Revista Vértices 2023

coleção

VÉRTICES

Edição 2023 Trabalho de conclusão 9°ano - Ensino Fundamental 2

REVISTA VÉRTICES DISTRIBUIÇÃO GRATUITA ANO 11 - nº17 - 2023

A CIDADE INTELIGENTE

PRIORIZA O MEIO AMBIENTE

Revista Vértices EDIÇÃO TEMÁTICA Habitação, empatia e sustentabilidade

Acesse a revista online:

Diretoria Walkiria Gattermayr Ribeiro e Patrícia Gattermayr Ribeiro Conselho editorial Stephanie Iris Batista Ariadne Mattos Olímpio Rodrigo Sant’Ana Brucoli Edilene Corrêa von Wallwitz Revisão Amanda Florentino Bruna Florence João Victor Silva Leonardo Sasaki Marcela Cintra Rodrigo Sant’Ana Brucoli Rubiana Barreiros Stephanie Iris Batista

Colaboração artística Afrânio Cézar Ferreira Henriette Righi Telma Gomes Siegl Silva Responsável pela execução do projeto Stephanie Iris Batista Colaboração e agradecimentos Carlos de Oliveira Elisa Jordão Eloy Nicotera Kurt Stuermer Nadine Freire Roberta Crivorncica Contato: vertice@colegiovertice.com.br

Produção 9º A, 9ºB, 9ºC do 1º semestre de 2023 Design e diagramação Bruna Vieira Direção de Criação Diane Eduge

02

EXPEDIENTE

Colégio Vértice Rua Vieira de Moraes, 172 CEP: 04617-000 Campo Belo - SP TEL/FAX: 11 5533-5500

ILUSTRAÇÃO Henriette Righi

Editorial A Revista Vértices está de cara nova e sua 17ª edição aborda as temáticas “Cidade, empatia e habitação”, eixo do Brasiliartes, projeto que reúne todas as disciplinas da área de Linguagens. Queremos pensar com vocês o espaço urbano tão contraditório, que mobiliza em nós as mais diversas emoções, mas que também é um universo de possibilidades.

Esta é uma construção dos 9ºs anos do Colégio Vértice do 1º semestre de 2023 e contou com a participação carinhosa de professores e colaboradores da escola. Foi um projeto que apostou bastante na autonomia dos grupos de estudantes, os quais se debruçaram novamente sobre os gêneros textuais vistos ao longo de todo o Ensino Fundamental II, e que, junto ao Conselho Editorial, decidiram os caminhos que seriam trilhados para essa produção.

Assim como esta revista, uma cidade também é feita por muitas mãos. O que você pensa quando o tema é cidade? Seria comum lembrarmos imediatamente de carros, prédios e ruas asfaltadas. Provavelmente as pessoas, as árvores, os rios, os animais domésticos e

até os silvestres que nos rodeiam não viriam à nossa cabeça. Uma cidade que se pretende inteligente, no entanto, considera os seres vivos como fundamentais para a sua existência.

Aprender com a confluência entre a cidade e o meio ambiente exige muita disposição, reconhecimento da existência do outro e relações de afeto entre os seres que habitam esse ecossistema. É esse o chamado que os 9ºs anos nos trazem: encontrar as convergências entre cidadania, empatia, moradia, responsabilidade e respeito. Pensar novos horizontes para a nossa selva de pedras se faz, então, necessário e urgente, tendo inteligência para entender o que a cidade já oferece e o que pode oferecer. Construir um projeto de futuro na cidade depende da compreensão de que o ser humano é parte da natureza, e este é o convite que fazemos a você ao longo das páginas que vêm a seguir.

Boa leitura!

Stephanie Iris Batista Responsável pela execução do projeto EDITORIAL

03

Quem somos

9º A

9º B

9º C

ANDRÉ L. ANDRÉ A. BEATRIZ R. BEATRIZ H. BRUNA G. BRUNA N. CATHARINA B. EDUARDO R. GIOVANA F. GIOVANA C. GIOVANNA M. GIOVANNA F. GUILHERME N. HENRIQUE O. ISABELA Q. ISABELLA G. JOANA C. JOÃO G. LAURA N. LAURA B. LETICIA C. LORENZO C. LORENZO V. LUCAS P. LUIZA E. MATEUS O. MIGUEL C. SIMON L. SOFIA P. SOFIA N. THAIS C.

ANA D. ARTHUR H. ARTHUR B. BEATRIZ P. BEATRIZ C. CAMILA B. FELIPE K. GABRIEL W. GABRIEL T. GABRIEL F. GABRIELA A. GABRIELA M. GABRIELLA C. GIOVANNI S. ISABELA U. ISADORA N. JOÃO S. JULIA F. JULIA S. LAÍS F. LILIAN F. LUCAS L. MANUELA L. MARIA ANTONIA S. MARIA EDUARDA A. MARIA FERNANDA A. RAFAEL S. RODRIGO S. STEPHANIE M. THOMAS J. VALENTINA C.

ANA B. ARTHUR G. BEATRIZ G. CAROLINA S. EMANUELA Q. ENZO P. FELIPE R. GABRIELA G. GIOVANNA C. GUILHERME M. GUILHERME T. HENRIQUE R. ISABELLA O. JOÃO G. JOSÉ C. JULIANA S. LAVÍNIA S. LEONARDO C. LíVIA R. LORENA C. MAITE S. MARIA CLARA C. MARIANA F. RAFAELA S. REBECA Z. RODRIGO S. SAMIA C. SOPHIA L. VALENTINA Z. VALENTINA P. VICTOR M.

