Revista Linha Direta

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SOCIAL Projeto apoiado pelo Sintetel leva esperança a jovens da periferia.

SINDICAL Evento da Fenattel debate o setor de Teleatendimento.

Dezembro 2012 ● 16ª edição ● Ano VI Distribuição gratuita ● Venda Proibida

ENTREVISTA Cristiane do Nascimento analisa sua trajetória da base à diretoria executiva.

Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo www.sintetel.org ● sintetel@sintetel.org.br

Unidade na Luta

Chapa encabeçada por Almir Munhoz é eleita. Pela primeira vez, uma mulher chega à vice-presidência.

Da esquerda para a direita: José do Paraíso, José Carlos Guicho, Aurea Barrence, Almir Munhoz, Linha direta em revista 1 Cristiane do Nascimento, Fábio Oliveira. Gilberto Dourado também integra a diretoria executiva eleita.


Institucional Plantão jurídico na capital passa a ter agendamento somente pela internet

 VEJA COMO FAZER O AGENDAMENTO 1 - Escolha uma data disponível no calendário ao lado e clique para abrir a tabela do agendamento. 2 - Após escolher o dia, uma tabela de horários vai se abrir logo abaixo. Escolha um horário e clique no nome do profissional de sua preferência.

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reocupado com o bem-estar do trabalhador, o Sintetel alterou o sistema de agendamento para os plantões jurídicos realizados na capital do Estado. A partir de agora, dia e horário do atendimento, além do advogado responsável, deverão ser reservados com antecedência por meio do site do Sindicato (www.sintetel.org). O Sintetel desenvolveu mais essa ferramenta pensando no conforto dos sócios e também na melhoria do atendimento prestado. Para fazer a reserva de horário, basta passar o cursor sobre “Departamento Jurídico” no menu lateral e, em seguida, clicar em “Plantão Jurídico”. Na sequência é simples. O trabalhador deve clicar em uma data disponível no calendário e escolher um horário de acordo com o profissional preferido.

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Linha direta em revista


Indice

Capa

A convincente vitória da Unidade na Luta Chapa encabeçada por Almir Munhoz vence as eleições do Sintetel e solidifica um projeto em defesa dos trabalhadores em telecomunicações

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Entrevista “O

rumo da minha vida mudou completamente” Cristiane do Nascimento é a primeira mulher eleita para um dos cargos mais importantes do Sintetel, a vice-presidência.

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Mulher Rebeldes sem causa?

Grupo feminista Femen ganhou visibilidade mundial com protestos sem roupa, mas recebe críticas no Brasil.

Editorias

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Sindical Caminhos para as conquistas.

Sindicatos de Telecom filiados à Fenattel se unem nacionalmente para as negociações no setor de teleatendimento.

Social Um

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projeto transformador Gol da Conquista, desenvolvido pelo ex-jogador de futebol Sandro Gaúcho, leva esperança a jovens e crianças da periferia.

4 Editorial

26 Política

8 Saúde

28 Aconteceu

12 Tecnologia

32 Cultura

14 Aposentados

33 Passatempo

Artigos

32 O Brasil e o mundo João Guilherme Vargas Netto

34 Poemas - Artigo do Leitor O Calor do amor Linha direta em revista

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Editorial

Expediente

Um novo tempo Chapa 1. Também aproveito para reafirmar o meu compromisso e de toda nova diretoria de não só manter a qualidade do nosso trabalho, como também intensificar ainda mais nossa atuação sindical.

Almir Munhoz Presidente do Sindicato

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erminada a eleição sindical com a expressiva vitória da Chapa 1 – Unidade na Luta, a partir de agora começaremos o planejamento para execução do nosso programa de trabalho. A eleição transcorreu dentro da normalidade e fomos consagrados com 88,5% dos votos, contra 11,5% de brancos e nulos. A vontade soberana dos trabalhadores prevaleceu, nos concedendo uma maciça votação. Agradeço a todos os aposentados e trabalhadores da ativa que depositaram o seu voto de confiança na

Além de ser o maior sindicato do setor de telecomunicações na América Latina, o Sintetel tem sido vanguardista em sua atuação, como prova a conquista do 13º salário quando ninguém no Brasil possuía tal benefício. E seguindo nossa trajetória, na eleição que antecedeu a atual, nós renovamos o quadro da diretoria em 30% mesclando a experiência dos mais antigos com a força da juventude. Em 2012, nós fizemos mais um avanço. Na próxima gestão teremos duas companheiras que comporão nossa Diretoria Executiva, sendo que uma delas será a primeira vice-presidente de um sindicato no setor de telecomunicações em toda a história. Portanto, meus caros trabalhadores, é isso que vocês podem esperar da nova diretoria que assumirá o mandato em 2013, ou seja, inovação, ousadia, determinação e muita luta para melhorar a vida da categoria. Será a continuidade de uma trajetória vitoriosa da Unidade na Luta. Boa leitura.

Cartas Olá! Fico muito feliz por poder receber a revista. Obrigado. Vaney Silva dos Santos Manente São José do Rio Pardo 4

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DIRETORIA DO SINTETEL Presidente: Almir Munhoz Vice-Presidente: Gilberto Rodrigues Dourado Diretoria Executiva: Cristiane do Nascimento, Fábio Oliveira da Silva, José Carlos Guicho e Marcos Milanez Rodrigues. Diretores Secretários: Alcides Marin Salles, Ana Maria da Silva, Aurea Meire Barrence, Germar Pereira da Silva, José Clarismunde de Oliveira Aguiar, Maria Edna Medeiros e Welton José de Araújo. Diretores Regionais: Elísio Rodrigues de Sousa, Eudes José Marques, Jorge Luiz Xavier, José Roberto da Silva, Ismar José Antonio, Genivaldo Aparecido Barrichello e Mauro Cava de Britto. Jurídico: Humberto Viviani juridico@sintetel.org.br OSLT: Paulo Rodrigues oslt@sintetel.org.br Recursos Humanos: Sergio Roberto rh@sintetel.org.br COORDENAÇÃO EDITORIAL Diretor Responsável: Almir Munhoz Jornalista Responsável: Marco Tirelli (MTb 23.187) Redação: Emilio Franco Jr. (MTb 63.311), Marco Tirelli Estagiárias: Renata Sueiro e Renata Moraes Diagramação: Agência Uni www.agenciauni.com Fotos: F.F. Fotografia e Jota Amaro Colaboradores: João Guilherme Vargas Netto, Paulo Rodrigues e Theodora Venckus Capa: DIZ Comunicação Impressão: Gráfica Unisind Ltda. www.unisind.com.br Distribuição: Sintetel Tiragem: 10.000 exemplares Periodicidade: Quadrimestral Linha Direta em Revista é uma publicação do Sindicado dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo | Rua Bento Freitas, 64 | Vila Buarque | 01220-000 | São Paulo SP | 11 3351-8899 www.sintetel.org sintetel@sintetel.org.br SUBSEDES: ABC (11) 4123-8975 Bauru (14) 3231-1616 Campinas (19) 3236-1080 Ribeirão Preto (16) 3610-3015 santos (13) 3225-2422 São José do Rio Preto (17) 3232-5560 Vale do Paraíba (12) 3939-1620 O Sintetel é filiado à Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações), à UNI (Rede Sindical Internacional) e à Força Sindical. Os artigos publicados nesta revista expressam exclusivamente a opinião de seus autores.


Entrevista

“O rumo da minha vida mudou completamente” Cristiane do Nascimento é a primeira mulher eleita para um dos cargos mais importantes do Sintetel, a vice-presidência por Emilio Franco Jr. e Marco Tirelli

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ilha da piauense Cipriana do Nascimento e do catarinense Luiz do Nascimento, Cristiane do Nascimento nasceu em São Paulo há exatos 42 anos. Começou a trabalhar aos 16 anos em um banco, fez concur-

so público, foi admitida na Telesp em 1993 e se tornou sócia do Sindicato no primeiro dia de trabalho. “Minha pretensão era fazer carreira na Telesp e por conta disso fiz graduação em Administração de Empresas” conta. Linha direta em revista

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Entrevista Percebi que tinha grande dificuldade de obter informação. Certo dia apareceu um representante sindical e eu reclamei com ele sobre a demora para as notícias chegarem. Após este episódio, fui convidada para ser delegada sindical. Aconteceu por acaso, não fazia parte dos meus planos. Entrei com o objetivo de ficar bem informada para repassar aos meus colegas de trabalho. E atualmente adoro o que faço. LDR: Como foi para você esse período de trabalho como diretora do Sindicato?

