Scout #21

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EDIÇÃO #21 | JUNHO 2021 | GRATUITA

SCOUT

LIGA NOS: UMA ÉPOCA DE SURPRESAS

ENTREVISTA: JOÃO CARLOS TEIXEIRA

LA BELLA E RINNOVATA ITALIA


SOUNDSCOUT EDIÇÃO DE JUNHO

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Guimarães

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Editorial | 3

Editorial JUNHO 2021

I

mprevisivelmente, 2021 é ano de Campeonato de Europa e junho fica marcado por mais uma edição da maior competição de seleções da Europa. Posto isto, nada melhor do que a Scout deste mês para ler durante o intervalo das partidas.

No que diz respeito às temáticas desta edição, o principal destaque é a entrevista a João Carlos Teixeira. O médio, que fez grande parte da formação no Sporting, fala sobre o seu percurso, desde a passagem por Liverpool até ao regresso a Portugal para representar o FC Porto, Sporting de Braga e Vitória SC. Como não poderia deixar de ser, o internacional sub-21 português também aborda a adaptação à Holanda e o sonho de chegar à seleção A portuguesa.

Na revista deste mês, destaque ainda para um artigo que explana as ambições da seleção italiana neste Europeu e para um balanço final da Liga NOS, com análise às melhores equipas, jogadores e as principais surpresas/desilusões. Para terminar, a Scout volta a testar os conhecimentos dos leitores através de um quiz referente à história da nossa seleção no Campeonato da Europa e também revela o “onze da vida” de José ‘RunRun’ Soares, jogador profissional de FIFA do Sporting eSports.

Boa leitura!

Pedro Carvalho

Diretores: Filipe Carvalho, João Lemos e Pedro Carvalho Diretor de redação: Pedro Carvalho

Ficha técnica

Redação: Pedro Carvalho, Rodrigo Ferreira, Diogo Teixeira e Tomás da Cunha Marketing: João Lemos Web development: João Lemos Diretor Departamento Design: João Lemos Design gráfico: Francisco Canais Revisor: Diogo Teixeira

Agradecimentos: Feyenoord Rotterdam, João Carlos Teixeira, José Soares, Tomás da Cunha. Créditos: Getty Images, Global Imagens, Soccrates Images, UEFA, FIFA, Liga Portugal, Transfermarkt, zerozero, Maisfutebol, Feyenoord Rotterdam, FC Porto, Vitória SC, SC Braga, Liverpool FC, FC Paços de Ferreira, CD Santa Clara, Sporting CP.

Em todas as imagens reproduzidas pela revista e/ou respectivo site, foram respeitados os seus devidos diretos de autor e devidamente referenciados na ficha técnica. Desta forma, não pretendemos infligir quaisquer danos aos seus respectivos autores, colocando sempre em evidência a sua justa e respeitada utilização. A SCOUT apenas as utiliza de forma livre e referenciada não obtendo quaisquer lucros pela sua utilização.


