas, fazendo-as sorrir, brincar...” O esboço do sorriso nos lábios de um paciente, acompanhante ou colaborador é sinal de missão cumprida. “Posso expressar o sentimento com apenas uma palavra: gratidão”, diz Cris. Ser um Doutor da Alegria vai muito além de fazer piadinhas, é preciso muito preparo para trabalhar com humor em um hospital. “Eu tenho que lidar com o choro, a morte, o nascimento, o mau-humor, estamos expostos o tempo todo. Se você não estiver psicologicamente preparado adoece, porque você vê muita coisa triste dentro de um hospital”.

Sorrir é o melhor remédio! Algumas pesquisas afirmam que quando a pessoa sorri ou está bem, aumenta e libera a endorfina, que é o remédio natural do corpo, é o bom-humor. “Se a pessoa está bem em estado de espírito, ela não vai adoecer. Quando a gente consegue o sorriso, a gente sabe que tem a melhora”. Não é à toa que os próprios médicos tem aproveitado a presença dos palhaços como apoio na recuperação e tratamento de pacientes. “Às vezes, o próprio médico ou enfermeiro nos aborda para indicar alguns pacientes. Quando temos essa abertura dos médicos, sabemos que também estamos colaborando”. A abordagem de familiares relatando a melhora do paciente também é constante. “Muitos nos abordam para dizer o quanto o nosso trabalho ajudou”. Para eles, que estão inseridos na transformação e humanização do Hospital Maicé, a cidade precisa conhecer um pouco mais da realidade a qual o hospital está passando. “Existe uma boa intenção de todos com o hospital e é isso que precisamos valorizar. As pessoas estão ajudando de todas as formas, querem que seja referência no estado”. O custo do trabalho de Kleber e Cris não sai do hospital, ele é bancado pelas madrinhas, como foram carinhosamente apelidadas o grupo de mulheres que apostou no trabalho dos palhaços. “Agradecemos de coração ao carinho e atenção que as pessoas daqui, corpo de funcionários, irmãs, médicos e madrinhas nos dão todos os dias. Caçador é uma cidade que tem muita gente solidária e generosa, desejamos que as pessoas consigam encontrar o melhor caminho de ajudar o hospital, que precisa não só de ajuda financeira, mas também desse voluntariado de amor e de coração, nem que seja para pensar positivo, já vão estar ajudando”, acreditam. 54

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VIDAS SALVAS

PACIENTES QUE TINHAM POUCAS CHANCES DE VIDA VOLTARAM AO CONVÍVIO DA FAMÍLIA Em um hospital, a cada minuto a vida se esbarra com a morte. Em alguns casos, a morte é mais forte e vence. Em outros, a vida esmorece, escorre pelas mãos, mas volta, trazendo consigo a renovação da esperança. “A vida te devolve coisas muito boas, e a melhor delas é ver alguém bem. Poder devolver para uma família aquela pessoa que faz tanta diferença na vida dela, é o melhor dos presentes que eu poderia ter e que Deus me permitiu. Quando eu perco um doente é como se eu estivesse perdendo parte de mim, parte daquilo que eu poderia ter feito melhor. São momentos que a gente reflete aonde estão as falhas e aquilo que podemos melhorar dentro do serviço de saúde”, afirma a médica responsável pela UTI do Hospital Maicé, Maria Thereza Battiston.