Depois de se tornar delegada sindical, Cristiane passou a atuar com mais frequência no local em que trabalhava e cresceu dentro do Sintetel como consequência do trabalho apresentado. Atualmente, se prepara para assumir a vice-presidência da entidade e cursa Ciências do Trabalho na Faculdade do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Linha Direta em Revista: Como você conheceu e se envolveu com o movimento sindical? Cristiane do Nascimento: O primeiro prédio em que trabalhei foi na Rua Sete de Abril, no posto de serviço. Era um local onde dispúnhamos de todas as informações em primeira mão. Quando fui transferida para Itaquera, as informações não chegavam tão rápido. Como eu tinha contato com o pessoal da Sete de Abril, acabei me tornando fonte de informações, pois repassava os informes para os colegas de Itaquera. 6

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CN: Foi de muito aprendizado. Quando se está na base não se tem ideia do trabalho que é feito por dirigente sindical liberado. São informações que vêm de todos os lados. Eu aprendi muito com meus companheiros e, principalmente, com os trabalhadores. Contei e ainda conto com muito apoio desde o início do meu aprendizado. Na medida em que eu participava das atividades sindicais, mais eu me interessava pelo assunto. Fiz diversos cursos de formação, entre eles o de negociação coletiva da OIT, na Itália e o Programa de Capacitação para Dirigentes e Assessores. O PCDA é muito intenso. São 45 dias reclusos e dedicados aos estudos em um total de 300 horas de curso. Eu aprendi muito do ponto de vista teórico. As discussões sobre trabalho e desenvolvimento, reestruturação produtiva, educação, meio ambiente e distribuição de riquezas eram muito interessantes.

LDR: Quais são seus planos e perspectivas para o próximo mandato? CN: A diretoria eleita tem muitos planos. Temos que aumentar a participação das mulheres e de jovens no Sindicato. Um dos desafios é o de reorganizar os trabalhadores de nossa base, sindicalizá-los e trazê-los para mais próximo do Sindicato. Além disso, queremos colocar representantes sindicais nas grandes empresas as quais ainda não temos. Nosso grande desafio é no setor de teleatendimento onde a rotatividade é muito alta. Isso dificulta a organização da base. Temos que fazer um trabalho contínuo de formação para que tenhamos um grupo preparado para a atuação nas empresas. LDR: O que significa para você ocupar um cargo de tamanha importância no maior Sindicato de Telecom da América Latina? CN: Primeiramente é um grande desafio e de muita responsabilidade. Por outro lado, fiquei muito feliz pelo reconhecimento do meu trabalho. Só que este trabalho eu não fiz sozinha, ou seja, tudo que eu conquistei foi com a participação de todos. Eu divido esta conquista com todos aqueles que me ajudaram no meio sindical. LDR: Na próxima gestão, teremos duas mulheres na diretoria executiva da entidade, você acredita que o sexo feminino chegou para ficar nas maiores instâncias administrativas do País?


Entrevista CN: Com toda certeza. O grande exemplo vem da nossa presidenta da República, além disso, o Brasil possui várias ministras e mulheres ocupando altos cargos no setor público e privado. A mulher se preparou para isso e tem plena capacidade. No meu caso, estou me preparando há anos. Mas o preparo é contínuo. Atualmente curso a graduação de Ciências do Trabalho no Dieese, curso superior que será de grande importância para minha atuação. E também conto muito com o apoio dos meus companheiros mais experientes. LDR: Você acredita que homens e mulheres têm métodos diferentes na condução política? CN: Acredito que sim. A mulher consegue agregar as pessoas dando maior espaço para a manifestação de opiniões e para o diálogo. Nós também ouvimos mais os subordinados e os pares e, com isso, conseguimos obter mais informações para tomar decisões com maior certeza. Tenho convicção que não é o sexo que determinará o êxito no alcance dos resultados. LDR: Você pensa em fazer algum trabalho específico voltado para as mulheres? CN: Acho muito importante formar as mulheres por meio de cursos e palestras sobre a questão sindical e de gênero. A mulher precisa ser qualificada para levar essa discussão para o ambiente de trabalho. Assim, traremos para o Sindicato mais mulheres, que às vezes acham que aqui não é o espaço delas, para trabalhar em

conjunto com os homens. Acredito que poderei dar mais apoio aos projetos implementados pela Secretaria da Mulher. LDR: O que te deixa mais feliz e mais te entristece no dia a dia de trabalho? CN: O que me deixa mais feliz é quando conseguimos por meio de negociações coletivas melhorar a vida do trabalhador, tanto em questões financeiras como sociais. Quando conseguimos avanços e bons aumentos salariais, o sentimento é de alegria por saber que isso irá refletir em uma família inteira. O que mais me decepciona é quando aparecem problemas e eu não consigo resolver por meio da negociação direta com as empresas. Isso porque quando a gente não consegue pela negociação, temos que ir à Justiça ou partir para o confronto. Coisas que, mesmo vitoriosas, sempre acarretam prejuízo a alguém. LDR: Esse processo de negociação com as empresas é como você esperava? CN: Eu não tinha muita noção como era enquanto eu estava na base. Depois, eu fui aprendendo a lidar com isso. Com algumas empresas temos facilidade e rapidez pra tratar os problemas, outras são mais difíceis e lentas. Mas só no dia a dia eu fui aprender isso. LDR: Nossa categoria é muito diversificada. Como aproximar as diferenças e unificar o setor?

CN: Alguns problemas nas áreas de teleatendimento, operadora e prestadora muitas vezes são semelhantes. Nosso desafio é trazer o trabalhador para o Sindicato, ter representantes em todas as empresas para que os problemas cheguem mais rápidos a nós. Assim, conseguiremos resolvê-los dentro das empresas. LDR: Como você vê o Sintetel inserido no contexto sindical brasileiro e mundial? CN: O Sintetel é muito respeitado mundialmente por conta das ações que toma. Muitas ações são admiradas no mundo, como o fato de ter acordos ou convenções coletivas em todas as empresas. O acesso que nós temos para falar do Sintetel nas empresas de teleatendimento também é muito admirado, assim como nossa capacidade de resolver os problemas por meio da negociação. LDR: Qual momento nestes anos de trabalho do sindicato mais te marcou? CN: Durante esses anos passsei por vários momentos marcantes, mas lembro em especial do dia em que dois pais de família me ligaram emocionados para dizer que o Sindicato não tinha noção de como o valor negociado para o auxílio exepcional iria melhorar a qualidade de vida dos filhos deles. Isso foi muito gratificante. Isso dá energia para continuar a nossa luta. Linha direta em revista

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Saúde

O sonho que pode virar pesadelo O desejo de ter um corpo perfeito leva muitas pessoas a usarem substâncias que, na verdade, põem a saúde em risco por Renata Moraes

Os emagrecedores e inibidores, por exemplo, diminuem o apetite e facilitam a perda de peso. Porém, podem viciar e causar reações adversas como depressão, irritabilidade, insônia e confusão mental. “A busca de um corpo esteticamente perfeito é o maior motivo para o exacerbado consumo de emagrecedores,” afirma a nutricionista Alane Nicacio Pereira.

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procura de uma solução rápida e fácil para a perda de peso leva principalmente as mulheres a fazer uso de medicamentos para emagrecer. Os homens também não estão medindo esforços para ter corpos sarados e musculosos. Para isso ingerem suplementos alimentares, vitaminas e até mesmo anabolizantes, que aceleram o metabolismo e ajudam a alcançar os objetivos em um curto espaço de tempo. Tais medicamentos são controlados e somente os médicos podem prescrevê-los após avaliação cuidadosa da relação risco-benefício para cada paciente especificamente. Além dos efeitos desejáveis, esses medicamentos podem causar dependência química e provocar sérios riscos à saúde.

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Só que nem sempre o uso destes remédios atinge as expectativas daqueles que querem perder peso rapidamente. “Assim que o paciente deixa de tomar o remédio, logo recupera os quilos perdidos e muitas vezes ganha mais peso do que tinha antes do tratamento”, explica Livânia Ruiz, também nutricionista.

Suplementos Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os suplementos são alimentos que servem para completar a falta de nutrientes da dieta diária de uma pessoa saudável. Eles não devem substituir os alimentos, apenas complementá-los. O uso é recomendado somente em casos de deficiência nutricional ou quando indicados por médicos ou nutricionistas.


Saúde Entretanto, alguns destes suplementos são utilizados para dar ganho muscular em pouco tempo e prometem melhorar o desempenho atlético ou alterar a composição corporal. O jovem Michel El Hindi, 27 anos, pratica boxe e musculação e faz uso de um conhecido suplemento. “Tomo após o treino, pois tem absorção rápida e ajuda no meu desenvolvimento muscular”. Ele ainda toma outra proteína, extraída da clara do ovo, para ganhar massa muscular e um termogênico para acelerar o metabolismo. O educador físico Jonas Macedo comenta que é possível notar quando os alunos estão fazendo uso dessas substâncias. “Eles têm mudança muito rápida no corpo, além do aumento da força”. De acordo com ele, os termogênicos aumentam a temperatura corporal e os batimentos cardíacos, o que dá mais disposição e energia para praticar atividades físicas. Mas, por outro lado, o uso abusivo

destas substâncias pode causar efeitos devastadores como sobrecarga hepática, queda de cabelo, impotência sexual, insônia, desequilíbrio hormonal e hipertrofia muscular. A nutricionista Alane Nicacio também alerta que todo excesso é prejudicial. “Os suplementos não devem ser ingeridos além da dose recomendada, pois podem prejudicar o fígado e o rim”. Entre outros efeitos colaterais possíveis estão ganho de peso e intoxicações, desarranjos gastrointestinais e reações alérgicas. Alane Nicacio explica que para ingerir tais suplementos é preciso passar por uma avaliação para verificar se realmente há necessidade de utilizá-los.