04

GUIE-SE

Guie-se 02

Expediente

03

Editorial

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Quem somos

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Uns porquês

08

Parece mentira, mas não é

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Eu conto ou você conta?

12

Articulando opiniões

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Arte de matéria

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Apareceu na capa

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Infográfico Vértices

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Papo cabeça com Vera Eunice

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Poeme-se

28

Cotidiano em texto

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Verte-se!

32

Conheça com a gente

33

Quer que eu desenhe?

GUIE-SE

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Uns porquês

DO FALSO SENSO COMUM À REALIDADE URBANA Por Carolina S., Maite S., Maria Clara C., Rodrigo S., Valentina P. 9ºC 06

UNS PORQUÊS

ILUSTRAÇÃO Gabriel W.

Diversas cidades apresentam problemas que afetam a qualidade de vida da população, como violência, moradia precária, hospitais lotados, desigualdades e catástrofes naturais. Existe um falso senso comum de que todos são impactados por esses fatores da mesma maneira, porém a verdade é que as parcelas menos favorecidas da população são as que mais sofrem. Para solucionar esses problemas urbanos, seria necessário assegurar o Direito à cidade a todos.

Incluído no Estatuto da Cidade (lei da Constituição brasileira que regulamenta as políticas urbanas), esse direito garante que todos os cidadãos devem ter acesso a: moradia, infraestrutura, saneamento básico, transporte, serviços públicos, trabalho e lazer. Entretanto, a realidade brasileira caminha na direção oposta, visto que, por vezes, o Direito à cidade é negado aos grupos minorizados e aos que vivem nas periferias.

As favelas são as maiores evidências de como a qualidade de vida, na prática, não é garantida a todas as pessoas. Distantes do centro, caracterizadas pela violência, moradias irregulares e transporte público precário, as favelas convivem com o avesso do que é proposto pelo Estatuto da Cidade. Agrava essa situação o fato de a população negra - que teve seus direitos violados historicamente - viver de forma predominante nessas regiões periféricas. Devido à falta de infraestrutura nas favelas, é comum que os impactos ambientais atinjam esses locais de maneira mais intensa, sendo, portanto, os negros os mais afetados, e a isso atribuímos o nome de racismo ambiental.

A fim de acabar com a desigualdade urbana para que todos desfrutem plenamente do que a cidade tem a oferecer, o primeiro passo que deve ser tomado é o investimento em políticas que assegurem à população o direito aos serviços básicos, como moradia, segurança e saúde. O nosso papel como sociedade é acompanhar as políticas governamentais e exigir que a qualidade de vida seja garantida a todas as pessoas.

UNS PORQUÊS

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Parece mentira, mas não é

VENHA CONHECER AS CASAS MAIS CURIOSAS QUE EXISTEM AO REDOR DO MUNDO! Por: Joana C. e Sofia F. 9ºA Keret_s House - Panek, CC BY-SA 3.0

Keret House - A casa mais estreita do mundo Projetada pelo arquiteto polonês Jakub Szczesny, a Keret House, localizada em Varsóvia, está inserida em uma passagem de um metro e meio entre dois edifícios. A casa recebeu uma forma triangular e seu teto e paredes são translúcidos para garantir uma boa luminosidade e aliviar a sensação de claustrofobia.

08

PARECE MENTIRA, MAS NÃO É

Casa de Barro-Rita Willaert CC BY-SA 3.0

A Casa de Barro A Casa de Barro é feita de recursos naturais, principalmente o adobe, e possui uma estética única, que se integra de forma harmônica ao ambiente natural. A moradia se localiza na Colômbia, Villa de Leyva, e foi projetada pelo arquiteto Octávio Mendoza, que queria construir uma casa com princípios sustentáveis.

Maloca Em algumas regiões do Brasil, principalmente na região amazônica, “maloca” é o termo utilizado para se referir às habitações de algumas comunidades indígenas ou tradicionais. São construções geralmente feitas de materiais naturais, como madeira e palha, e são utilizadas como moradia coletiva.

Maloca em Iquitos, Peru- Apollo, CC BY 2.0

Iglu Iglus são casas temporárias feitas de neve pelos inuítes, indígenas também conhecidos como esquimós, que habitam as regiões do Alasca, Canadá e Groenlândia. A construção funciona como abrigo provisório, geralmente para caçadores, e suas camadas de gelo servem como isolante térmico de temperaturas extremamente baixas.

Iglu em Lapônia, Finlândia - Yair Haklai, CC BY-SA 4.0

Krzywy Domek - A casa retorcida Localizada em Sopot, na Polônia, a Casa Retorcida foi inspirada em desenhos infantis de Jan Marcin Szancer. Com quase 4 mil metros quadrados e 3 andares, ela faz parte de um complexo comercial e sua visita é aberta ao público.

Krzywy Domek - Topory - CC BY-SA 3.0

Eu conto ou você conta?

O DIA EM QUE SE CONH Por: Beatriz C., Isadora N. e Maria Fernanda A. 9ºB

Eram carros nas ruas, pessoas nas calçadas, mais um dia comum na movimentada cidade de Águas Claras. A cidade luxuosa, quase uma São Paulo do interior brasileiro, prosperava, mas a um custo muito alto. Seriam as árvores e flores apenas distantes memórias de Águas Claras? A industrialização transformou a cidade e sua população, trazendo o vazio para as almas e levando embora o verde e o frescor das árvores.

melhor sua terra e o que ela tem a oferecer.

