Comunidade em acao, sao jose operario, ed 07, mar 2014

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Ano I – Edição 07 – Março-2014


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1 ano de pontificado do Papa Francisco Humildade, simplicidade, esperança, alegria e entusiasmo. Essas são algumas das características do Papa Francisco, que assumiu o pontificado de forma simpática e acolhedora e conquistou a todos. Na escolha de seu nome, está a marca da simplicidade expressada em seguidas ações que manifestam claramente seu propósito: ser servo de Deus e pastor amigo e companheiro do povo. Tudo isso ficou evidente quando decidiu permanecer com a veste branca, sem muitos enfeites e detalhes. Dispensou a calça branca por baixo da batina, continuando a usar suas, pretas, para nunca se esquecer que continua a ser padre. Dispensou também o manto, o brilho e a cruz dourada à qual o Romano Pontífice até então fazia jus. Também abriu mão do carro oficial e de tudo que pudesse oferecer pompa. Os gestos singelos e amorosos do argentino carismático, que almeja “uma Igreja pobre, para os pobres”, ecoou em todo o mundo e trouxe novos ares à Igreja Católica. Há 1 ano (13 de março de 2013) o mundo se surpreendeu quando o Papa surgiu na sacada da Basílica de São Pedro e com humildade pediu que os fiéis rezassem por ele. Depois, andou num microônibus junto com seus irmãos cardeais, e não no veículo papal. Voltou ao hotel onde tinha ficado antes do conclave para pagar sua conta, tudo isso

02 – Leonardo Rodrigues Delgado 06 – Cleuza de Oliveira Souza Neto 07 – Cristiano Jorge P. de Oliveira 08 – Cleonice Gonçalves Santos 09 – Shirlei Sousa

com muita naturalidade. Esses gestos fazem do Papa Francisco um líder amado, que está focado na mensagem de Cristo, no amor ao próximo, na caridade e na igualdade entre as pessoas de qualquer classe ou padrão social. Segundo o presidente da CNBB e Cardeal-Arcebis-po de Aparecida-SP, Dom Raymundo Damasceno Assis, esse pontificado é marcado pelo amor, pelo diálogo e pela dedicação do Papa para com o povo. “Essas características estão evidentes desde quando era arcebispo em Buenos Aires, um homem de grande simplicidade e amor aos pobres. Ele é um pastor que ama seu povo, que é aberto ao mundo, a todos os demais povos. Ele tem um coração grande, aberto, assim como São Francisco”. A Jornada Mundial da Juventude, realizada em julho de 2013, no Rio de Janeiro, mostrou ao mundo o quanto o líder da Igreja Católica é querido. Uma multidão de aproximadamente 4 milhões de pessoas se reuniu na praia de Copacabana durante a vigília e missa de envio com os jovens da JMJ. Independentemente do trabalho pastoral que desempenhará em seu ministério, esse Pontífice é uma novidade para a Igreja. Papa Francisco, que Deus o conserve assim, estamos rezando pelo senhor! (Fonte: Revista de Aparecida)

15 – Amélia Vieira Lara 17 – Adalberto Domingos Lima 26 – Domingos Ramos Vialta 26 – Hermilio de Souza 27 – Ondina Batista Ribeiro 9 – Shirlei Sousa (filha do Valdemar e Dalva, vi no face, fica a seu critério colocar) Casamento 29 – Valdir e Clarice Giron

