42ª Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia

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Sumário Entrevistas PORTUGAL Carlota Marques Canha..................................................................................20 Isabel Lago........................................................................................................26 Joaquim Machoqueira....................................................................................32 Paula Laranjo...................................................................................................38

Lendas da Amazônia são destaques internacionais em livros da amazonense -Irlen Leal Benchimol Pág.12

Colunas Poetas Poveiros – José Sepúlveda....40 Solar de Poetas – José Sepúlveda.....42

BRASIL Beatriz H. Ramos Amaral...............................................................................44 Daniela Tertuliano...........................................................................................50 Florentino Fagundes.......................................................................................54 Julio Carlos Alves............................................................................................58 Lorena Zago....................................................................................................62 Marisa Endruveit............................................................................................69 Nato Matos – Adeus Adolescência.............................................................70 Nato Matos – Lírio é o meu nome..................................................................76 Rene Fernandes...............................................................................................80 Wellington Gonzalez.......................................................................................86

Participação Especial Ricardo Farias..............................................................................................18 Rosa Marques..............................................................................................24 Leia Livros....................................................................................................28 Livro “Flashes do Cotidiano”....................................................................37 Rosa Maria Santos.....................................................................................48 Gilmar Duarte Rocha.................................................................................52 Rejane Luci..................................................................................................56 Edimilson Eufrásio.....................................................................................60 Niraildes Ferreira........................................................................................64 Marta Maria Niemeyer...............................................................................69 JackMichel a escritora 2 em 1.....................................................................74 Tito Laraya...................................................................................................78 Revista Acadêmica Online........................................................................84 Vlademir Marangoni Filho........................................................................86 Christiane Couve de Murville....................................................................88


DIVULGA ESCRITOR Shirley M. Cavalcante (SMC)

Editora Coordenadora do projeto Divulga Escritor www.divulgaescritor.com http://www.portalliterario.com/ www.revistaacademicaonline.com

Revista Divulga Escritor Revista Literária da Lusofonia Ano VII Nº 42 Edição dezembro de 2019 Publicação Bimestral Editora Responsável: Shirley M. Cavalcante DRT: 2664 Imagem capa: Tássio Cruz Diagramação: EstampaPB Para Anunciar smccomunicacao@ hotmail.com 55 – 83 – 9 9121-4094 Para ler edições anteriores acesse www.divulgaescritor.com Os artigos de opinião são de inteira responsabilidade dos colunistas que os assinam, não expressando necessariamente o pensamento da Divulga Escritor. ISSN 2358-0119

Com sucesso, chegamos à 42ª edição, da Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. A última edição de 2019. E que venha 2020! Composta por mais de 30 autores contemporâneas, divulgando os seus livros, por meio de entrevistas, textos em prosa e em versos... LITERATURA! Hoje, a revista Divulga Escritor é uma das principais revistas literárias da lusofonia, com conteúdo exclusivamente literário. O editorial se destaca por sua qualidade e profissionalismo. Distribuída gratuitamente para todos que acessam a internet, a revista tem alcançado um público leitor cada vez maior. Consolidada, vamos rumo a edição 43. Juntos, vamos ler e divulgar a revista literária da lusofonia e apoiar nossos escritores contemporâneos. Muito obrigada, equipe Divulga Escritor, e administradores dos grupos: Obrigada, José Sepúlveda, apoio em Portugal. Obrigada, Amy Dine, apoio em Portugal. Obrigada, Helena Santos, apoio em Portugal. Obrigada, José Lopes da Nave, apoio em Portugal. Obrigada, Rosa Maria Santos, apoio em Portugal. Obrigada, Giuliano de Méroe, apoio no Brasil. Obrigada, Ilka Cristina, apoio no Brasil. Obrigada a cada um dos escritores que participam contribuindo com suas maravilhosas trajetórias literárias, apresentadas nas entrevistas. Obrigada, colunistas, que mantêm o projeto vivo! Muito obrigada por estarmos juntos divulgando literatura, e juntos podermos dizer ao mundo: EU SOU ESCRITOR, EU ESTOU AQUI. Desejamos a todos nossos leitores um Feliz Natal e um próspero 2020. Boas Festas! Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia, uma revista elaborada por escritores, com distribuição gratuita para leitores de todo o mundo. Boa leitura!




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Lendas da AmazĂ´nia sĂŁo destaques internacionais em livros da amazonense Irlen Leal Benchimol

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Irlen Benchimol e o Universo das Diferenças Obra infanto-juvenil apresenta personagens amazônicos para uma nova geração de leitores Em 2019 o mundo infanto-juvenil foi apresentado a um mundo completamente novo. O livro O Reino dos Encantados - Uma Mistura que Deu Certo dá ênfase a assuntos como preservação da natureza e limpeza dos rios enquanto nos apresenta histórias com um misto de amor e aventura entre um príncipe tucuxi chamado Yank e uma bota cor-de-rosa chamada Luara, vindos de reinos diferentes do subterrâneo do encontro das águas. Neste primeiro livro de uma coleção começa uma batalha contra as diferenças entre o reino dos Salvadores (botos cor-de-rosa) e o reino dos tucuxis. É uma aventura que conta com muitos personagens incríveis, como o peixe-bibliotecário Dom Bodó, a sucuri Juliet, o rei Rudá, a botinha Ayu, entre outros. Todos à espera da concretização de uma profecia que determina o surgimento de um novo reino onde todo mundo poderá ser o que realmente é, livre de qualquer tipo de preconceitos. Um mundo onde to-

das as diferenças são aceitas conhecido como O Reino dos Encantados. Entretanto esta não é a primeira vez que conhecemos um grupo de personagens ambientados na Amazônia. A aventura dos botos na verdade é um produto derivado de outra obra que, desde 2014, apresenta histórias dos chamados Piratinhas do Bem, onde conhecemos uma brincadeira em que todos que participam acabam por entrar numa aventura inesquecível. Nesse clube ser pirata não significa ser bandido, mas sim se tornar um aventureiro dedicado a várias atividades divertidas como caçar tesouros, plantar árvores, cuidar da natureza, salvar animais em perigo, ajudando sempre a quem precisa. Assim nos juntamos ao capitão Ilan e seu braço direito, Lord Arthur para navegar pelo rio Amazonas e encontrar pelo caminho personagens como Totyr, o menino peixe-boi, Linda Lee, a bota cor de rosa, a Bruxa Cabeça de Cupuaçú, a Bruxa Cabeça de Jacaré, entre outros, explorando situações que marcaram a estréia deste grupo de garotos e garotas dedicados a ajudar quem precisa.

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Aventuras Amazônicas E as aventuras não pararam. No segundo volume, Os Piratinhas do Bem no Mundo da Imaginação, de 2016, o capitão Ilan recebe um e-mail de uns amigos que moram em Orlando que fala sobre uma casa mal assombrada, mas não dão mais detalhes. A primeira providência para sua nova missão no mundo da imaginação é transformar o navio em um navio fantasma voador. Com a ajuda da bruxa Cabeça de Jacaré e da feiticeira Trombosnélia usam o poder do pensamento positivo e partem para ajudar Think, Winnie e Belly a explorar os segredos que há na casa, que se revela um lugar mágico, misterioso e com um final emocionante. O terceiro volume, Os Piratinhas do Bem no Mundo das Diferenças, também de 2016, introduz pela primeira vez o assunto das diferenças sociais contando a história de uma mansão chamada Paraíso onde vivia uma família cujo pai não sabia como se aproximar de seu filho especial como deveria. A mãe se preocupava em aproximar seu marido do filho Eugênio, de nove anos, com Síndrome de Down. Decidido a contatar os Piratinhas do Bem e a entrar para o clube, Eugênio envia um e-mail contando seu desejo ao Capitão Ilan. Ao chegar com sua mãe ao clube e serem recebidos pelo Capitão e outros Piratinhas do Bem conhecem Daniela, uma borboleta que vira tartaruguinha; o índio

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Ajuricaba Schiiiualcher; Isaac Moisés, o peixe boi, entre outros. Todos juntos resolvem embarcar em uma nova aventura e ajudar a preguiça Dona Trombinha a salvar sua irmã e sobrinha das garras do mago Preguição da Vila Mamão. Por meio de personagens cativantes, a obra aborda questões como o preconceito e a inclusão das pessoas com Síndrome de Down. As diferenças voltariam ainda mais explicadas no recente O Reino dos Encantados. Além das duas coleções citadas uma terceira vem se juntar a esse universo encantado para aumentar ainda mais sua versatilidade. Lançada em outubro de 2017, Por Trás do Pôr-do-Sol - Os Anjos e Seus Amores traz um universo completamente diferente e ao mesmo tempo relacionado: um romance entre o céu e a terra, onde descobrimos o que acontece por trás do pôr do sol na companhia de Luna, uma anjinha que acaba por quebrar uma regra importante da escola de anjos: não se envolver com seu protegido. Aqui conhecemos um pouco mais sobre a dinâmica desse estabelecimento onde todos têm uma função. E ficamos sabendo que há anjos na Terra que são humanos. E isso tudo era um grande segredo até o dia em que um anjo se apaixonou. E tudo isso começou com as perguntas incessantes do aluno Raphael, de 10 anos, na sua sala da escola, que nos leva a conhecer mais desse local incrível e do parque das árvores sagradas.

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A Autora O universo dos Piratinhas do Bem, onde há um grande destaque para itens como diferenças sociais, respeito aos mais velhos, preservação do meio ambiente e outras atividades que visam iniciar tanto a criança quanto o jovem a ter consciência social, é a obra prima da escritora amazonense lrlen Leal Benchimol. Nascida na cidade de Manaus, é servidora pública do Tribunal de Justiça do Amazonas, formada em Direito, pós-graduada em Direito Processual Penal com Curso de Aperfeiçoamento pela Escola da Magistratura do Amazonas. A autora é membro da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infanto-Juvenil (AEILIJ), da Associação Brasileira de Escritores e Poetas Pan-Amazônicos (ABEPPA) e da Associação de Escritores do Amazonas (ASSEAM). Irlen possui como principal inspiração seu Filho Ilan, que inspirou o capitão de mesmo nome na turma dos Piratinhas. Poetisa, compositora, amante das artes e da natureza são outros aspectos de seu talento. Seu lema pessoal é “sem amor nada tem valor”. Todos os seus livros tratam sobre preservação da natureza, inclusão, solidariedade, respeito, amizade e lealdade com lições de amor para vida toda. “Devemos sempre incentivar a leitura e nunca desistir da educação de nossas crianças”, ressalta a autora em uma de suas muitas entrevistas online. “Pensarmos positivo e passarmos mensagens de amor, bondade e bom humor. O meu maior valor como escritora é saber que estou mandando uma mensagem do bem e isso já é gratificante para mim. Meus livros ensinam as crianças a ajudarem aos outros, lutar pelos seus sonhos e superar as adversidades”. Escrever para autora pode ser resumido da seguinte forma: “A arte literária nos dá a oportunidade de vivenciar vários mundos e cativar o imaginário de crianças e adultos. Abre-se a porta do conhecimento, do aprendizado e da valorização do ser. Criamos asas quando lemos! Ficamos sem limites para sonhar, aprender e vivenciar, mesmo que por alguns momentos, vários mundos e mentes”. E no final, o mais importante: passar uma mensagem para todos os que acreditam que o mundo pode se tornar um lugar bem melhor que o que conhecemos. Para a autora, devemos sempre ajudar quem precisa, com amor, compreensão e fé na vida. Também devemos valorizar as pessoas que amamos, acreditar e lutar pelos nossos sonhos. “Tudo é possível onde existe amor. E o amor é maior que qualquer preconceito”, ressalta ela. Jornalista responsável: Sérgio Pereira Couto – SPC Assessoria spcassessoria@gmail.com

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DESTAQUE ESPECIAL PARA LIVROS DO ESCRITOR RICARDO FARIAS Trilogia “Brasil fin-de-siècle”. Ambiciosa tentativa de retratar o amor em tempos difíceis da história brasileira. Livros que retratam as três últimas décadas do século xx, na perspectiva de uma família de classe média que vive experiências amorosas fascinantes. Drama, humor, erotismo e tragédia caracterizam a ação de personagens DINÂMICAS, que irão lhe proporcionar uma leitura agradável!

Volume 1. O amor nos tempos do AI-5

A história tem início nos anos 1971 e 1972, quando o país vivia sob o jugo do Ato Institucional nº 5. A opressão política se fazia sentir no ambiente universitário, local em que se desenvolve boa parte do romance. A personagem Haydée é a responsável pela grande mudança de valores do professor Afonso e de sua esposa Celina. A liberdade sexual se torna o contraponto da falta de liberdade política do período. O final é trágico e surpreendente.

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DIVULGAESCRITOR ESCRITOR DIVULGA Volume 2. Amor, opressão e liberdade

Desenvolve-se a história da família no contexto de 1972 a 1982, quando teve início o processo de abertura política que culminou com a revogação do AI-5. Os filhos do casal atravessam a adolescência e chegam à maturidade. Namoros têm início, Celina vivencia novos amores. Grandes mudanças são esperadas no país e no mundo. A liberdade amorosa se fortalece como reflexo da verdadeira revolução sexual da década de 1960.

Volume 3 – Amor e liberdade... ainda que tardia.

O período de 1982 a 2000 é o contexto dos romances das personagens cujas histórias foram retratadas nos dois volumes anteriores. Crescendo e se desenvolvendo, assumindo posturas relacionadas à afirmação feminina, à conscientização política, à postura de defesa do meio-ambiente, Nelson e Bia proporcionam belos e emocionantes momentos, ao mesmo tempo em que amadurecem seus sentimentos sem abdicar da liberdade que o país voltava a viver.

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ENTREVISTA

CARLOTA MARQUES CANHA Nascida e natural de Lisboa é licenciada em Tradução económica-jurídica na vertente francês e inglês pela Universidade Europeia e com uma Pós-graduação em Gestão Comercial e Marketing pelo ISTE Porto. Iniciou o seu percurso profissional em Assessoria de Direção em diversas empresas multinacionais onde se mantém em funções na área de legal no Grupo Jerónimo Martins. É escritora com o lançamento do seu primeiro livro de poesia “Agarrar o Tempo” - Pensamentos sem tempo em Dezembro de 2018. Para além do género de poesia gosta de escrever prosa, crónicas, contos e letras originais de músicas. Sentir e escrever sobre a vida, os outros, as aprendizagens e experiências recebidas são o que mais a movem na sua busca constante de evoluir como pessoa, como mulher. “Esta obra reúne cerca de 100 poemas, todos muito diferentes, porque foram escritos em momentos diferentes e espelham a minha evolução na escrita de uma forma tímida para um estilo mais consistente, mais marcante.” Boa Leitura!

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Pensamentos sem tempo em ‘Agarrar o Tempo’ Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Carlota Marques Canha, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que a motivou a ter gosto por textos poéticos. Carlota Canha - O gosto e prazer pela poesia data dos tempos da minha juventude e formação académica em letras e uma admiração muito forte pela obra de Fernando Pessoa e Sophia de Mello Breyner. Desde cedo comecei a ler vários autores e os textos que li com emoção, sensações tão belas destes autores foram cativando a minha percepção e um gosto muito presente que nunca mais parou. Em que momento se sentiu preparada para publicar o seu primeiro livro solo? Carlota Canha - Publicar um livro esteve sempre nos meus planos, foi um projeto, eu diria um sonho adiado que deixei fechado numa gaveta há cerca de 20 anos atrás e em 2018 derivado a uma situação pessoal foi o gatilho que precisava, a coragem e força que tinha que reunir para avançar com esse sonho. Penso que nunca estamos preparados para divulgar e mostrar aquilo que pensamos e, em consequência sentimos, mas o apelo interior ditou-me que seria nesse momento ou nunca mais. Arrisquei e avancei com toda a determinação e graças a Deus as coisas correram bem nesse sentido. Apresente-nos a obra Carlota Canha - A obra “Agarrar o tempo” é uma obra simples, muito intimista porque estão refletidos muitos textos da minha vivência pessoal, mas uma obra humilde de um início, de um caminho a percorrer com autenticidade e disponível para receber e aprender neste mundo literário. Este livro foi a reinvenção e metamorfose que precisava de fazer

na minha vida que não estava bem a um certo nível e que eu precisava de redescobrir-me no meu eu mais profundo e ir buscar desafios, acreditar no meu potencial. Tive a clara noção de que era capaz de escrever algo simples, direto e que o público leitor, seguidores se identificassem de uma forma positiva e não fosse apenas

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escrever por escrever sem conteúdo. Esta obra reúne várias temáticas desde a amizade, o amor, natureza, família, o mar pelo qual sou uma apaixonada, a esperança e fé que temos que ter para continuarmos um caminho. Enfim, escrevi sobre tudo um pouco, reproduzi sensações pessoais e emoções únicas, libertei a alma na escrita 21


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de uma forma sensível, doce e, às vezes até dura, mas nem tudo pode ser doce e o duro, acutilante é a forma de calar o silêncio da mente. Esta obra reúne cerca de 100 poemas, todos muito diferentes, porque foram escritos em momentos diferentes e espelham a minha evolução na escrita de uma forma tímida para um estilo mais consistente, mais marcante. Quais critérios foram utilizados para escolha do título? Carlota Canha - A escolha do título surgiu numa pequena conversa com a editora responsável pelo processo e, como tinha escrito um poema de abertura da obra com o mesmo título considerámos que seria esse o título mais adequado para escolha e também porque o livro falava de pensamentos sem tempo. Apresente-nos, um dos textos publicados em “Agarrar o Tempo – Pensamentos sem tempo”? Dá-me tempo para não te esquecer Dá-me tempo para aquele abraço sentido. Dá-me tempo para um querer estar junto. Dá-me tempo para caminhar a teu lado. Dá-me tempo para te ouvir. Dá-me tempo, tempo, para te olhar, para te amar.

relacionamento. Foi uma experiência de aprendizagem, de conhecimento e que fez-me ver que nem sempre conseguimos combater o tempo de querermos tudo viver nesse relacionamento, queremos tempo para dar, dedicar, olhar, proteger, amar e também receber na mesma proporção. O mais importante é pensarmos que fazemos a nossa parte da melhor forma com erros, com responsabilidades e também com sucesso e que um dia teremos o retorno daquilo que plantamos e que vamos certamente colher um dia. Onde podemos comprar o seu livro? Carlota Canha - O livro pode ser adquirido através da: Chiado Books: https://www.chiadobooks.com/livraria/agarrar-o-tempo Fnac:https://www.fnac.pt/Agarraro-Tempo-Carlota-Marques-Canha/ a6345281#omnsearchpos=1 Bertrand Livreiros: https://www.bertrand.pt/livro/agarrar-o-tempo-carlota-marques-canha/22363359 Além de textos poéticos você escreve em outros segmentos? Carlota Canha - Para além da poesia, escrevo também prosa, contos, crónicas e letras originais de músicas.

Sabemos que cada texto tem um pedacinho da autora. Comente sobre o momento de criação deste texto. Carlota Canha - Este poema foi escrito na fase de um relacionamento pessoal vivido e que teve os seus pontos positivos e também menos positivos como acontece em qualquer

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Quais os seus próximos projetos literários? Carlota Canha - A médio longo prazo estará nos meus planos escrever uma narrativa de fição, um romance. Para além deste ambicioso projeto, gostaria de continuar a escrever poesia, participar em projetos de antologias com outros autores e quem sabe voltar a editar um segundo livro de poesia, mais maduro do que o primeiro e que espelhe essencialmente a minha evolução e consolidação a nível de autora.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Carlota Marques Canha. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Carlota Canha - A mensagem que gostaria de deixar é que acreditem sempre em si mesmos, nos sonhos que guardam mesmo que vos pareçam difíceis de concretizar é importante mantermos a esperança e fé de um dia fazermos esse sonho acontecer. Façam reviver esses sonhos como pessoas e acreditem que não existem impossíveis mas possíveis e que nos sabotamos muitas das vezes pelas nossas inseguranças, medos de arriscarmos, de falharmos nos nossos objetivos e, um dia algo se altera e tomamos o comando da nossa vida e vamos viver esse mesmo sonho. Sonhar é o poder de acreditar que pode ser diferente e a vida só faz sentido se acolhermos com determinação esses sonhos, esses projetos. Finalizo com uma mensagem do nobre autor Fernando Pessoa que me acompanha há muitos anos e que gostaria de citar: “tenho em mim todos os sonhos do mundo”. Tenho sim e irei concretizá-los, sem dúvida, um de cada vez… Obrigado

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL ESCRITORA PORTUGUESA ROSA MARQUES

NO MEU TEMPO DE CRIANÇA

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o meu tempo de criança, o Natal era esperado e vivido com alegria, entusiasmo e também com alguma impaciência… à medida que a data se aproximava e começavam alguns preparativos. Todas as crianças guardavam no seu íntimo a esperança de ganhar um brinquedo, qualquer coisa nova que por vezes era mais imaginária do que real. No entanto, sempre havia algo novo por muito modesto que fosse: uma peça de roupa, uns sapatos, uns lápis de cor ou uma pequena boneca. Um simples balão colorido oferecido pelo senhor da mercearia naqueles dias próximos ao Natal era suficiente para proporcionar alegria e felicidade aos mais pequenos. Tudo era motivo de contentamento por ser novidade, e apesar de serem coisas singelas representavam muito para nós. Numa época em que ainda não havia televisão nem luz eléctrica, era dessas pequeninas coisas que nos valíamos para ocupar os tempos livres; nelas concentrávamos a nossa atenção… delas extraíamos o incentivo necessário para viver o dia-a-dia. Improvisando brincadeiras do nada… partilhando os parcos brinquedos… procurando pequenos retalhos de tecidos coloridos para fazer roupa para as bonecas… lendo e tentando desenhar figuras iguais às que víamos nos livros de histórias requisitados na Biblioteca da Gulbenkian. A promessa de ir ver o circo, que se deslocava à 24

ilha pela altura do Natal e se instalava no antigo Campo do Almirante Reis, gerava euforia e também ansiedade… pelo tanto que o tempo custava a passar até chegar ao dia. Na última noite do ano, o tradicional espectáculo de fogo-de-artifício já então assinalava o momento de transição… do ano «velho» para o ano «novo». Visto do alto e à distância, era e continua a ser magnífico. Mas quem o quisesse ver teria de ser forte para aguentar até à meia-noite sem dormir... dizia-nos o meu pai… caso contrário ficava em casa. Porque naquela idade o tempo custava muito a passar, lutávamos contra o sono para não perder a oportunidade de ver aquela beleza… e o convívio, a alegria das muitas pessoas que se juntavam no Mirador para ver… Depois de terminado o fogo-de-artifício, o apressado regresso a casa… pelo menos trinta minutos a andar a pé, e já no ano novo. Chegávamos sem sono e o meu pai preparava uma chávena de cacau quente e pão com queijo para todos e só depois de comermos íamos dormir… Na ilha é tradição antiga tomar cacau feito com leite e açúcar na época de Natal… aliás, era um privilégio apenas dessa época… actualmente com a melhoria das condições de vida, já pode ser apreciado em qualquer altura do ano, principalmente no Inverno, por ser muito agradável. Nos dias a seguir à «festa» éramos confrontados com a inevitável pergunta das vizinhas: __ O que foi que o Menino Jesus te trouxe?

