-NOGUEIRA, Vanessa dos Santos ; Paniz, Catiane Mazocco . O uso de blogs como ferramenta de apoio ao

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O USO DE BLOGS COMO FERRAMENTA DE APOIO AO ENSINO PRESENCIAL DE CIENCIAS 1 2

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PANIZ, C.M. ; NOGUEIRA, V. S

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Relato de experiência realizado na Escola Marista de Ensino Fundamental Santa Marta Licenciada em Ciências Biológicas(UFSM). Mestre em Educação (UFSM), Rio Grande do Sul, Brasil Licenciada em Pedagogia (URCAMP). Cursando especialização em Gestão Educacional (UFSM), Rio Grande do Sul, Brasil E-mail: catianemail@yahoo.com.br, snvanessa@gmail.com 2

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RESUMO Tendo em vista a necessidade de trabalhar com as ferramentas oferecidas pela tecnologia e buscando oferecer aos nossos alunos a possibilidade de interagir e construir cooperativamente, utilizamos a internet para tecer conhecimentos na rede através de blogs. Contemplamos nesse trabalho os aspectos dos blogs como ambientes virtuais de aprendizagem utilizados como apoio ao ensino presencial de Ciências. Palavras-chaves: Ciências. Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Blogs ABSTRACT Bearing in mind the need to work with the tools offered by technology and looking to offer our students the opportunity to interact and build cooperatively, used the Internet to make knowledge on the network through blogs. Contemplate this work aspects of blogs and virtual environments for learning used to support teaching presence of Sciences. Key-words: Science. Virtual Learning Environments. Blogs INTRODUÇÃO A disciplina de ciências deve ser uma disciplina que traga à discussão vários aspectos sociais, culturas e ambientais. Para que isto realmente aconteça, se faz necessário que os professores não coloquem como principal referência de sua prática pedagógica o livro didático, que na maioria das vezes é descontextualizado e altamente biologizado. É importante que os educadores estejam inseridos no seu contexto de trabalho e que consigam relacionar os conteúdos de ciências com a realidade na qual seus alunos vivem, pois desta forma, eles poderão ter voz ativa no processo de aprendizagem, pois terão, com certeza muitas coisa para falar. Outro fator importante é que os professores percebam que a utilização de vários recursos de ensino podem tornar suas aulas mais interessantes, participativa e conseqüentemente mais proveitosa pelos alunos, deixando assim, os conteúdos de ciências mais significativos. Portanto, é importante que os professores levem os educandos a construírem um conhecimento global, interdisciplinar e não fragmentado e compartimentalizado, pois de acordo com Fracalanza, Amaral e Gouveia (1986, p. 20), “o raciocínio sincrético da criança caracteriza-se pela percepção da totalidade do objeto, pela dificuldade em decompô-lo nas suas partes constituintes e em reconhecer as relações entre essas partes”. As salas de aula, onde supostamente se ensina e se aprende, deveriam ser espaços de lidar com o conhecimento sistematizado, construir significados, reforçar, questionar e construir interesses sociais, formas de poder, de vivências que tem necessariamente uma dimensão antropológica, política e cultural. O professor de ciências, desta forma, deve deixar de ser apenas informante dos conhecimentos científicos, o organizador das classificações biológicas, para ser investigador, questionador e possibilitar aos alunos que reflitam sobre os acontecimentos ao seu redor. Sem é claro perder de vista seus objetivos.

