Produção dos textos: Alunos dos 9os anos de 2021 do Colégio Vértice
Capa: Equipe de Comunicação
Editora de arte: Equipe de Comunicação
Contato: vertice@colegiovertice.com.br
Colégio Vértice
R. Vieira de Morais, 172 - CEP 04617-000
Campo Belo – SP
TEL/FAX: 11 5533-5500
Editorial
UM ANO ATÍPICO
O ano de 2020 certamente ficará para sempre registrado na História da humanidade e na memória de cada um de nós, pois foi um ano totalmente diferente, que mudou drasticamente nossa forma de trabalhar, de estudar, de se relacionar, enfim, nosso modo de ver e de viver a vida.
Em meados do mês de março, fomos surpreendidos com a notícia de que nossas aulas passariam a ser remotas, pois, devido à Covid-19, todos deveriam ficar em casa para se resguardar da contaminação pelo novo coronavírus.
A adaptação do Colégio Vértice ao modelo online ocorreu de forma bastante rápida e eficiente. Houve grande empenho por parte de todos seus colaboradores para que tudo ocorresse da melhor forma possível e para que o processo de aprendizagem de seus alunos mantivesse o padrão de qualidade que sempre teve.
Também são merecedores de reconhecimento por seus esforços nossos alunos que muito se empenharam em suas novas rotinas de aulas virtuais. Prova disso é esta edição da Revista Vértices Digital que traz uma pequena amostra dos diversos textos produzidos em grupos pelas turmas dos 9os Anos, que, mesmo distantes fisicamente, foram capazes de trabalhar em equipe e apresentar trabalhos com excelência.
Foram incontáveis horas de reuniões, encontros onlines, entrevistas, planejamentos, produções, para que mais uma edição da revista fosse oferecida a nossos leitores, mesmo que estivéssemos experimentando algo nunca vivenciado antes. Reinventamo-nos, e, felizmente, acertamos!
Durante todo esse período de incertezas e de mudanças, o Vértice não parou! Nosso trabalho foi continuado com muita qualidade e aqui está mais uma edição da Revista Vértices Digital para vocês, leitores, repleta de conteúdos diversificados, inteiramente preparada por nossos alunos que, mais do que nunca, merecem os parabéns por toda a dedicação, o empenho e a coragem por encararem o novo com muita disposição e competência.
Boa Leitura!
Claudine Alves Willemann
Professora responsável pela execução do projeto
5 Entrevista: Carolina Cabral
Home Office: Mudança na produtividade e no mercado de trabalho
7 Conto Psicológico
A verdadeira graça dos jogos de azar
8 Entrevista: Luiz Bolognesi
O cinema é uma ferramenta de transformação
9 Crônica
Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço
10 Entrevista: Alice Coutinho Xavier e Márcia Esteves
“É impossível negar que a publicidade e a propaganda auxiliam no crescimento econômico do país”
12 Reportagem: Saúde
Por trás do imunizante contra a covid-19
14 Entrevista: Dr. Marcelo Rodrigues da Cunha Araujo
“A busca universal pela beleza já acontece no mundo inteiro”
15 Crônica
Golpe das desenvolvedoras
16 Entrevista: Professores do Vértice
Como sobreviver a um dia no colégio vértice
18 Reportagem: Ciência
Microplástico: um problema quase invisível
20 Comportamento
22 Entreterimento
24 Starterpack: Adivinhe o país
26 Resenhas
27 Crônica
Isolamento parcial
28 Quiz: Covid-19: A doença que mudou o mundo
HOME OFFICE: Mudança na produtividade e no mercado de trabalho
A pandemia do coronavírus redefiniu a forma de trabalho, e o home office, antes pouco usado no Brasil, foi amplamente adotado pelas empresas como medida de contenção do vírus.
Segundo a Fundação Instituto de Administração, a adesão ao trabalho a distância entre as grandes empresas foi superior a 51%, e, embora o home office tenha trazido resultados moderadamente positivos em relação à produtividade dos funcionários, a rápida transição para o modelo remoto trouxe uma série de desafios que se estendem de problemas com a internet à sobrecarga e exaustão.
Carolina Cabral, recrutadora da empresa multinacional Robert Half, traz, nesta entrevista, seu olhar sobre os efeitos do home office no mercado de trabalho. Com 10 anos de experiência na área de recrutamento, além de já ter feito várias publicações relevantes em canais de comunicação, como Valor Econômico, Band News e Jovem Pan, a entrevistada apresenta dicas para enfrentar a desmotivação, o estresse e os problemas com espaço de trabalho, além de discutir sobre as perspectivas para o futuro do home office no país
Durante a pandemia, devido aos protocolos de distanciamento exigidos, muitas empresas adotaram o home office. Quais foram as maiores dificuldades na adaptação para esse novo modelo?
Vamos começar pelo básico: a questão da tecnologia. Em casa, os colaboradores não estavam preparados para ter a estrutura que tinham no trabalho, começando pela internet. Móveis, como cadeira, também foram uma grande dificuldade para adaptação. Agora, pensando nas empresas, liderar pessoas on-line requer todo um cuidado para entender como está aquele profissional. No presencial, sabemos quem está bem, quem não está. Temos aquela visão que vai além do trabalho. Mas quando estamos on-line, isso é um pouco mais difícil. Preci-
samos usar a linguagem falada, porque não conseguimos ler o corpo da pessoa para saber como ela está. qwManter o time engajado também foi uma grande dificuldade. Por mais que cada um esteja fazendo suas coisas separadamente, todos devem estar em prol de um objetivo comum, como a sala de aula para os estudantes. Trazer todo mundo para o mesmo contexto é o grande desafio das empresas on-line.
Com a necessidade do isolamento, as escolas também migraram para o ambiente virtual. Dessa forma, algumas famílias encontraram problemas em relação a espaço, rotina e internet. Como você avalia o convívio em um ambiente que desempenha a função de sala de aula, escritório e residência simultaneamente?
É bem desafiador. A família precisa ter um “contrato”. Deve combinar onde cada um vai trabalhar dentro da casa. Não adianta começar o expediente sem saber onde cada um vai ficar. Exige que as pessoas se planejem, e mais do que se planejar, pensar também no outro.
Por exemplo, se você assiste a uma aula enquanto alguém na sua casa trabalha, é necessário usar fone de ouvido, porque senão ninguém consegue focar em sua atividade. Tudo é muito importante, mas deve ser pensado antes do horário da aula, do
horário de trabalho. E, se não está dando certo, vai trocando de lugar até achar um em que você se sinta mais confortável.
Até essa troca de ambiente de vez em quando é legal, porque ficar todo dia no mesmo lugar cansa, enjoa. Quando se está na escola, por exemplo, há aula de Educação Física em que você sai da sala e vai para a quadra; aula de Ciências, em que vai para um laboratório. Essas trocas de espaços são importantes para a produtividade.
Segundo o Instituto Brasileiro de Coaching, é possível perceber que a falta da interação social no cotidiano, o estabelecimento de prazos extremamente curtos, a ausência de um plano de carreira e o acúmulo de atividades são apenas alguns exemplos de fatores presentes no trabalho virtual durante a pandemia. Em sua opinião, de que forma esses aspectos podem contribuir para a desmotivação dos profissionais? Quais seriam as soluções mais eficazes para evitar esse problema?
Ao falarmos de interação social e acúmulo de atividades, quando estamos no presencial, temos o ambiente social junto com as atividades.
Carolina Cabral, Gerente de Recrutamento Especializado
Imagem ilustrativa Home Office.
Tanto na escola quanto no trabalho, tem o momento de intervalo, mas, quando estamos no on-line, é muito difícil ter essa pausa, porque a sensação que dá é a de que, quando você não está em reunião, qualquer pessoa de seu trabalho pode te acessar.
Os profissionais se sentem na obrigação de estarem disponíveis o tempo todo, inclusive depois do horário de trabalho. Esse é um ponto de grande preocupação para as empresas, porque essa sobrecarga gera a síndrome do Burnout, a síndrome da exaustão. Para evitar esse problema, a empresa precisa deixar os colaboradores à vontade depois do horário de trabalho.
Mas o colaborador também deve fazer sua parte, porque não adianta a empresa deixá-lo à vontade, se ele continuar se cobrando. Já a desmotivação, é uma questão de comunicação. As pessoas precisam ter fóruns, para conversarem e se verem. Nesses momentos, a câmera aberta é muito importante, pois, se as pessoas não se veem, não tem como ter engajamento
Mesmo antes da eclosão da pandemia, muitos países já adotavam o home office. Quais são os benefícios desse modelo? A seu ver, esse modelo será cada vez mais frequente no Brasil, mesmo após a pandemia?
No modelo virtual, não perdemos tempo com deslocamento e/ou com o trânsito. Moramos em uma cidade que tem cerca de 200 quilômetros de trânsito por dia, e agora, com o home office, conseguimos otimizar nosso tempo.
Além disso, quando falamos home office, não é só home office, já que você pode trabalhar de onde quiser. Você pode ir para um hotel, para uma casa de campo, e, ainda assim, assistir à aula ou trabalhar. Então, tem esses benefícios de as pessoas poderem acordar um pouquinho mais tarde, de não pegarem trânsito, de conseguirem acessar as pessoas on-line mais facilmente.
Por isso, o modelo remoto está cada vez mais frequente no Brasil, mesmo que não seja exatamente no modelo do home office. Muitas empresas
vão começar a utilizar o modelo híbrido, que mescla o remoto com o presencial.
Quais são as vantagens do modelo híbrido para o home office?
No modelo híbrido, a equipe pode se engajar através de reuniões sobre assuntos que são comuns a todo o time. Ver as pessoas presencialmente possibilita que o líder entenda como está o clima da equipe, para melhorá-lo e fazer com que o trabalho em conjunto seja ainda mais eficaz. Em relação à saúde mental, saindo para o escritório e tendo contato com um ambiente 100% profissional, os funcionários conseguem ter um foco melhor, uma energia a mais para voltarem a suas casas no home office e continuarem o trabalho de maneira isolada.
Dados apresentados pelo Ministério da Economia afirmam que mais de um milhão de brasileiros foram demitidos durante o momento mais crítico da pandemia. Após um ano, como está a recolocação dessas pessoas no mercado de trabalho? Há perspectivas de melhoras para o futuro?
Felizmente a resposta que eu vou dar é positiva, embora nem todas essas pessoas já tenham sido recolocadas de maneira integral. Quando veio a pandemia, as empresas se assustaram e pararam de contratar, além disso, para muitas, o faturamento caiu, logo o resultado foram as demissões em massa. Infelizmente, muitos profissionais qualificados tiveram que ser demitidos por questão da crise.
Este ano, muita gente já está sendo recrutada, porque as empresas aprenderam a contratar no mundo on-line e a lidar com o home office.
A grande maioria das empresas está tendo um resultado muito melhor do que o do ano de 2020, pois estamos aprendendo a conviver com a pandemia. Então, sim, a expectativa é muito positiva, até porque surgiram vagas novas. Ramos, como marketing on-line e logística, abriram muitas vagas que não existiam antes da pandemia. Todo mundo compra pela internet e existe toda uma estrutura profissional por trás disso; portanto, a perspectiva é muito positiva.
Por Anita Cabral, Gabriela Felix da Silva, Isabela Araújo Soares, Mateus Otávio Figueiredo Bigossi, Pedro Abe Maia, Renato Augusto Manetti. Alunos do 9° Ano C.
Imagem ilustrativa de pessoas realizando reunião no modelo home office.
Imagem ilustrativa de homem trabalhando no estilo home office
Home office em epoca de isolamento social devido a Covid-19
Imagem ilustrativa entrevista
Imagem ilustrativa trânsito
Imagem ilustrativa de pessoas realizando reunião no modelo home office.
CONTO
A VERDADEIRA GRAÇA DOS JOGOS DE AZAR
Não, eu não gosto de jogos de azar! Rifas, loterias? Nem pensar. Desde pequeno, já sabia que não fui feito para qualquer jogo relacionado à sorte, sempre sendo o primeiro a perder em jogos, como Uno, ou sendo o único a não acertar um único número em bingos. E, com apenas nove anos, aprendi sobre a verdadeira graça, ou desgraça, desses jogos.
Naquela idade, eu morava em São Paulo, em um bairro muito quieto, sem carros nem pessoas pelas ruas, algo horrível para mim, filho único, cheio de energia. Por esse motivo, sempre procurava desculpas para sair de casa e acabar com meu tédio infantil.
Foi em uma dessas desculpas, indo para o supermercado, acompanhar minha mãe, em mais uma de suas compras que vivenciei um dos maiores e mais triviais traumas de minha infância. Eu estava estranhamente otimista nesse dia, talvez fosse pelo simples fato de poder sair de casa em um dia de verão. Porém, infelizmente, no caminho, passamos por uma lotérica. Mesmo sendo novo, já tinha o instinto de me afastar daquele lugar, pois sabia que quanto mais dígitos os prêmios das loterias tivessem, menores seriam minhas minúsculas chances de ganhar.
Entretanto, eu não estava interessado nesses grandes sorteios, estava mesmo é de olho nas “raspadinhas”. Na vitrine do balcão havia inúmeras delas, todas
com cores diferentes, porém eu apenas encarava a do papel verde, estava intrigado com ela, algo despertava minha atenção. E, repentinamente, veio-me o sentimento de que aquela era “A raspadinha”, como se, ao longo de meus nove anos de vida, meu azar tivesse finalmente se esgotado e minha sorte pairava naquele simples papel verde. Por isso, eu precisava muito obtê-lo!
Minha mãe, surpresa, cedeu-me os três reais necessários para adquirir aquela raspadinha. Comprei-a rapidamente. E, com o dobro da velocidade, raspei aquele bilhete instantâneo com os olhos fechados, a fim de me proteger de possíveis surpresas desagradáveis.