Aproveitávamos aquela oportunidade para mostrar e falar animadamente sobre o que havíamos recebido… e ninguém tinha muito, nem coisas ricas… porque as famílias eram numerosas e os tempos magros em dinheiro. Vigorava ainda a ditadura Salazarista, eram raras as mulheres que trabalhavam fora de casa e para fazer face às despesas havia apenas o ordenado do pai. Ajudava-nos e muito a fazenda que, trabalhada com esmero e sabedoria, dava de «tudo», graças a Deus! A terra cultivada palmo a palmo… as árvores de fruto cuidadas para que os frutos fossem sãos e suculentos… e eram. Quanto ao pouco dinheiro que havia, era necessário saber geri-lo… para comprar o essencial, de forma a que o Natal fosse agradável em todos os sentidos; providenciar um brinquedo ou uma peça de roupa para cada um dos filhos, caiar a casa e compor algumas faltas, assim como melhorar a alimentação nesses dias… O presépio era a atracção principal do Natal… a sua preparação começava com alguma antecedência e envolvia todos. Quando ficava pronto iluminava toda a casa, emprestando-lhe um brilho novo, que para nós, crianças, tinha naquela época um sentido autêntico e verdadeiro. Desenhar as casinhas na cartolina, pintar, recortar e colar… era um trabalho que requeria alguma mestria e paciência, supervisionado pelos irmãos mais velhos, que outorgavam a si próprios autoridade para fazê-lo. Era necessário solidez para que

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depois nenhuma casinha se desmanchasse ou ficasse a destoar das outras... Por fim, compensava vê-las nos seus diversos tamanhos e cores subindo as íngremes encostas do presépio, dispersas umas, outras agrupadas imitando as aldeias reais. Pequenas obras de arte ricas nos pormenores e muito elogiadas pelos tios e por quem as via. Cores vistosas, portas e janelas simples ou mais complexas, com e sem tapa-sóis, conforme a criatividade do artista. As searas verdes, também designadas por «searinhas do Menino Jesus», eram semeadas em cântaros pequeninos e carinhosamente cuidadas para que permanecessem verdes e bonitas durante toda a época natalícia; regularmente regadas e colocadas em local onde pudessem apanhar um pouco de Sol… e à medida que cresciam demais, eram aparadas cuidadosamente com uma tesoura, para que não tombassem para o lado. Embelezavam o presépio em harmonia com as ovelhas e seus pastores… com os músicos… com as casinhas e muitas outras figuras que faziam parte do quotidiano. Os três Reis Magos; o velho Melchior, Baltasar e o jovem Gaspar…que após vários dias andando por caminhos incertos finalmente tinham chegado…montados nos seus camelos, cada um com a sua devoção, transportando ouro, incenso e mirra, preciosas oferendas para o Menino recém-nascido. Tinham vindo de muito longe, seguindo sempre a ditosa estrela… descido a encosta, e encontravam-se agora à entrada da gruta onde Nossa Senhora e São José contemplavam embevecidos o Menino Jesus, deitado nas palhinhas. Também o burrinho e a vaquinha, numa atitude benta e protectora, aqueciam e vigiavam de perto o sono do Menino, que sereno dormia… Rescendiam as apetitosas frutas maduras… guardadas do Verão ou compradas no mercado do Funchal, propositadamente para enfeitar a mesa onde um Menino Jesus maior permanecia durante o ano inteiro. Vestido com uma túnica branca ornamentada com rendas ou então bordada pelas mãos hábeis da minha mãe, no caracterís-

tico Bordado Madeira, e um cordão também branco a ajustar na cintura. A toalha branca espalhava suavidade e pureza, contrastava com as belas cores das laranjas, das tangerinas, das maçãs vermelhas e outras frutas da época, e com o verde magnífico das searas. Ao dispor a fruta sobre a mesa, de uma forma decorativa, minha mãe ia avisando: __ A fruta que está na mesa do Menino Jesus não é para mexer… Ou, então, uns dias depois do Natal, ao notar alguns espaços vazios entre elas: __ Já tiraram fruta da mesa do Menino Jesus...__Vou saber quem foi! Mas não ia além disto… dizia e continuava calmamente a bordar… não averiguava nem questionava sobre o culpado ou culpados. Ouvíamos calados e entre os irmãos ninguém falava… ou acusava…e nesta cumplicidade silenciosa sabíamos que à medida que os dias passavam nenhum de nós resistia a surripiar uma tangerina ou uma bela maçã vermelha da mesa do Menino Jesus… E Ele, criança como nós, não se importava, dizia-nos a sua expressão sorridente e feliz…de tal forma que em nós não sobrava nem a sombra do remorso. Todos os anos acontecia a mesma coisa… a fruta da mesa do Menino Jesus ia misteriosamente desaparecendo no decorrer dos dias entre o Natal e o primeiro do ano… O misticismo da lamparina de azeite mantida acesa dia e noite dava um ar de mistério, transfigurando todas as coisas à volta… colocando sombras tranquilas nas paredes do quarto. Não era de bom-tom deixar a luz divina apagar-se, ditava a crença… e repetia minha mãe… pois com ela extinguir-se-ia também a fé das pessoas que moravam na casa. Ainda que parecesse débil, a magia daquele fulgor sagrado enchia toda a habitação, anulando o escuro da noite…afastando os medos e os fantasmas que povoavam o imaginário das crianças… De repente tudo ganhava um simbolismo diferente, que ia muito para além das imagens do presépio… era algo belo que nos ligava ao transcendente, ao desconhecido…

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Iluminava-nos os sonhos e guiava-nos por esses lugares remotos da Palestina…onde o Menino Jesus nascera… por esses árduos caminhos cheios de tropeços e dificuldades trilhados por Nossa Senhora e São José, mas ainda assim belos e atractivos para nós, que os vislumbrávamos apenas com a imaginação. Podíamos então, ver claramente o burrinho chegando a Belém… já cansado, sob um céu resplandecente de estrelas…calcorreando penosamente a vereda estreita, esforçando-se por chegar até à porta do estábulo com Nossa Senhora e São José em cima. A visão dos animais, surpreendidos pela intromissão àquela hora tão tardia, levantando a cabeça e olhando ensonados… no entanto, pacíficos e acolhedores… protegendo o Menino. Além de simbolizar o nascimento do Menino Jesus, o Natal significava a passagem de mais um ano, o surgimento de um novo ciclo, e até mesmo quando os dias eram de chuva, as noites escuras desprovidas de estrelas ou luar, com vento a uivar lá fora, havia na época de Natal um brilho especial. As visitas dos tios e dos primos que, por vezes, se prolongavam até Janeiro... Os almoços de domingo em família, as histórias contadas pelos adultos, as brincadeiras e correrias a ver se já havia laranjas maduras… Retribuir as visitas aos tios e ver o presépio das vizinhas, o sabor das comidas próprias da época, dos bolos e broas de mel, dos licores diversos que ocasionalmente nos deixavam provar… tudo tinha um sabor especial, de novidade, por serem feitos apenas na época natalícia. Apesar de não haver a fartura e a variedade de géneros que há hoje em dia… foi um tempo que deixou saudades… porque tínhamos a segurança, o carinho da família unida… e essa união e entreajuda tornava-nos fortes para a vida. Um tempo marcado pela aproximação entre as famílias… saudoso pela amizade dos que moravam perto e pelo valor, pela beleza que encontrávamos até nas coisas mais simples…

Está como saiu na antologia: Luz de Natal, 2018 25


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ENTREVISTA

ESCRITORA ISABEL LAGO Sou portuguesa e vivo em Matosinhos, Portugal, uma cidade junto ao mar. Nasci e estudei no Porto, uma cidade aqui ao lado, e que é a segunda cidade portuguesa. Sou casada e tenho duas filhas e três netos. Licenciei-me em Filosofia, em História e sou Mestre em História Medieval. Desde criança sempre gostei de ler e por isso aprendi rapidamente a escrever para poder contar histórias só minhas. Fui professora a maior parte da minha vida. Com a aposentadoria passei a escrever sobre a história da minha cidade de que foram publicados 15 livros. Posteriormente, por um desafio que me fizeram, passei a escrever sobre a Devoção ao Bom Jesus de Matosinhos no Brasil. Desse trabalho nasceu um livro, publicado em Portugal que é o único trabalho conhecido sobre o assunto e que se chama “Uma rota de fé “ A devoção ao Bom Jesus de Matosinhos no Brasil .

Boa Leitura!

Ao procurar o título lembrei-me de que na gramática a primeira forma dos verbos era o Presente do Indicativo. E Presente do Indicativo teria de ser o meu livro. Porque o Presente indicava-me um Futuro a ser…”

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O amor sempre presente em textos da autora Isabel Lago Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Isabel Lago, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que a motivou a ter gosto pela arte de escrever textos poéticos? Isabel Lago - Shirley, desde criança que achava piada a rimar e jogava com isso. À medida em que fui crescendo e com os primeiros amores passei a perceber que era sobre eles que gostava de escrever. E por isso dediquei-me à poesia de amores feitos e desfeitos. Nem sempre a gente acerta . Em que momento se sentiu preparada para publicar “Presente do Indicativo”? Isabel Lago - O “Presente do Indicativo” está escrito há anos. Como não tinha ambiente familiar para o publicar fui deixando passar o tempo. Quando ultrapassei os 70 anos dei o “grito de Ipiranga” e decidi arranjar um editor que me editou o primeiro livro de poesia “Voos”. Mas como estou muito ligada ao Brasil pela minha “Rota de Fé”1 pensei em partilhar a minha poesia com essa gente do outro lado do Atlântico que me trata tão bem e de cujo intercâmbio poderei tirar alguns frutos e amizades. O Presente do Indicativo nunca foi editado em Portugal. É um projecto de livro Quais critérios foram utilizados para seleção dos textos poéticos publicados na obra? Isabel Lago - Os meus são marcados pelo gosto/não gosto do que escrevo. Toda a minha escrita tem um critério base: o Amor. E escrever para mim é muito fácil. A partir de um som, de uma palavra perdida ou de uma frase que me emocione, a poesia sai.

Como foi a escolha do título para o livro? Isabel Lago - Ao procurar o título lembrei-me de que na gramática a primeira forma dos verbos era o Presente do Indicativo. E Presente do Indicativo teria de ser o meu livro. Porque o Presente indicava-me um Futuro a ser… Compõe-se de 36 textos todos de temática sobre o amor. Apresente-nos um dos textos publicados em “Presente do Indicativo”? Quando acordei do amor senti de novo o apelo do teu corpo que pouco antes se tinha descolado do meu. Procurei-te entre os lençóis. A minha mão encontrou a tua e atraíste-me com doçura afogando-me de novo num longo abraço. Mais uma vez perdemos a noção do tempo, do dia e da noite, da aurora e do ocaso

Sabemos que cada texto tem um pedacinho da autora. Comente sobre o momento de criação deste texto. Isabel Lago - “Foi um momento de entrega a um amor plenamente correspondido” Quais os seus próximos projetos literários? Isabel Lago - Publicação no próximo Dezembro em Matosinhos de um novo livro : “No mesmo silêncio” Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Isabel Lago. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Isabel Lago - “Vale a pena ler ler poesia… mas escrevê-la é muito mais alucinante.“ _________________ Divulga Escritor: Unindo Você ao Mundo através da Literatura. https://www.facebook.com/ DivulgaEscritor/ www.divulgaescritor.com

1 Livro que publiquei em 2003 sobre a Devoção ao Bom Jesus de Matosinhos no Brasil

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DIVULGA ESCRITOR PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM A LIVROS E MAIS LIVROS

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oi durante o processo de amadurecimento na carreira literária que a escritora Téia Camargo constatou que enfrentava as mesmas dificuldades que muitos outros autores para impulsionar a venda de seus livros. Desta forma, a autora vislumbrou a criação de uma plataforma colaborativa de autores, na qual cada um pudesse colocar à venda suas publicações e ao mesmo tempo divulgar o trabalho de outros, unindo esforços no melhor estilo “juntos somos mais fortes”. Surgiu assim a livrosemaislivros.com.br, um site de venda de obras autorais, facilitador da visibilidade do trabalho daqueles que se tornam parceiros por adesão e que têm o desejo de estender a comercialização de suas obras a públicos que não alcançariam sozinhos. O site aceita quaisquer tipos de publicações: romances, crônicas, acadêmicos, poemas, etc., o próprio autor pode fazer o cadastro, inserir suas publicações, decidir o valor de venda, gerenciar o estoque e receber aviso quando a venda é realizada. Hoje a plataforma tem um custo mensal de R$15,00 para cobrir as despesas de administração e mais 5% sobre a venda de cada livro, valor este revertido para incrementar a publicidade. O autor-parceiro ao receber o aviso de venda fica responsável pela remessa do livro ao leitor que o adquiriu, recebendo o valor da venda após quinze dias úteis, já descontado o percentual pactuado. Trata-se de um projeto originário de um sonho, exe-

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cutado sem patrocínio e custeado apenas com recursos próprios. Em fase de ampliação e consolidação, a livrosemaislivros.com.br está captando novos autores-parceiros que estejam interessados numa alternativa de venda de suas obras, sem burocracia, com liberdade para lançamento de seus títulos e dividindo de forma econômica os custos da propaganda que atende a toda a coletividade. O site conta com a supervisão de um escritório especializado em Direito Digital que elaborou termos de uso e política de privacidade em consonância com a legislação pertinente além de manter controle sobre as atividades. A mais recente conquista da plataforma é a participação na Bienal Internacional do Livro no Rio de Janeiro, de 30 de agosto a 8 de setembro de 2019, no Pavilhão do Riocentro, em um estande localizado no Pavilhão Verde, Rua P. Os escritores que se associarem a este novo conceito de comércio de livros até o dia 22 de agosto 2019 poderão usufruir do espaço por duas horas gratuitas, em dias consecutivos ou alternados, para lançamento de livro ou sessão de autógrafo, sujeitas à disponibilidade na grade de horários. Para maiores informações, visite a livrosemaislivros.com.br Conheça e acompanhe o projeto pelas redes sociais: Facebook: Livros e Mais Livros Instagram: @livrosemais.livros

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ENTREVISTA

ESCRITOR JOAQUIM MACHOQUEIRA

DEUS faz quando quer o que ninguém pode fazer, para que até incrédulo possa crer Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Meu pai é Artur Maurício Machoqueira e minha mãe Arminda Marques Luis e na Terra Preta, Montargil, Portugal quis Deus(a) que eu nascesse, não na Machoqueira.

Casei, tenho um filho, nora e netas, Sou vegetariano, fui operado ao coração, Não faço milagres, creio em Deus(a) PAIMÃE com toda a devoção!

Terra preta, terra de horta, muito trabalharam meus pais para me livrarem de seus ais, eu não ficar com coluna torta.

Não creio em sacrifícios, creio no carma e na reencarnação, creio até que posso ter sido rei, cigana de grande bailação!

Por causa dos estudos à guerra não fui e se da enxada me livrei do Ministério da Agricultura não, onde muito tempo a «servir» fiquei.

E agora sou isto: um teu igual, Um milagre de Deus(a), pais, cirurgião Arruda Pereira, eu, Dr. Paulo de Setúbal... Que sabe o que é o pecado original.

Pregador fui, pregador não sou, eterno estudante sou. Meu pai, terno, me dizia até que meu pensar era só estudar! Mas gosto de cozinhar!

Boa leitura!

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Escritor Joaquim Marques Machoqueira é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que o motivou a ter gosto pela arte de escrever? Joaquim Machoqueira Prazer meu também. Apesar de letras, palavras serem mais do que sua escrita, são pelo menos também som, poder e vida, escrita existe, vê-se. Há vários alfabetos e há quem diga que existem três mais sagrados: o sânscrito, o grego e o hebraico. Gostar da escrita é gostar portanto da palavra mais concreta. Se é que vista é mais concreta do que som e do que Deus. E arte, beleza não é sem utilidade, sem completude. Gosto portanto de escrever porque aprendi/me ensinaram a escrever. Em que momento se sentiu preparado para publicar o seu primeiro livro solo?

Joaquim Machoqueira - O primeiro livro que publiquei: “contributo para a Monografia de Montargil” foi de facto em co-autoria. E não estava totalmente preparado: lembro-me de ter pedido ao padre Francisco Bento para transcrever para português atual um texto antigo que era mais latim do que português. Se só fizéssemos algo, a sós ou acompanhados, quando estivéssemos totalmente preparados, não fazíamos nada. Em 2018, você publicou três livros. Apresente –nos as obras publicadas. IMORTALIDADE Constituído por 96 itens, o presente livro, com o título Imortalidade, na sua maior parte em verso, debruça-se não propriamente sobre a imortalidade no sentido do não esquecimento, da grande durabilidade histórica de nomes, vidas e obras mas no sentido da longevidade.