Casamento 29 – Valdir e Clarice Giron


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Quaresma e Campanha da Fraternidade Pe. Leandro Vaz da Costa Vigário Paroquial Ao longo desses anos, a Igreja Católica no Brasil tem proposto como compromisso quaresmal alguns temas pertinentes a serem rezados, refletidos e partilhados nos grupos de bases de nossas comunidades no intuito de encontrar saídas para determinadas situações que ferem a “vida” do nosso povo. Com isso a Igreja vem desempenhando um importante papel na defesa da vida e dos direitos humanos, que devem ser valorizados e respeitados na íntegra, procurando sempre dar sua colaboração na formação da cidadania, e fazendo valer a democracia. Celebrando os 50 anos de Campanha da Fraternidade, podemos perceber que ao longo da história este projeto que teve seu início em 1964, pode ser compreendido em 3 grandes fazes: a 1ª fase os temas contemplaram mais a vida interna da Igreja – Renovação da Igreja e do Cristo (1964-1972); a 2ª fase contempla, a Igreja que se preocupa com a realidade social do povo, denunciando o pecado social e promovendo a justiça (1973-1984); e por fim a 3ª fase, a Igreja se volta para a situações existenciais do povo brasileiro (1984-2014). A Quaresma, que tem seu início com a celebração da imposição das cinzas, convoca todos os cristãos a iniciar um tempo de 40 dias de preparação para a grande festa da Igreja, quando no Sábado Santo, proclama-se a Ressurreição do Senhor. Somos motivamos pelas leituras proclamadas no Tempo da Quaresma, a um novo apelo à conversão: “retomai a mim de todo vosso coração.” (Jl 2,12). Somos impulsionados à uma re-novada adesão a Jesus, tornan-do-nos autênticos discípulos missionários d’Ele, marcando nossas relações pela defesa dos valores que dignificam a vida. Nesta perspectiva, a Campanha da Fraternidade, com seu tema e seu lema, deverá respeitar as grandes linhas de fundo da Quaresma. Estas linhas são sobretudo a observância quaresmal da oração, jejum e da esmola no seu sentido mais profundo, e a temática que se expressa na Palavra de Deus. A Igreja no Brasil propõe como compromisso comunitário da quaresma a Campanha da Fraternidade, que tem este ano o lema: “É para a li-

berdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1), e o tema: “Fraternidade e Tráfico Humano”, demonstrando o acolhimento ao clamor do povo sofrido, com a vida ferida, ameaçada, banalizada e violentada. A Igreja, com esta campanha, deseja “identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-lo como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar esse mal, com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus”. (Texto base da CF 2014. Objetivo geral, p. 8). Convido a comunidade e todos os cristãos de boa vontade, aprofundar a questão nos grupos de vivência, na catequese, nos encontros de jovens, movimentos marianos e em meio a tantos outros momentos que seja cabível trazer presente a questão do tráfico humano, sendo este para nós hoje um dos modos atuais de escravidão. O texto base da CF-2014, apresenta as principais modalidades do tráfico humano: a exploração do trabalho, exploração sexual, extração de órgãos, tráfico de criança e adolescentes. Os meios que configuram o tráfico são: ameaça, uso da força, outras formas de coação, rapto, engano, abuso de autoridade, situação de vulnerabilidade, aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre a outra. Há necessidade de conscientizar a sociedade da importância de informar, de denunciar ao Poder Público para que se possa investigar e punir os que praticam o crime do tráfico humano, através dos canais oficiais de denúncia disponíveis em todo o Brasil. A Igreja é solidária com as pessoas traficadas e comprometidas com a evolução da consciência sobre o valor da dignidade humana, fundamentada na Sagrada Escritura. Dignidade que é assumida na medida em que o ser humano vive seus relacionamentos: consigo, com a natureza, com o outro e com Deus em seu plano de amor. Abracemos essa causa tendo em vista o bem comum e lembro que “não temos outra felicidade nem outra prioridade se não a de sermos instrumento do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo seja encontrado, seguido, amado, adorado, anunciado e comunicado a todos, não obstante todas as dificuldades e resistências” (Doc. de Aparecida, n.14). Caminhamos rumo à Páscoa do Senhor, tendo por compromisso a reconciliação e a vida em plenitude paz para todos.


04 Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2014

Fez-Se pobre, para nos enriquecer com a sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9) Queridos irmãos e irmãs! Por ocasião da Quaresma, ofereço-vos algumas reflexões com a esperança de que possam servir para o caminho pessoal e comunitário de conversão. Como motivo inspirador tomei a seguinte frase de São Paulo: «Conheceis bem a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, Se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza» (2 Cor 8, 9). O Apóstolo escreve aos cristãos de Corinto encorajando-os a serem generosos na ajuda aos fiéis de Jerusalém que passam necessidade. A nós, cristãos de hoje, que nos dizem estas palavras de São Paulo? Que nos diz, hoje, a nós, o convite à pobreza, a uma vida pobre em sentido evangélico?