O passado da cidade, visto hoje em dia, é irreconhecível. Como uma cobra que troca sua pele, a cidade também mudou. No entanto, o que ficou foi sua pele oca, seca e sem vida. De um verde jade e águas cristalinas que inundavam as mentes das crianças nos parques em um ensolarado final de semana, para um cinza frio e escuro. A diversão delas agora era ficar em casa, trancadas, no mundo de suas telas, criando cenários rurais em jogos nos quais vence aquele que souber administrar

Certo dia, o rio sumiu. Vontade divina?

Catástrofe global? Que fenômeno seria capaz de explicar tal situação? Nem os mais altos acadêmicos ou os mais renomados cientistas conseguiram achar uma solução, o rio simplesmente desapareceu. Ao mesmo tempo, surge na cidade uma cara nova, ou melhor, velha, fedida e desconhecida. De onde vem?

Para onde vai? Perguntas sem respostas.

Falava apenas com os olhos da cor das águas do antigo rio. Seu nome? Juquiá.

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EU CONTO OU VOCÊ CONTA?

Na memória da população, restava o tempo em que o Rio Claro ainda era admirado por todos, um dos maiores e mais abundantes rios do interior paulista. Hoje em dia, ele não passa de um córrego fedorento, tudo por conta da ganância humana. Não querer lidar com as consequências de todo o lixo que se gera parece ser estranho, mas é o comportamento mais comum do ser humano.

ARTE Telma Siegl

HECEU O RIO

“Água da palavra Água calada, pura Água da palavra Água de rosa dura” Caetano Veloso

Enquanto isso, a população desamparada buscava uma solução para o lixo que se acumulava na cidade. A prefeitura de Águas Claras, ao ver a poluição indo para a porta de suas casas, em vez de ser levada pelo antigo rio, decide tomar uma atitude, que, a princípio, não é muito bem compreendida. Instalou cestos de lixos recicláveis nas praças públicas e incentivou a prática dentro das casas das pessoas. A população que nunca havia usado outra forma de descarte além da simplicidade de colocar todo o lixo em um saco, jogá-lo na rua e vê-lo passar no leito do rio, foi resistente no começo, mas depois ficou abismada com tamanha revolução.

Passado pouco tempo, os efeitos da coleta seletiva eram visíveis: a cidade estava mais limpa, até o ar estava mais puro! A população se empolgou, e, em uma onda de ambientalismo e reciclagem, decidiu reparar os erros do passado e limpar o leito do ainda

sumido rio. Nem um grão de sujeira era visto perto das margens, elas estavam limpas igual ao seu estado natural.

Por entre as árvores, então, a figura daquele homem desconhecido reapareceu, não mais silencioso e sério, desta vez riu e ri. Ele se virou para a população e em um simples gesto agradeceu aos presentes, mas lembrou-os de que só se deram conta da existência do rio quando ele desapareceu, pois, quando estava à vista de todos, era tão invisível quanto o ar.

Terminada a hora da palavra, ele se jogou no leito, ressurgindo como água. Seu corpo humano se diluía e ganhava a forma de rio em um espetáculo de luzes e gotículas no ar. Pouco a pouco o rio ri e ressurge como novo e limpo.

Os olhos marejados da população se abriram e as pessoas perceberam que um rio não é apenas um rio, mas um ser, uma obrigação e, acima de tudo, uma parte de nossas vidas, há muito soterrada.

EU CONTO OU VOCÊ CONTA?

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ILUSTRAÇÃO Afrânio Cézar

Articulando opiniões

SP INVISÍVEL: PERMITINDO SER

Por Giovana F., Giovanna M., Isabella G., Letícia C., Catharina B. e Giovanna F. 9ºA

Esse est percipi - “ser é ser percebido”. Essa frase do empirista irlandês George Berkeley (1685-1753) afirma que a existência de algo no mundo depende do nosso olhar e percepção a partir da nossa razão. Tal perspectiva assume uma posição singular quando o tema é pessoas em situação de rua. Em um país onde nem toda a população tem acesso àquilo que é básico para sua sobrevivência, a visibilidade e o pleno convívio social são garantidos a poucos.

Sob essa perspectiva, a entidade de apoio a pessoas em situação de rua “SP Invisível” trabalha com a sensibilização da sociedade.

A organização busca humanizar o olhar que se tem sobre essa população, além de incluí-la socialmente, não só combatendo o preconceito e a banalização da pobreza, mas também abrindo portas para a inserção desses indivíduos no mercado de trabalho.

A partir da ação “Eu sabia que você existia”, que aconteceu em São Paulo em abril de 2023, a “SP Invisível” potencializou seus objetivos. Nas paredes dos prédios que ficam 12

ARTICULANDO OPINIÕES

ao lado do Elevado Presidente João Goulart (Minhocão), foi ilustrado o trabalho do artista Felipe Morozini, com a frase que deu nome à ação. Sobre ela, eram projetadas fotografias de pessoas em situação de rua. As imagens em grandes proporções davam a visibilidade que essas pessoas geralmente não têm, causando estranhamento, porque embora algumas delas trouxessem feições sérias, com as marcas deixadas pela vida e pela falta de recursos, outras sorriam, expressão bem menos comum de ser notada por nós.

Vale, portanto, ficarmos com o questionamento do porquê não vemos essa parcela da população, sobretudo sorrindo. Seria porque ver alguém vivendo tamanha vulnerabilidade já não nos causa estranhamento, ou porque estamos perdendo a própria percepção do outro? Com uma imagem e uma frase, a “SP Invisível” conseguiu, além de expor um contexto para o qual poucos setores da sociedade olham, garantir um direito que fora negado a essas pessoas: o direito de, ao serem vistas, existirem.