4

| Índice

18 26 06

08 27 20

06

08

La bella e rinnovata Italia

Entrevista

18

20

Quiz

Liga NOS: Uma época de surpresas

Seleção Portuguesa em Europeus

João Carlos Teixeira

26

27

11 da Minha Vida

Calendário Euro2020

José “RunRun” Soares


VENCEDORES UEFA EURO

1960

1964

1968

1972

1976

1980

1984

1988

1992

1996

2000

2004

? 2008

2012

2016

2021


La bella e rinnovata Italia

Tomás da Cunha Analista/Comentador de Futebol @tomasrdacunha

@tomasrdacunha


La bella e rinnovata Italia | 7

Milão, 13 de Novembro de 2017. No mítico Giuseppe Meazza, Fratelli d’Italia entoado com toda a alma de um país. Da crença à desilusão foram 90 minutos de intervalo. Vittorio Pozzo, Paolo Rossi, Marcelo Lippi e Fabio Cannavaro tocaram no céu para que Gian Piero Ventura e pupilos descessem ao inferno. Passaram 60 anos até que a Squadra Azzurra ficou fora de um Mundial. Chora Buffon, choram todos com ele. A queda antecipava-se há muito. Olhe-se para a selecção de 2016, com poucas estrelas e espremida ao limite por Antonio Conte. Mas o futuro pertence aos que vêem uma oportunidade de reconstrução quando a esperança escasseia. Em Maio de 2018, Roberto Mancini assumiu o objetivo de devolver a Itália ao lugar habitual. Uma figura incontestável enquanto jogador, sobretudo no Luigi Ferraris, mas longe de dar certezas enquanto treinador. Desde essa altura, só perdeu um jogo oficial e foi frente a Portugal. A renovação aconteceu naturalmente, novas figuras surgiram e a Squadra Azzurra joga um futebol reconhecível, com protagonismo para os médios. Voltou a “velha” Serie A, com menos estrelas em campo, mas com uma diversidade tática sem paralelo na Europa. De Zerbi e Gasperini ajudaram a transformar convicções. Agora, tendo recuperado a auto-estima, há uma seleção a considerar para vencer o Euro e a Liga das Nações. A convocatória de Mancini ainda conta com a experiência de Bonucci, Chiellini e Ciro Immobile, mas terá poucos repetentes em relação à prova francesa - já lá vão cinco anos. Certo é que a afirmação de grandes figuras do calcio atual elevou o nível em termos de qualidade e profundidade. Há poucos médios no futebol europeu tão importantes na respetiva equipa como Nicolò Barella, um dos melhores amigos de Antonio Conte, apto para todo o tipo de cenários.

Não se encontra facilmente um extremo eletrizante, incisivo e goleador como Federico Chiesa, que vem de uma super temporada numa Juventus em cacos, confirmando que a Fiorentina já era curta para o potencial exibido. Lorenzo Insigne somou uns míseros 37 minutos no Euro 2016. À beira dos 30 anos, o napolitano tem nesta competição o palco ideal para brilhar pela Nazionale. Não dá para esquecer Gigi Donnarumma, herdeiro da pesada baliza italiana e em estreia num Europeu. A estes jogadores é necessário juntar craques estabelecidos como Jorginho, que voltou ao melhor nível com a chegada de Tuchel a Londres, e Marco Verratti, dominador na meia-final europeia contra o Man City. Em termos de construção e qualidade técnica para ligar o jogo no corredor central, Itália não deve praticamente nada a nenhum adversário - só a Alemanha terá a mesma riqueza de opções. Manuel Locatelli, indispensável no atrativo Sassuolo, Stefano Sensi e Pellegrini oferecem uma variabilidade de perfis sempre necessária neste tipo de torneios. Ainda haverá nomes riscados da lista do selecionador, mas o futuro da Squadra Azzurra está assegurado. Donnarrumma, por exemplo, é um “veterano” de 22 anos. Bastoni, importantíssimo central canhoto no Inter campeão, tem a mesma idade. Locatelli, com uma cultura de jogo fora de série, conta apenas 23 anos e os 24 de Barella garantem a presença nas próximas grandes competições. No Sassuolo, vai emergindo o jovem Giacomo Raspadori, avançado de 21 anos que não demorará a aparecer no topo. Já não há estereótipo que valha aos mais céticos: o calcio recuperou a jovialidade e o melhor parece ainda não ter chegado.



ENTREVISTA

JOÃO CARLOS

TEIXEIRA


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| Entrevista: João Carlos Teixeira

ENTREVISTA

SCOUT: Como é que começou o teu percurso no futebol? Foi o gosto pela modalidade? Tiveste alguma influência? JOÃO CARLOS TEIXEIRA: Eu sempre gostei de jogar futebol na escola desde miúdo e também tinha primos mais velhos que jogavam, neste caso, no clube da terra que era o Desportivo de Lago, e eu acabava por ir. Eu, sendo mais novo, acabava por juntar-me a eles e comecei a treinar com eles, mas sem competição oficial. Mais para a frente é que comecei a ser federado.