A graça de Cristo Tais palavras dizem-nos, antes de mais nada, qual é o estilo de Deus. Deus não Se revela através dos meios do poder e da riqueza do mundo, mas com os da fragilidade e da pobreza: «sendo rico, Se fez pobre por vós». Cristo, o Filho eterno de Deus, igual ao Pai em poder e glória, fez-Se pobre; desceu ao nosso meio, aproximou-Se de cada um de nós; despojou-Se, «esvaziou-Se», para Se tornar em tudo semelhante a nós (Fil 2, 7; Heb 4, 15). A encarnação de Deus é um grande mistério. Mas, a razão de tudo isso é o amor divino: um amor que é graça, generosidade, desejo de proximidade, não hesitando em doar-Se e sacrificar-Se pelas suas amadas criaturas. A caridade, o amor é partilhar, em tudo, a sorte do amado. O amor torna semelhante, cria igualdade, abate os muros e as distâncias. Foi o que Deus fez conosco. Na realidade, Jesus «trabalhou com mãos humanas, pensou com inteligência humana, agiu com vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-Se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado» (Gaudium et Spes, 22). A finalidade de Jesus Se fazer pobre não foi a pobreza em si mesma, mas – como diz São Paulo – «para vos enriquecer com a sua pobreza». Não se trata dum jogo de palavras, duma frase sensacional. Pelo contrário, é uma síntese da lógica de Deus: a lógica do amor, a lógica da Encarnação e da Cruz. Deus não fez cair do alto a salvação sobre nós, como a esmola de quem dá parte do próprio supérfluo com piedade filantrópica. Não é assim o amor de Cristo! Quando Jesus desce às águas do Jordão e pede a João Batista para O batizar, não o faz porque tem necessidade de penitência, de conversão; mas fá-lo para se colocar no meio do povo necessitado de perdão, no meio de nós pecadores, e carregar sobre Si o peso dos nossos pecados. Este foi o caminho que Ele escolheu para nos consolar, salvar, libertar da nossa miséria. Faz impressão ouvir o Apóstolo dizer que fomos libertados, não por meio da riqueza de Cristo, mas por meio da sua pobreza. E, todavia, São Paulo conhece bem a

«insondável riqueza de Cristo» (Ef 3, 8), «herdeiro de todas as coisas» (Heb 1, 2). Em que consiste então esta pobreza com a qual Jesus nos liberta e torna ricos? É precisamente o seu modo de nos amar, o seu aproximar-Se de nós como fez o Bom Samaritano com o homem abandonado meio morto na beira da estrada (Lc 10, 25-37). Aquilo que nos dá verdadeira liberdade, verdadeira salvação e verdadeira felicidade é o seu amor de compaixão, de ternura e de partilha. A pobreza de Cristo, que nos enriquece, é Ele fazer-Se carne, tomar sobre Si as nossas fraquezas, os nossos pecados, comunicando-nos a miseri-córdia infinita de Deus. A pobreza de Cristo é a maior riqueza: Jesus é rico de confiança ilimitada em Deus Pai, confi-ando-Se a Ele em todo o momento, pro-curando sempre e apenas a sua vonta-de e a sua glória. É rico como o é uma criança que se sente amada e ama os seus pais, não duvidando um momento sequer do seu amor e da sua ternura. A riqueza de Jesus é Ele ser o Filho: a sua relação única com o Pai é a prerrogativa soberana do Messias pobre. Quando Jesus nos convida a tomar sobre nós o seu «jugo suave» (Mt 11, 30), convidanos a enriquecer-nos com esta sua «rica pobreza» e «pobre riqueza», a partilhar com Ele o seu Espírito filial e fraterno, a tornar-nos filhos no Filho, irmãos no Irmão Primogênito (Rm 8, 29). Foi dito que a única verdadeira tristeza é não ser santos (Léon Bloy); podemos dizer também que só há uma verdadeira miséria: não viver como filhos de Deus e irmãos de Cristo.

O nosso testemunho Poderíamos pensar que este «caminho» da pobreza fora o de Jesus, mas não o nosso: nós, que viemos depois d'Ele, podemos salvar o mundo com meios humanos adequados. Isto não é verdade. Em cada época e lugar, Deus continua a salvar os homens e o mundo por meio da pobreza de Cristo, que Se faz pobre nos Sacramentos, na Palavra e na sua Igreja, que é um povo de pobres. A riqueza de Deus não pode passar através da nossa riqueza, mas sempre e apenas através da nossa pobreza, pessoal e comunitária, animada pelo Espírito de Cristo. À imitação do nosso Mestre, nós, cristãos, somos chamados a ver as misérias dos irmãos, a tocá-las, a ocupar-nos delas e a trabalhar concretamente para as aliviar. A miséria não coincide com a pobreza; a miséria é a pobreza sem confiança, sem solidariedade, sem esperança. Podemos distinguir três tipos de miséria: a miséria material, a miséria moral e a miséria espiritual. A miséria material é a que habitualmente designamos por pobreza e atinge todos aqueles que vivem numa condição indigna da pessoa humana: privados dos direitos fundamentais e dos bens de primeira necessidade como o alimento, a