“O HOSPITAL MAICÉ SALVOU A VIDA DO MEU MARIDO” No domingo do dia 24 de abril, Sinval Savegnago almoçou um pouco mais cedo, pois teria que fazer a linha Francisco Beltrão (PR) – Caçador (SC). Depois de almoçar, Sueli, sua esposa, questionou se ele iria de carro até a rodoviária onde estava o ônibus e Sinval respondeu que era perto e iria a pé para caminhar um pouco. Motorista da empresa Reunidas há 26 anos, 2016 é o ano da sua aposentadoria. Se ainda estivesse trabalhando, em outubro Sinval seria aposentado e poderia desfrutar de um tempo maior com a família. Como de costume, Sinval pegou o ônibus e iniciou o trajeto até Caçador. Quando estava razoavelmente próximo do destino, a cerca de 60 quilômetros de Caçador, começou a sentir-se mal e com gestos pediu socorro aos dois passageiros, que estavam sentados no banco da frente. Imediatamente, os passageiros pediram ajuda aos fiscais, que estavam no ônibus. Sinval ainda conseguiu estacionar o ônibus no acostamento e um dos fiscais entrou em contato com a Polícia Federal, que o levou até Caçador. O Maicé era o hospital mais próximo e Sinval foi imediatamente encaminhado para lá. “Ele teve um AVC hemorrágico. Provavelmente, por pico de pressão alta. Assim que ele chegou no hospital foi feita uma derivação ventricular externa, é um caninho que se usa para tirar o excesso do líquido ou sangramento dentro da cabeça”, explica o médico Murilo Joseph, da equipe de neurocirurgia do hospital. Em Francisco Beltrão, a esposa de Sinval foi avisada pela empresa do acontecido e veio para Caçador de carona com os vizinhos. “Em um domingo à noite, você está em casa e de repente chega a notícia, eu levei um susto. Cheguei na mesma noite. Quando nós chegamos aqui, inclusive, nos deixaram entrar para vê-lo. Durante os 23 dias eu não saí do hospital, acompanhei tudo”, conta. 56

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Durante os 23 dias em que ficou fora de casa, Sueli conta que recebeu muito carinho de todos os profissionais. Ela afirma que o hospital fez o papel da família, que não tinha, por estarem em outra cidade. “Fomos muito bem atendidos, eu só tenho a agradecer. Muito apoio, carinho e atenção todos os dias. Eu ficava lá embaixo esperando e todo dia alguém vinha conversar, dar um abraço, um apoio”. E não foi apenas do atendimento humanizado, mas também do profissional que Sueli comentou. “Ele passava por uma bateria de exames todos os dias, e todos os dias os médicos me passavam o quadro dele. Eu também precisei do serviço da psicóloga”, conta. Agosto 2016

Para Sueli, o Hospital Maicé foi 100% determinante para a vida de seu marido. “Quando ele estiver bem, a gente vai voltar aqui para agradecer. O hospital se tornou um símbolo de superação e vitória. E aqui eu também aprendi a ter muita paciência, porque a gente quer que melhore já no outro dia, mas não é assim, a gente precisa ter calma e muita fé”. Para Dra. Maria Thereza, ver um paciente, que tinha risco de óbito de quase 90 % receber alta é indescritível. “Foi um doente que havíamos tirado quase todas as esperanças, tínhamos sido sinceros em dizer toda a gravidade do caso”, afirma. A médica acredita que o acolhimento à fa-

mília foi fundamental para o sucesso. “Receber essa família com todo o apoio, principalmente, uma senhora que não era daqui, estava sozinha na cidade. O acolhimento dessas famílias é uma das coisas mais importantes que temos de fazer. Demos a ela a possibilidade de ficar ali mais tempo com ele pra ela poder acompanhar o atendimento feito. Estamos formando uma equipe de maneira mais humana, que não é fácil fazer isso, porque o ser humano tem vícios e provar para eles que ter um acompanhante dentro da UTI vai fazer a diferença para esse doente e para essa equipe, requer muita responsabilidade daquele que está assumindo esse risco”, comenta. www.revistariodopeixe.com

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A médica defende piamente o acompanhamento da família dentro da UTI. “No próximo ano queremos fazer com que a família possa partilhar todos os momentos da internação dentro da terapia intensiva, ter alguém da família para acompanhar o doente. É por isso que discutimos tanto para que os leitos novos fossem individualizados. Estamos em um momento distinto, fazendo o melhor que podemos e os resultados estão aí”, disse. Maria Thereza reforça o objetivo de transformar o serviço de neurocirurgia e terapia intensiva do Maicé referência no estado. “Se Deus quiser, a cidade de Caçador e o Hospital Maicé serão referência na região toda, vamos lutar por isso, vamos trazer equipes diferencia-