ARTICULANDO OPINIÕES

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A cidade é um universo de possibilidades

14 ARTE DE MATÉRIA

ILUSTRAÇÃO Henriette Righi ILUSTRAÇÃO “Girassol” Isabela U.

ARTE DE MATÉRIA

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Apareceu na capa

A CIDADE INTELIGENTE É FEITA DE PESSOAS Por: Beatriz G., Emanuela Q., Felipe R., Gabriela G., Giovanna M., Isabella O., João Cesar G., Lavínia S., Leonardo C., Mariana F., Rafaela S., Rebeca Z., Samia C., Valentina Z., Victor Hugo M., Lorena C., José Marco C. 9ºC

Você sabe o que são Cidades Inteligentes? Cidades Inteligentes, ou Smart Cities, são espaços urbanos onde os setores público e privado investem em tecnologias inovadoras que promovem o desenvolvimento da economia e da qualidade de vida da população, tornando a cidade mais segura e otimizando suas dinâmicas com menor uso de recursos. Esse modelo de cidade firma-se como uma alternativa promissora, já que apresenta consideráveis melhorias em diversos aspectos, como o meio ambiente, a mobilidade urbana, o convívio social e a habitação.

Entretanto, as Cidades Inteligentes também são acompanhadas por diversas dificuldades e até mesmo desvantagens. Podemos começar pelo grande investimento necessário por parte do governo para a modernização do espaço urbano, além de haver um alto tempo de implementação destinado a esse projeto. A ampla adaptação tecnológica da cidade para aprimorar seus serviços depende da massiva coleta de dados. Ainda não sabemos até que ponto essa coleta nos trará mais facilidades ou nos deixará ainda mais expostos às vendas e compartilhamento de dados por parte das grandes empresas, o que pode aumentar a vigilância sobre as pessoas.

Deve-se também considerar que a cidade já traz em si muitos aspectos inteligentes. Justamente por isso, há quem se negue a adotar o conceito de “Cidade Inteligente”, como é o caso de Daniel Doctoroff, responsável pelo departamento de cidades da Google. Para ele, em entrevista a Charlie Rose, em 2016, as cidades sempre foram inteligentes. Essa noção de que as cidades, mesmo as que ainda não receberam o título de inteligentes, já têm muito a nos oferecer, remete à ideia de Direito à cidade, de Henri Lefebvre, que encara o espaço urbano como a grande potência de transformação da sociedade. A cidade já concentra muitos avanços e o bom uso dessas técnicas seria o caminho para suprir as necessidades sociais. Uma cidade inteligente, então, além de ser feita por pessoas que desenvolvem toda essa tecnologia, também deve ser feita para as pessoas. Dessa forma, a existência de desigualdades sociais em uma cidade que se pretende inteligente seria um contrasenso.

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APARECEU NA CAPA

ILUSTRAÇÃO Gabriel W.

"Muitas soluções inteligentes para uma cidade já estão à nossa disposição na própria natureza."

O meio ambiente Um dos principais focos das Cidades Inteligentes é a preservação do meio ambiente. É necessário desenvolver processos que implicam iniciativas para reverter as mudanças climáticas, reduzindo as emissões de CO2. Além disso, é fundamental garantir a saúde dos ecossistemas e assegurar o uso de energias sustentáveis, construindo um cenário mais propício ao desenvolvimento da cidade juntamente com a proteção da natureza.

Esse desenvolvimento sustentável é uma proposta que busca estimular a tomada de decisões que atendam às necessidades do presente sem que o futuro das próximas gerações seja comprometido. Assim, a partir da sustentabilidade, as Smart Cities asseguram o progresso econômico, exercendo um olhar consciente sobre as relações entre natureza e espaço urbano.

Nesse contexto, as Cidades Inteligentes exercem um papel importante na administração eficiente dos recursos naturais, uma vez que a implantação de tecnologias garante a redução em 15% da emissão de gases relacionados ao efeito estufa, que agravam o aquecimento global, e diminui o desperdício de água em 30%, segundo um relatório de 2021 da Mckinsey.

No entanto, será que toda a tecnologia que conseguimos desenvolver é realmente necessária para desenvolver uma nova configuração urbana?

Essa pergunta foi respondida por Douglas Gomes do Nascimento, gestor ambiental.

Segundo ele, “naturalmente (e de graça) já existem, no meio urbano e rural, tecnologias mais eficientes que as em desenvolvimento com o único custo de serem preservadas. Uma importante tecnologia para que um clima mais ameno se sustente são, olha só… árvores, que removem gás carbônico (CO2) da atmosfera, prendem-no em sua estrutura e ainda resfriam o ambiente com sombra e umidade”. Com isso, podemos questionar a necessidade desse modelo estereotipado de Smart Cities, pois “muitas vezes as soluções inteligentes para uma cidade já estão à nossa disposição na própria natureza e são mais eficientes, baratas e sustentáveis que aparatos artificiais criados pelo ser humano”.

APARECEU NA CAPA

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A Mobilidade Urbana

ILUSTRAÇÃO Gabriel W.