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Assim, começa com uma identificação/ligeira preocupação com o tempo eterno, seguindo-se-lhe a primeira das várias e repetidas referências à respiração profunda, prática taoísta ancestral tão benfazeja da saúde como da longevidade. Aborda a interdependência: ou nos tornamos - todos os seres - imortais, ou continuarão a ser pouquíssimos os imortais, se é que há algum(a). Faz também referência à Internet, esse incrível instrumento de divulgação da verdade, de comunicação, de ensino, de orientação. A ideia/prática da plenitude e da atenção, distinta da não menos importante concentração estando também muito presentes. Assim como a do Zazen, o sentar à maneira de Buda, sem pensar, acompanhando a respiração mais ou menos profunda. Também fala por duas ou três vezes de política para lembrar que os honestos não a podem abandonar, de tão im-

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portante que é, às mãos dos desonestos, mentirosos e mal intencionados. O fazer sofrer injustamente, seja qual for o ser, é apontado como a causa do sofrimento. Referindo como causa da morte física a morte espiritual, a desidentificação com Deus, a Totalidade. E logo, como causa da Longevidade a sempre crescente identificação com Deus(a), a Verdade, a Totalidade. A Ideia/prática da Justiça é apontada como fundamental. Solução não está no amor|compaixão incondicionais, contrários à correcção, ao aperfeiçoamento. Sexo dá vida física e pode matar. Muito dificilmente, defende o livro, um(a) abusador(a) do sexo, grande desperdiçador(a) de energia, cujo benefício, se é que o tem, em nada compensa o prejuízo, terá vida longa ! Esforço a mais, sacrifício a mais, dualidade (divisão), tensão, obsessões, dificuldade em viver o momento, medo, de ser feliz ou da dor, imprudência, agressividade, demasiada ambição, estupidez, que é falta de atenção, nenhuma ambição também sendo referidos como muito prejudiciais à saúde, à longevidade, à imortalidade… NÃO DUALISMO Se este Livro levasse outro título seria: Espírito(a). Porque mundo perdido é mundo sem ou com muito pouco Espírito(a). Espírito com (a) porque Espírito(a) também é Deus-Deusa que é Tudo, Totalidade com excepção do mal. Porque salvação vem! É Agora! E volta, à semelhança do livro: IMORTALIDADE, também da Artelogy, com mais clareza, aos magnos assuntos: da verdadeira Respiração profunda, serena porque é através da Respiração que podemos e devemos não só inconsciente mas acima de tudo conscientemente, não fraquinha, dualisticamente, ligar-nos à força vital superior divina curativa,

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Prana (Índia), Pneuma (Grécia), Lung (Tibete), Baraka (Islão), Ruah (Israel) e Chi/ki (China); e, do pecado, maldade original e seus derivados, os vícios e de como nos vermos livres deles(as) de uma vez por todas voltando ao paraíso/nirvana. Fala da(o): - Não necessidade da dor, do sofrimento: basta, no seu lugar, um menor bem estar… quanto bastar! - Possibilidade do Bem, do Bom, do Nirvana/Paraíso mesmo quando não está/não parece estar tudo Bem. - Vero ganhar; grande realidade Espírito(a) de que corpos, matéria é sombra!; carma; perfeição; Absoluto(a); reencarnação; equilíbrio; momento, Agora; confiança e humildade; devoção; sonho; reciprocidade; UNIDADE com o(a) verdadeiro(a), imutável, original DEUS(a), o vero não-dualismo; igualdade; grande atenção/ concentração; não medo; genuíno; imparcial; liberdade; eternidade momento; sermos nós próprios; cooperação; respeito; beleza; perfeição; vera iluminação experimental; do sentido e do não sentido; compatibilidade; não fixação; não apego; não saudade, não esperança… É: - Originalidade e repetição (tudo é novo e repetido a cada momento!); milagre; simplicidade (lei resume-se nisto: não fazermos nem deixarmos sofrer injustamente nenhum ser, ajudarmos todos os seres a salvarem-se); VERDADE: DEUS(A) É NÃO SÓ A BOA TOTALIDADE, COMO INDIVIDUALIDADE!; não dualismo (Bem vence sempre o mal)!; Graça; Kundalini; comunicação; cura, preocupação quanto basta; zazen; mente/ corpo; lapidação; não competição; intemporalidade; aprendizagem; não idealismo; repentismo quanto basta; silêncio; prosa, poesia; presença; coerência…

DEUS(A) DEUS(A) BOA TOTALIDADE INDIVIDUALIDADE ACIMA E FORA DELA: SENHOR(A), CRIADO(A), CRIADOR(A), JUIZ(A), (NÃO) JULGADO(A)! DEUS(A) VIDA, DOADOR(A) DA VIDA, TIRADORA, TIRADOR DE VIDA… DEUS(A) COMPAIXÃO! SENHOR(A) RE-CRIADOR(A), CORRETOR(A), TODO(A) PODEROSA(O), TODO FORMOSA(O), UM(A) FINITA,O INFINITO(A) COM CRIAÇÃO! DEUS(A) INSTANTE; NÃO MIRABOLANTE, O INCRÍVEL, INAUDITO EVENTO; RESPIRAÇÃO PROFUNDA; SERENA DE GIGANTE! Meditação! DEUS(A) RAINHA PRESIDENTE REI MENINA(O) PRESIDENTA MAGA(O) PRESENTE SORRIDENTE NÃO TENTADOR, LIBERTADOR(A), NÃO TENTADORA. E OMNISCIENTE. EVENTUALMENTE AUSENTE. UNIGÉNITO(A) DEUS,A MENINA(O) NÃO GULOSO(A), PORTUGUÊS(A), APÁTRIDA, JUDAICA(O), INDIANO(A), CIGANA(O), ALEMÃ(O), VEGETARIANO(A), MUI PRECOCE, BRASILEIRA(O), EXTRA-TERRESTRE, SEBASTIÃO/SEBASTI-ANA, CHINES(A), MANUEL(A), KRISHNA, BUDA, REENCARNAÇÃO OU… NÃO… S(A), SUA DIVINDADE CONSISTINDO EM LEÃO/LEOA ATENÇÃO CORDEIRA CORDEIRO PASTOR(A) JUIZ, JUIZA, PRUDÊNCIA, MÚSICO(A), POETA, POETISA, MUSA, NÃO DOR, FELICIDADE

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SANTA, SANTO… DEUS(A) MESMO… SER. Em 2019, publicou “Milagres”. O que o inspirou a escrever está obra literária? Joaquim Machoqueira - Vem naturalmente na sequência (alguma coisa não vem na sequência?) do livro anterior: Deus(a). Milagres sendo a obra de Deus(a)s... Apresente-nos o livro Joaquim Machoqueira DEUS(A) faz quando quer o que ninguém pode fazer para que até incrédulo(a) possa bendizê-LA(O), crer ! Adiante-nos alguns destaques do sumário.

mente me retirando e avisando: cascavel perto! Já de regresso, na beira duma estrada de terra um lagarto enorme vimos. Dum modo geral tudo sendo grande no Brasil! Qual a mensagem que deseja transmitir ao leitor por meio da leitura desta obra literária? Joaquim Machoqueira - A mensagem básica é: conhecendo e crendo e obedecendo à verdade Deus(a)s, ‫ םִהׂלֱא הַוהְי‬, IÉVÁ ÉLÓIM, de Génesis um e dois ou do Hinduismo de Paramahansa Yogananda (ver sua Autobiografia de um Iogue), ou de Buda... Deus(a)s experimentamos. Por vezes bem extraordinariamente.

Joaquim Machoqueira -

Onde podemos comprar os seus livros? Joaquim Machoqueira -

Três extratos:

IMORTALIDADE:

“Nunca tanto ego falou, Escreveu, mostrou… Tanta banalidade, parcilaidade, Mentira, não Divindade!

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“Deus, Deusa toda(o) poderoso(a), incriado(a)! Aqui, como pessoas sentadas Participamos de Deus(a) maravilhadas Sem palavra, desajeitadas!”

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úteis”. No momento estou escrevendo menos em português e estudando mais hebraico, a língua das línguas, a língua (‫ )הָפָש‬de ‫םִהׂלֱא‬. Escrever cada vez mais e melhor em hebraico sendo, mais uma vez naturalmente, o objetivo. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Joaquim Marques Machoqueira. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Joaquim Machoqueira - A Revista Divulga Escritor e quem a lê e suporta são muito meritórios. Estou-vos muito grato. E a propósito: já vistes meu novo livro, só ebook: ‫םִהׂלֱא‬/ÉLÓIM, em: ht t p s : / / w w w. a m a z o n . c o m / g p / pro du c t / B 0 7 XQ H 9 9 9 1 ? pf _ rd _ p = 2 d 1 ab 4 0 4 - 3 b 1 1 - 4 c 9 7 - b 3 db-48081e145e35&pf_rd_r=GNH4S8MH9ZKQV43GQ6TC

NÃO DUALISMO:

DEUS(A):

“MEMÓRIAS MARCANTES Certa vez fomos, no Sertão Brasileiro, Santa Luzia, só os portugueses, nora Renata estava a trabalhar, só os dois portugueses e a portuguesa, mãe, pai e filho… ver uma pequena Cachoeira. Apesar de não ser época das chuvas tinha sua beleza. Saindo do leito do Rio, entrando um pouco no Mato, comecei de repente a ter uma grande sensação de insegurança, de perigo. Pensei, imediata-

https://www.artelogy.com/pt/store/ joaquim-machoqueira-deusa MILAGRES: https://www.chiadobooks.com/livraria/milagres Quais os seus principais objetivos, a serem alcançados, como escritor? Joaquim Machoqueira A uma senhora que me diz: escreva “coisas bonitas”, costumo acrescentar: “e

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DIVULGAESCRITOR ESCRITOR DIVULGA

DESTAQUE ESPECIAL PARA LIVRO “FLASHES DO COTIDIANO”

Conversando com você em “Flashes do Cotidiano” O olhar refletivo das autoras Anita Santana e Rosângela Santos segue captando diversas cenas de uma viagem em que ocorre muitos encontros flagrados nas conversas, nos encontros inesperados, nas pausas para lembranças doces e marcantes da infância. Dessa forma por meio de um cenário que se duplica, pois a percepção do olhar vem tanto de dentro como de fora do ônibus, as histórias chegam como passe de mágica, de modo surpreendente retratado no trabalho dos garis, na paisagem urbana e rural, nas conversas entre os passageiros, nas surpresas, como também no preconceito e descaso dos quais muitas pessoas são vítimas. São muitas as situações em que cada um de nós vivenciamos e formamos assim, os flashes do Cotidiano.

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Mais uma Não demorou mais que alguns segundos para que se soubesse de quase toda a história dela. Ali, em pé, enquanto esperava o ônibus, começou a narrar sua vida: — Tenho um casamento e dessa união um filho, fruto de um estupro. Muitas vezes apanhei. Já sofri muito nessa vida. Chega o ônibus e ela se vai. Quantas há com a mesma história? Autora:Anita Santana

Falta Um Após entrarem e se acomodarem, o cobrador olhou para porta e ameaçou fechar. Foi aí que gritaram: “Êpa! Falta um.”. A porta do meio do veículo foi aberta e a rampa baixada, mas ele não conseguia entrar. O cobrador com a mão no queixo aguardava. O motorista pelo retrovisor, apenas olhava. Portas se fecharam, o ônibus partiu. Passageiro ficou para trás. Autora: Rosângela Santos

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ENTREVISTA

ESCRITORA PAULA LARANJO José Sepúlveda

“A fotografia da capa do livro é da minha autoria e foi tirada em Unhais da Serra. O escolha do título foca o significado que muitas vezes não é preciso dizer muito para mostrar os sentimentos. É importante estar atento às mensagens aos gestos, que estão nas entrelinhas...”

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Paula Laranjo é natural de Leça da Palmeira. Licenciada em Engenharia Agronómica. Exerce a sua atividade profissional na Direção Regional de Agricultura do Algarve. É membro da Associação Portuguesa de Poetas (APP). Faz parte do grupo Poetas do Guadiana. Tem dois livros de poesia publicados: Reflexos e Essência da Alma. Tem colaborado em várias antologias de poesia: Apontamentos da margem; Um grito contra a pobreza; Apenas saudade; Namorar é preciso; Perdidamente; O silêncio de uma mulher; Livro aberto; Antologias de poesia da APP; Noites de poesia; Grito de mulher. Tem participado nos encontros de Poetas de Huelva pela Paz. Participação no livro “Fundido En Malva”de José Luis Rúa Nacher. Gosta de ler, escrever poesia, fotografar, fazer desporto e viajar. Tem um lema: “O sorriso é o carburador do coração!” Boa Leitura!

Imagens e textos poéticos se mesclam em ‘Entrelinhas’ Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Paula Laranjo, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, como surgiu “Entrelinhas”? Paula Laranjo - Eu é que agradeço a oportunidade na divulgação do meu novo livro de poesia. O meu livro anterior “Essência da Alma”, foi lançado em Novembro de 2015. Depois tive um período de divulgação da obra,

com várias apresentações pelo país. A meio do ano de 2015 tive uma grande perda familiar, pois a minha mãe faleceu. Então depois dessa perda, tive uma fase de descanso da escrita. Lentamente, fui escrevendo alguns poemas sobre essa perda como forma de luto. Gradualmente foram surgindo outros poemas e então este ano decidi avançar com mais um livro.

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Apresente-nos a obra Paula Laranjo - O livro é composto por trinta e oito poemas, com vários assuntos abordados. Os assuntos abordam a amizade, o amor, a paixão, a saudade e temas sociais. Cada poema é acompanhado por uma fotografia, pintura ou desenho. Tive a colaboração e gentileza da cedência das fotografias por parte de três fotógrafos (Eurídice Cristo, José Sobral e Paulo Côrte-Real). As pinturas são da gentileza da minha filha Beatriz e do meu marido Hugo. O prefácio foi escrito pelo grande poeta Manuel Neto dos Santos. Quais critérios foram utilizados para escolha do titulo? Paula Laranjo - A fotografia da capa do livro é da minha autoria e foi tirada em Unhais da Serra. O escolha do título foca o significado que muitas vezes não é preciso dizer muito para mostrar os sentimentos. É importante estar atento às mensagens aos gestos, que estão nas entrelinhas… Apresente-nos um dos textos publicados na obra. Paula Laranjo - O poema que vou apresentar é dedicado à minha mãe. TEU NOME (para minha mãe) Percorro os objetos como se fossem uma viagem para te encontrar. Em cada estante encontro uma lembrança que quero eternamente recordar. Procuro as letras do teu nome nos espaços vazios. Meus olhos percorrem as saudades de ti. Páro no tempo… Só para te ouvir…

Todo texto tem um pouco do autor. Comente sobre o momento de criação do texto apresentado. Paula Laranjo - O texto apresentado foi sentido e escrito aquando do meu regresso à casa dos meus pais, e tenho a consciência que fisicamente a minha mãe já não iria estar presente. Quando começo a percorrer a casa, sinto a saudade e foi-me surgindo este sentimento que depois passei para o papel para eternizar o poema. Onde será o lançamento do livro, horário, dia... Paula Laranjo - A apresentação ao público do livro, será no dia 14 de Dezembro de 2019 às 16h30, no lindíssimo Palácio de Estoi em Faro. Quem não puder comparecer ao lançamento onde poderá comprar a obra? Paula Laranjo - A obra estará à venda no site da Editora Chiado, assim como nas livrarias Fnac e Bertrand. Quem tiver o gosto de ter um livro autografado por mim, poderá sempre fazer um pedido através do meu e-mail (paula.laranjo@gmail.com) e eu enviarei por correio. Além de “Entrelinhas” quais livros tens publicado? Paula Laranjo - Tenho dois livros publicados: o primeiro chama-se “Reflexos” e o segundo chama-se “Essência da Alma”.

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Apresente-nos os seus principais objetivos a serem alcançados como escritora. Paula Laranjo - Em primeiro lugar tenho de dizer, que para mim escrever é um prazer! Gosto de passar para o papel sentimentos, emoções, olhares que vou sentindo. Quero perpetuar as minhas emoções! Para além disso, espero “tocar” de alguma forma nos leitores que tenham a curiosidade de ler os meus poemas. Será um gosto e um orgulho saber que os meus livros fazem parte da biblioteca de cada um. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Paula Laranjo. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Paula Laranjo - Agradeço mais uma vez, a oportunidade em dar a conhecer aos leitores a minha caminhada poética. Quem quiser acompanhar as minhas atividades pode-me seguir na página do facebook – Reflexos Poéticos. Dedico este livro, a todos os que pintam a vida com o olhar e sorriem com o coração! _________________ Divulga Escritor: Unindo Você ao Mundo através da Literatura. https://www.facebook.com/ DivulgaEscritor/ www.divulgaescritor.com

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José Sepúlveda

“Nascimento sagrado”

NATAL

Maria chega no burro ao lugar sagrado Para ela dar à luz seu bebê tão esperado O menino Deus que vem salvar o mundo Com paz, caridade, e um amor profundo...

Numa gruta nasce um menino. Veio ao mundo um ser divino. Os anjos belos hinos cantavam. As estrelas no céu brilhavam.

Finalmente encontrou um espaço seguro A onde seu filho Jesus seria bem recebido Foi então aquecido com o bafinho do burro No dia chamado Natal, nascimento querido...

Os pastores à gruta se dirigiram, e vendo o menino Jesus sorriram, por ter vindo ao mundo o Salvador, com uma missão de paz e amor.

Festeja-se pois cada ano o seu aniversário Juntam-se as famílias para festejar o Natal Não só em Belém Efrata, mas ao contrário Em todo o mundo é um dia muito especial...

Os reis magos de longe vieram. Aos pés do menino se detiveram. Ofereceram ouro, mirra e prata, para comemorar aquela data.

Maria José

Aurora Maria Martins.

Vida de Jesus

NATAL

Nunca algum menino foi tão admirado Simplesmente por ser da virgem Maria Chegaram os profetas de todo o lado Visitar Jesus com prendinhas nesse dia.

Nesta data tão especial, como especial é o Natal. O Natal de Jesus menino. Que nasceu pobrezinho.

Desceram do céu anjos mais pequeninos Adorar o menino nascido em Belém Efrata Em total admiração, sorriam os anjinhos Enquanto entregavam a Jesus a sua oferta.

Os anjos glória cantavam. Os pastores que pastavam, Junto a ele se prostraram Com Maria e José o adoraram.

José e Maria faziam planos para o seu futuro Que viria a ser o rei Salvador na terra aclamado Sem saber que seu filho teria um destino duro Adorado pelos seus discípulos, menino sagrado.

E de muito longe guiados, por uma estrela iluminados, vieram os três reis magos. Felizes embora cansados.

Maria José

Aurora Maria Martins.

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Natal na minha aldeia Saudades dessa minha eterna aldeia Perdida num recanto, lá no Minho... A natureza as vezes nos premeia Fazendo-nos lembrá-la com carinho Como era bom entrar, a casa cheia, A árvore, os enfeites de azevinho E na lareira o fogo que se ateia Pra dar maior conforto ao nosso ninho! O pai Armando, alegre, dava o mote E toda a pequenada ia a reboque Cantando com louvor ao Deus-Menino... E quando a noite vinha, já sem luz, Ansiosos esperámos Jesus Co’as prendas para o nosso sapatinho!

Numa choupana triste… O sol resplandecia naquele dia E atravessava o céu intemporal; Anunciando o frio, a invernia, E algo mais de sobrenatural. Lembrando aquela antiga profecia, Havia agitação por entre a gente E num burrinho, a jovem mãe Maria Cuidava do menino no seu ventre. Por toda a aldeia andavam uns boatos Entre pastores e a população; Diziam que coberto por dois trapos

José Sepúlveda

Maria dera à luz uma criança Numa choupana triste e em solidão, Nasceu feliz e cheia de esperança!

Rumores em Belém

Rosa Maria Santos

⁃ Já sabes da notícia que circula Acerca de Maria e de José? Desse casal que veio numa mula E há dias cá chegou de Nazaré! ⁃ Não sei, o que se passa, houve sarilho? - Maria, em Nazaré, engravidou… Belém não a acolheu… E teve o filho Sem aconchego, a noite que passou. O povo diz que é filho do Divino E veem no chegar desse Menino Cumprir-se aquela antiga profecia: - Belém Efrata em ti há de nascer, Gerado em puro ventre de mulher, Aquele que há de ser teu Rei um dia! José Sepúlveda

Na manjedoura Maria segurava no seu ventre E afagava o filho com carinho Sentia que bem breve, brevemente Teria em seus braços o Menino A quando ao romper da nova aurora Maria olhava para o seu esposo Dizendo com ternura: - E agora? Não encontramos sítio p’ra repouso! José olhava, apenas lhe sorria, Não era tempo de a amedrontar E numa e noutra porta ele batia Sem conseguir, não havia lugar Maria, quase, quase a dar à luz Até numa taberna foi bater E deram-lhe um curral onde Jesus, Na manjedoura havia de nascer Rosa Maria Santos

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José Sepúlveda

Vi Uma Estrela No culminar de mais um ano e desde há vários anos, o Solar de Poetas vem organizando anualmente a publicação em E-book de Coletâneas de Poemas e Contos, que estende não só aos membros dos seus grupos como a diversos convidados que se relacionam connosco. Estas coletâneas, que tem vindo a contar sempre com uma grande adesão de poetas e escritores, acabam por se destacar como referência deste segmento de poesia, muitas vezes colocados em realce pelas plataformas onde são publicadas. Assim, uma vez mais, o Grupo Solar de Poetas se vai afirmando como um grande meio de divulgação de novos autores que, na prática, ajuda à divulgação de todos os que nele participam. Como sempre, estendemos convite a participantes estrangeiros, este ano, sobretudo, do Brasil e de Itália, o que, sobremaneira, enriquece o seu conteúdo e o estende o meio geográfico onde quer estar presente. Este ano, decidiu a Administração apresentar a sua Coletânea com poemas e texto simples (contos). trabalhos ilustrados por belas imagens alusivas à época natalícia que se vive. A todos os participantes quisemos atribuir, como nos eventos anteriores, uma Distinção pelos trabalhos apresentados, tendo em conta a excelente qualidade poética e de narrativa apresentada, aos quais, reconhecidos, agradecemos. A seguir, apresentamos dois poemas que integraram esse trabalho, que convidamos a ler, acedendo ao seguinte endereço: https://issuu.com/correiasepulveda/docs/vi_uma_estrela__e-book__ Queremos aproveitar para estender a todos vós, amigos e familiares os votos de Festas Felizes. Bem hajam.