João Carlos Teixeira

Aos 28 anos, João Carlos Teixeira acabou de cumprir a primeira temporada ao serviço do Feyenoord. Numa conversa com a Scout, o médio, que fez grande parte da formação no Sporting, fala sobre o seu percurso, desde a passagem por Liverpool até ao regresso a Portugal para representar o FC Porto, Sporting de Braga e Vitória SC. Como não poderia deixar de ser, o internacional sub-21 português também aborda a adaptação à Holanda e o sonho de chegar à seleção A portuguesa.

Aos 12 anos, fui sozinho para a Academia e não é nada fácil deixares a tua casa, amigos e família.

SCOUT: Depois vais muito cedo para o Sporting, com alguma influência do Aurélio Pereira. Conta-nos como é que foi o processo da ida para Alcochete? JCT: Eu jogava no Sporting de Braga, era iniciado de segundo ano e o Coronel Santos, que era olheiro do Sporting no norte do país, e o Sr. Aurélio Pereira acabaram por falar com os meus pais e no final da época acabei por ir para a Academia.


Entrevista: João Carlos Teixeira | 11

SCOUT: Foste para o Sporting com 12 anos. Como é para um rapaz bastante jovem ir para uma Academia tão longe de casa? JCT: Fui sozinho para a Academia e embora tivesse muitos colegas que estavam lá a viver comigo, não é nada fácil deixares a tua casa, amigos e família e mudares-te para Lisboa, neste caso Alcochete, e mudares a tua rotina e vida normal. SCOUT: Nessa ocasião, já pensavas em ser um jogador profissional? JCT: Não, não tinha perceção. Nem sabia o que era ser profissional, mas sabia que tinha uma oportunidade, aquilo era o que eu gostava de fazer e quis arriscar. Os meus pais também não me quiseram prender nesse sentido. SCOUT: No período de cinco anos no Sporting quais foram os principais momentos que te marcaram e que definiram o teu percurso enquanto jogador profissional? JCT: O ano dos sub-15 foi muito importante para mim porque comecei-o com uma fratura no torneio da Marinha Grande, contra o Porto. Sofri uma entrada por trás, parti o perónio e comecei logo mal a época. Depois fui recuperando, voltei a jogar em janeiro e a partir daí foi uma viragem muito grande. Não estava a jogar, no início da época não era das primeiras opções e acabei o ano sendo titular os jogos todos da fase final, onde marquei dois golos contra o Benfica, um no último minuto em Alcochete e o outro no último jogo no Seixal, em que acabámos por empatar e onde nos sagramos campeões de sub-15. SCOUT: Naquela altura, em que posição jogavas? JCT: A “número 8”, num 4-3-3. Também cheguei a jogar na ala algumas vezes, mas normalmente era no meio-campo.

Liverpool foi um daqueles ’comboios’ que não passam sempre.


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| Entrevista: João Carlos Teixeira

SCOUT: Depois segue-se a tua ida para Liverpool, depois de os defrontares numa partida para a NextGen Series. Foi uma proposta irrecusável ou já não tinhas aspirações em ingressar na equipa principal do Sporting, embora já estivesses a treinar com eles? JCT: Foi um daqueles “comboios” que não passam sempre e quis agarrar a oportunidade de ir para Inglaterra. SCOUT: Na tua chegada, acusas logo uma lesão nos exames médicos… JCT: Sim, quando fiz os exames para assinar com o Liverpool já estava com a lesão, mas eles não voltaram com a palavra atrás e eu assinei na mesma. Foi uma fratura no L4 e 5 e tive de parar seis meses. SCOUT: De que forma é que essa paragem foi determinante para não possuíres uma adaptação tão fácil a Liverpool? JCT: Foi mais demorado porque aqueles cinco meses - de janeiro a maio - iam ser a minha adaptação e acabou por não o ser porque não podia treinar nem jogar. Não me adaptei ao futebol, que foi aquilo para o qual eu fui, mas sim à língua e à cultura. SCOUT: Se não fosse a paragem, a ideia era ir logo para a equipa principal? JCT: Não, a ideia sempre foi ir para as reservas e depois dar o salto. SCOUT: Após dois anos no Liverpool, segues por empréstimo para o Brighton - que estava no Championship - onde fazes 35 jogos e marcas 6 golos, naquele que o foi o primeiro ano em que tiveste muitos minutos em Inglaterra. Quais são as diferenças entre o Championship e a Premier League? JCT: A Premier League tem jogadores com mais qualidade, mas as características das ligas são idênticas. É uma liga rápida, com muita intensidade. É igual à Premier League, só que, obviamente, não possui tantos jogadores com qualidade.