O conceito de Mobilidade Urbana está atrelado à capacidade de realização de um deslocamento nas áreas urbanizadas, ou seja, à oferta e padrão de infraestrutura presentes em um espaço urbano para o transporte. As Cidades Inteligentes estão comprometidas com o aumento do nível de eficácia e qualidade dessa estrutura, tornando as locomoções mais seguras, rápidas e acessíveis. Tais objetivos seriam alcançados a partir do uso de tecnologias que auxiliam o deslocamento dos indivíduos, como já pensaram os criadores da Uber ou os idealizadores do aplicativo Cadê meu ônibus, que ainda tem muitas limitações, mas já otimiza o tempo de espera e as rotas dos passageiros. Há também regiões em São Paulo que contam com a presença de ônibus elétricos - o que diminui a emissão de gases poluentes - e corredores exclusivos para ônibus - o que agiliza o deslocamento de seus usuários e diminui o custo operacional dessa circulação. Essas medidas diminuem o uso de combustíveis fósseis, evitam o congestionamento, contribuindo para a diminuição de gases poluentes.

Roberto Pena Spinelli, físico, produtor de conteúdo científico e ciclista em São Paulo, afirma que “a solução de uma cidade inteligente é favorecer o cidadão, dar opções seguras para cada um encontrar sua forma de agir no dia a dia. A cidade precisa convidar o cidadão a ocupar os espaços, a se sentir integrado. Se somos plurais em nossas vontades e necessidades, as soluções têm que ser plurais também”. Ele nos lembra como apenas utilizar uma bicicleta ou ir a pé para locais de curta distância evita a poluição da cidade e ameniza o fluxo de veículos, retirando cada vez mais carros das ruas. Além disso, Spinelli sugere que em vez de pagar por uma academia e ir de carro até ela apenas para ficar algum tempo pedalando em uma bicicleta que não sai do lugar, podemos pedalar pela cidade de graça. Por fim, ressalta que “se a cidade é do cidadão, também é nossa responsabilidade deixá-la mais inteligente sendo mais inteligentes”.

A inteligência humana e a tecnologia de que a cidade já dispõe oferecem diversas oportunidades de melhoria na mobilidade urbana e na integração aos espaços da cidade, nos dando a chance de nos apropriarmos mais desses lugares.

"Se a cidade é do cidadão, também é nossa responsabilidade deixá-la mais inteligente sendo mais inteligentes."

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APARECEU NA CAPA

As pessoas Uma cidade inteligente deve focar na humanização e inclusão social. Esses conceitos abrangem educação, saúde e segurança pública como principais pilares de uma boa qualidade de vida. Para que isso seja possível, a cidade deve se valer do desenvolvimento tecnológico e da eficiência dos equipamentos eletrônicos com a capacidade de recolhimento de dados a seu favor, melhorando a comunicação de diferentes setores que compõem sua infraestrutura.

Contudo, um efeito negativo dessa conectividade é a redução da privacidade e das liberdades individuais, submetidas à coleta de dados pessoais. Há, por exemplo, os casos de falso positivo de reconhecimento facial a partir de sistemas de vigilância, que em São Paulo resultaram na problematização do programa Smart Sampa. Em maio de 2023 o juiz Luis Manuel Fonseca Pires suspendeu o andamento desse projeto pelo risco iminente de reprodução de racismo estrutural. Nessa decisão, ele mencionou uma pesquisa feita pela Rede de Observatórios da Segurança, na qual se identificou que 90% das prisões feitas com essa tecnologia foram de pessoas negras e uma parte delas era inocente, além de lembrar o episódio no Ceará, no qual o ator Michael B. Jordan, que sequer é brasileiro, foi identificado como suspeito de uma chacina em 2021. A tecnologia tem muito a facilitar nossa vida na cidade, mas devemos ficar atentos à necessidade de sua regulamentação e de pesquisas sobre seus métodos e efeitos. Embora ela possa trazer a falsa sensação de neutralidade, seu desenvolvimento está inserido em um contexto cultural que traz consigo todos os valores da sociedade, inclusive seus preconceitos.

Além disso, é importante refletir sobre o seguinte questionamento: uma cidade é inteligente para quem? O novo molde ultra tecnológico dessas cidades pode resultar em negligência àqueles que não se habituam a ele ou têm dificuldades financeiras para comprar alguns aparelhos e serviços que dão acesso às facilidades tecnológicas da Cidade Inteligente. Um sistema que traz consigo o objetivo de integração entre os serviços da cidade não pode negligenciar a integração de seus cidadãos. Portanto, uma cidade que promove exclusão sem se debruçar sobre esse problema não pode ser tão inteligente assim.

APARECEU NA CAPA

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"É preciso investir na educação, na saúde e no trabalho. Sem isso a quantidade de pessoas que vai precisar de moradia nunca vai parar de crescer."

A moradia Um aspecto de extrema importância para o bom funcionamento de uma cidade inteligente é a habitação, que se apresenta como um grande problema no Brasil. Você já parou para pensar que sem um endereço domiciliar teríamos uma série de dificuldades no nosso dia a dia? Não é possível fazer a matrícula de uma criança em uma escola sem um comprovante de residência, ter acesso ao serviço de correios ou às Unidades Básicas de Saúde para a grande parcela da população que utiliza esse serviço. É a partir da moradia que acessamos os principais serviços urbanos, como saneamento básico, energia elétrica, internet e transporte, ou seja, a moradia nos vincula à cidade.

Fica difícil, então, imaginar toda a rede de conectividade de uma cidade inteligente em um país em que o direito à moradia ainda não é assegurado de fato a todos os cidadãos. Para Mariana Yamamoto Martins, arquiteta e urbanista da Secretaria de Habitação da Prefeitura de São Paulo, “investimentos em habitação são muito importantes e precisam estar sempre garantidos. No entanto, em uma cidade com mais de 12 milhões de pessoas, como a nossa, é preciso investir muito também na educação, na saúde e no trabalho, porque, sem isso, a quantidade de pessoas que vai precisar de moradia nunca vai parar de crescer”. Esse cenário explicita o quanto ainda precisamos nos preocupar com acesso a direitos básicos para sonharmos com toda a inovação que uma Cidade Inteligente nos promete.