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Guia-me, Estrela Vi uma estrela Se o brilho dessa estrela não viesse A aparecer no céu, no infinito, Talvez numa choupana não nascesse Esse Menino, humilde, mas bendito. Talvez a sua mãe não padecesse E não soltasse o acutilante grito, Ao vê-lo numa cruz, p’ra que morresse, Por todos nós, conforme foi predito. Talvez não fosse nada, se diria, Mas quis o Deus bendito, nesse dia, Fazer brilhar a estrela lá no céu. E nessa noite escura, triste, fria, Naquela tão singela estrebaria, Esse Menino, ali, por fim, nasceu. José Sepúlveda

Vinde ver aquela estrela Lá no céu a anunciar, Vejam bem como ela é bela E não para de brilhar. A noite desce mansinho No pequeno povoado E o povo, com carinho, Vai ver seu Menino amado. Um nascimento invulgar Para o bem da humanidade, Veio do céu p’ra salvar Quem n’Ele crer de verdade. Vamos, pois, em comunhão Adorar o Deus Menino Entregar-lhe o coração E também nosso destino. Vejo no céu um clarão: É um anjo que anuncia Que sejas p’ra teu irmão Uma tocha que alumia. Com os meus olhos no céu, Um pedido vou fazer Que essa Estrela que me deu Guie todo o meu viver. Rosa Maria Santos

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ENTREVISTA

ESCRITORA BEATRIZ H. RAMOS AMARAL BEATRIZ H. RAMOS AMARAL, paulistana, é poeta, contista, ensaísta, musicista e crítica literária. Estreou em Literatura aos 19 anos e já publicou 15 livros em gêneros literários diversos - romance, conto, poesia, ensaio, crítica e teoria literária e jurídico. É formada em Direito pela USP Universidade de São Paulo (1983), premiada como melhor aluna do curso na especialização Direito Penal e Criminologia. Formada em Música pela FASM (1985). Mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP (2005). Coordenou projetos literários na Secretaria Municipal de Cultura entre 1994 e 1997, no Centro Cultural São Paulo, na Biblioteca Mário de Andrade e em Casas de Cultura. Também coordenou projetos na Casa das Rosas - Secretaria de Estado da Cultura. Ingressou no Ministério Público do Estado de São Paulo em janeiro de 1986, por concurso de provas e títulos e foi Promotora de Justiça e Procuradora de Justiça por três décadas, de 1986 a 2016. Foi eleita membro do Órgão Especial do Colégio de Procuradores, que é um dos órgãos da Administração Superior do MPSP. Foi Secretária Geral da UBE-SP e diretora da entidade entre 1996 e 2005, nas gestões de Fábio Lucas, Henrique L. Alves, Cláudio Willer e Levi Ferrari. Participou de dezenas de coletâneas poéticas no Brasil e também nos Estados Unidos, na França e em Portugal. Teve livros analisados e resenhados na Itália, na Alemanha, em Portugal, na França e na Argentina. Atualmente é Diretora do Departamento Cultural da APMP, Diretora do MPD, integra a REBRA - Rede de Escritoras Brasileiras. Desde 1995 até o presente momento, tem publicado resenhas, artigos, contos, ensaios em jornais de literatura e em revistas de cultura e arte, entre os quais Revista Ângulo, O Escritor, Dimensão, Germina, Eutomia, Mallarmargens, Archivos Del Sur, Folha de São Paulo, Revista da Biblioteca Mário de Andrade. Tem realizados palestras no Brasil e em Portugal, desde 2011 sobre sua própria produção literária e sobre a trajetória estética do poeta Edgard Braga, sobre a qual publicou um livro em 2013. Boa Leitura!

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do livro é dedicado ao extraordinário poeta, ensaísta, crítico e mestre português Ernesto de Melo e Castro, que é meu muito querido amigo e que reside em São Paulo.

Busca de sentido para a vida é abordado em ‘O Avesso do Arquipélago’ Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Beatriz H. Ramos Amaral, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que a motivou a ter gosto pela arte de escrever? Beatriz Amaral - Escrevo desde os 6 anos de idade, praticamente desde que me alfabetizei. Começar a escrever, ainda criança, foi algo muito natural, para mim. Sempre li muito. Ganhava livros, lia e relia, era boa leitora, ficava fascinada com a possibilidade de criar mundos, criar e construir minhas próprias histórias e minhas próprias personagens. E, principalmente, criar enredos. Eu observava uma cena na praia, por exemplo e imaginava uma história a partir dela. Escrevia muitas histórias. A partir dos 12 anos, também passei a escrever poemas, sempre atenta à musicalidade, ao ritmo e a busca da singularidade de minha própria linguagem. Percebemos que escreves diferentes estilos e temáticas. Como foi surgindo está diversificação na escrita? Beatriz Amaral - Realmente, penso que o estilo seja basicamente o mesmo: busca de concisão da linguagem, musicalidade evidente (melopeia,

para utilizar a expressão de Ezra Pound), emprego de metalinguagem, busca existencial, perquirindo o âmago das coisas, resistência contra as superficialidades e frivolidades da vida contemporânea, algumas intervenções na sintaxe convencional, o gosto pelo insólito. O que tem variado são os gêneros literários, pois surgem projetos, nascem projetos que necessitam de realização num ou noutro gênero, na poesia, na narrativa, no ensaio. Então, tenho escrito em vários gêneros, com predominância da poesia. Quais critérios foram utilizados para seleção dos textos poéticos publicados em “O Avesso do Arquipélago”? Beatriz Amaral - É um livro de salto interior, de busca, de muita interiorização. Os poemas que o compõem foram escritos na mesma época, a partir de um projeto delineado há cerca de um ano. A maior parte dos poemas foi escrita em 2019. E, ao mesmo tempo em que mergulha nos temas do tempo, da noite, da existência, dos começos e dos avessos, o livro procura manter uma linguagem bastante leve, como se fosse chamber music - música de câmara. Um dos primeiros poemas

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Como foi a escolha do título para obra? Beatriz Amaral - Meus títulos nascem espontaneamente durante a construção da obra e com este livro não foi diferente. O título brotou a partir de um dos poemas, que se chama Avesso. Brotou mais ou menos na metade do percurso da escritura. Penso num conjunto de ilhas-poemas a dançar ou a se deslocar numa imensa partitura, vida, universo, da qual se destaca um arquipélago de conexões e fios de existência. Ilhas são estrelas, sílabas, notas musicais. Elementos de construção. Apresente-nos a obra (sinopse). Beatriz Amaral - O AVESSO DO ARQUIPÉLAGO é meu décimo-quinto livro e o primeiro publicado em Portugal. Ele é composto por um conjunto de cinquenta poemas geralmente de breve extensão e sua temática principal é a busca de sentido para a vida. Há nele momentos irônicos e outros mais líricos. A linguagem é bastante concisa. É uma edição da In-Finita Lisboa. O prefácio é de Renata Antunes e também há textos críticos de Reynaldo Barreto M. e Castro, David Pereira, Cecília Almeida Salles, Daniela Braga. A capa é de Júlia Mayrinck, criada a partir de um mandala multicolorido construído por mim. No lançamento de ontem, 25 de Outubro, na Livraria Barata / Leya, aqui em Lisboa, foram feitas magníficas apresentações do livro pelos premiados e grandes escritores portugueses João Rasteiro e João Morgado. Apresente-nos, um dos textos publicados em “O Avesso do Arquipélago”? AVESSO No avesso do arquipélago existem mosaicos e ilhas 45


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brasões e miniaturas no avesso das fagulhas a lenta história de pérolas entre fugazes semínimas que adentram teus compassos existem frações de lúcido silêncio no avesso das fagulhas a lenta história de pérolas entre fugazes semínimas que adentram teus compassos existem frações de lúcido silêncio no avesso da avenida existe outra avenida mais larga e bem mais densa no avesso do que é imenso existe a inexistência Beatriz H. Ramos Amaral Sabemos que cada texto tem um pedacinho da autora. Comente sobre o momento de criação desde texto. Beatriz Amaral - O poema “Circulo de Sol para Massao Ohno” tem uma origem que considero digna de registro. É dedicado ao meu querido editor Massao Ohno, que foi quem mais me editou. Ele publicou quatro livros meus: Encadeamentos, em 1988, Primeira Lua em 1990, Poema sine praevia lege em 1993 (finalista do Prêmio Jabuti) e Planagem em 1998 (um convite dele para o meu primeiro conjunto de poesia reunida e um marco na minha produção. Ele era um grande editor, um artista, um verdadeiro artista gráfico e que se tornou meu amigo querido. Ético, amigo, luz imensa vinda do Oriente que iluminou São Paulo e a poesia brasileira. O poema o celebra. Sabemos que estás realizando um conjunto de eventos em Portugal, para divulgação do livro. Quais os principais eventos que estás a participar? Beatriz Amaral - Na verdade, comecei a fazer palestras aqui em 2011. Estive em 2014 fazendo uma série de palestras em Coimbra e uma delas, em especial, na Casa da Escrita. Estive também realizando palestras ao

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lado de minha mãe, a poeta brasileira Elza A. Ramos Amaral, num Encontro Internacional de Poetas de Língua Portuguesa coordenado por Luís Serguilha, na Casa de Camilo Castelo Branco, em São Miguel de Seide, Vila Nova de Famalicão. Transitei muito pelo Porto, cidade que adoro. A partir de 2018, intensificaram-se as conexões e realizei uma série de palestras jurídicas num Seminário na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, participei de Salões do Livro, participei do I Mulherio das Letras Portugal em março deste ano e do Salão do Livro, em Junho. Experiências muito gratificantes que acabaram culminando com convites para publicar aqui. E meu décimo-quinto livro, “O Avesso do Arquipélago”, é uma bela edição da In-Finita Lisboa. Fui convidada para autografá-lo na tradicional LIVRARIA BARAT no dia 25 e o lançamento foi uma grande alegria, pois fui brindada com textos de apresentação do livro realmente magníficos, dos premiados escritores portugueses João Morgado e João Rasteiro, cujo trabalho muito admiro. Foi um presente para a minha poesia, para a minha escrita. Também autografei o livro no Projeto “Leituras de A a Zénite”, na Galeria Zénite dia 22, no 5º. Salão do Livro de Lisboa realizado dia 19 na Fundação Casa de Macau. E agora estou seguindo para os Açores, pois fui convidada para fazer o lançamento e a apresentação de “O Avesso do Arquipélago” no OUTONO VIVO 2019, que é o maior festival de literatura e arte da região e se realiza na Ilha Terceira. Meu lançamento lá será no dia 28, 2ª.feira, às 19h, no Auditório do AJAIT e o livro terá a apresentação da atuante poeta açoriana Carla Félix.

rata, entre outras, e também diretamente com a editora In-Finita. Também poderá ser adquirido nos Açores, na Feira Literária, na Ilha Terceira, durante todos os dias de sua duração, isto é, até o dia 10 de Novembro. E, claro, subsidiariamente, também comigo, pelo e-mail beatrizhramaral@uol.com.br. Para os brasileiros adquirirem, também estará em livrarias brasileiras em breve.

Onde podemos comprar o seu livro? Beatriz Amaral - Aqui em Portugal, O AVESSO DO ARQUIPÉLAGO poderá ser comprado na Livraria Ba-

_________________ Divulga Escritor: Unindo Você ao Mundo através da Literatura. https://www.facebook.com/ DivulgaEscritor/ www.divulgaescritor.com

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Beatriz H. Ramos Amaral. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Beatriz Amaral - A mensagem que deixo é que sejamos todos sempre bons leitores – dos clássicos e dos nossos contemporâneos, valorizemos a literatura. Sem leitores não surgem escritores. E que sejamos sempre íntegros e fiéis a nossos projetos. Coerência, integridade e persistência são boas companheiras do escritor, do inventor, do artista, do criador em geral. BEATRIZ H. RAMOS AMARAL Site Oficial: www.beatrizhramaral. com.br

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL ESCRITORA ROSA MARIA SANTOS

O Bonequinho de Neve Naquela noite, um forte nevão tinha caído sobre o lugar. Ambrósia, ansiosa, esperava a chegada de Jacinto, o seu filho, que vinha com a esposa e os seis adoráveis netinhos para passar o Natal na sua companhia. Estavam emigrados e a viagem de avião preocupava-a. Às oito horas em ponto, ligara a televisão para ouvir o noticiário. Já antes, lá andava ela de um lado para o outro, com o pequeno transístor ao ouvido, na expetativa de alguma notícia. Queria estar informada de tudo o que ia acontecendo. O tempo não estava mesmo para brincadeiras. Sentada na velha poltrona, com o Tareco, o seu gato, sempre a seu colo, ia ouvindo atenta a voz do locutor e as desgraças que este ia anunciando ao mundo. - Tareco, lindo gatinho, Como vão eles chegar? Com o rigor do tempinho, Já mal conseguem voar.

Eram oito horas e trinta da noite quando Ambrósia soube da sua retenção no aeroporto, com tantos outros passageiros. Espreitou pela janela, meia dúzia de rapazes andavam por ali a brincar naquele manto branco e a erguer um lindo boneco de neve. - Vai-lhes faltar a cenoura para o nariz. – pensou – ainda quero ver como se vão desenrascar. Às tantas, com um pedaço de madeira. - Este ano espero um Natal de verdade - dizia Pedro, um rapazito espigadote de quinze anos, que adorava pintar grafites onde quer que encontrasse uma parede limpa. Nunca vira cair neve e estava excitadíssimo. - Que brancura imaculada – pensava. Fazia muito frio, mas para eles nada disso importava, nem notavam. João, um dos rapazotes, foi a correr a casa buscar algumas roupas velhas para vestir o boneco. Ia ficar um show. Ritinha estava feliz. Pela primeira vez, ajudava a construir um boneco de neve. António, esse pulava como um desalmado e gritava para os amigos:

O avião não partiu, No aeroporto estão retidos, Um forte nevão caiu, Voos não são permitidos.

- Daqui vai nascer um belo e corpulento rapaz, ai se vai! - Lá vem o João a correr, Trouxe calças e sapatos, Um gorro pra aquecer E uma manta de trapos.

Se esse nevão amainar, Talvez haja descolagem. Então, depois, se calhar, Devem partir em viagem.

O Manel trouxe a cenoura P’ra colocar no nariz E uma peruca loura Para o fazer mais feliz. Na verdade: nada falta Azeitonas para olhar… Até parece que salta Ali, por todo o lugar.

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Ali na janela, Ambrósia sorria. Aquelas brincadeiras de adolescentes faziam-na recuar aos seus tempos de menina, em que com os amigos, brincava na neve por esses invernos fora. A sua presença logo foi notada pelo olhar perspicaz dos garotos que logo a desafiaram: - Ti Ambrósia, venha até aqui, venha-nos ajudar a terminar o Malaquias e a levá-lo, mais para ali, para junto daquela árvore que costuma iluminar no Natal. Vai ficar um mimo. E logo meteram mãos à obra para com toda a sua perícia o levar, com mil cuidados. Afinal, eram apenas meia dúzia de metros de distância. Meio desconchavado, como se tivesse cócegas, o boneco abanava por todos os lados, parecendo ter vida. - Venha aqui para ajudar A levá-lo para ali, Até parece falar Dê-nos uma mão aqui. - Olhem p’ra ele, a mexer, Parece que ganhou vida, Que raio nos quer dizer? Diz Maria, surpreendida.

Ambrósia tinha agora um problema. Explicar ao boneco que não poderia viver dentro de casa. O calor das lareiras era mau para ele, ficaria muito mais feliz no jardim. Este ano iriam iluminá-lo de um modo diferente, para que ali se sentisse bem. E pronto, ficou combinado. Ficaria no jardim, junto à linda árvore, a sua companhia nesse Natal. E lá foi deitar-se no sofá da sala à espera dos netos. Bem cedo pela manhã, ainda ela mal tinha passado pelas brasas, os netos chegaram. Como ficaram felizes quando se depararam com aquele belo boneco de neve que parecia brincar e interagir com as crianças do bairro. E lançaram-se com os amigos na construção do presépio, afinal, era a véspera de Natal. Como prenda especial, iriam pedir ao Pai Natal que desse vida àquele bonequinho lindo que parecia não deixar de os olhar cheio de alegria. - Bom Jesus, neste Natal, Vem dar vida ao Malaquias, Um boneco especial Que nos enche de alegrias. P’ra ser gente como a gente, Precisa de um coração; Vem dar-nos este presente Nesta linda ocasião.

- Está quieto, rapaz! Assim, vais-te desfazer! - Afoito, mas incapaz, Não se sabe defender. … E o boneco assim falou: - De onde vem esta quentura? E logo se resguardou Naquela estranha aventura. Ei-lo, por fim, construído Com um desejo, afinal: Não se sentir excluído Nesse dia de Natal.

Neste Natal, por favor, Sopra nele, o faz viver, Tu és o Deus criador, Tu podes, basta querer. Naquela noite, quando visitou os sapatinhos de cada criança, Jesus, o mesmo Jesus que nasceu na manjedoura, soprou as narinas de Malaquias e este viveu. Durante muito tempo, naquela aldeia, em cada Natal, todos lembravam do bonequinho de neve que num Natal distante viveu alegre e feliz com todos os meninos do lugar.

Mas que estranho, ele falava! Ti Ambrósia lhe sorria. Pois se assim o desejava, Que traga paz e harmonia.

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Desde aí, cada Natal, Há festa e muita alegria: Um boneco especial Ganhou vida nesse dia.

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ENTREVISTA

ESCRITORA DANIELA TERTULIANO Daniela Tertuliano, nascida em 1979 na capital Paulista, ainda criança mudou-se para o interior do estado, onde vive até hoje com sua família. Casada com Lindomar Macedo, mãe do Matheus e Victor e avó da Heloísa. Iniciou sua vida acadêmica no curso de História da universidade católica de Campinas (PUCCAMP) e mais tarde Pedagogia na UniFaccamp. Exerce sua profissão de professora com encantamento e dedicação. Compõe o quadro de escritoras da antologia Elas e as Letras diversidade e resistência. E recentemente lançou seu primeiro livro Lampejos do Coração, classificado como literatura modernista, que rompe a tradição de uma linguagem clássica. Referência literária: Hilda Hilst, Clarice Lispector, Rubem Alves, Cecília Meireles, Cora Coralina, Leonardo Boff, Bertolt Brecht, Adélia Prado, Fernando Pessoa entre outros.

Trata-se de um livro com 56 páginas que abordam, vivências da profissão de professora, de mulher disposta a viver e externar sentimentos, emoções e sensações novas, e a arte de reparar no outro com ternura e abrangência.”

Boa Leitura!

A liberdade de escrever em ‘Lampejos do Coração’ Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Daniela Tertuliano, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que a motivou a ter gosto pela arte de escrever? Daniela Tertuliano - Desde muito cedo descobri o encantamento pelo mundo das letras, tinha muitos cadernos de poesias, poemas, pensamentos e frases de autoria.( infelizmente não os tenho mais). Além disso, a paixão pela leitura sempre me ajudou com repertórios. Infelizmente, deixei a escrita de lado por um tempo, retornando agora com o incentivo da escritora e idealizadora de Elas e as letras, jullie Veiga.

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8. Onde podemos comprar o seu livro? Daniela Tertuliano - Nas redes sociais Instagram @tertulianodaniela Facebook DanielaTertuliano Twitter @DaniTertu Watssap (11) 941313480

Em que momento se sentiu preparada para publicar seu livro de poesias e crônicas “Lampejos do Coração”? Daniela Tertuliano - Então... Depois do convite para conhecer e participar da antologia “Elas e as letras diversidade e resistência”, fiquei encorajada e voltei a acreditar na minha escrita, pensando em transmitir através das letras, sentimentos e observações sobre a vida, relações e sociedade. Apresente-nos a obra Daniela Tertuliano - Considero Lampejos do coração um livro poético, pois mesmo as crônicas que ele carrega, tem uma linguagem carregada de sentimentos intensos. Trata-se de um livro com 56 páginas que abordam, vivências da profissão de professora, de mulher disposta a viver e externar sentimentos, emoções e sensações novas, e a arte de reparar no outro com ternura e abrangência. Quais temáticas estão sendo abordadas pela obra? Daniela Tertuliano - Desigualdade social, empoderamento feminino, sentimentos polêmicos que carregam a sensualidade, paixões, bagagens literárias e conflitos relacionados a própria identidade.

O que mais a encanta nos textos poéticos e nas crônicas? Daniela Tertuliano - Em ambos a liberdade de escrever. Apresente-nos um dos textos publicados no livro Ela se veste de sonhos Ela se veste de sonhos Seus olhos são brilhantes Suas mãos agarram o mundo Seus pés caminham nas nuvens E é lá que ela vive Sua boca anseia o desejo O seu corpo inteiro fala por ela Ela insiste na felicidade Em tudo que a desperte Ela imagina que um dia Outras possam ser como ela Sabemos que cada texto contém um pouco da autora, comente sobre o momento de criação deste texto Daniela Tertuliano - Sou uma pessoa extremamente intensa, questiono o tempo todo os padrões impostos pela sociedade, principalmente relacionados à mulher. Como por exemplo: comportamentos , corte de cabelo, tipo de vestimenta, censura nas escolhas e esteriótipos. Desejo e luto para que as mulheres possam se libertarem desses padrões, que cada pessoa possa ser o que realmente é, sem se preocupar com julgamentos patriarcais, machistas e misóginos.