Estava com muito medo e bastante angustiado, pois já imaginava que não ganharia nada, como sempre. Mas, em um cantinho de meu coração, havia um aperto que me dava esperança, uma esperança que, na verdade, não sabia de onde vinha. E, então, tomei coragem e abri meus olhos. Demorou um pouco para eles se adaptarem à luz forte da loja. Mas, tudo valeu à pena, um sorriso havia se formado em meu rosto de criança, uma felicidade das mais puras e genuínas se espalhou por todo meu corpo. Tentando fazer o mínimo de escândalo possível, abracei minha mãe. Eu acabara de ganhar seis reais!
Nem nos momentos mais marcantes de toda minha vida fiquei tão entusiasmado, repleto das mais diversas emoções. Nesse dia, senti um misto de tristeza, de felicidade, de dúvida, de confiança. Algo tão irrelevante tornou-se extremamente memorável. Talvez
isso nunca tenha me acontecido novamente porque, como o ditado popular diz, “erros não se cometem duas vezes”.
Meu dia tinha acabado de ficar mais radiante e quente. No entanto, completamente dominado pela emoção, deixei meu lado racional e, sem pensar duas vezes, comprei mais duas raspadinhas com o prêmio que acabara de ganhar. Raspei-as sem dar muita atenção, já que estava certo de que a sorte estava a meu lado. Olhei de modo relaxado para os papéis já raspados e, nesse instante, meu coração escureceu. Eu sabia. Sabia que não poderia abusar da sorte. Sabia que aquilo que estava acontecendo não era injusto. Eu merecia. Fora ingênuo.
A moça que trabalhava na lotérica olhou para mim e disse, “Mas, que pena!”. Sua fala tinha um tom perverso, assim como o sorriso que estampava em sua face. Obviamente, essa era a minha visão, visão de um jovenzinho triste e emocionado, já que acabara de perder tudo, tudo que a pouco conquistara.
Foi naquele instante, com aquela idade, olhando o sorriso daquela moça, que percebi que os jogos de azar não têm a mínima graça. Os únicos que saem contentes são as pessoas que recebem o dinheiro desses ingênuos esperançosos, um tipo de ingênuo que nunca mais serei.
Por Daniel Bonilha Duarte. Aluno do 9º Ano A.
“O CINEMA É UMA FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO”
Embora ainda tenha muito a avançar, o cinema brasileiro já alcançou bastantes conquistas importantes. Luiz Bolognesi, além de roteirista, é um grande entusiasta da cultura brasileira.
Luiz Bolognesi, roteirista, produtor e diretor brasileiro
Desde sua criação, o cinema brasileiro tem enfrentado diversas dificuldades. Entretanto, o momento atual está sendo um dos mais críticos de sua história, em decorrência da pandemia do novo coronavírus e do consequente lockdown, que paralisou todo o comércio, incluindo a indústria cinematográfica.
Para esclarecer pontos importantes sobre esse assunto, convidamos o Senhor Luiz Bolognesi, roteirista, diretor e produtor brasileiro. Formado em jornalismo pela PUC, Luiz produziu uma série de filmes de diferentes gêneros, como Ex-Pajé e A Última Floresta, documentários de caráter social e ambiental. Ganhador de diversos prêmios, o roteirista discorre, nesta entrevista, acerca da atual situação do cinema nacional, abordando diferentes temas, como a falta de investimentos em cultura, o reconhecimento dos brasileiros ao cinema de nosso país e os impactos da ascensão dos streamings pela indústria cinematográfica.
Infelizmente, o cinema brasileiro é menos valorizado que o cinema norte-americano ou europeu. O Senhor acredita que isso se deva à supervalorização da cultura estrangeira? A seu ver, os filmes nacionais merecem maior reconhecimento por parte dos próprios brasileiros, ou a pouca valorização é reflexo da falta de investimento e qualidade nessa área?
Eu acho que, sem dúvida, a questão dos investimentos é significativa: o cinema americano tem investimentos 100 vezes maiores do que a indústria de cinema brasileiro. É difícil competir com um produto que, no Brasil, custa 5 milhões de reais, mas que, nos Estados Unidos, custa 500 milhões, seja um carro, uma casa, um liquidificador ou um filme. É evidente que isso nos dá um déficit competitivo inicial. Porém, o cinema depende muito de criatividade, o que o Brasil tem muito. Então, conseguimos compensar a dificuldade de investimento. Um reflexo disso são os bons resul-
tados que temos tido com os filmes lá fora. Por exemplo, os filmes brasileiros que a Netflix e a Amazon Prime têm lançado internacionalmente obtiveram grandes resultados. Os nossos filmes, nos festivais internacionais, também foram muito bem. Como exemplo, em 2016, foi indicada ao Oscar uma animação brasileira, O menino e o mundo. Ela não ganhou, mas foi indicada e, por ter só 5 vagas, ocupou o lugar do filme O bom dinossauro, uma animação da Disney. A produção do filme brasileiro custou 2 milhões de reais, enquanto O bom dinossauro, da Disney, custou 350 milhões de dólares. Pelos próprios critérios americanos do Oscar, O menino e o mundo foi escolhido e, não O Bom Dinossauro, demonstrando que, com criatividade, a gente tem conseguido superar a falta de investimento econômico.
A partir de meados da década de 90, momento posterior à Ditadura Militar brasileira, as produções cinematográficas nacionais evoluíram muito, caracterizando o período conhecido como Cinema de Retomada, em que foi observado o aumento do reconhecimento internacional do cinema brasileiro. Por exemplo, os filmes Central do Brasil e Cidade de Deus foram indicados, respectivamente, ao Oscar em 1998 e 2004. A que o Senhor atribui essa ascensão do cinema nacional?
A meu ver, há 3 motivos envolvidos: O primeiro foi a volta de investimentos. No final dos anos 90 e começo dos anos 2000, foram criados alguns mecanismos de investimento para o cinema brasileiro obter recursos. Parte do capital vinha do Estado brasileiro, sendo disponibilizado pelo governo. No entanto, foram criados, ao longo da época, mecanismos mais inteligentes, já que, em vez de tirar parte do orçamento do Estado, cobravam impostos da própria atividade econômica, ou seja, os filmes lançados, as propagandas na televisão, todos os produtos audiovisuais da internet, incluindo o serviço de telefonia
que pagamos, passaram a ser taxados na faixa de 1%. Esse dinheiro é revertido para a produção de conteúdo brasileiro, sejam filmes ou séries para a televisão e o cinema. Por outro lado, aumentaram muito, nessas duas décadas, as faculdades de cinema. O fato de haver maior quantidade de pessoas estudando, aprendendo e fazendo filmes também é responsável por essa retomada, pois é evidente que a qualidade é resultado da quantidade e da diversidade. Então, com mais jovens na indústria cinematográfica, encontram-se novos grandes artistas e novos olhares que produzam filmes pelos quais o público se interesse. O terceiro motivo é o interesse que o brasileiro tem por sua cultura; isso é inegável. Podemos ver, por exemplo, a força do funk. Apesar da influência do Spotify e das bandas americanas, as quais têm muito marketing envolvido, a música brasileira é a mais popular. A mesma coisa acontece com o audiovisual: há uma procura muito grande por novelas e telenovelas. Quando produzimos bons filmes e séries, a procura também é muito grande. Logo, o brasileiro consome muito de sua própria cultura.
Com a chegada da pandemia, o movimento de “substituição” dos cinemas pelas plataformas de streaming, como a Netflix e a Amazon Prime, se intensificou. Levando em consideração o fato de que grande parte das produções brasileiras são distribuídas pelos cinemas, como o Senhor acha que isso afetou as produções nacionais?
A crise das salas de cinema não é uma crise apenas para o produto brasileiro, mas também para o produto mundial; afeta Hollywood e as produções nacionais igualmente. Tanto nós brasileiros quanto os americanos sofremos por conta da pandemia; no entanto, eles têm mais capacidade de sobreviver, porque são mais capitalizados. Nós temos menos recursos guardados, logo estamos mais vulneráveis.
Além disso, não há investimento por parte do atual governo na cultura, apesar das tentativas de diversos cineastas. Mas a crise do cinema, ocasionada pela falta de venda de ingressos, é geral e muito violenta para todos. Dessa forma, a indústria cinematográfica global está tendo que se reinventar.
As obras nacionais mais consumidas nos cinemas brasileiros são obras de comédias apelativas, tais como Os Caras de Pau e Os Farofeiros. Enquanto isso, o senhor produziu diversos filmes com caráter social e ambiental, como A Última Floresta e Ex-pajé. Essas produções têm como objetivo a conscientização da população acerca de temas polêmicos; entretanto, não são as mais populares entre o público brasileiro. Qual seria o motivo dessa preferência? Como estimular o consumo de obras críticas?
Essa realidade não é exclusiva do Brasil: é a mesma realidade dos Estados Unidos e da Europa. Os filmes que vendem mais no exterior são filmes de entretenimento, que, na minha opinião, também são apelativos. Por que são tão assistidos filmes em que indivíduos com superpoderes usam capa e voam, ou em que um homem usa uma cueca por cima da calça? A narrativa dos super-heróis é bastante infantilizada, mas nós nos acostumamos a ela. Aqui, as comédias brasileiras têm humor; não acho que sejam mais apelativas que as fantasias americanas. O fato é que, em todos os lugares do mundo, documentários e filmes que buscam conscientização são muito menos assistidos do que a filmes de entretenimento. De modo geral, as pessoas procuram o cinema para se divertir, apenas uma minoria procura o cinema para se informar, para aumentar seu repertório ou para se entreter assistindo a um filme que lhe traga algo diferente e que apresente uma novidade sobre um povo ou sobre uma realidade.
A diferença é que, nos Estados Unidos, um diretor que gosta de filmes de ação consegue produzi-los, da mesma forma que um diretor que gosta de filmes de terror, de comédias românticas ou de documentários de denúncia. Já, no Brasil, isso não ocorre. Nós possuímos espaço apenas para a comédia, sendo muito raros filmes policiais, de suspense, de terror, de ação ou de animação.
A maneira que vejo para aumentar o interesse do público por cinemas críticos, cinemas de reflexão, políticos e ambientais é a educação. Disponibilizar esses filmes nas escolas permitirá que os jovens tenham conhecimento e realizem debates sobre temas polêmicos desde a infância, começando a gostar mais e a consumir mais esse tipo de cinema que tem sido conquistado com dificul-
dade em nosso país. Desse modo, teremos um público mais interessado no cinema crítico. É o que a França faz, por exemplo.
No contexto da Ditadura Militar, ao mesmo tempo em que os filmes eram produzidos pelo governo como forma de controle estatal, o cinema brasileiro era utilizado como uma ferramenta de revolta social, promovendo críticas à sociedade e ao governo da época. O senhor acredita que as produções cinematográficas são uma forma eficiente de manifestação social? Como isso é visto atualmente? Quais críticas são abordadas pelo cinema contemporâneo?
A cultura, de modo geral, sempre funciona como resistência aos movimentos totalitários. Ela tem sido muito forte em todas as ditaduras para resistir, seja na ditadura brasileira, seja no nazismo, por exemplo. Tanto na música, como no cinema, no teatro e na literatura, é produzida uma resistência muito grande, que circula muito e acaba, geralmente, ajudando os movimentos que derrubam as ditaduras. O cinema, portanto, no mundo todo, é uma ferramenta importante para enfrentar esses momentos políticos em que a democracia desaparece, e um grupo toma o poder e faz o que deseja.
Ele vem sendo uma voz, sempre, desde a ditadura, muito importante por conta disso. Hoje, há filmes que denunciam a violência social no Brasil, a desigualdade que vivemos no país, os crimes ambientais que são cometidos e os crimes contra os indígenas. Então, há vários temas abordados pelo cinema brasileiro, o que faz com que a comunicação desses assuntos se amplie, saindo apenas do ambiente universitário e do ambiente da militância política para conquistar mentes e corações pelo país afora. Logo, esse tipo de cinema é muito importante e muito efetivo. Ele tem a capacidade de derrubar governos, de sensibilizar as pessoas, de mudar a lei e de nos fazer pensar em novas atitudes. O cinema é uma ferramenta de transformação.
Por Chiara Rodrigues Mazzeti, Eduardo de Camargo Loureiro, Felipe Leiva Villapando, Gabriel Ataide Rodrigues, Mari Yagui Hirata, Maria Fernanda Petrone Motta e Maristela Paes Tanaka. Alunos do 9º Ano.
“Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. É o ditado popular que tornou-se lema dos influencers das redes sociais, os quais escondem-se no mundo real, para fazer o que condenam veementemente no mundo virtual. Assim, é inegável que, hoje, as mídias sociais transformaram-se no maior antro de hipocrisia já visto pela humanidade.
Quem nunca teve um amigo criticado ao furar a quarentena por sujeitos que adoram dar um “rolê” no shopping e andar na rua sem máscara? Ou, então, por exemplo, viu blogueiros que lutam pela liberdade de expressão, mas, na prática, criticam qualquer um que tenha uma opinião divergente da sua? A tão falada hipocrisia sempre esteve presente na história, mas, com o advento da internet, tornou-se mais evidente, tendo maior visibilidade e notoriedade juntamente à intolerância e à padronização dos indivíduos. É nesse novo mundo virtual que os falsos moralistas mascaram-se como pessoas de bem para condenar seus semelhantes, enquanto, por trás das telas, cometem atos condenáveis.