20

APARECEU NA CAPA

As Cidades Inteligentes devem beneficiar e proteger toda a sociedade e o meio ambiente É importante lembrarmos, portanto, que a materialização das Cidades Inteligentes não depende somente da implementação de tecnologia e de integração entre os sistemas de infraestrutura, tampouco depende apenas do governo. É necessário que as pessoas sejam consideradas nesse processo, tanto para desfrutarem dos benefícios de uma cidade inteligente, quanto para participarem ativamente e de forma inteligente dele, para que possam, assim, beneficiar e proteger toda a sociedade e o meio ambiente.

ILUSTRAÇÃO Giovanni S. APARECEU NA CAPA

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Infográfico Vértices

Onde você

Por: Henrique O., Guilherme N., João Vitor G., Lorenzo C., Lorenzo V., Lucas P., Mateus O., Miguel C. 9ºA

Ter uma casa para chamar de sua ainda é prioridade para a maior parte da população do nosso país.

87%

95%

76%

Tem o sonho da casa própria como prioridade

“Minha casa é o meu lugar favorito”

Passa a maior parte do tempo em casa.

Censo de moradia - Quinto Andar e Datafolha, 2022.

Nem todos, no entanto, conseguem realizar esse sonho, sendo o estado e a cidade de São Paulo destaques nesse cenário.

O estado concentra o maior número de residências alugadas do país, com 25,3% do total.

A capital tem quase 600 mil residências sem moradores fixos ou vazias. Ao mesmo tempo, há aproximadamente 400 mil famílias sem moradia digna.

Pnad Contínua, divulgada pelo IBGE em 2023.

22

INFOGRÁFICO VÉRTICES

?

5115

O número de moradias em favelas teve crescimento vertiginoso nos últimos anos, o que indica um dos efeitos da pandemia Covid-19, período em que muitas pessoas perderam empregos e fonte de renda.

Esse quadro, porém, não atinge a todos da cidade igualmente.

283

450

163 1 202

2

202

Fonte: Prefeitura de São Paulo, 2022.

ê MOR

las ave iores. f m s e anter o i l í ic os domaos an s o Nov arado p com 0

02 9 2 1 0 2

% de domicílios em favelas em relação ao total de domicílios e perfil racial do moradores.

Pretos e pardos

Favelas 0

Pinheiros Campo Belo Brasilândia

25

50

75

Mapa da Desigualdade, 2022.

Há ainda aqueles que estão em situação de rua.

192 mil pessoas vivem nessa condição no país.

São Paulo concentra 42% dessa população (80 mil).

A capital, por sua vez, concentra 25% (48 mil).

Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), 2022.

Papo cabeça Entrevista com Vera Eunice de Jesus Por: Arthur H, Felipe K., Gabriel T., Gabriela A., Gabriella C., Julia F., Lilian F., Lucas L., Manuela L., Maria Eduarda A., Rodrigo S., Stephanie M.

DO QUARTO DE DESPEJO À SALA DE VISITAS

IMAGEM Comunicação Vértice

Quando era criança, Vera Eunice de Jesus admirava a paixão de sua mãe pela leitura e pela escrita. Filha de Carolina Maria de Jesus, autora de Quarto de Despejo: diário de uma favelada, hoje, Vera Eunice é professora da rede municipal de São Paulo, realizando o sonho de Carolina e dando continuidade ao seu legado. Após estudar a principal obra de Carolina Maria de Jesus, que aborda o cotidiano dela e de seus filhos na favela do Canindé, nós, da Revista Vértices, entrevistamos pessoalmente essa personagem viva, Vera Eunice, para saber mais como o legado de Carolina marcou e impacta a vida das pessoas até hoje.

Sabemos que você atua na área da educação.

Como começou a sua trajetória profissional nessa área e por qual motivo você decidiu virar professora?

Quando eu tinha uns 10 anos, estava no quarto ano e era péssima em Matemática, mas em Português tirava 10. A minha mãe percebeu e falou que iríamos corrigir os livros dela, então nós corrigíamos juntas. Ela tinha uma sede de aprender! Queria saber verbos, concordâncias, pontuação. Eu sempre falo que minha mãe foi a minha primeira aluna e com ela eu fui aprendendo a ensinar. Eu queria ser jornalista porque fui criada no meio de jornalistas, mas minha mãe queria que eu fosse professora. Um ano antes de morrer, ela me deixou uma carta com uma série de pedidos e um deles era que eu me tornasse professora. Hoje ensino a pedido dela e também por já ter aquele dom de ensinar.

Descobrimos que você faz parte da comissão editorial da Companhia das Letras, que está republicando as obras de sua mãe. Como está sendo o trabalho dessa comissão?

Vamos publicar as 27 obras da minha mãe. Antes seria apenas uma única conselheira, mas era muito trabalho: temos romance, poemas, contos, teatro, quadrinhos, diários, por isso precisava de um trabalho minucioso. Trouxemos mais conselheiras, todas negras, a Rafaela, uma jovem branca que estuda a história da minha mãe, e a Conceição Evaristo. Nessas obras, temos “açúcar” com -ss, temos ”farmácia” com -ph, e optamos por deixar a ortografia da Carolina como ela escreveu. Recebemos uma crítica terrível, porque falaram que a gente queria mostrar que os negros escreviam errado, mas não foi isso que a gente fez. Não deixamos Carolina escrevendo errado, “Carolina escreveu pretoguês”, como dizia Lélia González. Com essa escolha, mostramos as

mudanças que o português sofreu até hoje, e também que as pessoas não precisam ter medo de escrever. Eu posso escrever açúcar com -ss, mas o que importa é a mensagem que eu quero passar. A mãe do Criolo, Vilani, fala que quando você está escrevendo não está vendo classe gramatical, você está vendo o sentimento.

