Revista Rio do Peixe - 6º Edição

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AS PESSOAS ATORMENTADAS POR OBSESSÕES PODEM SENTIR QUE PERDERAM O CONTROLE DA MENTE E POSTERIORMENTE DOS PRÓPRIOS ATOS, O QUE PODE IMPEDIR ATÉ MESMO O CONVÍVIO SAUDÁVEL DE UM INDIVÍDUO COM OUTRAS PESSOAS”.

ANA C. LAWLESS

O pensamento obsessivo se volta também ao próprio indivíduo. “Ele também pode estar ligado ao suicídio, quando o paciente pensa o tempo todo em como vai se matar e de que forma, planeja em sua cabeça. A doença é nada mais nada menos do que a pessoa ser escrava da própria mente, em um sofrimento extremamente grande e profundo, porque o sujeito não tem controle dos pensamentos, eles simplesmente aparecem”, relata, demonstrando que em seu estágio compulsivo surgem os rituais que procuram aliviar a ansiedade gerada pelos pensamentos. “Aqui entram as ações desnecessárias que aliviam temporariamente a obsessão causada pela ansiedade, como lavar as mãos constantemente, como um ritual de limpeza e purificação, em que o sujeito tenta prevenir-se de ser comido por bactérias, quando entra em contato com outras pessoas ou paredes de órgãos públicos,

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vitrines e outros objetos. Indivíduos que limpam a casa de forma neurótica e coisas ou cômodos que já estão limpos. Lavam os pratos seis vezes, conferem se a roupa do varal está limpa e lavam-nas três ou quatro vezes porque acham que elas não estão limpas o suficiente. Está sempre tirando pó dos móveis e assim por diante”, comenta. Segundo Ana, para o indivíduo com transtorno nada estará suficientemente bom, o que o distingue de uma pessoa com características acentuadas como o perfeccionismo. “É quando a pessoa confere uma vez, duas, três e ainda acha que deve melhorar algo. Você está fazendo um artigo científico, tenta aprimorar e adiciona outros autores, faz uma análise crítica e pode até pensar que talvez tenha faltado algo, mas consegue dar como terminada aquela atividade e se livra do pensamento de cobrança. O obsessivo não consegue

terminar essa atividade, pois para ele o trabalho jamais vai estar pronto”, explica.

TRATAMENTO Conforme explica a especialista, o diagnóstico e tratamento do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) necessita avaliação de um psiquiatra, pois depende quase que 100% do uso de medicação. “A terapia somente não teria um retorno rápido para o paciente que sofre de TOC, pois é necessária a entrada com medicamentos que auxiliem no controle da ansiedade, que provoca os processos obsessivos e compulsivos. A doença não tem cura, pois é neuroquímica, tem alterações biológicas, fisiológicas, psicológicas, genéticas, entre inúmeros fatores associados ao transtorno. Hoje, o sujeito trata um ritual específico, mas pode ser que ele venha a desenvolver outro tipo de ritual amanhã ou depois”, afirma.

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