É território do youtuber de cabelos coloridos que julgou, de sua mansão no Rio de Janeiro, por um ano inteiro, pessoas que furaram a quarentena, mas que não hesitou em abandonar suas convicções para jogar “a última pelada do ano”, ocasião claramente essencial para um momento de pandemia. É onde o antigo chefe do departamento de humor de uma grande emissora defende o direito das mulheres, porém, ironicamente, é conhecido por assediar suas subalternas. É o lugar onde a queridinha do BBB, expulsa do programa com 99,17% dos votos, se diz contra a intolerância e condena “pessoas tóxicas”, mas que, na realidade, nua e crua, agiu como a própria personificação do desrespeito ao ser humano.
É, inclusive, morada do deputado carioca que se posiciona contra a posse de armas pela polícia e pela população, mas que, na realidade, anda para cima e para baixo rodeado por seguranças armados até os dentes.
É nesse mundo caótico, por fim, onde seus habitantes camuflam-se em meio a um emaranhado de aparentes boas ações e de opiniões virtuosas e éticas, bastante distantes de suas práticas cotidianas. É o local onde o mais ínfimo dos erros é duramente condenado por personalidades que, muitas vezes, em sua verdadeira essência, traem seus seguidores inocentes (ou talvez não tão inocentes assim!).
Por Alice Chiodo G. de Souza, Felipe Pacheco Schier da Cruz, Ian Coelho Caodaglio, Larissa Canivilo de Souza Moraes, Leonardo Separovic Shinohara e Maria Fernanda Petrone Motta. Alunos do 9º A e C. Ilustração de Larissa Canivilo de Souza Moraes, aluna do 9º Ano A.
“É impossível negar que a publicidade e a propaganda auxiliam no crescimento econômico
do
país”
Embora nem percebamos, a publicidade e a propaganda estão extremamente presentes em nossas vidas, sendo praticamente impossível escaparmos de suas influências. Isso porque estão em nossas televisões, computadores, celulares e em todos os lugares da sociedade. As publicidades exercem influência tão poderosa sobre nós que são capazes de nos fazer comprar algo que nem sequer pensamos em consumir.
Levando isso em conta, conversamos com duas especialistas da área para discutirmos sobre esse assunto tão relevante. Márcia Esteves, formada em Comunicação Social pela FAAP, ocupa o lugar de CEO da Lew’Lara TBWA; e Alice Xavier, empreendedora, mentora e defensora da representatividade das mulheres nos fóruns de decisão e nos negócios, além de sócia da Mandarin, agência de Shopper Marketing.
A publicidade estão diretamente ligada à ideia de consumo. Entretanto, há diferença nos conceitos de consumo e de consumismo.
Qual seria a diferença?
Alice Coutinho Xavier- Consumo, a princípio, diz respeito a, literalmente, o ato de comprar um produto ou um serviço. Entretanto, nos últimos tempos esse conceito se estende a diversas esferas, quando dizemos, por exemplo, que estamos consumindo determinado conteúdo nas redes sociais. Já o consumismo, está relacionado ao consumo exacerbado, fora do comum. É quando se con-
some muito mais do que precisa. Por exemplo, se vamos ao shopping, pois necessitamos apenas de uma blusa branca, mas saímos de lá com a blusa branca, um sapato novo, uma jaqueta que está na moda e uma bolsa que compramos por impulso, aí, nesse caso, estaremos sendo consumistas.
Pode-se dizer que as propagandas estimulam o consumo ou consumismo?
Alice Coutinho Xavier- Antes de responder diretamente à pergunta, é interessante dizer que nem toda propaganda tem por objetivo vender algo, gerar diretamente o consumo. Existem, por exemplo, as propagandas institucionais das marcas, que buscam mostrar o que aquela empresa faz, quais são seus valores, quais suas responsabilidades com a sociedade. Porém, quando se trata de uma propaganda “convencional”, essa tem como objetivo gerar o consumo, e não o consumismo. O consumismo é algo gerado “involuntariamente”, e muito mais por parte dos próprios consumidores do que pela marca em si. Ela está ali para vender o produto dela, se esse consumo vai ser consciente
ou não, está nas mãos de quem vai consumir
Os termos publicidade e propaganda, normalmente, são sempre empregados juntos, entretanto apresentam significados diferentes. Qual é a principal diferença entre esses dois termos?
Márcia Esteves- De alguma forma, hoje os dois conceitos se misturam, e essa é uma pergunta interessante, porque são palavras com origens diferentes, mas não vou entrar nessa didática. O conceito em que acredito e utilizo é o de que a propaganda é o anúncio que contém veiculação
Alice Coutinho Xavier, publicitárias atuantes na área de Comunicação Social
Márcia Esteves, publicitárias atuantes na área de Comunicação Social
paga, isto é, quando se compra um anúncio em jornal, revista, televisão, índices patrocinados; já a publicidade é a comunicação não paga, então, ela pode acontecer de forma espontânea, como se eu, Márcia, estivesse falando para alguém sobre um produto; consequentemente, estaria fazendo uma publicidade, já que não estou sendo paga, porém estou divulgando o produto. Muitas vezes, assuntos de relações públicas são considerados publicidade, tendo em vista que ninguém está sendo pago. Então, a publicidade e a propaganda, de forma muito simples, se misturam, porque, atualmente, não separamos mais publicidade paga de não paga, nós apenas trabalhamos para levar a informação de certa marca ou produto para a vida das pessoas de forma paga ou não paga.
Hoje, a publicidade é uma arma bastante poderosa, portanto acredita-se que “a publicidade é a alma do negócio”. A seu ver, a propaganda e a publicidade são responsáveis por parte do crescimento econômico do país?
Márcia Esteves - Sem dúvida, sim, até porque quando o assunto é propaganda, o Brasil está sempre entre os três melhores países do mundo, maiores mercados do mundo em criatividade, em geração de emprego, tendo em vista que esse setor mobiliza mais de 600 empregos diretos e indiretos em nosso país. Então, a publicidade e a propaganda são uns dos mercados mais importantes, do qual nós deveríamos ter muito orgulho.
Alice Coutinho Xavier - Sem dúvidas! O Big Brother é um exemplo super legal para tangibilizar isso. Foram quase 200 ações no programa, com mais de 20 marcas. Avon e Mc Donald ‘s já divulgaram que o resultado foi impressionante, a conversão em venda e awareness (conscientização) foi gigantesca. E a quantidade de trabalhadores e dinheiro para tornar todas aquelas ações possíveis é enorme, de forma que é impossível negar que a publicidade e a propaganda auxiliam no crescimento econômico do país.
Segundo a Lei 5.921/2001, que proíbe a publicidade dirigida às crianças e regulamenta a publicidade dirigida a adolescentes, as crianças devem ser preservadas de uma influência abusiva da publicidade. De acordo com sua visão publicitária, acredita que essa lei prejudicou as empresas que trabalham com produtos juvenis?
Márcia Esteves: Acredito que a lei não tenha atrapalhado as empresas, até porque nosso mercado é autorregulador, isto é, temos, enquanto mercado, algumas regras e leis que nos protegem. Temos que tomar cuidado, porque não queremos fazer nada que seja abusivo ao consumidor, somos um mercado que vende e que educa. A lei trouxe regras, não proibiu. Fazemos propaganda para crianças e, inclusive, devemos, porque, muitas vezes, a comunicação é educativa. A gente não pode proibir o contato com as crianças, mas devemos ter regras para evitar o exagero. A lei e as regras são sempre bem-vindas, desde que estejam autorregulamentadas no mercado.
Hoje em dia, a sociedade apresenta maior preocupação com o meio ambiente. A seu ver a propaganda pode influenciar o consumidor a ter uma postura mais sustentável, consumindo de forma mais consciente?
Alice Coutinho Xavier: Certamente! A publicidade é uma arma muito poderosa, tanto para o bem quanto para o mal. Então, com certeza, muitas marcas, principalmente as grandes, têm um potencial enorme para influenciar positivamente seus consumidores nesse aspecto. Porém, é interessante dizer que, normalmente, as publicidades e as propagandas surgem a partir das necessidades do público, portanto, esse momento de se importar cada vez mais com as atitudes que dizem respeito ao meio ambiente partiu primeiramente dos consumidores, e foram eles que passaram a exigir que as marcas se posicionassem também.
Mesmo sabendo que as Senhoras são do ramo do marketing, que dicas dariam para as pessoas não caírem nas armadilhas da publicidade e da propa-
ganda e consumirem apenas aquilo que realmente necessitam?
Márcia Esteves: Acredito que nosso país apresente uma grande dificuldade, chamada educação financeira. Quando todos saímos da escola, antes de escolher nossa profissão, devemos, primeiro, ter conhecimento sobre administração e direito. Administração porque a gente aprende a como cuidar de uma empresa, mas, principalmente, a como cuidar de nosso dinheiro. Muitas pessoas são ricas porque souberam guardar seu capital para vida inteira; porém a minoria dos brasileiros tem educação financeira, o que faz com que haja maior tendência ao consumismo. O direito seria importante para aprender as regras, leis e deveres, assim, saberíamos um pouco sobre de que forma nossa sociedade funciona. O consumismo não é papel da propaganda, mas, sim, da educação financeira, da consciência sustentável, de um cuidado com o todo. A gente precisa ter equilíbrio em nossa sociedade
Alice Coutinho Xavier: Acho que a melhor dica é: escolha muito bem as marcas que você acompanha, confia e consome. Se você não quer ser “afetado” por armadilhas, não se aproxime de marcas que realizam essas armadilhas, como aqueles sites estrangeiros que entregam no Brasil e estão sendo a maior febre por conta dos preços baixos em peças que estão na moda. É lógico que esse tipo de site vai sempre te mostrar o quanto os preços são atrativos.
Por Anne Hufnagel, Felipe Pacheco Schier da Cruz, Fernando Viveiro Dall’Ovo, Giovanna Massari Della Torre, João Gabriel Coutinho Xavier e Maitê Willemann. Alunos do 9º Ano.
POR TRÁS DO IMUNIZANTE CONTRA A COVID-19
As vacinas agem nas defesas do corpo, neutralizando o vírus antes que se multiplique, protegendo, de forma eficaz, a população
Nunca na história da vacinação houve a produção de uma vacina de forma tão rápida quanto a fabricação do imunizante contra o vírus Sars-CoV-2. Habitualmente, as vacinas levam cerca de 10 a 15 anos para serem desenvolvidas e aperfeiçoadas. Entretanto, na tentativa de conter a doença, que surpreendeu o mundo a partir de 2020, por meio de uma vacina eficaz, uma corrida vertiginosa foi iniciada e, em menos de 12 meses, antígenos já estavam sendo aplicados em seres humanos.
Tendo isso em vista, muitos têm dúvidas em relação a sua eficácia e a sua confiabilidade, uma vez que foi elaborada em tempo fora do usual. Portanto, alguns indivíduos acabam tendo receio de se vacinar por não terem conhecimento aprofundado sobre sua constituição e sobre a segurança a longo prazo desse medicamento. Para isso, é importante entender todos os processos percorridos antes da distribuição de qualquer vacina.
A BUROCRACIA POR TRÁS DA PRODUÇÃO DA VACINA DA COVID-19
Espaço na empresa de Pesquisa Clínica Internacional (CCBR) onde as vacinas são manipuladas e levadas para concluir o estudo junto ao prontuário do paciente
As vacinas, independentemente do seu método de ação (vírus vivo atenuado, vírus inativado, vetor viral não replicante, RNA), têm sempre o mesmo princípio: apresentar antígenos ao sistema imune, fazendo com que se prepare para produzir anticorpos no caso de uma infecção real. Para essa finalidade, toda vacina deve passar por uma fase de elaboração, na qual é decidido todo seu funcionamento (do princípio ativo até a forma de aplicação), sendo, em seguida, iniciados os testes pré-clínicos (no qual é evidenciada ação in vitro e testes de segurança em animais). Após a elaboração do produto comercialmente viável, com princípio ativo da ação estipulada em testes laboratoriais, são iniciados os testes clínicos.
Nos testes clínicos, evidencia-se a segurança em humanos e sua eficácia na população em geral (testes de fase 1, 2 e 3). Uma vez comprovada a segurança e a eficácia do imunizante, resultando em sua aprovação, começam as negociações de validação e venda com os diversos órgãos sanitários nacionais (no caso do Brasil, a ANVISA). Levando em consideração a produção das diversas vacinas existentes, a fabricação e aprovação dos imunizantes contra a Covid-19 não foi muito diferente. Dr. Murilo Etchebehere, infectologista, esclarece que o modelo de medicina aceito e praticado atualmente é o da “Medicina baseada em evidências”, ou seja, toda e qualquer intervenção ou medicação precisa ser embasada em estudos clínicos bem feitos, revisados pela comunidade científica e publicados para consulta geral. A aprovação das vacinas deve seguir esse mesmo método científico, garantindo, assim, a qualidade, segurança e eficácia do imunobiológico, independentemente de qualquer tipo de evento ou pressão externa.
As vacinas para o SARS-CoV-2 não foram exceção a essa regra, mesmo diante do cenário pandêmico, sendo obrigadas a passar por todas as fases de aprovação antes de serem liberadas para uso na população em geral. A maior diferença que se tem entre esse imunizante e os demais já aprovados foi a urgência em desenvolver algo para controlar de forma eficaz o cenário atual. Dessa forma, praticamente todo esforço global estava focado na produção desses imunobiológicos, com um gigantesco influxo de capital e mão de obra. Como afirma Karina Pedrotti Forlenza, farmacêutica e diretora da empresa de Pesquisa Clínica Internacional, CCBR, “os imunizantes foram aprovados em tempo recorde, porque era algo extremamente interessante para todos”.