Por fim, soubemos que você teve dificuldade em ler Quarto de Despejo. Se você se sentir confortável, poderia nos dizer como foi a experiência de entrar em contato com a escrita da sua mãe? Qual impacto você acha que a obra dela traz?

Eu tinha de ler o livro, mas eu não conseguia. Às vezes eu ficava lembrando de uns momentos bons e lia algumas partes. Eu e meus irmãos saímos do quarto de despejo e fomos para a sala de visitas por conta dos livros que minha mãe vendeu e vende até hoje, mas mesmo assim eu não conseguia ler. Há uns dois meses, porém, eu li o livro todo porque recebi um convite de uma engenheira muito bem sucedida, que estava com um projeto para evitar o desperdício de alimentos em algumas empresas. Eu tinha 10 minutos para convencer 80 empresários a participarem do projeto. Eu me senti, então, obrigada a ler, e li. Vi que eu realmente fui criada no lixo, que eu não comia.

Fui contando a história do Quarto de Despejo para eles: uma parte que minha mãe separou tomates do lixo, outra em que ela ficava pegando as cabeças de sardinha. Contei que minha mãe tinha polenta, mas eu não queria porque não gostava. Depois disso um dos empresários falou “Vera, eu comia polenta igual a você, mas eu não suportava. Minha mãe também fazia o mesmo que a sua”. Já outro empresário falou “Vera, eu não sei o que é fome. Eu nunca passei fome. A comida sempre estava pronta na mesa”.

Percebi que houve um impacto ali, e eu fiquei emocionada. Em 10 minutos eu mostrei o que era a fome a partir da escrita da minha mãe e todos toparam colaborar com esse projeto, que envolve a Anvisa e vai ser ampliado para toda a América do Sul. E assim a obra da minha mãe continua impactando a vida das pessoas.

PAPO CABEÇA

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POEM A CASA (Enzo P.) Mais do que moradia, a casa é identidade: anuncia protege denuncia.

Um teto é tranquilidade.

E cada experiência vivida uma parede uma mobília uma possibilidade.

À DERIVA (Guilherme T.) Na luta por habitação, para se ter um teto, um chão.

Uma parede para pendurar um quadro.

Um lugar pra se ter um colchão.

Uma casa vazia e uma pessoa sem moradia.

Um navio à deriva.

26 POEME-SE

VIZINHANÇA (Sophia L.) Vim trazer à tona o que há com aquele amontoado de gente como a gente, mas tão diferente.

Não só debaixo do telhado, como acima e dos lados.

Aquele alguém sozinho que vemos da nossa janela.

Ou aqueles alguéns juntos, mesmo que solitários, ocupando e atravessando a rua, minha, sua.

Carros, motos, bicicletas e mobiletes.

O ônibus segue seu caminho sem depender de ninguém exceto do roteiro: rotineiro.

ME-SE ONDE É SUA MORADA? A URBE (Ana B.) Cidades mais urbanizadas trazem mais poluição, mais modernização, mas também pessoas desabrigadas.

A CHAMA SOCIAL (Lívia R.) Ainda ouço os gritos daqueles que nos deixaram.

O fogo que os abraçou não foi por eles convidado.

O dano ambiental que nos condena, justificado por mais industrialização mais e mais poluição.

Será que tudo isso vale a pena?

Em vez de suas casas, devastadas pelo ardor, encontram-se novos edifícios que apresentam um maior valor.

EU PASSARINHO (Arthur G.) Um grupo de pessoas se reúne em mutirão e como o joão-de-barro constrói suas casas à mão.

E os que pagam o verdadeiro alto preço perderam suas moradias pelo avanço de construções cheias de morais vazias.

Juntas garantem o direito à moradia, que embora esteja na Constituição, por ele precisam lutar todo dia.

POEME-SE

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Cotidiano em texto

ENTRE LUGARES Por: Gabriel F., Camila B. e Maria Antônia S. 9°B Era um dia comum. Saí da escola depois de uma manhã longa e fui para casa almoçar.

Estava quase chegando, quando vi um homem com um cachorro dormindo no chão, um ao lado do outro. Se não entendesse o contexto, acharia até fofo. Ao inclinar minha cabeça um pouco para cima daquela cena, vi um banco, mas não era um banco desses de concreto, fácil de encontrar em praças e parques. Tinha divisórias de metal entre os lugares e parecia bem novo pela sua pintura.

Estranhei algo e demorei um pouco para entender o que era, mas logo lembrei. Eu já tinha parado naquela praça uma vez, só que aquele banco era outro. Há uns meses, estávamos eu e Clara, uma amiga, fazendo o mesmo caminho na hora do almoço em um dia bastante ensolarado, daqueles que parecem até amarelados de tão quentes. Quando estávamos perto da praça, ela diminuiu o passo e pediu para que eu esperasse. “Acho que a minha pressão caiu”. Eu sabia que isso eventualmente acontecia com ela, mas nunca tinha presenciado um momento desses. Ela estava pálida, eu preocupada, mas Clara parecia calma. Disse que precisava se deitar um pouco, que logo estaria melhor, então 28

COTIDIANO EM TEXTO

ILUSTRAÇÃO “Banco de concreto“ Isabela U. ILUSTRAÇÃO “Balão coração” Gabriela M.

avistei o banco de concreto da praça e a levei para lá. Ficamos alguns minutos ali, ela deitada com os pés em cima da mochila e a cabeça no meu colo. Lembramos da aula de Ciências sobre sistema circulatório, conversamos e rimos um tanto de qualquer bobagem. Ela foi melhorando e a memória que ficou daquele dia foi de um momento bonito da nossa amizade.