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Quais os seus principais e próximos projetos literários? Daniela Tertuliano - Antologia Elas e as Letras vol. II Iniciando um livro infantil em parceria com a escritora Andréa Larrubia. Novos poetas coletânea de poemas com alunos da escola que leciono. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Daniela Tertuliano. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos, em sua opinião, o que cada leitor pode fazer para ajudar a vencermos os desafios encontrados no mercado literário brasileiro? Daniela Tertuliano - Sem dúvidas a resposta é ler e incentivar a leitura em todos os lugares. Precisamos formar novos leitores, promover ações que despertem o interesse nas crianças, jovens e adultos especialmente na periferia. O encantamento pela leitura não pode pertencer somente a uma classe social, ela tem que acontecer em toda sociedade. (sem exclusões)

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL ESCRITOR GILMAR DUARTE ROCHA

O CABELEIRA E A LITERATURA DO NORTE

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Nordeste sempre teve a primazia em produzir escritores de talento, grande estro e vastíssima imaginação. Esse fenômeno não é gratuito, muito menos circunstancial, visto que as terras brasileiras contempladas por múltiplos biomas e localizadas acima do paralelo 15, aqui incluindo o Grão-Pará, foram as primeiras a serem colonizadas pelos portugueses, com incursões pontuais de espanhóis, franceses e holandeses, estes últimos, inclusive, trouxeram na bagagem da sua segunda invasão (termo cunhado sob a ótica do colonizador preponderante, o português) às terras de Pernambuco, uma gama de cultura, conhecimentos, técnicas agrícolas e até industriais. Os neerlandeses pretendiam de fato estabelecer uma civilização nos trópicos americanos e já tinham até nome para a essa possível nação: Nova Holanda. Só para ter uma ideia da severidade do empreendimento, apenas para focar no âmbito cultural, o conde Maurício de Nassau, o prócer governante designado pela coroa de Orange, trouxe uma comitiva chamada de “agência de publicidade”, que consistia de 46 artistas, cronistas e naturalistas. Os holandeses, por motivo que não cabe aqui discorrer, não conseguiram dourar o seu projeto, remanescendo nesses rincões por apenas duas décadas e meia, tempo suficiente, contudo, para espalhar os seus tentáculos culturais do Maranhão até Alagoas. Não obstante a ousadia da iniciativa dos Países Baixos, os portugueses,

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por motivos óbvios, talvez para consolidar de vez o seu império tropical, passaram a investir mais e mais no vetor setentrional do Brasil, mormente em cidades estratégicas como São Luís, onde o Padre Vieira desembarca dez anos após os holandeses deixarem as últimas pegadas em solo maranhense. O emérito eclesiástico trazia na sua missão jesuítica, além de prescrições estratégicas designadas pela coroa lusitana, a difusão da sua extensa cultura entre os neófitos e gentios habitantes daqueles rincões da colônia. Processos similares se desenvolveram nas outras províncias do Norte, especialmente na Bahia, em Pernambuco, na Paraíba e no Ceará. O hemisfério superior da maior colônia portuguesa, impregnava-se paulatinamente de cultura, embora esse fenômeno, necessariamente, não se traduziria, ao curso do tempo, em progresso econômico. Literariamente falando, apenas um século e meio depois, ultrapassando, inclusive, todo o ciclo literário chamado de neoclassicismo, onde vates de Minas Gerais como Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manoel da Costa esbanjaram imenso talento durante o curto espaço de tempo de vida que lhes foi permitido, é que começaram a brotar os primeiros frutos do verbo literário do lado norte do Brasil, então na condição de império. Gonçalves Dias chegava à Capital Federal e assombrava os meios acadêmicos com a sua poesia ufanista, romântica, indianista e extremamente inspirada. O trabalho do mestiço maranhense encaixava-se como uma

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luva no panorama da literatura romântica prevalecente à época. Na prosa, poucos anos depois, era a vez do cearense José de Alencar começar a arrancar aplausos e tornar-se o expoente maior do romantismo, publicando novelas em série, de grande aceitação de crítica e enorme apreciação dos leitores. Uma dezena de anos depois, eis que entra em cena uma personagem também de origem cearense, o escritor Franklin Távora (1842-1888), que questiona a autenticidade regionalista de escritores como Alencar, se propõe a criar a “literatura do Norte”, como ele mesmo justifica “as letras têm, como política, um certo caráter geográfico; mais no Norte, porém, do que no Sul, abundam os elementos para a formação de uma literatura, filha da terra. A razão é óbvia: O Norte não foi invadido como está sendo o Sul de dia em dia pelo estrangeiro”. Dando sequência ao pretenso movimento ufanista, que acaba se configurando num levante literário de uma só pessoa, Távora publica, em série, romances regionais como “Os índios do Jaguaribe”, “A casa de palha”, “O casamento no arrabalde”, quando ainda residia em Recife (cidade onde se transferiu com os pais em 1844) e depois, já na sua fase carioca, “O matuto”, “Lourenço”, “O sacrifício” e o mais importante de todos, “O cabeleira”, que reflete de fato um livro de cunho regionalista, embora alguns críticos o considerem uma concepção de crônicas à guisa de romance. “O cabeleira”, tachado de “uma história de espantar”, embora com estruturação ligeiramente tosca e arremedo de reportagem de época (aqui, na minha modesta opinião), continua atemporal devido à profundidade com que o escritor trata uma história de cangaceiros em meados do século XVIII (muito antes, portanto, do tema “cangaço” ganhar voga nacional); a rigor, a história de uma família de cangaceiros, composta por José Gomes, o protagonista, vulgo Cabeleira, seu pai, Joaquim Gomes, e um mameluco de nome Teodósio, que aterrorizam os moradores dos arredores da região do Rio Capibaribe, Pernambuco, e resolvem investir contra a Vila do Recife,

causando pânico entre os moradores da ainda incipiente cidade. Seguem-se saques, latrocínio, incêndios, carnificina, conchavos, perseguições e retrocesso. O autor, no comando do enredo, parece antever a saga dos cangaceiros do século XX, onde o crime empenhado por homens de espírito rústico e educados para retaliar a condição de miséria em que vivem, flagelando e trucidando os seus concidadãos sem se importar com as consequências e com o poder — sempre soberano — da elite dominante, que não mede forças e recursos em levá-los ao patíbulo e à lâmina afiada da guilhotina da justiça dos fortes. Talvez aí resida a força do livro de Franklin Távora, que inclusive faz comparação do personagem principal a figuras párias, épicas e românticas: “Durante muitos anos, ouvindo suas mães ou suas aias cantarem as trovas comemorativas da vida e morte desse como Cid, ou Robin Hood pernambucano, os meninos tomados de pavor, adormeceram mais depressa, do que se lhes contassem as proezas do lobisomem ou a história do negro do surrão muito em voga entre o povo naqueles tempos”. No fim das contas, o romântico ou realista Távora — dependendo do ângulo por onde se analisa a sua obra — é mais um daqueles autores que não conseguem vivenciar a força da sua quimera, pois “O cabeleira” passou em branco num período onde a escola realista espalhava as suas garras e o seu ranço se impregnava em tudo que se referia a fabulação. A literatura do Norte que ele tanto aspirava só viria “vingar” de verdade mais de cinquenta anos depois, com a publicação d’ “A bagaceira”, de José Américo de Almeida, a favor do qual o crítico Agripino Grieco se manifestou como “romancista ao Norte”, abrindo então uma trilha que desaguaria num oceano de grandes livros de escritores setentrionais como Jorge Amado, José Lins do Rego, Rachel de Queiróz, Amando Fontes e outros. O cearense Távora, no entanto, nunca foi e nem será esquecido. Sua obra, por mais imberbe e deslocada que seja, continua como parâmetro para estudiosos de literatura em todo o Brasil.

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ENTREVISTA

ESCRITOR FLORENTINO FAGUNDES Florentino Fagundes, brasileiro nasceu em 7 de fevereiro de 1961. Desde criança inventava histórias, que se perdiam pela falta de registro. Escreveu alguns contos e uma peça de teatro na década de 1980, os quais lhe renderam dois prêmios literários. Ainda nos anos 80 chegou a escrever um romance, que depois destruiu porque considerou ruim. É graduado em Matemática, com especialização em Engenharia da Qualidade, tem mestrado e doutorado em Engenharia Mecânica. É professor da PUCPR desde 1995. Em 2015 publicou o livro de contos “A Primeira Pedra”. Em 2017 publicou o livro de contos “Segredos de Nair”, em 2019 publicou o livro de contos “Profunda Identidade”

“Escrevo em casa, mas carrego sempre papel e caneta para a eventualidade de pipocar uma ideia quando não estou na frente do computador. Acredite, renovo com frequência a folha que levo no bolso.”

Boa Leitura! Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Florentino Fagundes, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que o motivou a gostar de contos? Florentino Fagundes - Lendo Machado de Assis e Mario de Andrade. O que mais o atrai nos contos? Florentino Fagundes - A maneira como a história é contada. O enredo em si num bom conto é algo secundário, quase um pretexto para a evolução da narrativa deliciosa de se ler. Em que momento se sentiu preparado para publicar o seu primeiro livro “A Primeira Pedra”. Florentino Fagundes - Eu tinha um compromisso firmado comigo mesmo de que só me dedicaria a escrever, algo que sempre gostei de fazer,

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quando tivesse concluído o doutorado e meus filhos tivessem crescidos. Foi a partir de então que nasceu A Primeira Pedra. Apresente-nos os livros publicados A primeira Pedra – é um livro de histórias densas, algumas de arrepiar, com finais assustadoramente surpreendentes. Algumas leitoras reclamaram que os contos eram muito fortes, então agora prefiro avisar, quem for muito sensível, fique longe deste livro. Segredos de Nair – nasceu meio por acaso. Eu havia criado uma página pública no Facebook com intuito único de divulgar o livro A Primeira Pedra e então decidi sem nenhum planejamento, publicar alguns textos para atrair compradores para o livro recém lançado. O retorno imediato e espontâneo das pessoas elogiando as

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histórias postadas, me encorajaram a continuar escrevendo textos mais suaves do dia a dia. Depois juntei alguns destes trabalhos, acrescentei outros inéditos e publiquei em forma de livro. O final também é surpreendente, mas não assusta. Profunda Identidade – segue na mesma linha de Segredos de Nair em termos da natureza dos textos. Inclusive, para conquistar um público maior, neste meio tempo, decidi criar um Bloque para atender os leitores que não acessavam redes sociais. Novamente, juntei alguns textos já publicados com outros inéditos. Ou seja, nem tudo está disponível de graça na internet. Para ler a melhor parte, tem que ter o livro. Importante dizer, somente neste terceiro livro tive a preocupação de dar uma unicidade aos textos, e daí surge um efeito altamente surpreendente no final, concatenando toda a obra. O que mais o inspira no momento da escrita? Florentino Fagundes - Não tenho um padrão que me inspire nem poder sobre a própria inspiração que vem de uma hora para outra. As vezes ela chega do nada, outras vezes

surge ao relembrar uma frase ouvida ou algo que presenciei no dia anterior ou quando eu era criança. De verdade, não sei qual será minha próxima história nem quando isto vai acontecer.

vro, bolando uma abordagem nova para associar as histórias, mas é cedo ainda para adiantar qualquer detalhe. Outro projeto que vem se arrastando, é a tradução do Livro A Primeira Pedra para o inglês.

Onde gostas de escrever? Florentino Fagundes - Escrevo em casa, mas carrego sempre papel e caneta para a eventualidade de pipocar uma ideia quando não estou na frente do computador. Acredite, renovo com frequência a folha que levo no bolso.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Florentino Fagundes. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Florentino Fagundes - Comprem e leiam meus livros. Vocês vão gostar com certeza. Em termos de frete, a facilidade maior é para quem vive no Brasil, nos Estados Unidos ou na Europa, mas a editora entrega tudo na sua casa, onde quer que você more.

Onde podemos comprar os seus livros? Florentino Fagundes - A forma mais fácil é diretamente pelo endereço de cada livro https://clubedeautores.com.br/livro/a-primeira-pedra https://clubedeautores.com.br/livro/ segredos-de-nair https://clubedeautores.com.br/livro/ profunda-identidade

Visite meu blogue https://florentinofagundes.com.br/

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Pensas em publicar novos livros? Comente sobre os seus próximos projetos literários. Florentino Fagundes - Sim, na verdade já estou trabalhando num novo li-

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL ESCRITORA REJANE LUCI

ATÉ QUANDO? Brasil, abril de 2010, estado do Rio de Janeiro, cidade de Niterói, Morro do Bumba: Descaso. Detritos. Deslizamento. Destruição. Desmoronamento. Desastre. Desabrigo. Degradação. Desabamento. Drama. Desespero. Desaparecimento. Decepção. Desalento. Desânimo. Desapontamento. Dor! Várias vidas ceifadas. Desamparo! Sensação de abandono. Desgraça! Tragédia anunciada. Brasil, janeiro de 2013, estado do Rio Grande do Sul, cidade de Santa Maria, Boate Kis:

Maldade! Várias vidas ceifadas. Multa? Sensação de abandono. Minerodutos. Tragédia anunciada. Brasil, janeiro de 2019, estado de Minas Gerais, cidade de Brumadinho, Barragem do Feijão:

Represa. Retenção. Relatório. Responsabilidade. Risco. Região. Riquezas. Realidade. Rompimento. Rejeitos. Ribeirinhos. Refeitório. Resgate. Reações. Receio. Rio. Ruptura! Várias vidas ceifadas. Ressarcimento? Sensação de abandono. Revolta. Tragédia anunciada. Até quando?

Festa. Felicidade. Festejo. Fandangueira. Fogos. Festim. Faíscas. Fumaceira. Fogo. Fumaça. Fechados. Faturamento. Feridos. Falha. Fatal. Falecimento.

Desmandos, Favorecimentos, Morosidade e Roubalheira?

Fuga? Várias vidas ceifadas. Fiscalização? Sensação de abandono. Fatalidade? Tragédia anunciada.

“A impunidade é o que rege, comanda, a orquestra das tragédias nacionais”. (Ricardo Eugênio Boechat)

Brasil, novembro de 2015, estado de Minas Gerais, cidade de Mariana, Barragem do Fundão: Mineração. Mineradora. Milhões. Minério. Materiais. Montueira. Metais. Mercúrio. Moradores. Meio ambiente. Mancha. Mortandade. Mortos. Mar. Mácula. Mediocridade.

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AUTORA Rejane Luci Silva da Costa Knoth Professora e escritora Graduada em Letras Vernáculas com Inglês Especialista em Educação Infantil Pós-Graduada em Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa Mestre em Letras e-mail: reluknoth@yahoo.com.br

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ESCRITOR JULIO CARLOS ALVES O ambientalista Julio Carlos Alves, nascido em Arapongas no Paraná, um pé vermelho em São Paulo, empresário, ambientalista, autor do livro LUNA LINA a Menina Que Semeava Ecoa/2015, mora em Valinhos – SP, tem 57 anos, casado, tem uma filha e o netinho Théo. O autor se orgulha em ter um cantinho especial para suas orquídeas, tem como animal de estimação, acreditem, uma galinha garnizé, chamada “Annita”. Boa Leitura!

O impossível é uma mentira inventada para te fazer desistir de seus sonhos.” A frase define perfeitamente a natureza da narrativa do livro “Eles Somos Nós”, a ficcionária história dos três jovens simples se inicia ao perderem tudo o que consideravam vital e importante.

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O impossível é uma mentira inventada para te fazer desistir de seus sonhos Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Júlio Carlos Alves, é um prazer contarmos, mais uma vez, com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que o motivou a escrever “Eles Somos Nós”? Julio Alves - Olá, o prazer é meu. Obrigado novamente Divulga Escritor pelo espaço e aos leitores pelo carinho que venho recebendo, ainda mais, após o livro LUNA LINA a Menina Que Semeava Ecos ser adotado pelo programa “Minha biblioteca” da SME-SP e distribuídos aos alunos de 561 escolas municipais em 2018. O livro Eles Somos Nós nasceu no ano de 2009 quando encontrei um texto escrito na infância que só foi descoberto na mudança para a minha casa nova. Era um pequeno texto sobre Tom, um menino simples de fé inabalável, que inspirou a história. Apresente-nos a obra (sinopse) Julio Alves - “O impossível é uma mentira inventada para te fazer desistir de seus sonhos.” A frase define perfeitamente a natureza da narrativa do livro “Eles Somos Nós”, a ficcionária história dos três jovens simples se inicia ao perderem tudo o que consideravam vital e importante. Tiveram um vislumbre do futuro e por um longo período viveram o caos reservado pelo destino, as inúmeras adversidades enfrentadas os levaram a uma viagem muito além das amarras que os prendiam a tudo que acreditavam, entretanto não perderam a fé e esperanças na difícil jornada que expôs a cada um deles uma nova forma de compreender a realidade.

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Quais os principais objetivos a serem alcançados por meio da leitura do livro? Julio Alves - Meu objetivo principal, além da história de perseverança, amor e fé, foi incluir antigas tradições e costumes de outra cultura, por isso houve boa parte da escrita dedicada às pesquisas. Por que ler “Eles Somos Nós”? Julio Alves - Porque é uma história inspiradora é surpreendente, o homem, o tempo/espaço e o conhecimento transformarão nossas futuras civilizações e, inspirados tecnologicamente, máquinas inseridas no homem tornar-se-ão guardiões do cosmo. Como foi a escolha do Título? Julio Alves - Foi uma escolha realmente difícil, haviam vários títulos interessantes que retratavam a história. Entretanto o título ELES SOMOS NÓS saiu naturalmente em conversa com minha filha, Camila, sobre sua gravides, ela disse: Pai eles somos nós, se referindo ao futuro do bebê. Pronto, me apropriei de suas palavras. Qual o cenário, espaço geográfico escolhido para acompanhar “Eles Somos Nós”? Julio Alves - A história nos leva a vários cenários. Inicialmente em uma cidade mineradora abandonada, um

vilarejo no interior do México. Um farol paradisíaco na ilha do Casco Egresso e, por fim, a bilhões e bilhões de anos no futuro. Quais os principais personagem e seu principal papel no enredo que compõe a trama? Julio Alves - Tom o protagonista, seu irmão Pepito e a amiga Anely. Tom acorda após a Tragédia e descobriu que três anos haviam se passado, neste período ausente recebeu um inesperado presente e buscou compartilhou com seu irmão e amiga, mas outros poderosos, também, reclamaram a sua parte. Onde podemos comprar o seu livro? Julio Alves - Impresso estará disponível, após o lançamento, em Janeiro/2020 direto no site da Editora Ediçoes Hórus, em grandes livrarias de Portugal e no Brasil poderá ser encontrado na livraria Cultura. Dezembro/ 2019 estará disponível em e-Book, na página da Ediçoes Hórus, Amazon e outras. Book trailer: https://youtu.be/_dWhvc0ylqU - Social: https://www.facebook.com/elessomosnos/

clusivamente dirigido ao público infantil. O texto é extraído da vida de uma galinha real e muito especial, a galinha ANNITA, com dois enes está presente nas redes sociais. Ela expõe suas ideias e peripécias do mundo ao redor com as peculiaridades de sua própria ótica. Ainda não existe um título definido e o texto está sendo analisado por editora brasileira para publicação. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Júlio Carlos Alves. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Julio Alves - Novamente Obrigado a toda equipe da Divulga Escritor, este livro está sendo tratado por vocês com muito carinho como foi na divulgação do primeiro. A mensagem que deixo para reflexão: “O impossível é uma mentira inventada para fazê-lo desistir de seus sonhos.” Boa leitura. Forte abraços. Obs: Canal direto com autor, envie seu comentário ou sugestão para júlio.dsn@hotmail.com. _________________ Divulga Escritor: Unindo Você ao Mundo através da Literatura. https://www.facebook.com/ DivulgaEscritor/ www.divulgaescritor.com

Quais os seus principais projetos literários? Julio Alves - Para 2020 existe outro projeto em andamento, este será ex-

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL ESCRITOR EDIMILSON EUFRÁSIO

Serviço Obra “Para toda a vida” Autor: Edimilson Eufrásio Editora Scortecci Poesia - Literatura brasileira E-mail: epaeditora@uol.com.br Tel. (14) 3646-3271 – (14) 99604-3131 (zap)

Poeta e Escritor Edimilson Eufrásio recebe homenagens por todo o Estado de SP - “A Essência dos meus escritos, vai ao encontro do meu EU, a minha verdadeira identidade. A busca constante é incessante, o amor que nos envolve é infinitamente essencial para a evolução da alma”. Edimilson Eufrásio

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poeta e escritor Edimilson Eufrásio, 49 anos, natural de Americana/SP, tem viajado o Brasil e Portugal, na divulgação de seu novo livro: PARA TODA A VIDA. Eufrásio é umas das promessas do mercado literário brasileiro, que vem se destacando no Brasil e Portugal, levando sua poesia em forma de sentimento verdadeiro ou seja, narrando seus textos com uma linguagem que permite transcender ao real e ao imaginário. Esse novo trabalho “PARA TODA A VIDA, trata de poesia, amor, cumplicidade, sentimento e busca. O público alvo é todo aquele boêmio, sonhador, fingidor, que sonha, acredita, se ilude, viaja nas emoções e nas sensações do amor que é para toda a vida. Essa obra visa atender as necessidades do leitor que é sensível e romântico, daqueles que ainda mandam flores.

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O poeta Edimilson Eufrásio é Membro Titular da Academia Jahuense de Letras e Membro Associado à Academia de Letras e Artes de Praia Grande-ALAPG/SP. Para toda a vida, diz o editor Alcimir Antônio do Carmo “está cravada em palavras de eternidade, de amizade entre almas, selada pelo amor e não esse raso e carnal, mas, o suprassumo do termo no significado maior. Quando li a poesia que é homônimo titular da obra, percebi o quão belo é o seu conteúdo porque, como conheço a vida de seu autor e sua interação com o universo, inclusive terreno, entendi a sua amplitude”. Nessa peregrinação pelo interior de São Paulo, além de lançar seu novo livro PARA TODA A VIDA, tem recebido homenagens de diversas cidades, através de Moções de Parabenização, de Aplausos e Congratulações, das Câmaras Municipais. Cidades como Americana/SP, Santa Bárbara do Oeste/SP, Torrinha/SP, Dois Córregos/SP, Mineiros do Tietê/SP, Bauru/SP, Barra Bonita/SP e Santa Maria da Serra/SP. Eufrásio tem feito palestras para jovens, procurando despertar o interesse pela leitura e ajudando na sua formação, transmitindo de forma sensível, conhecimentos sobre a espiritualidade e seus mistérios. Cidades como Torrinha/SP, Jaú e Itapuí/SP receberam o poeta e jornalista para palestras.

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ENTREVISTA

ESCRITORA LORENA ZAGO

A História da Lenda da Cabra D’Água pretende despertar crianças e adultos para a importância da interação entre avós e netos, cultuando os valores da vida e de aprendizagens saudáveis, contempladas de amor e carinho familiar.’