DIFICULDADES NA PRODUÇÃO DA VACINA CONTRA O CORONAVÍRUS
Como quase toda pesquisa clínica, o financiamento geralmente costuma ser o maior problema quando se trata da elaboração de novas vacinas. Uma vacina, de forma geral, é um produto que será utilizado uma única vez e gerará proteção duradoura. Com isso em mente, vacinas não são os insumos farmacêuticos mais lucrativos para a indústria, e, frequentemente, não há grandes investimentos em seu desenvolvimento, principalmente no Brasil, onde as verbas de investimento na ciência são cada vez mais reduzidas, podendo levar décadas desde a elaboração até a comercialização do produto. No caso específico do SARS-CoV-2, o maior desafio foi o desenvolvimento da vacina para um patógeno extremamente novo, em constante mutações, fato que torna as vacinas já produzidas menos eficazes, já que foram produzidas com base
no modelo “original” do vírus, o que pode forçar a elaboração de novas vacinas que contemplem de forma eficaz as novas variantes. Ainda tem muito o que descobrir sobre a doença e suas sequelas a longo prazo, bem como se haverá necessidade de que ocorra a imunização periódica, como acontece anualmente contra a gripe
A VACINAÇÃO COMPLETA CONTRA A CO-
VID-19 É SINÔNIMO DE PROTEÇÃO TOTAL?
Inúmeros indivíduos, após tomar as doses recomendadas da vacina, acreditam estar 100% imunes ao vírus; porém, os sujeitos não adquirem imunidade completa, mas, sim, estão protegidos de desenvolverem formas mais graves da doença. Mesmo vacinas bastante eficazes, como a da Hepatite B, não oferecem garantia de gerar imunidade total. Isso ocorre devido a forma como o corpo funciona, gerando linhas de defesa contra o vírus após entrar em circulação no organismo..
De acordo com o infectologista, Murilo Etchebehere, “em uma pessoa vacinada, na enorme maioria das vezes, as defesas do corpo são suficientes para neutralizar o vírus antes dele se multiplicar; porém, em alguns casos, ocorre o que chamamos de infecções ‘breakthrough’, casos em que o vírus se multiplica, causando reações no organismo, mesmo na presença de anticorpos. Nesses casos, a doença costuma ser branda, porém ainda pode ser transmitida ou levar a complicações”.
Outro fator que gera dúvidas é a transmissão do vírus após as três doses do imunizante. Conforme especialistas, caso haja contato com grandes cargas virais, mesmo uma pessoa completamente vacinada e assintomática pode ter o vírus circulando em seu corpo com a possibilidade de transmiti-lo. Isso é especialmente verdadeiro quando se refere a novas variantes do SARS-CoV-2, pelas quais a transmissão é até 2,5 vezes maior que pelo vírus original. Por esse motivo, mesmo pessoas completamente vacinadas devem manter as medidas de distanciamento social, uso de máscaras e higienização das mãos.
A RAPIDEZ NA PRODUÇÃO GARANTE CONFIA-
BILIDADE NOS IMUNIZANTES?
APÓS CERCA DE UM ANO APÓS O INÍCIO DA PANDEMIA, PESSOAS COMEÇARAM A SER VACINADAS CONTRA A COVID-19 NO MUNDO
As vacinas não foram produzidas rapidamente por uma questão de serem “apressadas”, mas, sim, por uma necessidade mundial, o que fez com que recebessem maior investimento em novas tecnologias (RNA mensageiro), resultando em um tempo recorde de pesquisas e aprovações. Além disso, já existiam estudos com outras vacinas para coronavírus, por exemplo, o SARS-CoV (2003) e a MERS-CoV (2012 – Oriente Médio) os quais foram aprimorados. Aliado a tudo isso, a urgência que se teve em meio a um estado de pandemia exigiu que esforços de toda a comunidade científica fossem unidos a uma única causa. Porém, mesmo com toda essa urgência, há, acima de tudo, grande preocupação com a eficácia da vacina. Por isso, duas formas de se averiguar se as vacinas, de fato, são eficientes, são:
através de uma leitura cuidadosa de estudos científicos publicados sobre todas as vacinas, como seus testes de aprovação e estudos populacionais, realizados após a vacinação em massa de diversos grupos; ou, de maneira mais informal, observando a queda vertiginosa no número de casos graves internados em UTIs, assim como a diminuição nos números de óbitos à medida que a vacinação vai avançando. Embora estudos demonstrem que a terceira dose do imunizante aumente consideravelmente o nível de anticorpos e que todas as vacinas hoje disponíveis contra o novo coronavírus apresentem resultados satisfatórios; por se tratar de uma doença nova, ainda há dúvidas sobre a eficácia da imunidade vacinal a longo prazo, principalmente em pessoas imunossuprimidas, crianças, indivíduos com sistemas imunes imaturos, idosos ou profissionais da área da saúde que estão constantemente expostos. Logo, cientistas ainda se debruçam nos estudos para que haja, de fato, uma imunização efetiva a toda população.
ANVISA:
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, fundada no ano de 1999, tem como função fiscalizar a produção e consumo de produtos que são sujeitos à vigilância sanitária, como medicamentos, agrotóxicos ou cosméticos.
Essa agência reguladora deve garantir que todos os artigos de determinados nichos sejam seguros, de qualidade e tenham eficácia comprovada. Nos dias de hoje, devido à pandemia da Covid-19, esse órgão foi extremamente importante para certificar a segurança e funcionalidade das vacinas, dessa forma, aqui no Brasil, alguns imunizantes, como o da Pfizer e do Instituto Butantan foram aceitos, entretanto, a vacina aprovada na Rússia, Sputnik V, não teve sua liberação concedida pela Agência, uma vez que não havia informações e testes suficientes para garantir sua qualidade.
Por Antônio Bernardo Pinho Casaes, Bernardo Vianna Ciuffo, Catherine de Freitas Alonso, Eduardo de Camargo Loureiro, Isabela Brocchetto Guimaro, Maitê Willemann e Tomás Augusto Escobar Barbosa. Alunos do 9º Ano B.
“A busca universal pela beleza já acontece no mundo inteiro”
Desde o Egito e a Grécia Antiga até o período atual, padrões esteriotipados de beleza sempre existiram e foram impostos à sociedade. No entanto, o que vemos hoje é uma preocupação excessiva em relação a essa busca estética, acompanhada pela chamada “ditadura da beleza”.
Comerciais e propagandas, maravilhosos feeds nas redes sociais e capas de revistas com modelos de pele reluzente e corpos “perfeitos” só contribuiram para essa busca e, assim, para a popularidade das cirurgias plásticas.
Dr. Marcelo Araujo, chefe da equipe de urgência, na especialidade de cirurgia plástica, no Hospital Israelita Albert Einstein (HAE)
Diante dessa questão social, convidamos Dr. Marcelo Rodrigues da Cunha Araujo, graduado na Universidade de São Paulo(USP) em medicina, especialista em cirurgia plástica pelo Mestre Ivo Pitanguy, com 25 anos de experiência, reconhecido mundialmente, e tendo sido instintulado com o Golden Bistoury no 4º World Plastic Surgery do Cogresso de Mônaco, para nos explicar mais detalhadamente sobre a realização desses procedimentos plásticos e sobre a influência dos padrões de beleza na sociedade contemporânea.
A adolescência é um período de mudanças e de transformações. Dessa maneira, os jovens são mais sucetíveis à baixa autoestima, especialmente devido à influência da mídia. Consequentemente, a busca por procedimentos estéticos é muito requisitada. Em seu ponto de vista, a cirurgia plástica de fato pode ajudar no aumento da autoestima ou pode ser prejudicial para a saúde do adolescente, considerando que a sua saúde mental pode ser afetada?
A adolescência em si já é um período de inseguranças, e isso imbute uma série de transformações, tanto no seu corpo físico quanto na parte psicoló-
gica e intelectual também. Além disso, a cobrança estabelecida em cima do adolescente, hoje, principalmente por conta das mídias sociais, é um padrão quase que inatingível. Por isso, se eu sinto que um jovem está prejudicando o seu contato social, o seu convívio escolar, ou a sua saúde mental, por conta de uma orelha proeminente, por exemplo, e ele não convive bem com aquilo, operar tal defeito físico muda todo o seu conforto perante seus relacionamentos. Muitas vezes, é também esse incômodo social que ocasiona o bullying, deixando o adolescente retraído e, até mesmo, deprimido. Dessa maneira, quando você opera uma pessoa, é muito importante levar em conta a sua reintegração social em seu grupo de amigos ou de indivíduos da família. Por outro lado, muitas vezes, essa insegurança surgiu de algo inexistente, porque o jovem viu um padrão de beleza no Instagram, com nenhum defeito físico e cheio de filtro e maquiagem, e se achou menos bonito que ele/a. A partir daí, existe o desejo de querer operar pelo simples fato dessa pessoa se achar menos bonita que o outro da mídia social.
Nesse caso, eu acho que é uma cirurgia que já não está mais bem indicada e é preciso proteger o adolescente que está passando por essas transformações e mostrar que, geralmente, aquilo que é mostrado nas redes, não é uma realidade.
De acordo com a revista Carta Capital, a cirurgia plástica atinge principalmente o público feminino, compondo 86% do total de pacientes. Em sua opinião, por que as mulheres recorrem mais a esses procedimentos do que os homens? Independente do indivíduo, é importante falar sobre a nossa cultura como sociedade. Nela, apesar de vivermos em um país livre, onde todos teoricamente têm direitos iguais, apresentam liberdade de expressão e detém o direito à vida, em muitos
países do mundo, as mulheres não têm igualdade e são muito mais cobradas esteticamente e psicologicamente do que os homens. Dessa forma, isso já nasce de uma cobrança gerada em cima das mulheres e de uma ideologia de que o homem tem direito a envelhecer pior ou ter outras cobranças psicológicas menores. Apesar disso, no passado, os homens tinham um certo preconceito por essa busca por beleza, o que têm mudado bastante dos últimos tempos para cá. Assim, da mesma maneira que as mulheres têm conquistado cada vez mais direitos, os homens também estão começando a recorrer mais a esses tratamentos, seja por estética ou por rejuvenescimento, e isso não afeta sua masculinidade.
Muitos imigrantes sofrem com a xenofobia ao entrarem em um novo país. Dessa forma, na tentativa de acabar com esse preconceito, muitos buscam por cirurgias plásticas para se adequarem aos padrões de beleza do novo país e tentam mascarar quaisquer traços de sua etnia. Na sua opinião, o uso de procedimentos estéticos, nesse caso, pode desvalorizar a cultura do imigrante? Se sim, como podemos acabar com essa prática?
É muito difícil definir o conceito beleza. Porém, umas das definições podem ser os padrões de raça e de etnia. Quando vejo, por exemplo, um paciente oriental que quer transformar o olho em ocidental, acredito que isso não é uma coisa interessante, já que a beleza deve levar em conta os valores culturais de raça e do grupo onde o indivíduo vive. Além disso, muitas vezes, essa pessoa faz isso em busca de maior aceitação ou de pertencimento a determinado grupo. No entanto, penso que isso tenha que ser mudado na cabeça de todos. Temos que aprender a enxergar beleza de maneiras diferentes, o que não se vê nas mídias, por exemplo. Isso
porque, propagandas de cosméticos e de beleza, principalmente as de marcas conhecidas, veiculadas em diversos meios de comunicação, atingem o mundo inteiro, muitas vezes, expressam uma beleza unicamente europeia ou americana. O problema é que, hoje, essa busca universal pela beleza já acontece no mundo inteiro, mesmo com a pessoa não se mudando de seu país. Assim, quando um coreano ou um japonês vêem tal propaganda, por exemplo, consequentemente tem o desejo de se parecer com a pessoa mostrada no comercial. Hoje, há ainda a questão das barreiras físicas dos países já não existirem mais, e o mundo ser completamente globalizado.
Cerca de 6 a 24% dos pacientes que buscam realizar cirurgias plásticas apresentam o chamado Transtorno Dismórfico Corporal (TDC). Qual é o papel do cirurgião plástico ao detectar esse transtorno no paciente? É ético ou não realizar o procedimento cirúrgico?
Quando a pessoa apresenta um transtorno dismórfico, que é um transtorno psicológico, cabe ao médico alertar ao paciente que a cirurgia não está indicada. Isso porque, ao relatar um desconforto, o qual a pessoa é muito obcessiva por, e que você como médico, examinando o paciente, não detecta, não há como operar e tentar corrigi-lo, já que o paciente nunca vai estar satisfeito, considerando que tal defeito não existe. Dessa maneira, contraindicamos a cirurgia nesses casos, orientando essas pessoas a procurarem apoio psicológico, tratamento de psicanálise ou psiquiátrico, a fim de tentar saber de onde vem esse grau de incômodo.
Em razão da pandemia, todos nós acabamos ficando em casa por um longo período, e, assim, passamos a enxergar defeitos em nossos rostos ou corpos. Isto posto, o Senhor acredita que a pandemia contribuiu para o aumento pela procura por cirurgias plásticas? Se sim, quais são os procedimentos mais procurados?
De fato as cirurgias aumentaram. Isso porque, com as pessoas reclusas em casa, passaram a estar mais conectadas a fatores externos e aos seus afazeres, gerando maior ansiedade e comparação. Por isso, a cirurgia que mais aumentou foi aquela que gera distorção no vídeo, isto é, a rinoplastia, principalmente em jovens, uma vez que as pessoas estão se vendo muito no vídeo, e, muitas vezes, acabam encontrando defeitos em seus rostos, por se olharem o tempo todo. Ainda, foi comprovado que a câmera do celular, por exemplo, não é uma câmera ideal, pois distorce a pessoa em alguns aspectos, fazendo com que ela acabe aceitando tais imperfeições como verdade.