A gente rindo juntas naquele banco dava uma boa fotografia.

Olhei novamente para os dois no chão e para o banco moderno. Fiquei pensando nos porquês das novas braçadeiras e achei que, para mim, poderia ser até mais confortável ter onde apoiar os braços, além de ter protegido o meu lugar de pessoas excessivamente espaçosas.

Mas e ele? Seria melhor para ele também?

Quanto tempo eu precisaria passar naquela praça a ponto de apoios para os braços serem de fato importantes para mim como são para a minha mãe no home office? Sinceramente, se eu ficasse tanto tempo ali, por exemplo, lendo um livro, provavelmente também ia querer me deitar em algum momento para descansar as costas e olhar o céu nos intervalos da leitura.

A diferença entre a gente, entretanto, é que no meu caso seria um querer, não precisar.

COTIDIANO EM TEXTO

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Verte-se

Por: Ana Claudia D., Arthur B., Beatriz P., João S., Julia S., Rafael S., Thomas J., Valentina C. 9ºB

1 Com carinho e dedicação, cura os alunos com o coração.

12 Simpatia em pessoa, esse cara é gente boa.

2 Ajuda a nos expressar, o buon giorno sempre vai dar.

13 Com seu bom dia todo dia, faz da rotina uma alegria.

3 O fundamental coordenando e nos looks sempre arrasando.

14 Se localiza na diretoria. No seu sangue corre a sabedoria.

4 O melhor ser humano. Ele é o nosso mano.

She wears cool glasses and teaches 15 English in her classes.

5 Ciência é sua maestria e botânica a sua alegria.

16 Com carinho e dedicação, nos orienta com precisão.

6 Com o seu grande cabelão e os cálculos sempre em sua mão.

17 Os alunos ele fascina, porque a Geografia ele domina.

7 Passa calor com a gente e nas aulas é exigente.

18 Pintura é sua forma de expressão.

Anda por aí com seu pincel na mão.

A los alumnos les impresiona su 8 talento. Demuestra su gran conocimiento.

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9 Explica as fórmulas com disposição, fazendo inveja com seu cabelão.

10 A história ensina com carinho e nos ajuda a construir nosso caminho.

11 “Os meninos da Rua Paulo” com ela lemos e literatura aprendemos.

Com a tecnologia nos ajuda todo dia.

20 Está no laboratório e a tabela periódica no seu repertório.

21 A escola ela criou e o coração de todos conquistou.

22 Com sua gentileza, o cotidiano fica uma beleza.

1 Ana - 2 Ariane - 3 Edilene - 4 Elmano - 5 Elisa - 6 Eloy - 7 Filipe - 8 Gabriela - 9 Guilherme - 10 Gus - 11 Marcela - 12 Manu - 13 Neuma - 14 Patrícia - 15 Patrícia - 16 Regina - 17 Thiago - 18 Telma - 19 TI - 20 Vitor - 21 Walkiria - 22 Isa

É hora de relaxar e testar seus conhecimentos, mas não se preocupe porque não é uma V.A.

VERTE-SE

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Conheça com a gente Por: André L., Eduardo R., Luiza E., Giovana C., Simon L. 9ºA

Às vezes você também tem vontade de fugir de São Paulo?

Venha conhecer com a gente algumas iniciativas para viver seu dia a dia na cidade mais perto da natureza.

ILUSTRAÇÃO Lais F.

Cultive é um jogo de tabuleiro no qual você é um agricultor que abandonou o sistema normal de plantio para criar um sistema agroflorestal. Usando a natureza e técnicas ancestrais ensinadas no jogo, o objetivo é produzir alimentos variados e melhores para o consumo em terras cada vez mais férteis, sem adubo químico ou agrotóxicos, conservando os recursos naturais.

Parque Ecológico do Guarapiranga foi inaugurado em 1999 em São Paulo e está localizado na Zona Sul. Ele tem como principal objetivo preservar a fauna e flora dessa região e seus visitantes podem visitá-lo, e conhecer também o Museu do Lixo, a biblioteca ou fazer a Trilha da Vida, com o percurso de aproximadamente 1 hora, além de poder participar de diversas oficinas.

32 CONHEÇA COM A GENTE

Bela Rua é o projeto de uma associação sem fins lucrativos, que tem como objetivo transformar espaços públicos em lugares mais bonitos, divertidos e seguros. O projeto tenta transformar ruas, praças, becos ou qualquer espaço pouco utilizado em espaços agradáveis para convívio, cultura, lazer e proveito público.

Estação vida é um projeto do Instituto da Melhor Idade em parceria com o Parque Estadual Alberto Löfgren, mais conhecido como Horto Florestal, na Zona Norte de São Paulo. O projeto promove o encontro entre gerações e busca a melhoria na qualidade de vida da pessoa idosa, conscientização sobre o envelhecimento saudável e inclusão social, oferecendo atividades de lazer, recreação e educação para pessoas acima dos 50 anos.

Quer que eu desenhe?

Por: Guilherme M. e Juliana N. 9ºC

QUER QUE EU DESENHE?

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Revista Vértices