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Assim, consideramos que se apropriar de diversas ferramentas educacionais possibilitara ao professor aprender mais e tornar suas aulas de ciência naturais mais prazerosas. Além de utilizar o laboratório de ciências, livros, saídas de campo, ele pode faz uso de outra possibilidade que as escolas oferecem: o laboratório de informática. O uso da tecnologia para favorecer o processo de ensino aprendizagem deve criar uma rede de informações favorecendo a construção do conhecimento. A reflexão sobre redes e sua natureza na sociedade humana é, deveras, bastante ampla, encontrando ressonância em todos os campos das ciências. Nesse sentido, é importante referenciar o que pensa CAPRA (1996) sobre esse assunto. Para o autor, a rede é um elemento intrínseco do ser humano, sendo parte da constituição do homem desde seu nascimento até sua morte. A essa idéia se soma a questão virtual que, paulatinamente, vem integrando a humanidade numa nova rede de relações que passa também a ser da nossa constituição e natureza. As comunidades virtuais são, nesse caso, um dos elementos desse fenômeno com explicações que transcendem o entendimento no campo da educação. O uso de ferramentas como o blog para aumentar o interesse pela aula é extremamente significativo, mas também muito complexo, porque não existem receitas prontas de como fazer funcionar de forma eficaz. É um exercício de erros e acertos, mas que não deve ser deixado de lado, pois seu uso pode trazer benefícios para os educandos e auxiliar no processo de reflexão e construção do conhecimento. Também possibilita ao professor estar constantemente aperfeiçoandose e refletindo sobre sua prática, já que os alunos questionarão mais, pois serão sujeitos do processo e não meros receptores. Blogs: uma experiência no Ensino de Ciências O blog é hoje uma forma de publicação na web de fácil acesso que oferece opções de se trabalhar além do conteúdo, mas também a autonomia, o respeito pela opinião do outro, o trabalho em equipe, construção coletiva e a inclusão social. O blog é um ambiente aberto, não foi desenvolvido para um uso educacional, mas se afirmamos que a educação deve preparar o aluno para a vida, e oferecer situações que o aluno seja capaz de resolver problemas e fazer escolhas os blogs podem ser um meio de se trabalhar os valores, esse contato com uma comunidade virtual que nos apresenta diversas escolhas, que além do conteúdo a ser desenvolvido podemos aproveitar a tecnologia para aproximar pessoas, que a máquina pode ser utilizada pra expressar sentimentos. Atrás do computador têm uma pessoa com emoções, medos, angústias, sonhos e conhecimentos a compartilhar. METODOLOGIA Antes de iniciar o trabalho foi realizada uma pesquisa em diversos blogs utilizados para fins educacionais onde foi possível perceber o crescente número de professores que estão ingressando em comunidades virtuais em busca de conhecimento e atualização. O interesse dos alunos quando se deparam com as possibilidades oferecidas pelo ciberespaço, surgindo assim a questão de como aproveitar ao máximo esse recurso e quais as direções, guiados nessa reflexão pelo pensamento de CASTELLS (1999, p.436) sobre o surgimento de um novo sistema de comunicação global que “está mudando e mudará para sempre nossa cultura” atribuindo à tecnologia as mudanças culturais a ela associada.” A escola onde as referidas experiências foram vivenciadas está situada à Vila Pôr-do-Sol, numa região de ocupação, nascida da antiga fazenda Santa Marta, local que um grupo de famílias pertencentes ao Movimento Nacional de Luta pela Moradia ocupou em dezembro de 1991. Atualmente, o local é de propriedade do Estado do Rio Grande do Sul e está em processo de regularização fundiária. A escola nasceu com a intenção de transformar a vida e a situação das crianças e dos jovens, especialmente dos menos favorecidos, oferecendo-lhes uma educação integral, humana e espiritual, baseada em um amor pessoal para com cada um deles. Os alunos, em sua maioria só têm contato com a tecnologia do computador no ambiente da escola e este trabalho mostra aos educandos uma nova visão de mundo, novas possibilidades e perspectivas.