GOLPE DAS
DESENVOLVEDORAS
Nessa quarentena, diga-se de passagem, fiquei um pouco acima do peso, mas posso explicar! Devido ao lockdown imposto pela pandemia, todas as academias tiveram suas portas fechadas por uma questão de segurança sanitária. Como de costume, um belo dia, navegando pelos stories de meu perfil no instagram, deparei-me com a propagan da de um aplicativo de exercícios físicos, que se anunciava como gratuito. Sem pensar, logo o baixei. Mal preenchi meu cadastro e, imediatamente, fui direcionado para uma página que me alertava “Para ter acesso a todos nossos treinos diários, assine nosso pacote mensal por apenas R$49,99 ao mês. Experimente nossas aulas por 7 dias gratuitos. Você se encantará!”. Como é que é? R$49,99 por mês? Mas então o que era gratuito, o cadastramento?
De que adianta eu pagar esse valor todo apenas para ver um ser bombado por trás da tela, realizando exercícios funcionais e me instigando a copiá-los, mesmo sem saber se tenho ou não condições físicas para fazê-lo (ou seria melhor chamar de habilidades?). Queria mesmo é puxar peso, fortalecer os músculos! Na academia em que eu frequentava antes da pandemia, pagava R$89,90 por mês, com direito a usar todos os equipamentos profissionais. Já com o bendito aplicativo terei que ficar estirado no chão, aguentando meu próprio peso e, caso necessite de algum pesinho, deverei me virar com sacos de arroz, feijão, garrafas de leite. Sinto falta da companhia de amigos a meu lado enquanto malhava, até porque, pelo aplicativo, serei só eu e o instrutor malhado que só sabe me dar ordens e gritar palavras de incentivo que, na verdade, só me desmotivam.
Mas voltando para a questão central... a invenção mais maligna do ser humano foi criar aqueles “7 dias grátis” que todo aplicativo possui. Aquilo nada mais é do que um método de sugar nosso dinheiro, até porque, para usar essa ferramenta somos forçados a adicionar os dados de nosso belo cartão de crédito, mesmo na promessa de, caso nos arrependamos, poderemos cancelar a assinatura a qualquer instante.
Porém, não se trata de um procedimento simples. Quando esse período de teste acaba, impiedosamente a conta é debitada em nossa fatura, não interessa se gostamos, se usamos ou se, simplesmente, esquecemos de cancelar. Aliás, aí é que mora o perigo! Cancelar: como, onde? Não há uma alma viva a quem possamos recorrer para nos orientar, para nos auxiliar a encontrar o maldito link responsável pelo cancelamento, o qual está sorrateiramente nos espiando, torcendo para que não o encontremos.
Percebo que hoje, com o advento dos APPs, mais do que nunca, a palavra grátis é muito utilizada para manipular nosso lado consumista. Ficamos tentados a experimentar diversos aplicativos na promessa de se não gostar é só cancelar. Porém, de valorzinho em valorzinho, no final do mês a fatura do cartão nos dá um susto!
Sou a favor de acabar logo com essa gratuidade ilusória. Se querem cobrar, que cobrem logo, mas não brinquem com a vontade e a inocência alheias. Não quero experimentar mais nada gratuito. Já está decidido, manterei meus quilinhos a mais até que possa retornar a academia da realidade, como pessoas de verdade e muito suor!
Por Beatriz Resende Nobrega Luércio, Bernardo Vianna Ciuffo, Débora Moritz Barbosa, Gustavo Rodrigues Machado, Kauê Felipe Mendes e Victor Jacovazzo Vianna. Alunos do 9º Ano A e B. Ilustração de Luiza Lira Souza, aluna do 9º Ano C.
Por Eric Yuji Kuroiva Sato, Felipe Pioli Cancela, João Pedro Carniel da Cunha Araujo, Luiza Imai de Oliveira, Manuela Moriki Horta e Sara Strauss. Alunos do 9º Ano.
COMO SOBREVIVER A UM DIA NO COLÉGIO VÉRTICE
Sobreviver a um dia no Colégio Vértice não é fácil! Para que essa experiência seja mais tranquila, devem-se saber algumas estratégias para assistir às aulas de cada professor. Venha conhecer algumas de nossas recomendações, com base em nossas próprias vivências, a fim de enfrentar um dia cheio de aulas dentro dessas paredes amarelas.
AULA DE GEOGRAFIA 7H às 7H45
Na aula do Thiago, é preciso estar sempre atento, pois conteúdo é o que não falta! É importante ouvir as perguntas de seus coleguinhas: a qualquer momento você pode ser chamado para respondê-las.
Em relação à Aula do Aluno, é melhor você começar a elaborá-la o quanto antes: o prazo de entrega é às 23h59 e não há tolerância para atrasos.
PREPARE SEU CORAÇÃO PARA SORTEIOS COM MUITA EMOÇÃO
AULA DE REDAÇÃO 7:H45 às 8H30
Na aula da Claudine, recomendamos que você assista ao Fantástico e leia notícias, para sempre ter o melhor dos repertórios. Assistir ao BBB está fora de questão: estar sempre disposto é fundamental.
Durante esses 45 minutos, além de discussões dinâmicas e abertas, a fofoca rola solta.
CUIDADO COM OS OUVIDOS! PISADAS FORTES DE
AULA DE HISTÓRIA 8H30 às 9H15
Na aula do Gus, vivemos 50 anos em 45 minutos. Damos início a crises e guerras; derrubamos ditaduras e impérios e, ainda por cima, superamos uma overdose de leituras prévias e de formalizações.
Mas não desanime: mesmo em dias de chuva, o Sol brilha para o Gus!
V.As APARECEM MAGICAMENTE NO ARMÁRIO DE GUS.
“Não há nada ruim que não possa piorar.”
“Mato Grosso do Sul não existe!”
“A opinião de vocês pouco me importa! O que vale é o seu argumento!”
AULA DE MATEMÁTICA 9H15 às 10:00H
Na aula da Ina, não existe enrolação: começamos a manhã sempre com uma matéria diferente e, em apenas uma semana, acumulamos cerca de 2000 fichas.
Mesmo matemática não sendo a matéria favorita de muitos, a aula torna-se interessante quando as histórias de suas filhas viram tópico da conversa.
PIADAS MATEMÁTICAS SÃO O QUE NÃO FALTAM.
INTERVALO 9H15
“Eu brinco que ...”
“O que MMC estava fazendo perto da escada? Esperando o MDC.”
“Mato Grosso do Sul existe, sim!”
Assim que o sinal do intervalo tocar, corra, mas, cuidado, pois o Adilson não gosta de correrias. Em alguns minutos, as filas da cantina tornam-se quilométricas. Alunos do 6° ao 9° ano preparam-se para comprar o famoso pão na chapa. O tempo é curto, então converse enquanto pode e (não) use o banheiro
“Ah, fala sério, gente! ”
“Vamos lá, gente: deem chutes e caneladas!”
AULA DE INGLÊS 10H às 10H30
As aulas do teacher André se iniciam com o famoso concentration time, em que as músicas relaxantes nos inspiram para o resto da manhã.
Mas não são só músicas tranquilas que ouvimos durante as aulas: presenciamos um show de músicas pop, como do hit Love Yourself, diariamente.
PENSE DUAS VEZES ANTES DE ATRAPALHAR A AULA DO ANDRÉ. SUA MEMÓRIA NÃO FALHA!
“No drama!”
SALTO ALTO SÃO CONSTANTES.
AULA DE BIOLOGIA 10H30 às 11H15
Na aula da Nadine, começamos sempre conversando sobre a vida. Comentários sobre roupas, histórias de vida e outras curiosidades são essenciais para começar uma boa aula de biologia. Mas conteúdos sobre animais, plantas, cromossomos e diversos nomes esquisitos que, aliás, dariam ótimos nomes para crianças, não faltam por aqui também.
“Olá, pessoas!”
“Não, tô brincando”
AULA DE ARTES 12H às 12H45
Na aula da Telma, fazemos arte ao som das melhores playlists. São inúmeros os trabalhos inovadores, então, não tenha medo de abusar da sua criatividade!
Mas, não se preocupe: independentemente de suas habilidades artísticas, a Telma sempre consegue ver algo de bom em cada trabalho.
A ANIMAÇÃO DA TELMA CONTAGIA!
SAÍDA 12H45
“Bom dia, Brasil!”
“Boa noite, Japão!”
A saída é sempre uma loucura, mas temos o Manu, o Elmano, a Neuma e o César para nos colocar na linha. Eles são aqueles que veem e de tudo sabem. Graças a eles, essa escola amarela permanece em ordem e cheia de alegria.
COMENTÁRIOS SARCÁSTICOS DE CINCO EM CINCO MINUTOS
Microplástico: um problema quase invisível
Mesmo contaminando o ecossistema e fragilizando a saúde dos seres vivos, o microplástico, além de ser um assunto pouco discutido, não recebe a visibilidade necessária para que haja conscientização social
Nas últimas décadas, a produção de plástico aumentou significativamente em função de seu baixo custo, alta durabilidade e resistência. Entretanto, o plástico, quando descartado de forma inapropriada, fragmenta-se em proporções cada vez menores a partir da exposição a micróbios, ao oxigênio, ao vento e ao calor, até atingir tamanho inferior a 5 milímetros, quando passa a ser reconhecido como microplástico. Em 2017, a ONU divulgou que há mais de 51 bilhões de partículas microplásticas nos oceanos. O mais espantoso sobre esse fato é que o plástico é produzido em larga escala há apenas 60 anos e ele já pode ser encontrado em sua forma diminuta em todos os ambientes: no ar, nos oceanos e até mesmo em órgãos humanos, como pulmão, fígado, baço e rins. Em consequência do crescente consumo de produtos que possuem plástico em sua composição, grandes volumes desse material são inadequadamente descartados e, de forma direta ou indireta, atingem o meio ambiente, desencadeando uma série de impactos catastróficos. Segundo o cofundador e diretor da Ocean Clean Up, Laurent Lebreton, os rios são os maiores responsáveis pela chegada do plástico ao mar, transportando entre 1,1 a 2,4 milhões de toneladas todos os anos.
Destarte, atividades antrópicas que vão desde práticas menos comuns, como a pesca fantasma, até ações cotidianas, como a lavagem de tecidos sintéticos, o uso de esfoliantes, de tintas acrílicas e, até mesmo, de purpurina, são altamente danosas aos ecossistemas, por constituírem fontes de microplásticos. Entretanto, “por ser algo novo, o tema ainda não foi tratado com a urgência que deveria receber”, segundo a Mestra e Doutora em Engenharia Ambiental, Especialista em resíduos sólidos e Consultora Ambiental, Isabela Bonatto.
MICROPLÁSTICO NO OCEANO
Microplásticos na Represa Guarapiranga evidenciam o elevado índice dessas partículas no meio ambiente
No mar, os microplásticos atuam como agregadores de poluentes orgânicos persistentes (POPs, substâncias altamente nocivas aos animais, que causam distúrbios hormonais, imunológicos, neurológicos e reprodutivos), afetando a saúde da fauna marinha. Isso porque as micropartículas de plástico são ingeridas pelos animais, e, por não serem digeridas, mantêm-se em seus organismos. Assim, os POPs acumulados nos microplásticos podem matar organismos fundamentais para o equilíbrio do ecossistema marinho, como zooplânctons e krills. Além disso, os microplásticos existentes nos organismos de seres vivos são transmitidos de uma espécie para outra, por meio da alimentação. O maior impacto de tais partículas ocorre devido ao fato de os diversos animais que constituem a base da cadeia alimentar também pertencerem à espécies que acumulam os maiores volumes de microplásticos, como acontece com os mexilhões, que, por exercerem função de filtros do oceano, concentram os contaminantes presentes em seu habitat. Desse modo, além de o microplástico ser rapidamente disseminado pelo oceano, é ingerido pelos seres humanos, já que usufruem dos recursos marinhos.
IMPACTOS NA SAÚDE
Lixos plásticos podem ser encontrados em muitas espécies de animais marinhos, como aves, as quais 90% estão contaminadas com fragmentos plásticos (Disponível em: https://guiabirdingbrasil.com.br/lixo-no-mar-se-torna-um-pesadelofatal-para-as-aves/)
Os microplásticos contêm alguns tipos de contaminantes químicos que podem causar problemas endócrinos. Essas substâncias possuem aditivos dos plásticos, como ftalatos e bisfenol A, bem como outros elementos, denominados bromados, usados em produtos domésticos e embalagens de alimentos.
Um estudo realizado por cientistas da Universidade do Arizona mostrou que os microplásticos podem passar pelo trato intestinal dos humanos e, devido a sua micro espessura, adentrar nos órgãos. O experimento detectou dezenas de tipos de componentes plásticos dentro dos tecidos humanos em 47 amostras de tecidos corporais, colhidas de pulmões, fígado, baço e rins. “Já encontraram microplásticos em fezes humanas, na placenta, e, até mesmo, em crianças. Essas partículas são incorporadas no organismo humano, e seus componentes podem interferir em funções hormonais, causando problemas que se estendem da infertilidade ao câncer”, afirma Bonatto.
As substâncias tóxicas atuam no processo de bioacumulação nos sistemas biológicos, assim todos os organismos envolvidos na cadeia alimentar são prejudicados. As substâncias plásticas podem, eventualmente, se acumular dentro do organismo e, com o tempo, tornarem-se uma obstrução no esvaziamento estomacal.