Entrevista: João Carlos Teixeira | 13

SCOUT: No final desse empréstimo, regressas ao Liverpool e na equipa principal partilhaste balneário com jogadores de renome mundial. Há algum que te tenha deslumbrado? JCT: O Coutinho era aquele que eu mais apreciava, também porque era da minha posição, mas obviamente existiam outros jogadores fantásticos como o Gerrard, Suaréz, Sterling ou Sturridge.

O Klopp trabalha muito a intensidade e depois, a nível tático, a forma de pressionar e de sair a jogar. SCOUT: Nessa ocasião também foste treinado pelo Jurgen Klopp. Quais eram as vertentes do jogo que ele dava mais importância nos treinos? JCT: Ele trabalha muito a intensidade e também a nível tático, como a forma de pressionar e de sair a jogar… Acho que ele passa muito bem a mensagem à equipa e toda a gente sabia o que tinha de fazer. SCOUT: A nível pessoal, ele dizia-te alguma coisa em concreto sobre aquilo que tinhas de melhorar? JCT: Aqueles feedbacks normais do treino, nada em particular. Ele é uma pessoa super fácil, muito contacto físico, tal como verbal. Ele é completamente apaixonado e vive intensamente o futebol.


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| Entrevista: João Carlos Teixeira

SCOUT: Por curiosidade, o que pensas do recente momento do Liverpool, que não tem correspondido às expectativas? JCT: São ciclos. Simplesmente não está a correr bem. No ano passado e há dois anos correu bem. A perda dos centrais por lesão muito cedo também influenciou.

Voltar a casa, numa equipa grande em Portugal, como o Porto, achei que era uma boa opção. SCOUT: Vais para o Porto. A pouca utilização no Liverpool foi o principal fator para essa decisão? JCT: Na altura, eu acabava o contrato com o Liverpool e queria sair para jogar mais e achei que o Porto seria ideal. Voltar a casa, numa equipa grande em Portugal, achei que era uma boa opção. SCOUT: Depois de uma época no Porto com o Nuno Espírito Santo como treinador, perdes algum espaço na segunda temporada com a chegada do Sérgio Conceição e segues por empréstimo para Braga… JCT: Sim, com o Sérgio Conceição já sabia que, à partida, iria ser emprestado. Em Braga, eu jogava, mas depois de um jogo da Liga Europa fui operado à apêndice e a minha época acabou aí. Foi num jogo dos quartos de final com o Marselha.

O meu estilo de jogo conjugou-se muito bem com as ideias do mister Ivo Vieira. SCOUT: Depois segues para Guimarães para jogar no Vitória e embora na primeira época não tenhas jogado muito, a segunda foi a tua época de afirmação no futebol português, sendo o melhor marcador do Vitória SC com 10 golos. JCT: A primeira época foi difícil porque tive muitas lesões e realmente não estava no meu melhor nível. Depois as coisas melhoraram no ano seguinte, onde o meu estilo de jogo conjugou-se muito bem com as ideias do mister Ivo Vieira e tudo se foi concretizando. SCOUT: No ano passado, o Vitória SC foi uma das melhores equipas a praticar bom futebol, mas não conseguiu atingir os resultados e a classificação condizente com as exibições… JCT: Sim, no ano passado fomos uma equipa que praticou sempre um bom futebol. Também perdemos o Tapsoba a meio da época e tivemos jogos onde podíamos ter ganho e não o conseguimos. Éramos uma equipa que eu acho que as pessoas gostavam de ver porque criávamos sempre muitas ocasiões e batíamo-nos bem sempre contra todas as equipas.