Anabolizantes Já os anabolizantes são outro tipo de substância procurada por quem deseja aumentar a massa muscular em pouco tempo. Eles são feitos à base de hormônios e indicados para o tratamento de algumas doenças. O uso estético, por sua vez, não é feito por indicação médica e ainda acarreta problemas à saúde. Podem ocorrer aumento da próstata, desenvolvimento das mamas nos homens, diminuição da capacidade sexual, esterilidade, hiper-

"A busca de um corpo esteticamente perfeito é o maior motivo para o exacerbado consumo de emagrecedores" trofia clitoriana nas mulheres, queda de cabelo e aumento dos pelos em partes incomuns. A falta de informação e a vontade doentia de conquistar músculos fazem com que algumas pessoas consumam até anabolizantes de uso veterinário, mas em seres humanos eles podem ocasionar o desenvolvimento de diversos tipos de câncer, impotência sexual e infarto. No lugar de ingerir substâncias como suplementos e anabolizantes, a educadora física Elida Lopes recomenda apenas a realização de atividade física pelo menos três vezes por semana. Ela enfatiza que os exercícios aeróbicos combinados com o treinamento da musculação consequentemente levarão ao aumento da massa muscular, o que ajuda a acelerar o metabolismo e a queima de calorias. Linha direta em revista

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Sindical

Caminho para as conquistas Sindicatos de Telecom filiados à Fenattel se unem nacionalmente para as reivindicações no setor de teleatendimento por Emilio Franco Jr.

Almir Munhoz, presidente do Sintetel e da Fenattel, apresenta as reivindicações da categoria.

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ressão por metas, estresse constante vindo de supervisores e clientes, proibição de pausas no trabalho, assédio moral, vale refeição insuficiente. A lista prossegue e revela o cenário nas empresas de teleatendimento. O setor ainda se estrutura. Há poucos anos, era pior. Nada do Anexo II da NR-17 – norma que estabelece condições mínimas para a atividade dos teleoperadores – e muito menos a existência do atual vale refeição. Aos sindicatos, coube a árdua tarefa de enfrentar as empresas contra a precarização da função e organizar os trabalhadores como uma classe unida. Os resultados não aparecem do dia para a noite, mas a bata10

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lha é travada sem parar. É por isso que a Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações), entidade à qual o Sintetel é filiado, avança na definição de metas para o setor. No final de setembro, um Seminário dedicado ao setor reuniu sindicatos de diversos estados do País. O objetivo principal foi o de traçar uma luta conjunta, por meio de uma estratégia política para diminuir o jogo desleal praticado pelas empresas. Isso porque com as diferenças em salários e benefícios nas diversas regiões do Brasil, as entidades trabalhistas ficam reféns de ameaças como a mudança das empresas de local quando os dirigentes endurecem o discurso nas negociações. Sobra o

peso de pensar nas melhores condições de trabalho possíveis sem a ameaça de perdas de emprego no Estado. Com a unificação da negociação, a bandeira principal da Fenattel no momento passará a ser a luta por salários e benefícios idênticos nos quatro cantos do país. Assim, os sindicatos ganham poder frente às empresas, que não terão mais como fugir. Como se vê, a batalha é lenta, mas a organização atual dos sindicatos de telecomunicações do Brasil caminha para importantes conquistas no médio prazo. “As empresas fogem da Convenção Coletiva Nacional porque quando os estados tiverem condições iguais, elas não terão para onde correr”, explicou Almir Munhoz, presidente da Fenat-


Sindical tel e do Sintetel, na abertura do evento realizado em São Paulo. Ele ainda disse que se não for possível começar imediatamente a firmar acordos nacionais, a ideia é iniciar por documentos regionais (sul, sudeste, centro-oeste, norte e nordeste). O Seminário Nacional de Teleatendimento debateu durante três dias os grandes problemas do setor para preparar um documento com as atuais condições de trabalho e as respectivas reivindicações da categoria. O texto foi entregue ao sindicato patronal que representa as empresas. “Tentamos ao máximo equilibrar as principais cláusulas em todo o Brasil”, explica Almir. Ele acrescentou que em casos de particularidades regionais, tais questões serão definidas de forma autônoma pelos respectivos Sindicatos.

Subseção do Dieese na Fenattel Ainda nesse processo de aumentar a força de reivindicações dos Sindicatos, a Federação inaugurou em sua

Vivien Mello Suruagy, presidente do sindicato patronal, assina documento formalizado pelos sindicatos.

sede, também na capital paulista, uma subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Assim, o setor de telecomunicações passa a contar com as pesquisas e os levantamentos feitos especialmente pela técnica Renata Filgueiras. Durante o Seminário, Renata trouxe dados sobre o teleatendimento e mostrou as principais deficiências da área. A taxa de rotatividade dos empregados, por exemplo, é muito alta: 63,6%. Mais de 50% dos desligamentos ocorrem por vontade dos funcionários. “Isso é resultado das condições praticadas nas empresas”, alertou. É por constatações como essa que o Sintetel e a Fenattel dedicam cada vez mais atenção ao tema. O processo de negociação e as estratégias de luta vêm sendo gradativamente ampliados. A criação desta subseção dentro da Federação, por exemplo, é o sinal mais claro da atenção crescente dos sindicatos em relação ao teleatendimento.

A técnica do Dieese Renata Filgueiras expõe o panorama atual do setor.

O estudo encomendado pela Federação mostra que a maioria dos trabalhadores do setor está em São Paulo, é do sexo feminino, tem entre 18 e 29 anos e ensino médio completo. De

2010 para cá, houve crescimento deste mercado. Uma das lutas, agora, é a regulamentação da profissão, projeto que tramita no Congresso Nacional.

Renúncia de impostos Outra questão relevante é a desoneração tributária anunciada pelo governo. As empresas de teleatendimento entraram no Plano Brasil Maior, que substituiu a contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento pela contribuição de 2% sobre o faturamento bruto. Pelos cálculos do Dieese, isso representa uma renúncia anual por parte do governo de R$ 312 milhões só no setor de teleatendimento. Se as condições melhoram para quem contrata, devem melhorar também para os contratados. Por isso, toda e qualquer medida que beneficie o setor empresarial será acompanhada de perto pela Federação, que cobrará as contrapartidas nas negociações deste e dos próximos anos. O Sintetel, aliado a esse projeto, continuará a luta contra a precarização no teleatendimento em todo o Estado de São Paulo. As empresas serão cobradas com firmeza para que forneçam condições adequadas de trabalho. Linha direta em revista

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Tecnologia

Amigo em plataforma digital Os sistemas operacionais móveis, similares aos de computadores, proporcionam desde entretenimento até facilidades na vida do usuário por Renata Sueiro

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telefonia móvel começou a se estruturar em meados dos anos 70. Gerações nascidas até a década de 80 acompanharam de perto a evolução dos aperelhos celulares. O primeiro foi comercializado pela Motorola. Era um “tijolão” desenvolvido para carros que pesava um quilo e media 30 centímetros – mal se podia imaginar que anos depois, o celular seria símbolo da evolução tecnológica, comunicacional e midiática. Em pouco tempo os aparelhos ganharam mobilidade, câmera fotográfica, sistemas de mensagem - e 12

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acesso à internet. Com os avanços surgiu uma nova modalidade de aparelhos, os smartphones – telefones inteligentes – que agregam funções de computadores por meio de sistemas operacionais como os aplicativos móveis, ou Apps Mobile. Leo Xavier, fundador e CEO da Pontomobi – principal grupo de mobile marketing e publicidade da América Latina – recorda que os aplicativos já existiam antes. “Os Apps são programas que faziam parte do cotidiano em caixas eletrônicos, computadores, em carros e que agora estão presentes em smartphones e Tablets”, afirma.

Apesar de não ser novidade, a massificação dos Apps só começou a partir do ingresso da Apple no mercado de telefonia móvel. Lançada em 2007 por Steve Jobs, a plataforma iPhone trouxe um sistema operacional inovador. O sistema iOS – exclusivo dos celulares e tablets da empresa – proporcionou para os usuários maior interatividade. Além disso, a empresa criou o canal iTunes para distribuição dos próprios aplicativos. “O iPhone desencadeou a rápida evolução da tecnologia mobile no mundo inteiro”, enfatiza Leo Xavier.