Produção e descarte durante a pandemia
Nos primeiros meses da pandemia, a empresa de delivery Rappi registrou um aumento de 300% em pedidos
A Fundação alemã Heinrich Böll publicou, recentemente, no relatório do Atlas do Plástico, o aumento do consumo de plástico, durante a pandemia, em razão da entrega de alimentos em casa, decorrente do isolamento social. Diversas empresas de delivery como Ifood e Rappi utilizam muitas embalagens plásticas. O Brasil, por exemplo, atualmente, produz mais de 200 bilhões de itens descartáveis por ano. Para evitar esse problema, é imprescindível reduzir o consumo de plásticos de uso único, como canudinhos, sacolinhas, pratos e talheres descartáveis, ainda que biodegradáveis, “pois, muitas vezes, o plástico biodegradável se decompõe apenas em condições controladas de compostagem, com pressão, temperatura e umidade bem específicas”, segundo Isabela Bonatto. O processo da reciclagem não é capaz de absorver todo o plástico no ritmo em que é descartado, e a porção direcionada a aterros sanitários continua a se fragmentar em microplásticos. É fundamental dar preferência ao consumo de produtos vendidos a granel, para evitar a produção de embalagens plásticas, pois, ainda que a reciclagem reduza os impactos ambientais, ela não é a solução para o problema. Desse modo, seria recomendável a pesquisa, o desenvolvimento e a oferta de opções de embalagens mais sustentáveis que possibilitem ao consumidor maior poder de escolha, para que possa, de forma efetiva, contribuir para a redução de poluição de microplásticos no meio ambiente.
ILHAS DE PLÁSTICO
CRÔNICA
No cotidiano, muitas vezes a utilização de objetos plásticos descartáveis, como garrafas PET, facilita rotinas, já que o plástico é durável e resistente à degradação. No entanto, de acordo com o Programa Ambiental das Nações Unidas (PNUMA), cerca de 90% de todo o lixo marinho é composto por plástico. Ademais, a partir de estudos publicados na revista científica Nature Sustainability, há 46.000 fragmentos de plástico a cada 2,5 quilômetros quadrados nos oceanos, dentre os quais 27% são constituídos de sacolas de supermercado. Sendo assim, grandes concentrações de plástico se formaram, conhecidas como “Ilhas de plástico”, havendo 5 enormes delas espalhadas pelos oceanos do mundo.
Tais ilhas são formadas principalmente por microplásticos a partir de correntes marinhas rotativas, que agem de maneira similar a um redemoinho, atraindo objetos e partículas para um único local.
As concentrações de plástico acabam abalando pontos específicos do oceano, em que estão localizadas. Segundo a ONU, mais de um milhão de animais são mortos devido a resíduos oriundos de microplásticos. Além disso, esses mesmos resíduos que contribuíram para a destruição desse ecossistema marinho, também abalam pequenas comunidades, uma vez que prejudicam a pesca e a qualidade do ar. Dessa maneira, as Ilhas de Plástico se tornam um problema tanto econômico quanto ambiental, repercutindo de forma bastante negativa na vida dos seres vivos e do meio ambiente.
André Augusto
Betina
dos Santos,
Baptistuta Stevenson, Eduardo Uchida Kato, Gabriela Felix da Silva, Giovanna Massari Della Torre, Renato Augusto Manetti, Sara Strauss. Alunos do 9º Ano B.
Ilha de plástico no Oceano Pacífico com extensão de aproximadamente 1,6 milhões de km² de plástico
AUTOMUTILAÇÃO: POR TRÁS DAS CICATRIZES:
se
Você já se automutilou? Já feriu seu próprio corpo? Foram com essas questões que a psicóloga Drª. Giselda de Lima iniciou a conversa com nossa equipe de reportagem. Segundo ela, a resposta é afirmativa, a automutilação é frequente em nosso dia a dia, como quando furamos a orelha para colocar brincos, ao fazermos tatuagens permanentes, ou, até mesmo, quando nos depilamos. Nesses casos, o ato não é prejudicial às nossas vidas, pois está ligado a uma questão de estética. O problema se inicia quando a prática torna-se compulsiva e frequente, e os objetivos passam a ser outros.
Pessoas que se automutilam, no sentido negativo do termo, fazem-no como forma de aliviar/amenizar uma dor emocional muito intensa, seja devido a uma sensação de abandono, uma ansiedade muito grande, um quadro depressivo, ou algum transtorno mental. Dados de 2019 da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que 5,8% dos brasileiros, cerca de 12 milhões de pessoas, sofrem de depressão. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem o maior índice de pessoas com transtornos de ansiedade em todo o mundo. Consequentemente, 1.173.418 casos de automutilação foram notificados no país.
Com o isolamento social, exigido durante a pandemia de Covid-19, esse comportamento acentuou-se, uma vez que jovens foram privados de se socializar com amigos presencialmente, algo de extrema importância para a saúde mental nessa fase da vida.
As
causas
mais comuns da automutilação
A pessoa que se automutila tem completa consciência do que faz; por isso, sempre esconde seus machucados e cicatrizes, através de mangas longas, por exemplo. Entretanto, continua praticando o ato, pois tenta aliviar uma dor psicológica muito intensa, preferindo a dor física à emocional. De acordo com Giselda, para os pacientes que se autoagridem, trata-se de uma dor menor.
Automutilação é assunto pouco discutido na sociedade; porém, presente na vida de muitos jovens que buscam o alívio de uma dor psicológica intensa. As principais causas para a prática compulsiva do ato é a depressão, a solidão, a ansiedade e transtornos psicológicos
Ela ainda reforça que, na maioria dos casos, a automutilação relaciona-se diretamente com quadros de ansiedade e de depressão, sendo, muitas vezes, um sintoma desses transtornos mentais.
A influência dos amigos
Até chegar à adolescência, os pais são a maior influência dos filhos, sendo idealizados pelas crianças; ou seja, elas tendem a acreditar em tudo o que seus progenitores afirmam. Contudo, a partir da adolescência, ocorre uma “desidealização” dos pais, que passam a ser questionados por seus filhos. Assim, os jovens buscam outras pessoas para se inspirar e se identificar, como professores e amigos. Portanto, a influência de amizades começa a exercer maior força que a dos pais.
Muitas vezes, esses jovens tornam-se amigos de pessoas que se automutilam. Nesse sentido, como são naturalmente influenciados, passam a apoiar e, até mesmo, a admirar seus colegas, podendo, por empatia, passar a sentir a mesma dor emocional daquele que se autoagride. Por isso, quando um jovem pratica a automutilação, há forte tendência de seu amigo também praticar.
Por outro lado, segundo os Orientadores Educacionais do Colégio Vértice, há estudantes bastante maduros, que, ao se depararem com situações difíceis como essa, são capazes de discernir os fatos, ajudando o outros sem que precise se envolver emocionalmente.
A reação dos familiares
Já no âmbito familiar, a situação pode ser mais complicada. Normalmente, os pais ficam assustados e, por isso, buscam ajuda quando ficam sabendo que seus filhos se automutilam. Porém, conforme ressalta a Drª Giselda, “alguns pais nem enxergam seus filhos”, logo os jovens continuam a praticar
Pessoas que
automutilam costumam esconder seus ferimentos, colocando roupas ou acessórios por cima das cicatrizes
a automutilação, não recebendo nenhuma outra ajuda para lidar com o sintoma.
Durante a pandemia do novo coronavírus, as famílias foram obrigadas a ficarem confinadas dentro de casa, sem nenhum contato externo. Nos casos em que os parentes já tinham relações familiares conflituosas, os jovens acabaram não tendo nenhum apoio emocional para lidar com seus anseios. Dessa forma, uma das alternativas para amenizar o sofrimento psicológico foi a automutilação, acentuando a ocorrência dessa prática nesse período.
OS EFEITOS DAS REDES SOCIAIS
Nos últimos anos, as redes sociais ganharam grande representatividade no cotidiano da sociedade, principalmente no dos jovens, que já nasceram em um mundo de socialização e de comunicação virtual. Apesar dos amplos benefícios desses recursos, as mídias também trouxeram resultados negativos no comportamento de seus usuários, como a disseminação da automutilação.
Devido à ação das redes sociais, esse ato é classificado por alguns psicólogos como uma epidemia. No Facebook, há diversas páginas sobre autoagressão, as quais são interpretadas por alguns como uma comunidade de apoio, em que há compreensão do ato; porém, também são vistas por outros como algo extremamente perigoso, já que pode estimular e propagar a prática.
Muitos dos participantes dessas páginas acabam aderindo à comunidade virtual apenas por influência dos amigos e colegas, e começam a se automutilar porque veem outros fazendo, como se fosse uma “moda”, não necessariamente por sentirem uma dor interna profunda. Na maioria das vezes, é apenas um sentimento de tristeza momentâneo. Nesses casos, profissionais de saúde, pais e a escola têm o papel de advertir os jovens sobre a presença de conteúdos inadequados nas redes sociais e da desinformação
Tais conteúdos não são sempre diretamente relacionados à automutilação, muitos influenciam sentimentos de tristeza, solidão ou insuficiência nos jovens, como também podem agravar um sentimento já existente. Segundo a psicóloga Giselda Lima, o real problema das redes sociais se dá quando são usadas em excesso, pois aqueles que veem frequentemente as “coisas tóxicas” na internet, acabam sendo prejudicados por elas. .
O PAPEL DA ESCOLA
É essencial que o praticante da automutilação procure ajuda profissional para que possa tratar as causas emocionais de seus problemas
A escola é o maior meio de socialização dos jovens; assim, tem uma grande responsabilidade em auxiliar os alunos a passar por dificuldades tanto estudantis quanto psicológicas. Assim, o Setor de O.E. do Colégio Vértice acredita que “a escola deve intervir de forma acolhedora, promovendo um espaço de escuta sem julgamentos”. Ainda defende que, quando os alunos estão em processo terapêutico, a escola deve conversar com esse profissional, pois, dessa forma, terá melhores condições para averiguar os motivos e origens de tal comportamento.
Por parte dos professores, quando percebem algum caso de automutilação entre os alunos, devem imediatamente dividi-lo com a equipe de orientadores educacionais, uma vez que, de acordo com os Orientadores do Colégio Vértice, embora “o caso não deva ser discutido em público”, é de extrema importância ressaltar que não deve ser mantido em sigilo com o professor, pois a falta de conhecimento por parte dos responsáveis pode acabar agravando a situação do adolescente, como em mais cicatrizes e, até mesmo, em outras ações mais graves.
Há preconceito sobre a automutilação?
A automutilação é um fenômeno mundial, sendo mais comum na vida dos adolescentes e jovens; por isso, é de extrema importância que o assunto seja debatido nos âmbitos escolar e familiar, a fim de reduzir sua ocorrência.
Segundo o Setor de O.E., apesar do crescente número de jovens que machucam a si próprios como forma de tentar tornar física a dor emocional, o tema ainda é visto como um tabu na sociedade. É muito difícil e dolorido para a família aceitar uma situação como essa, em especial, pelo receio do desenvolvimento do comportamento suicida.
Em contraste a esse posicionamento, a Drª. Giselda aponta que o que a sociedade pensa sobre a autoagressão não está, necessariamente, relacionado a um preconceito, mas a um certo receio do ato. Mesmo com esse medo, as pessoas tendem a ajudar o praticante, fornecendo assistência médica, a qual sabe lidar com os casos da melhor maneira possível.
O principal problema é a desinformação sobre o assunto. A automutilação é algo sério, e muitos não conseguem entender isso, pois relacionam a prática com “dramas”, “frescuras” e “exageros”. Na realidade, a autoagressão é um sintoma de alguma doença psicológica extremamente grave.
Dessa maneira, Drª Giselda defende que “É preciso maior informação acerca da automutilação”. Informada, a população será capaz de compreender a gravidade do ato e proporcionar apoio adequado aos praticantes. Devese entender que pessoas que se automutilam não são “dramáticas” por praticarem o ato, apenas humanas. Automutilação não é brincadeira!
Por Chiara Rodrigues Vaccari Mazzetti, Gabriel Ataide Rodrigues, Giovanna Ricarte Leme, Luiza Camargo Pereira, Mark Hufnagel, Natalie Kaori Nishita Suzuki e Raquel Lunardelli D’Avila. Alunos do 9º Ano A.
Plataformas de streaming: uma ideia
Como as plataformas de streaming mudaram o âmbito do entretenimento e atingiram a marca de 1,1 bilhão de usuários ao redor do mundo
Assistir a filmes e a séries tornou-se mais prático e rápido ao longo dos anos, sendo necessário apenas um simples clique para desfrutar dos mais diversos conteúdos oferecidos ao telespectador. No entanto, as plataformas de streaming, que hoje fazem parte do cotidiano de grande parte da população, eram bem diferentes do modelo que conhecemos, e enfrentaram um árduo caminho para conquistarem sua atual reputação.
Por volta dos anos 2000, o acesso a esse tipo de entretenimento era realizado por meio de locadoras, sendo a mais famosa a rede Blockbuster. Entretanto, a locação era significativamente cara, visto que o complexo sistema de videocassetes, que exigia o processo de rebobinação das fitas, baseava-se na soma do preço do aluguel do conteúdo com a possível taxa de atraso.
Esse procedimento complicou-se ainda mais devido ao deslocamento inconveniente do consumidor juntamente com o enorme fluxo de outros clientes nas lojas, o que criava extensas e demoradas filas. Dessa forma, ao passo que a procura por esses conteúdos revelou-se grande em relação à sua oferta, a aquisição tornou-se cada vez menos acessível.
Foi por esse motivo que Reed Hastings e Marc Randolph fundaram, em 1997, a Netflix. No início de sua atividade, a empresa trabalhava com entrega de conteúdos na casa dos consumidores. Para tanto, a instituição investiu em um modelo que acabara de ser lançado: os DVDs. Dessa maneira, os assinantes escolhiam pelo site o filme que desejavam e recebiam-no em suas residências. Felizmente, o novo sistema foi um grande sucesso e, rapidamente, muito bem-recebido pelo público. A recém-criada empresa chegou a fazer uma oferta à Blockbuster, porém a rede de locadora recusou-se a realizar a compra, o que, hoje, pode ser percebido como uma grande oportunidade perdida.