Lorena Zago, pedagoga, FUBR (Fundação Universidade Regional de Blumenau, SC.) Pós- Graduada em Psicomotricidade e em Psicopedagogia, UNIDAVI (Universidade Para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí, SC.). Mestranda em Educação - UPAP (Universidade Politécnica e Artística Del Paraguay – PY). Parapsicóloga pelo Instituto de Parapsicologia e Ciências Mentais de Joinville, SC. Presidente da Academia de Letras do Brasil Santa Catarina de Presidente Getúlio, Membro do Conselho Estadual da Academia de Letras do Brasil Santa Catarina. Membro do Conselho Superior Brasileiro da Academia de Letras do Brasil. Membro Correspondente da ALB/RS Consagrada a Ordem do Mérito de Haia no Grau de Oficial, por sua contribuição como Educadora e Escritora em prol da Cultura da Paz – pela ALB/Suíça. Foi Secretária Municipal de Educação e Cultura no município de Presidente Getúlio, por dez anos. Professora e escritora. Casada. Três filhas e quatro netos. Boa Leitura!

A Lenda da Cabra’Água – despertando a importância da interatividade entre avós e netos Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Margarida Lorena Zago, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que a inspirou a escrever “A Lenda da Cabra D’Água”? Lorena Zago - Gosto de escrever para crianças. Contar-lhes vivências agradáveis do tempo da infância, na expectativa de semear um pouco de esperança no seio familiar. As brincadeiras saudáveis, os momentos de trocas entre avós e netos, entre pais e filhos, tios e sobrinhos, constituem-se em elos indissociáveis nas lembranças e alicerces das compreensões infantis, 62

deixando gravados em suas memórias, momentos de fantasias e magias alegres e criativas! Primo também pela conexão saudável entre professores e alunos, onde a aprendizagem se dá de forma espontânea, prazerosa, buscando na compreensão e na empatia, ferramentas para a apreensão do Saber. Quais os personagens da obra? Lorena Zago - Os personagens principais da Obra A Cabra D’Água são: Vovô Frederico, seus netos e a Cabra D’Água.

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Qual a mensagem que deseja transmitir ao leitor por meio da leitura do livro? Lorena Zago - A História da Lenda da Cabra D’Água pretende despertar crianças e adultos para a importância da interação entre avós e netos, cultuando os valores da vida e de aprendizagens saudáveis, contempladas de amor e carinho familiar. Apresente-nos a obra Lorena Zago - A Lenda da Cabra d’Água dialoga sobre a história de crianças/netos que passam suas férias na casa dos avós, que moram numa cidade do interior chamada Águas Claras, onde se produz vinhos da melhor qualidade. Nesta história, vovô Frederico se dedica com carinho e amor aos netos, contando-lhes através de uma lenda, os valores da vida e de forma lúdica estabelece limites, estimulando o respeito e a confiança. As crianças amam passar as férias na casa de vovô Frederico e vovó Frieda Soares! São férias realmente inesquecíveis!!! Como se sente com o lançamento de mais uma belíssima obra literária que vai ficar para gerações? Lorena Zago - Quando escrevo histórias infantis, relembro momentos maravilhosos de minha infância e as fantasias que criávamos, ao ouvir de nossos avós e pais explanações de forma lúdica, alusivas aos seres da natureza e a suas interações com os humanos. Críamos em tudo o que os adultos nos contavam e respeitávamos suas orientações como se fossem leis para a vida! Eram tempos de ouro! O que a escrita representa para você? Lorena Zago - Gosto de escrever e brincar com as palavras. Externar em prosa ou poesia os conteúdos internos, extravasando as sensações e os sentimentos que permeiam a memória. É uma terapia sensacional. Deixar-me brincar com o imaginário e o fantasioso, incrustado em cada Ser, dá à vida mais leveza e mais beleza!

Além de “A Lenda da Cabra D’Água” quais livros tens publicado? Lorena Zago - Além da Cabra D’Água tenho oito livros publicados: • A Borboleta Encantada no Jardim Secreto • A Canoa de Coqueiro • Tomy e a Princesa do Mar • Um Natal de Esplendor • Um Segredo Muito Sigiloso • O Acampamento • Poemas, Contos & Encantos I • Poemas, Contos & Encantos II em três Idiomas ( Português, Alemão e Espanhol) Onde podemos comprar os seus livros? Lorena Zago - Os meus livros poderão ser adquiridos nas Livrarias Curitiba, Livrarias Catarinense, em Blumenau, Itajaí, Balneário Camboriú e Florianópolis, na Blulivros, em Blumenau, Central Livros, em Rio do Sul. Poderão ser solicitados através de meu Site www.Escritoralorenazago.com.br , WhatsApp 99169-5976 ou no Messenger do Facebook. Quais os principais projetos literários que participas? Lorena Zago - Os projetos com os quais dialogo durante o ano, enquanto presidente da Academia de Letras do Brasil Santa Catarina de Presidente Getúlio e em conjunto com os nossos acadêmicos, são: Leitura na Praça, Formação de Escritores, Literatura nos Bairros (a ser implantado em março de 2020) Projetos Socio-

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culturais e Humanitários( em fase de elaboração e implantação). Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Margarida Lorena Zago. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Lorena Zago - A mensagem que eu gostaria de deixar aos leitores da Lenda da Cabra D’Água: Que as famílias, muito antes de comprarem celulares, computadores e outros recursos tecnológicos aos seus filhos, de forma precoce, como se constata na maioria dos lares, bebês assistindo filminhos em celulares, para não incomodarem os pais em suas múltiplas tarefas, contem histórias, interajam estendendo amor e carinho, olhando nos olhos, trocando abraços e sorrisos, ainda que seja alguns minutos por dia. Dialoguem com os filhos, netos e sobrinhos, enaltecendo os valores da vida, compartilhando confiança, responsabilidade, carinho, ternura, respeito, responsabilidade e muito, muito amor. O Universo será mais humano e os Seres mais felizes! Margarida Lorena Zago

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL ESCRITORA NIRAILDES FERREIRA

Dando um

U

ltimamente tenho sentido com uma certa frequencia a sensação de que se tivesse um pouco mais de tempo, certamente faria melhor um monte de coisas. Sou pedagoga e lembro-me que em outros tempos, quando tínhamos mais tempo para avaliar de forma mais racional e mais emocional as nossas ações e os nossos projetos, era exatamente aí, neste momento, que surgiam novas ideias, roupagens mais arrojadas para projetos aparentemente simples, que terminavam por assim dizer, ganhando vida própria e se perpetuando pela escola e pela vida afora de nossas crianças. Recordo-me que lá pelos idos de 2002 , coordenava o Ensino Fundamental de uma determinada escola e desenvolvemos com uma

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turma o Projeto «É proibido fumar». Eram crianças do grupo 6, em tempos passados, Alfabetização, em tempo presente, 1º Ano. Ao longo do desenvolvimento do projeto, as crianças foram dando a carinha delas e nós, enquanto mediadores, administrando com maestria as curiosidades, as necessidades, a construção do conhecimento, a mudança de comportamento. Certa manhã, dessas que se iniciam sem muitos comprometimentos, tivemos o privilégio de presenciar o porteiro da escola, que inadvertidamente foi encontrado pelos corredores, exalando um forte cheiro de cigarro, ser irremediavelmente repreendido por uma criança de seis anos ao dizer-lhe entre carinhosa e perplexa a seguinte frase: « Vô, é proibido fumar!»

Como era proveitoso e positivo nos deleitarmos sobre acontecimentos dessa natureza! Eles passavam a ser âncoras do nosso fazer pedagógico, era a certeza de estávamos fazendo a coisa certa. Não que hoje não acertemos ou estejamos fazendo as coisas de forma incorreta, não é esse o aspecto a que me refiro. Falo do deleite, do saborear as conquistas de forma pausada como se fosse possível transformar aqueles momentos em únicos e indeléveis.

Necessitamos do tempo! Esta é uma realidade da qual não podemos fugir, todos sabemos disso! Minha angústia é saber: _ O que houve com o tempo,que por muitas

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m tempo vezes nos abandona como um barco á deriva, deixando de ser nosso companheiro de jornada e tornando-se um adversário frio, distante e calculista? É comum percebermos que o tempo, nosso grande companheiro e aliado na hora de planejar, executar, avaliar, redimensionar, retomar, rever, tornou-se um visitante fortuito e por que não dizer, um inimigo algoz? Para que possamos perceber a essência das coisa e pessoas, compreender ações e reações, refletir sobre o que fomos, somos e pretendemos ser, resignificar fatos em nossa caminhada, necessário se faz que o tempo, o ilustríssimo e famoso tempo, esteja conosco e não contra nós. Será essa «urgência» do tempo um dos motivos pelos quais as pessoas

não conseguem firmar amizades verdadeiras, relações intensas e relacionamentos profundos? Seria a falta de tempo para darmos conta das coisas com as quais nos envolvemos? Ou será que temos nos envolvido com tantas coisas ao mesmo tempo que não nos damos conta de que não há tempo para tantas coisas ao mesmo tempo? Temos feito muitas coisas de forma tão fulgaz, que muitas vezes buscamos o prazer daquilo que estamos realizando e não há tempo para descobrí-lo! É aí, neste exato momento, que nasce o dissabor, a esterilidade, o incômodo desprazer de não enxergar a importância do que fazemos, e o que é pior : não nos enxergarmos importantes naquilo que estamos fazendo. Mas... o que fazer? Não sei.

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Desconheço a fórmula, a porção mágica ou o antídoto quer fará com que o tempo volte no tempo e volte a ser um tempo onde buscávamos realizar coisas até para “passar o tempo”. Acredito que ter consciência desta realidade nos ajuda a qualificarmos nosso tempo, buscando não fazer tantas coisas ao mesmo tempo e sim, dar prioridade á realização de coisas que dispomos de tempo para fazê-las com empenho, dedicação e afeto prazeroso.

Difícil? Concordo, mas não impossível. É preciso que alcancemos um tempo onde ao olharmos nossa caminhada e avaliarmos o que construímos ao longo do tempo, tenhamos a grata certeza e cheguemos à confortável conclusão de que tudo foi válido, pois a vida não pode ser “um tempo perdido” mas sim, o troféu conquistado pelo tempo vivido.

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ENTREVISTA

ESCRITORA MARISA ENDRUVEIT Pedagoga pela UNASP. Graduada em Editoração Eletrônica Avançada pelo SENAC-SP. Designer Gráfico, Web Master e Programadora de Jogos Educacionais. Implanta soluções tecnológicas para processos educacionais de Instituições Corporativas, Governamentais e de Ensino. Atua, paralelamente, como Psicanalista Clínica. Boa Leitura!

Duplo Espelho pode revelar algo ainda não pensado a respeito dos relacionamentos e sobre a jornada de autoconhecimento e aceitação. Pode despertar no leitor a iniciativa de agir proativamente se estiver num relacionamento tóxico que rouba as energias e a vontade de viver. Pode trazer insights para questões ligadas à morte, ao suicídio e aos relacionamentos abusivos. Pode revigorar a esperança de um recomeço apesar da idade e da jornada. Com a leitura, você poderá perceber o que acontece dentro de você e decidir sobre o que for significativo.”

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A outra parte de meu ser em ‘Duplo espelho’ Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Marisa Endruveit, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que a motivou a se dedicar a arte de escrever? Marisa Endruveit - O gosto pela escrita surgiu desde muito cedo em minha vida. O livro era o “lugar” onde podia assumir o que se passava comigo sem preocupações com o politicamente correto. No discurso oral, me faltariam as falas. É através da escrita que meus pensamentos fluem sem a imposição de regras e julgamentos. Ela não diz como deveria pensar ou sentir, como me portar, o que vestir, como me apresentar e quanto tempo permanecer falando, barreiras ao meu ver, existentes na exposição oral. Como uma obra de arte, o livro toca nosso ser, de muitas maneiras responde nossas perguntas e levanta uma série de novos questionamentos. O leitor vai para onde deseja ir, tira suas próprias conclusões de acordo com suas interpretações.

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O que a inspirou a escrever “Duplo Espelho”? Marisa Endruveit - Senti vontade de escrever sobre aspectos que permeiam as relações familiares. Trazer para a reflexão condições muitas vezes veladas, dificuldades na comunicação, abusos, mentiras, desejos ambíguos capazes de gerar culpa, causar rupturas, produzir doenças físicas e infelicidade. Escrever sobre o que acontece quando acordamos do “conto de fadas”, quando sofremos sozinhos e aceitamos o que não deveríamos. Seria uma forma de instigar o leitor a pensar sobre sua trajetória, seus sentimentos, suas escolhas. Revelar o trajeto do autoconhecimento e da autoaceitação abrindo uma possibilidade de

construção de relacionamentos mais felizes e duradouros. Quais critérios foram utilizados para escolha do título? Marisa Endruveit - Duplo Espelho além de ser um título que instiga a curiosidade, reflete os pensamentos de sua personagem protagonista Jennifer. O duplo revela a dualidade da nossa existência, o nosso querer e não querer, a realidade percebida e a subjetividade, a diferença do olhar, trazendo a brincadeira dos aspectos “duplos” da vida, do existir e da possibilidade do não existir, da vida e da morte sempre presentes, da completude e da falta. O próprio espelho traz o duplo, a miragem de uma imagem, representan-

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do um espaço de reflexos, que nem sempre coincidem com o que vejo, sendo a imagem resultante de uma verdade da qual não se pode fugir. Qual foi a sua inspiração para a elaboração da capa? Marisa Endruveit - A capa retrata a janela da alma. Jennifer olhando para os diversos personagens que fizeram e fazem parte da sua vida. O quanto alguns são mais nítidos, apresentando-se mais coloridos, vívidos, denotando uma presença mais evidente em sua vida. Alguns em pares, outros sozinhos; retratando a influência das relações, o convívio, ou aspectos únicos e peculiares de uma pessoa. Foi escolhida uma foto de mulher com características mistas, trazendo

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as diferenças de raças, como um simbolismo do quanto “os outros” participam na formação do nosso conceito do “eu”. Ela tem um olhar reflexivo e triste, expondo o anseio por respostas e o peso das consequências de suas escolhas não apenas em sua própria vida como na vida dos seus. Trata-se de uma autobiografia ou autoajuda? Marisa Endruveit - Não se trata de uma autobiografia. No livro eu retrato a história de vida da personagem Jennifer, apresentando uma grande variedade de experiências, que a levam à muitas dúvidas, perguntas e reflexões, numa coletânea de informações sobre a vivência e dramas de muitas pessoas, não especificamente as minhas. Duplo Espelho não é um livro de autoajuda. Não tem a pretensão de apresentar fórmulas miraculosas para reduzir a complexidade dos relacionamentos interpessoais, sejam eles motivados nos convívios familiares, sociais ou profissionais. Ele mostra uma personagem que, mesmo em busca do entendimento para seus vários conflitos emocionais, procura novos rumos e, com eles, redirecionar sua própria vida. Por que ler “Duplo Espelho”? Marisa Endruveit - Porque Duplo Espelho pode revelar algo ainda não pensado a respeito dos relacionamentos e sobre a jornada de autoconhecimento e aceitação. Pode despertar no leitor a iniciativa de agir proativamente se estiver num relacionamento tóxico que rouba as energias e a vontade de viver. Pode trazer insights para questões ligadas à morte, ao sui-

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cídio e aos relacionamentos abusivos. Pode revigorar a esperança de um recomeço apesar da idade e da jornada. Com a leitura, você poderá perceber o que acontece dentro de você e decidir sobre o que for significativo. Apresente-nos a obra. Marisa Endruveit - Durante o processo de divórcio, Jennifer avalia suas escolhas ao longo do tempo. Identifica padrões repetidos da sua família de origem, revê suas crenças e enfrenta suas dores. Repensa seu próprio comportamento e o que sente falta na família. Percebe que o comportamento do sistema familiar é interligado, que pode mesclar suicídio, abuso do uso das drogas e conflitos. Legitima seu discurso na presença do outro e dos pais. Finalmente, encontra seu caminho ao se apropriar da própria vida, deixando de ser vítima e passando a ser autora. Qual a sensação ao ver uma ideia sua materializada num livro? Marisa Endruveit - É algo indescritível. Uma experiência transformadora de dar forma e sentido a um enredo que vai se construindo aos poucos. Já é emocionante pegar um livro nas mãos e essa sensação se torna ainda mais especial com Duplo Espelho, pois foi escrito por mim.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Marisa Endruveit. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Marisa Endruveit - Desejo que esse livro possa ajudá-lo a desfrutar de relacionamentos mais significativos, reconhecer e aceitar seu destino como parte de uma multiplicidade de escolhas. Aceitando quem é, sua sombra, suas limitações, você estará mais preparado para “desidealizar” o outro e viver efetivamente com ele, não mais se esforçando para mudar quem o outro é, para preencher expectativas, carências, inseguranças e anseios. Que você leitor se lembre sempre, que nessa caminhada o que importa é a imagem que faz de si mesmo. Nem sempre o que falta, realmente falta. E mesmo o que parece faltar, pode ser apenas no olhar. Boa leitura!!

Onde podemos comprar o seu livro? Marisa Endruveit - No site http:// margraphics.com.br/duploespelho/ os interessados podem encontrar os links para a compra do livro no Chiado Books, Livraria Cultura do Conjunto Nacional, Editora Saraiva, Livraria Martins Fontes, Livrarias Curitiba e Livraria da Travessa.

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL ESCRITORA MARTA MARIA NIEMEYER

E

GOTAS DE VIDA

ra uma vez uma menina que se chamava Gotas de Vida. Muito meiga, doce, alegre, inteligente e gostava muito de contemplar a natureza. Viveu entre curvas, vales e montanhas de uma fazenda muito distante daqui.

Ao despertar do dia caminhava serenamente pelos vales até a nascente. Ela dizia que aquele lugar era sua mina. Encantada, passava horas admirando o borbulhar das águas, que brotavam da nascente sob o solo e as rochas, jorrando águas cristalinas. Depois enchia uma garrafinha com água e sabão e, agitava bastante até formar uma espuma densa. Pegava um arco de metal e, saía saltitando feliz da vida pelos campos, jogando contra o vento muitas, muitas e muitas bolinhas de sabão! Cresceu naquele mundo de paz infinita... Pelas circunstâncias da vida um dia mudou-se daquele oásis... Longos anos se passaram e Gotas de Vida retornou à fazenda para visitar seu umbigo, como semente, seus pais haviam plantado naquele chão e, tornou-se a árvore da saudade. Também desejava contemplar sua mina de águas cristalinas.

Querem saber o que ela encontrou? No lugar da mina havia uma lama escura, muito lixo, sacos plásticos, garrafas pet, canudinhos de plásticos e outras coisas mais. As bolinhas de sabão ficaram nas páginas de sua história, assim como as águas cristalinas. Gotas de Vida ficou muito triste e decidiu defender a natureza... Hoje, ela viaja pelo mundo inteiro fotografando as belezas com as quais se depara e, denuncia o desmatamento e a poluição que encontra nas águas dos rios, dos lagos e mares do nosso planeta...

Gotas de vida nos fez um convite: vamos plantar árvores?

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ENTREVISTA

ESCRITOR NATO MATOS Biografia: Raymundo Nonato da Paixão de Matos, pseudônimo Nato Matos, nasceu em Salvador– Bahia – Brasil no dia 10 de agosto de 1961. É Graduado em Educação Artística / UCSAL, Teatro / UFBA e tem especialização em Metodologia do Ensino da Arte / IBPEX. É professor, ator, artista plástico, escritor. Publicações: Lírio, é o meu nome; Adeus Adolescência; A Flor Silenciosa; O Mistério das Flores Amarelas; A Transformação da Bruxa. Também tem textos publicados em Antologia Literárias.

Boa Leitura!

“A leitura nos estimula a refletir sobre o mundo onde estamos vivendo. Somos múltiplos, respiramos o mesmo ar. Necessitamos da união, compreensão, respeito, e do amor das pessoas que vivem aqui no planeta Terra. O texto aborda essa necessidade de união”.

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Fortalecendo a união, o respeito apresentamos ‘Lírio é o meu nome’ Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Nato Matos, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que o motivou a ter gosto pela arte de escrever? Nato Matos - Quando aprendi a ler, entrei em contato com as revistas em quadrinhos através de minha irmã mais velha em idade, futuramente aos dez anos de idade ganhei um livro de presente de minha madrinha de batismo, intitulado: O Príncipe Invencível da autora Virginia Lefevre. Meu irmão mais velho, Loy Matos, é artista plástico, olhando-o desenhar, iniciei nas artes plásticas. Com o envolvimento com os desenhos e a leitura das revistas em quadrinhos me veio a ideia de criar personagens e histórias, em seguida vieram os poemas. O que o inspirou a escrever o seu livro novela adulto “Lírio, é o meu nome”? Nato Matos - As badalações noturnas que eu vivi nas décadas de oitenta e final dos anos noventa. Os bares frequentados, o entra e sai das pessoas, as bebedeiras, a movimentação dos garotos e garotas de programas que algumas vezes sentavam na minha mesa, apenas para beber, e conversar sobre o universo noturno dos grandes centros urbanos. Havia diversidade naqueles momentos, onde, pessoas se escondiam debaixo do manto noturno. Eu sempre observava tudo, enquanto sorvia um copo de bebida alcoólica.

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Como foi a escolha do título? Nato Matos - Flores, lembrei das flores. Escolhi Lírio, por achá-los lindos. Apresente-nos a obra Nato Matos - O livro nos conta a história de um rapaz que, diante do falecimento da mãe, perde as rédeas da situação em que se encontra. Constantemente atordoado por ter sido abandonado por seu pai logo após o nascimento, o personagem central ingressa no mundo da prostituição com o propósito de sobrevivência, porém, cai no abismo da desilusão ao perceber que a sociedade da época o rejeita, cujos ditos valores morais são ressaltados com vigor, e que a vida de um “garoto de programa” requer excessiva astúcia, algo que ele obtém por meio dos companheiros de profissão.