Tecnologia A partir daí, outras empresas do setor como Microsoft, Nokia e Samsumg viram a necessidade de avançar seus sistemas operacionais e passaram a seguir um modelo similiar ao da Apple. Hoje existem várias lojas virtuais de aplicativos. Para ter acesso, basta ter um smatphone e baixar os Apps Mobile à disposição em sites como a App Store e o Google Play. Para Karina Biju, de 24 anos, a tecnologia tornou-se essencial na comunicação diária. “O fato de trocar mensagens, fotos e vídeos gratuitamente só foi possível pela inserção destes aplicativos específicos”, declara. Com o iPhone sempre na palma da mão, Anna Clara Tagliaferro Gonçales, 21 anos, encontrou na tecnologia uma forma de manter contato com amigos distantes de maneira discreta e econômica. “Durante uma reunião é impossível atender uma ligação. Os aplicativos dão a possibilidade de se comunicar de maneira prática sem chamar a atenção e sem gastar quase nada”, defende. “No entanto, como não desgrudo do celular, dizem que estou um pouco antissocial”, afirma. Salvador Carrillo, CEO da Mobile Dreams Factory Madrid – uma das principais agências de marketing móvel do mundo -, afirma que a tecnologia mobile está transformando as relações interpessoais. “Quem não quiser se adaptar, vai ter problemas”, ressalta. Com tantos aplicativos à disposição fica difícil escolher um para baixar. É bom saber que os Apps

Salvador Carillo da Mobile Dreams Factory Madri, Leo Xavier da Ponto Mobi e Richard Chaves da Microsoft Brasil

Mobile são divididos em dois grupos, os matadores de tempo – time killer – e os poupadores de tempo – time saver. Os matadores de tempo são os aplicativos de jogos como Angry Birds, utilizados para entretenimento. Dentro desse grupo também estão o Instagram, dispositivo de efeitos para câmera móvel que se tornou fenômeno no mundo inteiro, e o Shazam, que serve para descobrir o nome da música que está tocando. Em outra vertente estão os poupadores de tempo, sistemas de serviços de utilidades que facilitam a vida dos usuários, como a “Calculadora do Cidadão”, criada pelo Banco Central para, entre outras coisas, calcular o rendimento de aplicações com depósitos regulares. “Antes a materialização de uma empresa estava na abertura de um página na internet, atualmente, os aplicativos cumprem esse papel”, afirma Léo Xavier. Outro exemplo é o “Conta de Bar”, aplicativo que permite cadastrar bares, controlar o consumo da mesa e dividir a conta conforme o número de pessoas. Aplicativos para bus-

car táxi, reservar restaurante e pagar contas via celular também são serviços de utilidades.

WhatsApp X SMS Um dos aplicativos populares mais baixados é o WhatsApp. O sistema foi criado para dinamizar a comunicação por meio de mensagens instantâneas e proporcionar conversas individuais ou com diversas pessoas ao mesmo tempo. Alessandro Granado, 24 anos, usa o WhatsApp o tempo todo e diz que o aplicativo poupa seu tempo e dinheiro. “Ele facilita a interação com meus amigos, por meio dele posso conversar e me conectar com tudo e todos mesmo estando sozinho”, declara. Salvador Carrillo acredita que o WhatsApp “matou o SMS (serviço de mensagens)”. “As operadoras lucravam muito com mensagens, hoje as pessoas estão utilizando cada vez mais o WhatsApp”, afirma. Para Leo Xavier, o mercado de aplicativos móveis tende a crescer nos próximos anos. “O que temos para o futuro é uma tecnologia que permitirá a interconectividade entre diversas plataformas”, declara. “Isso vai acontecer muito em breve”. Linha direta em revista

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Aposentados

Nascido na cidad Paulo Emilio Lamounier de Vilhena tem sua história mesclada com o desenvolvimento das telecomunicações na nostálgica São Paulo das décadas de 40 e 50 por Marco Tirelli

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atural de Minas Gerais, Paulo Emilio Lamounier de Vilhena nasceu em 29 de abril de 1928, no município de Jesuânia - que significa cidade de Jesus. Paulo Emilio é o quarto filho de uma família de seis irmãos, sendo três homens e três mulheres. Aos 13 anos, saiu de Jesuânia e foi estudar em São Paulo. Com 16 anos, foi o primeiro colocado no concurso do departamento de Correios e Telégrafos. “Ganhava um ótimo salário para a época, 300 mil réis por mês", conta. Em 1945, foi transferido para Guaxupé, onde serviu no Tiro de Guerra, mas sem deixar de trabalhar. “Quando terminei o serviço militar, licenciei-me dos Correios e decidi vir para São Paulo, pois tinha uma melhor perspectiva profissional”, relembra. Era maio de 1947. Após o desembarque na Terra da Garoa, Vilhena foi morar numa pensão, no bairro do Cam14

Linha direta em revista

buci. Lá, encontrou um senhor de origem portuguesa que o aconselhou a procurar emprego na Companhia Telefônica Brasileira.

A vida na CTB Em 21 de maio de 1947, Paulo Emílio compareceu a CTB, na Rua Sete

de Abril. “Entrei no elevador que parecia um avião, era um dos mais rápidos da cidade”, destaca. Paulo conta que foi encaminhado ao chefe do escritório, Frederico K. Souza, que aplicou uma prova na qual ele deveria escrever uma carta solicitando emprego e resolver quatro questões de arit-


Aposentados

e de Jesus

Em 1948, a equipe rumou para Bauru, viagem que levava dois dias de São Paulo. "Íamos em caminhões cortando as cidades, pois a única estrada asfaltada era a Via Anchieta”, acrescenta. Paulo conta que o ramal de fios que vinha de Bauru passava por Pederneiras e ia para Jaú, cruzando o rio Tietê numa largura de cerca de 320 metros. “Os postes nas extremidades eram enormes para aguentar o peso dos fios”, relembra. Concluído o trabalho de ampliação da rede, voltou para São Paulo.

De volta à capital No regresso, Paulo foi trabalhar na contabilidade do almoxarifado, onde ficou por quase três anos. Após esse período, candidatou-se à vaga de Encarregado de Instalação, Manutenção e Construção, cargo que ocupou de 1952 a 1959. No mesmo ano, foi promovido a Encarregado Geral, o que equivalia a Chefe de Setor. “Trabalhei na Rua Garibaldi, no Bom Retiro, e depois na Rua Almirante Brasil”, recorda.

Naquela época existiam cerca de 150 mil telefones na capital paulista

mética. “Acertei todas as questões e saí de lá admitido”, orgulha-se. Da Sete de Abril, Paulo foi designado, no mesmo dia, a se juntar com a turma que trabalhava na ampliação da rede interurbana São Paulo-Santos, no bairro do Sacomã, no Ipiranga. Na-

quela época existiam cerca de 150 mil telefones na capital Paulista. Após 20 dias, Paulo foi escalado para trabalhar como Conferente em diversas cidades do interior. “Minha função era assinalar o ponto diário dos funcionários, fazer a relação de despesas e cuidar da parte burocrática”, explica.

Casamento e família Paulo Emílio casou-se com dona Cândida em 5 de julho de 1952. Conheceram-se num domingo de Carnaval, na matinê do clube Piratininga. “Eu dançava quando vi uma loirinha e logo me interessei”, diverte-se. “Quando terminou o Linha direta em revista

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Aposentados mel em Aparecida do Norte”, relembra Cândida. O casal constituiu uma grande família: cinco filhos, 15 netos e sete bisnetos.

Episódios pitorescos “A CTB possuía um cabo subterrâneo que ligava São Paulo a Santos. Fazíamos a manutenção até o alto da Serra. De lá para baixo, era o pessoal de Santos que era responsável. Certa vez, surgiu um defeito no cabo às margens da Represa Billings. Fomos lá e tiramos o defeito. Já nos preparávamos para retornar à base por volta das 17h. Ao tentar sair com o velho caminhão Ford, o veículo não saía do lugar. Escurecia e nossa comida havia acabado. O telefone mais próximo ficava em Rio Grande da Serra. Chamei mais dois funcionários e lá fomos nós na caminhada noite adentro por quase sete quilômetros, tiritando de frio e quase morrendo de fome. Conseguimos avisar a chefia e o socorro chegou às 23h. De volta à base, no bairro do Sacomã, paramos num bar que estava aberto e mandei fazer sanduíche para todo mundo, abrimos umas cervejas e tomamos café. Era 1h da manhã. Telefonei para meu chefe, contei a história e decretei folga para toda a turma naquele dia".

baile, Paulo me levou até perto da minha casa e ficamos sem contato por quase um ano, pois minhas tias eram muito rígidas", conta a esposa, Cândida Vilhena. Certo dia, após receber um telefonema que ninguém sabe até hoje quem fez, Paulo foi até o Largo da 16

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Concórdia e encontrou-se com a mesma loirinha que havia conhecido no baile. Entretanto, dona Cândida não tinha telefone. Ela acredita que foi transmissão de pensamento movido pelo amor. Após este dia, o casal nunca mais se separou e completou, em 2012, 60 anos de união. “Fomos passar a lua de

O Sintetel Vilhena, sócio 4498 desde 1º de julho de 1949, lembra que o Sindicato era dirigido por Mario Mello Gonçalves e todos achavam que ele era muito ligado à empresa. "Eu apoiava o engenheiro Delmiro Iglesias e o Ataulfo Velasques, que divergiam de algumas posições do Mario Mello. Posteriormente, ambos vieram a presidir a entidade. “Quando elegemos o Delmiro, o Sindicato organizou uma urna itinerante que fez o trajeto de São Paulo a Bananal para coletar votos. O Arnaldo Felisbino, o Paulo Almada, o motorista e eu acompanhamos esta urna. Viajamos no carro mais badalado da época, o Studebaker”, salienta Paulo Vilhena.

Aposentadoria Em 31 de dezembro de 1985, no cargo de Chefe de Seção de Construção Leste, Paulo encerrou seu ciclo na empresa. “Depois de aposentado ainda trabalhei para empreiteiras e minha última atividade foi para a Telemig”, destaca. Em 2000, Paulo pendurou as chuteiras definitivamente. “Hoje fico em casa, ajudo minha esposa e viajo para Minas, onde tenho uma casinha no município de Lambari", conclui.


Social

Um projeto transformador

Gol da Conquista, desenvolvido pelo ex-jogador de futebol Sandro Gaúcho e apoiado pelo Sintetel, leva esperança a jovens e crianças da periferia por Renata Moraes

S

anto André, Parque Erasmo Assunção. Nas manhãs de sábado, em um campinho de terra, dezenas de garotos correm atrás da bola e de um sonho: tornar-se jogador profissional de futebol, assim como o professor Sandro Gaúcho foi um dia.