Ao longo do tempo, a plataforma sofreu diversas mudanças. Em 2007, foi implementado o modelo de vídeo: os assinantes escolhiam o conteúdo desejado e poderiam assisti-lo imediatamente, por meio de seus dispositivos. Desse modo, após uma série de adaptações, a Netflix transformou-se na empresa que conhecemos hoje, sendo pioneira em um serviço que se tornaria cada vez mais popular. Com isso, surgiu o streaming, uma forma
de transmissão instantânea de conteúdos pela internet, na qual os dados não são armazenados no dispositivo do usuário. O grande sucesso de tais plataformas se dá pela comodidade que é oferecida (como a possibilidade de pausar, acelerar e retomar o conteúdo que está sendo assistido) e pelo fato de que, através de uma conta, com um preço razoável, é possível acessar grande acervo de filmes, séries e documentários a qualquer momento.
A CONCORRÊNCIA ENTRE AS EMPRESAS
Como efeito do sucesso da Netflix, outras empresas foram inspiradas a criar seu próprio serviço de streaming. Foi dessa forma que surgiram inúmeras plataformas com conteúdos exclusivos, como HBO GO, Amazon Prime Video, Globoplay, Disney+, Hulu e Apple TV+. No entanto, a constante busca por audiência gerou uma enorme disputa entre as organizações, o que resultou em uma série de vantagens para seus consumidores. A diversidade na oferta desses recursos, aliada à grande demanda, gerou alta variedade nos preços das assinaturas. Logo, a fim de atrair cada vez mais usuários, as empresas tendem a abaixar os valores de seus serviços e disponibilizar promoções, para se tornarem mais atrativas em comparação a seus concorrentes.
Além disso, com o objetivo de despertar o interesse de possíveis assinantes, as companhias buscam investir ainda mais em seus projetos. De
Por Alessandro Massari Della Torre, Felipe Pioli Cancela, Fernando Viveiro Dall’Ovo, Júlia de Paula Mehl Duque, Laís Pavan Martinez e Maria Luiza Parro Mwosa. Alunos do 9º Ano C.
acordo com Rodrigo Lessa, doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea (UFBA), “Além das várias plataformas de streaming que o público pode assinar, as empresas se esforçam para oferecer exclusividade nas séries e filmes, pois, assim, conseguem atrair assinantes aos seus serviços. É por isso que vivemos, no momento, um grande aumento nas produções originais”. Por outro lado, tal exclusividade de conteúdo pode obrigar o consumidor a possuir diversas assinaturas para poder assistir aos conteúdos que deseja.
Logo, pode-se afirmar que a concorrência entre as plataformas é o principal motivo para que as empresas continuem, constantemente, se reinventando, sendo possível prever que o mercado de streaming se expanda cada vez mais nos próximos anos. Assim, progressivamente, os consumidores sofrerão com os efeitos da nossa realidade capitalista, isto é, aqueles que desejam desfrutar dos conteúdos dessas plataformas deverão se adaptar às medidas adotadas pelas instituições que estão sempre em busca da obtenção de lucro..
Impactos na TV aberta
Em virtude de grande parte da população ter substituído os tradicionais canais de televisão pelos mais variados serviços de streaming, as redes de TV aberta passaram a perder, significativamente, sua audiência. Em 2021, por exemplo, segundo o último levantamento feito pela Anatel - Agência Nacional de Telecomunicações -, as operadoras de TV a cabo perderam, mensalmente, 170 mil clientes. Atualmente, o Brasil conta com 14,1 milhões de usuários (equivalente a 6,6% da população brasileira), o que foi registrado como o menor número desde agosto de 2012, quando as redes de televisão apresentavam 700 mil telespectadores a mais .
o Globo Play, que dispõe de todo o conteúdo apresentado no canal, porém moldando-o às necessidades de cada indivíduo.
O USO NO PERÍODO DA QUARENTENA
É fato que as plataformas de streaming já se encontravam em enorme crescimento antes do cenário pandêmico. No entanto, em meio à quarentena, quando fomos obrigados a passar longas e tediosas horas em casa, a demanda por esse tipo de serviço tomou uma proporção ainda maior. Dessa forma, assistir a filmes e a séries se tornou um dos principais passatempos de muitos indivíduos durante o isolamento social.
A fim de analisar os impactos desse fenômeno, foram realizados diversos estudos. Por exemplo, conforme a Bare International, 47,7% das pessoas ao redor do globo afirmam ter gastado mais com serviços de streaming durante o período de quarentena. Para efeito de comparação, no Brasil, as consequências foram ainda mais fortes, visto que tal resposta foi a mesma para 61,6% dos entrevistados. Apenas nesse intervalo, foram registrados, pela MPA (Motion Pictures Association), 232 milhões de novos contratos no mundo.
Logo, é altamente improvável que, após tão intenso crescimento, essas plataformas percam sua audiência. Afinal, o streaming foi uma ideia que surgiu na hora certa e que só se tornou possível graças à tecnologia. O sistema conquistou popularidade e, hoje, tem seu lugar no cotidiano de milhões de pessoas. Porém, a próxima adversidade de tais empresas, levando em conta a forte concorrência entre as instituições, será instigar os assinantes a permanecerem consumindo seu conteúdo. Por esse motivo, não é possível prever o futuro com rigor, mas, de acordo com os acontecimentos dos últimos meses, podemos esperar que o mercado das plataformas de streaming continue em expansão.
DA GLOBO AOS STREAMINGS
Independentemente da classe social, as plataformas de streaming possuem maior taxa de usuário em relação à TV aberta
(Os dados presentes nos gráficos são baseados em estudos do Instituto Qualibest)
O principal motivo para tal declínio é evidente, ao assinar uma plataforma de streaming, o usuário tem acesso a uma infinidade de filmes e séries, podendo assistir ao conteúdo escolhido em qualquer lugar, no horário desejado e nos mais diversos dispositivos. As redes de TV por assinatura, por outro lado, apresentam, constantemente, a mesma programação, a qual, além de possuir uma agenda de horários fixa e inviável, é interrompida, repetidamente, por propagandas súbitas e inconvenientes.
Logo, é notório que a tendência da TV por assinatura é perder, gradativamente, sua popularidade, enquanto o streaming ganha ainda mais relevância. Desse modo, a fim de se manter no mercado, as redes de televisão devem reinventar seu modo de apresentação, adaptando-se à tecnologia atual e, assim, permitindo concorrência com as plataformas. Compreendendo esse cenário crítico, diversas empresas já se aliaram ao novo modelo e criaram seus próprios aplicativos, como fez a Globo com
Em 2013, a Netflix realizou o grande feito de produzir a série “House of Cards”, a qual foi a primeira obra da plataforma a ser indicada ao Emmy. Isso evidenciou o fato de os conteúdos digitais serem muito aptos a concorrer no nível criativo com as melhores produções da televisão, o que, futuramente, seria mais do que comprovado. A partir disso, pensando no Brasil, as plataformas de streaming precisariam dos talentos presentes nas emissoras, a fim de concorrerem e atraírem a audiência da televisão aberta. Dessa forma, tais empresas passaram a contratar os principais atores da época, especialmente, aqueles que antes trabalhavam na rede de TV com maior audiência: a Globo.
Portanto, há uma notória migração dos artistas da Globo para os streamings. O principal motivo que faz com que eles optem pelas plataformas é a liberdade. Com a perda de audiência da televisão para o digital, a receita da emissora tende a cair, fazendo com que a margem para erros torne-se cada vez menor. Diante disso, há uma limitação do potencial dos profissionais, o que gera insatisfação com as restrições impostas. Assim, a única forma de mantê-los seria aumentar seus salários, mas, em vista do objetivo da Globo de cortar gastos e investir nas plataformas digitais, isso acaba não sendo viável, de forma que os artistas optam pela transferência aos streamings, em que é prometido maior autonomia.
Um exemplo claro disso foi a saída do ator Bruno Gagliasso da Rede Globo, no final de 2019, quando sua assessoria afirmou que foi motivado pela falta de liberdade artística. Outro caso é o de Bruna Marquezine, que saiu da emissora no início de 2020, alegando que “não aguentava mais fazer novelas”, e que, assim como Gagliasso, agora está na Netflix. Lázaro Ramos é mais um que deixou a Globo, em setembro de 2021, mas, diferentemente da maioria, foi para a Amazon Prime Video.
Adivinhe o país!
A partir de imagens, será que você é capaz de descobrir a que país estamos nos referindo? Alguns são mais fáceis, outros são mais difíceis! Será que você consegue acertar todos? Preste atenção às características apresentadas em cada starterpack! Vamos lá!
GABARITO:
Por Antônio Bernardo Pinho Casaes, Eduardo Uchida Kato, Felipe Takahashi Nagamine, Giovanna Massari Della Torre, Sara Strauss e Victor Jacovazzo Vianna. Alunos do 9º Ano B.
RESULTADOS
Se você teve de 1 a 3 acertos: Entrou agora na escola, né? Só pode ser! Você precisa trabalhar mais suas habilidades de reconhecimento facial e sua memória.
Se conseguiu de 4 a 7 acertos: Olha... tá OK! Você deve estar na escola há mais tempo, porém você poderia ter ido melhor. Deve prestar mais atenção em seus mestres.
Se obteve de 8 a 10 acertos: Parabéns! Você é um expert! Certamente estuda no Colégio Vértice há séculos e, com certeza, já viu esses professores várias vezes.
Por Eduarda Willemann, Enzo Nielo Aragon Bento, Gabriel Gubessi Badra Sallum, Helena Ballei Bueloni Ferreira, Rafael Avarez de Carvalho Ruthes e Vitor Mendonça de Souza Silva
para ler...
UMA REALIDADE ATEMPORAL
Um episódio de superação. Esse é o caso do best-seller Quarto de Despejo: diário de uma favelada (1960), uma obra de Carolina Maria de Jesus, mulher negra, mineira e favelada. Com menos de dois anos de escolaridade, foi capaz de retratar perfeitamente a realidade de muitos favelados no Brasil, na década de 1960, em seu livro. Ela se mudou para a antiga Favela do Canindé após a morte de sua mãe e passou a trabalhar como catadora de papel, para, sozinha, sustentar a si e a seus três filhos, vivendo na miséria, até que sua obra tornou-se uma leitura reconhecida, não só em território nacional, como também mundialmente.
A obra é um compilado dos diários da autora que retrata seu dia a dia triste e cruel na favela do Canindé e suas dificuldades, incluindo a constante fome, falta de dinheiro, seu trabalho árduo e as condições precárias em que vivia. Apesar de ter sido escrita há mais de 60 anos, a obra não perdeu sua atualidade. Infelizmente, a realidade da autora ainda é a de muitos brasileiros. O livro foi traduzido para mais de 13 idiomas e comercializado em 40 países, batendo a marca de 1 milhão de exemplares vendidos. Na época de sua publicação, Quarto de Despejo foi um grande sucesso no Brasil e no exterior, sendo mais conhecido nos Estados Unidos do que no Brasil, fazendo de Carolina uma importante figura para o estudo e para o combate ao racismo em escolas e faculdades americanas.
A obra Quarto de Despejo explicita a carência da autora de uma educação primária de qualidade, uma realidade muito comum entre os favelados. É notável que a marginalização dos moradores das comunidades brasileiras é causada pela falta de acesso à educação qualificada, uma vez que o governo direciona os investimentos para universidades, sem levar em consideração que, sem uma educação de base eficiente, são poucas as chances de um indivíduo alcançar o ensino universitário. Dessa forma, a educação de má qualidade e a marginalização no Brasil formam um ciclo sem fim.
A obra é indicada para todos aqueles que gostam de conhecer as realidades do mundo que os cercam, contribuindo para a formação de um pensamento crítico e de um olhar cidadão.
» FICHA TÉCNICA
TÍTULO: QUARTO DE DESPEJO: DIÁRIO DE UMA FAVELADA
AUTORA: CAROLINA MARIA DE JESUS
EDITORA: ÁTICA
Nº DE PÁGINAS: 264
Leonardo Separovic Shinohara e Luiza Imai deOliveira. Alunos do 9º Ano A.
para assitir...
O GAMBITO DA RAINHA
A minissérie O Gambito da Rainha conquistou diversos prêmios de grande relevância no mundo cinematográfico. Anya Taylor-Joy, que interpretou a protagonista Elizabeth Harmon, ganhou o Prêmio Globo de Ouro de Melhor Atriz em Minissérie ou Filme para TV. Não somente ela, como também todo o elenco foi premiado com o Prêmio Emmy do Primetime: Melhor Elenco de Minissérie, Telefilme ou Especial. Os cenários da década de 50 foram homenageados com o ADG Award de Melhor Design em Telefilme ou Minissérie, e o roteiro recebeu o Writers Guild of America Award de Melhor Roteiro Adaptado de Filme para TV. Portanto, não é à toa que a minissérie é, hoje, a mais assistida da Netflix.
A história discorre sobre a evolução da órfã Elizabeth Harmon, uma menina aparentemente superdotada com habilidades extraordinárias no xadrez. Ao longo da minissérie, a jovem vence obstáculos cada vez mais desafiadores, que variam entre traumas familiares até disputas internacionais do famoso jogo de tabuleiro, evoluindo enquanto enxadrista e pessoa.
O ponto mais relevante da popularidade da série é a questão do empoderamento feminino. Na época em que a história é retratada, nos anos 50, mulheres tinham pouca, ou nenhuma, representatividade na sociedade, e o xadrez era um retrato dessa desigualdade, um jogo dominado por homens. Entretanto, Elizabeth Harmon quebra esse paradigma, sendo persistente frente a todos os preconceitos machistas envolvidos
O jornal The Guardian mostrou que, desde o lançamento da minissérie, houve um crescimento de 215% a 1.000% em vendas de tabuleiros de xadrez. Isso demonstra o grande impacto da série na vida das pessoas, que começaram a ficar mais interessadas pelo jogo após assisti-la.