água, as condições higiênicas, o trabalho, a possibilidade de progresso e de crescimento cultural. Perante esta miséria, a Igreja oferece o seu serviço, a sua diakonia, para ir ao encontro das necessidades e curar estas chagas que deturpam o rosto da humanidade. Nos pobres e nos últimos, vemos o rosto de Cristo; amando e ajudando os pobres, amamos e servimos Cristo. O nosso compromisso orienta-se também para fazer com que cessem no mundo as violações da dignidade humana, as discriminações e os abusos, que, em muitos casos, estão na origem da miséria. Quando o poder, o luxo e o dinheiro se tornam ídolos, acabam por se antepor à exigência duma distribuição equitativa das riquezas. Portanto, é necessário que as consciências se convertam à justiça, à igualdade, à sobriedade e à partilha. Não menos preocupante é a miséria moral, que consiste em tornar-se escravo do vício e do pecado. Quantas famílias vivem na angústia, porque algum dos seus membros –muitas vezes jovem – se deixou subjugar pelo álcool, pela droga, pelo jogo, pela pornografia! Quantas pessoas perdem o sentido da vida; sem perspectivas de futuro, perdem a esperança! E quantas pessoas se veem constrangidas a tal miséria por condições sociais injustas, por falta de trabalho que as priva da dignidade de poderem trazer o pão para casa, por falta de igualdade nos direitos à educação e à saúde. Nestes casos, a miséria moral pode-se justamente chamar um suicídio incipiente. Esta forma de miséria, que é causa também de ruína econômica, anda sempre junto com a miséria espiritual, que nos atinge quando nos afastamos de Deus e recusamos seu amor. Se julgamos não ter necessidade de Deus, que em Cristo nos dá a mão, porque nos consideramos auto-suficientes, vamos a caminho da falência. O único que verdadeiramente salva e liberta é Deus. O Evangelho é o verdadeiro antídoto contra a miséria espiritual: o cristão é chamado a levar a todo o ambiente o anúncio libertador de que existe o perdão do mal cometido, de que Deus é maior que o nosso pecado e nos ama gratuitamente e sempre, e de que es-

tamos feitos para a comunhão e a vida eterna. O Senhor convida-nos a sermos jubilosos anunciadores desta mensagem de misericórdia e esperança. É bom experimentar a alegria de difundir esta boa nova, partilhar o tesouro que nos foi confiado para consolar os corações dilacerados e dar esperança a tantos irmãos e irmãs imersos na escuridão. Trata-se de seguir e imitar Jesus, que foi ao encontro dos pobres e dos pecadores como o pastor à procura da ovelha perdida, e o fez cheio de amor. Unidos a Ele, podemos corajosamente abrir novas vias de evangelização e promoção humana. Queridos, possa este tempo de Quaresma encontrar a Igreja inteira pronta e solícita para testemunhar, a quantos vivem na miséria material, moral e espiritual, a mensagem evangélica, que se resume no anúncio do amor do Pai misericordioso, pronto a abraçar em Cristo toda a pessoa. E poderemos fazê-lo na medida em que estivermos configurados com Cristo, que Se fez pobre e nos enriqueceu com a sua pobreza. A Quaresma é um tempo propício para o despojamento; e nos fará bem questionar-nos acerca do que nos podemos privar a fim de ajudar e enriquecer a outros com a nossa pobreza. Não esqueçamos que a verdadeira pobreza dói: não seria válido um despojamento sem esta dimensão penitencial. Desconfio da esmola que não custa nem dói. Pedimos a graça do Espírito Santo que nos permita ser «tidos por pobres, nós que enriquecemos a muitos; por nada tendo e, no entanto, tudo possuindo» (2 Cor 6, 10). Que Ele sustente estes nossos propósitos e reforce em nós a atenção e solicitude pela miséria humana, para nos tornarmos misericordiosos e agentes de misericórdia. Com estes votos, asseguro a minha oração para que cada crente e cada comunidade eclesial percorra frutuosamente o itinerário quaresmal, e peço-vos que rezeis por mim. Que o Senhor vos abençoe e Nossa Senhora vos guarde!