Grande ídolo do Esporte Clube Santo André, o ex-jogador comanda a garotada do projeto social Gol da Conquista. O trabalho começou em maio de 2011, com o apoio da Igreja Plenitude Cristã. Na época, Sandro procurava um campo adequado e, por indicação de conheci-

dos, chegou até o clube da Associação Atlética Náutico, localizado na região periférica de Santo André. “Eu tinha no coração um desejo de fazer um trabalho social alinhado com a minha aposentadoria no futebol”, conta Sandro. O Gol da Conquista usa o esporte e a cultura para Linha direta em revista

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Social afastar crianças e jovens das ruas, das drogas e da criminalidade. Sandro afirma que o grande objetivo do projeto é proporcionar a todos um futuro melhor, dentro ou fora dos gramados. “Alguns podem alcançar os seus sonhos de serem grandes jogadores, outros podem ser grandes médicos, professores ou advogados”, entusiasma-se Sandro.

Gaúcho de nascimento e andreense de coração Nascido no Rio Grande do Sul, na cidade de Bagé, Sandro Gaúcho se tornou um dos maiores ídolos do Santo André e escolheu essa cidade para morar com a família. Em suas três passagens pelo time marcou 58 gols. Sandro ganhou notoriedade na conquista inédita do título da Copa do Brasil em 2004, quando o Santo André venceu o favorito Flamengo por 2 a 0 em pleno Maracanã, com o primeiro gol feito por ele. O craque também foi um dos responsáveis pela volta do Santo André à primeira divisão do Campeonato Paulista, quando sofreu o pênalti na última rodada, no último minuto, contra o Ituano, em 2001, na Série A2. O jogador também comandou o time B do Santo André em 2008. Sandro iniciou sua carreira no Internacional de Porto Alegre e teve passagens também pelo Sport Recife e pelo Paysandu.

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A base deste projeto é a escolinha de futebol, que atende aproximadamente 180 crianças e jovens, de 5 a 18 anos. Frequentar a escola é o principal critério para participar. Os coordenadores acompanham de perto o desenvolvimento escolar da garotada. Para o diretor do Clube, Sérgio Antônio Perseguetti, a parceria deu certo. “Recebemos a ideia e vimos que era algo bom, de cunho social e sem fins lucrativos que visava principalmente afastar as crianças da violência e das drogas”.

Os sonhos Bruno Souza de Carvalho tem 17 anos e participa do Gol da Conquista desde o início. Ele joga futebol desde pequeno e sonha em ser profissional. “Consegui participar de peneiras em alguns clubes da região, isso para mim é muito importante, já é uma oportunidade”, relata com suor no rosto e respiração ofegante de quem acabou de sair do jogo. Enquanto não veste a camisa de um grande clube, o jovem corintiano treina bastante, mas sem se esquecer dos estudos. Aos finais de semana, também trabalha como garçom em um buffet.

Atuando na posição de volante, Bruno tem como ídolos o jogador inglês David Beckham e os brasileiros Paulinho e Ralf. Para o garoto, o segredo para alcançar o sucesso como jogador é ter fé em Deus, foco e determinação, além de disciplina nos treinos, nos estudos e na vida.

O Projeto O Gol da Conquista já é reconhecido por sua contribuição ao desenvolvimento social da comunidade. O projeto não visa apenas o futebol e também oferece às crianças e às suas famílias apoio social, cultural e psicológico. Para as mulheres, são oferecidas aulas de artesanato, nas quais aprendem a fazer bordados, pedrarias e bijuterias. Elas vendem os produtos como forma de completar a renda mensal. “Temos aqui histórias de mulheres que se curaram de depressão depois que começaram a participar das aulas”, conta Regina Aparecida Silva, que faz parte da equipe de coordenação do projeto. Também há espaço para aulas de dança. Cerca de 30 meninas e meninos participam dessa atividade.

As dificuldades Entretanto, nem tudo são flores por lá. Devido à falta de incentivos e parcerias, as aulas de informática e inglês estão suspensas. Outro problema é a escassez de voluntários e equipamentos. Tudo isso impede que o projeto atenda muito mais jovens e crianças, mas, em um futuro próximo, a coordenação pretende retomar estas ati-


Social

Crianças e jovens buscam o sonho de atuar em um grande time.

vidades junto com as aulas de reforço escolar. O projeto não recebe apoio financeiro nem do Estado, nem da Prefeitura. Atualmente, sobrevive das doações de empresas, políticos e de pessoas da sociedade civil. “Nosso desejo é que o Gol da Conquista cresça e que tenhamos parceiros fixos para que seja possível atender a um número maior de crianças”, conta Sandro Gaúcho.

Além disso, o campo de futebol necessita de melhorias, pois grande parte do terreno é de barro e, quando chove, as crianças ficam impedidas de jogar. É preciso também cercar o campo com alambrados, investir em uniformes, bolas e materiais. Tudo isso precisa de ajuda financeira. Através das parcerias obtidas pelo Sintetel, foi possível viabilizar doações de uniformes esportivos e co-

letes para treinamentos. Também foram cedidos os computadores para a montagem do centro de informática. “O Sindicato procura fazer da responsabilidade social uma ação sindical”, declara Mauro Cava de Britto, diretor regional do ABC. Independente dos desafios, Sandro se mostra parcialmente realizado. “O Gol da Conquista era um sonho de Deus”. Linha direta em revista

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Capa

A convincente vitória da Unidade na Luta Chapa encabeçada por Almir Munhoz vence as eleições do Sintetel e solidifica um projeto em defesa dos trabalhadores em telecomunicações por Emilio Franco Jr. com colaboração Marco Tirelli

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E

ra como mais uma noite tipicamente paulistana. O calendário marcava 11 de outubro, véspera de feriado. Com a garoa que insistia em cair ininterruptamente do céu, o morador da capital sofria com os famosos engarrafamentos. Motoristas estressados, trovões e muitas buzinas soando juntas atormentavam os que passavam pela Rua

Bento Freitas, no centro da Capital. Mas quem ouvia essa barulheira toda, volta e meia escutava, também, fortes gritos de alegria. O curioso é que não se tratava apenas de uma voz, mas várias que, juntas, pareciam comemorar gols do Brasil na Copa do Mundo. Não era o caso. Ainda falta pouco mais de um ano para o País receber este gran-


Capa de evento. Com atenção, via-se que aquele som de alegria saia do número 64, exatamente o local em que há décadas funciona a casa dos trabalhadores em telecomunicações. Era momento de apuração. Nos dois dias anteriores e também durante aquela tarde, a categoria havia ido às urnas em todo o Estado escolher a diretoria para o próximo mandato. Por quatro horas daquela noite, os integrantes da única chapa inscrita, a Unidade na Luta, acompanharam, como num estádio de futebol, a abertura dos envelopes com os votos dos associados. A cada parcial anunciada, vinha a comemoração com o desejo expresso nas cédulas de reconduzir o grupo liderado por Almir Munhoz à presidência da entidade. Cada envelope era aberto e computado por uma comissão eleitoral independente, baseada no salão do Sintetel. Metade do espaço era ocupado pelos apuradores e a outra pelos integrantes e simpatizantes da chapa Unidade na Luta, todos vestidos com camiseta azul clara com estampa em referência ao grupo. Nas cadeiras dispostas sem uma ordem lógica pelo amplo espaço, misturavam-se a experiência e a juventude. Mas ali, em meio a tantos, dois rostos chamavam a atenção. Os olha-

Pela primeira vez, duas mulheres foram eleitas para a diretoria executiva

Almir Munhoz vota na sede do Sindicato, em São Paulo.

José Carlos Guicho demonstra confiança durante eleição.

res de duas mulheres transmitiam empolgação e noção de responsabilidade com os cargos para os quais estavam sendo eleitas naquele momento. Sentadas quase lado a lado, Cristiane do Nascimento e Aurea Barrence entravam, aos poucos, para a história do Sindicato. Pela primeira vez, duas mulheres

eram escolhidas para a diretoria executiva. Mais do que isso: Cristiane levaria o toque feminino para a vice-presidência. Elas não esconderam o sorriso quando, já próximo das dez horas da noite, o apurador Herbert Passos Filho, presidente do Sindicato dos Químicos da Baixada Santista, anunciou oficialmente a eleição da Linha direta em revista

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Capa Chapa Unidade na Luta. Os números não deixaram dúvidas. Os trabalhadores em telecomunicações aprovaram o projeto apresentado pelo presidente Almir Munhoz e por sua diretoria para os anos de 2013 a 2017. Dos eleitores aptos, 79,7% compareceram às urnas. Com o quórum garantido, o resultado final foi anunciado: 88,5% dos votos foram para a Chapa Unidade na Luta, e apenas 11,5% foram brancos e nulos. Ancorado pelo resultado expressivo, Almir Munhoz demonstrou alegria e comemorou ao lado do diretor financeiro José Carlos Guicho.

Quase 90% dos votos foram para a Chapa 1.

Com a vitória, Cristiane do Nascimento tornou-se a primeira vice-presidente.