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Considerando a realidade que a escola está inserida desenvolvemos atividades relacionando sempre o ensino de ciências com as situações reais da comunidade, assim as interações feitas nos blogs foram para divulgar o trabalho, mobilizar os alunos para participar das companhas de reciclagem de lixo, reaproveitamento do óleo de cozinha para fazer sabão, além de atividades que fizeram os alunos refletirem sobre o conteúdo da disciplina relacionado a temas atuais. RESULTADOS Nas aulas de ciências a utilização do blog favoreceu discussões sobre a situação ambiental no mundo, do estado e principalmente sobre a comunidade em que os educandos vivem. Além disso, a utilização do blog possibilitou a integração dos educandos entre si, bem como entre os educandos e a professores e também a reflexão e utilização de outras formas de ensino pela professora. A utilização de alternativas, juntamente com uma formação continuada pode tornar as aulas mais interessantes e instigantes para os alunos, fazendo assim, que estes permaneçam na escola. Pode possibilitar ainda aos alunos tornarem-se pessoas mais críticas em relação aos acontecimentos do seu cotidiano, Também possibilitou aos alunos saírem do ambiente da sala de aula, o que para eles sempre foi motivo de alegria. Podemos observar a opinião dos alunos conforme os comentários no Blog: Descobrindo e Compartilhando (2008) OI! Nós gostamos muito das atividades do laboratório de ciências, mas preferimos a atividade que fizemos do QUEIJO e do IORGUTE. Bom o que aprendemos com esse projeto foi ótimo para todos nós. O que mais gostamos de aprender foi a experiência dos fungos(Balão,fermento...). Uma das nossa sugestões para o próximo semestre é que tenhamos mais aulas praticas. Nós curtimos muito criar a paródia, mais precisamente fizemos sobre as bactérias, para falar com argumentos, gostamos porque tivemos que nos aprofundar melhor nos conteúdos do nosso tema(bactérias), nós tínhamos que resumir o conteúdo fazendo com que as palavras tivessem sentido e que rimassem uma com as outras. Com isso o conteúdo mal entendido foi esclarecido. Percebemos que a cada atividade que realizamos utilizando os blogs como uma fonte de interação entre alunos, professores e conteúdo eles se tornam mais críticos e autônomos, expressando seu pensamento com a consciência que sua participação será para enriquecer o trabalho do grupo. A utilização dos blogs favoreceu também aos educandos tornarem-se mais reflexivos e críticos em relação aos assuntos e notícias lidas e estudadas por eles, além de possibilitar a integração com outros educandos. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES Conceber o ensino de ciências com outras características exige repensar os conteúdos que hoje são ensinados nas escolas, estabelecer novas relações, definir critérios para, selecionar, para fazer opções que o tornem significativo; exige, especialmente que o professor tenha clareza de que esta capacitando o aluno para um viver mais completo. Os saberes para ensinar, são aqueles que os professores constroem no processo de desenvolvimento pessoal e profissional, duram a vida toda e são mobilizados no seu cotidiano,

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quando estão às voltas com o ato de ensinar, criando estratégias de ação diferenciadas, construindo assim, a crítica no educando para que ele se perceba como um indivíduo questionador. Ensinar, tendo presente que os alunos já pensaram sobre o tema, ou sobe algo relacionado a ele, passa ser uma tarefa muito mais dinâmica e original do que aquela do professor enciclopédia. Segundo André Giordan (1996) as investigações em Didática das Ciências têm introduzido mudanças nas idéias existentes sobre o papel de quem aprende e nas definições de saber. Em geral, esses estudos lidam com a noção de um aluno ator, que constrói no curso de sua história social, seu saber. Este saber vai sendo construído a partir de interações que podem ser confrontos, integrações – entre as representações pessoais e informações obtidas nos diferentes contextos que vive (familiares, escolares...) Aturdido com os apelos da vida diária, as necessidades imediatas da escola, o professor, muitas vezes, sucumbe à rotina e opta pelo caminho mais fácil, pela metodologia mais à “mão”, muitas vezes, resumida ao que o livro didático propõe. O desejo de mudança da prática pedagógica se amplia na sociedade da informação quando o docente se depara com uma nova categoria do conhecimento, denominada digital. Segundo Pierre Lévy (1993), “o conhecimento poderá ser apresentado de três formas diferentes: a oral, a escrita e a digital”. Embora as três formas coexistam, torna-se essencial reconhecer que a era digital vem se apresentando com uma significativa velocidade de comunicação A aquisição de informação, dos dados dependerá cada vez menos do professor. As tecnologias podem trazer hoje dados, imagens, músicas, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor – o papel principal – é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los. Sobre a formação docente Nóvoa, afirma que: Portanto, uma perspectiva para a formação do professor é a formaçãoação proposta: É preciso trabalhar no sentido diversificado dos modelos e das práticas de formação, instituindo novas relações dos professores com o saber pedagógico e cientifico. A formação passa pela experimentação, pela inovação, pelo ensaio de novos modos de trabalho pedagógico. E por uma reflexão crítica sobre a sua utilização. A formação passa por processos de investigação, diretamente articulados com as práticas educativas (1992, p.28) Na perspectiva transformadora de uso das TIC’s na educação, o professor é desafiado a assumir uma postura de aprendiz ativo, crítico e criativo, constante pesquisador sobre o aluno, seu nível de desenvolvimento cognitivo, emocional e afetivo, sua forma de linguagem, expectativas e necessidades, seu contexto e cultura. A partir de uma mudança pessoal e profissional é que se começa a refletir sobre a mudança da escola tradicional para uma escola que incentive a imaginação, a leitura prazerosa, a escrita criativa, favorecendo a iniciativa, a espontaneidade, o questionamento e a inventividade, de maneira a promover e vivenciar a cooperação, o diálogo, a partilha e a solidariedade. Capra (1996) afirma há a necessidade de uma mudança radical em nossas percepções, no nosso pensamento e nos nossos valores. Porém, ainda não há há o reconhecimento da necessidade dessa mudança por parte dos líderes das corporações, nem dos administradores e professores universitário. Ele prega a mudança da visão de mundo mecanicista de Descartes e de Newton para uma visão holística, ecológica, sustentando que as únicas soluções viáveis, do ponto de vista sistêmico, são as sustentáveis, ou seja, aquelas que propõem soluções aso problemas sem inviabilizar as perspectivas das gerações futuras. O mundo, assim seria uma rede de fenômenos interconectados e interligados, e não uma coleção de objetos isolados. Parece evidente, então, como nos diz (Bruschi), que o olhar dos educadores tem de ultrapassar a “arvore’ que esta a sua frente para que possa atingir a visão mais totalizante da “floresta”.

