Revista Formação, Sujeitos & Práticas - Ano 1 - Nº 2

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de ampliação das experiências sociais, históricas e culturais (DAYRELL, 1996; VAGO, 2009). Assim, a escola pública não pode seguir outro caminho senão “constituir-se como tempo e espaço de inclusão, debate, construção coletiva e realização plena de direitos sociais” (DEBORTOLI; LINHALES; VAGO, 2002, p. 93). Concomitantemente, a escola influencia e torna-se influenciada pela diversidade presente no seu cotidiano. Tais implicações desafiam a pensar um projeto de Educação Física que busque “escutar” o que os alunos querem nos dizer com suas ações durante sua permanência nos diferentes espaços da escola. Nessa perspectiva, um dos princípios fundamentais da Educação Física é compreender as crianças e os jovens como atores sociais, concretizando o direito e a possibilidade de participarem da construção da sociedade e da cultura (DEBORTOLI, 2009). Na nossa intervenção pedagógica, comporta-se, assim, um desafio: Organizar o ensino para que seus estudantes realizem o direito de conhecer, de provar, de criar, de recriar e de reinventar, de fazer de muitas maneiras, de brincar com essas práticas, garantindo-lhes a expansão de suas experiências com esse rico patrimônio cultural. Em outras palavras: a Educação Física tem potência para ser um tempo de fruir, de usufruir, de viver e de produzir essa cultura, um lugar de enriquecer a experiência humana, posto que essas práticas são possibilidades afetivas, lúdicas e estéticas de apreender e entender o mundo - e de agir nele (VAGO, 2009, p. 35).

Em nossa sociedade, ainda sobressai o entendimento de que as crianças devem ser preparadas para um futuro idealizado pelo adulto. Essa concepção desenvolvimentista posiciona a criança enquanto sujeito imaturo, inacabado, um “vir-a-ser” linear e previsível, e não pela competência do aqui e agora, afastando-a do mundo das atividades socialmente reconhecidas. Em relação aos jovens, criamos representações sociais que desprestigiam sua existência social, concreta e valorosa. O adolescente é aquele que não é mais criança e também não é adulto. Não raro, desconsideramos, nas relações com os adolescentes, as

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