"Durante este processo de votação identificamos problemas que certamente serão corrigidos nos próximos quatro anos" Com o processo eleitoral finalizado, a gritaria dominava o salão. Era mesmo como se Neymar, em um toque de brilhantismo digno dos grandes craques, tivesse levado o Brasil ao título mundial. Em poucos minutos, o clima era de festa, mas Almir tratou de, rapidamente, relembrar o significado daquela eleição. Com a chuva ininterrupta que castigava o centro de São Paulo e com a vitória incontestável da Chapa 1, o presidente reeleito proferiu um sereno discurso que traduziu toda a preocupação com o futuro da entidade. “Durante este processo de votação identificamos problemas que certamente serão corrigidos nestes próximos anos”, 22

Linha direta em revista

Integrantes e simpatizantes da Chapa 1 celebram anúncio do resultado.

Comissão eleitoral levou quatro horas para contabilizar os votos.


Capa

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Conheça as propostas centrais da nova diretoria - Aperfeiçoar o trabalho de base e intensificar as mobilizações: o objetivo é ampliar a presença nos locais de trabalho para esclarecer e mobilizar os trabalhadores, em especial nas Campanhas Salariais e os descumprimentos de acordos, etc. - Aprimorar o trabalho desenvolvido pela atual gestão: a bandeira de luta é garantir e preservar os direitos e conquistas dos trabalhadores em telecomunicações em todos os segmentos. - Fortalecer e coordenar as negociações coletivas nacionais: a luta é a mesma em todos os Estados. Por isso, a intenção é fortalecer as comissões nacionais de negociação, uma vez que os patrões são os mesmos. - Manutenção, ampliação e abertura de novos convênios: o Sintetel tem milhares de parcerias com entidades públicas e privadas que beneficiam os associados. - Lançamento de ampla e permanente campanha de fortalecimento do Sintetel: o objetivo é sindicalizar milhares de novos associados e chegar ao final do próximo mandato com 35% de trabalhadores da categoria filiados. - Fortalecimento das subsedes: equipar com material e desenvolver as atividades das regionais. - Participação efetiva dos aposentados: fortalecer o departamento, agora sob o comando do ex-presidente Osvaldo Rossato. - Equiparação de benefícios: a intenção é lutar pela igualdade de direitos e benefícios entre todos os trabalhadores. - Ampliação dos departamentos do Sintetel: jurídico, saúde e segurança, colônias, imprensa, CCP, homologações com assistência ao trabalhador, negociações coletivas, OSLT e escola profissionalizante. - Lutar pela dignidade dos teleoperadores: Esse segmento precisa de respeito. O desafio é a aplicação completa do Anexo II da NR-17 e o reconhecimento da profissão pela Câmara dos Deputados. - 100% de Convenções Coletivas nacionais nas empresas: isso aumenta o poder de luta dos sindicatos. - Organizar os trabalhadores do setor que ainda estão isolados e desorganizados: São mais de 20 mil empresas em São Paulo e o objetivo é buscar cada trabalhador para fazer valer as conquistas do Sintetel.

disse para uma plateia atenta, dividida entre a euforia e a consciência do dever. “Vamos solucioná-los para facilitar a vida do trabalhador e servir de exemplo para o Brasil”. As palavras foram recebidas com entusiasmo. Cada voto saído anteriormente das urnas parecia renovar o senso de obrigação dos reconduzidos aos cargos, como Fábio de Oliveira, diretor social, mas também parecia servir de combustível aos que chegavam. Era o caso tanto da Aurea, feliz com seu jeito extrovertido de ser, como de José Clarismunde, o Zé do Paraíso. Em estilo muito mais contido, como é sua característica, celebrava sem alarde a chegada à diretoria executiva. Esses novatos, porém experientes com anos dedicados ao trabalho sindical, sabiam que a celebração tinha prazo de validade. Era aquele dia e pronto. Dali em diante, muito trabalho nessa fase de transição, até a posse oficial, em agosto de 2013. Gilberto Dourado, impedido de comparecer na apuração, completa a equipe de primeiro escalão. Ao término da apuração e com a Chapa Unidade na Luta eleita, ficou a certeza da continuidade de um árduo trabalho coroado pelas urnas. “Neste próximo quadriênio, podem contar que o Sindicato aprofundará e ampliará sua atuação junto aos trabalhadores da ativa sem nunca se esquecer dos aposentados”, concluiu Almir Munhoz, presidente do Sintetel, com satisfação por mais uma etapa concluída. Linha direta em revista

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Mulher

Rebeldes sem causa? Grupo feminista Femen ganhou visibilidade mundial com protestos sem roupa, mas recebe críticas no Brasil por Renata Sueiro

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ulheres na luta por direitos sociais existem há anos em todo o mundo. Assim como no episódio Bra-burning – quando 400 ativistas queimaram os sutiãs contra a exploração comercial de mulheres –, um grupo de jovens da Ucrânia vem chamando a atenção por realizar protestos de topless. Formado em 2008, o Femen é o primeiro movimento feminista ucraniano criado para protestar contra o turismo e a exploração sexual naquele país. Para ganhar visibilidade, elas resolveram tirar a roupa, deixar os seios à mostra e pintar o corpo com frases de impacto. O plano deu certo. Em pouco tempo, as moças sem sutiãs e com coroas 24

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de flores (utilizadas como símbolo de virgindade e valorização feminina) ganharam grande repercussão na mídia e militantes em diversos países, inclusive no Brasil. Sara Winter, 20, foi a primeira brasileira a se filiar ao grupo, no começo de 2012. A iniciação aconteceu durante a Eurocopa realizada em Kiev, capital ucraniana, em junho. Ao retornar ao Brasil, começou a protestar pela autonomia dos direitos reprodutivos e participou da Marcha das Vadias em diversas cidades. Para auxiliá-la, recrutou a paulistana Bruna Themis, que pouco tempo depois sairia do movimento alegando falta de propostas e clareza nos objetivos, mas a visi-

bilidade do Femen Brazil cresceu e Sara Winter foi convidada a participar de programas de televisão. No entanto, vários pontos conflitantes foram apontados por quem acompanha de perto a atuação do Femen Brazil. Para Priscilla Brito, cientista política e assessora do CFEMEA (Centro Feminista de Estudos e Assessoria), a estratégia do Femen surgiu com um propósito legal de mostrar que existe feminismo, porém o grupo peca na falta de conteúdo e nas incoerências no discurso. "Um dos problemas foi importar as ideias do grupo ucraniano sem levar em consideração as especificidades do nosso País", afirma. “Além disso, os discursos são vagos e muitas ve-


Mulher zes com afirmações que estão longe de serem consideradas lutas feministas", completa. Bia Cardoso, articuladora do movimento feminista brasileiro e coordenadora do Blogueiras Feministas, também aponta contradições do Femen quanto às manifestações a favor da liberdade sobre o próprio corpo e ao mesmo tempo contra a prostituição. A blogueira alerta que o feminismo brasileiro é plural e não impõe um modelo único. "Aqui a realidade é diferente. Existe lei de legalização das profissionais do sexo com direitos sociais, políticos e trabalhistas”, explica. A incoerência sobre prostituição também foi um dos principais motivos que levou Bruna Themis – segunda jovem a integrar o Femen Brazil –, a deixar o grupo. “Sou a favor do direito de escolha da mulher”, afirmou

Sara Winter monta cartaz para protesto do Femen Brazil.

ao falar sobre o tema durante entrevista para o site Opera Mundi.

Ativista fora d'água Em entrevista ao mesmo veículo, Sara Winter afirmou ter ido à Ucrânia sem ao menos saber o que era feminismo. "Eu caí na mídia de maneira muito inocente e dei muitas entrevistas sem conhecimento da causa. Talvez tenha sido burrice minha", confessou. Para a blogueira Bia Cardoso, o grupo ainda é muito cru. "Só gritar na rua não muda nada” defende. “Entendemos a maneira como os protestos são realizados, só não conseguimos delimitar quais são as propostas", explica. Priscilla Brito e Bia Cardoso dividem a mesma opinião: o Femen Brazil deveria se articular com outros grupos feministas para entender melhor a realidade brasileira. “Unir forças é sempre bom", ressalta Bia.

Feminismo e neofeminisno A corrente ideológica adotada pelo Femen se baseia no neofeminismo. O site oficial do movimento disponibiliza explicações sobre a nudez como ‘arma de guerra’ e sobre a abordagem agressiva durante os protestos. Para o grupo, o feminismo clássico é válido como teoria, mas agoniza quanto às ações práticas. Elas alegam que o neofeminismo é caracterizado pela forma inovadora de popularizar a informação usando a favor a nudez e a mídia. “Quanto mais exposições, mais pessoas receberão a mensagem”, explica o conteúdo do site assinado pela fundadora e líder do Femen, Inna Shevchenko.

Rose Marie Muraro, escritora e patrona do feminismo brasileiro.

