Sebenta Algarve

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ESPAA, 2012/13 — Área de Integração, Tema 4.1: A identidade regional — Professor Paulo Sousa

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Areias, cascalheiras e outros aluviões: correspondem a antigos depósitos fluviais ou marinhos. Reagra geral, são do quaternário, ou seja, formaram-se nos últimos 2 MA. (Uma curiosidade: Na imagem acima, “Mapa morfológico…”, repare- e que a falha que percorre o Algarve no sentido W-E foi cortada, perto de Portimão, por uma outra falha mais recente cujos lados deslizaram ca. 3 Km.)

Rochas metamórficas: metamorfose significa transformação. As rochas metamórficas formam-se por transformação de rochas mais antigas, através do calor, da pressão e ou de alterações químicas. Surgem no interior e na costa vicentina, sobretudo sob a forma de xistos e argilas. São geralmente rochas muito antigas. Regra geral, os xistos estão associadas a solos pobres e sem aptidão agrícola. Por serem antigas, perderam muitos dos minerais que poderiam ter interesse para o crescimento das plantas. Quando apodrecem, por degradação química, dão origem a cascalhos e barros estéreis, densos e pouco permeáveis: as raízes das plantas não os penetram facilmente; absorvem pouca água das chuvas e facilitam a formação de enxurradas, que arrastam a camada superficial do solo e são agravadas pela escassa cobertura vegetal, em parte resultante da intensa desflorestação a que algumas áreas foram sujeitas.

1.2. Relevo e sua formação O relevo da região divide-se em três grandes sectores: serra, barrocal e litoral. A serra é, em geral, formada pelos relevos e rochas mais antigos, encontrando-se muito erodidos e suavizados. O litoral caracteriza-se pelas camadas geológicas mais recentes. As características de cada um destes sectores condicionam a ocupação humana e as actividades que podem ser desenvolvidas:

1.2.1. Litoral: consiste na faixa costeira e caracteriza-se por terras mais ou menos planas, com poucos relevos, quer a costa costa seja alta (arribas) ou baixa (praias e estuários), exceptuando-se a costa ocidental. O facto de a faixa litoral ser constituída por terras mais ou menos planas torna-a propícia para a agricultura, quando os solos e a disponibilidade de água o permitem, e para a construção. A existência de praias extensas e acessíveis levou, nas últimas décadas, a uma urbanização intensiva (e, muitas das vezes, descuidada e sem planos de ordenamento). O litoral tem áreas bastante diferentes, conforme os tipos de costas e com o ambiente envolvente. Algumas dessas áreas foram desde cedo muito atractivas, ao passo que outras só há pouco tempo deixaram de ser repulsivas. As áreas mais atractivas são aquelas em que foi possível a construção de portos (quase todos piscatórios), sobretudo se na orla costeira existissem terras aráveis e mais ou menos férteis. Onde os solos têm pouca aptidão agrícola, ou nos locais mais remotos, as comunidades cresceram menos e mais tardiamente. Neste momento estão atribuídas concessões para prospecção e exploração de petróleo e gás natural ao largo da costa, podendo haver novas oportunidades económicas. Devido à proximidade do mar, as temperaturas são amenas ao longo do ano, por comparação com o interior e com o resto de Portugal Continental. 1.2.2. O barrocal caracteriza-se por relevos suaves e pouco elevados, predominando as margas e os calcários (jurássico e cretácico). Foi razoavelmente povoada até meados do Séc. XX, por ter algum potencial agrícola. Predominam os solos alcalinos (Ph >6), associados a rochas sedimentares carbonatadas do Jurássico e do Cretácico (calcários e margas). Porém, o relevo, mais acentuado que no litoral, dificulta algumas culturas. O seu povoamento é mais ou menos disperso, marcado por alguns centros urbanos. Coincide com grande parte dos aquíferos subterrâneos da região. Permite a exploração agrícola, sobretudo


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