Entrevista: João Carlos Teixeira | 15

O Feyenoord é uma equipa grande na Holanda e gosto muito de estar cá. SCOUT: Embora tenha sido a tua época de afirmação no futebol português, no início desta temporada voltaste para o estrangeiro para representar o Feyenoord. Estava nos teus planos deixar novamente o futebol português para conhecer um novo campeonato? JCT: Surgiu a oportunidade e achei que era uma boa opção para mim. O Feyenoord é uma equipa grande na Holanda e gosto muito de estar cá. SCOUT: Tens trabalhado com o Dick Advocaat como treinador e com o Van Persie na equipa técnica. Como tem sido a experiência? JCT: O Van Persie será o nosso adjunto para o ano. Ele por vezes vem participar nos treinos, só que neste caso trabalha mais com os avançados. O contacto que tenho com ele é normal, ele é muito fácil de interagir e está sempre bem disposto. Em relação ao Advocaat, também tem sido uma boa experiência. É um bom treinador, uma excelente pessoa. SCOUT: Os objetivos para esta temporada foram alcançados ou o campeonato era algo que almejavam? JCT: O campeonato não era fácil por causa do Ajax, mas sim, jogar na Europa é sempre o objetivo.


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| Entrevista: João Carlos Teixeira

SCOUT: No que toca às características do jogo na Holanda, quais são as principais diferenças em relação aos outros campeonatos que disputaste? JCT: O pessoal fala que aqui há muitos golos e, de facto, há mesmo porque as equipas querem sair a jogar e pressionar alto. Obviamente que se cometem muitos mais erros, erros esses que provocam mais golos. SCOUT: Recentemente, li num estudo referente às ligas europeias que a Eredivisie é a segunda liga com maior tempo útil de jogo e é aquela onde existem menos paragens para a marcação de faltas. Isso sente-se muito dentro do campo? JCT: Sim, sentes que o jogo é muito mais fluído do que em Portugal. Aqui na Holanda é mais idêntico à Inglaterra e à Alemanha. SCOUT: Pensas que o facto de o jogo ser mais “corrido”, com menos paragens, se adequa às tuas características enquanto jogador? JCT: Isso ajuda a qualquer jogador porque estar sempre a parar não é agradável. Quer para nós quer para quem vê. Agora, eu gosto que o jogo seja mais aberto porque o torna mais bonito e mais ofensivo, com ambas as equipas a quererem ganhar. SCOUT: Mas também há quem veja o outro lado da moeda, ou seja, que a Eredivisie é uma liga em que as equipas não são boas defensivamente… JCT: Não é pela qualidade dos jogadores, acho que é mesmo pelo facto de as equipas pressionarem alto, correndo o risco de estarem desposicionadas. Existe mais espaço nas costas, logo existe maior probabilidade de sofrer golo do que se baixares a equipa toda e tiveres 11 jogadores atrás da linha do meio-campo.

O futebol tornou-se muito mais físico e atlético. A ‘posição 10’ foi-se perdendo e os treinadores optam por jogadores mais intensos e não tão bons tecnicamente.


Entrevista: João Carlos Teixeira | 17

SCOUT: Sendo tu um jogador que gosta de jogar na “posição 10”, o que pensas do facto de cada vez mais esta posição estar a desaparecer no panorama do futebol mundial. Será pela maior rigidez tática? JCT: Sim, pela rigidez tática e física. O futebol tornou-se muito mais físico e atlético do que era antes. Agora é mais rápido, existe mais contacto físico e intensidade. Foi-se perdendo um bocadinho esta posição e os treinadores optam por jogadores mais intensos e não tão bons tecnicamente. Mas também depende muito do treinador. SCOUT: Sendo as lesões algo que têm atormentado a tua carreira, pensas que já poderias estar num patamar superior se não tivesses esses problemas? JCT: Tem sido sempre um recuo grande quando tenho uma lesão. Neste caso, já tive fraturas, já parti três vezes o perónio… São lesões em que tens de fazer cirurgias e tens de parar, esperar que se cure e obviamente que não é fácil. Felizmente, tenho conseguido recuperações boas, mas é sempre um atraso muito grande. A época tem nove meses e são necessários pelo menos três meses para tratar este tipo de lesões. Um terço da época acaba logo aí.