Para a escritora e patrona do feminismo brasileiro, Rose Marie Muraro, de 82 anos, essas formas de protestos não são novidades."As mulheres tiram as roupas há 30, 40 anos. No Brasil é a primeira vez, mas isso não quer dizer que seja neofeminismo”, afirma. Autora de mais de 1.600 livros sobre o tema, a ativista não é contra o Femen, mas afirma que para provocar mudanças é preciso ter consistência nas ações. "Ganhar a mídia é fácil e ao mesmo tempo temporal”, sinaliza. “Meu propósito sempre foi escrever e assim consegui mudar a cabeça de gerações de mulheres que mudaram as demais gerações com a educação dos filhos", exemplifica. Rose se orgulha ao falar do feminismo brasileiro. “Quer fase melhor para nós? Temos a minha querida Dilma na presidência, a Gleise Hoffmann, minha aluna durante anos, como ministra da Casa Civil, além de outras amigas, como a Marta Suplicy”, comemora. “Estamos muito bem representadas e a partir de agora os processos seguem naturalmente seu curso de evolução social”, acredita. Linha direta em revista

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Política

Dominados pelo crack Com políticas distintas, autoridades paulistas e cariocas colhem resultados opostos no combate à droga por Emilio Franco Jr. com colaboração Marco Tirelli

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s zumbis são figuras tradicionais do imaginário popular. Durante anos, filmes e seriados centrados nesses seres meio humanos meio mortos foram sucessos de bilheteria e audiência. O fenômeno voltou com tudo recentemente. A série norte-americana The Walking Dead e as Zombie Walks, espécie de parada dos zumbis que levam milhares de jovens fantasiados às ruas, inclusive em São Paulo, são exemplos da força destes personagens. Mas antes fosse só na televisão, na tela grande e em manifestações populares. Idênticos a zumbis, mas totalmente humanos apesar de parecerem alheios à vida em sociedade, os usuários de crack são vítimas do fracasso da política de Estado de combate às drogas, mas, ao mesmo tempo, são vilões ao arrastarem regiões inteiras para o abismo. Caso maior deste descaso, a cracolândia de São Paulo foi alvo de uma desastrosa tentativa de intervenção do poder público estadual. Fora as acusações de que a operação de recolhimento de usuários na verdade serviria a interesses da especulação imobiliária, a realidade é que a ação denominada “Nova Luz” de nada adiantou. Os usuários apenas se locomoveram 26

Linha direta em revista

do antigo ponto, na Rua Helvetia, no centro, para ruas próximas. Hoje, os usuários não só voltaram para o antigo lugar como estão em todas as partes do centro velho da cidade. Segundo estudo divulgado em setembro de 2012 pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), resultante do 2º Levantamento de Álcool e Drogas, o Brasil é o maior mercado de crack do mundo e o segundo de cocaína. O país como um todo sofre os efeitos das drogas. Para combater os preocupantes dados levantados pela Unifesp e para acabar com os cenários que transformaram ruas de várias cidades em cenário de filme de terror, o governo federal lançou o programa

“Crack, é possível vencer”. Enquanto alguns estados aderiram à inciativa, outros prefeririam caminhos opostos no combate à droga. Mas, no caso de São Paulo, que não aderiu ao programa, a política adotada nada produziu, mesmo assim o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (PSD) não assumem o equívoco da jornada.

Rio de Janeiro x São Paulo A diferença entre a metodologia adotada pelos governos do Rio e de São Paulo tem produzido efeitos distintos. Na capital paulista, os usuários se espalharam para novos locais e a cidade, que antes tinha uma grande cracolância, passou a ter várias filiais de uso da droga a céu aberto. É re-


Política

O primeiro erro apontado por diversos especialistas à época da operação foi a política de enfrentamento adotada pela Polícia Militar. Os usuários eram expulsos sem o devido acompanhamento de assistentes sociais, responsáveis por convencer os viciados a aceitar ajuda do poder público no tratamento. A intervenção, na realidade, começou antes mesmo do centro de reabilitação da prefeitura estar finalizado.

Crédito: R7

lativamente simples encontrar pelos espaços públicos esses verdadeiros zumbis, vítimas da droga.

Em São Paulo, projeto Nova Luz tentou acabar com a cracolândia por meio da força policial.

Além disso, mesmo com a ação desses agentes, a tarefa é complicada. A internação compulsória, aquela sem a anuência do usuário, é vetada em São Paulo e, mesmo com as intervenções, é questão de tempo para os mesmos dependentes voltarem aos mesmos lugares. Com a adoção de outra política, governo e prefeitura do Rio de Janeiro resolveram intensificar as ações. Por lá, tornou-se comum os agentes de saúde abordarem os dependentes. É verdade que vários ainda voltam às ruas, sem a menor perspectiva de recuperação. Por causa deste cenário, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) defende a submissão dos viciados a tratamento mesmo contra a vontade. Com a ocupação de favelas por meio das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), muitos dependentes passaram a se concentrar próximos à Avenida Brasil, formando uma espécie de grande cracolância carioca. Em menos de um ano, foram vinte operações nesta região da cidade. Como

No Rio de Janeiro, o governo adotou política assistencialista e rigorosa no confronto às drogas.

complemento à política de abordagem por meio de especialistas, e não pela força policial como em São Paulo, e pela possibilidade de internação compulsória, o Rio, com auxílio do “Crack, é possível vencer”, inaugurará seis novos Centros de Atenção Psicossocial e ampliará a capacidade de atendimento das atuais oito unidades. Além disso, serão construídos 27 novos consultórios de Rua, 57 unidades de acolhimento adulto e 20 para crianças e adolescentes. O acordo prevê ainda a destinação de R$ 240 milhões da União para o Estado até 2014 como forma de aumentar a prevenção, a oferta de tratamento e de enfrentar o tráfico. O

deputado federal Protógenes Queiroz propôs que o Tribunal de Contas da União (TCU) realize auditoria do Plano de Enfrentamento ao Crack especialmente nas atividades relacionadas à segurança pública. Para ele, a melhor maneira de erradicar o uso do crack é descobrir as ilegalidades e saná-las para que o dinheiro público seja bem aplicado. O projeto lançado pela presidenta Dilma Rousseff há um ano disponibilizará R$ 4 bilhões até 2014 para combater o crack em todo o Brasil. Até agora, poucos estados firmaram acordo com o governo federal. São Paulo errou na primeira investida e parece querer persistir no erro. Linha direta em revista

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Aconteceu

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3 1 - Almir Munhoz recebe homenagem oferecida ao Sintetel pela Câmara Municipal de Bauru no Seminário da região. 2 - Cuidados com a saúde marcam os Seminários e foi isso que aconteceu no evento de Campinas. 3 - Encontro de Caraguatatuba chega a 14ª edição em 2012.

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4 - Germar Pereira da Silva se despede do cargo de diretor de aposentados em dança com a esposa durante Encontro de Caraguatatuba. 5 - Antigos companheiros de trabalho se encontram na chegada do Seminário de Aposentados do ABC. 6 - Almoço marca o início das festividades vespertinas no Seminário da Baixada Santista.


Aconteceu

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12 7 - José Carlos Guicho, diretor de relações sindicais da Fenattel, e Antônio Carlos Valente, presidente da Febratel e do Sinditelebrasil, assinam protocolo de conduta do Plano Setorial de Qualificação Profissional (PlanSeq). 8 - Associados aprovam as finanças do Sintetel durante assembleia anual de prestação de contas. 9 - Aposentados assistem à palestra durante comemoração de aniversário do Centro de Convívio dos Aposentados Sintetel. 10 - Jovens da categoria lotam evento comemorativo pelo Dia do Teleoperador. 11 - DJ’s e bandas ao vivo animaram a tarde de festa dos teleoperadores. 12 - Participantes deixam o local rumo aos ônibus fretados na saída do evento. Linha direta em revista

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Cultura

Sintetel 70 anos, A História Contada Este é o título do livro que narra a trajetória da entidade por meio de depoimentos, relatos e entrevistas por Marco Tirelli

"T

ínhamos de transformar o legado dos 70 anos do Sintetel em algo concreto, palpável e que ficasse registrado para sempre”. A frase proferida por Almir Munhoz, presidente do Sindicato, resume o motivo pelo qual a direção da entidade decidiu editar um livro para deixar documentadas as primeiras sete décadas da história do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo. 30

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São 144 páginas de registros, relatos, entrevistas e fotos com pessoas que participaram da construção e da trajetória da entidade. Organizado pelo escritor e assessor sindical Paulo dos Santos Rodrigues, o livro contou ainda com a coordenação de Carolina Ruy, representante da parceria com o Centro de Memória Sindical e com a Secretaria de Cultura e Memória da Força Sindical. Muitos profissionais participaram da

confecção da obra. Além do coordenador geral, o livro contou com editores, jornalistas e colaboradores que garimparam as informações. Foram pesquisados antigas entrevistas, textos, publicações e milhares de fotos já esquecidas nos arquivos do Sintetel. O assessor sindical João Guilherme Vargas Netto afirma que o ponto forte deste livro é a própria linha da história do Sintetel, sua criação, seu fortalecimento e os personagens que, ao longo do tempo, o fizeram vivo e