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Cabe, desta forma, ao professor assumir o papel de protagonista da sua própria formação devendo refletir sobre sua própria prática para superar os obstáculos e aperfeiçoar o processo de ensino – aprendizagem, possibilitando assim um ensino mais reflexivo e autônomo. REFERÊNCIAS [1] BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394, 20 de dezembro de 12996. [2] BRASIL. Ministérios da educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasília; MEC, 1998. [3] BRUSCHI, Odir. Ensino de Ciências e qualidade de vida: inquietações de um professor. Passo Fundo: UPF, 2002. [4] CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida. Ed. Cultrix: São Paulo-SP, 1996.

Mundo Científico: Conhecendo os seres vivos. Disponível em: <http://turmadasantamarta.blogspot.com/>. Acesso em: 05 de setembro de 2008. DESCOBRINDO E COMPARTILHANDO,

[5] FAZENDA, Ivani C. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. São Paulo: Papirus, 1994. [6] FERREIRA, Maria Beatriz. A lei 9394/96 e o contexto da formação do alfabetizador. In: RIBAS, Marina Holzmann (org.). Formação de Professores: escolas, práticas e saberes. Ponta Grossa: Ed. UEPG, 2005. [7] FRACALANZA; H. et al. O ensino de ciências no 1º grau. São Paulo: Atual, 1986. [8] LÉVI, Pierre. A inteligência coletiva. São Paulo: Loyola, 1998. [9] _____.As tecnologias da inteligência. O futuro do pensamento na era da informática, São Paulo, 1993. [10] NEGROPONTE, Nicholas. A Vida Digital. São Paulo. São Paulo. Cia das Letras, 1995. [11] VALENTE, José Armando. O Computador na Sociedade do Conhecimento. Campinas: UNICAMP/NIED, 1999. _________. O uso inteligente do computador na <htpp://www.proinfo.gov.br/> Acesso em: 01 de abril de 2007.

educação.

Disponível

em:

[12] VIEIRA, Martha Barcellos & LUCIANO, Naura Andrade. Construção e Reconstrução de um Ambiente de Aprendizagem para Educação à Distância. Disponível e <http://www2.abed.org.br/visualizaDocumento.asp?Documento_ID=28>. Acesso em: 05 de setembro de 2008. [13] KRASILCHIK, M. O professor e o currículo das ciências. São Paulo: EPU/EDUSP, 1987. [14] WORTMANN, M. L. Currículo e Ciências: as especificidades pedagógicas do ensino de ciências. In: COSTA, M. V. (org). O currículo nos limiares do contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

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