Quais os principais objetivos a serem alcançados por meio da leitura desta obra literária? Nato Matos - Conhecimento, percepção, admitir que vivemos realmente em sociedade. A leitura nos estimula a refletir sobre o mundo onde estamos vivendo. Somos múltiplos, respiramos o mesmo ar. Necessitamos da união, compreensão, respeito, e do amor das pessoas que vivem aqui no planeta Terra. O texto aborda essa necessidade de união. O que mais chamou a sua atenção enquanto escrevia o enredo que compõe a trama? Nato Matos - Infelizmente a violência que persiste em conviver conosco lado a lado, às vezes, apresentada nos preconceitos, ou nas ações humanas cotidianas.

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Além de “Lírio é o meu nome”, você tem outra novela adulta que é “A flor silenciosa”. Apresente-nos esta outra obra literária. Nato Matos - A Flor Silenciosa narra a história de Zarina. Moradora e funcionária que atuava na administração de um bordel, aos sessenta anos de idade, decidiu ir em busca do irmão que desapareceu na década de sessenta vítima do Regime Militar. Nessa busca, ela conhece a misteriosa Hera e o introspectivo Araguaci, juntos, conhecerão a história de uma flor que amedronta uma pacata cidade, e que pode ser a resposta desse desaparecimento. Você tem outros livros. Apresente-nos, os livros publicados. Nato Matos - Livros publicados: Adeus adolescência, novela infanto71


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Além de escritor, você é ator. Comente um pouco sobre esta experiência em ser ator/escritor. Nato Matos - As coisas estão interligadas. O primeiro livro que publiquei foi um texto dramático infantil, A Transformação da Bruxa, portanto, percebe-se já, a minha relação com o Teatro, ou seja, ator / escritor. Minha história tem sempre um caminho performático, ou teatral, seja na narração, ou na construção dos personagens. No primeiro contato que tive com o teatro, através do primeiro curso, me veio logo o desejo de escrever, não só textos dramáticos. As novelas foram surgindo à medida que eu, na função de ator, avançava na construção dos meus personagens. Atuei mais vezes no Teatro de Rua, algo que sempre apreciei. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Nato Matos. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Nato Matos - Leiam, leiam e leiam! Através da leitura adquire-se conhecimento, discernimento para obter uma comunicação clara e dinâmica. Leiam tudo! Assim surgirão opções para escolher sobre o tipo de leitura que vai ser adotada para desfrutar e acompanhar a vida aqui na Terra. A diversidade vai abrir caminhos, possibilitando um melhor convívio em sociedade. Leiam! Sempre. Contato: raymundononator@gmail. com

juvenil; O Mistério das flores amarelas, novela infantojuvenil; A Flor Silenciosa, novela adulto; e A Transformação da Bruxa, livro texto para teatro infantil. Além de ter participado de Antologias Literárias com textos em verso e em prosa.

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Onde podemos comprar os seus livros? Nato Matos - https://editoracrv.com. br, https://www.saraiva.com.br e https://www.amazon.com.br

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM JACKMICHEL A ESCRITORA 2 EM 1

Lobistratusdilapirulobis, o fantástico livro de contos de JackMichel publicado pela Illuminare

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editora Illuminare que atua no Brasil e na Argentina publicou o fantástico livro de contos de JackMichel em 2019. A escritora 2 em 1 dedicou esta obra a Alessandro Pavolini, autor do inolvidável Scomparsa D’Angela. O livro traz 18 contos ambientados em época psicodélica e entre todos destacam-se Mansão-Montanha Magicus PippieHippieDippie, El Gluck Sheik Chic, Pare de Dormir {Melancia-Park-Leopardo-Pink}, Secreto Diamante 27 O Suco Das Papoulas Liquefeitas, Heil, Flower!

RELEASE Lobistratusdilapirulobis Diferente das obras que a precederam, Lobistratusdilapirulobis mostra-se completamente contrária aos conceitos formais e rígidos da literatura clássica e aos conceitos do gênero narrativo. Para o orbe das belas-letras é possível um ror de textos atingir um alto nível de excelência apenas com o estímulo do estro poético, sendo necessário analisar os aspectos comportamentais e interdisciplina-

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res envolvidos. Como dito alhures, a escrita nada mais é do que a forma que um autor interage com o ambiente do qual faz parte e é justamente disso que a arte ficcional trata. Portanto podemos considerar que os 18 contos que compõem este livro nos trouxe uma nova concepção e um novo enfoque acerca das teorias interpretativas, ampliando ainda mais os espaços da mente de pessoas. Contos como Harry Chá Derramado – Girafa De 25/Navio-Taxi Girando, Arnold Lane & Lane Arnold, Peppertone Rei Rato De Papel Plastificado, Em Naphupur auxiliam ainda no endosso das posições normativas e prescritivas dos critérios estéticos, inserindo a expressão das técnicas do talento e apresentando a influência do fator humano e de seu comportamento em relação à imaginação. Vale ressaltar ainda que o surgimento das ideias e conclusões provenientes da psicologia organizacional e dos estudos comportamentais de Dr. Parabéns Aniversário, Orelhas De Borboleta + Asas De Maçã e Cápsula 313: Bizet Com Chocolate são de extrema importância para que a autora passe a ser interpretada como um ser motivacional, psíquico e dotado de necessidades, ou seja, passivo de aprender, desenvolver e transformar suas atitudes. Bem haja!

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INFORMAÇÕES DO LIVRO

Onde comprar

https://www.websiteoficialjackmichelaescritora2em1.com/contato

Biografia

JackMichel é o primeiro grupo literário da literatura mundial, composto por duas escritoras: Jaqueline e Micheline Ramos. São irmãs e nasceram em Belém – PA (Brasil). O tema de sua obra é variado visto que têm livros escritos nos gêneros ficção, poesia, romance, fábula e conto de fadas. Publicações: Arco-Jesus-Íris (Chiado Editora, 2015), LSD Lua (Drago Editorial, 2016), 1 Anjo MacDermot (Drago Editorial, 2016), Sorvete de Pizza Mentolado x Torpedo Tomate (Drago Editorial, 2016), Ovo (Drago Editorial, 2016), Papati-

​Quantidade de Páginas: 99 Gênero: Conto Editora: Illuminare Nº de Edição: 1ª Ano de Publicação: 2019 ISBN: 978-85-85005-46-7 Idioma: Português

parapapá (Editora Illuminare, 2017), Sixties (Helvetia Edições, 2017), Tim, O Menino do Mundo de Lata (Helvetia Edições, 2017), Anotações Da Lagarta Papinha (Editora Leia Livros, 2018), O Príncipe Milho (Editora Leia Livros, 2018), Lobistratusdilapirulobis (Editora Illuminare, 2019) e Fabulário JackMichel (Editora Leia Livros, 2019). É associada em ACIMA (Associazione Culturale Internazionale Mandala), LITERARTE (Associação Internacional de Escritores e Artis-

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tas), AMCL (Academia Mundial de Cultura e Literatura), UBE (União Brasileira de Escritores) e Movimiento Poetas del Mundo. Seus contos e poemas constam em antologias internacionais bilíngues. Também foi destaque em diversos jornais e revistas on-line de literatura, artes e cultura. Participou de salões literários na Europa e no Brasil. Conquistou o Prêmio Talentos Helvéticos-Brasileiros IV, o 3º lugar no Concurso Cultive de Literatura “Prix ALALS de Littérature” e no I concurso literário da Casa Brasil Liechtenstein e o 1° lugar no II Festival de Poesia de Lisboa. Seu slogan é “A Escritora 2 Em 1. Website Oficial da JackMichel A Escritora 2 Em 1 https://www.websiteoficialjackmiche laescritora2em1.com/

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ENTREVISTA

ESCRITOR NATO MATOS Nato Matos, nasceu em Salvador– Bahia, no dia 10 de agosto de 1961. Professor, ator, artista plástico e escritor. É Graduado em Educação Artística / UCSAL, Teatro / UFBA e tem especialização em Metodologia do Ensino da Arte / IBPEX. Publicações: Editora Chiado: A Flor Silenciosa / Editora Giostri: O Mistério das Flores Amarelas / Editora Autores Associados: A Transformação da Bruxa. Tem textos publicados em outras editoras. Obteve o primeiro lugar na categoria Conto Nacional na Editora Abrace – Montevidéu – URY, no ano de 2010. Boa Leitura!

Minha irmã faleceu em 2009 de acidente de carro, algo inesperado para a minha família, coloquei na história a fatalidade, embora tenha sido em situações diferentes, em relação à personagem Antônia.”

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Escritor Nato Matos apresenta 'Adeus Adolescência' Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Nato Matos, é um prazer contarmos, com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que o motivou a ter gosto pela arte de escrever? Nato Matos - Quando aprendi a ler, entrei em contato com as revistas em quadrinhos através de minha irmã mais velha em idade, futuramente aos dez anos de idade ganhei um livro de presente de minha madrinha de batismo intitulado O Príncipe Invencível da autora Virginia Lefevre. Meu irmão mais velho é artista plástico, olhando-o desenhar, inicie nas artes plásticas, então, me veio a ideia de criar personagens e histórias, baseado nas revistas em quadrinhos, em seguida vieram os poemas.

O que a escrita representa para você? Nato Matos - Complementação, sequência das Artes que venho desenvolvendo desde os primeiros passos na minha infância e que me impulsionaram a definir a minha profissão. Através da escrita também expresso o que vejo, sinto, imagino, crio, invento, mesmo sabendo que tudo está relacionado ao Cosmos. Como surgiu inspiração para o seu livro infantojuvenil “Adeus Adolescência”? Nato Matos - O texto é um misto de ficção e realidade, determinadas cenas expostas através de Francisco Narciso, personagem central, estão relacionadas com situações que passei na minha adolescência, obviamente, essas foram as indicações para acrescentar na história os devaneios.

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Apresente-nos a obra? Nato Matos - Francisco Narciso, ao se observar no espelho da razão, em acurados momentos solitários, assusta-se com o mundo que está à sua frente, tendo por aliado, a extremada timidez. A situação se torna embaraçosa no ambiente escolar e na nova rua onde vai residir com a sua família. Alvo de comentários provocantes sobre a sua sexualidade, vê-se em um emaranhado de angustias e tristezas, algo perturbador para sua compreensão. Ao perceber-se caminhando para o abismo da desilusão, beirando o suicídio, Francisco procura o apoio de Deus, família e dos poucos amigos que adquirira no ambiente escolar. Qual o momento, enquanto escrevia o livro, que mais o marcou? Nato Matos - A cena do acidente de automóvel que ocorre com a irmã do personagem central Francisco Narciso, no dia do casamento dela. Minha irmã faleceu em 2009 de acidente de carro, algo inesperado para a minha família, coloquei na história a fatalidade, embora tenha sido em situações diferentes, em relação à personagem Antônia. Outra cena marcante é a das “Diretas Já”, movimento que ocorreu aqui na cidade de Salvador – Bahia – Brasil, e eu estive lá.

Qual o cenário, espaço geográfico escolhido para a obra? Nato Matos - A zona urbana e a zona rural no final da história. Tudo ocorre no planeta Terra, caminhando entre o passado e o presente. Quais os principais desafios para escrita desta obra literária? Nato Matos - Expor com clareza as cenas que aconteceram comigo, estabelecendo uma relação com a ficção. O que mais o encanta em “Adeus Adolescência”? Nato Matos - Ter a oportunidade de contar situações que ocorreram comigo na fase da adolescência, e ter consciência que superei o bullying vivido no passado. Onde podemos comprar o seu livro? Nato Matos - O e-book pode ser adquirido por meio da Amazon. Amazon Também na livraria Saraiva e na Google Play Observação: só existe o e-book, encontrado nos endereços citados acima. Quais os seus principais objetivos como escritor? Nato Matos - Continuar escrevendo

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algo que envolva o leitor(a): contos, poesias, novelas, enfim, tudo que remeta alguém para uma lembrança edificante, que contribua para elevar a alma, possibilitando uma caminhada mais prazerosa, alerta em relação aos ditames da vida, contribuindo para o enriquecimento cultural, e na posição de escritor aprender mais e mais com o ato de escrever. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Nato Matos. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Nato Matos - Leiam, leiam e leiam! Através da leitura adquire-se conhecimento, discernimento para obter uma comunicação clara e dinâmica. Leiam tudo! Assim surgirão opções para opinar sobre o tipo de leitura que se vai adotar para a vida aqui na Terra. A diversidade vai abrir caminhos, possibilitando um melhor convívio em sociedade. Leiam! Sempre.

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM O ESCRITOR TITO LARAYA

O MEU A CHAVE DE PANDORA Quando se quer contar uma estória, exige-se a vontade de querer dividir um segredo com alguém. Tem que se tem ter a disposição de se mostrar-se para alguém ou para todos. Há de se pensar que o escritor escreve por que pensa que ao fazer isto, está sendo útil, para si e para outros. Exige uma disposição de despir-se, e ao fazer isto, mostrar-se como acredita que se é. O sexo de quem lê sempre é suposto, nunca é certo, daí vêm às surpresas. O meu escrever não é diferente disto, com um acréscimo, como desde adolescência faço psicoterapia, hoje continuo a fazer, nas páginas de um caderno, que depois se transforma em livro e também meu filho. São verdadeiras as minhas palavras, no máximo que me permito serem. A minha maneira de me encontrar era através do outro, pessoal ou impessoal, o caderno sou eu impessoal, que depois mostro em livros para alguém! Não faço, quando escrevo, procurar vender, mas sim construir, como se fosse um pregador do bem, o que muitas vezes não agrada, pois o mal é mais charmoso. Crucificaram Jesus, obrigaram Sócrates beber cicuta, e se vai embora, com pessoas que construíram o bem. Agora, já o mal..., me perguntam o que é o mal? Pois você não vende, não julga... Então, do lado desta maneira de pensar, ou sob este raciocínio, apresento um texto, ele não é conclusivo, e não é também único e linear. Na verdade, é texto que se intercala entre si, que levam o leitor ao pensamento, e fruto deste, ele chegar a sua verdade que

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aí é conclusiva, e nessa, é plural, como na psicanálise, e também é transitória. Talvez, não sei bem até que ponto, por ler muitos clássicos na adolescência, eles me influenciaram de tal forma no meu escrever, que resolvi de, pois de adulto recontá-los, utilizando até os mesmos títulos, mas as estórias eram outras. Para levar o meu leitor a reflexão, criei um estilo único, o da prosa impressionista, nesta forma mistura: prosa, poesia, contos de fada, crônicas, tudo em fim. Além de levar a reflexão, não leva ao enfadonho texto de lógica linear. Corre-se o risco da dificuldade de compreensão, como o escrever é o tratar de si consigo mesmo, corre-se o risco da confusão. Eu, por exemplo, estou tratando de mim, escrevo sobre o meu escrever, pois parece confuso, outro que como sou tímido, é o risco que corro sempre. Em suma, no meu escrever troquei o ponto final imaginário pelo de exclamação e o de interrogação. O de exclamação ao ler e o de interrogação ao interpretar meus textos. A minha pontuação é imaginária, e o escrever de como ela o é, é um explicativo do meu ser, também! Portanto, a lógica que pontua meus textos é dialética, pois são fragmentos em textos de lógica formal, que se interagem num livro de lógica dialética, ou seja, enquanto nos fragmentos trabalha-se com tese, e o desenvolvimento de premissas. No texto maior essas teses sempre vão achar uma antítese, que se transformará em síntese, que será a tese do texto futuro, assim é o meu escrever, assim é o meu escrever, e como o escrever é o retrato de si: assim sou eu!

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ESCREVER COMO SOU EU? Alegre, pensativo, muito sensível e preocupado com a vida! Meus primeiros livros estavam à procura da verdade verdadeira, como Deus é a verdade suprema, eu vivia procurando a forma do criador. Nesta época cuidava da minha mãe no final da vida, e sabia que o Ser Supremo sempre iria me ajudar. Então procurava a felicidade em Deus, porque sabia que a felicidade, um dia não ia haver mais. Foi justamente o que aconteceu, depois de longo sofrimento, ela faleceu, e foi graças a minha procura da felicidade no infinito que me permite ter força para escrever estas linhas. A minha mãe era um ser humano como outro qualquer, coisa que eu não podia ver, mas foi da minha meditação, do meu pensar, em volta do ser maior, que pude suportar a dor da perda do ser menor, a minha mãe. Eu esperava desde o começo em ser um pregador, mas não o podia ser, pois nem padre ou pastor eu era, fui, e sou! Li e estudei, e hoje percebo que não preciso fiéis, mas pesco almas no caminho da felicidade. Então o que escrevo é religião? Não, não é!

Eu utilizo o que sei de filosofia e psicologia, e destes conhecimentos monto meus textos. Quando descobri que minha mãe era um ser humano como outro qualquer, com uma diferença, de caráter bom, e o laço afetivo comigo, doeu muito. Hoje me sinto mais aliviado, pois imagino saber o caminho, e encontrei o conhecimento que nos traz a paz! E escolhi este tema para escrever. Escrever sobre isto, no começo, me trazia medo, agora as palavras fluem! Assim sou eu! Sem frases feitas, sem pensamentos montados de outros textos, pondo suor e sangue no meu escrever. Não espero agradar, apenas me acalmar. Quando falo em felicidade, falo em paz também, e o encontro do ser humano com Deus. Quando falo em felicidade, não falo em alegria, pois enquanto uma é transitória, a outra é eterna. Esta felicidade que falo tanto é eterna, e chamamos de Deus. E onde encontramos a divindade? Dentro de si mesmo, se auto-conhecendo temos a maior aceitação de si, onde se pode ser útil para alcançá-la. Esta é a razão da utilização de no meu escrever, utilizar técnicas de psicanálise, convidando cada um a uma terapia na leitura do que faço, e não só um deleite. Esse sou eu, e essa é a minha forma de pregar!

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ENTREVISTA

ESCRITOR RENE FERNANDES

O despertar dos sentidos para uma existência ulterior; o alcance de uma zona limiar entre o belo e o grotesco, o real e o ficcional, a poesia e a prosa; a fruição de uma obra única em sua proposta.”

Renê Wellington Pereira Fernandes é natural de Avaré, interior do Estado de São Paulo. Não só nasceu como cresceu e viveu sempre ou no interior de São Paulo ou no interior do Paraná. Formou-se em Letras/português-alemão e cursou mestrado em Teoria e Crítica Literária. Escrever para ele é uma paixão no sentido amplo da etimologia da palavra (pathos). Ele já traduziu quatro títulos da literatura infanto-juvenil alemã para o português, a saber: Kindertheater rund um die Welt ( “A volta ao mundo ao redor do teatro infantil”), de Bernhard Lins; Alle wollen was von Murmelbär (“Todos querem alguma coisa do urso Murmúrio), de Gina RuckPauquèt; Bist du krank, Rolli-Tom? (“Você está doente, Tom?), de Matthias Sodtke; Die Konferenz der Tietê (“A conferência dos animai), de Erich Kästner e revisou outras tantas não só do alemão , mas também do inglês para o português. Recentemente, Renê ganhou o Prêmio Literário Livraria Asabeça & Bignardi- Papéis 2019 e terá uma de suas poesias publicada na antologia Asabeça - a cabeça que voa, cujo lançamento dar-se-á em dezembro deste ano corrente. Antes disso, em 2006 e 2009, ele já havia chegado duas vezes à fase regional do Mapa Cultural Paulista. Boa Leitura!