Cultura atuante. “Com os recursos disponíveis bem utilizados conseguiu-se descrever e mostrar, com ampla cobertura fotográfica, diversos momentos e diferentes aspectos da evolução do Sindicato”, explica. João Guilherme ainda lembra que a fala dos companheiros e companheiras, protagonistas vivos da epopeia, ecoa em memória dos que já se foram e são lembrados. “O Sintetel, obra coletiva, é uma demonstração a mais da sagacidade, da tenacidade e da vocação unitária dos trabalhadores brasileiros”, conclui. O material foi compilado de forma organizada e didática para que qualquer leitor – mesmo sem conhecer o Sintetel – tenha a verdadeira dimensão de sua trajetória. “Para contar uma história dessa magnitude usando os métodos tradicionais de pesquisa, precisaríamos de material humano e tempo dos quais não dispúnhamos. Optamos então por contá-la através das lentes daqueles que,

em diferentes épocas e de diversas formas, ajudaram na sua construção. Daí o subtítulo A história contada”, comenta Paulo Rodrigues, organizador da publicação. O livro dos 70 anos está dividido em sete partes: histórico, presidentes, pioneiros, entrevistas, linha do tempo, direção e bibliografia. Na primeira parte, conta-se o histórico dos 70 anos de lutas e conquistas da entidade, na qual há relatos sobre a fundação, principais greves, lutas e outras ações sindicais. No capítulo seguinte, por meio de uma galeria dos presidentes, conta-se como ocorreram as diversas sucessões e alternâncias na condução do Sindicato. “Os textos que fazem parte deste capitulo são compilações de depoimentos atuais e de entrevistas extraídas de antigas publicações”, explica Paulo Rodrigues. Na sequência, o livro traz o relato dos

pioneiros que desempenharam relevante papel na vida do Sintetel. Trabalhadores como Alceu Paes Barbosa, ex-combatente na 2ª Guerra Mundial, Ângelo Forte, um dos primeiros sócios do Sindicato, Felizardo Zampieri, bastião do Sintetel na região de Campinas, e Gonçala Cruvinel, primeira mulher a ocupar um cargo na diretoria executiva da entidade, têm suas histórias imbricadas com a trajetória de lutas do Sindicato. O quarto capítulo reserva ao leitor entrevistas concedidas exclusivamente para o livro. São dez personalidades que fizeram história não só no Sintetel, mas também no movimento sindical mundial. Lá o leitor encontrará o depoimento de Antônio Rogério Magri, ex-ministro do Trabalho, José Luiz Passos Jorge, ex-liderança do PC do B, jornalista sindical e atual assessor da Fenattel, Márcio Wohlers, professor da Unicamp e especialista em telecomunicações, Manuel Silva, presidente do Sindicato em telecomunicações de Portugal, entre outros. Na conclusão, o livro traz uma linha do tempo em que toda a vida do Sintetel é cuidadosamente contextualizada e inserida na história político-sindical brasileira. Com destaque para os momentos de maior relevância do ponto de vista histórico. O livro Sintetel 70 anos, A História Contada, teve seu lançamento oficial em 28 de novembro, contou com a presença de diversas personalidades do meio político, sindical e empresarial, além dos diretores e delegados sindicais. Linha direta em revista

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Artigo

O Brasil e o mundo

Por João Guilherme Vargas Netto, assessor sindical

A

gora que os dois grandes países, Estados Unidos e China, resolveram suas sucessões embora não tenham definitivamente resolvido seus graves problemas, é hora de olharmos um pouco para o que está acontecendo no mundo e no Brasil. A economia mundial se arrasta, com desemprego em alta e crescimento fraco; embora a pobreza tenha recuado, a situação mundial dos trabalhadores é difícil. Crescem as tensões regionais que, aqui e ali, explodem em conflitos destrutivos. Os países dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) procuram, cada um a seu modo, apesar do acrônimo que os reúne, resolver seus problemas de desenvolvimento e enfrentar o poder global dos Estados Unidos. Em nossa América Latina, a conjuntura é favorável apesar das constantes investidas norte-americanas; hoje somos a maior região do mundo isenta de guerras e de agressões à democracia e com avanços econômicos e sociais. No quadro latino-americano pesa decisivamente a situação brasileira.

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O Brasil atravessa um período de crescimento moderado, porém contínuo, com desenvolvimento e distribuição de renda, com emprego forte, ganhos reais de salário e avanços na situação social. Acabamos de realizar uma das maiores eleições municipais do mundo com resultados que confirmam a força de nossa democracia.

da grande mídia e abandono de políticas sociais de inclusão.

Dois blocos enfrentam-se no País; do resultado de seu embate, dependerá nossa situação futura e nosso papel na comunidade mundial.

O nosso é o bloco desenvolvimentista que inclui os trabalhadores (em especial os novos ingressantes no mercado de trabalho erroneamente chamados de “nova classe média”) e os setores produtivistas do empresariado que lutam por desenvolvimento econômico, juros baixos, câmbio administrado, industrialização, distribuição de renda e um projeto de nação soberana e pacífica.

O primeiro é o bloco rentista que, com posições neoliberais, defende o atrelamento brasileiro aos EUA mesmo pagando o preço de baixo crescimento econômico, subordinação aos interesses bancários e

Ambos os blocos têm posições fortes, mas cada vez mais, os desenvolvimentistas – a começar pela presidente da República – conseguem resultados favoráveis às nossas bandeiras e ao País.


Passa tempo

James Bond completa 50 anos James Bond foi criado em 1953 pelo escritor Ian Fleming. Chegou às telonas em 1962, com “007 Contra o Satânico Dr. No”. No total foram lançados 22 filmes.

Em 2012, a série cinematográfica completa 50 anos. Para comemorar, em novembro, aconteceu o lançamento do 23º filme, “007 – Operação Skyfall”.

Algumas curiosidades de James Bond, o agente 007 - Seis atores interpretaram James Bond: Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan e Daniel Craig. - Foram onze diretores: Terence Young, Guy Hamilton, Lewis Gilbert, Peter R. Hunt, John Glen, Martin Campbell, Roger Spottiswoode, Michael Apted, Lee Tamahori, Marc Forster e Sam Mendes. - James Bond é fã da Playboy: Em “007 a Serviço Secreto de Sua Majestade” (1969), ele furta uma revista de um advogado e em “007 – Os Diamantes São Eternos” (1971), mostra um cartão do “Playboy Club” na carteira. - O drink mais famoso do cinema: Desde que o personagem pediu um Martini batido (e não mexido) com vodka (e não gim), a popularidade do gim começou a cair e a da “genuína vodka russa Smirnoff” a subir. - Bond sem dentes: Na primeira cena de luta de “Casino Royale” (2005), Daniel Craig levou um soco e perdeu dois dentes. Roger Moore também não saiu ileso e em 12 anos como Bond quebrou um dente, cortou a mão e deslocou um ombro. - Bond no Brasil: “007 Contra o Foguete da Morte” (1979) teve várias cenas filmadas no Brasil. Um grande erro foi filmar as Cataratas de Foz do Iguaçú como parte da Amazônia. O bondinho do Pão-de-Açúcar, no Rio de Janeiro, também foi cenário para o filme. - A pistola dourada de 007: avaliada em 180 mil reais, foi roubada do estúdio em 2008. - Carolyn Cossey era homem: a atriz aparece na piscina em “007 – Somente Para Seus Olhos” (1981). Mudou de sexo em 1972. - E o Oscar vai para: Apesar do sucesso da série, o único Oscar de James Bond foi na categoria Efeitos Especiais em “007 Contra Goldfinger” (1964). Linha direta em revista

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Artigo do Leitor

O CALOR DO AMOR

O

calor rachava as ruas de São Paulo, lembrava o deserto de Las Vegas antes da construção da cidade, deu 39,5 no poste, não no jogo, mas nos termômetros da cidade.

- Invasão Doutor – disse seu Procópio, invadiram aí, o movimento invadiu sua casa, disseram que “tava abandonada”!!

Sensação de verão, antes mesmo do final da primavera, o desejo de aproveitar o verão antecipado já tomava conta de muitos. Farias era um executivo bem sucedido, multinacional, alto cargo, ele tinha uma casa de praia, litoral norte, praia de Tabatinga.

- Liga para o nosso advogado - gritava ela -, tem que pedir reintegração!

- Precisamos ir pra praia, a casa tá lá, investi dinheiro e não uso, vamos pra praia.. Essa vida agitada de uma metrópole como São Paulo muitas vezes faz com que as pessoas deixem hábitos saudáveis para trás. A própria família de Farias cobrava mais a presença dele. Nunca tinha tempo. Berenice sua mulher nem mais ligava para o marido. -Se não quiser ir nem precisa, vamos nós, você fica aí trabalhando – O mau humor sempre tomava conta daquela mulher. Sexta-feira à tarde pegaram a estrada, resolveram ir para praia com toda a família, levaram até o Bob, o cachorro. Ao chegar, Farias viu que algo de errado estava acontecendo, muitas roupas penduradas na sacada da casa, muita gente sentado no hall de entrada, o portão aberto, o funk comia solto no porta mala do GTI.

Farias soluçava, a mulher berrava e o chamava de incompetente.

Os berros daquela mulher chamaram a atenção de todos, inclusive de Vanda, a líder do MIC (Movimento Invade Casa). Ela foi lá, começou a discussão, bate boca. Farias apartou, foi ali que os olhares se cruzaram. A Pajero subiu sozinha, com a família e com o Dr. Adelmo, o advogado. O churrasco foi por todo final de semana. Farias ficou nos braços de Vanda, o divórcio aconteceu em menos de três dias. Farias é vice-presidente do movimento e cuida da sociedade de proteção aos animais com Bob, o cachorro, mascote nas propagandas que a ONG criada pelo casal patrocina. Vanda posou nua para mais uma revista, agora se prepara para Brasília. O calor pode ser muitas vezes perigoso para a saúde, em outras muda o rumo do amor. Reizinho Villas Boas – Campinas

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