Por isso, O Gambito da Rainha é uma excelente alternativa de minissérie para aqueles interessados em conhecer um pouco mais sobre o xadrez. Assim como também é um ótimo divertimento para outros que adoram uma boa trama. Não é fácil decepcionar-se com a história cativante, com o suspense envolvente, com o carisma dos personagens e, acima de tudo, com a participação feminina, que dá à série grande originalidade.
FICHA TÉCNICA:
TÍTULO: O GAMBITO DA RAINHA
DATA DE LANÇAMENTO: 23 DE OUTUBRO DE 2020
DURAÇÃO: 46-67 MINUTOS (7 EPISÓDIOS)
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 16 ANOS
Gênero: Drama
País de origem: Estados Unidos
Direção: Scott Frank
Criadores: Scott Frank e Allan Scott
Anya Taylor-Joy, Thomas Brodie-Sangster, Harry Melling, Moses Ingram, Marielle Heller, Isla Johnston, Bill Camp, Marcin Dorocinski Por Helena Prandini Mandl, Felipe Pacheco Schier da Cruz, Giovanna Ricarte Leme, Mark Hufnagel, Natalie Kaori Nishita Suzuki e Raquel Lunardelli D’Avila. Alunos do 9º Ano A..
Por Anita Cabral, Carolina Ramenzoni Izzo Blazek, Júlia Bertoline Rezende de Lima, Laura Monteze Faria,
para ouvir... CRÔNICA
Após o sucesso de seu segundo álbum intitulado The Bends, o Radiohead, banda britânica de rock alternativo formada por Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Phil Selway e Ed O´Brien, lançou, em 1997, seu terceiro álbum: OK Computer, que os transformou em uma das maiores bandas da história. O grupo passou por uma grande evolução desde seu primeiro álbum, Pablo Honey, lançado em 1993, um álbum genérico de grunge dos anos 90, que apenas nos trouxe o hit Creep, a música mais conhecida do Radiohead. Já em 1995, com The Bends, a banda trouxe letras mais bem desenvolvidas. Seu terceiro álbum foi ainda melhor que o segundo, deixando o grupo em outro patamar. O álbum é composto por 12 faixas, que abordam temas distópicos e assuntos como alienação, dependência tecnológica, críticas ao sistema e paranoia. A tecnologia é a grande protagonista do disco, apresentando suas consequências para o futuro, como o domínio sobre os humanos e a promoção do autoisolamento. Algo que ficou ainda mais evidente no ano de 2020 com a pandemia da Covid-19, ou seja, um álbum feito em 1997, num mundo em que a internet ainda não era totalmente presente, os smartphones ainda nem existiam e não tínhamos a diversidade de informações que temos hoje em dispositivos eletrônicos conseguiu ser ainda mais relevante nos dias atuais do que no ano de seu lançamento, funcionando como uma previsão do futuro, por isso, hoje é considerado um dos melhores álbuns da história.
AIRBAG | A primeira faixa do disco traz um conceito de “segunda chance”, já que o eu lírico sofre um acidente de carro que poderia ter acabado com sua vida, porém é salvo pelo airbag do veículo, ou seja, a tecnologia ganhando cada vez mais importância em nossas vidas.
PARANOID ANDROID | A segunda faixa e mais longa do disco, com 6 minutos e meio de duração, possui 3 seções diferentes, semelhante à Bohemian Rhapsody da banda Queen, sendo umas das músicas mais memoráveis do Radiohead. Muitos a consideram a melhor música do grupo. A letra é sobre um robô (“android”) que sofre de paranoia (“paranoid”) e ansiedade devido à sociedade e o mundo moderno.
SUBTERRANEAN HOMESICK ALIEN | A terceira faixa trata diretamente o sentimento de isolamento, de não pertencimento em um mundo monótono e desinteressante. Além disso, trata do desejo de presenciar algo que a maioria das pessoas consideram impossíveis, como o ato de ver aliens, e, caso isso acontecesse, ninguém acreditaria, por isso, o eu lírico se sente isolado do mundo.
FITTER HAPPIER | Pulando para a sétima faixa do disco, Fitter Happier teoricamente não é uma música, é apenas um interlúdio no meio do álbum com 2 minutos de duração, em que uma voz computadorizada lista uma série de coisas que se deve fazer diariamente para se encaixar na sociedade contemporânea, para ter uma “vida perfeita”, ou seja, entregamos nossa vida aos padrões que a sociedade impõe e não podemos sair desse núcleo, fazendo com que todas as pessoas sejam iguais, sem emoções e sentimentos, como a voz de um computador, que lista esses padrões na faixa. Além dessas músicas, todas as outras transmitem ideias distópicas semelhantes umas às outras. Fazendo com que o álbum seja excelente, pois além da sonoridade, promovem a reflexão acerca dos hábitos sociais.
» FICHA TÉCNICA
NOME DO ÁLBUM: OK COMPUTER
ARTISTAS: THOM YORKE, JONNY GREENWOOD, COLIN GREENWOOD, PHIL SELWAY E ED O’BRIEN
LANÇAMENTO: 21 DE MAIO DE 1997
GRAVADORA: CAPITOL RECORDS E PARLOPHONE RECORDS
GÊNERO: ROCK ALTERNATIVO
Por Theo Teixeira Abdala Rossi. Aluno do 9º Ano C.
ISOLAMENTO PARCIAL
Estamos em 2021, mas parece que 2020 ainda não acabou. E que ano horrível! Pandemia, máscara, álcool em gel 70%, e o pior, isolamento social. Saudade dos parentes, dos amigos... até de ir para a escola deu saudade. Saudades do normal, mas não do normal de agora, do “antigo normal”, de quando dava para pedir um pouco do lanche do colega, ou de quando era possível chamar o elevador sem ter que mergulhar a mão em álcool em gel.
Mas há quem diga que a culpa disso tudo é desse vírus maldito que não vai embora. Será mesmo que a culpa é do vírus? Pensemos: foi a Covid-19 que, de repente, resolveu que podia sair de casa só porque virou o ano? Ou achou que podia se aglomerar porque já estava entediada de ficar em casa? Ou ainda, foi ela que acreditou que podia deixar de usar máscara só porque incomodava ou atrapalhava o look? Não se engane dizendo isso, porque, no fundo, você (sim! Você!) sabe que não precisava ir àquele restaurante para experimentar aquele prato novo ou ir àquele shopping para comprar aquela camiseta nova da moda.
Batemos a marca de mais de mil e quinhentos óbitos todos os dias. Não estamos mais à beira do colapso, já faz tempo que cruzamos esse limite. E não adianta colocar a culpa nas costas do governo, dos chineses e da conspiração dos alienígenas cor-de-rosa. Pois a culpa é nossa! Somos nós que tiramos a máscara para cumprimentar o amigo e somos nós que não respeitamos o distanciamento neste momento mais tenso. Temos que assumir nossa responsabilidade. Mas pensamos e justificamos nossas atitudes com um simples “É rapidinho!”, não é mesmo? Então, não tem problema. Somos intocáveis, nada nos acontece! Mas tem problema, sim! Como seres humanos, somos responsáveis por nossas ações, queiramos ou não! Aquilo que fazemos, cedo ou tarde, refletirá no ambiente em que estamos vivendo. E agora, basta olharmos ao nosso redor. Evoluímos? Estamos vencendo o vírus? Não! Bem longe disso! E por quê? Porque somos seres individualistas, pensamos apenas em nosso próprio umbigo, esquecendo-nos de que vivemos e fazemos parte de uma sociedade.
Esse egoísmo é evidenciado em comentários e atos hipócritas daqueles que reclamam dos que saem de casa e, depois, em suas redes sociais, têm desmascaradas suas faces já sem máscaras.
Conseguimos a façanha de ocuparmos o topo do ranking, somos o segundo país com mais mortes por causa da pandemia, reflexo desse comportamento ignorante com relação ao vírus. O descuido e a falta de empatia acabaram prejudicando não só a vida de uma, mas de várias pessoas e, ao olharmos nas redes sociais ou simplesmente ao andarmos na rua, nos depararemos com seres que insistem em não seguir os protocolos sanitários.
Por isso, deixo aqui minha reflexão: vale à pena arriscar a saúde de toda uma sociedade em troca de momentos que podem ser vividos logo mais, em segurança?
Por Gabriela Felix da Silva, Gabriela Moraes Tojeiro de Souza, Giulia Saldanha, Mateus Shimura Ribeiro Sebastião e Vinícius Oliveira Severino. Alunos do 9º Ano B e A. Ilustração de Larissa Canivilo de Souza Moraes, aluna do 9º Ano A.
Covid-19: A doença que mudou o mundo
AA Covid-19 foi, sem sombra de dúvidas, o assunto mais discutido no mundo inteiro nos últimos anos; seja em noticiários, nas redes sociais, o foco das atenções esteve e ainda está nesse vírus que deixou impactos socioeconômicos catastróficos em nossa sociedade. Apesar de não faltarem informações sobre o vírus
SARS-CoV-2, muitas pessoas ainda apresentam muitas dúvidas a respeito de tal assunto. Entretanto, estar bem informado sobre essa pandemia não é apenas útil, mas também é essencial para reduzir seus impactos o máximo possível e para retornarmos à vida normal o quanto antes.
Você se considera uma pessoa bem informada quanto ao novo coronavírus?
Teste aqui seus conhecimentos sobre a pandemia e sobre a Covid-19.
1. Onde o primeiro caso de Covid-19 foi registrado no mundo?
2. Quando o vírus da Covid-19 foi identificado pela primeira vez em território? brasileiro?
a. 26 de fevereiro de 2020; b. 30 de fevereiro de 2020; c. 1 de janeiro de 2020; d. 16 de janeiro de 2020; e. 23 de janeiro de 2020
3. Quando foi decretado o início da quarentena em São Paulo?
a. 16 de março; b. 17 de março;
c. 18 de março; d. 19 de março; e. 24 de março.
4. Quando foi aplicada a primeira dose da vacina no Brasil?
a. 13 de outubro de 2020; b. 17 de janeiro de 2021; c. 23 de janeiro de 2021; d. 25 de janeiro de 2021; e. 1 de janeiro de 2021.
5. Qual foi a primeira cidade do Brasil a registrar o primeiro caso de Covid-19?
a. Florianópolis; b. Brasília; c. Santos; d. Rio de Janeiro; e. São Paulo.
6. Que país possui a maior percentagem de vacinados no mundo?
a. Indonésia; b. Estados Unidos; c. França; d. Emirados Árabes Unidos; e. Japão..
7. Qual país com o maior número absoluto de doses aplicadas da vacina contra a Covid-19?
a. Brasil; b. b) Alemanha; c. c) Gibraltar; d. d) Índia; e. e) China.
8. Quais foram as variantes da Covid-19 que mais assustaram o mundo?
a. Ômicron e Delta.
b. Alfa, Lambda e Delta; c. Delta, Mu e Ômicron; d. Alfa, Delta e Ômicron; e. Alfa, Lambda e Mu.
9. Quem foi a primeira pessoa vacinada no Brasil?
a. Mônica Calazans, enfermeira brasileira;
b. Jair Bolsonaro, presidente do Brasil; c. João Dória, governador de São Paulo; d. Jorge Paulo Lemann, homem mais rico do Brasil;
e. Icaro Vital Brazil Filho, dono do Instituto Butantan..
Resultados
Se você acertou de 0 a 4 questões:
10. Quando a primeira criança na faixa de 5 a 11 anos de idade foi vacinada contra a Covid-19 no país?
a. Em 14 de novembro de 2021; b. Em 14 de dezembro de 2021; c. Em 16 de dezembro de 2021; d. Em 14 de janeiro de 2022; e. Em 16 de janeiro de 2022.
11. Quanto tempo um indivíduo contaminado com Covid deve ficar isolado?
a. 5 dias;
b. 7 dias;
c. 8 dias;
d. 10 dias;
e. 15 dias.
12. Quais foram as instituições que produziram as duas primeiras vacinas contra a covid-19 aprovadas pela Anvisa ?
a. Butantan e Sinovac; BioNTech; b. Butantan e Sinovac; Oxford e Fiocruz; c. BioNTech; Einstein; d. BioNTech; Oxford e Fiocruz; e. Frischmann Aisengart; Butantan e Sinovac.
Ops! Parece que você não está bem informado(a) sobre a Covid-19. É preciso ler mais a respeito, pois a desinformação pode estender nossa situação atual. O conhecimento sobre esse vírus foi e continuará sendo essencial para o convívio em sociedade, durante e depois da pandemia. Portanto, esforce-se para ampliar seu conhecimento , tanto com relação a esse tema quanto para outros.
Se acertou de 5 a 8 questões: Muito bem! Você buscou se informar sobre a Covid-19! Entretanto, ainda não foi o suficiente, falta-lhe repertório sobre o assunto, pois pequenos detalhes fazem a diferença! Logo, procure assistir a mais noticiários, a ler mais notícias. Apesar de a pandemia já estar mais amena, continue buscando por mais informações, afinal, informação nunca é demais e esse é um assunto que ainda continuará sendo muito discutido por muito tempo.
Se você acertou de 9 a 12 questões: Parabéns! Você realmente está muito bem informado(a) sobre a atual pandemia da Covid-19. Continue assim, ampliando cada vez mais seu repertório por meio de notícias em fontes confiáveis. Com seu conhecimento, está apto(a) a compartilhá-lo com os demais, a fim de promover boas práticas, para que possamos, o quanto antes, retomarmos a nossa vida o mais próximo possível do que era antes dessa pandemia!
Por André Augusto dos Santos, Eduardo de Camargo Loureiro, Gustavo Azevedo Ribeiro de Lacerda, Mateus Otávio Figueiredo Bigossi e Pedro Chaves Metzger. Alunos do 9º Ano B.