Já joguei em todos os escalões jovens e obviamente gostaria de representar seleção A.

SCOUT: Sendo internacional sub-21 português, a seleção A é um objetivo? As tuas decisões de carreira sempre tiveram o foco de estar num clube que te dê visibilidade para estares na seleção portuguesa? JCT: Obviamente que é um sonho jogar pela seleção. Já joguei em todas as camadas jovens e obviamente que gostaria de representar a seleção A. Mas também sei o nível de dificuldade e sei que não é fácil chegar lá. SCOUT: Pensas que Portugal pode ter aspirações na conquista do Campeonato da Europa? JCT: Acho que sim. Nós somos campeões em título. Acho que até temos melhorado bastante e temos sempre batido muito bem contra as grandes equipas. Acho que seremos sempre candidatos.

Não sei se vou ser treinador ou não, mas já fiz o primeiro nível e gostava de fazer o segundo. SCOUT: Embora a tua carreira enquanto futebolista ainda esteja muito longe de terminar, gostaria de saber se tens o “bichinho” de ser treinador e se é uma das possibilidades para o futuro? JCT: Já fiz o primeiro nível de treinador. Não sei se o vou ser ou não, mas já fiz o primeiro e gostava de fazer o segundo. Depois quando acabar logo se vê. Espero não acabar tão cedo (risos), por isso acho que ainda faltam uns aninhos e até lá vou ver o que a vida me reserva.


18

| Quiz Seleção Portuguesa em Europeus

1. Em quantas fases finais de europeus participou a seleção portuguesa? A

Cinco

B

Sete

C

Nove

D

Doze

2. Em que ano se estreou a seleção em fases finais de europeus? A

1964

B

1976

C

1984

D

1992

3. Quem marcou o primeiro golo português de sempre, em europeus? A

António Sousa

B

Eusébio

C

Jaime Pacheco

D

Chalana

4. Contra quem foi o primeiro jogo em fases finais de europeus? A

Espanha

B

França

C

Dinamarca

D

Alemanha

5. Qual o resultado desse jogo? A

Empate 0-0

B

Vitória 2-1

C

Derrota 3-0

D

Empate 1-1

?

1. B; 2. C; 3. A; 4. D; 5.A.


6. Em que ano foi a primeira presença na final? A

1984

B

1996

C

2004

D

2016

7. Quantos jogos, em fases finais de europeus, já disputou Cristiano Ronaldo? A

19

B

21

C

23

D

25

8. E quantos golos marcou nos jogos em que participou? A

5

B

7

C

9

D

11

9. Quem foi o adversário de Portugal na meia-final de 2016? A

Bélgica

B

País de Gales

C

Alemanha

D

Islândia

10. A acompanhar Rui Patrício e Anthony Lopes, quem era o terceiro guarda-redes no Euro 2016? A

José Sá

B

Beto

C

Daniel Fernandes

D

Eduardo

6. C; 7. B; 8. C; 9. B; 10. D.

?