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Santas Perpétua e Felicidade (07 de março) Senhora e escrava, Perpétua e Felicidade sofreram a prisão e o martírio juntas, na fé e na solidariedade, no ano de 203, na África do Norte. O imperador Severo, também de origem africana, havia decretado a pena de morte para os cristãos. Perpétua era de família nobre, filha de pai pagão, tinha 22 anos e 1 filho recém-nascido. Sua escrava, Felicidade, estava grávida de 8 meses e rezava diariamente para que o filho nascesse antes da execução, o que aconteceu. Isso se deu num parto muito difícil, 2 dias antes de serem levadas à arena, para as feras famintas. Perpétua escreveu um diário na prisão, onde relata o sofrimento de que foram vítimas e que figura entre os escritos mais realistas e comoventes da Igreja. Além de descrever os

horrores da escuridão e a forma selvagem como eram tratadas no calabouço, narrou como seu pai a procurou na prisão, com autorização do juiz, para tentar fazê-la desistir da fé em Cristo e assim salvar sua vida. Mas ambas, senhora e escrava, mantiveram-se firmes, também como outros 6 cristãos que se tornaram seus companheiros no martírio. Elas que ainda não tinham sido batizadas fizeram questão de receber o batismo na prisão, para reafirmar suas posições de cristãs e, em nenhum momento sequer, pensaram em salvar as vidas negando o cristianismo. Segundo escritos oficiais que complementam o diário de Perpétua, os homens foram despedaçados por leopardos. Perpétua e Felicidade foram degoladas, depois de terem sido atacadas por touros. Era o dia 7 de março de 203. Perpétua viveu a última hora dando extraordinária prova de amor e de tranquila dignidade. Viu Felicidade ser abatida sob os golpes dos animais, e docemente a amparou e a suspendeu nos braços; depois recompôs seu vestido estraçalhado, demonstrando um genuíno respeito por ela. Esses gestos geraram na população pagã um breve momento de comoção piedosa. Mas por poucos segundos, pois a vontade da massa enfurecida prevaleceu, até ver o golpe fatal da degolação. Santas Perpétua e Felicidade, roguem a Deus por nós!


07 Frei Carlos Mesters

Abrindo a porta e entrando no mundo da Bíblia Até agora só rodamos ao redor da Bíblia, ficamos mais preparando o terreno. Mas agora a pegaremos na mão e começaremos nos perguntando o que ela é e de onde veio. Depois abriremos a porta e entraremos. Bíblia = coleção de livros, biblioteca. Palavra de origem grega. Na Bíblia estão contidos, de fato, livros de toda qualidade e tamanho, escritos por pessoas muito diferentes.

Em que língua a Bíblia foi escrita? A Bíblia foi escrita originalmente em 3 línguas: Hebraico, Grego e Aramaico. O Novo Testamento foi escrito todo em grego. Aquela que nós lemos é sempre uma tradução da Bíblia, e isso carrega consigo um problema sério, pois uma tradução não pode sempre ser feita ao pé da letra para não tomar a mensagem incompreensível. Exemplo: no texto original hebraico se encontra: "Do nariz de Deus saía fumaça" = Deus estava zangado. "As tripas se mexeram" = Estava muito comovido... Hebraico e aramaico são línguas bastante semelhantes. No tempo de Jesus a língua falada era o aramaico, enquanto que a língua escrita era o hebraico. Todo mundo quebrava também um galho em grego, devido à presença dos dominadores estrangeiros. Na sinagoga, a leitura das Sagradas Escrituras era sempre feita em língua hebraica, isto é, na língua em que estavam escritas. Naquele tempo o povo se reunia todo sábado na sinagoga para ouvir a leitura da Bíblia. A primeira leitura já vinha marcada conforme o dia e era obrigatória, como acontece hoje com a nossa liturgia; mas a segunda podia ser escolhida à vontade e feita por qualquer um dos presentes. Aconteceu que num dia de sábado Jesus foi à sinagoga