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das e buscar cada vez mais a excelência. É uma luta árdua e diária, mas vamos conseguir. Independente se é SUS ou particular, todos serão atendidos da mesma forma. Não perguntamos de onde é, não queremos saber, pois nós tratamos pessoas e pessoas não são planos de saúde. Alguns de nós vem com algumas missões, e eu espero que eu tenha sido uma das escolhidas lá de cima pra fazer a diferença aqui embaixo”. O médico Murilo, que participou do atendimento a Sinval afirma que apesar das dificuldades estruturais, o hospital tem uma equipe de profissionais muito comprometida, o que é substancial na melhora dos pacientes. “A equipe, tanto de enfermeiros quanto médica, dão

uma assistência muito boa, tem uma preocupação com o paciente e isso ajuda na recuperação. Desde a troca de fraldas, virar o paciente de um lado para o outro, todos se dedicam muito, e isso não só ajuda na recuperação como no sucesso da nossa cirurgia. A cirurgia é uma parte do tratamento, uma das partes mais importantes é a recuperação e isso envolve todo o cuidado com o paciente”, afirma. Devido ao AVC, Sinval teve sequelas cognitivas e motoras. De acordo com Murilo, a sua recuperação agora depende do esforço e dedicação nas sessões de fisioterapia, fonoaudiologia e outras terapias e tratamentos reabilitadores.

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“NASCI DE NOVO” A transformação na estrutura de atendimento do Hospital Maicé começou justamente na UTI, onde a luta pela vida é constante. O caçadorense Hermes Huçulak Carneiro, 63 anos, mais conhecido como Graxa, enfrentou um grave problema no final do mês de setembro do ano passado e pôde contar com a estrutura e equipe altamente qualificada para afirmar hoje, com muito orgulho, que nasceu de novo. Graxa estava na rua, quando começou a sentir fortes dores e foi encaminhado pelos Bombeiros primeiro até o Pronto Atendimento e depois para o Hospital Maicé, onde ficou em observação. Na semana seguinte, exames revelaram que o problema de saúde estava relacionado com uma infecção na vesícula. “Ele ficou inter-

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nado por duas semanas tomando medicamentos para tentar diminuir a infecção, mas o quadro não reverteu, porque ele tem diabetes, teve água no pulmão, estômago, era uma cirurgia de risco”, conta a esposa, Marisa Dalazem Lange. Induzido ao COMA, Graxa passou por uma delicada cirurgia. “Diziam que eu tinha 15% de chance de sobreviver. Tenho que louvar ao corpo médico e de enfermagem, pois graças a nova estrutura, aos novos equipamentos e a equipe de atendimento, minha vida foi salva”, relata. Desde que foi atendido no pronto-socorro, aos dias em que passou na UTI e no quarto, não apenas o paciente, mas toda família ressaltam o bom atendimento que receberam. “Não temos queixa de ninguém, não teria como ser melhor. Não conseguimos nem nominar as

pessoas, para não fazer a injustiça de esquecer alguém”, afirmam. Quando a situação se agravou, a família cogitou a possibilidade de transferir Hermes para outro local. “Mas fomos orientados pela médica do UTI que o tipo de problema dele poderia ser resolvido ali, sem precisar se deslocar e tanto equipe quanto a estrutura foi realmente eficaz”, conta Marisa. Para a família, o Maicé foi determinante no sucesso do caso. “A gente torce pra que cada vez fique melhor. Ver a boa vontade desse grupo que encabeça a direção, daquele pessoal que vem de Videira, eles chegam com alegria, movimentam o hospital, é muito interessante. O grupo das mulheres também auxilia muito, são pessoas de bom coração”, afirmam.

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CAMARIM Jéssica Haidée Gomes

Maquiadora Profissional, designer de sobrancelhas e Nutricionista Clínica e Estética. Professora no curso de maquiagem profissional no SENAC – Caçador e no Instituto Mix. Proprietária do Espaço Nutri & Bella.

Olá pessoal, tudo bem? Nesta edição vamos falar sobre erros e acertos na maquiagem. Quem nunca se maquiou, achou que estava tudo no lugar e depois ao ver as fotos notou que algo (ou tudo) estava errado? Eu já fui deste time, meu maior problema era acertar o tom de base, como sou muito branquinha foi bem complicado até descobrir que preciso fazer misturas para chegar ao tom certo e parar de errar. Os erros mais comuns são: usar o tom errado de base, exagerar na quantidade de produto e fazer uma “máscara” no rosto, passar blush em excesso, não esfumar as sombras da forma correta e deixar a maquiagem dos olhos marcada e sem acabamento, lábios pequenos com batons muito fortes.