Quiz Seleção Portuguesa em Europeus | 19


| Liga NOS: Uma época de surpresas

Liga NOS: uma época de surpresas

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Liga NOS: Uma época de surpresas | 21

Terminou mais uma edição do campeonato português. O Sporting sagrou-se campeão nacional 19 anos depois, contabilizando 85 pontos no total, com a melhor defesa (20 golos sofridos) e o terceiro melhor ataque (65). Na verdade, os Leões não partiam como favoritos, muitos consideravam até que o Sporting estava atrás do Sp. Braga em termos de ambição, mas o conjunto de Rúben Amorim surpreendeu desde cedo e conseguiu chegar ao lugar mais desejado por todos. Apesar da eliminação europeia, aos pés do LASK Linz, o Sporting pautou a sua época a nível interno por uma grande regularidade, sendo que juntou a Taça da Liga ao título de campeão nacional. O treinador foi claramente o rosto principal, por diversas razões, nomeadamente a certeza nas suas ideias, o rigor no trabalho de campo, que tornou a equipa muito sólida e ambiciosa, a inteligência no discurso, a coragem nas apostas, visto que lançou com sustentabilidade vários jovens jogadores que naturalmente viram o valor do seu passe disparar, e a mentalidade competitiva que incutiu no grupo, que em todos os jogos mostrou crença e vontade de vencer do primeiro ao último minuto. Assim, se o Sporting foi a principal surpresa do ano desportivo, muito desse feito se deve ao treinador que, em conjunto com a direção (Frederico Varandas e Hugo Viana têm também, evidentemente, a sua parte do mérito), construiu um Sporting que foi capaz de quebrar o jejum.


| Liga NOS: Uma época de surpresas

Liga NOS: uma época de surpresas

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Por outro lado, além do treinador, vários elementos do plantel surpreenderam, tanto pelo tempo de utilização como pelo rendimento que mostraram. Nuno Mendes surge acima de todos, demonstrando que é, atualmente, um dos maiores talentos do futebol português pelo que consegue acrescentar nos dois lados do campo. A chamada para o Euro 2020 apareceu, por isso, com naturalidade, tais como a de João Palhinha, o melhor ‘6’ da Liga pela incrível capacidade física e de pressão que emprestou ao miolo dos Leões, e, sobretudo, a de Pedro Gonçalves, o primeiro português a alcançar o título de melhor marcador do campeonato (23 golos) desde Domingos Paciência, em 1996, e que foi responsável por desbloquear uma série de jogos para os Verde e Brancos. Além destes, a enorme temporada de Coates no eixo defensivo, a segurança que Adán trouxe à baliza e o talento de jovens como Pedro Porro, Gonçalo Inácio, Matheus Nunes ou Tiago Tomás também não passaram despercebidos. Nota final para Nuno Santos, um jogador igualmente determinante na campanha leonina e que terminou a época com excelentes números.


Liga NOS: Uma época de surpresas | 23

De resto, as restantes surpresas a nível coletivo prendemse com as prestações de Paços de Ferreira e Santa Clara, que garantiram o apuramento para as competições europeias. Os pacenses realizaram uma grande primeira volta, chegaram mesmo a morder os calcanhares ao top-4, e, apesar de quebrarem ligeiramente na segunda, conseguiram manter-se no 5.º lugar e fazer história com o recorde de triunfos (15) no maior escalão do futebol português. Pepa foi o grande obreiro, mas irá rumar a Guimarães em 2021/22, enquanto que jogadores como Stephen Eustáquio, Douglas Tanque, Bruno Costa ou o “jovem” Luiz Carlos estiveram em destaque. Já os açorianos apuraram-se pela 1.ª vez para a Europa, garantindo o passaporte na última ronda, resultado que premeia a excelente visão de mercado do Santa Clara. Carlos Jr. foi a maior figura, mas Fábio Cardoso, Rafael Ramos, Morita, Cryzan ou Lincoln também se evidenciaram.


| Liga NOS: Uma época de surpresas

Liga NOS: uma época de surpresas

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Em sentido inverso, o Benfica, que investiu cerca de 100 milhões de euros no seu plantel, embora tenha vendido Rúben Dias, ficou aquém do esperado no campeonato e passará novamente pelas pré-eliminatórias da Champions no verão, sendo que reforços como Everton, Darwin, Waldschmidt, Gilberto, Pedrinho ou Vertonghen não renderam o esperado. Também o Rio Ave, que tinha um elenco sólido e experiente, desiludiu bastante, sendo forçado a disputar um play-off para não descer, ao passo que o Boavista, que construiu um plantel para ir à Europa, acabou a lutar pela manutenção até ao último segundo. Ainda assim, a maior deceção foi mesmo o Vitória SC, que apostou forte no mercado, mas sem frutos. Os vimaranenses tiveram quatro treinadores na época, praticamente não valorizaram jogadores e ainda perderam a porta da Europa na última jornada.