Com proposta inovadora apresentamos ‘Gestalt - metonímias de um amor póstumo’ Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Rene Fernandes, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que o motivou a se dedicar a arte da escrita literária? Rene Fernandes - A satisfação é minha. Agradeço pela oportunidade. Vários fatores me levaram a escrever, desde minha ânsia por ler, mesmo antes de ser alfabetizado, até a percepção de uma espécie de “pulsão de escrita” (temas, imagens, enredos, vozes narrativas e versos que assomam à minha mente com 80

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frequência), passando pelas histórias extraordinárias que ouvi em tenra idadade e pela própria necessidade de “compartilhar meu fardo”, ou seja, expressar meus medos, sonhos, angústias, alegrias e frustrações; os quais, no fim das contas, podem ser iguais ou até idênticos aos dos meus semelhantes. Soube que estás a concluir a escrita de um livro. Como surgiu inspiração para a obra? Rene Fernandes - Rsrs... A inspiração surgiu por meio de uma experiência pessoal cruzada com referências da literatura e do cinema. Foi duarante uma convesa com um amigo – na qual, ele me chamou a atenção para um ponto, embora óbvio, até então imperceptível para mim quanto à minha experiência pessoal - que comecei amarrar uma coisa à outra. Na verdade, há uns quatro anos, eu já havia delineado o esboço daquilo que seria o conto “ Àquelas mãos “, mas, na época, ele me serviu a outro propósito, e eu ainda não tinha noção que retornaria à minha cabeça do modo como retornou e, desta vez, para integrar um projeto literário peculiar. Quais os principais objetivos a serem alcançados por meio da leitura do livro? Rene Fernandes - O despertar dos sentidos para uma existência ulterior; o alcance de uma zona limiar entre o belo e o grotesco, o real e o ficcional, a poesia e a prosa; a fruição de uma obra única em sua proposta. Qual o título? Rene Fernandes - Gestalt: metonímias de um amor póstumo. Quais critérios foram utilizados para escolha do título? Rene Fernandes - A princípio, eu me debatia com “Metonímias de um amor póstumo”, “Metonimias de um amor espectral” e apenas “Metonímias de um amor”. Saí do impasse como se sai naturalmente desse tipo

de questão: consultando a opinião de amigos. O título deveria conter em si a apresentação da temática, do método empregado para desenvolvê-la, da proposta estética e até mesmo da estruturação das narrativas. Mais uma vez, um amigo interveio é propôs que eu intitulasse o livro somente de “Gestalt”. Pois, segundo ele tinha tudo a ver com o tema é com a proposta, além do que, ele havia pensado nesse nome devido ao fato de eu ter estudado alemão na Universidade , de eu gostar da língua e de já ter feito algumas traduções literárias desse idioma para o português. De início, achei que soaria pedante um nome desse tipo, mas, quando amadureci a ideia percebi que esse termo estabeleceria um paradoxo muito propício se juntado ao título anterior (agora subtítulo), “Metonímias...” Comente como está sendo o desenvolvimento de escrita dos textos para compor a obra. Rene Fernandes - Um trabalho intenso ao qual,muitas vezes, tenho de entregar algo de mim que eu reluto em expor: as memórias de momentos felizes entrecortadas pela lembrança de dias frios e tristes, passados na mais terrível e absoluta das solidões. Também é fato que, além de ter de escapulir do “trabalho da vida com seu lógio invisível, que tira o tempo de tudo que é perecível”, por vezes, eu sofro daquilo que Ray Bradbury chama, em seu livro “Death is a lonely business”, de “náusea literária”.

gênero e subgêneros embutidos uns nos outros dentro da obra e o modo como tenho de traçar cada uma das metonímias de forma única e, ao mesmo tempo, concatenada, de modo a formar o todo que elas evocam. Esse último é um trabalho que visa a dar verossimilhança interna a fatos que externamente não existiriam. Resuma o livro em duas palavras Rene Fernandes - Nesse caso, eu me vejo forçado a resumir em uma palavra arbitrariamente composta por duas: lirismo-mágico. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Rene Fernandes. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Rene Fernandes - Leiam incessantemente. Aceitem indicações de leitura novas, por parte dos amigos ou mesmo dos desconhecidos, abram-se a isso, permitam-se experimentar o pathos humanos a partir de diversas perspectivas. E, para aqueles que além de ler, aspiram a escrever , ratifico as palavras de Dostoiévski em grau superlativo: “Para escrever é preciso sofrer, sofrer, sofrer...” e a elas acrescento minha emenda: é preciso sofrer e rescrever o sofrimento.

Qual a previsão para lançamento do livro? Rene Fernandes - Início do ano que vem. Antes do fim de seu primeiro semestre. Quais os principais desafios para escrita da obra. Rene Fernandes - Além dos citados anteriormente, incluo a difícil tarefa de conciliar as demandas profissionais e pessoais do meu dia a dia, e o trabalho minucioso com a forma, o

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Texto extraído de “Gestalt: metonímias de um amor póstumo” Por Rene Fernandes

Àquelas mãos Havia aquelas mãos. Aquelas mãos que se entrelaçavam com as minhas, que se encaixavam como a engrenagem de um mecanismo estranho. Eu seria capaz agora de escrever um tratado sobre essa ciência que inventei na minha cabeça, a quirodáctilogia. Havia aquela mão que pousava sobre minha coxa enquanto andávamos de carro, como que para dizer :“te peguei, não vai a lugar nenhum sem mim!”. Aquela mão longilínea, com dedos finos como fios de heméra, de um branco atravessado unicamente pelo tom esverdeado das veias; uma pintura impressionista que nenhum Monet jamais teria oportunidade de matizar. Havia aquelas mãos que mergulhavam no meu rosto, contornavam o meu corpo remoldando a argila adâmica. Elas cobriam meus olhos para, em seguida, desvelar a melhor, a mais bela de todas as surpresas. Havia aquela mão, frágil, fina e delicada. Mão que eu costumava fisgar sobre a minha coxa direita, enquanto dirigia, para levá-la até a boca e beijá-la com a maior suavidade e devoção que me eram possíveis, como se tocasse com os lábios a espuma dos dias. Entretanto, para resguardar esse gesto, era necessário um movimento sincronizado e arriscado: como não queria me desprender daquela mão em hipótese nenhuma, eu soltava a minha outra do volante e com ela passava a trocar a marcha. Era um ritual que se repetia duas ou três vezes por semana. Um ritual furtivo, para pronunciar em silêncio aquelas três palavras mais repetidas a esmo por aí, mas que nunca são o suficiente. De nós elas não irromperiam assim tão facilmente. Havia aquelas mãos que aterrissavam em mim como a fuligem escondida dos dias esquecidos, que traziam em seu bojo a saudade de um tempo em que eu não vivi, em que eu não vivera e em que não viveria nunca. Nunca mais. As mãos que escreviam o futuro de um pretérito menos-que-perfeito. Aquelas mãos, duas peças de mármore dependuradas em uma alma permanentemente doente, já me esbofetearam e me esmurraram com a leveza e os sentimentos misericordiosos de uma dor sincera. Arranharam-me não para me machucar, mas para escavar o que tinha sobrado da ilusão que um dia eu havia sido. Então, numa manhã, elas se levantaram para me apedrejar e num esgar de punhos retorcidos agarraram e giraram a maçaneta rancorosamente diante de mim tão rápido quanto bateram a porta num estampido atrás de si. Depois disso permaneceram inertes, estendidas na direção do chão, frias e enrijecidas. Tolhidas pela letargia, não se ergueram mais, nem sequer para ensaiar o nosso adeus. Haveriam aquelas mãos...?

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Revista Acadêmica On-line, é um veículo de comunicação direcionado a divulgar textos literários e acadêmicos, filosóficos, artísticos e de atividades profissionais, de amplo interesse, com a finalidade de interligar os povos e compartilhar seus saberes, mantendo contato e intercâmbio com centros de pesquisa, nacionais e estrangeiros. Nossa Revista destina-se a pesquisadores independentes, professores, graduandos, mestrandos, doutorandos, profissionais liberais (áreas de Administração, Economia, Direito, Educação, etc.), que pretendam divulgar seus artigos, periódicos, estudos de casos e textos de reflexão teórica-conceitual. Demais estudiosos e profissionais não abrangidos pela descrição básica, poderão ser admitidos, mediante parecer da Administração Editorial da Revista Acadêmica Online. Nossa missão é contribuir para a circulação dos saberes humanos lato sensu, mediante a divulgação de trabalhos de pesquisa, análises teóricas, documentos, notas e resenhas bibliográficas que possam subsidiar as atividades científicas - teórica e prática - em organizações públicas e privadas. A equipe propõe-se a publicar artigos científicos de pesquisadores – professores ou alunos – brasileiros, servindo como um espaço para comunicação de ideias entre os grupos de estudiosos e seus respectivos campos. Dispõem-se, também, a publicar resenhas e monografias, dissertações, teses e ensaios teóricos. Um dos focos deste veículo é divulgar o trabalho acadêmico, para um maior número de leitores interessados em literatura especializada; somos uma revista acadêmica com finalidade de difusão do conhecimento acadêmico. A periodicidade de nossas edições são bimestrais. O periódico comporta publicação em diversas categorias de trabalhos como: Artigos, Antologias, Notas de 84

Pesquisa, Resenhas, Ensaios Teóricos, Monografias, Dissertações e Teses. Não haverá limite de páginas para essas categorias. A Revista Acadêmica On-line, no entanto, somente aceitará trabalhos que mencionem as fontes utilizadas em pesquisa, independentemente do veículo: livros, artigos, teses, revistas científicas, sites de pesquisa na internet e veículos multimídia. Os trabalhos, quanto à formatação, deverão respeitar as especificações técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (tipo e tamanho de fonte; espaçamento entre linhas, margens e parágrafos; citação; tabelas; gráficos; notas de rodapé e Referências Bibliográficas). Para enviar seu trabalho a Revista Acadêmica On-line, o autor deverá acessar o site www.revistaacademicaonline.com, verificar qual é a categoria correspondente, e entrar em contato via e-mail no endereço: editorial@ revistaacademicaonline.com Para determinados casos, quando houver necessidade de mais esclarecimentos, os textos poderão ser encaminhados no endereçamento eletrônico destacado no parágrafo acima. Os artigos são revisados pelo corpo editorial nos aspectos ortográfico-gramaticais e quanto à estrutura. Um artigo, no mínimo, deve incluir obrigatoriamente: Resumo, Introdução, Desenvolvimento (desdobramento do tema em seções ou capítulos), Conclusão e Referências Bibliográficas. Preferencialmente, no Resumo, sugerimos que os autores descrevam sucintamente do que se trata a pesquisa, mencionando os objetivos, o que se pretende demostrar ou refletir e qual foi a metodologia adotada. Regras para publicação: https://www. revistaacademicaonline.com/regras-para-publicacao/

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM O ESCRITOR VLADEMIR MARANGONI

Release O livro elabora uma reflexão profunda sobre a vida, inspirando-nos a desenvolver uma nova perspectiva existencial e visualizar grandes oportunidades de nos reinventarmos no caos, nas dificuldades, no sofrimento e nas adversidades.

Autor

Vlademir Marangoni Filho Médico Veterinário Professor Escritor Voluntário Associado há 24 anos do Rotary, uma organização internacional humanitária onde já exerceu e exerce diversas funções, ministrou inúmeras palestras e participou e coordenou relevantes projetos nas seguintes áreas de enfoque: paz e prevenção/ resolução de conflitos, prevenção e tratamento de doenças, recursos hídricos e saneamento, saúde materno-infantil, educação básica e alfabetização e desenvolvimento econômico e comunitário.

Prefaciado por um dos mais renomados palestrantes do Brasil, o Prof. Gretz, que sintetiza em poucas palavras: “É um verdadeiro manual para a vida". O texto ricamente contextualizado e de estrutura escrita acessível apresenta reflexões e inquietações profundas sobre os principais anseios humanos, as angústias da alma e as amplas possibilidades de mudança e transformação de contextos existenciais através de atitudes vencedoras, positivas e éticas. Link para compra: https://www.marangoniconsultoria.com.br/

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ENTREVISTA

ESCRITOR WELLINGTON GONZALEZ Trabalho na área de liderança com gestão de pessoas a algum tempo, formação em coaching e PNL, moro em juiz de fora e tenho equipe em sete cidades de Minas gerais, escrever o livro com intuito de passar meu modesto conhecimento para as pessoas, coisas que vem dando certo na minha gestão como líder. O Livro tem algumas ferramentas do Coaching, experiências vívidas e vivenciadas na área, também alto motivação pessoal e profissional. O Livro tem 80 páginas com uma linguagem bem simples, porém bem dinâmica, seria muito importante para mim participar e ter minha entrevista divulgadas por vocês, como sou autor desconhecido. Boa Leitura!

“São abordagens simples e descontraídas e de fácil entendimento, como ferramentas de gestão, algumas ferramentas do coaching, auto motivação pessoal e profissional, abaixo alguns tópicos abordados”

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Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Wellington Gonzalez, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que mais o encanta na área de gestão? Wellington Gonzalez - Primeiramente quero agradecer a oportunidade de participar de uma entrevista da revista divulga escritor, é de grande valia e muito importante. Bom, falar de gestão além de ser complexo é muito prazeroso, tendo em vista que já trabalho a algum tempo com pessoas, e amo o que que faço .Como costumo dizer se gostamos do que fazemos já saímos de casa com noventa por cento de chance de dar certo o restante são variáveis externas que não podemos controlar. Para trabalhar com gestão de pessoas temos que gostar muito, pois somos seres humanos, agimos e pensamos diferentes um dos outros, o papel do gestor de pessoas é fazer com que todos pensem e hajam em prol do mesmo objetivo, em busca do resultado positivo, como um maestro regendo a orquestra, como um capitão de um navio

que guia e mostra o caminho para que todos juntos alcancem resultados surpreendentes. Em que momento pensou em publicar um livro sobre liderança? Wellington Gonzalez - De alguns anos para cá resolvi estudar, pesquisar, assistir palestras, vídeo aulas e fiz também um curso de coaching para poder melhorar meu jeito como lidava com as pessoas e com minha equipe de trabalho, já que trabalho como líder em uma grande empresa que presta serviço no varejo em Minas gerais. Foi através dos conhecimentos adquiridos que aprendi que não sabemos tudo, e quando nos permitimos aprender, as coisas começam a acontecer, o difícil fica fácil, o ruim fica bom, o impossível passa a ser possível. Daí resolvi reunir histórias vividas, presenciadas, experiencias adquiridas e transformar em um livro para passar meu pequeno conhecimento para líderes ou pessoas que querem se tornar um. Experiências e conhecimentos que vem dando certo para mim e passar para frente, surgindo assim a ideia do livro.

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DIVULGA ESCRITOR Apresente-nos “Liderança é uma arte conduzindo processos e liderando pessoas” Wellington Gonzalez - Liderar realmente é uma arte, como dizia Nicolau Maquiavel o líder deve ser amado e temido ao mesmo tempo, ou seja, o verdadeiro líder corrige na hora que tem que corrigir, pune na hora que tem que punir, elogia na hora que tem que elogiar. O poder se delega a autoridade se conquista, de tempo as organizações vem mudando, o jeito de lidar com as pessoas que estão cada vez mais deixando de ser números aos ” olhos “ das empresas e sendo verdadeiramente pessoas, tornando se peças chaves para qualquer organização de sucesso, por isso as empresas precisam cada vez mais de líderes preparados , lideres extraordinários para conduzir os processos e principalmente as pessoas de forma excepcional , precisam cada vez mais de líderes não de’ chefes’. Quais as principais temáticas abordadas na obra? Apresente-nos alguns tópicos apresentados no sumário da obra? Wellington Gonzalez - São abordagens simples e descontraídas e de fácil entendimento, como ferramentas de gestão, algumas ferramentas do coaching, auto motivação pessoal e profissional, abaixo alguns tópicos abordados; A importância delegar A importância de dar feedback O papel da comunicação na gestão Como estabelecer o rapport O papel do líder em uma equipe extraordinária O líder como exemplo O a diferença entre chefe e líder Roda da vida Roda financeira Valores Crenças limitantes, entre outros Quais os principais objetivos a serem alcançados por meio da leitura da obra de “Liderança é uma arte conduzindo processos e liderando pessoas” Wellington Gonzalez - O livro tem uma leitura dinâmica, descontraída , motivacional , e objetiva, deixan-

do bem claro a diferença entre o líder e o chefe, mostrando como deve se portar uma liderança servidora, mostrando que o líder deve servir ao invés de ser servido , encontrando o equilíbrio , de um líder não muito autocrático ao ponto de passar arrogância e soberba , nem um líder democrático demais ao ponto de deixar as decisões nas ´ nas mãos “ dos liderados e passando a imagem de um líder pulso fraco, mostrando que um dos principais papeis de um líder e formar outros lideres , a final de contas a equipe é o espelho de seu líder. A quem indica leitura? Wellington Gonzalez - Pessoas que já trabalham como lideres na gestão de pessoas, ou pessoas que querem ingressar nesta área bastante complexa, porem dinâmica , desafiadora e prazerosa. Para quando está previsto o lançamento da obra Wellington Gonzalez - O livro já foi lançado no mês 11/19, por enquanto se encontra somente no site da editora, www.biblioteca24horas.com , logo estará em outras plataformas como Amazon, Americanas.com, Submarino , entre outras.

Você realiza palestras. Quais as principais temáticas abordadas? Quem desejar como deve fazer para entrar em contato. Wellington Gonzalez - Ainda não realizo palestras, mas um dos objetivos com a divulgação do livro também e palestrar sobre o assunto liderança. Contato Wellington gonzalez 32-9 8887-6967 Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Wellington Gonzalez. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Wellington Gonzalez - Quero agradecer mais uma vez a revista pela oportunidade, estou muito feliz em poder divulgar meu trabalho aqui , obrigado leitores pela atenção, pelo tempo dedicado ao ler a entrevista, estou muito grato. Espero que tenham gostado da entrevista, tudo o que foi dito foi de coração e verdadeiro, se e quando vierem a ler o livro, meu desejo é que suas expectativas sejam alcançadas. Abraço, e até uma próxima vez. Wellington Gonzalez _________________ Divulga Escritor: Unindo Você ao Mundo através da Literatura. https://www.facebook.com/ DivulgaEscritor/ www.divulgaescritor.com

Onde podemos adquirir um exemplar Wellington Gonzalez - Por enquanto no site da editora www.biblioteca24horas.com

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM A ESCRITORA CHRISTIANE C. MURVILLE

PERFEIÇÃO

ÁRVORE DE NATAL

Foram me buscar no quartinho dos fundos e me acomodaram na sala de visitas, em local de destaque. Enfeitaram-me com luzinhas, bolas e fitas coloridas. Botinhas de Natal e pacotes diversos espalhavam-se ao meu redor. Eu estava feliz. Voltava a desempenhar a função de oferecer luz, alegria e esperança sem esperar nada em troca, acolhendo todas as pessoas igualmente sem emitir qualquer julgamento. Era momento de confraternização, de troca de presentes, de perdoar e de deixar de lado desentendimentos. Depois da festa, me desmontaram e retornei ao quartinho dos fundos. Permaneceria ali um ano adormecida e esquecida. Porém eu podia ficar bem tranquila. Minhas irmãs continuavam doando seus frutos sem esperar recompensa, acolhiam os pássaros em dia de tempestade e ofereciam sombra aos que procuravam um pouco de frescor e de tranquilidade em meio à correria do dia a dia. Eram exemplo de força e integridade. Desempenhavam o papel delas mesmo em ambientes hostis e em dias conturbados. Proporcionavam luz, alegria, esperança e vitalidade a todos os seres. O espírito natalino continuaria vivo. E para sintonizá-lo, bastava aproximar-se de uma árvore, sentir o universo pulsando em seu interior e fazer como ela; oferecer o melhor de si para a vida seguir florescendo para todos.

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Plantei algumas sementes na terra; de beterraba, alface, rabanete, tomate e abobrinha. Reguei com carinho. Para minha surpresa, já no dia seguinte, brotinhos de rabanete começaram a aparecer. Depois, foi a vez das alfaces, das beterrabas, dos tomates e das abobrinhas darem o ar da graça. Eu cuidava e conversa diariamente com meus amigos na horta. Cresceram lindos. Eu estava maravilhada. Que coisa mágica! Daquelas sementinhas, do sol, da água e da terra, surgiram todas essas maravilhas, verdadeiros presentes da natureza! E que espantoso reparar que eram praticamente somente água. Uma borboleta pousou sobre um tomate. Que linda borboleta! Suas asas coloridas exibiam desenhos impecavelmente organizados, segundo os padrões da geometria sagrada. Passarinhos também sobrevoavam a horta, eram igualmente perfeitos. Quanta beleza e perfeição! Eu me via em um mundo mágico onde as plantas, os animais, a água, o vento, o sol, as flores, a terra e os insetos tinham vida e pareciam se comunicar entre si. Tudo era consciência e vida na perfeição. E nós, humanos, no meio disso tudo? Quantas vezes nos achamos imperfeitos, reclamamos da vida, sofremos porque as coisas não são como gostaríamos que fosse ou achamos que deveria ser? Mas por que somente nós não seríamos perfeitos?! Finalmente, compreendi que nunca saímos do paraíso, só deixamos de percebê-lo!

ÁGUA

Estou em tudo; nos homens, nos animais, nas plantas, nos insetos, nas árvores, na terra, nos mares e no céu. Vivo em todas as células e no coração de todos os seres. Sou vida, sagrada e humilde! Alguns me associam às emoções, ao choro ou à alegria. Outros dizem que sou um portal para mundos de leveza e saúde ou de sofrimento e doença. Pois quando minha estrutura cristalina está impecável, promovo limpeza, lavo feridas e mato a sede. Mas quando estou imunda, tudo à minha volta morre, causo doenças e dores de barriga terríveis. Guardo a memória das informações que impregnam em mim. Sou muito sensível! Mas quantas coisas jogam em mim! Garrafinhas e saquinhos plásticos, metais pesados, lixo de todos os tipos. Tem ainda gente que me amaldiçoa, me recobrindo com pensamentos e sentimentos sujos e egoístas. Pessimismo também me deixa triste. Aí, perco a beleza, a leveza, a pureza e fico muito fedida. E se me sujarem demais, não consigo me reciclar. Gostaria que só me envolvessem com boas vibrações de alegria, amor, gratidão e compaixão. Fico perfumada, quando me abençoam. Sou simplesmente vibração, mais ou menos intensa e luminosa, conforme as memórias que carrego. Não julgo. Apenas observo o mundo de contrastes, onde me apresento ora doce, calma, leve ou clara, ora ácida, revolta, pesada ou turva. Será que as pessoas sabem o quanto sou importante para elas? Por que me tratam tão mal, me sujam? Afinal, todo mundo aprecia quando me apresento leve e purinha. Sem mim, não há vida. Preciso ser bem cuidada e preservada para continuar exibindo uma estrutura cristalina majestosa e permitir à vida florescer, promovendo saúde e vitalidade para todos os seres. Você me ajuda?

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OBRIGADA A TODOS ESCRITORES QUE FAZEM DO DIVULGA ESCRITOR O MAIOR PROJETO DE DIVULGAÇÃO LITERÁRIA DA LUSOFONIA

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