O que devemos fazer para evitá-los? Primeiramente, precisamos entender que a maquiagem não existe para transformar e sim para realçar, não tente parecer outra pessoa maquiada, pois vai acabar exagerando. Tem olhos bonitos? Destaque-os! Sua boca é bem desenhada? Deixe-a em evidência! Sua pele é bonita e saudável? Não exagere nos produtos, quanto mais natural mais bonito. Menos é mais, e na maquiagem isso não é diferente. Lembre-se também que maquiar não é tratar, por isso, primeiro cuide-se de dentro para fora. Tenha uma alimentação adequada, procure o profissional certo para ajudá-la no tratamento da sua pele e quanto estiver tudo correto, vai ver que não é necessário camadas e mais camadas de base, sua pele vai estar saudável, sendo necessário apenas algumas correções ou realces. Se você não faz ideia do que fica melhor para seu tipo de rosto, procure um profissional para auxiliá-la tanto com atendimento em ocasiões especiais quanto para ensiná-la em cursos de auto maquiagem como realçar o que muitas vezes você nem vê que é bonito. Utilize a maquiagem a seu favor, de acordo com sua personalidade, não tente fazer técnicas que estão na moda somente por este motivo, normalmente acabamos nos frustrando, pois não conseguimos alcançar o resultado esperado. Lembrando sempre que muitas das maquiagens que vemos na internet são maravilhosas para modelos, demonstração de técnica, porém pouco utilizáveis na nossa rotina e eventos por necessitarem de características específicas de formatos de olhos e rosto. Quando entendemos que a maquiagem é nossa aliada e nos faz perceber uma beleza que não víamos, ficamos apaixonadas por nós mesmas com ou sem ela. Vamos tentar? Para quem tem mais dúvidas, fique a vontade para mandá-las para o email contato@nutriebella.com. Até a próxima, pessoal! 60

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REINO ANIMALIA Paula Lichtenberg CRMV/SC 06590

Graduada em Medicina Veterinária pelas Faculdades Integradas do Vale do Iguaçu de União da Vitória. Apaixonada pelos animais, mas amante de gatos e cavalos, ela pretende se especializar e atuar na área de Reprodução em Equinos.

CUIDADOS COM OS PETS DURANTE O FRIO O ponto primordial a ser citado é sobre a vacinação dos nossos animais. Não só durante o inverno, mas sim, durante a vida toda deles devemos manter a carteirinha de imunização em dia. Porém no inverno, a imunidade decai, o que pede uma atenção maior, principalmente, para a vacina contra gripe que deve ser feita, pelo menos, 21 dias antes de iniciar o frio intenso. É válido lembrar que cães jovens e idosos são mais sensíveis e susceptíveis aos problemas. Bem como, animais com doenças cardíacas, pois no inverno o coração precisa bombear mais sangue para aquecer o corpo e manter o funcionamento dos órgãos vitais. Os cuidados para aqueles cães que ficam fora de casa são: abrigar as casinhas externas de correntes de ar, forrar com papelão e cobertas, escolher um local onde pegue sol durante o dia, se possível deixar em uma garagem.

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Os gatos tendem a se esconder em locais improváveis e perigosos, como em motores de carro. A dica é: sempre antes de ligar o motor, bater no capô ou buzinar. Para aqueles que ficam dentro de casa também deve-se tomar alguns cuidados como: evitar dar banhos em casa, além do choque térmico, os pelos podem não ficar bem secos e acarretar problemas de pele, além disso, não deixá-los muito tempo expostos ao aquecedor, pois acaba ressecando as vias aéreas e dificultando a respiração, principalmente, de cães de focinho curto (Shih Tzu, Pugs, Bulldogs etc). Em relação à alimentação, o ideal é que se aumente em até 15% a quantidade de ração para o corpo conseguir cumprir suas funções e ainda, manter a temperatura corpórea ideal. Num geral, basta entender que os animais são organismos vivos e, apesar do cobertor natural de alguns, eles também sentem frio e podem sofrer de hipotermia. Se, além de todos os recursos para nos aquecer, não é suportável para nós, não é suportável para eles também!

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