Liga NOS: Uma época de surpresas | 25

A nível individual, importa destacar ainda, pela positiva, jogadores como Ryan Gauld, um dos melhores médios da Liga, apesar do Farense ter descido, a dupla em maior destaque no FC Porto (Taremi e Sérgio Oliveira), os goleadores Mário González, Elis, Cassierra e Beto, que foram determinantes na permanência de Tondela, Boavista, Belenenses SAD e Portimonense, respetivamente, assim como a dupla Joel-Pinho do Marítimo, o médio Lucas Mineiro (Gil Vicente), que poderá rumar a Braga para fazer dupla com o talentoso Al Musrati, os promissores Ugarte, Vinagre e Iván Jaime do Famalicão e, por fim, os defesas Tiago Esgaio (Belenenses SAD), Tomás Ribeiro (Belenenses SAD), Abdu Conté (Moreirense) e Ricardo Mangas (Boavista) que devem mudar de ares no defeso. Em sentido inverso, além dos exemplos já referenciados no Benfica, jogadores como Felipe Anderson e Malang Sarr, do FC Porto, Mensah ou Noah Holm no Vitória SC, Gelson Dala ou Aderllan Santos no Rio Ave, Dani Morer e Joaquín Pereyra no Famalicão ou Lucas Silva (Paços de Ferreira) não corresponderam às expectativas.


José “RunRun” Soares

JOGADOR PROFISSIONAL DE FIFA (SCP ESPORTS)

11

DA

MINHA VIDA CECH

T. SILVA

MALDINI

ALBA

LAHM

XAVI

INIESTA

RONALDINHO

MESSI

RONALDO

TORRES


JUNHO GRUPO A

GROUP C

GRUPO B

X

11/06

20h00

X

12/06 17h00

X

13/06 17h00

X

12/06

14h00

X

12/06 20h00

X

13/06 20h00

X

16/06

17h00

X

16/06 14h00

X

17/06

X

16/06 20h00

X

17/06

17h00

X

17/06 20h00

X

20/06 17h00

X

21/06 20h00

X

21/06 17h00

X

20/06 17h00

X

21/06 20h00

X

21/06 17h00

GRUPO D

GRUPO E

14h00

GRUPO F

X

13/06 14h00

X

14/06 17h00

X

15/06 17h00

X

14/06 14h00

X

14/06 20h00

X

15/06 20h00

X

18/06 17h00

X

18/06 14h00

X

19/06 14h00

X

18/06 20h00

X

19/06 20h00

X

19/06 17h00

X

22/06 20h00

X

23/06 17h00

X

23/06 20h00

X

22/06 20h00

X

23/06 17h00

X

23/06 20h00

OITAVOS DE FINAL 1

2A

X

2B

26/06 17h00

2

1A

X

2C

26/06 20h00

3

1C

X 3D/E/F 27/06 17h00

4

1B

X 3A/D/E/F 27/06 20h00

5

2D

X

6

1F

X 3A/B/C 28/06 20h00

7

1D

X

8

1E

X 3A/B/C/D 29/06 20h00

2E

2F

28/06 17h00

29/06 17h00

QUARTOS DE FINAL

MEIAS-FINAIS MF 1

1

6

X

5

02/07 17h00

QF 2 X QF 1

06/07 20h00

MF 2 2

4

X

2

02/07 20h00

3

3

X

1

03/07 17h00

8

X

7

03/07 20h00

4

QF 4 X QF 3 07/07 20h00

FINAL MF 1 X MF 2 11/07

20h00


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