e lhe pediram para fazer a 2ª leitura. Então ele leu o livro do Profeta Isaías, onde está escrito: "O Espírito do Senhor está sobre mim. Ele me escolheu para anunciar a Boa-Nova aos pobres e me mandou anunciar a liberdade aos presos, dar vista aos cegos, consolar os maltratados, e anunciar o ano em que o Senhor vai Salvar seu povo". Então fechou o livro e sentou-se. Todo mundo olhou para ele, quando começou a falar dizendo: "Hoje se cumpriu o que dizem as Sagradas Escrituras que vocês acabaram de ouvir" (Lc 4,16-21). Assim Jesus apresentou-se publicamente. O livro do Profeta Isaías foi a plataforma de sua ação: tirar a opressão, dar a liberdade. Daí Jesus começou a pregar a Boa Nova aos Pobres. Jesus leu em hebraico, mas falou em aramaico. Hoje nós, para traduzir, devemos prestar bem atenção ao sentido da frase original.

Quando a Bíblia foi escrita? A Bíblia não foi escrita de uma só vez. Ela vem de lon-ge. Os primeiros livros foram escritos mais ou menos 1250 anos antes de Jesus; os últimos mais ou menos 100 anos depois de Jesus. É claro que a história que a Bíblia conta começou muito tempo antes, assim como a história da Igreja, foi continuando depois. O tempo em que a Bíblia foi escrita só é uma pequena parte da grande história do Povo de Deus. Vejamos:

A Bíblia é um livro muito velho, mas como uma árvore boa, dá frutos sempre novos. Uma boa parte dos livros da Bíblia foram escritos no cativeiro, quando o povo foi levado para

longe de sua terra. O cativeiro começou no ano 587 antes do nascimento de Jesus. A Bíblia é Palavra de Deus e palavra humana. É igual a nossa palavra em tudo, menos na mentira.


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 O ser humano responde a Deus (I)

 [20] Como podemos responder a Deus quando Ele nos aborda? Responder a Deus significa crer n’Ele. (CIC 142-149) Quem deseja crer precisa de um “coração que escuta” (1Rs 3,9). Deus procura o contato conosco de múltiplas formas. Em cada encontro humano, em cada experiência da Natureza que nos toca, em cada aparente acaso, em cada desafio, em cada sofrimento... Deus deixa-nos uma mensagem escondida. Ele fala-nos ainda mais claramente quando Se dirige a nós pela Sua Palavra ou pela voz da consciência. Ele trata-nos como amigos. Por isso, também nós, como amigos, devemos corresponder-Lhe, crendo e confiando totalmente n’Ele, aprendendo a conhecê-l’O. cada vez melhor e a aceitar sem reservas a Sua vontade.

 [21] Fé – o que é isso? Fé é conhecimento e confiança. Tem 7 características:  A fé é uma pura dádiva de Deus, que nós obtemos se intensamente a pedirmos;  É a força sobrenatural de que necessariamente precisamos para alcançar a salvação;  Requer a vontade livre e a lucidez do ser humano quando ele se abandona ao convite divino;  É absolutamente segura porque Jesus o garante;  É incompleta enquanto não se tornar operante no amor;  Cresce na medida em que escutamos cada vez melhor a Palavra de Deus e permanecemos com Ele, na oração, em vivo intercâmbio;  Permite-nos já a experiência do alegre antegozo do Céu. (CIC 153-165, 179-180, 183-184) Muitos afirmam que “crer” é demasiado pouco: eles querem é “saber”. A palavra “crer” tem, no entanto, dois sentidos completamente distintos. Se um paraquedista, no aeroporto, pergunta ao empregado: “O paraquedas está corretamente acondicionado?”, e este casualmente responder: “Hum, creio que sim...”, isso então não lhe bastará: ele quer mesmo saber. Se, todavia, ele tiver pedido a um amigo para acondicionar o paraquedas, e este lhe responder à mesma pergunta: “Sim, eu pessoalmente encarreguei-me de o fazer. Podes confiar em mim!”, o paraquedista irá lhe responder então: “Está bem, acredito em ti!” Esta fé é muito mais que “conhecimento”, ela significa “certeza”. E está e a fé que fez Abraão mudar-se para a Terra Prometida, esta é a fé que fez os  MÁRTIRES perseverarem até à morte, esta é a fé que ainda hoje mantém de pé os cristãos perseguidos. Uma fé que compreende todo o ser humano...


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